Segundo Bosi, em dialética da colonização a palavra colonização vem do latim
colo (eu moro, eu cultivo). Colo gerou palavras derivadas como colonia (terra que esse pode trabalhar e sujeitar), colonus (quem cultiva uma propriedade rural no lugar do seu feitor).¹ No período em que os colonizadores chegaram ao Novo Mundo ainda era muito presente o imaginário do século XV, pois exploradores medievais em seus escritos falavam de terras além do mar onde se encontrava o paraíso e muitas outras lendas. O homem do século XV preferia escutar (história de exploradores medievais) a ver, e quando via ainda continuava acreditando no que tinha escutado. “[...] numa época em que ouvir valia mais do que ver, os olhos enxergavam primeiro o que se ouvira dizer; tudo quanto se via era filtrado pelos relatos de viagens fantásticas, de terras longínquas, de homens monstruosos que habitavam os confins do mundo conhecido [...]” ² O período colonial foi marcado por uma intensa religiosidade, onde os colonizadores sempre buscavam justificar suas decisões (a cristianização dos povos originários, e até a intolerância) baseadas na fé e em Deus. Para o português foi Deus quem os conduziu até o Novo mundo onde acreditavam ser o paraíso terrestre. Para Jean de Léry a beleza do novo mundo reforçava a existência de Deus não apenas por ser belo mas também por ser diferente ³, porém, à medida que o tempo passava e exploravam cada vez mais o novo continente perceberam que não era o que tinham imaginado devido as novas plantas venenosas, temporais, animais diferentes, culturas diferentes e até povos canibais.4 O comércio português se estruturou a partir do “Exclusivo Comercial Metropolitano” onde a metrópole explorava os recursos e tirava lucro da colônia. Com o tratado de alcáçovas (1479), Portugal ficou com a maior parte do território da África negra
¹ ver BOSI. Alfredo (2000), Dialética da Colonização p. 11
² Souza. Laura de Melo (2005), O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 21 ³ Visão calvinista de Jean de Léry, O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 36 4 Degradação da visão edênica, O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 41 5 O escopo do comercio português, O trato dos viventes, p. 29 o que seria essencial para o tráfico negreiro. Durante suas relações comerciais os portugueses perceberam que lucravam mais vendendo escravos do que com a escravidão, é quando fundam a casa dos escravos em Lisboa.5
¹ ver BOSI. Alfredo (2000), Dialética da Colonização p. 11
² Souza. Laura de Melo (2005), O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 21 ³ Visão calvinista de Jean de Léry, O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 36 4 Degradação da visão edênica, O diabo e a terra de Santa Cruz, p. 41 5 O escopo do comercio português, O trato dos viventes, p. 29