Amostras
Etilbenzeno 3 (1)
O etilbenzeno (1) é um intermediário químico de alto valor comercial, utilizado
extensivamente nas indústrias química, petroquímica e farmacêutica, em diferentes
aplicações, tais como solvente na fabricação de tintas e vernizes e como precursor de
diversos outros produtos. O seu maior emprego, entretanto, é na manufatura do
monômero estireno, um outro importante intermediário químico usado na produção de
polímeros, resinas e borrachas sintéticas. A produção mundial de etilbenzeno (1) é
estimada como 23 milhões de t/ano, com cerca de 90% sendo empregada diretamente
na síntese do estireno.
As rotas sintéticas mais comuns na produção de etilbenzeno (1) são a
alquilação do benzeno com polipropileno ou etileno, a alquilação do tolueno com
metanol, a transalquilação de dietilbenzeno com benzeno, o desproporcionamento e
transalquilação do tolueno, e a transalquilação de trietilbenzeno com benzeno. Entre
esses, os processos de alquilação são os mais utilizados industrialmente. Cerca de
40% das plantas industriais de etilbenzeno (1), em nível mundial, emprega o processo
1
de alquilação de Friedel-Crafts, baseado em catalisadores à base de cloreto de
alumínio, implementado comercialmente na década de 50.
OH
OH
COOH
COOH
HOOC
HOOC
OH
OH
OH
COOH
HOOC
OH
2
1.1 – OBJETIVO E METODOLOGIA DA ANÁLISE ORGÃNICA
A disciplina de Análise Orgânica Experimental tem como objetivo a
identificação das substâncias presentes em uma amostra desconhecida. Para tal fim,
uma série de procedimentos é realizada, como os listados abaixo:
3
2 – RESULTADOS DE DISCUSSÃO
2.1 – APRESENTÇÃO
OH
COOH
HOOC
OH
4
Os dados físicos e químicos pesquisados na literatura das substâncias 1 e 2
encontram-se na Tabela 1.
4
2.2 – ANÁLISE PRELIMINAR
5
Solubilidade em NaOH 5 % Insolúvel Solúvel
Solubilidade em NaHCO3 5 % Insolúvel Solúvel: reagiu fortemente e
houve liberação de gás
Ponto de fusão - 165 0C
Ponto de ebulição 1350C -
6
para se conhecer informações estruturais sobre os grupos funcionais presentes em
um composto.
Nesta técnica, um feixe de radiação IV passa pela amostra, fazendo com que
os átomos ou grupos funcionais dos compostos orgânicos vibrem com maior
rapidez e com maior amplitude em torno das ligações covalentes que os unem.
Estas vibrações são quantizadas e, quando ocorrem, os compostos absorvem
energia IV em certas regiões determinadas do infravermelho. O espectrômetro
plota os dados de absorção na forma de um gráfico que mostra a absorção em
função da freqüência ou do comprimento de onda (espectro de IV).
Logo, as amostra M 05-1 e M 05- 2 foram analisadas, também, por
espectroscopia na região do infravermelho, e seus espectros podem ser
visualizados na Figura 2 e 4, respectivamente.
7
Figura 2: Espectro de infravermelho da amostra M 05-2
8
Figura 3: Espectro de infravermelho do etilbenzeno (1) da literatura 8.
9
Figura 4: Espectro de infravermelho da amostra M 05-2.
Número de onda
Grupo funcional e faixa característica
experimental (cm-1)
3500-2300 (banda larga) Deformação axial de OH de ácido carboxílico e álcool.
10
Figura 5: Espectro de infravermelho do L-ácido tartárico (2) da literatura8.
Eluente: 9/1 (hexano : acetato de etila) Eluente: 7/3 (acetato de etila: etanol)
Revelador: UV Revelador: Vanilina Sulfúrica
Rf: 0.81 Rf: 0.26
M 05-2
M 05-1
11
Logo, através das ccfs pode-se notar que a amostra M 05-1 trata-se de
uma substância muito apolar, uma vez que como fase estacionária é
constituída de sílica (substância polar) e o eluente utilizado possui
característica predominante apolar, a alta eluição da amostra revela que a
mesma tem mais afinidade com a fase móvel, ou seja, tem característica
predominante apolar, possivelmente estas duas interagem através interações
intermolecular dipolo instantâneo, as quais são interações típicas entre
substâncias apolares . Também se pode concluir que a amostra M 05-1 possui
ligações duplas conjugadas, pois esta revela no ultravioleta.
E a substância M 05-2 é muito polar, visto que sua maior afinidade foi
com a fase estacionária, não possui ligações duplas conjugadas e pode possuir
a função álcool, pois o revelador vanilina sulfúrica é específica para revelação
de álcoois.
X = Cl, Br, I
12
2.4.1.1 – DETECÇÃO DE NITROGÊNIO
13
solução fortemente básica. O AgCl se dissolve rapidamente. O AgBr se
dissolve com dificuldade e o AgI é insolúvel.
Nas amostras M 05-1 e M 05- 2 o teste para halogênios foi negativo.
2 + CH2O + H2O
IO3- + 5 I- + 6 H+ 3 I2 + 3 H2O
14
I2 + amido coloração azul
O teste de caráter ácido foi negativo para amostra M 05-1, mas foi
positivo para a amostra M 05-2.
15
Tanto na amostra M 05-1, quanto na amostra M 05-2 o teste foi negativo,
descartando a possibilidade de as amostras possuírem grupamento nitro em suas
estruturas.
16
solventes apropriados nas recristalizações, nas análises espectrais e nas reações
químicas7.
17
Após realização dos testes de solubilidade, a amostra M 05-1 foi enquadra
na classe I (Tabela 6). A partir do teste de solubilidade foi possível observar que a
amostra M 05-1 pode se tratar de um composto apolar, uma vez que não é solúvel em
água, que não possui caráter ácido, pois não reagiu com hidróxido de sódio e que não
possui caráter básico, pois não reagiu com ácido sulfúrico; fatos que já foram
verificados nos testes de caráter ácido, básico e ccf. Desse modo, a amostra M 05-1
poder um alcano, ou cicloalcano, ou aquil benzeno, ou aquil naftaleno ou derivados
halogenados.
A amostra M 05-2, por sua vez, foi enquadra na classe S2 (Tabela 7).
Desse modo sua solubilidade em água evidencia que se trata de uma
substância polar que provavelmente faz ligações de hidrogênio com as moléculas da
água e que, podendo ser um dos grupos funcionais listados na Tabela 7.
18
Tabela 8: Resultados Parciais – Testes Preliminares.
Observações
Testes Preliminares
M 05- 1 M 05 - 2
Ponto de Fusão - 165-169 0C
19
▪Teste Le Rosen positivo;
Alquil naftaleno
Possível ▪ IV (presença da banda 3200 – 2800
-1
cm - Deformação axial de C-H de
aromáticos).
Derivados
Detecção de Nitrogênio e Halogênios
Não negativa
halogenados
Poliálcoois Não 1
- Deformação axial de C=O de
ácidos carboxílicos)
20
Ácidos Halogenados
Álcoois
Halogenados Não Detecção de Halogênio negativa
Aldeídos
Halogenados
A partir dos resultados parciais pode-se observar que a amostra M 05-1 pode
ser um aquil benzeno ou naftaleno e a amostra M 05-2 pode ser um ácido
policarboxilíco, um hidroxi ácido ou sais de ácidos carboxílicos.
Amostra M0 05-1
21
2 + CH2O + H2O
Etilbenzeno (1)
Mecanismo:
Etapa 1:
OH H OH H OH H
O H O H H 2C H 2C H2C
+ + HSO4
H H H H
H H2 H2 OH H O
H O C HO C H2C OH S O
H +
O
- H2O
H2C
H2C
Carbocátion benzílico
22
H H H
H2C
+
O
H
OH S O
+ O
Etapa 2:
+ H2SO4
O
Precipitado Colorido
Amostra M 05-2:
23
NH2
R
NH CH
N
NO2 O
NH
+ C
R H NO2
Aldeído
NO2
2,4-dinitrofenilidrazina NO2
Teste para Álcool: O teste para identificação de álcoois foi o Teste de Lucas.
Neste teste adiciona-se HCl em uma pequena quantidade de amostra e observa-se
por alguns minutos. Se o álcool é terciário, benzílico e alílico reagem
instantaneamente. Se for um álcool secundário irá reagir em um intervalo de cinco
minutos e após dez minutos ocorrerá o aparecimento de uma camada distinta na
solução. Álcoois primários não reagem.
Para a amostra M 05-2 o teste foi positivo, e identificou que além de a amostra
possuir a função álcool, este é secundário. O mecanismo descrito adiante explica
melhor o que ocorre9.
OH Cl
COOH COOH
HOOC HOOC
+ HCl + H2O
OH Cl
L- Ácido Tartárico
Etapa 1
R rápida R H
H O H H C O H + O H
H C O H +
H R1 H
R1
24
Etapa 2
R H lenta R
H C + O H
H C O H
R1 H
R1
Etapa 3
R
R rápida
H C Cl H C Cl
+
R1 R1
Teste para Ácido Carboxílico: Não foi realizado nenhum teste específico para
ácido carboxílico, mas quando a amostra M 05-2 foi mistura com NaHCO3 durante as
análises preliminares, houve uma reação instantânea e a liberação de gás. Este fato
indica que a amostra é um ácido carboxílico, como é mostrado na reação a seguir.
OH
OH
H2O COO Na
COOH + NaHCO3 Na OOC CO2
HOOC + H2 O
+
Base mais forte OH
OH
H2CO3
Ácido mais forte Base mais fraca Ácido mais fraco
25
2.6 – PREPARO DE DERIVADOS
26
2.6.1.1 – PREPARO DO DERIVADO ATRAVÉS DA NITRAÇÃO AROMÁTICA
45 0C O2N NO2
+ HNO3 + H2SO4 + H3O + HSO4
Etilbenzeno NO2
2,4,6 - trinitroetilbenzeno
Etapa 1 O H O
HO3SO H + H O N H O N + HSO4
(H2SO4)
O O
Etapa 2
H O
O
H O N H2O + N
O
O
Íon nitrônio
27
Etapa 3
O
H H H
N lenta
Íon arênio
Etapa 4
H O H
+ H NO2 + H O H
NO2
H
28
resfriou-se. Removeu-se qualquer excesso de dióxido de manganês pela adição de
um pouco de solução de bissulfito de sódio. Filtrou-se e o ácido benzóico formado foi
extraído por meio de clorofórmio. Evaporou-se o solvente, obtendo-se um sólido
cristalino com ponto de fusão de 115-118 0C, o qual é bem próximo ao encontrado na
literatura7 (Tabela 11).
Esse derivado serviu para enfatizar a conclusão sobre a identificação da
amostra M05-1.
O
(1) KMnO4, OH-, calor OH
(2) H3O+
Etilbenzeno Ácido Benzóico
29
ser vistos na Tabela 12. Para facilitar a busca consideraram-se os compostos com
ponto de ebulição que se encontra s em uma faixa 50C acima ou baixo do ponto de
ebulição da amostra M 05-2.
Fenil-
Anilida Amida Èster p-nitro- Èster p-bromo-
Nome P.f ºC hidrazida
(ºC) (ºC) benzílico (ºC) fenancílico (ºC)
(ºC)
Este derivado foi preparado através de uma reação com 1 g da amostra M 05-
2, 5 ml de cloreto de tionila. A reação foi mantida sob refluxo durante 15 minutos. Após
esse tempo, a mistura foi lançada em 15 ml de solução aquosa de amônia
concentrada e resfriada a 0 0C. A amida precipitada foi recolhida num papel de filtro e
apresentou faixa de fusão, 202-205 0C, a qual é bastante próxima da encontrada na
literatura7, confirmando assim que a amostra M05-2 trata se do ácido tartárico.
30
OH OH
OH
L-Ácido Tatárico
Mecanismo:
Etapa 1
OH O OH O Cl
Cl
C H C S O
HOOC O S O HOOC O
+ Cl
OH Cl OH H
OH O OH O Cl
Cl
C O S C S
HOOC HOOC O
O O
Cl H
OH OH H
Cl
Clorossulfito de acila
protonado
OH O
Cl
C + O S
HOOC Cl
H O
OH
HCl + SO2
31
Etapa 2
OH O O O
H
C R C Cl C
HOOC Cl R N H Cl
H N H
OH H NH3
NH3 H
OH
R= O
HOOC C
OH R N H + NH4 + Cl
32
2.7 – DISCUSSÃO FINAL E CONCLUSÃO
33
A partir de todos os procedimentos experimentais desenvolvidos durante a
disciplina de Análise Orgânica Experimental, os quais foram descritos no relatório, foi
possível concluir a identificação das amostras.
A amostra M 05-1 é a substância denominada Etilbenzeno (1), pois os ensaios
preliminares, grupo de solubilidade e análise espectroscópica deixam evidente que a
amostra é um aromático, que não possui em sua composição nitrogênio nem
halogênios, não tem caráter ácido, básico, redutor e oxidante. E os resultados dos
pontos de fusão dos derivados confirmam que a substância é realmente o Etilbenzeno
(1).
A amostra M 05-2 foi identificada, e chegou-se a conclusão que é o L-Ácido
Tartárico (2). Os resultados dos ensaios preliminares, grupo de solubilidade e análise
espectroscópica mostram que a amostra é um ácido carboxílico, que não possui
nitrogênio nem halogênio e tem caráter redutor. A partir dos testes químicos foi
possível identificar a presença da função álcool em sua estrutura. Os resultados de
ponto de fusão da própria amostra e do derivado levam a possibilidade de ser tanto l –
ácido tartárico (2) quanto o d – ácido tartárico (3), sendo o [α]20D o único dado
experimental que os difere, para o l – ácido tartárico (2) o [α]20D é + 12.0o e para o d –
ácido tartárico (3) é - 12.0o . Contudo, dados da literatura4 relatam que o d – ácido
tartárico (3) não é comercializado e é difícil de ser encontrado na natureza, e que o l
– ácido tartárico (2) é o comercializado. A partir desse fato pode-se concluir que a
amostra M 05-2 é o l – ácido tartárico (2).
34
3-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[2]http://www.unb.br/iq/litmo/disciplinas/LQO20061/Roteiros/Experimentos%207_8_9df
(Acessado em 26/05/09);
[4] THE MERCK INDEX – An encyclopedia of Chemicals, Drugs and Biologicals. 11ª
ed., USA, 1989; 496,1174,1175p;
[5]http://sbrtv1.ibict.br/upload/sbrt4985.html?PHPSESSID=a7c7ea2053c411d900126fb
a1ece1337 (Acesso em 10/06/09);
[9] SOLOMONS, T. W.G., FRYHLE, C.B. Quimica Orgânica . Volume 1. 7a. ed. Rio de
Janeiro: Livro Técnicos e Científicos Editora; 1982, 423,424,460,569,595p;
[10] SOLOMONS, T. W.G., FRYHLE, C.B. Quimica Orgânica 2 . Volume 2. 8a. ed. Rio
de Janeiro: Livro Técnicos e Científicos Editora; 1982, 112p;
35
36