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O PLANO ETERNO DA SALVAÇÃO

Salvar significa libertar; tirar do cativeiro.

• Natureza Caída

Há quem diga que o ser humano nasce como uma folha em branco que, ao longo da
vida, é preenchida por obras boas ou ruins, a depender das decisões tomadas, fruto da nossa
capacidade de escolha entre o bem e o mal. No entanto, não é bem isso que o Evangelho afirma.
De acordo com as Escrituras, o homem já nasce corrompido pelo pecado de tal maneira que,
por si só, é incapaz de fazer o bem, porque até o bem que faz é, de alguma forma, manchado,
distorcido, com desvio de finalidade.

Assim como um leão não pode deixar de ser carnívoro, porque é a sua natureza, o
homem (e a mulher) não pode deixar de pecar, visto que lhe é natural. O homem peca por
instinto.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA

Existe na região do Oriente Médio uma grande fazenda chamada Salvação, com um
vasto pasto verdejante para alimentar um rebanho infinito de ovelhas e animais herbívoros e
pacíficos. De tempos em tempos aparece nessa fazenda um Leão faminto que estraçalha
algumas dessas pobres ovelhas, o que deixa o proprietário daquelas terras furioso.

Ele, que se chama O Senhor, determina que aquele Leão deve morrer, porque o seu
pecado é gravíssimo. “Estas ovelhas”, diz O Senhor, “são pacíficas e se alimentam do belo
pasto que eu preparei para elas, mas o Leão é incrivelmente mau e sobrevive às custas das
ovelhas. Está decidido, ele vai morrer!”

O Leão, porém, sabe ler. Então, aquele Senhor não iria condená-lo à morte sem antes
mostrar a ele o motivo da sua sentença, porque, se até os homens maus reconhecem que não há
crime sem lei anterior que o defina, para que o juiz não condene ninguém ao seu bel-prazer,
muito mais O Senhor jamais daria margem para ser tachado de injusto.

No dia seguinte, ele chamou o seu empregado mais antigo, responsável pela gestão da
fazenda e disse: “Moisés, tem um tal de Leão aí nas proximidades que está causando um grande
estrago. Ele provoca confusão entre os meus servos, mata as minhas ovelhas, e traz pânico a
todo o rebanho. Então eu escrevi aqui nestas tábuas dez proibições e quero que você as deixe
à vista, para que ele veja. Põe-nas próximas ao curral, ao longo do pasto, no caminho da casa,
perto do poço aonde elas vão beber água e ao redor de toda a fazenda. Além disso, escreva bem
grande na entrada principal da propriedade: SÓ SE PODE ENTRAR AQUI NA SALVAÇÃO
E PERMANCER VIVO QUEM CUMPRE ESSES DEZ MANDAMENTOS!”

Depois de alguns dias, lá vem o Leão novamente. Quando ele se deparou com as tábuas,
parou para lê-las e se estremeceu de medo, mas a fome falava mais forte dentro dele e ele se
dirigiu à entrada da Salvação. Ao ver a sentença de morte que cairia sobre ele, caso
desobedecesse aqueles mandamentos, prometeu ao porteiro que cumpriria à risca, do
amanhecer ao anoitecer e do anoitecer ao amanhecer, contanto que lhe fosse permitido entrar.
Mas mal ele pisou dentro das terras, avistou uma ovelha e não teve dúvida: disparou em sua
direção e a devorou. Agiu por instinto. Estava na sua essência.

O Senhor, ao saber disso, chamou novamente Moisés e lhe incumbiu a tarefa de


construir uma jaula composta por dez pilares, e a ordem era: nos pilares você escreve os
mandamentos, um mandamento por coluna. E nas paredes, quero ver os mesmos mandamentos,
porém pormenorizados, detalhados, destrinchados, para que fique claro a esse desprezível Leão
quais são as normas vigentes aqui; qual é o padrão de bondade, justiça e santidade a ser seguido
por quem deseja viver.

O Leão, enclausurado, passou a ser alimentado pelos servos do poderoso Senhor, que
traziam e deixavam na porta do cárcere uma porção de grama, extraída do pasto das ovelhas.
Às vezes esses servos paravam para fazer promessas ao Leão e profetizar o futuro dele. Quando
a conversa estava muito boa, eles chamavam Moisés para mostrar nas paredes onde estavam
tais promessas e o que era necessário fazer para alcançá-las.

Mas para surpresa dos servos, tanto de Moisés quanto dos profetas, toda vez que eles
entravam para conversar, acontecia um desastre. Ou entrava atrás deles alguma ovelha
despercebida, ou o Leão sentia o cheiro delas perto da porta e não dava outra: lá estava o
monstro carnívoro descumprindo cada regra daquela prisão.

Os servos contavam com o aprendizado do animal errado, porque aquela lei, santa, justa
e boa, era contrária à sua natureza. Ela fora feita para lhe incriminar e não para salvá-lo da sua
condição. Ele até ficava um tempo sem matar nenhuma ovelha, não porque havia aprendido ou
evoluído, mas porque estava preso e aquelas colunas e paredes serviam como barreira entre ele
e as pobres ovelhas.
E essa era a miserável vida que o Leão levava. Ora sentia medo do Senhor, ora sentia
raiva daquela prisão. Sentia medo porque os profetas diziam periodicamente todas as maldições
que lhe cabiam e que foram previstas por Moisés. Mas também sentia raiva, porque era pesado
demais cumprir pena numa prisão que tinha tudo a ver com as ovelhas e nada a ver com ele.
Ele era frustrado porque ficar ali era entediante e se alimentar do pasto era insuportável. Sentia
náuseas e enjoo só de pensar naquela comida sem gosto. Todo o sentimento que nutria ali era
de aversão e repulsa.

Não ficava motivado nem mesmo com a contínua pregação dos profetas, que usavam
como fundamento os ensinos de Moisés e que mostravam uma infindável lista de bênçãos,
benefícios, retribuições e prêmios aplicados a quem observasse os escritos daquela prisão.
Sentia que não era para ele e o seu intento era sair dali tão logo conseguisse. Queria fugir para
bem longe daquele Senhor, achando que, assim, escaparia da condenação.

Mas o Senhor, que é justo e santo, também é amoroso e misericordioso e sentia


profunda compaixão por aquele miserável Leão e já havia elaborado um plano desde a
fundação do mundo (Ap. 13.8), antes mesmo que existisse qualquer Leão, para salvá-lo daquela
condição. Só que ele não podia simplesmente perdoar o Leão, porque senão ele seria injusto.
O Leão cometera graves delitos e tudo o que merecia era a morte.

Além disso, havia também naquela fazenda uma serpente astuta que também sabia ler
e conhecia a Lei. Ela, legalista que era, constantemente comparecia à presença do Senhor para
fazer acusação em relação ao Leão e apontava todos os graves crimes cometidos por ele, bem
como a pena devida a cada pecado. Ela nem levava em consideração que muitas vezes ela
mesmo criava situações em que a natureza do Leão ficava exposta.

Mas o Senhor, para demonstrar amor e misericórdia e, ao mesmo tempo, ser justo e
santo, pôs em prática o seguinte plano: Ele mesmo, por meio do seu filho, se transformou em
um Cordeiro imaculado, que nunca havia descumprido a Lei nem jamais poderia fazê-lo, uma
vez que era a própria Lei encarnada, o verbo feito carne, e foi pagar a pena em lugar do Leão.
Ali naquele calvário a dor foi cruel. Muito além de qualquer sofrimento físico inflingido pelos
soldados romanos e pelos judeus: foi o amargo cálice da ira do Senhor. Os crimes eram muitos
e exigiam uma pesada ira para que a justiça fosse satisfeita. Ele foi como uma ovelha muda.
Não reclamou da coroa de espinhos, nem do deboche/desprezo desferido contra ele. Deram-
lhe vinagre em lugar de água e ele não falou nada; não reclamou das bofetadas ou dos cuspes
no rosto, nem da pesada cruz, nem dos açoites, nem dos cravos. Os sofrimentos físicos eram o
de menos. O que lhe afetou profundamente foi o elo quebrado entre ele e o seu pai, que lhe
gerou um clamor carregado de angústia: "Por que me desamparaste?!"

Mas era necessário que alguém pagasse a pena e o Cordeiro santo cumpriu essa terrível
missão. Portanto, não resta mais nenhum pagamento a ser feito. Uma vez pago, pago para
sempre. O miserável está livre da condenação eterna!

No entanto, ele ainda é Leão e as regras ainda estão de pé. Parte do problema foi
solucionado na cruz. Ele não deve mais nada. Mas, por instinto, ele vai continuar a ser um
predador. Se ele devorar mais ovelhas, o Senhor vai mandar outro cordeiro para morrer, ou
dessa vez vai matá-lo e ponto final?

Nem uma e nem outra. Sabe o que o Senhor fez? Pegou o coração do Cordeiro morto,
foi até a jaula do Leão enquanto ele dormia, extraiu-lhe o coração e transplantou no lugar o
coração do Cordeiro. No dia seguinte, pela primeira vez na vida, o Leão acordou com um desejo
imenso de pastar com as ovelhas do rebanho. Aquela grama, que antes lhe parecia insossa e
intragável, passou a despertar nele muito prazer. Era tudo o que ele queria! Ele ficou tão ansioso
e tão eufórico que começou a urrar e a rugir desesperadamente. Mas ainda estava preso. Foi aí
que ele percebeu algo estranho. Ele passara a ter desejos condizentes com o que lhe ensinaram
Moisés e os profetas (ovelha), mas ainda era Leão e estava a rugir!

Antes ele só sentia raiva ou medo daquela Lei. Agora ele quer cumpri-la e deseja
ardentemente se alimentar apenas do pasto, sem quebrar nenhum mandamento, mas ao mesmo
tempo, continua a viver como Leão. Os desejos são de ovelha, mas os pensamentos são de
Leão, a mente é de Leão, a força é de Leão, o comportamento é de Leão. Naquela prisão ele lia
o que era certo, tinha vontade de praticar tudo aquilo, mas o bem que ele queria fazer não fazia
e o mal que não queria, esse fazia a todo momento.

Até que um dia um dos servos do Senhor, o Isaías, foi até o cárcere e ficou ali com ele
por sessenta e seis dias. A cada dia ensinava algo novo. O Leão até já tinha ouvido falar e
também já havia lido, mas agora está sendo diferente, porque quanto mais ele ouve, mais quer
ouvir. Quanto mais come daquela grama, mais se deleita com o sabor dela.

No décimo primeiro dia, Isaías falou sobre aquela fazenda em que estavam, a Salvação,
na qual o Senhor planejou um rebanho incontável de ovelhas salvas e todo o resto seria
destruído. Mas ele incluíra nos planos outros animais, de forma que o lobo moraria com o
cordeiro; o leopardo se deitaria com o cabrito; o bezerro, o filhote do leão e a ovelha viveriam
juntos; a vaca e a ursa pastariam juntas; o leão comeria palha como o boi e não haveria mal
nem dano algum em toda aquela terra, porque ela se encheria do conhecimento do Senhor e
todos aqueles animais seriam transformados, com o coração, a mente, os desejos, os
pensamentos, as preferências, o comportamento e, enfim, o viver como de uma ovelha.

Quando o Leão soube que aquela transformação pela qual estava passando fazia parte
do plano do rigoroso Senhor, não pôde se conter e começou a chorar. Solicitou a presença do
Senhor na prisão e se derramou aos seus pés. Os ensinamentos de Moisés e dos profetas foram
vindo à sua mente e ele ficou tremendamente abismado com a gravidade da sua situação. Foi
tomado de um arrependimento tão grande e tão profundo que nem esperou ser levado à morte
(até então ele não sabia da obra do Cordeiro na cruz). Ele mesmo se entregou, dizendo: Senhor,
eu não tenho nada para te oferecer. Eu transgredi cada mandamento teu. Estou aqui nesta prisão
terrível, mas o que eu mereço mesmo é a morte. Tu és santo, justo, bom, amoroso,
misericordioso e eu sou o oposto disso. Quem dera se o Senhor me tirasse daqui e me fizesse
como uma das tuas ovelhas. Mas que seja feita a tua vontade. Se o Senhor me condenar, eu sei
que é por pura justiça. É o que eu mereço. Que ser miserável que eu sou!

Essa confissão de pecados, esse arrependimento profundo, se estendeu por vários dias.
E o Senhor, que só estava ouvindo até então, virou-se para Isaías (já era o quinquagésimo
terceiro dia que ele estava ali na prisão com o Leão) e disse: "Explica para ele, Isaías. Há
esperança!"

Ao que o profeta prontamente passou a falar de um certo Cordeiro, que fora levado
para o matadouro, que tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores, e foi afligido
pelo Senhor, e ferido, e oprimido. Ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas
iniquidades. O castigo que nos traz a paz caiu sobre ele e pelas pisaduras que levou, fomos
sarados. Ele já pagou tudo! Levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores
intercedeu.

Imaginem a reação do Leão ao saber que tudo já havia sido providenciado pelo Senhor.
Ele foi tomado de um sentimento de leveza sem igual e o seu coração transbordou de gratidão
de forma tão intensa que, num piscar de olhos, aquele cárcere desapareceu e ele se viu livre
para viver, sabendo que não merecia nada daquilo, mas já que fora agraciado, prometeu
empregar todas os seus esforços para encontrar o tal Cordeiro que se dispôs a morrer em seu
lugar, nem que fosse apenas para dar-lhe um longo e afetuoso abraço de gratidão.
Mas o que ele deseja mesmo é conhecer profundamente o Cordeiro e o seu pai, o
Senhor; quer saber o que os entristece e o que os alegra; os desejos deles e os seus projetos de
vida, para que possa adequar a sua vida de tal maneira que não haja mais ali o velho Leão, mas,
assim como recebera a dádiva pela morte do Cordeiro, morreria para si mesmo com o intuito
de se dedicar aos anseios e à vontade deles.

Os mandamentos que antes eram externos e serviam como uma prisão, passaram a estar
escritos internamente, no coração de carne que recebera do Cordeiro, em lugar do seu próprio
coração de pedra (muito embora ele não saiba ainda desta cirurgia operada pelo Espírito Santo
do Senhor).

Um dia, depois de muito ler, ouvir e meditar nos ensinos dos profetas e da Lei, o mesmo
Senhor, que lhe dera um coração de ovelha, trouxe-lhe também uma nova mente, a mente do
Cordeiro. Neste momento, tudo clareou, tudo passou a fazer sentido e ele, ao se lembrar do seu
sofrimento naquela prisão, exclamou: "Para mim tenho por certo que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada, porque sei que
todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados por seu decreto. Porque os dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho (objetivo de toda ovelha); a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes
também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou."

O PROCESSO DA SALVAÇÃO

Vimos a história hipotética de um Leão convertido em Ovelha, que transgredia


instintivamente a Lei do seu Senhor, porque era escravo da sua natureza corrompida, manchada
pelo pecado. Mas ele fora escolhido por Deus para a Salvação e passou por todas as etapas
deste processo: Transgrediu > Conheceu a lei que o condenava > Rebelou-se contra a lei >
Continuou a pecar > Foi preso pelos mandamentos > Recebeu um novo coração > Passou a ter
desejos de ovelha, mas ainda se comportava como leão > Teve consciência do seu pecado > Se
arrependeu profundamente > Se humilhou rogando o perdão de Deus, mas reconhecendo que
se a condenação fosse mantida, Deus ainda assim seria justo > Alcançou o perdão tão
aguardado por meio da fé em Jesus, que se sacrificou em seu lugar > Abriu mão de toda a
confiança que tinha em si mesmo e nos seus próprios méritos para creditá-la a Cristo.
Observem que ele creu, ele aceitou a mensagem do evangelho. Foi uma decisão dele.
Mas isso só foi possível com um coração convertido, com uma mudança, uma transformação,
uma metanoia profunda no seu interior, no seu âmago, na sua essência. O Leão natural jamais
se voltaria para a obediência ao Senhor, porque isso iria contra a sua natureza. Da mesma
forma, o Leão transformado jamais voltará a ser o velho Leão. Ele pode até resistir por um
tempo, mas só até chegar o novo coração.

Daí em diante, viverá uma vida de santificação, onde crescerá de fé em fé e de luz em


luz. E a cada degrau a mais de fé e de luz, entenderá com mais intensidade a podridão do seu
estado natural e a terrível morte que lhe era devida. Isso o levará a um quebrantamento ainda
mais profundo, de sorte que viverá ciclos de temor, arrependimento, humilhação e gratidão,
por se lembrar, cada vez com mais propriedade, da obra redentora do Cordeiro. Essa segurança
trará paz eterna à sua vida, paz com Deus por meio da fé em Jesus. Ele compreenderá que a
letra (Lei) mata e o Espírito vivifica não como pretexto para não conhecer a Lei de Deus, mas
da seguinte forma: quanto mais eu conheço a lei de Deus, mais o meu pecado é revelado.
Quanto mais eu tenho consciência do meu pecado, mas eu entendo como justa a minha
condenação. E a condenação nada mais é do que a morte eterna. É assim que a letra mata.

Paulo disse aos Romanos (3.19,20) que tudo o que a lei diz, o diz para que toda a boca
esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso, ninguém será
justificado pelas obras da lei, por seus próprios méritos, porque o propósito da lei não é de
salvação, mas de condenação. É para trazer à tona o conhecimento do pecado.

Ainda acerca disso, Paulo argumenta (Rom. 7): se não fosse pela lei, que é santa, justa
e boa, eu não conheceria o pecado. Eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse:
"Não cobiçarás!" Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, obrou em mim toda a
concupiscência: porquanto sem a lei estava morto o pecado. E eu, nalgum tempo, vivia sem lei
mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado e eu morri; e o mandamento que era para vida,
achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me
enganou e por ele me matou. É essa a morte que a letra (conhecimento da lei) provoca!

Por isso, o mero conhecimento frio é incapaz de nos salvar, visto que o simples fato de
conhecer a verdade não muda a nossa essência pecaminosa, a nossa natureza caída. Pode até
martelar na nossa consciência, mas é incapaz de transformar um leão em uma ovelha. Isso é
milagre, é dom de Deus, é um operar sobrenatural do Espírito em nós.
Por outro lado, quem pretende viver apenas a graça, sem o conhecimento da lei, tenderá
a crer nos seus próprios méritos, o que fatalmente afasta a necessidade de arrependimento e de
fé num salvador. Porque é justamente a consciência da nossa morte que nos leva a buscar
a vida. A lei é impotente para salvar, mas conduz à Cristo e à fé! Quando eu não conheço o
padrão de justiça pelo qual sou julgado, não posso compreender o quanto eu sou miserável.
Quando isso acontece, Cristo passa a ser apenas uma figura decorativa na minha vida, visto
que eu penso mesmo, no fundo no fundo, que serei salvo pelos meus méritos, virtudes e
esforços. Que Deus nos guarde.

Assim, o que se dá à intelectualidade à parte do Espírito Santo, morre sem esperança,


pois o Espírito vivificante não opera no seu interior, para causar-lhe uma transformação
genuína. Já o que não pretende entender a lei de Deus, afasta-se do Espírito para seguir o seu
próprio caminho, o seu próprio ego, o seu próprio pecado. Clamemos, então, para que o Espírito
vivificante esteja trabalhando em nós para gerar o milagre da conversão e busquemos, também,
conhecer todo o conselho de Deus, para que, ao sermos mortos pelo ministério da condenação
(letra/lei), possamos recorrer com inteira certeza e completa reverência a Cristo, mediador do
ministério da reconciliação (II Cor. 3). Porque para dar o devido valor ao ministério da graça,
muito mais excelente e glorioso, é preciso entender o papel do ministério da condenação, pois
de acordo com Cristo, o nosso maravilhoso Redentor, quem muito é perdoado, muito ama.

Vale ressaltar que a Lei nunca foi o Plano A de Salvação que, por algum motivo,
fracassou, para que, então, Deus aplicasse o Plano B (graça). Não! O plano sempre foi a
Salvação pela fé em Cristo, o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse
13.8). Ele é o Caminho. À parte dele não há Salvação em hipótese alguma.

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