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UFCD: 9906 SOCORRISMO BÁSICO

MANUAL DE Formação

2021

Manual elaborado por: Ana Almeida


UFCD: 9906 Socorrismo Básico

INDICE

MANUAL DE Formação...................................................................................1
Âmbito do manual..........................................................................................3
Objetivos................................................................................................................................................3
1- SIEM- Sistema Integrado de Emergência Médica................................................4
1.1 FASES DO SIEM............................................................................................................................4
1.2 ORGANIZAÇÃO............................................................................................................................5
1.3 CHAMADA AO 112.......................................................................................................................6
1.4 O QUE DIZER?...............................................................................................................................7
2- Exame da Vitima.....................................................................................7
3- SUPORTE BÁSICO DE VIDA...................................................................11
4- Emergências médicas..............................................................................17
4.1-AVC...............................................................................................................................................17
4.2- DIABETES E ALTERAÇÕES DE GLICEMIA..........................................................................17
4.3- CONVULSÃO..............................................................................................................................19
4.4- INTROXICAÇÕES......................................................................................................................20
4.5- HEMORRAGIAS.........................................................................................................................23
4.6- LESÕES DA PELE: FERIDAS E QUEIMADURAS.................................................................24
4.7. FRATURAS E OUTRAS LESÕES MUSCULO-ESQUELÉTICAS..........................................27
5- Traumatologia......................................................................................31

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ÂMBITO DO MANUAL

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração
no 9906 – Socorrismo Básico, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

 Identificar os principais sinais e sintomas em situações de doença súbita e trauma.


 Aplicar os procedimentos de socorrismo, de acordo com os sinais e sintomas em situação de
doença súbita e/ou trauma.

Conteúdos programáticos:

 Sistema integrado de emergência médica


 Exame da vítima
 Suporte básico de vida
 Emergências Médicas
o Perda de conhecimento, acidente vascular cerebral; dor torácica, diabetes, dificuldade
respiratória, convulsão
o Intoxicações
o Controlo de hemorragias
o Lesões da pele
o Fraturas
 Traumatologia
o Traumatismos crânio-encefálicos e de coluna
o Imobilização e extração de vítimas

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1- SIEM- Sistema Integrado de Emergência Médica

O sistema integrado de emergência médica (SIEM) é um conjunto de meios e ações que visa uma
resposta atempada a qualquer ocorrência em que exista risco de vida.
Trata-se de um sistema composto por uma sequência de procedimentos que permitem que os meios de
socorro sejam ativados, mas também que estes sejam os mais adequados à ocorrência em causa,
permitindo assim o posterior encaminhamento do doente à unidade de saúde mais adequada.

1.1 FASES DO SIEM

Existem cinco fases que constituem o SIEM


 Deteção
Deteção da ocorrência de emergência médica que corresponde ao momento em que alguém se apercebe
da existência uma ou mais vítimas.
 Alerta
Fase na qual se contacta através do número nacional de emergência médica (112), dando conta da
ocorrência anteriormente detetada.
 Pré-Socorro

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Conjunto de gestos simples executados e mantidos até a chegada de meios de socorro mais
especializados
 Socorro
Cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de doença súbita ou de acidente, com o
objetivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.
 Transporte
Transporte assistido da vítima numa ambulância com caraterísticas, pessoal e carga definidos,
desde o local da ocorrência até à unidade de saúde adequada, garantindo a continuação dos
cuidados de emergência necessários.

 Tratamento / Hospital
Após a entrada no estabelecimento de saúde mais próximo a vítima é avaliada e são iniciadas as
medidas de diagnóstico e terapêutica com vista ao seu restabelecimento.
Se necessário pode considerar-se posteriormente um novo transporte, transferência para um hospital de
maior diferenciação, onde irá ocorrer o tratamento mais adequado à situação.
Existe sim um conjunto de intervenientes que vai desde o público em geral, aquele que deteta a
situação, até aos elementos que permitem que a assistência de urgência seja possível.
Ou seja, entre outros, os intervenientes no sistema são: Público em geral; Operadores das centrais de
emergência; Agentes da autoridade; Bombeiros; Socorristas de ambulância; Médicos; Enfermeiros;
Pessoal técnico dos hospitais; Etc..

1.2 ORGANIZAÇÃO

Esta organização é da responsabilidade do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), cabendo


a este organizar programas específicos de atuação para cada fase. O INEM tem vindo a ampliar a sua
rede de atuação, através de Subsistemas.
De todos estes intervenientes, os que têm como função iniciar os cuidados de emergência no local da
ocorrência e manter esses cuidados durante o transporte até a unidade se saúde são os tripulantes de
ambulância e as equipas médicas de emergência.

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No entanto, é necessário compreender que em algumas situações é fundamental que o cidadão comum
execute alguns «gestos» que permitam «dar tempo ao doente», ou seja, que impeçam que a situação da
vítima se agrave até a chegada do socorro.
Numa situação de emergência em que exista risco de vida para um doente, se não forem aplicadas
medidas básicas de suporte de vida durante o tempo que medeia o pedido e a chegada do meio de
socorro, a recuperação do doente pode ficar definitivamente inviabilizada ou dar origem a sequelas
permanentes.

O 112 é o Número Europeu de Emergência, sendo comum, para além da saúde, a outras situações, tais
como incêndios, assaltos, etc. A chamada é gratuita e está acessível de qualquer ponto do país a
qualquer hora do dia. A chamada será atendida por um operador da Central de Emergência, que enviará
os meios de socorro apropriados.
O número 112 DEVE ser SÓ utilizado em situações de Emergência. Em qualquer caso de emergência,
de Norte a Sul do País, o número 112 pode ser ligado através dos telefones das redes fixa e móvel.

1.3 CHAMADA AO 112


O 112 é o Número Europeu de Emergência, sendo comum, para além da saúde, a outras situações tais
como incêndios, assaltos ou roubos. As chamadas efetuadas para o 112 são atendidas pela PSP e pela
GNR, nas Centrais de Emergência. O 112 canaliza apenas para os Centros de Orientação de Doentes
Urgentes (CODU) do INEM as chamadas que à saúde digam respeito. 

1.4 O QUE DIZER?


Assim que liga para o número 112, é fundamental saber o que dizer de forma clara e sem dúvidas, pois
assim é meio caminho andado para uma boa compreensão por parte de quem está do outro lado, e
também para que, cheguem ao local, os meios mais adequados.
 Indique o género de situação, como doença, acidente, parto, agressão, etc.

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 Indique o número de telefone a partir do qual está a ligar.


 Indique a sua localização exacta, referindo pontos de referência (ex: perto de um edifício
importante).
 Indique qual é a aparente gravidade da situação, se possível fazer o exame primário da vitima
 Deve também dizer qual o número de pessoas que necessitam de socorro, bem como o sexo e
idade.
 Refira quais as queixas e sintomas da pessoa a socorrer, bem como possíveis alterações que vá
observando.
 Deve ainda indicar ao operador determinadas situações específicas, por exemplo um perigo de
incêndio que exija acionar outros meios no local.

2- Exame da Vitima

Quando nos deparamos com uma ou mais vitimas devemos ter sempre o seguinte procedimento:
 Realizar o Exame primário: cujo objetivo é identificar e corrigir situações que coloquem a
vítima em perigo imediato de vida;
 Exame secundário: cujo objetivo é identificar e corrigir situações que, não representando
perigo de vida, podem agravar a situação geral se não forem corrigidas;
 Avaliar e registar os Sinais Vitais
 É fundamental Garantir as condições de segurança da vítima e da equipa de socorro
 Certificar-se que os meios são os adequados e os suficientes

É feito logo que se chega junto da vítima


Avaliar e corrigir as situações que colocam em risco imediato a vida da vítima, ou seja situações de
compromisso das funções vitais.

No exame primário devemos:


 Avaliar o estado de consciência
 Avaliar se ventila
 Detectar hemorragias externas graves
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Garanta as condições de segurança


1- Avalie o estado de consciência

 Abane suavemente
 Chame em voz alta

 Se inconsciente grite por ajuda


 Se consciente PLS ou continue exame

2- Via Aérea
Mantenha a permeabilidade da via aérea;
Desaperte a roupa e exponha o tórax;
Verifique corpos estranhos na boca (comida, próteses dentárias soltas, secreções, etc.)

~
Abertura da Via Aérea

Próteses fixas não remova.


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Pesquise a ventilação
 Ver
 Ouvir
 Sentir
Durante 10 segundos
Se ventilar coloque em PLS
Se não ventilar Solicite ajuda diferenciada

3- Hemorragias externas graves e choque

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Hemorragias
 Imediatamente controladas
Choque
 Pesquisa de sinais evidentes
 Aplicar cuidados de emergência
 Vigilância apertada

4- Nivel de consciência
 A – Alerta
 V – Resposta Verbal
 P – Resposta à Dor
 U – Sem Resposta

5- Avaliação dos sinais vitais

São os principais indicadores das funções vitais.


 Ventilação - Ao conjunto de uma inspiração e uma expiração dá-se o nome de ciclo

ventilatório. Avalia e regista-se: Frequência (12- 20 ciclos no adulto),

Amplitude(normal, superficial ou profunda) e Ritmo (regular ou irregular)

 Pulso ( É a onda de sangue que percorre as artérias cada vez que o coração se contrai.

Avalia e regista-se: Frequência ( 60-90 no adulto), Amplitude (cheio ou fino) e Ritmo


(regular ou irregular)
 Pressão arterial - É a força que o sangue exerce contra a parede das artérias. Deve estar
abaixo de 140 mmHG /85mmHg
 Temperatura- avalia-se com termómetro e as situações de alteração da mesma são a
Hipotermia(abaixo de 35ªC )e Hipertermia ou febre(acima de 38ªc)

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 Dor, que embora de caracter subjetivo deve ser monitorizada, através de escalas , tais
como a imagem seguinte demonstra

3- SUPORTE BÁSICO DE VIDA


A paragem cardíaca subida, no adulto, representa a principal causa de morte na europa. Cerca de 2/3
das mesas ocorre em ambiente extra-hospitalar, pelo que tona fundamental qualquer cidadão esteja apto
a iniciar manobras de reanimação.

O Suporte Básico de Vida é o “conjunto de procedimentos bem definidos e com metodologias


padronizadas” que tem como objetivos:

1.Reconhecer as situações em que há risco de vida eminente;


2.Saber quando e como pedir ajuda;
3.Saber iniciar e sem recurso a qualquer equipamento (è exceção de equipamento de proteção),
manobras que contribuam para preservar a oxigenação e circulação até à chegada das equipas
diferenciadas e, eventualmente, o restabelecimento do normal funcionamento cardíaco e respiratório.

1.Avaliar as condições de segurança

Aproximar-se da vítima com cuidado, garantindo que não existe perigo para si, para a vítima ou para
terceiros (atenção a perigos como por exemplo: tráfego, eletricidade, gás ou outros).

2.Avaliar o estado de consciência

Abanar os ombros com cuidado e perguntar em voz alta: “Sente-se bem?”.

Se a vítima não responder gritar por AJUDA.

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3.Gritar por ajuda


Se houver alguém perto peça para ficar ao pé de si, pois pode precisar de ajuda.

Se estiver sozinho grite alto para chamar a atenção, mas sem abandonar a vítima.

4-Permeabilizar a via

Numa vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a VA. Esta pode ser permeabilizada pela
extensão da cabeça e pela elevação do queixo, o que projeta a língua

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Se tiver ocorrido trauma ou suspeita de trauma, devem ser tomadas medidas para proteção da coluna da
vítima e não deve ser realizada a extensão da cabeça.

Como alternativa, deverá ser realizada a protusão (subluxação) da mandíbula (requer um reanimador à
cabeça para estabilização/controlo da coluna cervical e manutenção da VA permeável).

Para efetuar a protusão da mandíbula:

 Identificar o ângulo da mandíbula com o dedo indicador;


 Com os outros dedos colocados atrás do ângulo da mandíbula, aplicar uma pressão mantida
para cima e para frente de modo a levantar o maxilar inferior;
 Usando os polegares, abrir ligeiramente a boca através da deslocação do mento para baixo.

5.Respiração normal? Avaliar a ventilação/ respiração

Mantendo a VA permeável, verificar se a vítima respira NORMALMENTE, realizando o VOS até 10


segundos:
 Ver os movimentos torácicos;
 Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz;
 Sentir o ar expirado na face do reanimador.

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Algumas vítimas, nos primeiros minutos após uma PCR, podem apresentar uma respiração ineficaz,
irregular e ruidosa. Não deve ser confundido com respiração normal.

Se a vítima ventila normalmente colocar em Posição lateral de segurança (PLS).

6.Ligar 112

Se a vítima não responde e não tem ventilação normal ative de imediato o sistema de emergência
médica, ligando 112.

 Reanimador único: Se necessário abandone a vítima/local;


 Se estiver alguém junto a si, deve pedir a essa pessoa que ligue 112;
 Se CRIANÇA ou vítima de afogamento (qualquer idade) só deve ligar 112 após 1 minuto de
SBV.

Após ligar 112:

 Se DAE DISPONÍVEL, ligue-o e siga as indicações do DAE;


 Se não há DAE disponível inicie SBV.

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7.Iniciar compressões torácicas

Fazer 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 por minuto e
não mais que 120 por minuto.

8.Iniciar ventilações

Após 30 compressões fazer 2 ventilações.

Se não se sentir capaz ou tiver relutância em fazer ventilações, faça apenas compressões torácicas.

Se apenas se fizerem compressões, estas devem ser contínuas, cerca de 100 por minuto (não existindo
momentos de pausa entre cada 30 compressões).

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9.Manter SBV

Manter 30 compressões alternando com 2 ventilações. PARAR apenas se:

• Chegar ajuda (profissionais diferenciados);


• Estiver fisicamente exausto;
• A vítima recomeçar a ventilar normalmente.

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4- Emergências médicas

4.1-AVC

Sinais e sintomas de AVC


 Cefaleias intensas e súbitas (dores de cabeça);
 Parestesias (sensação de formigueiro)
 Perda da força ou do movimento de um dos lados do corpo; HEMIPLEGIA
 Desvio da comissura labial (boca de lado);
 Dificuldade em falar ou em articular as palavras; DISARTRIA
 Incontinência (principalmente urinária);
 Comportamento repetitivo.
Procedimento: manter uma atitude calma e ligar 112 .

4.2- DIABETES E ALTERAÇÕES DE GLICEMIA


O açúcar é essencial para que as células produzam energia. Para que o açúcar possa ser utilizado a
nível celular tem primeiro que ser digerido.Na digestão do açúcar é essencial a presença de insulina,
produzida pelo pâncreas. Quando a produção de insulina é afectada, o açúcar não é digerido circulando
livremente no sangue embora não possa ser utilizado pelas células.
Este quadro clínico denomina-se Diabetes Mellitus
A Diabetes Mellitus classifica-se em dois tipos:
 Diabetes Mellitus Tipo I ou Insulino Dependente
 Diabetes Mellitus Tipo II ou não Insulino Dependente
Ao nível de açúcar no sangue dá-se o nome de glicémia. Ao aumento da quantidade de açúcar no
sangue dá-se o nome de Hiperglicémia
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Á diminuição acentuada da quantidade de açúcar no sangue dá-se o nome de Hipoglicémia


A hiperglicémia resulta habitualmente da insuficiente quantidade de insulina.
A sua instalação é lenta e progressiva. Estamos perante uma hiperglicémia sempre que o valor de
açúcar no sangue é superior 200 mg/dl. Normalmente deve-se a:
 Incumprimento da terapêutica anti-diabética
 Aumento da ingestão de alimentos açucarados
 Sinais e sintomas: Náuseas e vómitos, Fraqueza muscular e tonturas, Pele avermelhada e seca,
Sensação de sede e Hálito cetónico, Aumento da frequência ventilatória, Sonolência, Confusão
mental, Desorientação e Inconsciência - Coma Hiperglicémico
Atuação na hiperglicemia;
 Manter uma atitude calma e segura,
 Avaliar e registar sinais vitais,
 Recolher o máximo de informação,
Manter vigilância dos sinais vitais e evolução do estado de consciência

Hipoglicemia: Resulta da baixa acentuada de açúcar no sangue. A sua evolução é normalmente


rápida e súbita. Estamos perante uma hipoglicémia se o valor da glicémia é inferior a 60 mg/dl
Ocorre quando: existe jejum prolongado, quando os alimentos não são digeridos, quando existe um
incumprimento da terapêutica/dieta ou quando é exigido um maior consumo de açúcar. É a situação
mais frequente nos doentes diabéticos mas pode acontecer a qualquer indivíduo.
 Sinais e sintomas: Ansiedade, irritabilidade ou agitação, Fraqueza muscular, Sensação de fome,
Pulso rápido e fraco, Pele pálida, húmida e viscosa, Tonturas, Náuseas e dor abdominal,
Tremores e convulsões, Desorientação, Confusão mental e Inconsciência - Coma
hipoglicémico
Atuação na hipoglicemia:
 Glicémia capilar inferior a 60 mg/dl
 Água açucarada (15 gr ) - Vítima consciente
 Papa de açúcar (15 gr)- Vítima inconsciente
Manter vigilância apertada dos sinais vitais e evolução do estado de consciência.

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4.3- CONVULSÃO
Trata-se de um estímulo inadequado de várias partes do cérebro. Uma das principais causas de
convulsão é a epilepsia, mas o problema pode acontecer por diversos outros fatores, entre eles, febre
alta, diminuição da glicose no sangue, batidas fortes na cabeça, hemorragia, tumores e intoxicações.
A crise convulsiva é facilmente identificada pelos seguintes sintomas: espasmos musculares em todo o
corpo, olhar perdido ou olhos virados e aumento da salivação. Durante a convulsão, a pessoa também
pode urinar ou defecar involuntariamente, e permanecer se debatendo até a crise passar.
É necessário chamar atendimento especializado.
Deve-se
 Se possível, evite que a vítima caia no chão
-PLS – posição lateral de segurança
- Proteja a cabeça
 Desaperte roupa
- Nunca coloque a mão dentro da boca da vítima para puxar a língua. Devido as contrações
musculares certamente irá mordê-lo
- Após a convulsão, é normal que a vítima esteja sonolência e durma e tenha cianose
- Em alguns casos a convulsão pode causar danos cerebrais

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4.4- INTROXICAÇÕES
As intoxicações podem essencialmente ter três origens: acidental, voluntária ou profissional, sendo a
mais frequente a intoxicação acidental e normalmente por uso ou acondicionamento incorreto dos
produtos.

O agente tóxico pode entrar no organismo humano por uma das seguintes vias:

 Via digestiva – É a mais frequente, normalmente associada a ingestão de alimentos deteriorados


ou a ingestão de medicamentos;
 Via respiratória – Resulta da inalação de gases, fumos ou vapores, ocorrendo na maioria dos
casos em situações de incêndio ou de uma deficiência nas instalações de gás para uso
doméstico;
 Via cutânea – Quando o produto entra em contacto com o organismo através da pele;
 Via ocular – Surge geralmente por acidente, quando um jato de um produto atinge os olhos;
 Por injeção – via parentérica – Acontece com mais frequência nos toxicodependentes ou num
caso de erro terapêutico, quer ao nível da dose quer ao nível da própria substância;
 Picada de animal – Em Portugal as mais frequentes devem-se às picadas do escorpião, alguns
insetos, víboras e peixes;
 Via rectal ou vaginal – São situações raras, que podem surgir em alguns casos de tentativas de
aborto com recurso a substâncias químicas ou pela utilização de alguns medicamentos.

Quando se estiver perante uma intoxicação importa lembrar que, em muitos casos, o melhor socorro é
não intervir, devendo ter sempre presente que, em caso de dúvida, deve ser contactado o Centro de
Informação Antivenenos (CIAV) ou ligar para o número europeu de socorro 112.

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No contacto com o CIAV ou com o 112 indicar:

a) Em relação ao tóxico:
• Identificar o tóxico:
– Nome do produto;
– Cor;
– Cheiro;
– Tipo de embalagem;
– Fim a que se destina.

b) Em relação à vítima:
• Idade;
• Sexo;
• Peso;
• Doenças anteriores.

As embalagens devem acompanhar o doente à unidade de saúde, para facilitar a identificação do agente
tóxico e assim permitir uma intervenção no tempo mais curto possível.

Atuação para intoxicação por via respiratória

Antes de se atuar, verificar se o local é seguro e arejado. Caso seja possível abordar o doente em
segurança, retirá-lo do local para uma zona arejada, se possível administrar oxigénio e contactar os
meios de socorro.

Atuação para intoxicações por via digestiva

Muitas das intoxicações por via digestiva são de fácil resolução pela remoção do conteúdo gástrico
através da indução do vómito, no entanto, a sua realização está dependente do tempo decorrido e do

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produto em causa. Assim, somente deve ser efetuada quando lhe for dada indicação pelo CIAV ou pelo
operador da central 112.

Atuação para intoxicações por via cutânea

Nestes casos, remover as peças do vestuário que estiverem em contacto com o tóxico e lavar a zona
atingida durante pelo menos 15 minutos. Logo que possível contactar o CIAV.

Atuação para intoxicações por via ocular

Nestes casos, lavar o olho atingido, com recurso a água. A lavagem deve ser efetuada do canto interno
do olho para o canto externo e deve ser mantida durante 15 minutos. Assim que possível contactar o
CIAV – 112.

Os restantes casos, devido a sua especificidade, poderão apenas ser socorridos com intervenção médica.
Assim, devem ser acionados os meios de socorro o mais precocemente possível.

4.5- HEMORRAGIAS
Sempre que o sangue sai do seu espaço vascular estamos perante uma Hemorragia A perda de uma
grande quantidade de sangue, rapidamente pode levar à Morte. Quanto á localização as hemorragias
podem ser internas ou externas. As Hemorragias externas são de fácil reconhecimento e estão
associadas a uma ferida . As Hemorragias internas podem ser Visíveis( Saída de sangue pelos orifícios
naturais) ou Não visíveis ( De difícil reconhecimento e Indicada por sinais e sintomas). Quanto à
origem são arteriais, venosas ou capilares.
Hemorragias Arteriais: O sangue é vermelho vivo, sai em jacto que coincide com a contracção
cardíaca. São abundantes e de difícil controle
Hemorragias Venosas :O sangue é vermelho escuro, sai de forma regular e mais ou menos constante
Hemorragias Capilares O sangue é de cor intermédia e sai lentamente. Chegam a parar
espontaneamente.

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Sinais e sintomas
 Saída evidente de sangue
 Respiração rápida e superficial
 Pulso rápido e fraco
 Hipotensão
 Pele pálida e suada
 Hipotermia
 Saída evidente de sangue
 Respiração rápida e superficial
 Pulso rápido e fraco
 Hipotensão
 Pele pálida e suada
 Hipotermia
Procedimento de atuação na Hemorragia Externa; utilizam-se cinco métodos de controle:
 Pressão directa
 Elevação do membro
 Pressão indirecta
 Aplicação de frio
 Garrote- ultimo recurso
Procedimento de atuação na Hemorragia Interna
 Imobilização
 Aplicação de gelo

4.6- LESÕES DA PELE: FERIDAS E QUEIMADURAS

Feridas
Lesões fechadas

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As lesões fechadas são lesões internas em que a pele se mantém intacta e normalmente estão associadas
a uma hemorragia interna. Este tipo de lesões é, na maior parte dos casos, originado por impacto, mas
pode surgir também em determinadas situações de doença.

Tipos de lesões fechadas

Classificam-se como lesões fechadas aquelas em que a pele se encontra intacta. Podem ser hematomas
ou equimoses.

a) Hematoma

O hematoma surge aquando do rompimento de vasos sanguíneos de um calibre considerável,


provocando o acumular de sangue nos tecidos.

Em muitos casos pode estar associado a outros traumatismos, como fraturas. Este acumular de sangue
vai dar origem a um inchaço doloroso de cor escura.

b) Equimose

A equimose, normalmente conhecida por nódoa negra, é o resultado do rompimento de vasos capilares,
levando a uma acumulação de sangue em pequena quantidade nos tecidos.

Atuação

Os cuidados de emergência são iguais para ambos os tipos de lesão, mas é preciso lembrar que este tipo
de lesão pode estar associado a outras mais graves.
Por isso, deve se sempre efetuado o exame do doente.

Quando da presença de uma destas lesões, proceder da seguinte forma:

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• Acalmar o doente;
• Explicar o que vai ser feito;
• Suspeitar de outras lesões associadas;
• Fazer aplicação de frio sobre o local;
• Imobilizar a região afetada;
• Procurar antecedentes pessoais;
• Ligar 112 e informar:
- Local exato;
– Número de telefone de contacto;
– Descrever a situação;
– Descrever o que foi feito;
– Respeitar as instruções dadas.
• Aguardar pelo socorro, mantendo a vigilância do doente.

QUEIMADURAS
São lesões corporais derivadas de contacto directo ou indirecto com fontes térmicas, químicas ou
eléctricas, radioativas.
A gravidade de uma queimadura relaciona-se aos seguintes factores:
 grau,
 fonte,
 extensão da lesão.
Como atuar na queimadura térmica 1º e 2º grau pouco extensas e pouco profundas
 Aplicar água fria na zona afectada durante 10 a 20 min;
 Aplicar vaselina esterilizada, na sua falta aplicar um creme gordo ex: nívea; vaselina
esterilizada
 Não aplicar pasta dos dentes, pão ralado, manteiga, margarina, gelo….ovo,
 Seque com delicadeza. Se tiver flictenas não as rebente;
Como atuar nas queimaduras extensas e profundas

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 Aplicar água fria na zona afectada durante 10 a 20 min;


 Não rebentar as flictenas;
 Retirar toda a bijuteria, para evitar o estrangulamento da zona devido ao edema que se forma;
 Colocar compressas embebidas em soro fisiológico ou água, nas zonas das pregas e no local da
queimadura;
 Aplicar vaselina esterilizada, na sua falta aplicar um creme gordo (ex.: nívea);
 Transportar a vítima ao hospital a fim de ser observada

Como atuar na queimadura química (Queimadura causada pelo derramamento de produtos


químicos corrosivos sobre a pele):
 Lavar com abundante quantidade de água, repetidamente
 Cortar a roupa impregnada de produto
 Consultar imediatamente um profissional de saúde
 

4.7. FRATURAS E OUTRAS LESÕES MUSCULO-ESQUELÉTICAS

O esqueleto é o suporte e proteção do corpo humano. Quando submetido a uma força energética
superior à sua capacidade de absorção podem existir fraturas.

A fratura define-se quando existe toda e qualquer alteração da continuidade de um osso.

Fraturas

As fraturas podem classificar-se da seguinte forma:

• Fraturas abertas (expostas): quando existe exposição dos topos ósseos, podendo facilmente infetar.
• Fraturas fechadas: a pele encontra-se intacta, não se visualizando os topos ósseos.

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Sinais e sintomas de fraturas

• Dor localizada na zona do foco de fratura, normalmente intensa e aliviando após a imobilização;
• Perda da mobilidade. Pode, em alguns casos, existir alteração da sensibilidade;
• Existe normalmente deformação, podendo, em alguns tipos de fraturas, não estar todavia presente;
• Edema (inchaço) normalmente presente, aumentando de volume conforme o tempo vai passando.
• Exposição dos topos ósseos, no caso da fratura exposta, não deixa dúvidas em relação à existência da
mesma;
• Alteração da coloração do membro. Surge no caso de existir compromisso da circulação sanguínea.

Cuidados a ter no manuseamento de fraturas

• Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura;


• Imobilizar a fratura, mantendo o alinhamento do membro, não forçando no caso da fratura ser ao
nível do ombro, cotovelo, mão, joelho e pés;
• No caso de fraturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes de imobilizar;
• Não efetuar movimentos desnecessários.

Imobilizações

Para imobilizar a fratura proceder da seguinte forma:

• Expor o membro. Retirar o calçado e roupa;


• Se existirem feridas, limpá-las e desinfetá-las antes de imobilizar;
• Se a fratura for num osso longo, alinhar o membro;
• Imobilizar a fratura, utilizando preferencialmente talas de madeira, devendo estas estar
obrigatoriamente almofadadas;
• No caso da fratura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento. Se necessário, imobilizá-lo
na posição em que este se encontra.

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Lesões Articulares

Entorse

Rotura ou torção dos ligamentos que reforçam uma articulação, provocada por um repuxamento
violento ou movimento forçado a esse nível.

Sinais e Sintomas

 Dor forte, no momento do acidente, que aumenta com o movimento;


 Edema (inchaço) na região articular;
 Equimose (“nódoa negra”), em alguns casos.

Primeiro Socorro

 Instalar a vítima em posição confortável;


 Fazer aplicações frias no local;
 Conferir apoio à articulação, envolvendo-a em camada espessa de algodão que se fixa com uma
ligadura;
 Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e promover
transporte ao hospital.

Luxação

Perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos que formam uma articulação, o
que acontece quando esta sofre uma violência direta ou indireta.

Sinais e Sintomas

 Dor violenta;
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 Impotência funcional;
 Deformação;
 Edema.

Primeiro Socorro

 Instalar a vítima em posição confortável;


 Imobilizar sem fazer qualquer redução;
 Prevenir/combater o choque;
 Promover o transporte ao hospital.

Lesões Musculares

Distensão

Rotura das fibras que compõem os músculos, resultante de um esforço para além da sua resistência (ex:
levantar pesos).

Sinais e Sintomas

 Dor local de instalação súbita;


 Rigidez muscular;
 Edema.

Primeiro Socorro

 Instalar a vítima em posição confortável;


 Se o acidente é recente, fazer aplicações frias;
 Repouso absoluto do músculo, mantendo-o imóvel;

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 Se houver dúvidas sobre o estado da vítima promover o transporte ao hospital.

Cãibra

Contração sustentada, involuntária e dolorosa de um músculo ou de um conjunto de músculos,


provocada por situações de fadiga muscular, sudação abundante ou qualquer outra situação que
provoque desidratação.

Sinais e Sintomas

 Dor local de instalação súbita;


 Rigidez muscular;
 Edema.

Primeiro Socorro

 Distender os músculos afetados forçando o seu relaxamento;


 Massajar suavemente o local;
 Aplicar, localmente e de forma indireta, calor.

5- Traumatologia

5.1) Traumatismos crânio-encefálicos e de coluna e Imobilização e extração de vítimas


O corpo pode receber uma certa quantidade de energia sem sofrer danos.

Os tecidos moles como a pele podem romper ou deformar, enquanto tecidos firmes como os ossos tem
maior resistência a pequenas forças. Um politraumatizado grave assistido numa unidade de saúde
diferenciada terá maiores possibilidades de sobrevivência. Está provado que na primeira hora (hora de

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ouro) após o acidente forem prestados os cuidados de emergência, maiores são as possibilidades de
recuperação. A taxa desce cerca de 1% por cada minuto perdido.
Qualquer vítima inconsciente após acidente ou de situação desconhecida devemos sempre suspeitar de
Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) e Traumatismo Vértebro-Medular (TVM)

Traumatismo Crânio-encefálico
Sinais e sintomas: Lesões visíveis, Feridas, Edema, Hematoma e equimose, Hemorragia,
Deformação, Deterioração do estado mental, Irritabilidade, Desorientação no tempo e no espaço
Sonolência, Náuseas e vómitos, Deformações do crânio/feridas, Perda de sangue ou L.C.R,
Hematomas peri-orbitais, Alteração pupilar, Alteração das funções vitais , Hipotensão / hipertensão,
Bradicárdia, Hipertermia /rubor, Alteração da mobilidade e sensibilidade, Incontinência de
esfíncteres, Convulsãoe Inconsciência
Cuidados de Emergência

 Ter em atenção ao possível vómito


 Ter em atenção a acumulação se sangue na orofaringe
 Pesquisar a existência de ferimentos ou dentes partidos, próteses, etc.
 Expor as lesões
 Pesquisar a saída de LCR
 Avaliar estado dos membros

Traumatismos Vértebro-Medulares
Ocorrem em situações de Acidentes de viação, Acidentes de mergulho, Quedas, Traumatismos acima
das clavículas, TCE, Soterramento, Electrocussão, Ferimentos por arma branca ou de fogo
Politraumatizados, Traumatismo directo da coluna.
Sinais e sintomas: Dificuldade Respiratória, Alteração da temperatura corporal- hipotermia,
Bradicardia, Hipotensão, Alteração da mobilidade e da sensibilidade, Parestesias- dormencia
Incontinência dos esfíncteres, Dor local

Cuidados de emergência e imobilização


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 Tração e alinhamento da região cervical


 Aplicação do colar cervical
 Avaliação dos Parâmetros Vitais
 Manter a temperatura corporal
 Levantamento da vítima como um todo- bloco
 Imobilização com:
Maca de Vácuo
Plano Duro Completo
Colete de Extracção

Levantamento em bloco

Colar cervical

Colete de extração

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Maca de vácuo

Plano duro

Em suma
Como atuar em caso de Queda e de suspeita de fratura
Se encontrar alguém caído no chão e este referir dor na cabeça, pescoço ou coluna vertebral ou se
referir ausência de sensibilidade ou movimento dos membros, contacte o 112.
Não tente levantá-lo (pode lesioná-lo ainda mais)
Pode suspeitar-se de fratura se houver deformação aparente do membro
magoado, dor ou inchaço intensos

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