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no barco a vapor.

Juntam-se os motivos políticos, fruto de movimentos


revolucionários fracassados e de tensões partidárias e os motivos
religiosos, fruto de perseguições e massacres a determinados grupos.
Em Portugal, a emigração partiu essencialmente do Norte, fruto das más
condições de vida que eram dadas no meio rural, sendo os emigrantes
na maioria agricultores.

Unidade e diversidade da sociedade oitocentista

Uma sociedade de classes

Sociedade de Classes: Tipo de sociedade que se generaliza no mundo


ocidental desde o século XIX. Caracteriza-a a unidade do corpo social,
na medida em que os indivíduos, nascidos livres e iguais em direitos,
dispõem do mesmo estatuto jurídico. A diversidade social baseia-se,
essencialmente, no estatuto económico, gerador de diferentes classes
sociais.

A condição burguesa: heterogeneidade de situações;


valores e comportamentos
A alta burguesia empresarial e financeira/ A formação de
uma consciência de classe burguesa/ Proliferação do
terciário e incremento das classes médias/ O
conservadorismo das classes médias
Consciência de classe: Percepção explícita de pertença a uma classe
social específica, por parte de indivíduos ou grupos. Implica a
solidariedade para com os elementos da mesma classe e o
distanciamento relativamente a outras classes sociais. A consciência de
classe pode assumir uma expressão política, na medida em que a força o
Estado a actuar de acordo com os seus interesses.

A sociedade do Antigo Regime foi substituída, no século XIX e XX, por


uma sociedade de classes, que se dividia em dois grandes grupos: a
burguesia e o proletariado. A importância de cada uma dependia da sua
profissão: do que se fazia e do que possuía. Nesta sociedade, a
burguesia ocupava lugar de destaque. A burguesia dividia-se em alta,
média e baixa- A alta burguesia industrial e financeira liderava a
economia e influenciava o poder político mas também ditava as modas
impondo ao resto da população um certo modelo de vida, os seus
valores, e, até mesmo, as suas formas de diversão. A burguesia defendia
princípios como o direito à propriedade, a ideia de família, a valorização
do trabalho e da poupança, mas também o gosto pelo bem-estar e pela
ostentação. Procurava imitar a velha aristocracia mas apresentava a
riqueza como fruto do trabalho, da iniciativa e do esforço pessoais, nada
devendo ao privilégio de um nascimento em berço de ouro. Apontavam o
êxito individual e da mobilidade social, nos verdadeiros self-made men.
Entre os dois últimos estratos, situava-se uma numerosa classe média,
composta por pequenos e médios empresários e profissionais liberais,
como médicos, engenheiros, advogados, professores e jornalistas. Nos
estratos mais baixos da nova sociedade estava o proletariado, composto
pela grande massa de operários que enchia as cidades.

Ao proclamar-se a igualdade dos homens perante a lei, já não fazia


sentido os títulos de nobreza, os brasões e os demais privilégios judiciais
ou fiscais, derivados do nascimento e perpetuados em diferentes
estatutos jurídicos. As distinções entre os homens radicam no poder
económico, na situação profissional, no grau de instrução e cultura, nas
opções políticas, nos valores e comportamento. A mobilidade
ascensional na nova sociedade era aberta e fluida, fazendo com que ser
de uma família pobre não bloqueava a ascensão e ser de uma família
rica não garantia o usufruto de uma vida de luxo.

O crescimento das classes médias deveu-se, principalmente, à


proliferação do terciário e dos serviços. Aliado à necessidade de distribuir
a riqueza produzida fez-se crescer os empregos comerciais (patrões
grossistas ou retalhistas, transportadores, empregos de loja ou de
armazéns, vendedores). As profissões liberais (advogados, médicos,
farmacêuticos, engenheiros, notários, intelectuais, artistas) mantinham
um estatuto de privilégio devido ao seu conhecimento científico e
importante na nova moderna sociedade. O desenvolvimento de novas
profissões como os funcionários de escritório e o alargamento do ensino
gratuito viu crescer o número de efectivos da classe média que se
situava entre a alta burguesia e o proletariado.

As classes médias eram socialmente conservadoras. Encaravam com


desconfiança o operário, cujos hábitos de contestação lhes repugnavam.
Defendiam os ideais de sentido da ordem, de estatuto e das convenções,
o respeito pela hierarquia, o gosto pela poupança, que lhes conferia
algum luxo. Aspiravam a respeitabilidade e a decência e davam grande
importância ao seio familiar. Tinham gosto pelo trabalho, pelo estudo,
pela responsabilidade e pelo mérito. Viviam o culto das aparências.
A condição operária: salários e modos de vida;
associativismo e sindicalismo; as propostas socialistas de
transformação revolucionária da sociedade
Condições de trabalho/ Condições de vida

Proletariado: Segundo a terminologia marxista, significa a classe


operária que, sem meios de produção (a não ser os seus filhos, a sua
prole), vende a sua força de trabalho (manual) em troca de um salário. O
termo proletário remonta à Roma antiga, abrangendo os cidadãos de
inferior categoria, isentos de impostos, cuja única função social era a de
gerar filhos.

Condições de trabalho: Constituindo uma espécie de mão-de-obra não


qualificada, o proletariado enfrentava condições miseráveis e desumanas
de trabalho. O ambiente era inóspito com frio glacial no inverno e calor
sufocante no verão, má iluminação, falta de arejamento, barulho
ensurdecedor, riscos de acidente constantes com máquinas e até mesmo
desabamentos nas minas, ausência de vestuário próprio, falta de redes
sanitárias e cantinas assim como horários de refeições praticamente não
existentes e um horário de trabalho de 12 a 16 horas. Não possuíam
feriados, férias e até mesmo descanso dominical. Os salários nos tempos
de expansão subiam mas em tempos de crise baixavam e criavam
miséria e desemprego. As mulheres e as crianças eram exploradas e
desde os 4-5 anos as crianças enfrentavam duros trabalhos que
comprometiam o seu crescimento. Se por um lado esta classe social
enfrentava elevada precaridade, por outro os empresários encontravam
grande lucro para os salários baixos.

Condições de vida: Ao trabalho esgotante e nos limites da resistência


humana, acrescentava-se para os operários, uma vida nas condições
mais indignas e degradantes. Caves húmidas ou sótãos abafados,
alugados a preços especulativos e frequentemente sobrelotados, eram
as suas habitações. Nelas tudo faltava: a luz, a higiene, a salubridade.
Por sua vez, a alimentação mostrava-se insuficiente e desequilibrada.
Esgotados pelo trabalho, quase sem horas de sono, mal alojados e
subnutridos, os operários constituíam um terreno favorável à propagação
de doenças. O alcoolismo, a prostituição, a delinquência e a
criminalidade completavam o quadro de miséria e da sordidez nos
bairros operários do século XIX.
O movimento operário: associativismo e sindicalismo

Movimento Operário: Conjunto de acções levadas a cabo pelos


trabalhadores assalariados, para a concretização das suas
reivindicações. Na óptica marxista, é a expressão da luta de classes.
Procuravam a melhoria das condições económicas e sociais (aumento do
selário, diminuição do horário de trabalho, assistência na doença,
velhice, desemprego) mas também a obtenção de direitos políticos.
Associativismo: Traduziu-se na criação de associações de socorros
mútuos, também denominadas mutualidades ou sociedades fraternas.
Através de quotizações simbólicas dos filiados, acudiam aos
necessitados, na doença, na morte, na velhice, no desemprego ou
durante as greves. Para as multidões de desenraizados que queram os
operários, não há muito saídos do campo e privados de solidariedade
aldeã, as associações de socorro sempre proporcionaram um mínimo de
conforto e de calor humano.

Sindicalismo: Consistiu na criação de associações de trabalhadores


para defesa dos seus interesses profissionais. Os operários contribuíam
com as necessárias quotas e os sindicatos propunham-se a lutar pela
melhoria dos salários e das condições de trabalho, recorrendo, se
necessário, à greve, como forma de pressionar a entidade patronal.

Objectivos das lutas grevistas:


- Reivindicação do dia de trabalho de 8 horas;
- Melhoria dos salários;
- Direito a descanso semanal;
- Indemnização do patronato em caso de acidente.

As propostas socialistas de transformação revolucionária da


sociedade

Socialismo: Teoria, doutrina ou prática social que defende a supressão


das diferenças entre as classes sociais, mediante a aproximação pública
dos meios de produção e a sua distribuição mais equitativa.

Objectivos das propostas socialistas:


- Denúncia dos excessos da exploração capitalista; - Eliminação da
miséria operária;
- Procura de uma sociedade mais juta e igualitária.
Socialismo Utópico
Distinguiu-se pelas suas propostas de reforma económica e social, que
passavam pela recusa da violência, pela criação de cooperativas de
produção e de consumo e pela entrega dos assuntos do Estado a uma
elite de homens esclarecidos que governariam de molde a
proporcionarem uma maior justiça social. P. J. Proudhon chegou mesmo
a defender a abolição da propriedade privada e a abolição do próprio
Estado que considerava desnecessário. Preconizava uma autêntica
revolução na economia, através da criação de associações mútuas, onde
todos trabalhariam, pondo em comum os frutos do trabalho. Originar-se-
ia, em consequência, uma sociedade igualitária de pequenos produtores,
capazes de assegurarem a melhoria das condições sociais sem luta de
classes ou intervenção do Estado.

Marxismo
A perspectiva marxista concebe a História como uma sucessão de
modos de produção (esclavagismo, feudalismo, capitalismo), sucessão
essa devido à luta de classes. A luta de classes entre proletários e
burgueses, devido ao modo de produção capitalista que beneficiava os
burgueses, conduziria à destruição do capitalismo, à implantação da
ditadura do proletariado e à construção do comunismo – a verdadeira
sociedade socialista, sem classes, sem propriedade privada e se Estado.

Internacionais Operárias
Organismo onde estão representadas associações de vários países,
tendo em vista a coordenação das suas actividades. A I Internacional
mantinha secções locais nos países industrializados e apoiou numerosas
greves em toda a Europa. Apoiou também a insurreição dos operários da
capital francesa, conhecido por Comuna de Paris. Apesar de os apelos
de Marx surtirem efeito e os partidos de classes operária irromperem,
houve teses que se opuseram ao marxismo como os proudhonianos e os
anarquistas (rejeitavam as instituições que ameaçavam a liberdade do
indivíduo e defendiam o associativismo responsável e a repartição
equitativa dos bens. Para o derrube do capitalismo, preconizava a greve
geral e o recurso aos atentados terroristas, afastando-se do pacifismo
proudhoniano). Estes desentendimentos levaram à dissolução da I
Internacional. Já a II Internacional viu-se também ameaçada pelo
revisionismo alemão (propôs uma evolução pacífica, gradual e reformista
do capitalismo para o socialismo por um clima de entendimento e
colaboração ente os partidos da burguesia) e mais uma vez levou à sua
dissolução em 1914.

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