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São Paulo, 01/03/2022

Carta das Opções B fernando@alphatrading.com.br


#14

Back to the Game

Todo carnaval tem We are BACK.


seu fim Voltamos, meus queridos! Já não era sem tempo. Quase 4 meses separam a Carta 13 dessa que vos escrevo
agora. 4 meses é tempo demais... nesse hiato tivemos uma infinidade de acontecimentos e seus respectivos
desdobramentos, nossa bolsa já caiu com o exterior subindo, as criptos bombaram, só para depois tombarem
também, enquanto nossa bolsa se recuperava bravamente na contramão do exterior, numa ciranda que muitos
tentaram explicar (sempre a posteriori, ou seja, olhando em retrospectiva depois que os fatos já aconteceram)
e que vem calando ou contradizendo vários pseudo-experts por aí.
Mas uma coisa é certa: estamos frente a frente com tempos que exigem, no mínimo, cuidado. Uma combinação
de fatores internos e externos podem bagunçar ainda mais o cenário político (e consequentemente, o macro)
e isso tem impacto direto no seu portfólio - e no seu bolso, obviamente. Como assim, Fernando? - você
pode ser perguntar. Explico...

Sai Covid, entra conflito Rússia x Ucrânia

O tabuleiro está posto e as peças estão se movendo. Cada vez mais fica difícil distinguir blefe de mãos de
valor (quem joga poker vai entender). Como meu pai costumava dizer quando eu era criança, "nessa briga,
não tem ninguém certo".
Muitos são rápidos em criticar o líder russo Vladimir Putin. Fato é que, desde 1992, a turma da Otan
vem descumprindo o que haviam se comprometido a fazer: não acavançar para o leste, em direção aos
ex-territórios soviéticos. Desde o fim da União Soviética, em 1991, a Otan incorporou Polônia e República
Checa, em 1999, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Lituânia e Letônia, em 2004, Albânia e
Croácia, em 2009, Montenegro, em 2017, e Macedônia do Norte, em 2020.
A maioria desses países estiveram historicamente sob domínio ou influência tanto do Império Russo quanto
da União Soviética e aproveitaram o período de fragilidade geopolítica da Rússia para se aliarem aos EUA
e às potências europeias para se protegerem. Recentemente, os EUA ficaram ali seduzindo os Ucranianos,
prometendo mundos e fundos, ajuda, armas, proteção, etc. Mas a verdade é que, depois de iludidos os
ucranianos, na hora em que o bicho pegou, os EUA (e os demais membros da Otan) vêm sendo bem brandos
(para não dizer covardes) no que diz respeito ao auxílio ao país invadido. Enquanto a Ucrânia vê sua capital
ser invadida e acorda com mísseis, bombas e tanques em seu território, a turma da Otan tenta dissuadir os
Russos na base das sanções. Só que os Russos vêm sendo sancionados já há 25 anos... fora que voltar atrás
agora passaria uma imagem muito clara de fraqueza quanto ao regime de Putin, algo que eu duvido que ele
queira a essa altura do campeonato.
A minha opinião? Enquanto os ucranianos continuarem engrossando esse caldo, a Rússia vai pisar cada vez
mais fundo no acelerador. Quanto mais esse conflito se estender, pior é para a Rússia. Algumas das sanções
já começam a machucar os principais oligarcas russos, e, quando dói no bolso, rapidamente a "popularidade"
dessa guerra vai por água abaixo. Por outro lado, se o conflito escalar muito, existe chande de finalmente a
turma da Otan resolver fazer alguma coisa mais efetiva, e tudo isso pode tomar outras proporções ainda
maiores - e indesejadas.

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E como tudo isso Os impactos do excesso de globalização.
me afeta? Quem tem boa memória vai se lembrar daquele icônico filme Efeito Borboleta e de uma de suas frases mais
impactantes: "uma coisa simples como um bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro
lado do mundo".
E o que estamos vendo é bem maior que um bater de asas de borboleta. Como essa crise vai nos afetar aqui
em terras tupiniquins:

{ Segundo a FGV, existem diversos canais pelos quais a crise entre Rússia e Ucrânia pode chegar à
economia brasileira. O principal é o preço internacional do petróleo, cujo barril do tipo Brent encerrou
a semana em US$ 105, no maior nível desde 2014. O mesmo ocorre com o gás natural, produto
do qual a Rússia é a maior produtora global. O Brasil usa o gás natural para abastecimento das termelétricas.

{ Outro canal pelo qual a guerra no Leste europeu pode afetar a economia brasileira são os alimentos. A
Rússia é a maior produtora mundial de trigo. A Ucrânia ocupa a quarta posição. Nesse caso, o Brasil não
pode contar com outros mercados porque a seca na Argentina, tradicionalmente maior exportador do grão
para o Brasil, está comprometendo a safra local.A crise no mercado de petróleo também pressiona os
alimentos. Isso porque a Rússia é o maior produtor mundial de fertilizantes, que também são afetados
pelo petróleo mais caro. Atualmente, o Brasil compra 20% dos fertilizantes do mercado russo. O aumento
do diesel também interfere indiretamente no preço da comida, ao ser repassado por meio de fretes mais caros.

{ O terceiro fator pelo qual a crise entre Rússia e Ucrânia pode impactar a economia brasileira será por
meio do câmbio. O dólar, que chegou a atingir R$ 5 na quarta-feira (23), fechou a sexta-feira (25) a
R$ 5,15 após a ocupação de cidades ucranianas por tropas russas. Por enquanto, os efeitos no câmbio
são relativamente pequenos porque o Brasil se beneficiou de uma queda de quase 10% da moeda
norte-americana no acumulado de 2022. O prolongamento do conflito, no entanto, pode anular a baixa do
dólar no início do ano.
A maior parte dos fertilizantes importados pelo Brasil vem da Rússia. Esses produtos são produzidos a
partir de gás natural – especialmente os nitrogenados, fosfatados e o cloreto de potássio. O gás natural
chegou a registrar alta de 40% na Europa nos últimos pregões. Com o repasse desses aumentos, a
agricultura brasileira também deve ser impactada e os preços dos alimentos devem subir.

{ Brasil possui uma participação significativa no mercado de importação de trigo. “Mais de 80% do trigo
importado pelo nosso país vem da Argentina. Mas como esses preços são cotados internacionalmente,
surge uma pressão inflacionária sobre os alimentos também.” A Rússia e a Ucrânia respondem por 29%
das exportações globais de trigo, 19% do fornecimento mundial de milho e 80% das exportações mundiais
de óleo de girassol.

Os impactos vão ser sentidos na mesa do brasileiro

Ou seja, padawan: se você achava que esse conflito que ocorre lá longe não ia afetar o seu dia a dia, achou
errado. Vivemos em um mundo altamente globalizado, onde você não é capaz de produzir absolutamente
nada sozinho. Desde o mouse do seu computador, passando pelo lápis que você usa para escrever, cada
componente de itens básicos do seu dia a dia como esses citados é construído, montado e tem suas partes
importadas de vários países diferentes, o que faz com que a teia logística seja cada vez mais complexa,
dificultando qualquer análise de impacto quando temos eventos de grande magnitude como esse pelo qual
estamos passando. A gente consegue listar e pensar nos eventuais impactos de primeira ordem, como os que
listei acima, mas quanto mais o conflito se prolongar, mais poderemos ver outras ondas e efeitos reverberando
em itens ou áreas da economia que não conseguimos mensurar em um primeiro momento, assim como vimos
nos primeiros meses dos lockdowns do Covid.

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Como me defender O manual dos Hedges.
do que ainda não A verdade é que estamos chegando naquela hora que a criança chora e a mãe não vê. Enquanto escrevo essa
veio? Carta, as ADRs de PETR e VALE sobem bem na bolsa americana, ao passo que o setor financeiro sofre.

Variações das principais ADRs brasileiras

Essa é mais ou menos a tônica que estamos vendo também nos EUA: commodities para cima, financials para
baixo (o XLF, que é o ETF americano que sintetiza o setor financeiro, já cai quase 7% desde a invasão).
Por aqui, se você não sabe, 2/3 do nosso IBOV é composto pelas empresas de Petróleo, de Materiais
Básicos (IMAT, como VALE, CSN, USIM...) e Financials (bancos). Ou seja, com essa puxada (se o cenário
assim continuar), provavelmente nosso IBOV abrirá em alta amanhã, o que acende alguns alertas. Com a
situação na Europa se alongando e eventualmente escalando, provavelmente veremos uma subida do dólar.
O petróleo está nas máximas, beirando os 105 dólares o barril. PETR está na máxima histórica, e ainda
temos a gasolina perto de R$8 em várias cidades. Acredito fortemente que a nossa principal empresa do
setor possa ser alvo de futuras intervenções devido à escalada de preços, seu lucro recorde, sua cotação na
máxima, distribuição de dividendos altíssima, e o fato de estarmos em ano eleitoral com 2 presidenciáveis
ultra populistas liderando as pesquisas. Isso tudo, obviamente, sem contar os possíveis impactos do que pode
acontecer aqui devido aos desdobramentos dos eventos no exterior, como falamos nas seções anteriores.
Ou seja, essa possível alta amanhã pode abrir uma oportunidade boa para quem quer montar defesa (hedge)
barata. Afinal, com o índice a 115k, não estamos mais tão "barganha" como quando estávamos a 100k no
início do ano. Mas como fazer?
Existem várias formas de montarmos hedges eficientes. Contudo, eu sou sempre a favor de fazermos o que é
mais simples. O simples funciona. Então, sem mais delongas, as 3 formas mais simples de travarmos ou
defendermos um portfólio de ações, na minha opinião, são:

Manual dos Hedges para iniciantes

As partes mais "chatas" são as que envolvem os cálculos de correlação da sua carteira com o instrumento
com o qual você quer protegê-la (puts, bova ou índice). O cálculo serve para qualquer um dos 3, mas é
importante que você o faça, porque carteiras diferentes exigem diferentes proteções. Tanto as quantidades
quanto os ativos que você tem em custódia alteram a dinâmica do seu hedge, pois tudo está baseado na
volatilidade dos seus ativos quando comparados à volatilidade do benchmark escolhido (no caso, estamos
usando o IBOV, mas poderia ser o SMAL, ou qualquer outro ativo individual, ex: PETR, VALE, etc)

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Considerações finais Dá trabalho produzir conteúdo de qualidade.
Turma, como já reforcei em cartas anteriores, todo cuidado é pouco quando estamos diante de eventos que
não controlamos. Aproveite para encerrar suas operações que te deixam desconfortável, essa não é hora de
correr riscos excessivos. Quem andou andou, quem não andou, voltamos para eles em melhor hora. Não
é momento para ficar exposto demais. Não deixe operações lucrativas virarem para o lado perdedor por
ganância. As vezes não vale a pena brigar pelos últimos 10, 15%, quando você já fez mais de 80%. Deixa
essa farpela para os bobos, não tem por que ficar tentando catar moeda na linha do trem.

No mais, fiquemos de olhos abertos caso abra alguma oportunidade. Qualquer coisa que surgir,
estarei lá na sala de Opções da Alpha para cantar a pedra e ajudar no que for preciso, contem sempre
comigo. E, de novo, se você ainda não entrou, não perde mais tempo. Usa o cupom KLING para ter 20% de
desconto no PRIME, nosso plano mais completo. Aproveite que estendemos a promoção de aniversário,
nela você assina o PRIME e ganha 12 meses por nossa conta, totalizando 24 meses, e ainda tem direito de
escolher 1 curso premium da casa (temos de Análise Técnica, Microcaps e o meu, de Opções).

O link para você entender tudo que faz parte do pacote do Prime é esse aqui:
https://materiais.alphatrading.com.br/alpha-prime
Qualquer dúvida, não deixa de me mandar um direct lá no Instagram (@fernandokling).

Ah, se você ainda não me segue lá no Youtube, faça essa gentileza, OK? Nunca te pedi nada,
pelo menos se inscreve lá e me dá essa moral. Posso contar com você? Só procurar lá o canal "além dos
mercados".
Um forte abraço e uma excelente semana a todos! Nos vemos domingo que vem!

4/4

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