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UMBANDA DO ORIENTE – FUNDAMENTOS E PRÁTICAS

UMBANDA – UM SER DA CRIAÇÃO


Umbanda, quem és?

- Quem sou? É difícil determinar


Sou a fuga para alguns, a coragem para outros.
Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas. Sou o cântico que
chama ao convívio seres de outros planos.
Sou a senzala do Preto-Velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exu, o jardim da
Ibejada, o nirvana do Hindu e o céu dos Orixás.
Sou o café amargo e o cachimbo do Preto-Velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro daPomba-
Gira e o doce do Ibejê.
Sou a gargalhada da Rosa Caveira do Cruzeiro das Almas, o requebro da Maria Padilha das Almas, a
seriedade do seu Marabô.
Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga de Aruanda e de Pai José de Aruanda; a traquinada de
Mariazinha da Praia, Risotinho, Joãozinho da Mata e a sabedoria do caboclo Tupynambá.
Sou o fluido que se desprende das mãos dos médiuns levando a saúde e a paz.
Sou o isolamento dos orientais, onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso. Sou o
Tempo dos sinceros e o teatro dos atores.
Sou livre. Não tenho Papas.
Minhas forças? Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade. Minhas
forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento.
Estão nos elementos. Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na tuia, na mandala do ponto
riscado.
Estão finalmente na tua crença, na tua Fé, que é o elemento mais importante na minha alquimia. Minhas
forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo, na última partícula da tua mente, onde te ligas ao
Criador.
Quem Sou?
Sou a humildade, mas cresço quando combatida.
Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura.
Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança. Sou a cura. Sou de ti. Sou de Deus. Sou Umbanda.
Só isso. Sou Umbanda.

Por Elcyr Barbosa


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É PRECISO SABER COMO NASCEU E PARA SABER PARA ONDE SE VAI?

Umbanda

Como vocábulo de origem na língua angolana quimbundo significa “arte de curar”, segundo a
Gramática de Kimbundo, do professor José L. Quintão – citada em O que é Umbanda, de Armando
Cavalcanti Bandeira (Editora Eco, 1979).

Os autores de vertente esotérica, por sua vez, ligam a palavra ao sânscrito, a partir da junção dos termos
Aum e Bandha (o elo entre os planos divino e terreno). A palavra mântrica “Aumbanhan”, então, teria
chegado até nós como “A Umbanda”.

Há também a origem provável da palavra embanda, também de origem quimbundo que seria o nome
do sacerdote “bruxo” ou “feiticeiro”. De sua utilização acredita-se ter surgido o termo umbanda que se
referiria ao praticante daquele culto e depois nomearia o culto em si.

‘Segundo Heli Chatelain, a palavra Umbanda tem diversas acepções correlatas na África [1] a faculdade,
ciência, arte, profissão, negócio: a) de curar com medicina natural (remédios) ou sobrenatural
(encantos); b) de advinhar o desconhecido pela consulta à sombra dos mortos ou dos gênios ou
demônios, espíritos que não são humanos a influenciar os homens e a natureza para o bem ou para o
mal. [2] As forças em oração na cura, adivinhação e para influenciar espíritos. [3] Os objetos
(encantos)que, supõe-se, estabelecem e determinam a conexão entre os espíritos e mundo físico.
“(CARNEIRO, 1961, P. 169)

Primeiras influências:

 Européia com o cristianismo, a magia ritual e o kardecismo. Jesus, O grande Médium


 Africana com a predominância do povo bantu trazendo os feiticeiros, benzedeiros e todaforma
de religião congo-angolana e da influência jeje-nagô.
 Indígenas
A anunciação da Umbanda no Brasil acontece no início do século XX, no ano de 1908, com a
manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes no dia
15 de novembro. E, foi assim que, num primeiro momento, a Umbanda possa ser compreendida:
veiculada por um médium de origem kardecista que teria abraçado as influências das quais estava
rodeada para gerar um novo culto que incluísse em seu conceito de incorporação e contato direto com
o mundo espiritual as ricas influências religiosas africanas e indígenas.

Primeiros Fundamentos:

 Vibrar amor
 Receber entidades para se desenvolverem, orientar e direcionamento de cura
“com quem sabe mais aprenderemos, a quem sabe menos ensinaremos e a ninguémvamos
dar as costas”
 Sem atabaque
 “Minha cachimba tá no morro...manda muleque busca...no alto da derribada... minha
cachimba ficou lá .. ” -1° Ritualista – defumação
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Marcos primordiais:

 A primeira tenda de Umbanda instituida, Tenda Nossa Senhora da Piedade, fundada pelo médium Zélio de
Moraes e seu guia espiritual, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

 1941 – Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda

Manifestações:

 Pretos Velhos

 Caboclos

 Erês

 Exus

 Pombogiras

 Oriente e Ciganos

 Baianos e Cangaceiros

 Marinheiros

 Extra terrestres

Alguns exemplos dessas ramificações são:

 Umbanda Branca e/ou de Mesa / Umbanda Cristã/ Linha Branca da Umbanda

Nesta ramificação não há cultos aos orixás, nem o trabalho de exus e pombogiras, ou a utilização de
atabaques, fumo, imagens e bebidas. Há também a utilização de livros espiritas como fonte doutrinária.

 “Umbanda Pura”

Umbanda “desafricanizada” e “orientalizada “. Formado pelo “grupo fundador da Umbanda”, que lutou
pela legitimação da Umbanda, criando a Primeiria Federação Espírita do Brasil, o Primeiro Congresso
Brasileiro do Espiritismo de Umbanda e p Primeiro Jornal de Umbanda.

 Umbanda Popular

Representada de fala direta dos espíritos.

 Umbanda Esotérica

É uma forma de praticar a Umbanda estudando os fundamentos ocultos, conhecidos apenas dos antigos
sacerdotes egípcios, hindus, maias, incas, astecas, etc. O conhecimento esotérico (iniciático) dos
arcanos sagrados, desvelados por meio de iniciações. Fois idealizada com inspiração na obra de
Blavastsky, Ane Bessant, Eliphas Levi, Papus, Domingos Magarinos , entreoutros.

É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e W. W. da Matta
(Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: conjunto de LeisDivinas
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 Umbanda Iniciática

É derivada da Umbanda Esotérica e fundamentada pelo mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida
por Yamunisiddha Arhapiagha) na qual há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos) e o
alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe grande influência oriental,
principalmente em termos de mantras indianos e a utilização do sânscrito.

 Umbanda Traçada, Mista e Omolocô / Umbandomblé

Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Aqui existe um misto entre o culto dos orixás e o
trabalho direcionado dos guias. Traz em suas ritualísticas as “feituras dos santos”, iniciação aos Orixás.
Em Doutrina e ritual de Umbanda, podemos ver Tata Tancredo abordar todas as culturas afros que foi
possível, assim como a cultura indígena, o ocultismo e o esoterismo da Teosofia (filosofia esotérica da
India). Pode-se ter os tradicionais rituais de Camrinha, Bori, Ebós e oferendas de animais com seus
respectivos sacrifícios.

 Umbanda Sagrada

Nos apresenta uma nova Teologia e ritualística. Sentido da Vida.

 Umbanda do Oriente

Interiorização / Meditação / MentalizaçãoPostura

diante da Vida e da Natureza

Amadurecimento espiritual – auto-conhecimento – despertar da consciência

Parceria com os guias espirituais – Mediunidade semi consciente (o guia já não faz mais tudo)

Princípios fundamentadores que permaneceram:

 Verdade
 Retidão / justiça / equamidade
 Propósito
 Pacificação
 Re – integração do Espírito a Alma
 Caridade – “dar de graça o que de graça recebeis”

Trânsito Religioso:

 Budismo: a elaboração de mandalas (símbolos de poder que revelam forças arquetípicas); a


utilização de cordões de contas coloridas (guias) como forma de proteção e fortalecimento; a
elaboração de técnicas avançadas de mentalização criativa; o estudo da ciência do mantra
(verbalização criativa); a bioenergética.

 Zen budismo: visão universalista e prática da religião. Aqui se aprende a valorizar cada gesto
como parte do caminhar em direção ao divino.

 Hinduísmo: exploração da magia para obter certa capacidade de manipulação das forças
cósmicas.
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 Candomblé: através das influências geradas pelas correntes africanas tanto de tradição Jeje-
Nagô como Congo- Angola. Do Candomblé recebemos a influência fundamental da
concepção dos Orixás; formação de guias; determinação das oferendas, a forma de transe e
ainda a nomenclatura utilizada.

 Cultura nagô -yorubá (Povo Bantu, Nigeriano, Sudanês)– culto aos Orixás, reverenciados na
natureza, sendo oferecidos a eles frutas, flores, velas e bebidas.

 Cultura gêge – reconhece-se semelhanças com o Tambor de Mina no Maranhão e sua


encantaria, em que se manifestam “Caboclos” e ‘Pretos- Velhos”, na condição de
“encantados”,índios e africanos, entre outros.

 Xamanismo caboclo / pajelança – recebe o amor à natureza, uso do fumo, uso dos chás
(bebidasde poder), banho de ervas e defumações. Uso de instrumentos

 Toré – praticado pela tribo dos kaririXocó no Brasil, consiste em uma dança realizada com a
infusão da bebida feita à base de jurema, palavra que significa “encontro com Deus”. Os
índios reverenciam uma divindade, como um gênio, O Espírito da Jurema.

 Catimbó ou Linha dos Mestres da Jurema - também trabalha com entidades em comum com
a Umbanda que pode ser uma índio, preto-velho, baiano, marinheiro e outros. Todo o
trabalho é feito com o uso da Marca (caximbo), e sempre com i uso da bebida de jurema,
antes e durante as incorporações. O mestre da Jurema mais conhecido é Seu Zé Pilintra, que
por sua origem externa à Umbanda, vem em qualquer linha: caboclo, preto-velho,
baiano ou exu. PontosCantados.

 Cristianismo: a influência do Mestre Jesus, como representação maior do Amor Divino; ritual
da defumação no início dos trabalhos como forma de limpeza ritual, a presença de velas e
flores para elevar e fixar as energias trabalhadas e marcante semelhante na importância ritual
do altar como ponto focal de todas as energias operantes. Sincretismo entre os santos
católicos e os Orixás.

 Kardecismo: absorção dos conceitos sobre a reencarnação, carma, evolução espiritual,


universo astral e espiritual. Tendo como diferenças fundamentais a distinção que o próprio
Allan Kardec proferiu em sua codificação, no qual afirma que Espiritismo não é religião, não
tem ritual e não aceita a prática da magia.

 Druidismo (Antiga Religião) – culto às forças da natureza enquanto qualidades do Criador, o


usoritual de certos instrumentos de pode como o punhal, o caldeirão, o cajado, as velas.

 Egito Antigo – Berço de toda forma de culto ritualístico organizado. Podemos reconhecer em
nossa Umbanda similitudes desde a ritualística, a forma adas oferendas, os graus iniciatórios
e os rituais de passagem, o culto aos deuses e aos mortos, até mesmo as vestes sacerdotais e
a mitologia, tudo dos determinantes em toda forma de culto posterior.

 Hinduísmo – o entendimento dos caminhos para a evolução da experiência espiritual como a


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devoção (bhakti yoga), o entendimento (dhyana yoga), a ação (karma yoga), além dos
exercíciosocultos (Kryia yoga).

 Taoísmo – concepção dual sob a qual tudo se move, a dinâmica bioenergética, assim como a
busca pela simplicidade e União cósmica.

Teosofia – A Doutrina Secreta”, iniciada originalmente por Helena P. Blavastky da qual nos
valemos de sua explicação quanto a dinâmica cósmica desde a Criação até o desenvolvimento
humano, as muitas manifestações energéticas e suas interações, as Chamadas Hierarquias Solar
e a Teoria dos Sete Corpos. A Grande Fraternidade Branca Universal.

Culto as Entidades / Culto aos Orixás; Os Sete Grandes Divinos


Orixás – correntes vibratórias que fazem uma determinada sintonia numa frequência de onda
de cor e som e que trabalham para diferentes metas. Por exemplo, Oxalá, a cor é branca,
trabalha o Amor incondicional; essa frequência é ocupada por espíritos tarefeiros que
sintonizamneste Amor Incondicional para esta frequência.

Orixá = Segundo José Beniste, Orixá é “aquele que foi partido e juntado”. É construído de
dentro para fora. Ser Cósmico, Divino. Que ao ser acoplado a Mãe Terra se manifesta através
dos elementos água, terra, fogo e ar. Não se manifesta pela fala, se manifesta para a casa,
como ressonância, que precisa ser “dançada”. Em nós ela se manifesta através do nosso corpo
e, nosso corpo é filho de sua ancestralidade. E o orixá quando ele se manifesta, ele permeia
toda a linha da ancestralidade. Então nos temos uma Força Cósmica, que permeia nossa Linha
de Ancestralidade, que permeia o nosso próprio Eu. É uma religião de manifestação, além de
introspecção.

Sincretismos = similares em essências, mas com distintos cultos e linguagens de expressão.

Orixás nagô # Voduns Gêge # Inquices de Angola

Santos Catôlicos # Orixás

Coroação # Feitura

A Coroação é o despertar do Orixá.

Ritualística / Magia
Magia – a fé movida sob a ação da vontade , do poder e da atuação elemental.

Oferendas: Forma que temos de ‘puxar” a Divindade até nós. O Agrado seria para nós mesmos.
“O que está em cima é o que está em baixo”. A oferenda é algo que eu faço no microcosmo
para atrair a força do macrocosmo. Nela eu reproduzo elementos que possam atrair a força
Cósmicaque preciso para atrair e , neste momento, eu não só estou atraindo essas forças para o
trabalho religioso como eu estou canalizando outras potências que vão se manifestar. Porque
no nosso mundo para que haja manifestação de qualquer coisa, é necessário que tenhamos as
duas polaridades, a masculina (positiva) e a feminina (negativa). A masculina é Cósmica e a
feminina é telúrica. Essas potências sustentam e alimentam o trabalho. Oferendamos aos
Orixás, as falanges e aos Exus. As oferendas na Umbanda tudo é feito de origem vegetal ou
mineral (água,terra) ou elemental (fogo, ar).

Pelas leis da magia, o inferior contém o superior, mas o superior não contém o superior.
Portanto, o nosso corpo contém nossos corpos superiores e, se existe algo que se manifesta
aqui, como umtemplo, existe seu espelho nos planos hiperfísicos.
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Guia -– atração da energia dos orixás e defesa contra as energias negativasBanhos (Amacis)

Pemba

Defumação

Saudações

Canto / Toque/ Dança


Canto – elemento éter – caminho para a magia acontecer

Pontos riscados

Trabalhos nos templos

 Orientação;
 Desimpregnação;
 Harmonização e Sensibilização para desenvolvimento sensitivo e humano
Onde você entra e se descarrega....

Macumba – termo que designa a um encontro , uma roda , uma reunião onde as pessoas vão ao
encontro do Divino.

Onde os caminhos se clareiam...

“Umbanda é um útero vivo que fertiza, ampara, desenvolve, dá proteção e condição de vida
através da eternidade. Ela é o abraço da esperança, ela é a cura e o bálsamo para muitas feridas
e a proteção para o propósito para se cumprir a Evolução da Lei Divina. Umbanda é abraço, é a
fraternidade, é a igualdade, é Evolução. “

HINO DA UMBANDA HINO DA UMBANDA DO ORIENTE

Refletiu a luz divina “A umbanda do Oriente traz a fé e o amor


Com todo seu esplendor Com a ordem de oxalá manifesta seu
É no reino de Oxalá andor
Aonde há paz e amor Desata o nó da vida, desafeto e a dor
Luz que refletiu na terra
Ilumina com o sol a estrada e o rezador
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Os pés do peregrino abençoa o caminhar
Para nós iluminar Nas mãos de toda reza
Um rosário alumiar
A Umbanda é paz e amor Traz a paz de energia
Um mundo cheio de Luz
Nesta tenda a louvar
É força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz
Salve a umbanda do Oriente
E os mestres do congá.”
Avante, filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá

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