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3 - Cursos Educação e Formação de Adultos


Operação POCH-03-5470-FSE-001039

FICHA DE TRABALHO N.º 3


Curso Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade
Cód 3539 Nome Deontologia e Ética Profissional no Apoio à Comunidade Classificação:

UFCD: UFCD:
Código Ação:
Data: Rub. Formador/a:

Formando/a:

Objetivos da Atividade:

• Refletir sobre os seus princípios éticos enquanto ser humano e profissional;


• Partilhar com o grupo a sua opinião;
• Reconhecer e respeitar os princípios éticos da pessoa humana.

Procedimentos:
1. Ler atentamente o dilema;
2. Refletir sobre o caso;
3. Partilhar com o grupo a sua perspectiva.

Quem vive e quem morre: dilemas éticos no surto da Covid-19

Três pacientes — um rapaz de 16 anos com diabetes, uma mãe de 25 anos e um avô de 75
anos de plena saúde — estão num hospital e necessitam de auxílio respiratório. Existe
apenas um ventilador. A quem deverá ser atribuído? E se dois pacientes tiverem a mesma
probabilidade de sobrevivência e o mesmo grau de urgência, que critério pode ser usado
como desempate?
A 14 de Março, a directora-geral da saúde, Graça Freitas, garantiu que os critérios para a
utilização de ventiladores em doentes infectados com SARS-CoV-2 (o coronavírus que
provoca a doença Covid-19) estarão sempre subordinados à gravidade da doença e nunca
à idade. Ou seja, por esse critério, entre uma criança com algumas dificuldades em respirar
e um idoso com maior carga sintomática, o ventilador, ou qualquer outro recurso clínico
necessário para tratar o paciente, será atribuído, em primeira instância, ao idoso.
Em circunstâncias normais este é, de facto, o procedimento habitual. Feita a seriação por
severidade clínica através de métodos como a triagem de Manchester (princípio clínico que
surgiu nas invasões napoleónicas, para decidir quem era tratado primeiro), em que é
atribuída uma cor que corresponde ao grau de urgência clínica, os recursos disponíveis num
hospital são afectados depois com base num critério de precedência cronológica — ou seja,
o primeiro a chegar é o primeiro a usufruir. Não se imagina, portanto, que um ventilador seja

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retirado a uma pessoa para que possa ser dado a alguém que acabou de chegar. Da mesma
forma, não se imagina que alguém triado com uma pulseira amarela, apenas porque tem
Covid-19, tenha prioridade sobre alguém que tem uma pulseira vermelha e que, como tal,
tem maior urgência. Não é o vírus que determina a prioridade, é o estado clínico dos
pacientes (que pode ser condicionado pelo vírus, naturalmente).
Nestes casos, o protocolo definido segue as regras deontológicas da medicina e atende a
princípios éticos com que a vasta maioria da população concorda: tratam-se primeiro os
casos mais urgentes e, para o mesmo nível de urgência, aplica-se um critério de precedência.
No exemplo anterior, caso não exista nenhum outro ventilador disponível naquele hospital, a
pessoa é referenciada para outro hospital e, com maior ou menor demora, o problema
resolve-se.
Isso seria em condições normais. Ora, o problema não se resolve quando as urgências têm
apenas casos urgentes, derivado das dificuldades respiratórias e das pneumonias bilaterais
verificadas em alguns dos pacientes com Covid-19, e o sistema de saúde já não consegue
dar resposta a todos. Para agravo, o número de ventiladores e de quartos de cuidados
intensivos, que atende razoavelmente às necessidades da população em circunstâncias
normais, é manifestamente insuficiente para um surto pandémico. Mais ainda, para além dos
pacientes Covid-19, continuam a existir todas as outras patologias que já afligiam a
população e que também requerem cuidados de saúde. Quando o sistema de saúde está
perante esta sobrecarga, decidir quem é atendido primeiro pode significar, em última análise,
quem vive ou quem morre.

Fonte: Observador
Março 2020

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