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Estresse calórico

O conforto térmico ocorre quando não há necessidade de mobilização de mecanismos


termorreguladores para se ajustarem às imposições do ambiente (Bernabucci et al., 2010; Van
Iaer et al., 2014). O estresse calórico vai se instalar quando a temperatura ambiente
ultrapassar seu limite crítico mínimo e máximo. Temperatura ambiente >25ºC, umidade a
partir de 75%, ITU >68, capacidade adaptativa do animal, metabolismo e período reprodutivo
vão influenciar na intensidade do estresse calórico sofrido pela vaca.

Entre os vários efeitos decorrentes do estresse calórico sofrido pelos animais, a diminuição do
potencial produtivo almejado é o mais notado. A respeito da produção leiteira, o rendimento
lácteo e também da composição do leite são os maiores influenciados. Os animais apresentam
redução no consumo de matéria seca (CMS) observada quando a temperatura ambiente
ultrapassa 25ºC, além de aumento na ingestão hídrica. Esses fatores somados resultam em
menor teor de sólidos no leite e sua maior diluição. As vacas holandesas usam de mecanismos
como redução no tempo de alimentação e ruminação e aumento no tempo de ócio, como
medida de diminuição da produção de calor metabólico excedente, pois esse tempo de
permanência em pé auxilia na dissipação do calor, numa tentativa de mantença da
homeotermia. Paralelamente à redução do consumo, há aumento do fluxo sanguíneo
periférico para reduzir a temperatura corporal, o que diminui a absorção de nutrientes e a
disponibilidade desses à glândula mamária.

Diversos estudos indicam que o estresse calórico em vacas secas também pode impactar
negativamente a produção na lactação subsequente e a saúde durante a transição para a
lactação. Outro estudo também observou que novilhas que foram expostas ao estresse
térmico durante o crescimento fetal (ainda em útero; e durante o período seco) produziram 5
kg/dia a menos na primeira lactação comparadas com novilhas que foram expostas a
resfriamento durante o crescimento fetal (Monteiro, 2016).

O estresse calórico também envolve alterações negativas nos hormônios reprodutivos, no


desenvolvimento dos folículos, oócitos e embrião, além da queda na ingestão de matéria seca.
Estudos demonstraram mudanças nos hormônios reprodutivos, como redução na
concentração plasmática de GnRH, LH e estradiol, o que resulta em uma baixa taxa de
ovulação e detecção de estro.

Referências

Hooper,H.B et al; Conforto térmico de vacas leiteiras mestiças durante a inseminação e a


relação com a taxa de concepção; Revista Acadêmica Ciência Animal; ed.16; p.1-10; 2018.

Vasconcelos, J.L.M; Santos, R.M; Efeito do estresse térmico durante o período seco no
metabolismo da vaca periparto e subsequente produção de leite; Milkpoint; 2016. Disponível
em https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/
efeito-do-estresse-termico-durante-o-periodo-seco-no-metabolismo-da-vaca-periparto-e-
subsequente-producao-de-leite-98557n.aspx. Último acesso em 29/11/2019.

Vasconcelos, J.L.M; Santos, R.M; Estresse térmico no final da gestação e seu impacto nas vacas
lactantes e bezerras - I; Milkpoint; 2019. Disponível em
https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-ricarda-santos/efeito-
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subsequente-producao-de-leite-98557n.aspx. Último acesso em 29/11/2019.

Melo,A.F et al; Efeitos do estresse térmico na produção de vacas leiteiras: Revisão; PubVet;
v.10; n.10; p.721-730; 2016.

Ferro,D.A.C; Efeito dos elementos climáticos na produçãoe e reprodução de vacas leiteiras;


UFG; p.1-26; 2011.

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