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ANTEPROJETO DE PESQUISA
RESUMO
Este projeto de pesquisa busca investigar através dos conceitos de Hannah Arendt, os dilemas
que enfrentamos no exército político dentro da Esfera Pública e também suas problemáticas
no mundo atual utilizando a perspectiva da autora como eixo fundamental na reflexão do agir.
Para tanto, a presente pesquisa tem como ponto central de investigação os conceitos de Esfera
Pública, Ação, Vontade e o Poder em detrimento dos valores morais. Visto que com a
emancipação do homem e a inserção na Esfera Pública possibilitou a prática política num
local de exercício da liberdade e da pluralidade humana, todavia a prática política tem se dado
de diferentes formas ao longo da tradição do pensamento político. O que na polis grega o
âmbito restringia-se ao pequeno grupo de indivíduos da aristocracia ateniense participante,
sucede-se na república romana, e para mais na modernidade com a ascensão das constituições
dos estados nacionais, assim Esfera Pública tornou-se local de emancipação da burguesia
sujeitando a vida política ao homo faber. Portanto, a abordagem dessa pesquisa é
compreender os vários aspectos do espaço político e forma de atuação, entendendo-se que é
somente a manifestação geral da vontade que se garante a liberdade.
PROBLEMA E DELIMITAÇÃO
1 “A opinião de que o labor e o trabalho eram vistos com desdém na antiguidade pelo fato de que somente os escravos exerciam é um preconceito dos historiadores modernos. Os antigos
raciocinavam de outra forma: achavam necessário ter escravo em virtude da natureza servil de todas as ocupações que servissem às necessidades de manutenção da vida. Precisamente por este
movito é que a instituição da escravidão era definida e justificada. Laborar significava ser escravizado pela necessidade, escravidão esta inerente às condições da vida humana”. ARENDT,
Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo. Ed. 10º, Rio de Janeiro: Forense universitária, 2009. p. 94
espaço, agora composto pelos que laboravam antes excluídos, e colocou o poder político
como principal objeto de disputa da Esfera Pública, a partir desse momento não mais como
espaço da liberdade, e sim, forma emancipatória do homem e de manutenção do poder.
Nesse novo panorama da Esfera Pública surgem as questões morais, um conflito
entre os interesses daquilo que é próprio e os assuntos comuns. Resultado da emancipação da
burguesia à esfera política com toda a voracidade econômica na personificação dos estados
políticos; a novidade da era moderna que amplia atuação do local dos assuntos comuns
adquire contornos peculiares na contemporaneidade, visto que entre as atividades da condição
humana, labor, trabalho e ação se transformam e modificam seus espaços de atuações. Assim,
a questão econômica ampliou sua esfera de atuação e fez com que a burguesia ingressasse na
política trazendo com ela o trabalho para o centro da Esfera Pública. O que apresenta
indagações referente ao que denomina-se de declínio da Esfera Pública 2, resta solucionar os
problemas de excelência da Esfera Pública, espaço que foi transformado em artificial e
dominado pelo trabalho e a mundanidade.
2 CARDOSO JUNIOR, Neorione N. Hannah Arendt e o declínio da esfera pública/Nerione N. Cardoso Júnior – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2005.
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
OBJETIVOS GERAIS:
Investigar a concepção arendtiana de Esfera Pública e suas relações com a ação e o juízo
político na contemporânea. Hannah Arendt, autora em destaque, apresenta em suas reflexões
políticas nas obras: A Condição Humana, Origens do Totalitarismo, Entre o Passado e o
Futuro e Sobre a Revolução. Em seus textos, ela evidencia questões extremamente atuais, de
modo que, os conceitos; Esfera Pública, Ação, Juízo Político, Vontade e o Poder vivenciam
um constante conflito dentro do exercício da política, que é elemento essencial contra as
formas de totalitarismo e imperialistas de organização social contemporânea. Tal ponto de
inflexão é centro na literatura da autora, assim entende-se ser a melhor linha de investigação
das problemáticas políticas dos espaços comuns. Por isso, compreender a Esfera Pública e o
Agir é primordial.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
3Ibidem, 2009, p. 4
4“A Ação política na esfera pública, cuja essência é a liberdade, concede aos cidadãos um significado existencial que a futilidade das atividades econômicas, realizadas no limitado âmbito da
esfera privada, não é capaz de prover por não deixar rastro para a posterioridade” (CARDOSO, 2005. p. 50)
5FRATESCHI, Y. A
6“Visto que a Ação e a única que pode ser exercida na Esfera Pública”. ARENDT, Hannah. A Condição Humana . Tradução de Roberto Raposo. Ed. 10º, Rio de Janeiro: Forense universitária,
2009. p. 5
7Ibidem, 2009, p. 40
8Ibidem, 2009, p. 47
ideia aristotélica de que o homem é um zoom politikon9, Arendt afirma que a Esfera Pública é
o local de expressão da liberdade e tem na política à garantia da pluralidade. Assim, resulta-se
que os homens, no espaço comum, exercem suas ações garantidos pela liberdade de todos.
Nos resta delimitar esse espaço e suas características problemáticas encontradas na
contemporaneidade.
Para isso, destacamos três obras que traçam o percurso do debate na literatura de
Hannah Arendt a respeito da liberdade, pluralidade e Esfera Pública, são elas: Origens do
Totalitarismo - Antissemitismo, Imperialismo e Totalitarismo (1951), A Condição Humana
(1958), Entre o Passado e o Futuro (1961) e Sobre a Revolução (1965). Ainda que as
publicações tenham ocorridas nas datas supracitadas, é na obra A Condição Humana, que
Arendt expõe as três atividades básicas da vida do homem expresso no seguinte trecho: “com
a expressão vita activa, pretendo designar três atividades humanas fundamentais: labor,
trabalho e ação. [...] cada uma delas corresponde uma das condições básica mediante as
quais a vida foi dada ao homem na Terra”. (ARENDT. 2009 p. 15). E de modo consequente
temos essas condições: labor que corresponde aquilo que se refere ao processo biológico, o
trabalho no que diz relação ao mundo artificial criado pelo homo faber; e, por fim, a
pluralidade da vida política desempenhado na Esfera Pública.
Logo, a prática política tem por excelência a Esfera Pública, sendo a única atividade
deste local. Enquanto que o labor e o trabalho são atividades exercidas na esfera privada.
Porém, essa distinção não parece tão clara ao observar as tentativas de realizações particulares
do homem em detrimento da vontade geral. Podemos verificar que com a ascensão do homo
faber à Esfera Pública há um prejuízo e precariedade dos aspectos de igualdade e pluralidade
no centro das questões dos assuntos comuns; agora é o trabalho e o seu mundo artificial,
criado na Esfera Social, que passam a ter relevância. Observa-se que na antiguidade, a Esfera
Pública era vista como local de primazia dos homens, mas com a ascensão do trabalho como
principal atividade na modernidade, após a Revolução Industrial, a mundanidade transformou
em grau de notoriedade o artificialismo criado pelo homo faber, ou seja, o trabalho ascendeu
em grau de importância em relação à política, e consequentemente alterou o local de exercício
dessas atividades e suas respectivas Esferas.
A inversão dos valores dos espaços públicos e privados alterou assim a dedicação das
atividades da condição humana. Enquanto na antiguidade os cidadãos viam na Esfera Pública
o espaço dos homens livres e buscavam honras e glórias e os medievais dedicavam-se a uma
vida contemplativa reservados e mergulhados em assuntos metafísicos; na modernidade, a
9Ibidem, 2009, p. 32
emancipação da burguesia como consequência dos processos revolucionários transformam o
local dos assuntos comuns, o trabalho como principal atividade criando todo um mundo de
artificialismo apresentado no horizonte da contemporaneidade que reflete nos aspectos
fundadores do totalitarismo e do imperialismo ainda no século XX.
Nota-se, ao decorrer da modernidade, uma preocupação na manutenção do espaço
público. Porém, com o advento da Revolução Industrial, o homem com a fabricação do
mundo por meio da Reificação torna-se senhor da terra 10. Tal evento foi propulsor da escalada
do trabalho e valorização do interesse privado. Dessa forma, há casos em que os homens
tendem a criar o conflito entre a Esfera Pública e Esfera Privada, diluindo uma esfera sobre a
outra como afirma ARENDT no trecho: “No mundo moderno, as duas esferas constantemente
recaem uma sobre a outra, como ondas no perene fluir do próprio processo da vida”11.
É na modernidade que presenciarmos as revoluções dos que laboram e
principalmente os que trabalham reivindicando constantemente participação dos debates
políticos, tal empenho é a gênese dos interesses dos excluídos nos debates dos assuntos
comuns. Isto é, a emancipação da burguesia no Estado-Nação. E a superação do trabalho
frente a política na modernidade é marcada por além dessa ascensão da burguesia, como
também pela Revolução Industrial que transformou a Esfera Pública em um espaço assinalado
pela modificação estrutural das relações entre os homens e a troca de mercadoria nos espaços
comuns. Por isso, o mundo de fabricação de ferramentas em grandes escalas converteu-se
com advento desses processos revolucionários, os homens passam então a reunirem-se na
Esfera Pública para a realização de trocas de ferramentas transformando isso na principal
atividade desse espaço como local troca de mercadorias, como afirma Cardoso Júnior, no
seguinte trecho:
1º SEMESTRE
J F M A M J J A S O N D
ATIVIDADES A E A B A U U G E U O E
N V R R I N L O T T V Z
Seminário de Dissertação
Ética e Filosofia Política Contemporânea
Teorias da Justiça e Democracia.
Levantamento e revisão bibliográfica
Levantamento bibliográfico
Elaboração do primeiro capítulo.
2º SEMESTRE
J F M A M J J A S O N D
ATIVIDADES A E A B A U U G E U O E
N V R R I N L O T T V Z
Disciplina do Curso de Mestrado
Elaboração do segundo capítulo.
3º SEMESTRE
J F M A M J J A S O N D
ATIVIDADES A E A B A U U G E U O E
N V R R I N L O T T V Z
Elaboração do terceiro capítulo
Revisão bibliográfica
4º SEMESTRE
J F M A M J J A S O N D
ATIVIDADES A E A B A U U G E U O E
N V R R I N L O T T V Z
Defesa dissertação
INDICAÇÃO DE LINHA DE PESQUISA
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo. Ed. 10º, Rio de
Janeiro: Forense universitária, 2009.
CARDOSO JÚNIOR, Nerione N., Hannah Arendt e o declínio da esfera pública. Brasília:
Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2005.