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FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

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Núcleo de Educação a Distância

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05
Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111
www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.


Material Didático: Ayeska Machado
Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes
Diagramação: Ayrton Nícolas Bardales Neves

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes,
Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
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ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver


um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! .

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.

Estude bastante e um grande abraço!

Professora Stefânia Rosa Santos


O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.
Esta unidade analisará os fundamentos históricos e epistemo-
lógicos da Psicologia, a partir de um breve panorama da história da
Psicologia e suas bases epistemológicas. Em outras palavras, esta
unidade faz um esboço geral da Psicologia antes mesmo da Psicolo-
gia, ou seja, desde o seu caráter pré-científico até a consolidação e o
desenvolvimento dos arcabouços teórico-metodológicos deste campo
do saber, na contemporaneidade. Especificamente, foram enfocados:
a) os caminhos percorridos pelo pensamento filosófico ocidental – e os
saberes e reflexões acerca do próprio homem; b) o desenvolvimento da
Psicologia pré-científica e sua consolidação como ciência. Para tanto,
foi utilizada uma bibliografia específica, que abrange alguns aspectos:
em primeiro lugar, a filosofia e suas contribuições para o conhecimento
do ser humano; em segundo lugar, as principais correntes teóricas do
campo da Psicologia moderna.

Filosofia, História da Psicologia, Psicanálise, Psicologia Social.


Apresentação do módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES – O
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO:

A Filosofia Grega e suas Contribuições para a Reflexão da


Existência Humana ____________________________________________ 13
O Pensamento Medieval _______________________________________ 20

O Mundo Moderno e o Racionalismo Científico __________________ 23


Recapitulando _________________________________________________ 27
CAPÍTULO 02
A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA

Contextualização: O Surgimento Da Psicologia __________________ 34


O Objeto de Investigação da Psicologia: O Desafio da
Cientificidade _________________________________________________ 36
Subjetividade Humana: Algumas Definições ____________________ 38

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Recapitulando _________________________________________________ 47
CAPÍTULO 03
PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES

Behavorismo __________________________________________________ 53
Gestalt ________________________________________________________ 55

Psicanalise ____________________________________________________ 57

Psicologia Social _______________________________________________ 61


Sócio-Histórica ________________________________________________ 62
Psicologia e Saúde ____________________________________________ 64

9
Recapitulando _________________________________________________ 67

Fechando Unidade ____________________________________________ 72

Indicações Bibliográficas ______________________________________ 74

Referências ___________________________________________________ 78
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A História da Psicologia, muitas vezes, é minimizada ou deixada
em segundo plano, seja em razão da natureza prática da atuação profissio-
nal ou, ainda, pelas vertentes dos cursos de graduação e pós-graduação,
que seguem linhas específicas de trabalho. De qualquer forma, é preciso
valorizar a história das ciências, das profissões, principalmente, seu desen-
volvimento ao longo do tempo. Reconhecer os caminhos percorridos, no
caso da Psicologia, é compreender a relação passado-presente e todos os
elementos que formaram este saber até aqui. Independentemente da área
profissional, da linha de pesquisa e do campo de atuação, é importante que
a (o) psicóloga (o) entenda como, quando e quais foram as condições para
o surgimento e desenvolvimento de sua profissão.
O capítulo 1 tem como objetivo principal fazer um resgate da his-
tória da filosofia e do pensamento ocidental – base para a compreensão do
homem e suas relações com o mundo. Este panorama, ainda que breve,
trouxe alguns dos principais filósofos desde a antiguidade clássica, pas-
sando pela visão de mundo medieval e, finalmente, chegando aos tem-
pos modernos, a era da ciência. A partir das dicas de leitura, filmes e sites
é possível complementar os estudos filosóficos e aprofundar-se mais nas
ideias de cada filósofo apresentado, como também outros que não foram
contemplados neste estudo. É importante salientar que o presente capítulo
teve como eixo principal trazer um pouco da história da filosofia como um
dos fundamentos epistemológicos da Psicologia.
O capítulo 2 desta unidade tem como principais pontos: o contexto
do surgimento da Psicologia; a Psicologia como ciência e a cientificidade
de seu objeto e, por fim, um breve esboço sobre o tema da subjetividade e
alguns debates que permeiam suas definições. Longe de esgotar os assun-

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tos supracitados, o capítulo busca trazer algumas discussões que auxiliam
no desenvolvimento desta unidade e, principalmente, na compreensão da
Psicologia enquanto um saber-fazer e sua trajetória no debate científico.
É de suma importância que o profissional desta área não esteja alheio à
construção histórica do campo em que escolheu atuar, uma vez que seu
trabalho também é construído cotidianamente, num movimento incessante
que requer qualificação e aprimoramentos permanentes.
O terceiro e último capítulo desta unidade tem como proposta uma
apresentação geral das principais abordagens da Psicologia, com destaque
para os principais conceitos e seus respectivos representantes. É importan-
te enfatizar, que o objetivo geral foi sintetizar as principais ideias e, por isso,
torna-se imprescindível aprofundar-se nos temas através das leituras e dos
complementos indicados. A partir de cada corrente teórica e seus métodos,
é possível compreender a constituição da subjetividade e o desenvolvimen-
to psíquico dos sujeitos, daí a importância da psicoterapia e do processo do
autoconhecimento.
11
BREVE HISTÓRIA DA
PSICOLOGIA: CAMINHOS E
BIFURCAÇÕES
“Quando, por ignorância, seus amigos se encontravam
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em apuros, procurava livrá-los por intermédio de


conselhos”.
(Platão. Apologia de Sócrates).
“Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e
não somos...”.
(Heráclito de Éfeso)

Para compreender os fundamentos teóricos da Psicologia é


importante resgatar o seu processo histórico e a formação dos paradig-
mas que delinearam essa área do saber. De forma geral, contextualizar
a Psicologia é percorrer os principais caminhos da constituição de sua
base científica (e pré-científica), assim como reconhecer a importância
da história do pensamento ocidental. O ponto de partida passa a ser a
Filosofia e suas valiosas contribuições para uma ‘escavação’ da mente
humana – proposta que pertence ao campo da Psicologia, mas não
exclusivamente. É a partir das questões filosóficas elementares: men-

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te-corpo/ homem-mundo/ razão-emoção, que é possível traçar a fonte
comum das investigações propostas tanto pela Filosofia quanto pela
Psicologia.
A forma como o desejo humano é abordado/explorado está in-
timamente relacionada ao contexto sócio-histórico e cultural do qual se
fala, daí a importância do estudo acerca dos paradigmas científicos e
seus respectivos processos históricos. São eles os responsáveis pela
visão de mundo que é construída em determinados contextos, por dif-
erentes indivíduos e grupos. Assim, é possível afirmar que o estudo dos
fundamentos históricos da Psicologia é também o desenvolvimento de
tradições do pensamento:

História da psicologia é história da cultura. Como história da cultura, é história


de culturas psicológicas e filosóficas, bem como é história das ideias. Como
história de culturas psicológicas é história de tradições de pensamento psi-
cológico. Tradições são práticas sociais de longa duração, ou simplesmente
culturas, consequentemente, tradições de pensamento psicológico são cultu-
ras, ou práticas culturais (ABIB, 2009, p.199).

Isto posto, entede-se que o estudo que fundamenta a Psico-


logia e suas vertentes teorico-metodológicas passa pela constituição
do pensamento humano: o pensar sobre si, que também diz respeito
ao pensar as relações e a realidade concreta. Dessa forma, compreen-
der a história ‘das Psicologias’ é adentrar o processo de formação do
pensamento histórico, cultural e filosófico, pois são inquestionáveis as
contribuições desses saberes no desenvolvimento deste processo.

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A FILOSOFIA GREGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLE-
XÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA

Heráclito de Éfeso
Um dos grandes pensadores gregos pré-socráticos, Heráclito
de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C), a partir da visão do devir, do vir-a-ser e
do fluxo, apresenta um conjunto de ideias voltadas para a reflexão do
individuo diante das vicissitudes da vida.

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Imagem 1. Heráclito de Éfeso

Fonte: Super Interessante, 2015.

Nada mais humano e dialético: as mudanças e transformações


que contribuem para a construção do sujeito. Para ele, ninguém entra
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duas vezes no mesmo rio, pois ao entrar no rio pela segunda vez, nin-
guém é o mesmo e o rio também não. De acordo com tal pressuposto,
qual a relação entre Heráclito e o sentido da Psicologia?
Para responder esta questão vale ressaltar a dimensão psíqui-
ca presente nas experiências filosóficas dos gregos, a partir do exercí-
cio da reflexão e, principalmente, da auto-percepção. De acordo com
o pensamento de Heráclito, tudo flui, nada permanece estático, “o rio
nunca é o mesmo”. Assim, surge a necessidade de compreensão em
torno do emaranhado de ações e acontecimentos que cercam a vida
humana: a relação do mundo externo com o mundo subjetivo, interno,
individual. Essa é uma relação em constante movimento, pois o que
está fora também é parte constituinte de quem nos tornamos, ou seja,
o indivíduo é capaz de afetar e transformar seu meio, assim como é
afetado e transformado, constantemente, por ele.
A filosofia de Heráclito influenciou muitos pensadores contem-

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porâneos (ver capítulo 3) e contribuiu para a uma compreensão mais
integral da existência humana, à medida que explorou o indivíduo em
relação ao movimento de sua própria vida e os desdobramentos que
todo fluxo pode gerar. São as forças contrárias que impulsionam as mu-
danças e, consequentemente, a forma como o homem se coloca no
mundo. A partir desta ideia do fluxo e do vir-a-ser das coisas é possível
fazer uma associação, em linhas gerais, entre essa base filosófica da
Antiguidade e os caminhos percorridos posteriormente pela “ciência da
mente”, independentemente do eixo teórico-metodológico.

Neste blog, o autor Bruno Carrasco apresenta diversos artigos


que podem complementar seus estudos sobre Filosofia e
Psicologia. Vale a pena a leitura referente ao pensamento de
Heráclito.

Acesse:
http://www.ex-isto.site/2017/06/heraclito-filosofo-do-devir.html.

Em conclusão, os princípios da Psicologia também passam


pela busca em compreender as dimensões de nossas próprias esco-
lhas, além de compreender os desdobramentos desses fluxos intermi-
tentes que, ora desconstroem ora reconstroem o sentido de ser/estar

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no mundo. Essas e outras questões serão levantadas no decorrer desta
unidade como uma forma de intervenção reflexiva ou, parafraseando
Heráclito: um fluxo inconstante de ideias.

Sócrates
Sócrates (470 a.C – 399 a.C), grande mestre do pensamento
ocidental, já trazia ao mundo antigo a preocupação com o sentido do
autoconhecimento e da problemática do homem. Para ele, a prática do
diálogo é o caminho para a construção das ideias, do debate e da busca
pelo saber que passa, sobretudo, pelo questionamento daquilo que é
imposto. Esse método socrático ficou conhecido como maiêutica, a arte
de parturejar ideias através da ironia filosófica como forma de provoca-
ção intelectual, que questionava a ordem estabelecida. Outra importan-
te discussão em torno do pensamento do filósofo é com relação à alma
humana. Nesse sentido, afirma-se que:

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É a partir de Sócrates que surge a concepção de alma como sede da cons-
ciência moral e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela
realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter
conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria
ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem (PESSA-
NHA, 2004, p. 30).

Uma das mais conhecidas máximas filosóficas, “conhece a ti


mesmo”, foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos e, apesar de não
ser de autoria de Sócrates (como é atribuída muitas vezes) é muito
associada ao seu pensamento, pois resume, com precisão, o exercício
do olhar para si próprio e pensar a existência de uma forma crítica e
reflexiva. O saber de si, como um posicionamento ativo diante da vida,
pode parecer óbvio por um lado, mas, sua prática complexa exige um
intenso esforço que, por sua vez, é um dos grandes trabalhos propostos
pela Psicologia.

Leandro Karnal, professor e historiador brasileiro, faz uma


análise bastante apropriada do assunto que abordamos neste capítulo.
Confira o vídeo: “Conhece a ti mesmo”
(Fragmento da palestra: “A vida que vale a pena ser vivida em
tempos líquidos”).
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Acesse o canal Saber filosófico, através do link: https://


www.youtube.com/channel/UCWdXgfpEIZIGzah9_yCL-Xw

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Platão e o Dualismo Corpo/Alma
Imagem 2. Platão

Fonte: Instituto Sócrates, 2017

Outro filósofo que marcou a formação do pensamento ociden-


tal foi Platão (428-427 a.C. - 348-347 a.C.), cujo pensamento central
consistiu no dualismo mente/corpo, mundo sensível/mundo inteligível.
Em seu mito da caverna, o filósofo questiona o aprisionamento dos ho-
mens, suas amarras, quando só conhece aquilo que vê e o que seus
sentidos proporcionam. Para Platão, os sentidos podem enganar e im-

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pedir que os indivíduos conheçam o mundo existente fora da caverna.
Nota-se que a filosofia de Platão buscava ressaltar a importân-
cia do conhecimento e dos dilemas humanos através de um caminho
autônomo, no qual é preciso enxergar muito além do que está aparen-
te. A alma é a principal motivação de suas reflexões, sendo o corpo
uma espécie de cárcere. Na visão platônica, a matéria está vinculada
ao mundo sensível, concreto, e pode fornecer apenas representações
distorcidas da realidade. Já o mundo das ideias seria um campo re-
flexivo, que busca o real através do conhecimento. É a partir dele que
os homens constroem possibilidades de uma vida mais livre e menos
superficial.
A reflexão que permeia o dualismo corpo/alma suscita diver-
sas questões no campo filosófico, como por exemplo, a forma como o
homem se relaciona com seu próprio desejo – elemento protagonista
para a Psicologia. A manisfestação do desejo é fonte de muitos debates

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e está relacionada, muitas vezes, à diferentes visões de mundo, con-
cepções e modos de explorar (e até mesmo controlar) os fluxos dese-
jantes que movimentam a vida humana.

Imagem 3. Pensamento platônico


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Fonte: Sabedoria Política, 2016.

SAIBA MAIS

Neste site você encontra cinco dicas de filmes para


compreender a filosofia de Platão. Vale a pena conferir:
Acesse: https://www.pensarcontemporaneo.com/5-filmes-
para-entender- filosofia-de-platao/.

Destaque para: ”O show de Truman: o show da vida”, 1998,


direção de Peter Weir. Nesta obra é possível identificar muito
do pensamento de Platão, principalmente no que se refere ao
mito da caverna e às formas contemporâneas de
aprisionamento de nós mesmos.
Bom filme!

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Aristóteles e o Conceito de Virtude
Por fim, para complementar este esboço geral da formação do
pensamento filosófico grego, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz, en-
tre outros conceitos importantes, a noção de virtude, forma pela qual
os homens constroem uma boa vida. Essas atitudes, que também são
éticas e políticas, (de acordo com o filósofo “homem é um animal políti-
co”) contribuem para o exercício da felicidade – uma das mais antigas
preocupações filosóficas. Dessa forma, afirma-se que:

Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade da alma conforme a virtude
perfeita, é necessário considerar a natureza da virtude, pois isso talvez possa
nos ajudar a compreender melhor a natureza da felicidade (ARISTÓTELES,
2005, p. 36).

As virtudes equilibram a vida do homem em sociedade,


pois são elas que o
conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um
caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as
faltas. Na perspectiva aristotélica, os os homens possuem a
capacidade de desenvolver, pela prática, suas virtudes e sua
moral. Assim, nessa perspectiva:

Se cada homem é de certo modo responsável por sua disponsição moral,


será também de certo modo responsável pela aparência; se não for assim,
ninguém seria responsável pelos maus atos que praticar, pois todos os pra-
ticariam por ignorância dos fins, julgando que com eles conseguiriam o me-

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lhor. Visar ao fim não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido
com uma visão moral, por assim dizer, que nos permita julgar corretamente e
escolher o que é verdadeiramente bom (ARISTÓTELES, 2006, p.67).

A partir disso, entende-se que é pelo hábito, pelo costume


(“éthos”) que torna-se possível desenvolver, racionalmente, um modo
de vida mais próximo da felicidade. Por fim, vale ressaltar que Aristóte-
les é considerado o “pai” da psicologia, uma vez que, entre seus princi-
pais estudos, está presente a precoupação com os processos subjeti-
vos da alma humana.

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Aqui, você encontra diversos artigos interessantes sobre os
temas abordados neste capítulo. Aos amantes de Filosofia, uma ótima
fonte de artigos e discusssões pertinentes ao estudo da psique e sua
relação com outras áreas do conhecimento.
Acesse: http://filosofiacienciaevida.com.br/filosofia-e-psico
logia/.

O PENSAMENTO MEDIEVAL: A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO


Para pensar o contexto medieval e o do desenvolvimento do
pensamento dominante ocidental, é necessário levantar a questão em
torno do conceito de “homem”. Para melhor compreendê-lo há um ele-
mento decisivo que marca toda a sociedade da época: a religiosidade,
principalmente, a consolidação do cristianismo. A partir disso, foi defi-
nido um modelo a ser seguido socialmente e que incidia diretamente
sobre as formas de vida.
O exemplar ideal era, portanto, o ser cristão. Dessa maneira,
o homem sem fé, nos princípios cristãos, estava fora de um padrão e,
apesar das particularidades e diferenças, havia um elo que fazia daque-
les homens um só ser - a criatura de Deus, segundo a antropologia cris-
tã medieval. A fim de corroborar com uma das questões fundamentais
da formação do pensamento ligado à Idade Média, cabe aqui a seguinte
colocação:

Ora, Filosofia e Religião são excludentes, metodologicamente excludentes: a


Filosofia, por definição, só admite a argumentação racional e exclui qualquer
concessão à autoridade (como já dizia Aristóteles paradigmaticamente: “sou
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amigo de Platão, mas mais amigo da verdade...”). A Religião, por sua vez,
deve prescindir da razão e afirmar a autoridade (do “Livro” e/ou da hierarquia
religiosa): o dogma expressa a revelação de um mistério inapreensível ra-
cionalmente e afirmado pela fé. Então, como ser simultaneamente filósofo e
religioso? (ESTEVÃO, 2011, p.18).

Dentro deste contexto religioso, o pensamento filosófico era


construído, também, em uma base cristã, através de uma perspectiva
racional. Diferentemente da busca pelo conhecimento da verdade, a
filosofia da Idade Média se propõe a investigar a verdade já revelada
por Deus (VASCONCELLOS, 2007). Nesse sentido, a razão não deixa
de ser um elemento constituinte do pensamento, mas o seu exercício
é destinado à compreensão da fé, a grande e principal fonte de pensa-
mento do medievo. A seguir, serão elucidados dois grandes pensadores
que representam este período.

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Agostinho de Hipona (354 – 430)

“Compreendo para crer, creio para compreender”, esta frase


ilustra e resume, com muita clareza, o pensamento de Agostinho, co-
nhecido também como Santo Agostinho, um dos principais pensadores
da chamada filosofia patristica, e contextualizado na chamada antigui-
dade tardia (embora muito conhecido como um dos precursores do pen-
samento medieval). Em sua concepção, a fé é o ponto de partida para
o caminho de compreensão de todas as outras coisas, até mesmo da
razão, que estaria, portanto, subordinada à verdade divina. Ao longo de
todo o percurso religioso e filosófico, Agostinho desenvolve o pensa-
mento da chamada filosofia cristã:

Deus e a alma não são conhecimentos distintos em Agostinho. Um e outro


estão intimamente ligados, pois a alma é o meio do qual parte, a fim de atingir
o conhecimento de Deus, uma vez que este não pode ser atingido imediata-
mente pela razão, só pela fé. A alma, o homem interior, no entanto, pode ser
conhecido pela razão (...) (Idem, p.229).

A vida e obra de Agostinho de Hipona, também conhecido


como Santo Agostinho, é um caminho de busca por respostas e expli-
cações acerca da existência, dos dilemas da alma, da figura de Deus.
Foi no ano de 386, que se deu sua conversão ao cristianismo, após uma
trajetória de vivências e experiências variadas. Em sua obra Confissões
(escrita entre 397 e 398), ele desenvolve seu pensamento filosófico-teo-
lógico, autobiográfico, que contribuiu para uma visão de mundo cons-
truída, ainda que não somente, pelos dogmas da fé cristã.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a Filosofia Medieval e seus
principais representantes, recomendamos a leitura:
A Filosofia Medieval. Das Origens Patrísticas à
Escolástica Barroca, de Josep-Ignasi Saranyana.
Boa leitura!

Tomás de Aquino
Tomás de Aquino foi um dos representantes da chamada filo-
sofia escolástica, desenvolvida entre os séculos IX – XV. Este foi um
momento de gradativas mudanças no mundo medieval, entre elas, o
declínio do sistema feudal, a partir do século XIII, que marcou o perío-
do da Baixa Idade Média. Este quadro histórico tornou-se um cenário

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propício para o surgimento de novas formas de pensar e viver.
É neste cenário que a filosofia de Tomás de Aquino foi elabora-
da e desenvolvida, tornando-se uma parte importante na representação
da produção filosófica medieval. Suas ideias reuniam as premissas de
um tempo que já notava as mudanças de um novo paradigma que se
aproximava. Com isso, é importante ressaltar a aproximação do filósoso
com o pensamento racional - não sem o respaldo da fé - mas como
uma forma de alcança-la e compreendê-la.
Ao aproximar-se das ideias de Aristóteles, Aquino buscava
conciliar a fé com a razão, assim como comprovar a existência de Deus.
Mas como seria essa tentativa de explicar a verdade divina através da
razão? De acordo com esta premissa, é possível chegar à uma ideia
Deus a partir de fundamentos lógicos e até empíricos, ou seja, a própria
existência de um ser superior demandava uma forma de racionalidade.

Imagem 4. Filosofia medieval


FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Estadão, 2017.

Pode-se dizer que o universo da fé, antes restrito ao mundo re-


ligioso, transformava-se, aos poucos, em um campo de estudos da Filo-

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sofia. Com relação ao pensamento de Tomás de Aquino, Tarnas afirma:

Tomás sustentava que o reconhecimento da ordem da natureza aperfeiçoava


a compreensão humana da criatividade divina de Deus e de modo algum
diminuía a onipotência divina (...). Estava convencido que a Razão e a liber-
dade humana tinham valor em si (TARNAS, 2000, p.203-204).

Sendo assim, considera-se que, ao final da Idade Média, o


pensamento filosófico e intelectual começava a desvincular-se do domí-
nio religioso, predominantemente cristão e fudamentado na fé católica,
para, mais tarde, incorporar os princípios e metódos racionalistas ba-
seados na visão antropocêntrica da Era Moderna. A partr daí, a ciência
surge com toda a sua inquietude para transcender os limites do homem
de outrora e criar caminhos para a invenção humana.

SAIBA MAIS

Dica: filme e livro


Quer saber mais sobre a formação do pensamento medieval?
“O nome da rosa” (1986), direção Jean-Jacques Annaud, é um
grande clássico para uma boa aproximação com o contexto. Além disso,
o filme é baseado na obra, de mesmo nome, do autor italiano Umberto
Eco.

O PENSAMENTO MODERNO E A INFLUÊNCIA DO RACIONALISMO

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


Do ponto de vista histórico, a transição da Idade Média para a
Idade Moderna foi marcada por muitas mudanças, entre elas, a passa-
gem do teocentrismo (visão de mundo baseada em Deus) para o an-
tropocentrismo (o homem como centro, não mais Deus). Tendo esta
tranformação de mentalidade como foco, é possível levantar a seguinte
questão: Qual é a relação do homem com o conhecimento a partir de
uma perspectiva antropocêntrica? Este é o ponto que o presente tópico
terá como tema.
Com o fim do período medieval (final do século XIV), o
mundo europeu presenciou um rompimento significativo com o domínio
religioso (cristão/católico) marcado por um movimento artístico e cul-
tural que influenciou o desenvolvimento das ideias antropocêntricas: o
Renascimento. Muito além de um acontecimento histórico, o movimen-
to renascentista construiu as bases do pensamento moderno, centrado
nas ações e potencialidades do homem e, principalmente, pela busca
de um conhecimento pautado na razão.
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Entre os grandes teóricos que destacam-se neste contexto es-
tão: Francis Bacon, René Descartes, John Locke (1632-1704), entre
muitos outros. De forma geral, o debate moderno foi formulado a partir
do tema do conhecimento, da forma como o homem conhece, aprende
e desenvolve o pensar. Cada um a sua maneira, os filósofos raciona-
listas buscavam consolidar o cientificismo a fim de superar as explica-
ções de caráter não racional. Dessa forma, a “verdades” construídas ao
longo do tempo passaram por um processo de ruptura decorrente dos
novos paradigmas teórico-metodológicos. Segue-se, abaixo, um pano-
rama geral das principais ideias suscitadas por esses filósofos.

Francis Bacon (1561-1626)


Considerado um dos precursores do pensamento moderno, o
britânico Francis Bacon valorizava as experiências com base na via da
indução, que consistia nas observações de casos através de suas parti-
cularidades, para chegar às verdades mais gerais. Este método diferen-
ciava-se da dedução, cujas fundamentações partiam das observações
gerais para explicar os casos específicos (Galileu Galilei era um dos
expoentes). Uma das principais ideias de Bacon está em sua teoria dos
ídolos*, uma crítica às formulações baseadas em verdades que podem
distorcer a realidade e comprometer o caráter científico do conhecimen-
to. De acordo com o filósofo:

(...) Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a
luz da natureza; seja devido à natureza própria singular de cada um; seja
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros
ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram (Apud ARANHA &
MARTINS, p. 173).

Esse fragmento possibilita um debate acerca das dimensões


sociais do pensamento humano, como também, o comportamento do
homem de seu tempo, e das diversas influências que incidem sobre
a forma como o homem enxerga a realidade ao seu redor. É possível
pensar nas mais variadas formas de manipulação criadas para iludir e
dominar os indivíduos, transformando-os em meros reprodutores e es-
pectadores de suas vidas. Mais adiante, essa temática será desenvolvi-
da tanto pelas Ciências Sociais como pela Psicologia. Em resumo, para
Bacon: “Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano
e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser
difícil o acesso da verdade, como poderão ressurgir como obstáculo à
própria instauração das ciências” (1988, p. 20-21).

24
FIQUE LIGADO
Saiba mais sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon:

Novum organum, ou, Verdadeiras indicações acerca da inter


pretação da natureza.
São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988.

Sugestão de blog: Ensaios e notas, por Leonardo Alves:


https://ensaiosenotas.com/2016/10/08/francis-bacon-os-qua
tro-idolos-da-mente/

René Descartes (1596-1650)

O filósofo francês Descartes, muito conhecido por sua máxima


““cogito ergo sum”, traduzida como “penso, logo existo”, foi um impor-
tante pensador racionalista do século XVII, que propôs um novo método
para a Filosofia Moderna, que consistia em construir caminhos através
do rigor do pensamento, por meio da razão e da dúvida metódica.
Descartes destaca três tipos de ideias: as inatas, as externas
e as factícias.O cogito cartesiano, portanto, não seria formado pelos
sentidos nem pela imaginação, mas sim pelo espírito (ARANHA & MAR-
TINS, 2004).
E sua obra O discurso do método1, o autor expõe os caminhos
que devem ser traçados para a busca de um conhecimento verdadeiro,
sem as interferências dos sentidos, mas pelo exercício da dúvida. Para

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


ele, a existência depende do ato pensante e somente é possível co-
nhecer a realidade através do questionamento. Assim, faz-se necessá-
rio desvencilhar-se de todo o pensamento incutido pelo mundo externo
para, então, construir uma nova forma de pensar, livre de interferências
que diminuem a veracidade dos fatos. Dessa forma:

(...) o pensador francês promove a razão, informada pelas regras do método,


à condição de guia supremo do processo de conhecer. Ao teorizar sobre a
racionalidade, ele promove uma separação entre mente e corpo, entre ma-
téria e pensamento, e entre a razão e as demais formas de conhecimento,
nascendo daí a ruptura da ciência com o sensível, a natureza, a imaginação
e o sagrado (ÁVILA ARAÚJO, 2004, p.133-134).

Para atingir esse método, Descartes propõe quatro regras: evi-


dência, análise, síntese e enumeração. Tais regras seriam uma forma
1 DESCARTES, RENÉ. Discurso do método. São Paulo: Escala Educacional, 2006.

25
de organização sistemática do pensamento, para a investigação minu-
ciosa do conhecimento verdadeiro, autêntico e autônomo. Em suma, o
princípio fundamental de todo o método cartesiano era a dúvida – este
seria o ponto de partida para a sabedoria do homem moderno.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Para complementar o tema abordado neste capítulo,


indicamos a seguinte leitura: A Filosofia Explica As Grandes
Questões da Humanidade, dos autores Clóvis de Barros Filho
e Júlio Pompeu. Ano: 2013.
Bons estudos!
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26
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
(Adaptada) Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE
Cargo: Analista de Cultura
Relacione corretamente as frases e ideias apresentadas a seguir
com os respectivos autores, numerando a Coluna II de acordo
com a Coluna I.
Coluna I
1. Tudo é fluxo.
2. Conhece-te a ti mesmo.
3. Virtudes para uma boa vida
4. Mito da caverna
Coluna II
( ) Platão
( ) Sócrates
( ) Heráclito
( ) Aristóteles
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
A) 3, 4, 2, 1.
B) 4, 2, 3, 1.
C) 2, 4, 1, 3.
D) 4, 2, 1, 3.

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QUESTÃO 2.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor
Chaui (2005) afirma que Aristóteles considerava o ponto mais
alto da Filosofia, a metafisica e a teologia, de onde se derivam
todos os outros conhecimentos. Afirma também, que a partir
daí, definiu-se o grande campo da investigação filosófica que se
desdobrou, até o século XIX, em 3 aspectos: o da ontologia, o dos
valores e o epistemológico.
Levando-se em conta o que é dito pela autora, os campos de
investigação da Filosofia derivados da posição aristotélica são os
conhecimentos:
A) cosmológico, antropológico e teologia
B) gnosiológico, empírico-formal e lógica
C) do senso-comum, mítico e cientifico
D) abstrato, formal e empírico
E) do ser; das ações humanas e da capacidade humana de conhecer
27
QUESTÃO 3.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor
Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por
seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus dis-
cípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates
que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida
pelo diálogo, que corresponde ao filosofar.
Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe
de dois momentos. As etapas do método socrático são:
A) a dialética e a argumentação
B) a ironia e a maiêutica
C) o juízo e o raciocínio
D) a proposição e a discussão
E) a tese e a antítese

QUESTÃO 4
Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Cargo: Professor
São Tomás de Aquino, principal representante da __________,
desenvolve um pensamento profundamente ligado ao de
__________. Seu papel principal foi o de organizar as verdades
da religião e de harmonizá-las com a filosofia. Para ele, então, a
__________ criada por Deus, e a __________, revelação de Deus,
não podem entrar em __________, porque procedem do mesmo
Princípio.
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do
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texto apresentado.
A) Escolástica – Aristóteles – razão – fé – contradição.
B) Patrística – Platão – razão – fé – conflito.
C) Escolástica – Aristóteles – fé – razão – acordo.
D) Patrística – Platão – fé – razão – contradição.
E) Sofística – Sócrates – razão – fé – conflito

QUESTÃO 5
Leia o trecho a seguir: “[…] é quase impossível que nossos juízos
sejam tão puros e tão sólidos como teriam sido se tivéssemos tido
inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso nascimento, e se
tivéssemos sido conduzidos sempre por ela.”
(DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fon-
tes. 1996, p. 17).
A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se
pensar a partir de uma linguagem racionalista, inspirada em mo-
28
delos matemáticos. Esse modelo racional pretendia servir como
guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesia-
no, é correto afirmar que:
A) tem sua formulação mais bem acabada na obra “Crítica da Razão
Pura”
B) consistia em colocar o mundo, a realidade, “entre parênteses”, ope-
rando assim em uma “redução fenomenológica”
C) foi duramente combatido pelos filósofos contemporâneos a Descar-
tes, não tendo assim exercido influência em nenhuma geração posterior
D) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pen-
samento à possibilidade da realidade, processo que se sintetiza na fra-
se: “penso, logo existo”
E) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a filosofia
escolástica

QUESTÃO DISSERTATIVA

Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEDUC-AL Cargo: Professor


- Filosofia
Texto associado
Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que
tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige
tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem co-
nhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal juntos”; e
tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


não parecer estimável ao outro e este não depositar confiança nele. Os
que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser
amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o sai-
bam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a amizade
não. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.
382 (com adaptações)
Tendo o texto precedente como referência inicial – Explique o con-
ceito de virtude, em Aristóteles.

QUESTÃO INÉDITA

Analise o trecho da canção “Como uma onda”, de Lulu Santos, e assi-


nale a alternativa correta:

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFa73hlzR-4


29
“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará/
A vida vem em ondas Como um mar/
Num indo e vindo infinito”.
A) o trecho destacado pode ser relacionado com o pensamento racional
de René Descartes
B) a ideia de uma onda que vai e vem remonta ao filósofo Platão e o
dualismo corpo e alma
C) é possível compreender, a partir da canção, um pouco da concepção
de fluxo, de Sócrates
D) a trecho pode ser relacionado com a filosofia de Heráclito e sua ideia
de fluxo
E) não é possível relacionar este trecho da canção com a Filosofia

NA MÍDIA

FILOSOFIA É USADA COMO GUIA PARA VIVER MELHOR

Ensinamentos de pensadores clássicos prometem revolucionar


até mesmo a terapia. Entenda como esses sábios do passado
podem nos ajudar com os problemas de hoje
Tiago Cordeiro | Ilustrações: André Bergamin
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Veja a matéria na íntegra em:


http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common
/0,,ERT299871-17773,00.html

NA PRÁTICA

As indagações acerca dos dilemas e das questões que permeiam a vida


humana, fazem parte de uma longínqua trajetória percorrida pela his-
tória do pensamento ocidental. O dia-a-dia do trabalho, as obrigações
cotidianas, as preocupações diversas, muitas vezes impossibilitam o
olhar mais atento e reflexivo para a vida. Ao negligenciar os sentimentos
e as emoções, o sujeito passa a alienar-se de suas próprias necessida-
des e desejos, por não ter um conhecimento profundo sobre si mesmo.
A filosofia se coloca como uma base para uma série de conhecimentos
30
práticos, sobretudo o autoconhecimento, a tomada de decisões, a sabe-
doria, a maturidade – que são elementos fundamentais num processo
psicoterapêutico. Assuntos como: amor, trabalho, política, problemas
sociais, modos de vida, costumes, crenças, enfim, uma série de temáti-
cas que, inevitavelmente, chegam para o psicólogo todos os dias, seja
no campo clínico ou institucional, social ou organizacional.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Para um aprofundamento na leitura sobre a formação do pensamento


ocidental, recomendamos a seguinte obra:

TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental:


para compreender as ideias que moldaram nossa visão de
mundo. Trad. Beatriz Sidou. -2.ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2000.

DICA DE VÍDEO

Filosofia e felicidade, com Marcia Tiburi e Mario Sergio Cortella


“O que é felicidade? Essa é uma pergunta que acompanha a humani-
dade, há séculos, e que, com o passar do tempo vai ganhando inter-
pretações diferentes, de acordo com o comportamento, a cultura e a
identidade de uma época”.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=W_1EtLeJEh0

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

31
A PSICOLOGIA NOS
CAMINHOS DA CIÊNCIA
“A história das ciências é um tecido de juízos implícitos
sobre o valor dos pensamentos e das descobertas
científicas. O papel da epistemologia é de explicitá-los”.
(JAPIASSU, Hilton)
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

“Cada indivíduo aprende a ser homem”.


(LEONTIEV)

O presente capítulo “A psicologia como ciência” tem como ob-


jetivo central contextualizar a Psicologia e seu desenvolvimento cientí-
fico, assim como suscitar uma breve discussão em torno de seu objeto
de estudo: a subjetividade humana. A partir disso, buscar-se-á ressaltar
uma das grandes questões no campo das ciências: a relação sujeito-
-objeto e o debate acerca da dicotomia objetividade-subjetividade. A
discussão em torno da ciência – principalmente quando se trata do grau
de cientificidade de um saber – aponta para um aspecto importante na
construção do conhecimento: a objetividade. Ora, aquilo que é cientí-
fico é comprovado e torna-se um estudo objetivo, delimitado pelo seu
campo de atuação e seu arcabouço teórico-metodológico. Mas, como
lidar com essa questão quando o interesse científico é voltado para os
32
elementos subjetivos da vida humana? Como analisar comportamento
e subjetividade? Estes e outros questionamentos são inerentes ao pro-
cesso de consolidação do campo da Psicologia.

No site do Conselho Federal de Psicologia você pode conferir


uma linha do tempo da Psicologia no Brasil. O material faz parte do
Projeto Memórias da Psicologia Brasileira.
Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-
da-psicologia-brasileira/outros/

Para BOCK (1989, p. 23) “a identidade da Psicologia é o que a


diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida
considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de ma-
neira particular”. Dessa forma, o tema da subjetividade suscita inúmeras
questões para debate, principalmente no que se refere à formação do
sujeito enquanto ser biopsicossocial. Este é o principal papel da Psico-
logia: compreender a diversidade que marca os aspectos subjetivos,
sociais e cognitivos dos indivíduos em permanente construção. Além
disso, é importante ressaltar que toda subjetividade é situada sócio-his-
toricamente e, por isso, cada sujeito possui sua singularidade e sua for-
ma de ser/estar no mundo. Diante desse debate, a Psicologia percorre
diferentes caminhos (às vezes divergentes) para estudar e compreen-
der as dimensões da vida humana: comportamentos, sentimentos, rela-

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


ções, políticas, questões sociais. Assim, é possível afirmar que:

Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões,


as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as
singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos to-
dos assim) – é o homem – corpo, homem afeto, homem ação e tudo isso
está sintetizado, isso está no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese
singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos
nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural
(BOCK, 1989, p. 24).

Através de diversos olhares, por meio de múltiplos instrumen-


tos, esse campo do conhecimento busca cada vez mais engajar-se na
vida social e possibilitar novas formas de enxergar as pessoas. Barros e
Passos analisam a noção de ‘campo’ da Psicologia e afirmam que “es-
tamos frequentemente tão engajados nele que já não poderíamos dis-
criminar as forças que o constituem, ao mesmo tempo que nele somos
33
constituídos como uma de suas partes integrantes”. Os autores também
alertam para a condição crítica das práticas psicológicas em seu duplo
significado: pela atividade de crítica e como situação de crise – aspec-
tos que marcam o processo de consolidação deste campo. Por fim, eles
apontam para o seguinte questionamento: “E do que partimos quando
nos engajamos neste campo?” (BARROS & PASSOS 2000, p.78).

CONTEXTUALIZAÇÃO: O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA E SEU


DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO
Imagem 5. Wilhelm Wundt
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Psicoativo, 2016.

A Psicologia surgiu, enquanto uma disciplina científica, a partir


do século XIX, através dos estudos de Wilhelm Wundt e William James,
com o objetivo principal de investigar o comportamento humano através
de estudos experimentais acerca do funcionamento da mente.
Um dos precursores deste campo foi o médico Wilherm Wun-
dt (1832 – 1920). Considerado o “pai da Psicologia”, fundou o primeiro
laboratório experimental na área, no ano de 1879, na Alemanha. Ele
marca uma divisão da ciência psicológica experimental e social. Seu
método era baseado na percepção sensorial e na descrição de elemen-
tos da experiência imediata por indivíduos treinados. Segundo Abib:

34
Para Wundt [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como
tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíqui-
ca; deduz os processos psíquicos de outros processos psíquicos; faz uma
interpretação causal de processos psíquicos com base em outros processos
psíquicos; não recorre a substratos diferentes desses processos, tais como
uma mente-substância ou processos e atributos da matéria, para explicá-los
(ABIB, 2009, p.197).

A partir dos estudos de Wundt, a Psicologia passava a ocupar


um lugar no campo da ciência, através do princípio da comprovação sis-
temática e da experimentação. Dentro de um ideal positivista (corrente
filosófica predominante no século XIX) as ciências humanas buscavam
consolidar-se, com seus métodos e objetivos próprios e a preocupação
do estudo do homem e suas relações em sociedade. Segundo Freire
(1997), Wundt estudava os processos mentais através de métodos ex-
perimentais pertencentes às outras ciências. Os fundamentos de seu
trabalho consistiam na observação, experimentação e quantificação.
William James (1842 – 1910), por sua vez, é considerado o
pai da psicologia funcional. Considerado o pai da nova psicologia ame-
ricana, sua ênfase no funcionalismo era baseada na teoria da evolução
humana e, por isso, para ele a Psicologia era uma ciência natural, ou
uma “esperança de ciência” relacionada diretamente com os aspectos
físicos e cerebrais (ABIB, 2009).

Imagem 6. William James

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Livraria Cultura, 2017.

35
O funcionalismo, de forma geral, tratava do caráter adaptativo
da consciência e questionava qual seria a função da mente, através de
uma visão pragmática e instrumental. Dessa forma, Freire (1997, p.102)
enfatiza que a questão passa a ser de ordem mais prática, dentro da
qual o homem se adapta ao meio físico e social, pois: “a psicologia, para
o funcionalismo, é o estudo da vida psíquica, considerada como um
instrumento de adaptação ao meio”.
Em suma, as primeiras experiências da Psicologia buscaram
desenvolver um papel teórico e metodológico de acordo com as pre-
missas científicas modernas, voltadas às ciências naturais. Segundo
Nunes:

Apesar da unidade do homem com a natureza, as ciências naturais são com-


pletamente diferentes das ciências humanas. Há dois tipos de experiências
a serem apreendidas: a externa e a interna (...). O objeto das ciências huma-
nas consiste em apreender a realidade histórica e social naquilo que ela tem
de singular e individual, bem como estabelecer as regras e os fins de seu
desenvolvimento (NUNES, 2003, p.67).

É dentro deste contexto maior que surge a necessidade de di-


ferenciação entre as ciências naturais e exatas e as ciências cujo princi-
pal foco de análise era o homem e sua relação com o meio, e ainda, dos
fenômenos psíquicos e subjetivos. Dilthey (1883 apud NUNES, 2003),
foi um historiador que defendeu uma epistemologia autônoma das ciên-
cias humanas e conferiu a elas um caminho próprio através de um mé-
todo compreensivo, diferentemente do explicativo atribuído às ciências
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

naturais. De acordo com o autor, o homem é o criador do meio social em


que vive e é isso que confere às ciências humanas uma historicidade.

Assista ao vídeo: Wilhelm Wundt: Por que ele é o Pai da


Psicologia Moderna? do canal Psicoativo TV.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c

O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA: O DESAFIO DA


CIENTIFICIDADE
A partir das transformações ocorridas na sociedade ocidental,
sobretudo no século XIX, as ciências humanas começaram a conquis-
36
tar um espaço no estudo e na compreensão do homem, não somente
como um corpo biológico, mas um ser social, que vive, que trabalha, se
relaciona com o mundo. Toda a esfera na qual ele está inserido deve-
ria, pois, ser analisada, compreendida. Desse modo, disciplinas como
a Sociologia, Antropologia, Psicologia, vão de encontro com essa nova
preocupação científica. É nessa perspectiva que DOSSE (2004) pensa
as ciências humanas como disciplinas interpretativas, que outrora se
separaram da Filosofia, na tentativa de adquirir sua autenticidade como
ciência. Mas atualmente se reaproxima, assimilando as teorias filosófi-
cas em suas abordagens.
A consolidação da Psicologia no meio científico construiu-se,
principalmente, em torno da natureza de seu objeto de investigação: a
subjetividade humana - as questões mentais, os sentimentos, o com-
portamento de forma geral. De acordo com este pressuposto, Castañon
(2009) elucida alguns dos problemas ontológicos da Psicologia quanto
à inserção de seu objeto de estudo no campo científico: da natureza in-
quantificável do objeto da psicologia; da impossibilidade de o sujeito ser
ao mesmo tempo objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da
alteração do objeto da psicologia pela interação e pelo conhecimento,
entre outros.
Nota-se que um dos objetivos centrais nessa discussão acerca
da cientificidade era a questão do método como uma importante ferra-
menta das produções científicas. Figueiredo aponta para a constituição
de um “sujeito epistêmico pleno”, consciente de si e senhor absoluto de
sua consciência, ou seja, um sujeito construído metodologicamente. “Ao
método caberia a tarefa de expurgar de cada sujeito tudo aquilo que o

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


tornasse suspeito, não confiável, irregular” (FIGUEIREDO, 1995, p.17).

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Recomendamos uma boa leitura sobre o tema da


epistemologia e
do processo de consolidação da Psicologia moderna:

Revisitando as psicologias: Da epistemologia à ética


das práticas e discursos psicológicos, de Luís Cláudio
Figueiredo.

Boa leitura!

37
Portanto, o desafio principal era conferir cientificidade a um
material incomensurável, não quantificável como outros processos ex-
perimentais relativos a diferentes áreas do conhecimento. Diante deste
pressuposto, como seria definida a subjetividade? De que forma passou
a ser estudada cientificamente? Essas questões são de grande rele-
vância no processo de consolidação do campo da Psicologia, principal-
mente no que se refere à delimitação de seu “objeto” de estudo. Diante
disso, é válido ressaltar que:

Tratar do nascimento de um sujeito nos domínios da Psicologia implica fa-


lar da sua colocação como objeto para um discurso científico socialmente
autorizado a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas que
compõem este sujeito (...) universalizando-as, substancializando-as e natu-
ralizando-as ancorado nas objetividades do corpo e da natureza, bem ao
estilo do modelo de ciência da época (PRADO FILHO, 2007, p.14).

Nesse sentido, as temáticas referentes ao universo psíquico


direcionavam-se para a “compreensão do significado da experiência
humana, e não a busca de teorias de aplicação generalizada” (CAS-
TAÑON, 2009). Essa discussão sobre o caráter científico da Psicologia
(e das ciências humanas em geral) ainda persiste até os dias atuais,
tanto no universo acadêmico como no mercado de trabalho. É importan-
te reconhecer esse histórico de construção do conhecimento, pois é a
partir dele que se edificam as bases da profissão do psicólogo (a), suas
formas de atuação, suas ferramentas teórico-metodológicas, enfim, seu
espaço singularizado na sociedade.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Sobre o papel do (a) psicólogo (a) na sociedade,


recomendamos o Vídeo Institucional - Papel do psicólogo
em todos os lugares, no canal do CRP – SC.
Acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=Oc1vjYVT5ak

A SUBJETIVIDADE HUMANA: ALGUMAS DEFINIÇÕES

38
Imagem 7. Fluxos mentais

Fonte: YouTube, 2017.

Segundo o dicionário Michaelis2, sub·je·ti·vi·da·de significa:


1. Caráter ou qualidade de subjetivo;
2. Filos. Aquilo que se relaciona unicamente a um
indivíduo, sendo inacessível a outrem;
3. Característica de todos os fenômenos psíquicos que se
relacionam ao próprio indivíduo e considerados por ele seus.

O conceito de subjetividade é intrínseco ao paradigma histórico


e cultural de cada teoria. Em linhas gerais, há vários olhares e defini-

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


ções diferentes, a partir de estudos e suas respectivas linhas teóricas,
mas é possível destacar, pelo menos, duas concepções que norteiam
essa discussão: de um lado, a subjetividade pode ser explicada a partir
do campo intrapsíquico, diretamente ligado aos aspectos mentais e in-
dividuais. Por outro lado, o sentido pode estar relacionado com o meio
no qual o indivíduo vive, suas experiências, sua relação com o contexto
social. É importante compreender que uma visão não exclui a outra,
necessariamente, uma vez que a subjetividade não é cindida, fragmen-
tada entre individual/social. Ela é composta por esses dois universos
repletos de outros fatores.
Entretanto, do ponto de vista teórico-metodológico, ao longo
da história da Psicologia, essa questão protagoniza uma série de con-
cepções que se complementam e também se distanciam. Este capítulo
2 Dicionário eletrônico. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
busca/portugues-brasileiro/SUBJETIVIDADE/

39
não alongará o tema, mas o próximo fará um apanhado geral das prin-
cipais vertentes da Psicologia, o que explica, de certa forma, o sentido
da subjetividade e como ela se constrói de acordo com cada visão. De
acordo com esta premissa, Abib entende que: “Como práticas culturais
ou culturas, tradições de pensamento psicológico se constituem como
práticas de pesquisa, com desfechos favoráveis para algumas e desfa-
voráveis para outras” (ABIB, 2009, p. 199).
São estas práticas culturais formadoras do pensamento psi-
cológico que influenciam na forma como o comportamento humano é
trabalhado e na construção de sentido da subjetividade, ou melhor, das
subjetividades múltiplas. Portanto, enquadrar o comportamento humano
e todas as suas formas de relação com o mundo numa visão determi-
nista é reduzir demasiadamente seu caráter diverso. Um dos principais
conceitos que marcam os estudos e práticas em Psicologia é a ideia do
inconsciente e sua influência na formação do sujeito. De acordo com
uma visão psicanalítica, o aparelho psíquico possui compartimentos em
que censura e reprime determinados fatos da vida.

SAIBA MAIS
Para complementar o assunto, recomendamos a você a
fala do professor Christian Dunker: “Nascimento da Psicologia:
Sujeito ou objeto?”.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=i3t5PH0kAbE
Dessa forma, essas lembranças que ressurgem no decorrer do
tempo trazem à tona questões que atuam diretamente na
subjetividade, uma vez que:
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

O processo de constituição subjetiva está intimamente relacionado com a


concepção de que o campo do sujeito é efeito, em especial, da linguagem e
de uma trama de relações pré-existentes ao nascimento, constituindo o que
será o mito fundador de uma história singular. O sujeito, para a psicanálise,
é aquele que se constitui na relação com o Outro através da linguagem (TO-
REZAN e AGUIAR, 2011).

O sujeito, de um ponto de vista psicanalítico, compõe-se por


meio do desejo, e é ele que vai “guiar” a sua construção subjetiva e a
forma como se coloca diante da vida. A partir dessa dinâmica psíquica
os processos de subjetivação se desenvolvem com base nos impulsos
do Inconsciente (o capítulo 3, desta unidade, abordará com mais deta-
lhes a Teoria Psicanalítica).
Dentro de uma visão histórico-cultural, Gonzáles Rey enfatiza
a noção de sujeito e subjetividade de acordo com um processo dialético.

40
Sua ideia consiste em anular a dicotomia entre social e individual, numa
tentativa de apresentar o sujeito como um agente ativo dentro de seu
contexto histórico-social. Para ele, a subjetividade não se internaliza,
não vem como algo externo ao indivíduo, ou seja:

Trata-se de compreender que a subjetividade não é algo que aparece somen-


te no nível individual, mas que a própria cultura dentro da qual se constitui
o sujeito individual, e da qual é também constituinte, representa um sistema
subjetivo, gerador de subjetividade (REY, 2005, p. 78).

Entende-se, assim, que o conceito de subjetividade não é fixo


e imutável, como, por exemplo, ocorre com a personalidade. Muitas ve-
zes, os dois termos se confundem, sugerindo a forma de ser/estar de
um sujeito. Entretanto, ao falar em personalidade, vem à tona uma ideia
de ‘jeito’ de ser ou maneiras de se comportar, como um conjunto de
atributos de um indivíduo.

Assista à palestra do professor citado acima, Fernando


Gonzaléz Rey: “A Teoria da Subjetividade e a
Epistemologia Qualitativa na Pesquisa”.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=lnRAwQUjjLs

A subjetividade, por sua vez, pode apontar para uma noção

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


de constituição e formação do ser humano que é constante e está vin-
culada a uma variedade de fatores. Ela representa uma das categorias
mais singulares do sujeito. É aquilo que ele pode ter de mais genuíno
e autêntico. De acordo com um enfoque Histórico-cultural, a subjetivi-
dade é constituída dentro do quadro social. “Todo processo psicológico
é volitivo, sendo que a vontade é inicialmente social, interpsicológica e
posteriormente intrapsicológica” (MOLON, 2003, p.91).
Nesse sentido, a Teoria Histórico-cultural propõe uma relação
dialética das dimensões interpsicológica e intrapsicológica. Para Vygo-
tsky, as funções psicológicas superiores formam-se primeiro no coletivo
para, depois, transformarem-se em funções da personalidade. O social
constitui o sujeito ao mesmo tempo em que é constituído por ele.
Na atividade animal, o desenvolvimento biológico é dado de
modo imediato, ausente de consciência, sem constituir cultura e sem
apropriação de um conhecimento histórico de atividades, exercendo
apenas as funções psicológicas inferiores (inatos como, por exemplo,

41
virar o pescoço na direção de um ruído) de acordo com sua filogênese
(naturais da espécie).
O homem, por sua vez, além de apresentar essas funções psi-
cológicas inferiores, dadas a priori, apresenta as funções psicológicas
superiores que se originam de modo sociocultural, como a apropriação
da linguagem, a sua lógica e capacidade de aprendizado social media-
do. “O homem definitivamente formado possui já todas as propriedades
biológicas necessárias ao seu desenvolvimento sócio-histórico ilimita-
do” (LEONTIEV, 1978, p. 263). Assim, o que constitui o ser humano é a
sua capacidade de apropriação e objetivação da realidade por media-
ção.

SAIBA MAIS!
Para complementar seus estudos acerca das definições
do conceito de subjetividade, indicamos a seguinte leitura:
LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In:
O desenvolvimento do psiquismo.

Apropriação/ objetivação
Na Teoria Histórico-cultural apropriação e objetivação são con-
ceitos fundamentais para o processo de humanização. Apropriação é a
reorganização das habilidades motoras e psíquicas, é através dela que
o individuo cria novas aptidões; já a objetivação é o resultado de uma
prática social. De acordo com Duarte, a relação entre apropriação e
objetivação se dá na produção de instrumentos: “o homem se apropria
da natureza objetivando-se nela para inseri-la em sua atividade social”
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

(DUARTE, 1996, p. 35).


Essa relação impulsiona o desenvolvimento histórico e, ao
mesmo tempo, é constituída por ele. Nesse processo dialético, a apro-
priação de um objeto gera novas necessidades e, na medida em que o
homem se apropria, ele se objetiva, se humaniza. Ambos os processos,
apropriação e objetivação, acontecem constantemente durante toda a
vida do indivíduo, aprimorando cada vez mais suas capacidades mo-
toras e psíquicas. “Cada processo de apropriação e objetivação gera
a necessidade de novas apropriações e novas objetivações” (Ibidem,
p.120).

42
Para resumir o pensamento central de Vygotsky destacam-se
algumas palavras-chave, tais como: sociabilidade do homem; intera-
ção social; signo e instrumento; cultura; história; entre outros conceitos
(IVIC, 1994).

Mediação
Para Vygotsky, mediação é a principal categoria da Teoria His-
tórico-cultural, ao contrário de Luria e Leontiev, que a consideravam
apenas um conceito. Não é propriamente um conceito, mas sim, uma
categoria pela qual o homem consegue chegar à aprendizagem, não
é um terceiro na relação sujeito-objeto, mas está inserido dentro dela.
Dessa forma, afirma-se que:

A mediação é processo, não é o ato em que alguma coisa se interpõe; me-


diação não está entre dois termos que estabelecem uma relação. É a própria
relação. (...) A mediação não é presença física do outro, não é a corporeidade
do outro que estabelece a relação mediatizada, mas ela ocorre através dos
signos, da palavra, da semiótica, dos instrumentos de mediação. A presença
corpórea do outro não garante a mediação (MOLON, 2003, p.102).

Os instrumentos têm a função de transformar o objeto, ope-


rando exatamente dessa forma. Para Vigotski todo instrumento é um

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estímulo, mas nem todo estímulo é um instrumento (VIGOTSKI, 1996).
Ambos (signos e instrumentos) são atividades mediadas que possuem
naturezas diferentes, mas que estão interligadas. A partir desse pres-
suposto observa-se que o mais subjetivo dos pensamentos é também
intermediado por aspectos do processo histórico-social da vida de um
indivíduo. A subjetividade é construída, portanto, no decorrer da história
de cada um. O homem é um ser de natureza social e constrói-se como
humano a partir de suas relações em sociedade.

43
Imagem 8. Lev Vygotsky

Fonte: Instituto Net Claro Embratel, 2018.

São inúmeras as definições acerca do tema da subjetividade,


sobretudo ao se tratar das questões: indivíduo/sociedade, psíquico/so-
cial e tantas outras reflexões que este assunto promove. Não se trata
aqui de abarcar toda essa discussão, mas de apresentar alguns eixos
para desenvolver o debate em questão neste tópico. Falar em subjetivi-
dade é como pensar no “objeto primordial”, quase mítico que é a mente,
como um resultado e efeito das relações diversas e não universais. “A
subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito,
no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo
saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007,
p.17).
Este mundo psíquico precisa ser pensado dialeticamente com
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

outros elementos da vida humana, pois pensar o indivíduo é também


refletir toda a sua história, sua cultura, seu modo de viver. De acordo
com Rey (2005), a subjetividade não é internalizada pelo sujeito, como
algo externo, mas sim, forma-se através de um sistema subjetivo que
considera o social e o individual em relação, e não isolados um do outro.
Assim, é possível definir que:

A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único


na ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições
sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza
e com outros homens. Conforme a complexificação dessas relações (que
foram perdendo o caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo
se distancia das relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva
outras (SILVA, 2009, p. 172).

Diante desses apontamentos, é possível pensar numa clínica


transdisciplinar, que se constitui não somente como espaço físico, mas
44
como sistema aberto, no qual são construídos os modos de subjetiva-
ção, a partir de uma polifonia que contempla as inúmeras variáveis da
subjetividade humana, pois “não se trata de modo algum de reunir, uni-
ficar, mas de construir redes por ressonâncias, deixar nascer mil cami-
nhos que nos levariam a muitos lugares” (PASSOS & BARROS, 2000,
p.78).

SAIBA MAIS
No site do Conselho Federal de Psicologia você pode ter
acesso à diversas indicações bibliográficas dessa área.
Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-
da-psicologia-brasileira/livros/

Imagem 9. O grito, de Edvard Munch. 1893.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Cultura Mix, 2011.

Assim, o estudo desse emaranhado subjetivo deve ser caute-


loso quanto às visões reducionistas, que ora podem ser pautadas so-
mente na perspectiva individual (como se a relação sujeito-subjetivida-
de fosse exclusivamente interna, sem outras associações), ora na visão
restrita no meio social, internalizado pelo sujeito e responsável por todo
o seu desenvolvimento psíquico. Nas palavras de Bock:

45
Podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada,
mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas for-
mas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória
imposta pela fugacidade da informação (...). Estudar a subjetividade, nos
tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto
é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica (BOCK,
1989, p. 24).

Portanto, entende-se que a Psicologia direciona-se à multipli-


cidade dos sujeitos e oferece seu repertório para compreendê-la, res-
peitá-la e potencializá-la, diante de toda imprevisibilidade que marca a
existência humana. Não há como restringir a subjetividade a um objeto
inerte e mensurável, dada a complexidade de sua natureza. No próximo
capítulo desta unidade serão abordadas algumas das principais linhas
teóricas da Psicologia através de um panorama geral que busca com-
preender o sujeito e a formação da subjetividade.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

46
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2012 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: MPE-AL Cargo:
Psicólogo Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como
disciplina acadêmica formal. Ele instalou o primeiro laboratório,
lançou a primeira revista especializada e deu início à Psicologia
Experimental como ciência. Qual a opção abaixo sobre esta fase
das bases das Teorias e Sistemas Psicológicos está correta?
A) Sensação, percepção, atenção, sentimentos, reação e associação
não foram temas das pesquisas de Wundt.
B) As criações de Fechner são posteriores a Psicologia como ciência.
C) O uso do termo “Psicologia Experimental” não é de autoria de Wundt.
D) A Psicologia Experimental de Wundt tratou do desenvolvimento men-
tal humano expresso na linguagem, nas artes, nos mitos, nos costumes
sociais, na lei e moral.
E) As publicações de Wundt inauguram a divisão da ciência psicológica
entre Psicologia Experimental e Psicologia Social.

QUESTÃO 2
(Adaptada) Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de
Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social
Philip Zimbardo, conhecido pesquisador estadunidense e pro-
fessor da Universidade de Stanford, foi responsável por um
polêmico estudo experimental no qual simulou num laboratório

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as condições de uma prisão (1971). O experimento precisou ser
cancelado, mas repercute até hoje. Inspirado neste experimen-
to, foi realizado um filme em 2010 que, em português, recebeu o
nome de:
A) A noite dos desesperados
B) Fome de viver
C) Acossados
D) O experimento
E) Experiência macabra

QUESTÃO 3
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CFP Cargo: Especialista em
Psicologia - Clínica
Na questão da validação do conhecimento psicológico que se
apresenta como sendo científico, é correta a afirmação de que:
A) há um abandono no intento de fazer repousar o conhecimento cien-
47
tífico em bases sólidas e inquestionáveis.
B) há que se atingir um conhecimento imediato e indiscutível.
C) é consenso que o conhecimento científico só é reconhecido com
bases na tradição cartesiana.
D) não se pode fugir de projetos epistemológicos da modernidade, de
inspiração Baconiana.
E) todos os pressupostos deverão ser verificados ou refutados.

QUESTÃO 4
Ano: 2016 Banca: Gestão Concurso Órgão: Consurge - MG Cargo:
Psicólogo
Há uma afirmativa no senso comum que diz: “de psicólogo e lou-
co, todo mundo tem um pouco”; como, por exemplo, quando se
ouve o problema de um amigo, ajudando a solucioná-lo. No entan-
to, o senso comum não é ciência. Para ser uma ciência, torna-se
necessário fundamentá-lo em bases científicas.
Nesse contexto, é CORRETO afirmar:
A) A Psicologia é um ramo das ciências naturais que utiliza métodos
científicos para o estudo do ser humano em toda a sua amplitude de
mente e de corpo.
B) A Psicologia utiliza-se de técnicas como o tarô, a astrologia, a qui-
romancia, entre outras práticas associadas ao saber psicológico para
resolução dos problemas humanos.
C) A Psicologia é uma área das Ciências Humanas que estuda o com-
portamento e a psique humana e vem se desenvolvendo na história
desde 1875, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Ex-
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perimentos em Psicofisiologia.
D) A psicologia é uma área das Ciências Sociais que parte de observa-
ções empíricas do comportamento humano no cotidiano com foco em
condutas anormais como: fobias, alucinações, agressividade, descon-
trole emocional, entre outros aspectos.
E) Todas as afirmativas estão corretas.

QUESTÃO 5
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia
Cargo: Especialidade em Psicologia Social
De acordo com Furtado, O.: “... o repertório de ‘ideias’ de uma
determinada cultura, de uma determinada nação, de um grupo so-
cial, tem como base o processo histórico do desenvolvimento das
forças produtivas e, ao mesmo tempo, acaba influindo no próprio
processo econômico, ou seja, no desenvolvimento das formas
subjetivas de expressão desse processo de desenvolvimento”.
48
O autor está discutindo:
A) que a subjetividade coincide com a noção popular de “ideia”
B) sobre as “dimensões subjetivas da realidade”
C) sobre desenvolvimento humano como foco da análise psicológica
D) que a objetividade é central no estudo da psicologia social
E) que o repertório de “ideias” enquanto ideologia influencia as forças
produtivas

QUESTÃO DISSERTATIVA

Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia


Cargo: Especialidade em Psicologia Social - (Adaptada)
GONZÁLEZ REY (2004, p.125) afirma: “A subjetividade permite uma
reconstrução não só da psique individual, como também das várias for-
mas de produção psíquica, próprias dos cenários sociais em que vive o
homem, assim também da própria cultura”.

De acordo com o fragmento citado, explique o conceito de subjetividade


proposto pelo autor.

QUESTÕES INÉDITAS

QUESTÃO 1
Um dos principais desafios da Psicologia científica moderna foi:

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A) a sua indissociabilidade da Filosofia
B) o caráter especulativo de seus estudos
C) a natureza não quantificável de seu objeto de estudo
D) a falta de observação em suas pesquisas
E) nenhuma das alternativas

QUESTÃO 2
William James é considerado o pai do funcionalismo. A principal
característica dessa abordagem era:
A) explicações meramente filosóficas
B estudo do inconsciente
C) o caráter adaptativo da consciência
D) o método da introspecção
E) todas as alternativas estão corretas

49
QUESTÃO 3
“A subjetividade se produz na relação das forças que atravessam o
sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetiva-
ção pelo saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO,
2007, p.17).
De acordo com o fragmento acima:
A) a subjetividade não faz parte do campo científico
B) existem forças que impedem o sujeito de construir sua subjetividade
C) a produção de subjetividade faz parte de um jogo de forças
D) não há subjetividade nas práticas de objetivação
E) o conceito de subjetividade é unilateral, fixo e individual.

NA MÍDIA
O controverso ‘Experimento de Aprisionamento de Stanford’, inter-
rompido após sair do controle.
Estudo conduzido pelo professor de Psicologia Social Philip Zimbardo
em 1971 deveria se estender por duas semanas, mas não passou de
seis dias.
Esse é um dos experimentos sociais mais famosos da história, contado
tantas vezes que alguns o consideram um mito. Talvez você já tenha
escutado: um professor universitário de Psicologia recruta um grupo de
estudantes e lhes pede que imaginem que estão em uma prisão.

Fonte: BBC
Data: 02/12/2018
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Disponível em:
tps://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/12/02/o-controverso-
-experimento-de-aprisionamento-de-stanford-interrompido-apos-sair-
-do-controle.ghtml

NA PRÁTICA

A subjetividade humana é um tema fundamental no campo da Psico-


logia e influencia diretamente nos trabalhos realizados no cotidiano da
vida profissional. Um exemplo disso pode ser evidenciado nas práticas.
Em uma unidade de saúde, há dificuldades em trabalhar com pacientes
diabéticos, pois resistem em participar de um determinado programa
de qualidade de vida. Nesse caso, é importante que o processo tera-
pêutico dos pacientes com diabetes não seja focado no adoecimento,
50
tampouco em atividades com objetivo de impor mudanças no estilo de
vida. Isso precisa passar por um processo de conscientização, com um
grupo terapêutico, para que se possa discutir estratégias de promoção
de saúde e, principalmente, trabalhar na construção coletiva do sentido
e da ressignificação do conceito de saúde para estes pacientes.

PARA SABER MAIS

Quer saber mais sobre os “pais” da psicologia moderna?


Acesse o canal Psicoativo TV através do link abaixo:
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
A literatura, assim como o cinema e a arte, no geral, também nos convi-
da a fazer uma viagem para dentro de nós mesmos.
Que tal aceitar este convite?
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Ed. Rocco, 1998.
Boa leitura!

DICA DE FILME:
O experimento de aprisionamento de Stanford
Ano: 2015 - Direção: Kyle Patrick Alvarez.
O filme retrata a famosa experiência do professor Philip Zimbardo rea-
lizado na Universidade de Stanford, no qual alguns jovens foram recru-

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tados para serem guardas e prisioneiros em uma prisão improvisada
nos corredores da universidade.

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o pensamento de Vygotsky e a constituição da
subjetividade, confira o vídeo: Coleção grandes educadores Lev Vy-
gotsky.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=T1sDZNSTuyE

51
PRINCIPAIS PARADIGMAS
TEÓRICOS E
METODOLÓGICOS DA
PSICOLOGIA
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Será a solução específica que uma dada teoria


psicológica consegue articular que irá definir o
seu ethos, ou seja, a morada que oferece ao homem
(...).

Luís Figueiredo

Desde o seu desenvolvimento no campo científico, a Psicolo-


gia não tem sido centrada em uma única abordagem, muito diferente
disso, é uma área na qual se ramificam os olhares sobre o homem e
sua forma de ser e estar no mundo. Mais do que uma questão biológica
e mental, a vida humana demanda muitas explicações, sejam elas emo-
cionais, profissionais, afetivas, comportamentais, etc.
Nesse sentido, cada linha teórica tem seus métodos e formas
de atuação, assim como espaços específicos de trabalho e uma diver-
sidade na demanda, seja na área pública ou privada.

52
Neste bloco serão apresentadas algumas das principais cor-
rentes teóricas que compõem o campo da Psicologia, os representantes
mais significativos e suas respectivas ideias. Vale ressaltar que este é
um esboço geral que pretende apontar algumas características de cada
abordagem, sendo necessário, portanto, o aprofundamento das temáti-
cas a partir da bibliografia proposta.

BEHAVIORISMO: WATSON, PAVLOV E SKINNER.


A palavra behavior (do inglês: comportamento) foi incorporada
à Psicologia em 1913, e passou a ser o centro dos estudos da corrente
denominada de behaviorismo, que é subdividido em: behaviorismo me-
todológico e radical.
De forma geral, o behaviorismo buscava enfatizar o caráter ob-
jetivo e quantitativo da ciência, no qual o comportamento era estudado
através da técnica do condicionamento clássico, proposto por Ivan
Pavlov (1849-1936). Seu método era baseado na associação de estí-
mulos. É famoso o seu experimento da salivação dos cachorros diante
dos estímulos associados à comida.
John Broadus Watson (1878-1958) é considerado o “pai” do
behaviorismo metodológico, e seu estudo tinha como foco principal
o comportamento humano mediante observação sistemática. Seus mé-
todos aproximaram a Psicologia das ciências naturais, dentro de uma
perspectiva biológica, além de ter como base as pesquisas feitas em
animais. Nesse sentido, o behaviorismo era pautado na seguinte ideia:

O homem seria uma espécie de animal entre os outros. As suas reações

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poderiam ser estudadas como qualquer outro fato da natureza e, portanto,
da mesma forma que os animais são estudados (...). A psicologia científica
assemelha-se, pois, às ciências naturais que são mecanicistas, materialistas,
deterministas e objetivas (FREIRE, 1997, p.108).

Neste vídeo é apresentado o experimento de Pavlov


mencionado no texto. Vale a pena assistir! Acesse o link
abaixo:

O cão de Pavlov
https://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U

53
O behaviorismo radical tem como precursor Burrhus F. Skin-
ner (1904-1990) e difere, em alguns pontos, da abordagem metodológi-
ca de Watson, principalmente por negar a existência da mente e consi-
derar o comportamento como função biológica do organismo. Um dos
conceitos mais elucidativos de sua teoria é o de comportamento ope-
rante, que representa uma classe de respostas definida pelas relações
funcionais do comportamento com suas consequências, com o estado
de motivação e com as condições ambientais presentes no momento
em que a resposta ocorre (FIGUEIREDO, 1995, p.85).
Nesse sentido, o pensamento de Skinner vai de encontro à
questão da aprendizagem, ou seja, a forma como o homem aprende
e se desenvolve de acordo com seu comportamento. Tal processo é
construído a partir da relação comportamento-ambiente composta, prin-
cipalmente, pelos estímulos discriminativos (contexto em que o compor-
tamento ocorre) e o reforço (consequência que repete ou não a ocorrên-
cia de uma determinada resposta), assim:

A organização do comportamento não se localiza no sujeito, mas nas suas


relações com o ambiente, o que se expressa no conceito de “contingência
tríplice” (estímulo discriminativo – resposta instrumental - consequência re-
forçadora), que é apenas uma forma de se referir à classe operante (Ibidem,
p.86).

Em suma, o behaviorismo traz, na concepção comportamental,


o cerne de sua pesquisa, sendo muito utilizado nas práticas psicotera-
pêuticas através da vertente cognitivo-comportamental. Nos estudos de
casos desta unidade será apresentado um exemplo com esta aborda-
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

gem.

Há muitos trabalhos e pesquisas sobre o behaviorismo. Além


da bibliografia indicada, você pode conferir, no link abaixo, um artigo
com diversas referências no assunto.
Acesse: https://psibr.com.br/leituras/cognicao-e-compor-
tamento/skinner-sobre-ciencia-e-comportamento-humano
Bons estudos!

54
Imagem 10. B. F. Skinner

Fonte: Harvard, 2016.

GESTALT
A Gestalt (em alemão, forma) é uma das correntes teóri-
cas e metodológicas da Psicologia, que tem a percepção como
eixo central de seus estudos. Seus principais representantes
foram: Kurt Kofka (1886-1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e
Max Werteimer (1880-1943). Suas leis básicas giram em torno
de alguns conceitos-chave, tais como: pregnânica, unidade, se-
melhança, proximidade, continuidade, fechamento e segregação.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


Segundo a Psicologia da Gestalt, o funcionamento men-
tal é organizado a partir das leis acima referidas, e são elas que
influenciam as percepções e sensações diante dos mais diversos
estímulos visuais. Este pressuposto está diretamente relacionado
às formas como o cérebro interpreta o meio externo, ou seja, de
um ponto de vista psicológico é possível pensar nas construções
interpretativas, que são criadas pelos indivíduos para compreen-
der a sua realidade.

55
Imagem 11. Percepção

Fonte: Matlin & Folley (1996 apud OVIEDO, 2004).

A máxima que sintetiza este complexo mental é: “o todo é


diferente das somas de suas partes (...). Uma parte num todo é algo
bem diferente desta mesma parte isolada ou incluída num outro todo”
(GINGER e GINGER, 1995). Nesse sentido, entende-se que a Gestalt
diferencia o todo das partes que o compõem, e este é o princípio da per-
cepção humana. A imagem abaixo ilustra as principais leis da psicologia
da Gestalt:
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Imagem 12. GESTALT

Fonte: Heller de Paula, 2015.

56
GESTALT - TERAPIA
A Gestalt-terapia, diferentemente da Psicologia da Gestalt, é
uma abordagem psicoterapêutica criada por Fritz Perls (1893 – 1970).
De base humanista, existencialista e fenomenológica, esta área tem,
como ponto de partida, o processo de conhecimento e a responsabi-
lidade de si, a partir do momento atual em que o sujeito está situado.
Segundo Ginger e Ginger:

A Gestalt me encoraja, de certa maneira, a navegar no sentido de minha


própria corrente e não me exaurir lutando contra ele: observar as profundas
correntes internas de minha personalidade, explorar os ventos variáveis de
meu meio, e ainda mantendo a responsabilidade vigilante pelas velas e pelo
leme, para realizar aquilo que sou e traçar meu rastro efêmero na superfície
do oceano, conforme o caminho que escolhi para mim3 (GINGER e GINGER,
1995, p.19).

Esta busca própria que move o sujeito, na perspectiva da Ges-


talt-terapia, vai de encontro com uma visão humanista e holística, que
permeia a relação terapeuta-cliente (MONTEIRO JÚNIOR, 2009). Os
indivíduos são maiores que suas partes fragmentadas, reduzidas. A rea-
lidade também é assim. É preciso enxergar as coisas em sua integra-
lidade, principalmente quando se trata de um processo terapêutico, no
qual estão presentes duas pessoas (ou mais) em relação umas com as
outras.
A partir deste pensamento, a Gestalt-terapia, segundo Rodri-
gues, “considera a existência do ser humano de uma maneira completa:

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


não apenas sua doença, sua mente ou seu discurso. Essa maneira de
ver o ser humano como um todo é chamado de holismo (do grego: “ho-
los” = unidade, todo)” (RODRIGUES, 2011, p. 48).

SAIBA MAIS
Neste vídeo, a psicóloga Teresa Amorim explica alguns
conceitos básicos da Gestalt – terapia.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4qKe_VKKl10

PSICANÁLISE
Considerada uma das principais correntes da Psicologia, a
Psicanálise surgiu e se desenvolveu a partir de Sigmund Freud (1856
– 1939) e, mais especificamente, de sua obra A interpretação dos so-
nhos (1899/1900). Esta obra representou um marco para a história da
3 Grifos do autor.

57
Psicanálise, mas já havia outros estudos de Freud sobre a histeria e a
técnica da hipnose.
Os pilares da teoria psicanalítica são: a teoria dos impulsos, a
libido, o inconsciente, a repressão e o complexo de Édipo. Esses são,
em linhas gerais, os conceitos que permeiam toda a psicanálise freu-
diana. Para Freud: “A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual
repousa toda a estrutura da psicanálise” (FREUD, 1974, apud GARCIA-
ROZA, 2009).

Freud e o inconsciente

O inconsciente, para Freud, representa um estado psíquico ge-


rado a partir do processo de repressão, que consiste em evitar que um
impulso se torne consciente. No entanto, a ideia reprimida pode produzir
efeitos que podem até mesmo alcançar a consciência. “Tudo que é re-
primido deve permanecer inconsciente; mas logo de início, declaremos
que o reprimido não abrange tudo que é inconsciente (...) o reprimido
é apenas uma parte do inconsciente” (FREUD, 1970, pág. 191). Vale
ressaltar que a ideia de “inconsciente” já era utilizada antes de Freud.

Imagem 13. Sigmund Freud


FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Zahar, 2018.

58
Para elucidar a dinâmica do estado inconsciente no meca-
nismo psíquico, Freud começa por justificar o conceito. Dentro de seu
pressuposto psicanalítico, não há como ignorar a ideia de inconsciente
dadas as lacunas apresentadas pela nossa consciência. Isso pode ser
exemplificado por elementos como parapraxias (atos falhos), sonhos ou
obsessão.
Nesse sentido, um ato psíquico passa por duas fases: a primei-
ra, na qual prevalece o sistema inconsciente (Ics.), dentro do qual o ato
psíquico é reprimido, impedido pela censura de passar para a segunda
fase, representada pelo sistema consciente (Cs.), que ainda não signi-
fica a consciência propriamente dita, mas a possibilidade de tornar-se
consciente, sem resistência.
Quanto às emoções inconscientes, é necessário pontuar que
os impulsos não podem tornar-se conscientes, somente a ideia que
o representa. Tanto o “afeto inconsciente” e a “emoção inconsciente”
estão ligados à repressão. Segundo Freud, as ideias são catexias, ou
seja, investimentos libidinais, relacionados com a memória. Já os afetos
e as emoções correspondem aos processos de descarga e estão liga-
dos aos sentimentos.

Id, Ego e Superego

De acordo com a psicanálise freudiana, a psique é dividida em


três instâncias: o Id, o Ego e o Superego. É por meio desta configura-
ção que a personalidade se forma. O Id corresponde ao campo das

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


paixões e desejos do sujeito, está ligado aos impulsos. O Ego é a parte
da organização coerente dos processos psíquicos, a parte consciente
e racional. Já o Superego faz parte dos valores, dos princípios morais
construídos socialmente.
Outro conceito fundamental na teoria psicanalítica é o desejo,
que representa o retorno de uma experiência. É através dos sonhos que
este desejo “volta” Segundo Garcia-Roza:

O desejo é como certos personagens importantes de uma peça ou de um


filme; sua entrada em cena requer uma preparação prévia do espectador,
a criação de um clima que valorize o momento de seu aparecimento. Não
há necessidade de trompas anunciando a sua chegada, mas também não
podemos minimizar sua importância introduzindo-o no meio dos demais per-
sonagens (GARCIA-ROZA, p.83).

59
Vale ressaltar que o desejo, para Freud, diferentemente do con-
ceito de necessidade biológica, é sempre inconsciente (ROUDINESCO,
1998). O desejo é, portanto, um anseio (wunsch) inerente à existência
humana e que movimenta a vida na medida em que está relacionado
diretamente com o sonho, o recalque e a fantasia.

Lacan e o sujeito
Jacques-Marie Émile Lacan (1901 – 1981) foi um psicanalista
francês que interpretou a teoria freudiana e abriu uma nova linha da
corrente psicanalista, a partir de uma visão estruturalista, que divide os
modos de subjetivação em três grupos: neurose, psicose e perversão.
A psicanálise lacaniana retoma pontos importantes das ideias
de Freud, por meio da revisão de alguns conceitos, tais como incons-
ciente e desejo. A constituição do sujeito, para Lacan, é formada por três
dimensões: o Real, Imaginário e o Simbólico. Outro ponto central, em
Lacan, é a questão do inconsciente estruturado pela linguagem, através
da articulação entre metáfora e metonímia.

O eu e o sujeito
Para Lacan, existe uma diferença entre o eu e o sujeito, “pois
o sujeito do inconsciente é o sujeito por excelência e se distingue do
eu, função imaginária, que pode ser consciente” (BRUDER e BRAUER,
2007, p.517). O eu é, desde sempre, alienado, pois se vale de uma ima-
gem que não é a dele mesmo, mas de um outro - momento inaugural
que Lacan denominou o Estádio do Espelho (JORGE, 2008).
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Para Lacan: “O estádio do espelho é o encontro com uma ima-


gem virtual que desempenha um papel decisivo numa certa cristaliza-
ção do sujeito” (LACAN, 1999, p.233). Esse processo de identificação
da criança, segundo Roudinesco (1998), estaria situado entre os primei-
ros seis e dezoito meses de vida.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:
Para compreender a psicanálise lacaniana:
LACAN, Jacques. O seminário. Livro 5. As formações do in-
consciente. – Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

Assim, quando Lacan postula que “o inconsciente é estrutu-


rado como uma linguagem” e, ainda, que “o sujeito é efeito do signifi-
cante”, ele segue os passos de Lévi-Strauss, indicando um sistema de
relações pré-existentes ao sujeito, assim, entende-se que:

60
Ao nascer, o homem é inserido em uma ordem humana que lhe é anterior,
uma ordem social na qual ele adentra através da linguagem e da família.
Assim, a história do sujeito o antecede por um mito familiar que passa a re-
cobri-lo a partir de seu nascimento e através da linguagem - linguagem que
é, em essência, sempre equívoca e passível de múltiplas interpretações, fa-
cilitadora da construção de um mito individual em referência ao mito familiar
(LACAN, 1964/1988, p.25, apud TOREZAN e AGUIAR, 2011, s/p).

Em suma, a teoria psicanalítica apresenta uma gama de con-


ceitos acerca da formação psíquica do sujeito e a construção da subje-
tividade – constituída sempre através da alteridade, na relação com o
outro e, sobretudo, na busca incessante do objeto perdido que se reflete
através da falta.

Para complementar seus estudos em Psicanálise, além das


leituras, indicamos o canal do professor e psicanalista
Christian Dunker, no Youtube.
Acesse: https://www.youtube.com/channel/UCF6
VjYfikYP2vfUx3c6GvVw/videos
Bons estudos!

A PSICOLOGIA SOCIAL
O trabalho do psicólogo e/ou do pesquisador na área da Psi-

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


cologia têm sido direcionado, cada vez mais, às questões políticas e
sociais que circundam os sujeitos. A ideia de um indivíduo isolado e des-
contextualizado é deixada de lado, para dar espaço a um pensamen-
to mais crítico, que considera as implicações do homem em seu meio
social. Segundo Spink (2000) foi a partir dos anos sessenta e setenta
que começou a surgir, no campo da Psicologia Social, reflexões críticas
acerca dessa dimensão do fenômeno psicológico naturalizado, como
também sobre a despolitização da disciplina.
É neste contexto, portanto, que a Psicologia passa a desen-
volver uma postura mais crítica, preocupada não só com os aspectos
intrapsíquicos desvinculados do meio social, mas engajada com os pro-
blemas da sociedade brasileira, contribuindo, juntos às outras Ciências
Sociais, à compreensão da dimensão sócio-política que atravessa a
vida dos sujeitos.
Diante de tais pressupostos, Spink indaga sobre o sentido da

61
psicologia social da saúde, e afirma que sua característica primeira é
o compromisso com os direitos sociais, pensados numa ótica coletiva.
“Dessa forma, diria que o psicólogo social da saúde é um pesquisador
e um profissional que não foge da complexidade e transita dos micro-
processos de produção de sentido às questões institucionais e políticas”
(SPINK, 2003, p.27).

Imagem 14. Psicologia Social

Fonte: Mundo da Psicologia, 2016.


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PSICOLOGIA SÓCIO- HISTÓRICA


A Psicologia do final do século XIX, enquanto uma “ciência
multifacetada” foi marcada por uma série de divergências teórico- meto-
dológicas que, segundo Vigotski (1997), caracterizavam-na em “várias
psicologias”. Sua proposta não consistiu em postular uma “psicologia
marxista”, mas sistematizar as bases gerais da psicologia científica.
A Psicologia Sócio-Histórica ou Histórico-Cultural tem sua abordagem
pautada nas teorias da tróika: Luria, Vigotski e Lontiev. Tais autores
desenvolveram uma concepção da realidade humana baseada no ma-
terialismo histórico-dialético de Karl Marx. “Essa teoria do materialismo
psicológico ou dialética da psicologia é o que eu considero psicologia
geral” (VIGOTSKI, 1997).
As principais assertivas dessa perspectiva teórica são: a con-
cepção de homem, seu processo de humanização; o trabalho como

62
atividade vital humana; o desenvolvimento do psiquismo, os conceitos
apropriação/objetivação, isto é, a forma como o sujeito apreende a rea-
lidade que o cerca e como se desenvolve a partir disso; a construção da
subjetividade; a relação entre aprendizagem e desenvolvimento, pas-
sando também por uma máxima da teoria de Vigotski, o conceito de
mediação.
O ponto de partida da teoria é a concepção de historicidade, de
transformação e movimento da realidade, a lógica dialética: “(...) A histó-
ria é o produto dos modos pelos quais os homens organizam sua exis-
tência ao longo do tempo e diz respeito ao movimento e as contradições
do mundo, dos homens e de suas relações.” (MARTINS, 2008, pág. 42).
O marxismo é a teoria da práxis, ou seja, da prática que pres-
supõe a transformação da natureza pelo homem através da atividade,
do trabalho. Propõe a relação do ser (categoria ontológica) com o pen-
samento, o saber (categoria gnosiológica).
Para a teoria histórico-cultural o materialismo histórico repre-
senta a teoria. O dialético, por sua vez, refere-se ao método. Toda e
qualquer realidade é passível de compreensão a partir do método dialé-
tico, que possibilita o alcance da essência dos fenômenos, seguindo
três elementos: a totalidade (o concreto pensado), a contradição e o
movimento.

A hominização e a humanização do ser


Em linhas gerais, a ideia de Homo sapiens e ser humano, pare-
ce ser a mesma. Entretanto, para a teoria histórico-cultural há um gran-
de distanciamento entre esses dois conceitos, ou seja, hominização e

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humanização são processos distintos na vida do individuo.
A hominização está atrelada a um longo processo de evolução
da espécie, na qual as leis biológicas criaram um ser vivo com poten-
cial para obter capacidades psíquicas e motoras especificas. Segundo
Leontiev:

A hominização resultou da passagem à vida numa sociedade organizada na


base do trabalho; que esta passagem modificou a sua natureza e marcou o
início de um desenvolvimento que, diferentemente do desenvolvimento dos
animais, estava e está submetido não às leis biológicas, mas a leis sócio-his-
tóricas (LEONTIEV, 1978, pág.264).

Uma vez formado biologicamente, resta ainda ao indivíduo


tornar-se um ser humanizado, a partir de um processo de apropriação
da cultura do gênero humano adaptadaa. Nesse sentido, o indivíduo
aprende a ser homem (Ibidem, p.267). O convívio em sociedade fará

63
com que esse ser humanize-se, aprendendo o principal fator que o dis-
tingue dos animais: o trabalho, sua atividade vital.

A Psicologia sócio-histórica contribui para uma compreensão


social do ser humano e aponta alguns caminhos para desvendar confli-
tos e situações inerentes à vida em sociedade!

A PSICOLOGIA DA SAÚDE

Imagem 15. A Psicologia faz a diferença


FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

Fonte: Conselho Regional de Psicologia/RS, 2018.

A Psicologia da saúde, no Brasil, está relacionada com o pro-


cesso de democratização da saúde e as mudanças decorrentes dos
movimentos sociais que marcaram a forma de compreensão do modelo
médico. A segunda metade do século XX, foi marcada pela perspectiva
higienista, positivista e médico-previdenciária, a partir de um modelo ba-
seado na doença. O subsistema hegemônico era o subsistema privado,
contratado e conveniado com a Previdência social (MENDES, 1996).
A partir da década de 1970, através dos movimentos sociais e
da busca pela autonomia, surge a necessidade de olhar para a questão
do direito aos direitos, o que, gradativamente, foi garantindo a expan-
são de uma ideia mais ampliada de saúde. Os anos 80 foram marca-
dos pelas conferências de saúde, acompanhadas pelo cenário político e

64
econômico do Brasil e o processo de redemocratização.
Assim, em 1987 criou-se o SUDS (Sistema Unificado e Des-
centralizado de Saúde) e, em 1988, a partir da elaboração da Nova
Constituição, que colocava a saúde como resultante de uma política
social e econômica, além de ser um direito assegurado por lei. Era o
nascimento o SUS (Sistema Único de Saúde), regulamentado em 1990
pelas leis 8.080 e 8.142 (Ibidem, p. 49).

SAIBA MAIS!
No site ‘Sabedoria Política’ você pode conferir a “linha do tem-
po do SUS” e ficar por dentro das principais conquistas no campo da
saúde pública no Brasil.

Acesse: http://m.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-
politica/politicas-publicas/saude/linha-do-tempo-do-sus/

A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA NA


SAÚDE

A Psicologia na área da saúde abrange diversos campos e mo-


dalidades de atuação. Com o desenvolvimento do setor e, sobretudo,
a partir das conquistas sociais, houve uma ressignificação da ideia de
saúde, que deixou de ser simplesmente a ausência de doença4, para
transitar em todos os setores da vida social. Dessa forma, a atuação
dos profissionais da área e, especificamente, do (a) psicólogo (a), pas-
sou a ser uma demanda para o processo de promoção e recuperação

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


da saúde da população, uma vez que:

A Psicologia da Saúde não está interessada diretamente pela situação, que


cabe ao foro médico. Seu interesse está na forma como o sujeito vive e
experimenta o seu estado de saúde ou de doença, na sua relação consigo
mesmo, com os outros e com o mundo. Objetiva fazer com que as pessoas
incluam no seu projeto de vida, um conjunto de atitudes e comportamentos
ativos que as levem a promover a saúde e prevenir a doença, além de aper-
feiçoar técnicas de enfrentamento no processo de ajustamento ao adoecer, à
doença e às suas eventuais consequências (Barros, 1999 apud ALMEIDA e
MALAGRIS, 2011, p.184-185).

O papel do (a) psicólogo (a) nesta área possibilita ampliar ain-


da o bem estar e a qualidade de vida das pessoas, além de permitir uma
ampliação do que é ter saúde/estar saudável não só biologicamente,
4 Não cabe aqui um debate sobre o processo saúde-doença, pois este é o tema central
da unidade 2 deste curso.

65
mas também emocionalmente. As emoções ocupam um lugar primor-
dial na saúde mental, o que gera uma demanda de escuta e cuidado
cauteloso e atento por parte do profissional. De acordo com esta pre-
missa, Macedo e Dimenstein afirmam que:

Parte-se da compreensão de que, dependendo da maneira como cada pro-


fissional se insere, organiza e maneja os conhecimentos teórico-técnicos e
prático-profissionais necessários para atuar na Saúde Mental, e se movimen-
ta politicamente nos espaços de luta dentro e fora dos serviços, pode ou não
efetivar e dar sustentação para a defesa das mudanças que se quer implan-
tar nesse campo no País (MACEDO e DIMENSTEIN, 2012).

Portanto, é fundamental a conscientização para a importância


do cuidado de si e da saúde mental que também é parte integrante do
processo biopsicossocial. Quaisquer que sejam os espaços de trabalho:
unidades básicas, hospitais, clínicas, escolas, enfim, toda a prática que
envolve o profissional da Psicologia, deve estar ancorada no modelo
humanizado de cuidado com o outro.
SAIBA MAIS!
Neste site você encontra vários artigos e vídeos relacionados
ao tema da saúde pública no Brasil.
Vale a pena conferir!
Acesse: https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

66
QUESTÕES DE CONCURSOS

QUESTÃO 1
Ano: 2014 Banca: MS CONCURSOS Órgão: UFAC Cargo:
Psicólogo. Considere duas crianças. A primeira, ao levantar-se,
escova os dentes e tem uma sensação de frescor na boca que au-
menta a probabilidade de ocorrer o comportamento de escovar os
dentes. A segunda, ao não escovar os dentes pela manhã, sente
um gosto ruim na boca, e sente que se puder retirar este gosto
ruim pelo hábito de escovar os dentes aumentará a frequência da
resposta de escovar os dentes. A que conceitos sobre a teoria da
aprendizagem eles se referem respectivamente?
A) Reforço positivo e reforço negativo.
B) Condicionamento clássico e condicionamento operante.
C) Reforço positivo e extinção.
D) Discriminação e generalização.
E) Aceitação e esquiva.

QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT - 14ª Região (RO e AC) Cargo:
Analista Judiciário - Psicologia
Para Freud, a associação livre é um método que
A) consiste em reprimir conteúdo do inconsciente, favorecendo uma
sensação de bem-estar ao cliente, que sofre traumas advindos de um
Complexo de Édipo não constelado.

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B) reproduz de forma linear os pensamentos do cliente codificando os
estímulos que provocaram dor e hoje são vivenciados pelo cliente como
fobias.
C) evidencia respostas negativas a estímulos sensoriais que se expres-
sam diante de eventos positivos que mereciam ser vivenciados sem dor.
D) leva à cura do paciente que apresenta um comprometimento do sis-
tema nervoso central.
E) consiste em o paciente exprimir indiscriminadamente todos os pen-
samentos que vem à sua mente, quer a partir de um elemento dado
(palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer
de forma espontânea.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT - 2ª REGIÃO (SP) Cargo: Ana-
lista Judiciário - Psicologia
Considere o caso de uma mulher que parece ferozmente indepen-
67
dente e agressiva em certas ocasiões e cálida, passiva e depen-
dente em outras. Os teóricos psicanalíticos ou do traço poderiam
considerar tal pessoa como basicamente agressiva, com uma
fachada de passividade. Ou poderiam julgar a mulher essencial-
mente cálida, passiva e dependente com defesas agressivas.
Skinner e muitos outros behavioristas defendem o ponto de vista
de que o comportamento da mulher em qualquer ocasião depen-
de de
A) sua estrutura de ego e dos seus conteúdos inconscientes.
B) sua formação moral e dos seus conteúdos inconscientes.
C) sua história de aprendizagem e das condições correntes.
D) como associa a figura paterna às figuras de autoridade com as quais
se relaciona e de sua energia vital para lidar com situações de conflito.
E) como opera seu pensamento consciente e inconsciente e como lida
com suas pulsões motivacionais.

QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: SUGEP - UFRPE Órgão: UFRPE Prova: SUGEP -
UFRPE - 2018 - UFRPE - Psicólogo
“Nasceu na Europa e surge como uma negação e uma tentativa
de superação da fragmentação das ações e dos processos huma-
nos realizados pelas tendências da Psicologia científica do século
XIX, postulando a necessidade de compreender o ser humano
como uma totalidade. É o mais ligado á Filosofia, tendo suas ori-
gens na Fenomenologia”. Esta é uma descrição de qual modelo
teórico?
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

A) Behaviorismo.
B) Psicanálise.
C) Psicologia Analítica.
D) Gestalt.
E) Funcionalismo.

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: COMVEST UFAM Órgão: UFAM Prova: COM-
VEST UFAM - 2018 - UFAM - Psicólogo
De acordo com Aquino (2005), “Psicologia Social é o espaço de
interseção entre duas premissas. Pensar o indivíduo separado da
sociedade ou a sociedade sem os indivíduos é um exercício de
impossibilidade ou de vazio da realidade.” Que perspectivas são
essas?
A) Perspectivas comportamental e cognitiva.
B) Perspectivas interacionistas e construcionista.
68
C) Perspectivas sociológica e psicológica.
D) Perspectivas comportamental e sócio histórica.
E) Perspectivas Vertentes construtivista e sócio histórica.

QUESTÕES INÉDITAS

QUESTÃO 1
O pensamento de Skinner é fundamentado no processo:
A) inconsciente
B) de aprendizagem
C) das formas e percepções
D) de promoção e recuperação da saúde
E) Todas as afirmativas estão corretas

QUESTÃO 2
A psicologia de orientação psicanalítica fundamenta-se, sobretu-
do no (a):
A) consciência
B) comportamento
C) inconsciente
D) corpo
E) todas as afirmativas estão corretas

QUESTÃO DISSERTATIVA:

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


1. A atuação da psicologia na saúde deve estar atenta à diversidade de
fatores que influenciam a vida dos indivíduos. Comente alguns desses
pontos.

NA MÍDIA
Freud explica: entenda sete conceitos básicos da psicanálise
O campo de conhecimento estudado por Sigmund Freud busca enten-
der os significados do inconsciente humano
06/11/2017 - 16H17/ atualizado 16H17 / por Rachel Botelho

Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/11/freud-ex-
plica-entenda-sete-conceitos-basicos-da-psicanalise.html

69
Transtorno de ansiedade: sem tempo para o agora
Como a inquietação e a agitação fora dos eixos impactam a saúde e o
que pode ser feito para apaziguar as crises, de medicamentos a psico-
terapia
Por André Biernath
Publicado em 10 ago 2018, 10h02

Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/ansiedade-


-afeta-o-organismo-e-pode-paralisar-sua-vida/

DICA DE SÉRIE!
Se você gosta de séries, indicamos “Psi”, do canal HBO - Brasil.
Criação: Contardo Calligaris; Direção: Marcus Baldini
Ano: 2014 – atual

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qg71PfFa3tA


Boa maratona!

NA PRÁTICA

A atuação do (a) psicólogo (a) na área da saúde requer um trabalho


interdisciplinar voltado para a promoção da saúde e melhoria das condi-
ções de vida. Algumas situações têm revelado a importância de práticas
atentas às queixas e necessidades da população. Uma das questões
que têm sido recorrentes em unidades de pronto atendimento está dire-
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

tamente relacionada com quadros de ansiedade. No caso de um pacien-


te que procura a unidade e relata sintomas de uma crise aguda, muitas
vezes com a sensação de morte ou descontrole, um acompanhamen-
to contínuo seria importante para um estudo mais aprofundado de seu
histórico. Um caminho possível seria a psicoterapia e/ou a construção
de um vínculo com a unidade de saúde para que sejam estabelecidas
as linhas de cuidado. Vale ressaltar que as crises de ansiedade podem
revelar um quadro mais complexo que merece acompanhamento ade-
quado e interdisciplinar.

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

STRAUB, Richard O. Psicologia da Saúde: uma abordagem psicosso-


cial. Artmed, 2014.

70
SAIBA MAIS
Para complementar seus estudos, recomendamos o conteúdo abaixo
sobre Arte e Psicanálise.

Acesse: http://tvbrasil.ebc.com.br/artedoartista/post/joel-birman-a-arte-
-mais-proxima-da-psicanalise-e-o-teatro

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

71
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
D E B A D

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

As virtudes, para Aristóteles, equilibram a vida do homem em socieda-


de, pois são elas que o conduzem à temperança. Assim, seria legítima a
busca de um caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e
as faltas. Na perspectiva aristotélica, os homens possuem a capacidade
de desenvolver, pela prática, suas virtudes.

TREINO INÉDITO

GABARITO: D

CAPÍTULO 02
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
E D A C B

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

Um dos principais desafios da Psicologia no campo científico foi o ca-


ráter não mensurável de seu objeto: a subjetividade humana. No início
deste processo, a partir do final do século XIX, as pesquisas psicológi-
cas precisaram se aproximar aos métodos das ciências naturais. Se-
gundo González Rey, a subjetividade não é constituída somente pelo
plano individual, mas também, é produzida a partir das influências do
meio social, da cultura, da história de cada um. É importante ressaltar

72
que para o autor a subjetividade não se internaliza, pois não faz parte
de um movimento unilateral, que se expressa somente de fora do indi-
víduo.
O fragmento destacado expressa o caráter multifacetado da Psicologia,
uma vez que as linhas e correntes teóricas e metodológicas se dividem,
e às vezes, até mesmo se conflitam. Portanto, o saber psicológico é
atrelado à vários saberes, de acordo com cada paradigma e contexto.

TREINO INÉDITO

1 2 3
C C C

CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS

01 02 03 04 05
A E C D C

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS


A Psicologia da Saúde está diretamente relacionada aos processos his-
tóricos, sociais e culturais que constituem a vida. Neste campo é impor-
tante levar em consideração fatores como: o contexto em que vivem as
pessoas, a importância do cuidado de si, as questões familiares, o tra-
balho, estilo de vida, os fatores socioeconômicos, etc. Esses aspectos,
que regem a vida humana e social, são fundamentais para um cuidado
integral do ser humano, com base na perspectiva biopsicossocial.

TREINO INÉDITO
1 2
B C

73
ABIB, José Antônio Damásio. Epistemologia pluralizada e história
da psicologia. Sci. stud. [online]. 2009, vol.7, n.2, pp.195-208. Dis-
ponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1678-31662009000200002&lng=en&nrm=iso>.ISSN1678-3166.
http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662009000200002

ALMEIDA, Raquel Ayres de; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A prá-


tica da psicologia da saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 183-
202, dez. 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?s-
cript=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200012&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 12 fev. 2019.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filo-


sofando. São Paulo : Editora Moderna Ltda., 2004.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo : Editora Martin Claret,


2005.

AVILA ARAUJO, Carlos Alberto. A ciência como forma de conheci-


mento. Ciências & Cognição. Rio de Janeiro , v. 8, p. 127-142, ago.
2006.Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S1806-58212006000200014&lng=pt&nrm=i-
so>. Acesso em: 28 jan. 2019.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA - GRUPO PROMINAS

BOCK, Ana Maria. A Psicologia e as Psicologias. Digital source: 1989.


Acesso em 28/08/2019. Disponível em: http://groups-beta.google.com/
group/digitalsource

BRUDER, Maria Cristina R. e BRAUER, Jussara F. A constituição do


sujeito na psicanálise lacaniana: impasses na separação. Psic. Em es-
tudo. Maringá, v.12, n.3, 2007.

CASTANON, Gustavo Arja. Psicologia como ciência moder-


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vol.17, n.1 [citado 2019-02-04], pp. 21-36. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1413-389X2009000100004&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1413-
389X

74
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural,
1973.

DOSSE,François. História e Ciências Sociais - Bauru, SP: Edusc, 2004.


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