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Instituto de Saúde Avicenna

A SÍFILIS

Nampula, Fevereiro, 2022


A SÍFILIS

Trabalho em grupo de carácter avaliativo, a


ser apresentado no Instituto de Saúde
Avicenna, Curso de Enfermagem de Saúde
Materno-Infantil, Turma 29, cadeira de
Microbiologia e Parasitologia (ACP1),
leccionada pelo docente:

Instituto de Saúde Avicenna

Nampula, Fevereiro, 2022

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Índice

Introdução...................................................................................................................................................3
1. Definição.............................................................................................................................................4
2. Agente Etiológico................................................................................................................................4
3. Fisiologia e Estrutura da Bactéria........................................................................................................4
3.1. Reservatório.....................................................................................................................................4
4. Características......................................................................................................................................4
5. Modo de transição e transmissibilidade...............................................................................................5
6. Factores, situações e riscos da cólera...................................................................................................6
7. Epidemiologia......................................................................................................................................7
8. Diagnostico..........................................................................................................................................8
9. Tratamento...........................................................................................................................................8
10. Prevenção........................................................................................................................................9
10.1. Vacinação..................................................................................................................................11
11. Medidas de controlo da cólera.......................................................................................................12
Conclusão..................................................................................................................................................13
Bibliografia................................................................................................................................................14

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Introdução

As doenças bacterianas representam um grupo de doenças susceptíveis de prevenção e


tratamento, que afectam 1,5 mil milhões de pessoas, das quais 40% vivem em África.

Essas doenças afectam as pessoas mais pobres e vulneráveis que residem em regiões africanas de
difícil acesso. São doenças que desfiguram e incapacitam, que impedem as crianças de
frequentar a escola e os pais de trabalhar, limitando o seu potencial e deixando as comunidades
atoladas na pobreza.

Os esforços de combate a estas doenças são apoiados por uma das maiores parcerias público-
privadas no domínio da saúde global, mediante o auxílio de doadores, da Organização Mundial
da Saúde e de empresas farmacêuticas, que doam todos os medicamentos necessários para
alcançar os objectivos de controlo e erradicação das DTN.

O presente trabalho, tem como tema: A Sífilis e seu objectivo geral é conhecer a doença. Seus
objectivos específicos são:

 Definir a Sífilis;
 Apontar o Agente Etiológico da Sífilis;
 Apresentar a Fisiologia e Estrutura da Bactéria causadora da Sífilis;
 Caracterizar a Sífilis;
 Determinar os Factores, situações e riscos da Sífilis;
 Descrever a Epidemiologia da Sífilis;
 Identificar o Diagnostico da Sífilis;
 Aferir a Linha de Tratamento da Sífilis;
 Mencionar a Prevenção da Sífilis.

Para a elaboração do trabalho foram seguidas as normas de produção e publicação de trabalhos


científicos em vigor na instituição sendo que a sua estrutura conta com uma introdução, o
desenvolvimento, as considerações finais e as referências bibliográficas.

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1. A Sífilis em Moçambique – Epidemiologia

Historicamente, a Sífilis foi analisada em vários estudos realizados em Moçambique, em especial


tendo em conta o seu efeito nos nados mortos. Embora um estudo realizado no início da década
de 90 em Maputo tenha constatado retrospectivamente que 42% das mulheres com morte fetal no
3º trimestre tinham Sífilis (versus 12% nos controlos), um outro realizado em 2011 em Tete não
encontrou qualquer associação entre o risco de nados mortos e o estado de Sífilis durante a
gravidez (provavelmente devido a um melhor manejo pré-natal da infecção pela Sífilis).

Dados contidos em relatórios anuais do Programa Nacional do ITS-HIV/SIDA mostram um


aumento significativo na testagem da Sífilis nas CPN (46% das mulheres grávidas que vão às
CPN fizeram o teste em 2014, 78% em 2018), com uma prevalência que se manteve estável em
4-5% (Cabo Delgado constitui uma excepção, com uma prevalência de 9-11% nos últimos anos).

A cobertura da testagem varia imenso em todo o país, com as províncias do Niassa, Nampula e
Zambézia a alcançarem menos de 75% e Maputo Província e Maputo Cidade a atingirem mais de
95% das mulheres que fizeram o teste da Sífilis nas CPN em 2018 (Figura 1). A cobertura do
tratamento da Sífilis, com três doses de Penicilina Benzatínica, foi de 75% em 2018.

Figura 1: Fonte: PET da Sífilis (2018)

A: Cobertura da testagem da Sífilis por província 2018;

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B: Cobertura do tratamento da Sífilis entre as que tiveram resultado positivo nas CPN 2018

1. Definição

A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sistémica, de evolução crónica, com manifestações


cutâneas temporárias, provocadas por uma espiroqueta. A evolução da sífilis é dividida em
recente e tardia.

2. Sinais e Sintomas

Lues, doença gálica, lues venérea, mal gálico, sifilose, doença britânica, mal venéreo, peste
sexual.

3. Agente Etiológico

Treponema pallidum, um espiroqueta de alta patogenicidade.

3.1. Reservatório

O homem.

4. Fisiologia e Estrutura da Bactéria e Factores de Risco

A associação entre o Treponema pallidum, seu agente etiológico, e a Sífilis foi observada pela
primeira vez em 1905 por Schaudinn e Hoffman que demonstraram espiroquetas em amostra de
fluidos de lesões produzidas pela Sífilis que apresentavam dificuldade para serem coradas com o
emprego de técnicas usuais e que receberam o nome de pálido (em latim pallidum). Tratar-se de
uma bactéria exclusiva do ser humano, gram-negativa, microaerófila, não cultivável, espiralada,
móvel e que tem tropismo por diversos órgãos e tecidos. Apresenta sensibilidade ao meio
externo e não sobrevive por muito tempo na ausência de seu hospedeiro natural.

Membro da ordem Spirochaetales, família Spirochaetaceae e gênero Treponema, possui forma


espiralada medindo cerca de cinco a vinte micrômetros (μm) de comprimento e apenas 0,1 a
0,2μm de diâmetro. É protegido por um envelope externo de base proteica, não possuindo
membrana celular. As suas dimensões e a pequena diferença de densidade entre o seu corpo e o
envelope proteico, coloca o T. pallidum abaixo da resolução da microscopia de campo claro,
aspecto que compromete a sua visualizado ao microscópio comum.

Com o emprego do microscópio de campo escuro, todavia, mostra-se um organismo delicado em


forma de saca-rolhas e que exibe um movimento rotativo característico, com flexão e movimento

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de ida e volta. A motilidade e habilidade de aderir às células contribuem para a virulência desse
alógeno, resultando em sua extrema capacidade de invasão rápida, fixação em superfícies
celulares e penetração nas junções endoteliais e nos tecidos

5. Descrição da infecção

5.1. Sífilis Primária

No primeiro estágio da evolução, conhecido como Sífilis Primária ocorre inicialmente uma
intensa resposta inflamatória no local da inoculação associado a um período de multiplicação e
disseminação do T. pallidum na corrente sanguínea e vasos linfáticos. A porta de entrada
localiza-se na região genital em 90% a 95% dos casos. Após um intervalo variável de dez a
noventa dias (média de 21 dias), surge a lesão inicial, chamada de Cancro Duro ou
Protossifiloma, no local da inoculação. Em 15 a 30% dos casos a lesão não é percebida ou pode
se apresentar de forma atípica, simulando outras IST ulcerativas, como Herpes, Cancro Mole ou
Úlceras Traumáticas.

O Cancro Duro é extremamente contagioso e se caracteriza por ser uma úlcera indolor, com base
rasa e limpa, avermelhada, bordas elevadas, endurecidas com discreta serosidade e que
desaparece entre um a dois meses, comumente não deixando cicatriz. Frequentemente podem ser
observados linfonodos aumentados de volume, indolores e localizados unilateralmente na região
inguinal.

No grupo masculino a localização preferencial do Cancro é a região de suco bálano-prepucial,


prepúcio e glande e entre os homens que fazem sexo com outros homens, os locais mais comuns
de aparecimento da lesão são o ânus e o recto. Na mulher podem ocorrer lesões no interior do
trato genital, paredes vaginais e colo uterino, impossibilitando muitas vezes de serem vistas, ou
nas partes externas, principalmente em grandes e pequenos lábios, fúrcula e períneo. Quando não
tratado, o Cancro persiste, em média, uma a seis semanas, desaparecendo espontaneamente após
esse período.

5.2. Sífilis secundária

As lesões da Sífilis secundária podem se manifestar na vigência do Cancro ou mais


frequentemente após sua regressão, podendo ser confundida com outras doenças. No quadro
clínico inicial dessa fase é observado o surgimento lesões de pele em forma de máculas com

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aspecto eritematoso (Roséola Sifilítica) que se caracterizam pelo aparecimento em episódios e
aspecto simétrico em sua distribuição, lembrando muitas vezes um quadro alérgico ou viral que
gradualmente evoluem para lesões papulosas.

Nesta fase também são acometidas as superfícies mucosas, com o surgimento de lesões
extremamente contagiosas principalmente na região genitoanal e que podem ser confundidas
com verrugas genitais. A alopecia temporária do couro cabeludo em regiões temporais e occipital
podem estar presentes e mais raramente, ocorre comprometimento dos supercílios, cílios, bigode
e barba, além do envolvimento ungueal. Embora possíveis, a presença de lesões oftalmológicas,
auditiva, musculoesquelético, renal, hepática, gástrica e cardiopulmonar, foram descritas na
literatura e mesmo na ausência de tratamento, as lesões cutâneas e as manifestações clínicas
desaparecerão espontaneamente, instalando-se a Fase Latente da Sífilis.

5.3. Sífilis terciaria

A fase terciária da sífilis ocorre em cerca de 30-40% dos pacientes não tratados ou tratados de
forma inadequada. Normalmente suas manifestações surgem cerca de três anos após a infecção e
são frequentemente localizadas na pele, mucosas, sistema cardiovascular e sistema nervoso. As
lesões são caracterizadas pelo aparecimento de granulomas e podem ser solitárias, assimétricas,
endurecidas e policíclicas. Na região orofacial os granulomas podem difundir-se e perfurar o
palato duro e o septo nasal

No estágio terciário, a sífilis cardiovascular resulta mais severamente em enfraquecimento da


aorta. Já a neurossífilis, que ocorre em até 10% dos pacientes não tratados, pode variar em sinais
e sintomas de acordo com o local do sistema nervoso que é afectado. O paciente pode apresentar
alterações de personalidade, demência, convulsões, perda da coordenação dos movimentos
voluntários, paralisia parcial, perda da capacidade de compreensão da fala, perda da visão ou
audição ou perda do controle da bexiga e do intestino. Poucos patógenos são encontrados nas
lesões e eles não são considerados muitos infecciosos

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Figura 2. Lesões características associadas aos diferentes estágios da sífilis.

A. Protossifiloma típico da sífilis primária em área genital masculina. B. Erupções cutâneas


eritematosas da fase secundária na palma da mão. C. Lesões gomosas típicas do estágio terciário
no dorso do braço.

Fonte: Adaptado de Tortota et al. (2012).

5.4. Sífilis congénita

a) Sífilis adquirida - A transmissão da sífilis adquirida é sexual e na área gênito-anal, na


quase totalidade dos casos. Na sífilis congénita, há infecção fetal via hematogênica, em
geral a partir do 4o mês de gravidez.
b) Sífilis adquirida recente - Essa forma compreende o primeiro ano de evolução, período de
desenvolvimento imunitário na sífilis não-tratada e inclui sífilis primária, secundária e
latente.

A sífilis primária caracteriza-se por apresentar lesão inicial denominada cancro duro ou
protossifiloma, que surge em 1 a 2 semanas, ocorrendo adenite satélite. O cancro duro,
usualmente, desaparece em 4 semanas, sem deixar cicatrizes. As reacções sorológicas para sífilis
tornam- se positivas entre a 2ª e a 4ª semanas do aparecimento do cancro. A sífilis secundária é
marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo. Suas manifestações ocorrem de 4 a
8 semanas do aparecimento do cancro. A lesão mais precoce é constituída por exantema
morbiliforme não pruruginoso: a roséola.

Posteriormente, podem surgir lesões papulosas palmo-plantares, placas mucosas, adenopatia


generalizada, alopécia em clareira e os condilomas planos. As reacções sorológicas são sempre

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positivas. No período de sífilis recente latente, não existem manifestações visíveis, mas há
treponemas localizados em determinados tecidos.

Assim, o diagnóstico só é obtido pelas reacções sorológicas. Pode ocorrer com freqüência
polimicro-adenopatia, particularmente de linfonodos cervicais, epitrocleanos e inguinais.

c) Sífilis adquirida tardia - É considerada tardia após o primeiro ano de evolução e ocorre
em doentes que não receberam tratamento adequado ou que não foram tratados.

Suas manifestações clínicas surgem depois de um período variável de latência e compreendem as


formas cutânea, óssea, cardiovascular, nervosa e outras. As reacções sorológicas são positivas. A
sífilis tardia cutânea caracteriza-se por lesões gomosas e nodulares, de carácter destrutivo.

Na sífilis óssea, pode haver osteíte gomosa, periostite osteíte esclerosante, artralgias, artrites,
sinovites e nódulos justa-articulares. O quadro mais frequente de comprometimento
cardiovascular é a aortite sifilítica (determinando insuficiência aórtica), aneurisma e estenose de
coronárias. A sífilis do sistema nervoso é assintomática ou sintomática com as seguintes formas:
meningo-vascular, meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, crise epileptiforme, atrofia
do nervo óptico, lesão do sétimo par, paralisia geral e tabes dorsalis.

d) Sífilis congénita - É consequente à infecção do feto pelo Treponema pallidum, por via
placentária. A transmissão faz-se no período fetal a partir de 4 a 5 meses de gestação.
Antes dessa fase, a membrana celular das vilosidades coriais parece constituir obstáculo
intransponível para o treponema. Após sua passagem transplacentária, o treponema ganha
os vasos do cordão umbilical e se multiplica rapidamente em todo o organismo fetal.
e) Sífilis congénita precoce - É aquela em que as manifestações clínicas se apresentam logo
após o nascimento ou pelo menos durante os primeiros 2 anos.

Na maioria dos casos, estão presentes já nos primeiros meses de vida. Assume diversos graus de
gravidade, sendo sua forma mais grave a sepse maciça com anemia intensa, icterícia e
hemorragia. Apresenta lesões cutâneo- mucosas, como placas mucosas, lesões palmo-plantares,
fissuras radiadas periorficiais e condilomas planos anogenitais; lesões ósseas, manifestas por
periostite e osteocondrite, lesões do sistema nervoso central e lesões do aparelho respiratório,
hepatoesplenomegalia, rinites sanguinolentas, pseudo- paralisia de Parrot (paralisia dos
membros), pancreatite e nefrite.

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f) Sífilis congénita tardia - É a denominação reservada para a sífilis que se declara após o
segundo ano de vida.

Corresponde, em linhas gerais, à sífilis terciária do adulto, por se caracterizar por lesões gomosas
ou de esclerose delimitada a um órgão ou a pequeno número de órgãos: fronte olímpica,
mandíbula curva, arco palatino elevado, tríada de Hutchinson (dentes de Hutchinson + cenatite
intersticial + lesão do VIII par de nervo craniano), nariz em sela e tíbia em lâmina de sabre.

6. Transmissibilidade

Da sífilis adquirida é sexual, na área genital, em quase todos os casos. O contágio extragenital é
raro. Na sífilis congénita, há infecção fetal por via hematogênica, em geral a partir do 4º mês de
gravidez. A transmissão não sexual da sífilis é excepcional, havendo poucos casos por
transfusões de sangue e por inoculação acidental.

6.1. Período de incubação

Geralmente, de 1 a 3 semanas.

7. Diagnostico

Clínico, epidemiológico e laboratorial. A identificação do Treponema pallidum confirma o


diagnóstico. A microscopia de campo escuro é a maneira mais rápida e eficaz para a observação
do treponema, que se apresenta móvel. O diagnóstico sorológico baseia-se fundamentalmente em
reacções não treponêmicas ou cardiolipínicas e reacções treponêmicas. A prova de escolha na
rotina é a reacção de VDRL, que é uma microaglutinação que utiliza a cardiolipina. O resultado é
dado em diluições, e esse é o método rotineiro de acompanhamento da resposta terapêutica, pois
nota-se uma redução progressiva dos títulos. Sua desvantagem é a baixa especificidade, havendo
reacções falso-positivas e numerosas patologias.

Rotineiramente, é utilizado o FTA-abs, que tem alta sensibilidade e especificidade, sendo o


primeiro a positivar na infecção. O comprometimento do sistema nervoso é comprovado pelo
exame do líquor, podendo ser encontradas pleocitose, hiperproteinorraquia e a positividade das
reacções sorológicas. O RX de ossos longos é muito útil como apoio ao diagnóstico da sífilis
congénita.

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7.1. Diagnóstico diferencial

Cancro primário - Cancro mole, herpes genital, linfogranuloma venéreo e donovanose.

Lesões cutâneas na sífilis secundária - Sarampo, rubéola, ptiríase rósea de Gilbert, eritema
polimorfo, hanseníase wirchoviana e colagenoses. Sífilis tardia - Se diferencia de acordo com as
manifestações de cada indivíduo. Sífilis congénita - Outras infecções congênitas (toxoplasmose,
rubéola, citomegalovírus e herpes).

8. Tratamento

A. Sífilis adquirida - Sífilis primária: penicilina G benzatina, 2.400.000UI, IM, dose única
(1.200.000, VI, em cada glúteo); sífilis secundária: penicilina G benzatina, 2.400.000UI,
IM, 1 vez por semana, 2 semanas (dose total 4.800.000UI); sífilis terciária: penicilina G
benzatina, 2.400.000UI, IM, 1 vez por semana, 3 semanas (dose total 7.200.000UI).
B. Sífilis congénita no período neonatal - Para todos os casos, toda gestante terá VDRL à
admissão hospitalar ou imediatamente após o parto; todo recém-nascido cuja mãe tenha
sorologia positiva para sífilis deverá ter VDRL de sangue periférico.
C. Recém-nascidos de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente - Tratada (terapia
não penicilínica, ou penicilínica incompleta, ou trata mento penicilínico dentro dos 30
dias anteriores ao parto), independentemente do resultado do VDRL do recém-nascido,
realizar RX de ossos longos, punção lombar (se for impossível, tratar o caso como
neurosífilis) e outros exames quando clinicamente indicados; se houver alterações
clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas, o tratamento deverá ser feito com penicilina
cristalina na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade, por 7 a
10 dias; ou penicilina G procaína, 50.000U/kg, IM, por 10 dias; se houver alteração
liquórica, prolongar o tratamento por 14 dias com penicilina G cristalina na dose de
150.000 U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade; se não houver alterações
clínicas, radiológicas, liquóricas e a sorologia for negativa no recém-nascido, dever-se-á
proceder ao tratamento com penicilina benzatina, IM, na dose única de 50.000U/kg.
Acompanhamento clínico e com VDRL (1 e 3 meses).
D. Recém-nascidos de mães adequadamente tratadas - DRL em sangue periférico do RN; se
for reagente ou na presença de alterações clínicas, realizar RX de ossos longos e punção

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lombar. Se houver alterações clínicas e/ou radiológicas, tratar com penicilina cristalina,
na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade, por 7 a 10 dias;
ou penicilina G procaína, 50.000U/kg, IM, por 10 dias; se a sorologia (VDRL) do recém-
nascido for 4 vezes maior (ou seja 2 diluições) que a da mãe, tratar com penicilina
cristalina na dose de 100.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade, por 7 a
10 dias, ou penicilina G procaína, 50.000U/kg IM, por 10 dias; se houver alteração
liquórica, prolongar o tratamento por 14 dias com penicilina G cristalina, na dose de
150.000U/kg/dia, IV, em 2 ou 3 vezes, dependendo da idade; se não houver alterações
clínicas, radiológicas, liquóricas e a sorologia for negativa no recém-nascido,
acompanhar o paciente, mas na impossibilidade, tratar com penicilina benzatina, IM, na
dose única de 50.000U/kg.

Observações - No caso de interrupção por mais de 1 dia de tratamento, o mesmo deverá ser
reiniciado. Em todas as crianças sintomáticas, deverá ser efetuado exame oftalmológico (fundo
de olho).

Seguimento - Ambulatorial mensal; realizar VDRL com 1, 3, 6, 12, 18 e 24 meses,


interrompendo quando negativar; diante das elevações de títulos sorológicos ou não-negativação
desses até os 18 meses, reinvestigar o paciente.

E. Sífilis congénita após o período neonatal - Fazer o exame do LCR e iniciar o tratamento
com penicilina G cristalina, 100.000 a 150.000 U/kg/dia, administrada a cada 4 a 6 horas,
durante 10 a 14 dias.
F. Sífilis e SIDA- A associação de sífilis e SIDA é atualmente relatada. De acordo com o
grupo social, essa associação pode ocorrer em 25% dos doentes.

Na maioria dos doentes com sífilis e infecção pelo HIV, as lesões ulcerosas são mais numerosas
e extensas, com fácil sangramento e tempo de cicatrização maior, sugerindo um quadro que
ocorria no passado, denominado de sífilis maligna precoce. Os títulos sorológicos pelo VDRL
são, em média, mais elevados nos doentes co-infectados pelo HIV.

9. Prevenção e Medidas de controlo da cólera

O Ministério da Saúde é signatário de acordo internacional que busca a “eliminação da sífilis”.


Para alcançar esse objectivo está em andamento a implantação de actividades especiais para

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eliminação, através do Plano de Aceleração para Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e
Sífilis, 2020-2024. Deve-se observar a correta forma de tratamento dos pacientes; a plena
integração de actividades com outros programas de saúde; o desenvolvimento de sistemas de
vigilância locais activos;

 Interrupção da cadeia de transmissão (diagnóstico e tratamento adequados).


 Aconselhamento (confidencial): orientações ao paciente com DST para que discrimine as
possíveis situações de risco em suas práticas sexuais; desenvolva a percepção quanto à
importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais e de comportamentos
preventivos.
 Promoção do uso de preservativos.
 Aconselhamento aos parceiros.
 Educação em saúde, de modo geral.

Observação - As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando- se, actualmente a
relação entre a presença de DST e aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na
vigência de úlceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar
aconselhamento, pré e pós teste para detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de
uma ou mais DST, deve ser oferecida essa opção ao paciente.

Portanto, toda DST constitui-se em evento sentinela para busca de outra doença sexualmente
transmissível e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registar que o
Ministério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes de DST,
visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças, o que resultará em
um maior impacto na redução dessas infecções.

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Conclusão

A sífilis é uma infecção cujo tratamento e controle é imprescindível para romper a cadeia de
transmissão do treponema. Mesmo sendo uma patologia conhecia há séculos e de fácil detecção,
tratamento de baixo custo e com uma grande eficácia, ainda sim é considerada um grave
problema na saúde pública. Também é importante ressaltar que, cada vez mais pessoas se tornam
portadoras da bactéria por falta de prevenção, sendo que poderia ser evitada com uso de
preservativo, o cuidado com materiais perfuro cortantes, o acompanhamento do pré-natal e
planejamento das equipes de saúde no combate a esta infecção.

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Bibliografia

Ministério da Saúde (Moçambique); Plano de Aceleração para Eliminação da Transmissão


Vertical do HIV e Sífilis, 2020-2024, Maputo, Moçambique, 2018

TORTORA, J.; FUNKE, R.; CASE, L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

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