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CICLO DE VIDA

FAMILIAR
Mcgoldrick, M., & Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital
familiar. In F. Walsh (ed), Processos normativos da
família: diversidade e complexidade (pp. 375-395).
Artmed.
Carter, b., & Mcgoldrick, M. (1995). As mudanças no
ciclo de vida familiar. Artes médicas.
As famílias são compostas por aqueles que possuem uma história e futuro compartilhados,
abrangendo o sistema emocional de três a cinco gerações unidas por laços de sangue, legais
e/ou históricos.

As relações entre pais, irmãos e outros membros da família passam por transições à medida
que avançam no ciclo vital.
• Desinstitucionalização do curso de vida: emergência de padrões de vida heterogêneos e
declínio das trajetórias de vida convencionais, padronizadas, previsíveis.

Transformações profundas na estrutura e na dinâmica da família:


A família está sumindo ou irá sumir?

• A família tem manifestado a capacidade de sobreviver e de se adaptar através de diferentes


arranjos e modificações de papeis e funções de seus membros, uma vez que seu principal
valor são os relacionamentos, os quais são insubstituíveis.

• Quando os membros da família agem como se os relacionamentos familiares fossem


opcionais, eles o fazem em detrimento do seu próprio senso de identidade e da riqueza do
seu contexto emocional e social.

• O desenvolvimento de um senso integrado de nós mesmos requer a incorporação de um


senso de segurança, pertencimento e estabilidade sobre quem somos em relação ao nosso
contexto familiar e social mais próximo.
À medida que a tessitura da vida foi se
transformando e se tornando mais
complexa, a pesquisa e os modelos
terapêuticos também precisaram mudar,
levando em considerando tanto o contexto
circundante como o fator tempo no
desenvolvimento humano.

Os parâmetros que delimitam os estágios


são, portanto, arbitrários e variáveis,
devendo, desta forma, ser abordados
dentro de uma perspectiva sociocultural e
histórica específica.
• Objetivo da teoria do ciclo de vida familiar: oferecer visão do ciclo de vida em termos do
relacionamento intergeracional da família.

• As famílias costumam perder a perspectiva do tempo quando estão tendo problemas –


podem ficar presas ao passado ou amplificar o momento presente (imobilizadas pelos
sentimentos imediatos) ou fixadas em um momento no futuro que anseiam ou temem.

• Entretanto, há um movimento contínuo desde o passado até o futuro e a perspectiva do


ciclo de vida familiar visa examinar os sintomas e disfunções familiares, considerando um
funcionamento esperado ao longo do tempo.

• Terapia como uma forma de ajudar a estabelecer o momento desenvolvimental da família.

• Há princípios usados para definir os estágios e tarefas do ciclo de vida familiar que tendem a
ser unificadores, a exemplo da reação emocional à perda de membros da família, e esses
são tomados para definição dos estágios.
Ciclo de vida familiar (Carter & McGoldric, 1995)
Início da idade
adulta – entre
famílias

Novo casal –
Famílias no
união das
fim da vida
famílias

Famílias na Famílias com


meia idade: filhos
“ninho vazio” pequenos

Famílias com
adolescentes
• Cada sistema, seja individual, familiar e
cultural, pode ser representado ao
longo de duas dimensões no tempo:
• 1) histórica – eixo vertical
• 2) desenvolvimental – eixo horizontal
• A ansiedade gerada onde os eixos
vertical e horizontal convergem, e a
interação dos vários sistemas e como
eles trabalham em conjunto para apoiar
ou impedir um ao outro, são
determinantes de como a família irá
manejar as suas transições.

• Portanto, é importante avaliar não


somente as dimensões do estresse atual
do ciclo vital, como também suas
conexões com temas familiares e
triângulos que se formam na família.

• Exemplo: parentalidade desejada e


planejada e não desejada.
Processo emocional de transição
Fase Questões desenvolvimentais
atitude essencial

a. Diferenciação do eu - família de origem


Aceitar responsabilidade
1. Início da idade adulta b. Desenvolvimento de relacionamentos íntimos
emocional e financeira pelo eu
c. Trabalho e independência financeira

Comprometimento com novo a.Formação do subsistema conjugal


2. Novo casal
sistema b.Realinhamento das relações com a família de origem e amigos para inclusão do cônjuge

a. Ajuste conjugal para criar espaço para os filhos


3. Famílias com filhos Aceitar novos membros no
b. Coparentalidade - tarefas e financeira
pequenos subsistema
c. Realinhamento da família de origem – papel de pais, avós, tios

Aumentar flexibilidade das


a. Modificar relacionamento pais-filhos – movimento do adolescente dentro e fora do sistema
fronteiras familiares para incluir
4. Famílias com adolescentes b. Novo foco relacional – conjugal e profissional
independência dos filhos e
c. Mudança - começar a cuidar da geração + velha
fragilidade dos avós

a. Renegociar sistema conjugal - díade novamente


Aceitar várias entradas e saídas no
5. Famílias na meia idade b. Relação adulto-adulto com filhos
sistema familiar
c. Inclusão de novos membros – cônjuges dos filhos e netos

a. Manter funcionamento casal e interesses próprios - declínio


Aceitar mudança nos papéis b. Apoiar papel mais central geração do meio - filhos cuidadores
6. Famílias no fim da vida
geracionais c. Perda cônjuge e familiares, lidar com própria morte - revisão
e integração da vida
Ciclo vital da família brasileira

CERVENY, Ceneide; BERTHOUD,


Cristiana. Ciclo vital da família
brasileira. In: OSÓRIO, Luiz Carlos;
VALLE, Maria Elizabeth. Manual de
terapia familiar. Porto Alegre: Artmed.
2009. (Cap. 1, p. 25-37)
Quatro estágios pelos quais a família passa, não rigidamente determinados:

fase de aquisição
fase adolescente

fase madura e
fase última
PESQUISA

• 1.105 famílias paulistas de classe média

Aquisição
Adolescentes
Madura
Última
14
15
Fase de aquisição
• Período da união do casal até a entrada dos filhos na adolescência.

• Eixo propulsor - definições de um modelo próprio de família, constituição da


parentalidade.

• Aspirações da fase: qualidade de vida, rede de relações, complementação de


estudos com vistas ao crescimento profissional, empregos com benefícios que
incluam a família.

• Maior número de aquisições.


Família adolescente
• Nome dado devido ao fato de na maioria
das famílias haver uma tendência de
todos adolescerem - os pais revivem a
própria adolescência.

• Pais na faixa dos 40 anos,


preocupam-se com o aspecto físico –
requer atualização!
• A hierarquia na família fica dissolvida
entre pais e filhos.
• As regras da primeira fase já não dão
conta do bom funcionamento da
família.
Muitas vezes, acontece de só um dos pais
adolescer, e o cônjuge que não adolesceu
ficar com mais responsabilidade pelo
cuidado dos filhos.

Principais valores, tarefas da família nessa


fase e algumas mudanças importantes:
- Maior abertura ao diálogo entre pais e
filhos;
- Flexibilização de valores e normas de
conduta.
Fase madura
• É a mais longa do ciclo vital.

• Compreende a saída dos filhos de casa, a entrada de agregados e netos, o início


de perdas e de cuidados com a geração anterior, o preparo para a aposentadoria
e o cuidado com a saúde, tendo em vista o envelhecimento.

• Fase da casa cheia, ao contrário do ninho vazio americano – está mudando, pois
as famílias estão menores.

• Os adultos jovens estão tendo maior facilidade para obter independência


econômica, mas nem sempre independência familiar.
Uma ocorrência que está crescendo na classe média é a permanência dos filhos na casa dos
pais, mesmo tendo condições de viver com independência - geração canguru.

Filhos bumerangues: aqueles que saem da casa dos pais ou em função do casamento ou de
trabalho e retornam. Os que se separam, muitas vezes, retornam com os filhos, tornando o
ninho mais cheio.
Fase última
• Fase ampliada pela longevidade, inicia-se
quando o casal volta a ficar sozinho.

• A qualidade e as características dessa fase


são quase uma consequência de como
foram vividas as anteriores.

• Caso o casal tiver a chance de manter um


bom padrão de vida, ter cuidados, lazer,
entre outros, esta será uma boa fase.

• A viuvez talvez seja o fenômeno mais


esperado e difícil da fase última.

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