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“Livre do Pecado, Escravo de Deus”

(Romanos 6:15-23)
Orar.

O capítulo 6, nos ensina sobre santificação, ou como os crentes crescem em


santidade, se tornando mais e mais parecidos com o Senhor Jesus Cristo.
A passagem começa no versículo 15 com uma pergunta muito parecida com
uma pergunta anterior do versículo 1. Versículo 15: “Pois quê? Pecaremos
porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?” E a resposta: “De
modo nenhum!” Vejam como é parecido com o versículo 1: “Que diremos pois?
Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” E novamente a
resposta é: “De modo nenhum!”
Paulo antecipa que esse ensinamento sobre o Evangelho pode ser mal
compreendido. Ele tem enfatizado com tanta veemência a segurança da nossa
salvação que ele teme que alguns possam compreender isso de forma errada.
Ele tem enfatizado muito que nós somos justificados – declarados justos –
somente pela fé em Cristo e não por qualquer mérito da nossa parte, por
qualquer obra que façamos, qualquer contribuição nossa, e que nós não
fazemos nada para adquirirmos nossa salvação ou para permanecermos
salvos; é tudo pela graça, um presente gratuito de Deus.
E então Paulo antecipa que alguns podem ouvir esse ensinamento e concluir:
“Bem, então suponho que não tem nada de mais um crente continuar pecando;
uma vez que ele está debaixo da graça e salvo para sempre e não há nada que
possa mudar isso.” Ouçam como Paulo trata esse tipo de argumento.

Introdução:
Os crentes que estão crescendo fazem várias perguntas para os pastores, mas
talvez a pergunta mais freqüente seja: “Como eu posso ter vitória sobre o
pecado e a tentação?” Essa é uma pergunta muito boa para se fazer porque
quem a faz revela um desejo de se tornar cada vez mais parecido com Jesus
Cristo. A palavra usada para se tornar mais parecido com Cristo é “santidade”
ou “santificação”. Santidade ou santificação é um processo para nos tornarmos
mais puros em nosso comportamento, um processo que dura uma vida e que
começa no momento em que uma pessoa recebe Jesus como Salvador e é
regenerada ou nasce novamente. Santidade ou santificação é um processo
diário pelo qual o crente se torna cada vez mais forte ao vencer o pecado e a
tentação.
Muitos de nós querem isso! Queremos ser fortes diante do pecado e da
tentação. Na verdade, se nós não queremos isso, se não desejamos crescer
em santidade, pecar menos e amar mais a Cristo, então nós nem somos
salvos, porque a salvação muda a pessoa. “Se alguém está em Cristo, ele ou
ela é uma nova criatura. As coisas velhas passaram. Eis que tudo se fez novo
(2 Coríntios 5:17).”

A repetição contínua dessa frase: “Estou morto para isso e vivo para Deus em
Cristo Jesus” não é um mero pensamento positivo, não é a psicologia de
conversa consigo mesmo em que alguém diz algo que ele ou ela deseja que
seja verdade, é a lembrança contínua para nós mesmos de que algo é
verdade. Verdadeiramente estamos mortos para o pecado no sentido de que
morremos para o antigo domínio, a velha pessoa que uma vez nós fomos “em
Adão”. Não vivemos mais lá. Mudamos radicalmente de endereço. Tivemos
uma “transferência de bens”. Agora estamos “em Cristo.”

Quero realmente ajudar a cada um de nós nesse assunto de crescer em nossa


santificação, nos tornando cada vez mais parecidos com Cristo, crescendo em
nossa santidade com o passar dos dias, aumentando em pureza de vida e no
comportamento santificado. Pedro escreve em 1 Pedro 1:15-16: “Mas, como é
santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa
maneira de viver. Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.”

Paulo ensina algumas coisas aqui na segunda metade do capítulo 6 que nós
precisamos com certeza saber sobre santidade. Primeiro:

I. Santidade requer Evangelismo (15-18)

Não somos crentes de forma alguma se não ouvirmos e recebermos a verdade


do Evangelho. Você não pode crescer em Cristo até que você tenha nascido
em Cristo. Você não pode falar em crescimento em santidade até que você se
torne santo através da fé em Jesus Cristo. Então, e somente então, você pode
começar a falar em crescimento em santidade. Tudo começa com
evangelismo. Precisamos ouvir o Evangelho e sermos salvos do pecado.

Nos primeiros quatro versos de nosso texto, Paulo revela as duas únicas
opções para toda a humanidade. No capítulo 5, Paulo fala sobre dois homens
e aprendemos que cada pessoa está ligada a um ou a outro? Toda pessoa
está ou “em Adão” ou “em Cristo”. Toda pessoa ou está “no pecado” ou foi
“liberta do pecado”. Bem, Paulo dá essas duas opções novamente, dessa vez
com a ilustração da escravidão. Versículo 16:

16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe
obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a
morte, ou da obediência para a justiça?

Cada um de nós neste lugar ou é escravo do pecado que leva à morte, ou


escravo da obediência que leva à justiça. É uma outra forma de dizer que
estamos todos ou “em Adão” ou “em Cristo”. Cada um de nós ou é escravo do
pecado ou escravo de Deus.
Agora a pergunta que não quer se calar:
Você é escravo de quem?

O fato de Paulo estar usando a ilustração de escravidão pode soar estranho


aos nossos ouvidos, mas, na Roma do primeiro século, escravidão era algo
que fazia sentido para praticamente todo mundo na igreja. Estima-se que o
Império Romano era constituído de 1/3 de escravos. Inicialmente, acharam
uma boa ideia que todos os escravos no império usassem algum tipo de
vestimenta distinta dos demais, por exemplo, todo escravo usando a mesma
camisa, mas alguns disseram que, se fizessem isso, os escravos perceberiam
o quanto eles eram numerosos e poderiam ousar se revoltar. Os cristãos de
Roma entendiam bem a escravidão. É possível que metade dos cristãos em
cada igreja fosse de escravos ou fosse de pessoas que haviam sido escravas
anteriormente. Então Paulo usa essa ilustração porque essa ilustração era um
bom recurso. Chamava a atenção deles.
E chama nossa atenção hoje. Não sei se vocês já pensaram dessa forma
antes. Cada um de nós é ou escravo do pecado ou de Deus. Ou o pecado é
nosso senhor ou Deus é nosso senhor.

A Bíblia ensina que nascemos neste mundo escravos do pecado. O pecado é


nosso senhor. Essa foi a questão mais abordada em Romanos 5:12. O pecado
entrou no mundo por meio de Adão e a morte alcançou a todos porque todos
pecaram. Somos pecadores por natureza. Nascemos escravos do pecado. E
Paulo lembra a cada cristão que, pelo poder do Evangelho, pela obra
evangelística da pregação, do alcance e do ensino do Evangelho, os cristãos
foram libertos de sua escravidão ao pecado. Verso 17:
17 Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de
coração à forma de doutrina a que fostes entregues (ou confiados).
A “forma de doutrina” a que ele se refere é o ensino pleno do Evangelho que
Paulo vem detalhando do capítulo 1 até esse ponto no capítulo 6. É o
Evangelho que Paulo explicou com todo cuidado e em grande detalhe, o ensino
completo de como nossos pecados foram perdoados pela justificação, pelo fato
de termos sido declarados justos e “não culpados” diante de Deus. Isso – e
nada além disso – é o que liberta a pessoa da escravidão do pecado e a leva a
um novo senhor.
18 E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.

Assim, se alguém é cristão, ele foi anteriormente um escravo do pecado, mas


acreditou no Evangelho agora é um escravo da justiça. Ele possui um novo
Senhor.

É por isso que Paulo parece tão exultante no verso 17: Mas graças a Deus
que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina
a que fostes entregues. E quero lembrar a cada um de nós que essa é a única
maneira de todos nós sermos salvos hoje. Não nos tornamos cristãos
guardando a lei, guardando os 10 Mandamentos, sendo “bons meninos e
meninas” ou “homens e mulheres bons e valorosos”. Podemos ser bons
meninos e meninas e ainda estarmos perdidos porque nunca fomos libertados
de nosso cativeiro do pecado e suas conseqüências e não fomos libertos
porque não acreditamos no Evangelho. Temos de acreditar que Jesus morreu
na cruz por nós e por nossos pecados. Temos de acreditar que Ele ressurgiu
dentre os mortos para que possamos ser declarados justos pelo que Ele fez em
nosso lugar, levando nossos pecados sobre Si mesmo e nos dando a Sua
justiça. É assim que somos livres do pecado.

Ora, alguém pode dizer, “Bem, cri no Evangelho. Creio que Jesus morreu na
cruz por meus pecados. Acredito em tudo isso, mas não me sinto liberto do
pecado. Ainda luto com o pecado. Como é que se pode dizer que estou
liberto”?

Bem, temos de lembrar que Paulo está falando de libertação do pecado não no
sentido da perfeição sem pecado, como se nosso ser liberto do pecado
significasse que jamais lutaremos contra o pecado outra vez. É claro que
lutamos com isso. É por isso que Paulo diz em 6:12, “Não reine, portanto, o
pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas
concupiscências.” Não deixe que o pecado governe e reine. Lembre-se que
você morreu para o velho modo de viver. É isso que o seu batismo simbolizou.
Simbolizou sua morte para o velho modo de vida. Você morreu para o reinado,
governo e poder do pecado sobre você.
Pense na sua vida como se fossem dois volumes de um livro. O volume I foi
sua vida antes de Cristo. O volume II é sua vida em Cristo. Ou pense na sua
vida anterior sem Cristo como se fosse a vida do lado errado dos trilhos e sua
nova vida em Cristo como sendo a vida do lado certo dos trilhos. Essas
imagens nos ajudam a entender que, quando Paulo diz, “vocês foram
libertos do pecado”, ele não quer dizer que você não lute mais contra o
pecado, ou que Satanás não possa gritar para você do outro lado dos
trilhos, tentando fazer você voltar à velha vizinhança. Paulo quer
meramente dizer que você foi liberto daquele reino e que você não deve
voltar para lá. Você está morto para isso.

Talvez alguns de vocês se sintam assim. Você luta com um pecado recorrente
de algum tipo. Você diz, “Se todos soubessem como eu luto com esse pecado
continuamente, me expulsariam dessa igreja! Que devo fazer? Como é que vou
crescer em santidade?” Bem, eis aqui uma verdade reveladora para você. Você
está pronto? Eis aqui a segunda coisa que você tem de entender melhor sobre
santidade:

II. Santidade requer esforço (19)

19 falo como homem, pela fraqueza da vossa carne;

Essa é a maneira de Paulo dizer, “Essa analogia com a escravidão que estou
usando aqui é uma mera ilustração. Não quero que vocês entendam mal o que
quero dizer, então estou usando essa ilustração.
Pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à
imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos
membros para servirem à justiça para santificação.

Vocês costumavam apresentar seus membros para servirem à imundície.


“Membros” aqui se refere a partes do corpo. Antes de você se tornar cristão,
você oferecia as partes do seu corpo – suas mãos, pés, bocas, olhos e até
mesmo suas mentes – ao pecado. Com suas mãos você pegou coisas que não
eram suas. Com seus pés, visitou lugares que não deveria ter visitado. Com
sua língua, você disse coisas que não deveria. Com sua mente, pensou coisas
que não deveria ter pensado etc. Você apresentou seus membros – as partes
de seu corpo – como escravos da imundície, e da maldade que leva a mais
maldade. Você estava em pecado. Isso foi antes de Cristo. Essa era sua vida
“em Adão”. Esse foi o Volume I. Você morava lá, do outro lado.
Mas, daí, Paulo diz, “Não faça mais isso e, na verdade, na mesma proporção
que seu velho eu era comprometido com o pecado, comprometa seu novo eu
agora com a nova vida em Deus”. Veja isso no verso 19: “assim como
apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade
para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à
justiça para santificação”. Percebem o “assim como” e o “assim agora”? Paulo
diz que você costumava usar seu tempo e energia com empenho, agora use
seu tempo e energia para Deus com o mesmo empenho. Pode-se dizer isso de
você? Você está comprometido com o viver para Cristo como estava
comprometido com o viver para o mundo? A vida cristã é uma vida de
atividade, de crescimento em Cristo, de crescimento em pureza e santidade.
Sendo assim, quando somos salvos, não ficamos estagnados. Não ficamos em
ponto morto. Devemos fazer alguma coisa. Deus nos salvou para que nos
oferecêssemos a Ele. Crescemos a cada dia que passa, nos tornando mais e
mais parecidos com nosso Senhor Jesus. A santidade requer esforço.

Há pessoas que ensinam erroneamente que santidade é o resultado de


ficarmos em ponto morto. Elas dizem coisas do tipo, “Bem, você só tem de
“deixar pra lá” e “deixar Deus fazer”. Esse tipo de ensinamento não ajuda
ninguém a crescer em santidade. Santidade não é simplesmente “deixar pra lá
e deixar Deus fazer”. Santidade requer esforço. Se quisermos ter vitória sobre
o pecado e as tentações, vamos precisar de um bom trabalho antiquado – não
trabalho para ganhar nossa salvação ou para mantê-la – não esse tipo de
trabalho. Não somos salvos por obras/trabalhos de justiça, por guardar
sacramentos e assim por diante.

Paulo diz claramente em Efésios 2:8-10: “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para
que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para
as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.

Não trabalhamos para sermos salvos, mas passamos a trabalhar assim que
somos salvos. Boas obras são o subproduto natural de nossa salvação. As
boas obras são nosso “bilhete de agradecimento” a Deus por Sua salvação. É
isso que Paulo está dizendo no verso 19, “assim apresentai agora os vossos
membros para servirem à justiça para santificação”. Santidade requer esforço
para continuarmos vivendo buscando a perfeição em Cristo.
Agora vamos observar a terceira e última característica de quem é livre do
pecado e escravo de Deus.

III. Santidade resulta em vida eterna (20-23)


Deixe-me ler os versículos 20 a 23:
20 Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.
Ou seja, vocês eram “livres da fidelidade para com a justiça”. Mas escravidão
ao pecado não é uma posição que cause inveja:
21 E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais?
Porque o fim delas é a morte.
Essa é uma outra maneira de dizer, “O pecado tem conseqüências”. O
resultado final da escravidão ao pecado é morte por todos os lados, espiritual e
fisicamente.

22 Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o


vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.

O pecado tem conseqüências e a santidade tem conseqüências. Tendo sido


“liberto do pecado”, você é agora um escravo de Deus. E qual é o resultado?
Você dá frutos para a santidade. Você cresce em santidade. Você se torna
cada vez mais parecido com o Senhor Jesus Cristo. E qual é o resultado final
da santidade? A última parte do verso 22, “vida eterna”. E, em seguida, esse
verso que muitos de nós conhecemos, verso 23:
23 Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.
Vemos no verso 23 há dois senhores: o pecado e Deus. Vemos dois resultados
possíveis: morte ou vida eterna. Vemos dois modos de conseguir esses dois
resultados: receber salários ou receber um presente. Não há como optar pelas
duas coisas. Ou você é escravo do pecado ou escravo de Deus. Um leva à
morte. O outro leva à vida.
Como é irônico o fato de os cristãos serem escravos e livres ao mesmo tempo!
Mas é um tipo diferente de escravidão, não é? É uma escravidão imersa em
amor por nosso Senhor.

O que significa ser um escravo de Deus de verdade? Não é que tenhamos


medo Dele. É por causa do nosso grande amor por Ele e pelo fato de que Ele
nos libertou do pecado pelo poder do Evangelho que queremos servi-Lo. Nós O
amamos por quem Ele é e pelo que fez por nós em Cristo e estamos motivados
a viver vidas santas como forma de agradecimento a Ele por seu amor.
Conclusão

Nossa vida precisa ser reavaliada todos os dias, o que se espera do Cristão é
uma mudança real de vida, uma mudança profunda dentro dos corações,
contudo, é preciso enfatizarmos que essa é uma ação do Espirito Santo na vida
do indivíduo, por outro lado, Jay Adams nos mostra que essa é uma ação não
só passiva, mas que envolve uma ação ativa dos Crentes.
Antes você era escravo do pecado, e agora é livre, porém voltou a ser escravo
de Deus, mas uma escravidão que te dar liberdade de viver de modo digno,
servindo e vivendo de acordo com sua vontade, e acima de tudo, uma vida
plena com a Salvação eterna.

Oremos.

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