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Direito Constitucional I

Materiais práticos – P1 e P2 (MV)


Direitos Fundamentais
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Parte III – Capítulo III

Posições jurídicas: direitos e deveres


fundamentais

① Direitos fundamentais e direitos do


homem/humanos
② História dos direitos fundamentais: momentos liberal
(séc. XVIII)/democrático (séc. XIX)/social (séc.
XX)/tecnociência (sec. XXI);
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Parte III – Capítulo III
③ Tipologia dos direitos fundamentais
A. Direitos, liberdades e garantias (título II) e direitos
económicos sociais e culturais (título III)
Critérios de identificação dos direitos liberdades e garantias (curso)
• Critério da natureza “negativa” ou “defensiva”
• Critério da determinabilidade constitucional do conteúdo
B. Direitos de natureza análoga aos Direitos, liberdades e
garantias (art. 17.º)
C. Direitos só materialmente fundamentais
D. Direitos só formalmente fundamentais
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Direitos de natureza análoga aos DLG
Dispersos ao longo da Constantes do tiítulo III (catálogo
Constituição dos DESC)
• Direito de queixa ao provedor de • Direito de livre inicativa
justiça (art. 23.º); económica (art. 61.º);
• Direito de equiparação entre • Direito de não ser privado da
estrangeiros e portugueses (art. propriedade privada (art. 62.º/1);
15.º/2); • Direito a uma justa indemnização
• Direito de resistência (art. 21.º); em caso de expropriação (art.
• Direito de se candidatar ao cargo 62.º/2);
de Presidente (art. 122.º); • Direito ao salário mínimo
• Direito de não pagar impostos nacional (art. 59.º/2/a);
retroativos (art. 103.º/3); • Direito à duração máxima da
• Liberdade de propaganda jornada de trabalho (art.
eleitoral (art. 113.º/3/a); 59.º/1/d);
• Direito de não ser prejudicado • Direito à contabilização de todo o
pelo serviço militar (art. 276.º/7); tempo de trabalho no cálculo da
• Direito à fundamentação dos pensão de velhice (art. 63.º/4);
atos administrativos (art. 268.º);
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Parte III – Capítulo III
Direitos só materialmente fundamentais: o princípio da
cláusula aberta/não tipicidade/não identificação dos direitos
fundamentais (art. 16.º/1 CRP)
Nas leis ordinárias Nas normas de direito
internacional
• Direito geral de personalidade • Direito de mudar de cidadania
(art. 70.º Código Civil); (art. 15.º/2 DUDH);
• Direito de constituir fundações • Direito do arguido a um
(art. 189.º Código Civil); intérprete em processo penal
(art. 14.º/3/a PIDCP);
• Direitos das associações de • Direito a não ser preso por
imigrantes (Lei n.º 115/99, de dívidas (art. 11.º do PIDCP);
3/08);
• Direito de constituir comissões
de trabalhadores na função
pública;
• Direito à reparação de danos (art.
483.º Código Civil);
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Parte III – Capítulo III

Direitos só formalmente fundamentais


Para Vieira de Andrade (critério Para o curso
do radical subjetivo)
Direitos fundamentais colectivos: Nâo existem. Todos os direitos
formalmente fundamentais são
• Direitos das comissões de
também materialmente
trabalhadores e das associações
sindicais (arts. 54.º/5 e 56.º/2); fundamentais.
• Direitos dos partidos políticos a
apresentarem candidaturas nas
eleições (art. 151.º/1);
• Direito de antena dos partidos
políticos (art. 40.º);
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Parte III – Capítulo III

④ Regime geral dos direitos fundamentais

A. Âmbito de aplicação: todos os direitos fundamentais


(direitos, liberdades e garantias e direitos económicos,
sociais e culturais);
B. Conteúdo:
• Princípio da universalidade (artigos 12.º e 15.º)
• Princípio da igualdade (artigo 13.º)
• Princípio do acesso ao direito e da garantia da tutela
jurisdicional efetiva (artigo 20.º)
+ Parte III – Capítulo III
Princípio da universalidade

1. Titularidade de direitos fundamentais por estrangeiros e apátridas


(artigos 12.º, n.º 1 e 15.º, n.º 1)
A. O princípio da equiparação entre estrangeiros e portugueses
(artigo 15.º, n.º 1)
B. Excepções ao princípio da equiparação (artigo 15.º, n.º 2):
• Direitos políticos (artigos 48.º a 52.º)
• Direitos reservados pela Constituição ou pela lei a cidadãos
portugueses (artigos 122.º, 275.º, n.º 2, 121.º, n.º 1, 15.º,
n.º 3)
• Funções públicas que não tenham carácter
predominantemente técnico
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Parte III – Capítulo III

C. Titularidade por estrangeiros de direitos de que eles nõ


seriam titulares por força do artigo 15.º, n.º 2
• Todos os estrangeiros (artigo 15.º, n.º 4)
• Cidadãos da União Europeia (artigo 15.º, n.º 5)
• Cidadãos dos países de língua portuguesa (artigo 15.º,
n.º 3)
+ Artigo 15º
(Estrangeiros, apátridas, cidadãos europeus)

1. Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou residam em Portugal gozam dos


direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os direitos políticos, o exercício das
funções públicas que não tenham carácter predominantemente técnico e os direitos e
deveres reservados pela Constituição e pela lei exclusivamente aos cidadãos
portugueses.
3. Aos cidadãos dos Estados de língua portuguesa com residência permanente em
Portugal são reconhecidos, nos termos da lei e em condições de reciprocidade, direitos
não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso aos cargos de Presidente da República,
Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Presidentes dos tribunais
supremos e o serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.
4. A lei pode atribuir a estrangeiros residentes no território nacional, em condições de
reciprocidade, capacidade eleitoral activa e passiva para a eleição dos titulares de
órgãos de autarquias locais .
5. A lei pode ainda atribuir, em condições de reciprocidade, aos cidadãos dos Estados-
membros da União Europeia residentes em Portugal o direito de elegerem e serem
eleitos Deputados ao Parlamento Europeu.
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Parte III – Capítulo III

1. Yusuf, cidadão francês residente em Portugal, pretende saber


se:
a) Pode ser admitido à PSP (Polícia de Segurança Pública)?
b) Pode candidatar-se ao cargo de Presidente da República?
c) Pode votar nas eleições autárquicas?
d) Tem direito a beneficiar do rendimento social de inserção?

2. A sua resposta seria idêntica caso Yusuf fosse um cidadão


brasileiro?
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Parte III – Capítulo III

2. Titularidade de direitos fundamentais por pessoas


colectivas de direito privado (artigo 12.º, n.º 2)

• Exclusão da titularidade de direitos que pressuponham


dimensões da personalidade humana

3. Titularidade de direitos fundamentais por pessoas


colectivas públicas
• Tese negativa (argumentos)
• Tese positiva (argumentos)
4. Direitos fundamentais colectivos e direitos fundamentais
de exercício colectivo
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Parte III – Capítulo III

Princípio da igualdade (artigo 13.º) – dimensões

1) A igualdade formal/ igualdade perante a lei/ igualdade na


aplicação da lei (artigo 13.º, n.º 1);
2) A igualdade na criação da lei e o princípio da proibição do arbítrio;
3) Princípio da proibição da discriminação (artigo 13.º, n.º 2);
4) Princípio da igualdade e igualdade de oportunidades;
5) Princípio da igualdade perante os encargos públicos (p. 431 do
Manual);
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Parte III – Capítulo III

No passado mês de Setembro, a Assembleia da República


aprovou uma lei na qual se proíbem as doações de sangue por
parte de homens que tenham tido relações sexuais com outros
homens. Dados estatísticos demonstram que o risco de infecção
pelo HIV é maior nesta categoria de pessoas, e que, por razões
técnicas, as análises ao sangue recolhido são falíveis quando
realizadas num momento imediatamente posterior à infecção.

Aprecie a medida em causa à luz do regime geral dos direitos


fundamentais.
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Parte III – Capítulo III

A Assembleia Legislativa Regional dos Açores aprovou um


decreto legislativo regional de acordo com o qual teriam preferência
no acesso ao cargo de docente do ensino primário, básico e
secundário os candidatos que tenham trabalhado pelo menos três
anos na Região Autónoma dos Açores.
O Representante da República na Região Autónoma dos
Açores considera que tal norma é inconstitucional, por violação do
princípio da igualdade.
Aprecie a medida em causa à luz do regime geral dos direitos
fundamentais.
(acórdão n.º 232/2003)
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Parte III – Capítulo III
O legislador aprovou um diploma que disciplina e fixa os prémios
financeiros devidos por atletas que obtenham resultados de excelência em
competições internacionais (ex. jogos olímpicos, campeonatos da europa e
do mundo).
Sucede que, esses prémios são notoriamente menores para os
atletas portadores de deficiência, que participem em competições
internacionais para deficientes (ex. Jogos paraolímpicos).
Acresce que estes últimos, ao contrário dos atletas não portadores
de deficiência, não poderão cumular prémios caso obtenham vários
resultados de excelência.
Aprecie a medida em causa à luz do regime geral dos direitos
fundamentais.
(acórdão n.º 486/03)
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Parte III – Capítulo III

a) As pessoas coletivas de direito privado podem ser


titulares de direitos fundamentais.
b) Os cidadãos de países de língua oficial portuguesa
não podem ser eleitos deputados.
c) Atualmente, o respeito pelo princípio da igualdade
basta-se com a igualdade de todos os cidadãos perante
a lei.
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Parte III – Capítulo III

a) Por força do princípio da cláusula aberta, podemos


considerar como fundamentais direitos que, apesar de
consagrados na Constituição, não se encontram no
catálogo de direitos fundamentais.
b) Os direitos só materialmente fundamentais são direitos
que não estão consagrados no texto da Constituição.
c) Embora não se encontrem plasmados na Constituição,
os direitos formalmente constitucionais são direitos
fundamentais.
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Parte III – Capítulo III

⑤ O Regime específico dos direitos, liberdades e garantias


A. Âmbito de aplicação (artigo 17.º)
B. Conteúdo
• Aplicabilidade directa (artigo 18.º, n.º 1) - rejeição da
doutrina da regulamentação das liberdades;
• Vinculação de entidades públicas (artigo 18, n.º 1, segundo
segmento): a vinculação do legislador, da administração
pública e dos tribunais;
• Vinculação de entidades privadas (artigo 18.º, n.º 1, parte
final): a eficácia horizontal dos direitos, liberdades e
garantias;
• As restrições de direitos, liberdades e garantias (artigo 18.º,
n.ºs 2 e 3);
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Parte III – Capítulo III

Restrição de um direito, Compressão/limitação do


liberdade âmbito de proteção de um
e garantia direito, liberdade e garantia

Por exemplo: Liberdade de


escolha de uma
Âmbito de proteção
religião
da Liberdade
religiosa
Direito de erguer ou
(art. 41.º CRP)
construir locais de
culto
Remoção dos órgãos
sexuais femininos Direito de não ser
questionado sobre a
religião
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Parte III – Capítulo III
As restrições de direitos, liberdades e garantias

A. Restrição e âmbito de protecção dos DLG


B. Tipos de limites ou restrições a DLG:
• Limites constitucionais expressos ou imediatos (por ex.,
artigos 45.º e 46.º, n.ºs 1 e 4)
• Limites constitucionais mediatos (ou restrições feitas
pela lei mas expressamente autorizadas pela
Constituição) – ex.: artigos 47.º/1, 270.º, 34.º/4, 268.º/2;
• Limites constitucionais implícitos ou imanentes (ou
restrições não expressamente autorizadas pela
Constituição)
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Parte III – Capítulo III
C. Os limites dos limites (artigo 18.º, n.ºs 2 e 3)

Restrições não Restrições feitas pela lei mas


expressamente autorizadas expressamente autorizadas
pela Constituição (limites pela Constituição (limites
constitucionais implícitos) constitucionais mediatos)

1. Autorização de restrição expressa (artigo 18.º, n.º 2)


2. Requisito de lei formal (artigo 18.º, n.º 2)
3. Princípio da proibição do excesso (artigo 18.º, n.º 2)
4. Generalidade e abstracção das leis restritivas de DLG (artigo 18.º, n.º 3)
5. Proibição da retroactividade das leis restritivas de DLG (artigo 18.º, n.º 3)
6. Salvaguarda do núcleo essencial dos DLG (artigo 18.º, n.º 3)
+ Parte III – Capítulo III

Teorias quanto ao valor da proteção


(absoluta e relativa)

Salvaguarda do
núcleo essencial
(TEORIAS)
Teorias quanto ao objecto da proteção
(objectiva e subjectiva)
+ Parte III – Capítulo III

No artigo 170.º do Código Penal está previsto o crime de


lenocínio, entendido este como a conduta que fomente, favoreça
ou facilite, com intenção lucrativa, a prática da prostituição. Joana,
que foi acusada da prática de um tal crime, considera que a norma
em causa é inconstitucional, por violar a liberdade de escolha de
profissão, consagrada no artigo 47.º/1 da Constituição.
Aprecie a norma em causa à luz do regime específico dos
direitos, liberdades e garantias.
+ Parte III – Capítulo III

Atendendo ao prestígio social e à boa formação profissional


dos advogados, a Ordem dos Advogados aprovou, em dezembro de
2015, um regulamento de acordo o qual passa a ser necessário,
para o exercício da profissão de advogado, a titularidade do grau
de doutor em Direito.
Analise o diploma legislativo em causa tendo em conta o
regime específico dos direitos, liberdades e garantias.
+ Parte III – Capítulo III

Atente na seguinte disposição, aprovada pelo Governo, através de


decreto-lei, em janeiro de 2016, com aplicação imediata:

“A ação de investigação da paternidade só pode ser proposta durante a


menoridade do investigante ou nos dois primeiros anos posteriores à sua
maioridade”.

Analise a disposição mencionada à luz do regime específico dos


direitos, liberdades e garantias.
(acórdão n.º 23/2006)

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