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Aula

3 - Mapa para entregar aos alunos


1. 1
1.1. A história do Marcelo Espertalhão...

1.1.1. Um devedor astuto que adorava zombar da cara dos


credores

1.1.1.1. Mesmo devendo pra Deus e o mundo, Marcelo vivia


andando de carro de luxo pra baixo e pra cima

1.1.1.1.1. Ele ostentava uma vida de luxo e ainda tirava


onda da cara dos credores...

1.1.1.1.1.1. O que ele não esperava é que o advogado


de um de seus credores fosse meu aluno...

1.1.1.1.1.1.1. Ele não esperava que o meu aluno


fosse aplicar na prática o que ele aprendeu com o
Método PPCR e fosse conseguir desmontar toda a
farsa montada pelo Marcelo...

1.1.1.1.1.1.1.1. No caso, o credor do Marcelo,


cliente do meu aluno, descobriu que o carro que
Marcelo desfilava estava registrado no nome da
sogra dele...

1.1.1.1.1.1.1.1.1. Mas e agora, como agir nesse


tipo de situação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Qual é ação adequada a


ajuizar? Ou basta um pedido dentro da
própria execução?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. E as provas? Que


provas eu preciso apresentar para ter
esse pedido acolhido?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. É exatamente o
que eu vou te ensinar agora.
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. O melhor é
que, além de te ensinar, ainda hoje
você vai receber um modelo da ação
que eu vou te ensinar a usar

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Ação
Probatória Autônoma

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. A
ação probatória autônoma

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
O art. 381 do CPC
estabelece que:

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Art. 381. A produção
antecipada da prova será
admitida nos casos em
que:

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
I - haja fundado receio
de que venha a tornar-
se impossível ou muito
difícil a verificação de
certos fatos na
pendência da ação;

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
II - a prova a ser
produzida seja
suscetível de viabilizar
a autocomposição ou
outro meio adequado
de solução de conflito;
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
III - o prévio
conhecimento dos
fatos possa justificar ou
evitar o ajuizamento de
ação.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Mas o ouro deste artigo
está no § 5º:

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
§ 5º Aplica-se o
disposto nesta
Seção àquele que
pretender justificar a
existência de algum
fato ou relação
jurídica para simples
documento e sem
caráter contencioso,
que exporá, em
petição
circunstanciada, a
sua intenção.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Aqui está o
fundamento para
a propositura da
Ação Probatória
Autônoma.
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No nosso
exemplo, você
precisa
justificar a
existência de
uma relação
jurídica, qual
seja, de que o
Marcelo é
proprietário de
um carro, pois
anda com ele
diariamente,
mas registrou o
bem em nome
da Sogra, que
nunca fica com
a posse do
bem.
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Uma vez
feita essa
prova em
juízo, sobre
o verdadeiro
proprietário
do bem,
depois do
contraditório
exercido na
ação
probatória
autônoma,
você estará
bem mais
perto do
deferimento
do pedido de
penhora na
sua
execução.

1.1.1.1.1.1.1.1.1
ALERTA
PRÁTICO:
deixar
claro que
não se
trata de
uma ação
de
produção
antecipada
de provas
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
Detalhes teóricos e práticos
sobre a ação probatória
autônoma

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.
1

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1
O objetivo dessa ação não
é que o juiz declare algo
(que o Marcelo é o
proprietário do veículo,
por exemplo).

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1
Mas simplesmente
documentar em juízo,
mediante o
contraditório, a
existência de um fato
ou relação jurídica.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.2.
2

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.2.1
O Juiz da ação probatória
autônoma não se
manifesta sobre o
conteúdo da prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.2
Ele apenas controla a
validade da produção
da prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Art. 382, § 2º, CPC
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
§ 2º O juiz não se
pronunciará sobre
a ocorrência ou a
inocorrência do
fato, nem sobre
as respectivas
consequências
jurídicas.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No final a prova
é entregue ao
requerente,
para que ela
faça o que
quiser,
inclusive nada.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Imagine, no
nosso
exemplo,
que a prova
demonstre
que que o
carro é
efetivamente
da sogra do
Marcelo e
que está
locado ao
mesmo.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.3.
3
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.3.1
Qual é o juízo competente
para essa ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.3
Art. 381, § 2º, do CPC

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
§ 2º A produção
antecipada da prova
é da competência do
juízo do foro onde
esta deva ser
produzida ou do foro
de domicílio do réu.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.4.
4

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.4.1
O que deve constar na
petição inicial dessa
ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.4
Art. 382 do CPC

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Art. 382. Na petição,
o requerente
apresentará as
razões que
justificam a
necessidade de
antecipação da
prova e mencionará
com precisão os
fatos sobre os quais
a prova há de recair.
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
As razões para a
produção da
prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No nosso
exemplo:
preciso
produzir a
prova para
pedir a
penhora do
veículo em
uma execução

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Os fatos sobre os
quais a prova
recairá

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No nosso
exemplo: a
prova deverá
recair sobre a
propriedade do
veículo tal

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Qual é o tipo de
prova a ser
realizada
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No nosso
exemplo:
testemunhal e
depoimento
pessoal

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.5.
5

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.5.1
Quem deve constar no
pólo passivo dessa ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.5
Todos os que podem
ser diretamente
atingidos com a
utilização da prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
No nosso exemplo: o
Marcelo e a Sogra do
Marcelo

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.6.
6

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.6.1
Que tipo de prova pode
ser produzida nessa ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.6
Qualquer tipo de prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.7.
7
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.7.1
Pode o requerido produzir
prova na mesma ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.7
Sim

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Art. 382, § 3º, do
CPC

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
§ 3º Os
interessados
poderão requerer
a produção de
qualquer prova no
mesmo
procedimento,
desde que
relacionada ao
mesmo fato, salvo
se a sua produção
conjunta acarretar
excessiva
demora.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.8.
8

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.8.1
Os
requeridos/interessados
podem apresentar
defesa? Há recurso contra
decisão proferida na ação
probatória autônoma?
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.8
Art. 382, § 4º, do CPC:
Neste procedimento,
não se admitirá defesa
ou recurso, salvo
contra decisão que
indeferir totalmente a
produção da prova
pleiteada pelo
requerente originário.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9.
9

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9.1
Como é o procedimento, o
passo a passo dessa
ação?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9
- o autor apresenta a
petição inicial

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9
- o juiz determina a
citação dos
interessados (no nosso
exemplo, do Marcelo e
da Sogra do Marcelo)

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Não se admite
defesa, mas os
interessados podem
peticionar pugnando
a produção de
provas também.
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Como a lei não
fala em que
prazo, isso terá
que ser feito no
prazo assinalado
pelo juiz ou em 5
dias, caso o juiz
não estabeleça
prazo (art. 218, §
3º, CPC).

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9
- o juiz determina a
produção da prova

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
pode ser pericial,
testemunhal,
depoimento pessoal,
etc

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Dica Prática
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Para casos
como o do
nosso exemplo,
o depoimento
pessoal
costuma ser
certeiro.
Dificilmente
uma pessoa
que mente
deixa de cair
em
contradições.
No nosso caso,
ouvir a Sogra
do Marcelo, em
depoimento,
certamente
deixaria
evidente que o
carro não é
dela.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Da mesma
maneira,
ouvir o
vendedor do
carro pode
ser uma boa
1.1.1.1.1.1.1.1.1
Pedir aos
réus que
juntem a
prova da
transferência
bancária....da
conta de
quem saiu
o
dinheiro?

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.9
- depois de produzida a
prova:

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Art. 383. Os autos
permanecerão em
cartório durante 1
(um) mês para
extração de cópias e
certidões pelos
interessados.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Parágrafo único.
Findo o prazo, os
autos serão
entregues ao
promovente da
medida.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.10.
10
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.10.
A necessidade de uma
medida cautelar

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1
Para garantir a
utilidade prática da
ação probatória, você
deve pedir uma
medida cautelar ao
juízo da execução.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Você deve mostrar
que ajuizou a ação
probatória autônoma
e pedir que, até o
encerramento dessa
ação, que seja
impedida a venda do
bem em discussão.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Lembra, sempre,
que pra conseguir
uma medida
cautelar, você
tem que
demonstrar
minimamente a
verossimilhança
de suas
alegações.

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
E como fazer
isso na prática
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Simplesmente
juntando os
elementos
de prova
que você já
tem...Mostra
o Marcelo
desfilando
com o carro,
fotografias,
vídeos e etc.

1.1.1.1.1.1.1.1.1
E mostra
o
ajuizamento
da ação
probatória
autônoma

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.3. A
melhor arma

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1.
A melhor ferramenta jurídica
para provar que um bem é
do devedor, apesar de não
estar no nome dele se
chama

1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1.1
Ação probatória
autônoma
1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1
É essa ação que eu vou
te ensinar exatamente
agora

2. 2
2.1. O caso da Holding familiar

2.1.1. Vamos estudar o caso daquele cidadão muito esperto


que, com o intuito de se livrar de credores, decidiu abrir uma
HOLDING PATRIMONIAL

2.1.1.1. Ele transfere todos os seus bens para o nome de


uma empresa, da qual são sócios ele e os filhos

2.1.1.1.1. A partir daí não tem mais nada em seu nome

2.1.1.1.1.1. Mas mesmo assim ele continua contraindo


dívidas, continua assumindo novas obrigações

2.1.1.1.1.1.1. Agora imagina que você é procurado


por um cliente que tem um crédito com esse
espertão, mas não consegue receber, já que não
existe nada no nome dele

2.1.1.1.1.1.1.1. Eu vou te mostrar que basta


conhecer o remédio jurídico e saber como
produzir a prova, para que você consiga ter
sucesso na execução

2.1.1.1.1.1.1.1.1. Holding Familiar

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Para te ajudar a resolver


esse problema prático, precisamos
relembrar alguns conceitos jurídicos

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. O primeiro conceito


que precisamos rever é o de
RESPONSABILIZAÇÃO PATRIMONIAL
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Como regra, o
devedor responde pelo pagamento da
dívida com os seus bens, com aquilo
que está registrado em seu nome. Isso
está previsto no art. 789 do CPC

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Art. 789. O


devedor responde com todos os
seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações,
salvo as restrições estabelecidas em
lei.

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Mas o
art. 790 do CPC apresenta
hipóteses em que mesmo
estando em nome de outras
pessoas, um bem pode ser
penhorado para pagar dívida do
executado

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Você conhece essas hipóteses?
Sabe como aplicá-las na
prática?

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Art. 790. São sujeitos à
execução os bens:

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
VII - do responsável, nos
casos de desconsideração
da personalidade jurídica.

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2. O segundo conceito


necessário para resolver o nosso caso é o
conceito de DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1. Você precisa
conhecer todas as hipóteses previstas
em lei que permitem a
desconsideração da personalidade
jurídica

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1. Mas para a


nossa aula de hoje basta conhecer o
que dispõe o art. 50 do CC

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.
Estabelece o art. 50 do Código
Civil que:

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
Art. 50. Em caso de abuso da
personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os
efeitos de certas e
determinadas relações de
obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de
administradores ou de sócios
da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo
abuso.

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.
Hipóteses que autorizam a
desconsideração nas
relações de direito civil:
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
1) Abuso da
personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio
de finalidade

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1
Mas o que pode
caracterizar o " desvio
de finalidade"?

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.
O § 1º, do art. 50, do
CC, fala que:

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1
"...desvio de
finalidade é a
utilização dolosa
da pessoa jurídica
com o propósito
de lesar credores
e para a prática
de atos ilícitos de
qualquer
natureza..."

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
Exemplo 1 -
Prática de ato
ilícito:
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
João é sócio
de uma
empresa que
comercializa
cursos pela
internet.

2.1.1.1.1.1.1.1.1
A
empresa
se propõe
a vender
cursos
pirateados
(ato
ilícito)
2.1.1.1.1.1.1.
O
titular
dos
direitos
do
curso
move
uma
ação
contra
a
empresa
de
João,
buscando
a
reparação
do
danos
causados
pelas
vendas
dos
cursos
piratas.
2.1.1.1.1.1
Neste
caso,
a
pessoa
jurídica
foi
utilizada
para
a
prática
de
ato
ilícito
e por
isso
poderá
haver
a
desconside
da
personalid
jurídica.

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Atente-se
que o ato
ilícito pode
ser de
qualquer
natureza,
contratual
ou
extracontratual.
Mas tem que
ser DOLOSO
2.1.1.1.1.1.1.1.1
Imagina
que a
empresa
encaminha
um email
informando
que não
vai
cumprir
uma
obrigação
de pagar,
simplesmente
porque
não quer
cumprir.
Há dolo
no
descumpriment
do
contrato E
ISSO É
CAUSA
PARA A
DESCONSIDERA

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
Exemplo 2 -
Lesar credores:
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Na
pendência
de uma
obrigação,
uma
empresa faz
a doação de
um imóvel
do qual é
proprietária
e com isso
se torna
insolvente.
Pratica,
assim,
fraude
contra
credores.
Neste caso a
execução
poderá
alcançar os
bens dos
sócios.
2.1.1.1.1.1.1.1.1
Aqui,
qualquer
ato de
fraude ou
simulação
pode
mostrar
na prática
a intenção
de lesar
credores
(fraude à
execução,
fraude
contra
credores,
simulação
e etc)

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.2
2) Abuso da
personalidade jurídica,
caracterizado pela
confusão patrimonial

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1
Mas o que pode
caracterizar a confusão
patrimonial?

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.
O § 2º, do Art. 50, do
CC, fala que:
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1
"... Entende-se
por confusão
patrimonial a
ausência de
separação de fato
entre os
patrimônios,
caracterizada por:

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
I -
cumprimento
repetitivo pela
sociedade de
obrigações do
sócio ou do
administrador
ou vice-versa;

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Exemplo:
2.1.1.1.1.1.1.1.1
Bruno é o
sócio
administrador
de uma
empresa
(holding
familiar) e
todo mês
utiliza o
dinheiro
do caixa
da
empresa
para
pagamento
de seu
aluguel.

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
II -
transferência
de ativos ou de
passivos sem
efetivas
contraprestações,
exceto o de
valor
proporcionalmente
insignificante;

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Exemplo:
2.1.1.1.1.1.1.1.1
na
movimentação
financeira
da
empresa,
da
Holding
familiar,

transferências
de
dinheiro
aos
sócios,
sem que
se trate
de pro
labore ou
de divisão
de lucros.

2.1.1.1.1.1.1.
É muito
comum
a
utilização
de
cartão
corporativo
para
pagar
despesas
dos
sócios
2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
III - outros atos
de
descumprimento
da autonomia
patrimonial

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1.2.
No caso do
nosso exemplo,
para descobrir
se a está
havendo
confusão
patrimonial
entre a Holding
familiar e o
devedor do seu
cliente, que é
sócio da
holding, você
vai fazer o
seguinte

2.1.1.1.1.1.1.1.1.1
Vai ingressar
com pedido
de
desconsideração
inversa da
personalidade
jurídica
2.1.1.1.1.1.1.1.1
Vai alegar
que há
confusão
entre o
patrimônio
da pessoa
jurídica e
da pessoa
física dos
sócios,
especialmente
do sócio
que deve
ao seu
cliente

2.1.1.1.1.1.1.
E para
provar
que há
confusão
patrimonial
você
vai
pedir
ao juízo
que
use
uma
nova
funcionalidad
do
SISBAJUD:
2.1.1.1.1.1
A
juntada
aos
autos
de
cópia
dos
extratos
de
cartão
de
crédito
da
empresa,
bem
como
dos
extratos
bancários
do
último
ano....

2.1.1.1.
Com
a
vinda
desses
docume
você
vai
consegu
ver:
2.1.1
-
se
não

paga
de
despe
que
são
típica
de
pesso
física
como
mens
de
escol
comp
de
roupa
jóias,
paga
de
acade
viage
e
etc...
2.1.1
-
se
não

trans
bancá
para
os
sócio
que
não
se
refere
a
adian
de
lucro
ou
pro
labor
2.1.1
-
se
não

débit
autom
na
conta
de
paga
de
despe
pesso
dos
sócio

2.1.1
-
etc
2.1.1.1.
E
o
melhor
é
que
o
STJ
decidiu
recente
que
o
pedido
de
descons
da
persona
jurídica
julgado
improce
não
acarreta
a
condena
ao
pagame
de
honorár
advocat
(REsp
1.845.5
2.1.1
Então
você
pode
arrisc
sem
medo
3. 3
3.1. O devedor abre uma MEI, cria dívida nela, mas mantém bens
no seu patrimônio pessoal

3.1.1. Explicar como fazer na prática

3.1.1.1. Julgado so STJ

3.1.1.1.1. REsp 1.355.000/SP,

4. 4
4.1. A técnica do dinheiro de risco

4.1.1. A empresa devedora recebe suas vendas na máquina de


cartão de outra empresa

5. 5
5.1. O devedor - empresa matriz - deixa sua conta bancária
zerada e usa a conta de uma filial ou vice versa

5.1.1. Julgado: REsp Nº 1.355.812

5.1.1.1. Recurso Repetitivo: tema 614: Inexiste óbices à


penhora, em face de dívidas tributárias da matriz, de
valores depositados em nome das filiais.

6. 6
6.1. O caso da sucessão empresarial

6.1.1. O devedor fecha uma empresa quebrada, mas abre


outra no mesmo local, com outro nome e com sócios diferentes
(um filho e um laranja)

6.1.1.1. Essa nova empresa atua normalmente e tem bens...

6.1.1.1.1. A empresa antiga, devedora do seu cliente, tá


quebrada e não tem nada no nome

6.1.1.1.1.1. Como atingir os bens dessa nova empresa?

6.1.1.1.1.1.1. Eis um caso clássico de


RESPONSABILIZAÇÃO PATRIMONIAL....um caso de
sucessão empresarial fictícia

6.1.1.1.1.1.1.1. Como é uma sucessão


empresarial legal?

6.1.1.1.1.1.1.1.1. Como demonstrar a sucessão


empresarial fictícia e fraudulenta?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1. 1

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. O que é uma


sucessão empresarial?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. Como você


sabe, é perfeitamente possível que o
empresário resolva alienar, arrendar ou
mesmo dar em usufruto a seu
estabelecimento comercial.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1. O tema é
regulado pelo Código Civil nos
artigos 1.144 e seguintes:
6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Havendo o respeito a todas a
formalidade na venda, o art. 1446
do Código Civil estabelece que o
adquirente fica responsável pelo
pagamento dos débitos anteriores
à transferência, desde que
regularmente contabilizados,
continuando o devedor primitivo
solidariamente obrigado pelo
prazo de um ano, a partir, quanto
aos créditos vencidos, da
publicação, e, quanto aos outros,
da data do vencimento.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
Mas e quando essa sucessão é
feita de forma irregular, sem
qualquer formalização?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.
O empresário simplesmente
fecha as portas de uma
empresa, deixando várias
dívidas, e abre outra, com
uma vida nova....

6.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1.1
E aí, o que fazer?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2. 2

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1. A sucessão
empresarial tácita - como responsabilizar
a empresa sucessora pelo pagamento de
dívidas da empresa sucedida.
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1. O que fazer
quando a sucessão empresarial ocorre
de forma irregular, sem as
formalizações necessárias...

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1. Em muitos
casos, em razão da grande
quantidade de dívida, uma empresa
simplesmente fecha as portas,
deixando largo débito. Ela continua
existindo juridicamente, pois não
recebe baixa na junta comercial,
mas deixa de existir fisicamente.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1. E logo
em seguida, outra empresa é
aberta no mesmo local, com
novos sócios, nova denominação,
mas explorando o mesmo ramo
de atividade, atendendo a mesma
clientela.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.
Isso pode caracterizar
sucessão empresarial tática
(presumida) e impor a
responsabilização da nova
empresa pelo pagamento dos
débitos da empresa anterior?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1.
Sim. Para tanto é necessário
que fique demonstrado o
que a doutrina denomina de
"Trespasse Fraudulento";
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1.1
A doutrina justifica a
possibilidade de
responsabilização:

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
“Se as circunstâncias
dos autos indicam que
a Executada foi
sucedida por outra
empresa, que teve o
mesmo objetivo social,
funciona no mesmo
endereço comercial e
utiliza das mesmas
instalações e
mercadorias da
devedora originária, a
empresa sucessora
torna-se responsável
pelas dívidas que a
sucedida contraiu no
exercício de suas
atividades. Evidenciado
o abuso da
personalidade jurídica,
caracterizado pelo
desvio de finalidade e
fraude contra credores,
as obrigações da
empresa sucedida
devem ser estendidas
à sucessora” (Arnaldo
Rizzardo. Direito de
Empresa, 2ª ed.,
Forense, 2007, p.
1112).
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1.2
Há grande corrente
jurisprudencial nesse
sentido:

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
“Execução - Sucessão
de empresas -
Responsabilidade. Tem-
se por caracterizada
sucessão de empresas
quando semelhantes
os quadros sociais e
idênticos os objetivos,
tornando-se uma, que
é Executada em
processo judicial,
inativa e sem
faturamento, ficando a
realização do objetivo
social a cargo da outra.
Reconhecida a
sucessão, imputa-se à
sucessora
responsabilidade
subsidiária pelo
pagamento da dívida
constituída pela
sucedida. Recurso não
provido” (21ª Câmara
de Direito Privado,
Agravo de Instrumento
nº 0237304-
69.2011.8.26.0000, rel.
Des. Itamar Gaino, j.
25.04.2012
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
“Execução por título
executivo extrajudicial.
Sucessão empresarial.
Fraude. Havendo
indicativos de que a
nova empresa foi
constituída com a
finalidade de dar
continuidade aos
negócios da pessoa
jurídica Executada é
possível reconhecer a
existência de trespasse
fraudulento,
transferindo-se para a
sucessora a
responsabilidade pela
dívida da sucedida.
Recurso não provido”
(21ª Câmara de Direito
Privado, Agravo de
Instrumento nº
0049956-
05.2011.8.26.0000 ,
rel. Des. Itamar Gaino,
j. 29.06.2011)

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO
MONITÔRIA. EXECUÇÃO
DE SENTENÇA.
SUCESSÃO DE
EMPRESAS.
IDENTIDADE DE
OBJETO SOCIAL,
ENDEREÇO E
ATIVIDADE ECONÔMICA
EXPLORADA.
PRESUNÇÃO.
DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE
JURIDICA. DESVIO DE
FINALIDADE
CARACTERIZADO.
INTELIGÊNCIA DO ART.
50 DO CÓDIGO CIVIL. -
A MODERNA DOUTRINA
E JURISPRUDÊNCIA
PÁTRIAS TEM
ENTENDIDO QUE, ALÉM
DOS CASOS
EXPRESSAMENTE
PREVISTOS EM LEI, A
SUCESSÃO
EMPRESARIAL,
EXCEPCIONALMENTE,
PODE SER PRESUMIDA
QUANDO A
SUCESSORA, TENDO O
MESMO OBJETO SOCIAL
E O MESMO
ENDEREÇO,
PROSSEGUE
EXPLORANDO IDÊNTICA
ATIVIDADE DA
EMPRESA SUCEDIDA. -
A DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE
JURIDICA DE UMA
EMPRESA, PREVISTA
NO ART. 50 DO CC/02,
NÃO OBSTANTE SE
TRATE DE MEDIDA
EXCEPCIONAL, PODE
SER EFETIVADA
QUANDO
COMPROVADA
OCORRÊNCIA DE
CONFUSÃO
PATRIMONIAL, DESVIO
DE FINALIDADE OU
GESTÃO
FRAUDULENTA. -
RECURSO IMPROVIDO.
MAIORIA. (TJ-DF -
Agravo de Instrumento
AG
104794220078070000
DF 0010479-
42.2007.807.0000 (TJ-
DF) Data de
publicação:
22/01/2008).

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1.3
Quais os pressupostos
que devem ser
demonstrados para a
caracterização da
sucessão empresarial
presumida?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
1

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
a) identidade de
atividade;
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1
Na prática:
comparando o
estatuto social
das duas
empresas você
consegue ver se
elas possuem
objeto social
idênticos ou
semelhantes

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
2

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
b) identidade de
sócios ou manifesta
relação entre eles;

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1
Na prática:
geralmente na
sucessão os
sócios da
empresa
sucessora passam
a ser parentes,
filhos, esposa,
etc, dos sócios da
empresa
sucedida.
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.
Isso também
você consegue
verificar na
simples análise
do contrato
social

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
3

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
c) localização no
mesmo endereço
comercial;

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1
Isso também é
perfeitamente
verificável no
contrato social e
provado por
fotografias...

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
4

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
d) utilização da
mesma
denominação social

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1
Pode ser uma
denominação
semelhante
também...não há
muito rigor nesse
requisito
6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.1.1
OBS 1

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1.1.
Esses pressupostos
são apontados na
seguinte decisão do
STJ

6.1.1.1.1.1.1.1.1.2.1.1.1
AGRAVO EM
RECURSO
ESPECIAL Nº
1.348.949.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.3. 3

6.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1. Como postular, na


prática, a responsabilização da empresa
sucessora?

6.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1.1. Através do
incidente da desconsideração inversa
da personalidade jurídica.

6.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1.1.1. Porque não


há previsão expressa de
procedimento para esse tipo de
caso. Então, o procedimento da
desconsideração, previsto no art.
133 e seguintes do CPC, garante a
todos os envolvidos o pleno
exercício do direito de defesa, antes
de ser imposta qualquer
responsabilização.
6.1.1.1.1.1.1.1.1.3.1.1.1.1.
Lembra que o STJ decidiu que não
há honorários no incidente? Então
vale a pena ajuizar

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