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O que são Drogas Psicotrópicas?

Depresores da Atividade do SNC


Estimulantes da Atividade do SNC
Perturbadores da Atividade do SNC

O que são Drogas Psicotrópicas?

O termo droga teve origem na palavra droog (holândes antigo) que significa folha seca;
isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitas à base de vegetais.
Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer substância que é capaz de
modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de
comportamento. Por exemplo, uma substância ingerida contrai os vasos sangüíneos
(modifica a função) e a pessoa passa a ter um aumento de pressão arterial (mudança na
fisiologia). Outro exemplo, uma substância faz com que as células do nosso cérebro (os
chamados neurônios) fiquem mais ativas, "disparem" mais (modificam a função) e como
conseqüência a pessoa fica mais acordada, perdendo o sono (mudança comportamental).

Mais complicada é a seguinte palavra: psicotrópico. Percebe-se claramente que ela é


composta de duas outras: psico e trópico. Psico , é uma palavrinha grega que significa
nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim o que cada um é). A palavra
trópico aqui relaciona-se com o termo tropismo que significa ter atração por. Então
psicotrópico significa atração pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que aCtuam
sobre o nosso cérebro, alterando de alguma maneira o nosso psiquismo.

Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido e direção.
Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida. E quais são
estes tipos?

1º- Depressores da Actividade do Sistema Nervoso


é aquele de drogas que diminuem a actividade do nosso cérebro, ou seja, deprimem o
funcionamento do mesmo o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de
droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são
chamadas de Depressoras da Actividade do Sistema Nervoso Central; o cérebro é o principal
órgão deste sistema).

2º ESTIMULANTES DA ACTIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

São drogas que actuam por aumentar a actividade do nosso cérebro, ou seja,
estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que utiliza dessas drogas fique "ligada",
"elétrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação de Estimulantes da
Atividade do Sistema Nervoso Central.

3º PERTURBADORES DA ACTIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

È constituído por aquelas drogas que agem modificando qualitativamente a actividade


do nosso cérebro; não se trata, portanto, de mudanças quantitativas como de aumentar ou
diminuir a actividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade! O cérebro passa a funcionar
fora do seu normal, e a pessoa fica com a mente perturbada. Por esta razão este terceiro
grupo de drogas recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central.

Resumindo, então, as drogas psicotrópicas podem ser classificadas em três grupos, de


acordo com a actividade que exercem junto ao nosso cérebro:

1. Depressores da Atividade do SNC;


2. Estimulantes da Atividade do SNC;
3. Perturbadores da Atividade do SNC.

Esta é uma classificação feita por cientistas franceses e tem a grande vantagem de não
complicar as coisas com a utilização de palavras difíceis, como geralmente acontecem em
medicina. Mas se alguém achar que palavras complicadas, de origem grega ou latina
tornam a coisa mais séria ou científica (o que é uma grande besteira) abaixo estão algumas
palavras sinônimas:

1. Depressores – podem também ser chamadas de psicolépticos;


2. Estimulantes – recebem também o nome de psicoanalépticos,
noanalépticos, timolépticos, etc;
3. Perturbadores ou psicoticomiméticos, psicodélicos, aluginógenos,
psicometamórficos, etc.

As principais drogas psicotrópicas, e que são usadas de maneira abusiva, de acordo com
a classificação mencionada aqui, estão relacionadas abaixo:

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Depressores da Atividade do SNC

Álcool
Soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o sono): barbitúricos, alguns
benzodiazepínicos;
Ansiolíticos (acalmam; inibem a ansiedade). As principais drogas pertencentes a
essa; classificação são os benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam, etc
Opiáceos ou narcóticos (aliviam a dor e dão sonolência). Ex.: morfina, heroína,
codeína, meperidina, etc
Inalantes ou solventes (colas,tintas, removedores, etc)

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Estimulantes da Atividade do SNC

Anorexígenos (diminuem a fome). principais drogas pertencentes a essa


classificação são as anfetaminas. Ex.: dietilpropriona, femproporex, etc
Cocaína

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Perturbadores da Atividade do SNC

- de origem vegetal:

mescalina (do cacto mexicano)


THC (da maconha);
psilocibina (de certos cogumelos)
lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca)

- de origem sintética:

LSD-25;
"Êxtase"
anticolinérgicos (Artane® , Bentyl®)

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ARTIGO ORIGINAL

Rev. Psiq. Clín. 28 (4):176-182, 2001

Uso de drogas entre estudantes de uma


escola pública de São Paulo
Sueli de Queiroz1
Sandra Scivoletto2
Marcella Monteiro de Souza e Silva3
Paula Goldenstein Strassman4
Arthur Guerra de Andrade5
Wagner Farid Gattaz6

Recebido: 7/10/1999/Aceito: 25/5/2001

RESUMO

Este trabalho apresenta dados sobre o uso do drogas entre


estudantes do ensino médio de uma escola pública de São Paulo
quanto ao uso na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30
dias. A pesquisa foi realizada em outubro de 1997, com o
universo de alunos matriculados na escola (n = 983), tendo sido
analisados os dados de 770 indivíduos. Foi utilizado para a
coleta de dados um questionário anônimo, de
autopreenchimento. Foram estimadas as prevalências de uso de
drogas segundo classe social, sexo e reprovação escolar.
Constatou-se que a droga mais usada alguma vez na vida foi o
álcool (82,6%), seguido de tabaco (49,2%) e maconha (44,7%),
ambas em segundo lugar, e em terceiro lugar, também sem
diferenças entre si, solventes (26,9%) e cocaína (22,5%). A
prevalência de uso de solventes, alucinógenos e cocaína é maior
no sexo masculino. O uso de drogas é maior nas classes sociais
mais altas, com exceção do álcool, que não mostrou variações
nas diferentes classes sociais. Observou-se associação positiva
entre uso de drogas, exceto álcool e tabaco, e reprovação
escolar.

Unitermos: Drogas; Prevenção; Estudantes; Adolescentes.


ABSTRACT

Drug use in high school students of a public school in São


Paulo

This paper presents data about drug use in high school students
of a public school of São Paulo city. Data were analyzed on
lifetime, last 12-month and last 30-days use. The study was
carried out in October, 1997, for the whole sample of registered
students (n = 983), and data obtained from 770 subjects were
analyzed. The instrument used was an anonymous self-
completion questionnaire. Drug consumption was analyzed by
gender, social-economic status (SES), and school performance.
Lifetime prevalence rate was: alcohol (82,6%), tobacco (49,2%),
marijuana (44,7%), inhalants (26,9%) and cocaine (22,5%)
Males were more likely to use inhalants, hallucinogens and
cocaine than females. Use of drugs is greater in higher SES,
except for alcohol use. There was a positive association between
the use of drugs, except alcohol and tobacco, and poor study
performance.

Keywords: Drug use; Prevention; Students; Adolescents.

Introdução

• O consumo de substâncias psicoativas tem gerado em todas as partes do mundo problemas


sociais e de saúde de grande importância, especialmente devido à sua crescente prevalência
(Kessler et al., 1994). A amplitude e a gravidade desses problemas vêm exigindo dos
órgãos governamentais de todos os países políticas e estratégias que possam diminuir o uso
de drogas pela população em geral, bem como evitar as conseqüências do abuso dessas
substâncias. Em nosso país, esses problemas também são preocupantes: estima-se que 39%
das ocorrências policiais a cada ano estejam relacionadas ao uso de álcool (SSP - SP -
1980) e que 50% das internações psiquiátricas estão relacionadas a complicações
decorrentes do abuso de álcool e de drogas. Daí, pode-se deduzir que tais problemas geram
grandes despesas aos cofres públicos e, em especial, aos serviços de saúde, pois as
manifestações clínicas, neurológicas e psiquiátricas requerem um grande número de
consultas ambulatoriais e internações de curta e média duração (Lima, 1995).

).

O consumo de drogas deve ser tratado, fundamentalmente, como problema de saúde pública, sendo
importantes a identificação precoce, o encaminhamento adequado e, principalmente, a multiplicação
de ações preventivas. Diante desse panorama, a tendência mundial é de se investir na prevenção,
porque as conseqüências do abuso e da dependência de drogas acarretam maior ônus social. Além
disso, quanto mais precocemente se intervém, menos se gasta e maior é a possibilidade de que o
tratamento seja bem-sucedido (Holder & Blose, 1986). Segundo Gilchrist (1991), a importância dos
programas preventivos para a redução da transição do uso experimental para o uso regular deve-se
ao pressuposto de que o uso regular pode levar à dependência. Tomando-se como exemplo o álcool,
que é uma das drogas mais utilizadas pelos estudantes universitários (Bucher & Totugui, 1988;
Zanini et al., 1977), constatamos que seu uso continuado pode gerar graves problemas
multissistêmicos, como complicações nos sistemas nervoso, muscular, hematopoiético e endócrino,
além de aparelho digestório e outras complicações (Gitlow & Peyser, 1991;.

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