Você está na página 1de 7

EMENTA “FORMAÇÃO DE ROTEIRISTAS - SP”

Professores: Ricardo Tiezzi e Andrea Corte Real


Carga Horária: 120 horas-aula (40 encontros)
Quando: terças-feiras, das 19h às 22h
Programa: 1 vez/semana e 3 horas/dia

APRESENTAÇÃO
O curso de FORMAÇÃO DE ROTEIRISTAS propõe um itinerário para
formação integral e o aprofundamento dos interessados na prática da
escrita do roteiro para o audiovisual. Os cursistas terão a
oportunidade de travar contato com as bases teóricas da dramaturgia
ocidental e também aplicá-las em atividades práticas da escrita de
roteiro.

JUSTIFICATIVA
Considerando-se:
● o aumento da demanda de produção de produtos originais
para o mercado audiovisual brasileiro;
● a exigência de profissionais do roteiro que estejam
qualificados para narrar em diferentes janelas de exibição,
alinhados com as novas perspectivas do mercado;
● a necessidade de capacitação de mão de obra qualificada para
a escrita para o audiovisual em todo território nacional;
● a demanda de atualização e aperfeiçoamento dos profissionais
do roteiro;
● a fundamental importância de investir na formação
continuada e no aperfeiçoamento de roteiristas.

OBJETIVOS
● propor uma formação integral para os interessados em
trabalhar como roteiristas para audiovisual;
● oferecer conteúdo aprofundado que permitirá a atualização de
profissionais do mercado que queiram se atualizarem;
● proporcionar aos participantes um ambiente de formação
colaborativa que permita a troca de experiências exitosas e os
desafios atuais do mercado audiovisual;
● desenvolver conhecimentos que permitam os participantes a
fazerem as melhores escolhas narrativas para as diferentes
janelas de exibição existentes no mercado;
● contribuir para que se desenvolva nos roteiristas uma cultura
de formação continuada, à luz das contribuições teóricas
atuais no campo narrativa, assim como da “epistemologia da
prática”.

MÉTODO
O mé todo que a Roteiraria Escola aplica com exclusividade no
mercado brasileiro está estruturado a partir da exposiçã o de 3
campos narrativos, criados pelo teó rico norte-americano David
Bordwell, em que se configuram o campo representativo (1) como
aquele que confere significaçã o linear a um conjunto de ideias; o
campo estrutural (2), atravé s de elementos que se combinam nã o-
linearmente para criar um todo diferenciado; e o campo ato (3), em
cujo processo dinâ mico de apresentaçã o de uma histó ria a um
receptor, a narrativa encontra um modelo de deslizamento na
superfı́cie que substitui os campos anteriores.
O percurso do aprendizado compreende, em cada mó dulo, uma etapa
de exposiçã o dos conceitos, com cenas de filmes e sé ries que ilustrem
a teoria, uma etapa de aná lise fı́lmica integral, em um corpo a corpo
com a obra que permite consolidar o conhecimento e uma etapa de
exercı́cios para a aplicaçã o do aprendizado.

Desde o inı́cio o aluno é estimulado a desenvolver um projeto de um


produto audiovisual, seja um filme de longa-metragem ou uma série.
Os professores acompanham e orientam cada uma das etapas de
construção do projeto.

CONTEÚDO
Mó dulo I – O primeiro campo
O campo mimé tico, transparente e ilusionista; a fixidez do primeiro
campo; alfabetizaçã o narrativa do primeiro campo.
A natureza do drama; a unidade dramá tica; a imitaçã o da açã o; o
mythos; a teleologia do drama; a invençã o do drama na Gré cia; a
poé tica de Aristó teles; a retó rica de Aristó teles; a poé tica de Horá cio;
a moral do drama grego; a tragé dia cı́vica formadora da doxa; a
techné : phronesis + episteme; os gê neros clá ssicos: drama, é pico e
lı́rico; mimesis e diegé sis; a permanê ncia da herança grega na
narrativa audiovisual; o drama burguê s; os cinco nı́veis da
combinaçã o narrativa; as origens remotas do primeiro campo: saga
arquetipal, rito de passagem.
Plot driven e character driven; prot-agon e continuity system; fatia de
vida, arena do drama, backstory; personagem flat e monomito;
qualificaçã o do cará ter; correçã o do cará ter do negativo para o
positivo, o metron; personagens dinâ micos e oponentes; par
româ ntico, buddy e correçã o mú tua; agentes, ajudantes,
comentadores, emblemas; trê s atos e cinco atos; dianoia; pathos,
logos e ethos – conflito, diá logo, moral; estrutura: fá bulas e syuzhets;
beats e windows; o arquiplot; subplots e underplots; foreshadowing,
funçã o imediata e funçã o a termo; a aventura do segundo ato.

Mó dulo II – O melodrama


O drama cantado; o divã dos pobres; tragé dia decalcada; do epifano
para o profano; o misté rio tremendus; exacerbaçã o moral do primeiro
campo; tipificaçã o do bem e do mal; ê nfase no pathos; efeitismo; o
romance folhetim; o metamelodrama; a pulsã o da natureza; a
narrativa do corpo; physis e o cotidiano do pobre; a força industrial
do melodrama; o melodrama na consolidaçã o do cinema clá ssico; a
verdade do coraçã o; o pobre de coraçã o nobre; o heró i do
rendimento; ethos burguê s e mito secular; vida privada e domé stica;
peripé cias e curva melodramá tica; a força da opsis; os temas do
melodrama;

Mó dulo III – O segundo campo


Do sagrado para o secular, dos deuses para o homem, do logos para a
physis; a imitaçã o da vida; o character assume o primeiro plano; as
microaçõ es e a fragmentaçã o do plot, a preponderâ ncia das syuzhets;
o drama impuro, as presenças é pica e lı́rica; o campo da opacidade,
diegé tico e anti-ilusionista; multiagon; o anti-heró i, o heró i passivo, o
conflito difuso; a curva invertida do anti-heró i; misbehavior round; o
eixo central do cará ter; pathos psicoló gico; intimate opponent,
contradicted dynamic; unidade temá tica; a recepçã o por inferê ncia,
recepçã o ativa; as possibilidades do segundo campo a partir dos
deslizamentos do primeiro (referencial); a verticalizaçã o do
personagem.
O teatro elisabetano e a fusã o de gê neros; Shakespeare e a invençã o
do humano; o iluminismo francê s e o romantismo alemã o; a clá usula
dos estados; a crise do drama: epiciziar e liricizar; a imoralidade do
segundo campo; paradoxo; a esté tica e a pluralizaçã o de pontos de
vista; histó ria e discurso; Marx, inversã o dos valores e cosmogonia
social; poé tica normativa e poé tica filosó fica.
Narrativas hı́bridas entre primeiro e segundo campo; a oxigenaçã o e
permeabilidade do primeiro campo; o estancamento da má quina
dramá tica; intensifity continuity vs stasis; antiteleologia; mise en
scè ne vs mise en abyme; ó tica da inovaçã o; windows parcimoniosas e
abstratas; os trê s atos no segundo campo.

Mó dulo IV – A escrita audiovisual


Os princı́pios gerais da escrita audiovisual. O roteiro como
representaçã o em palavras de uma experiê ncia audiovisual. Escrever
com imagens. Dramatizar. A importâ ncia do formato como elemento
aglutinador na produçã o audiovisual. Forma é comunicaçã o. A escrita
profissional.
Os primeiros exercı́cios. Transpor uma cena de filme para o papel.
Identificar os erros mais comuns. Os elementos do roteiro. Cabeçalho,
açã o, diá logo. Exemplos de roteiros de filmes e sé ries. A distribuiçã o
da pá gina no software de roteiro. Storytouch. As açõ es dramá ticas. O
estilo de narrar. Tom, ritmo, atmosfera. Personagem, diá logo,
rubricas. Exercı́cios de transcriçã o de cenas de filmes e sé ries.
Discussã o dos exercı́cios e reescrita de cenas. Como a escrita
representa mais fielmente a experiê ncia audiovisual? Questõ es
especı́ficas da escrita audiovisual, tais como ponto de vista,
montagem, conversa ao telefone, voz over e off screen, flashbacks e
sonhos. O roteiro em seus detalhes. Escrita de cenas a partir dos
projetos pessoais dos alunos. A capacidade de criar uma cena na tela
mental do leitor.

Mó dulo V – O terceiro campo


O campo sensorial autodiegé tico; drama nã o ficcional; misbehavior
skid; fragmentaçã o absoluta do plot; antiplot; apresentativo e amoral;
profundidade na superfı́cie; chegar mais pró ximo do humano; a
antipsicologia do personagem; à procura do banal; o terceiro
programa mimé tico: a intimidade; pathos antipsicoló gico, o homem
sem qualidades; o apagamento da mimesis; a força do detalhe; poé tica
pó s-dramá tica; unidade esté tica; metonı́mia e identidades
performá ticas; paralaxe; fragmentaçã o e vazio; esvaziamento do
kerigma; personagens e pessoas.
Mó dulo VI – As sé ries de TV
Contradicted goal, heró is cindidos; revelaçõ es de camadas do cará ter
a partir do eixo principal; os vá rios combates do protagonista; o
multiagon serializado; procedure e arcos; a tragé dia do homem
contraditó rio; novos temas e densidade dramá tica; inovaçõ es;
estrutura do episó dio; histó ria principal e histó rias secundá rias;
ló gica de implicaçã o; antologia, procedural, serializado.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ARISTO� TELES. Poé tica.
ARISTO� TELES. Retó rica.
BENTLEY, Eric. A Experiê ncia Viva do Teatro.
BOOKER, Christopher. The Seven Basic Plots.
BORDWELL, David. Narration in the Ficcion Film.
BORDWELL, David. “O cinema clá ssico hollywoodiano: normas e
princı́pios narrativos”. In: RAMOS, Fernã o. Teoria Contemporâ nea do
Cinema: documentá rio e narrativa ficcional. BROOKS, Peter. The
Melodramatic Imagination CHATMAN, Seymour. Story and Discourse.
DIDEROT, Denis. Discurso sobre a Poesia Dramá tica. FRYE, Northrop.
Anatomia da Crı́tica. GOETHE e SCHILLER. Correspondê ncia.
HEGEL, G. W. Curso de Esté tica, v. 4.
KANT, Immanuel. Crı́tica da Faculdade de Julgar.
KOVA� CS, Andrá s Bá lint. Screening Modernism.
LAWSON, John Howard. Theory and Technique of Playwriting and
Screenwriting. LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pó s-Dramá tico.
LESKY, Albin. O Teatro Grego.
MACHADO, Roberto. O Nascimento do Trá gico: de Schiller a
Nietzsche. MENDES, Joã o Maria. Culturas Narrativas Dominantes: o
caso do cinema. MENDES, Joã o Maria. Por quê tantas histó rias?

MEYER, Marlyse. Folhetim, uma Histó ria.


RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa (3 volumes).
ROSENFELD, Anatol. O Teatro E� pico.
SARRAZAC, Jean-Pierre (org.). Lé xico do Drama Contemporâ neo.
STEINER, George. A Morte da Tragé dia.
SZONDI, Peter. Teoria do Drama Burguê s.
SZONDI, Peter. Teoria do Drama Moderno.
VERNANT, Jean-Pierre e NAQUET, Pierre-Vidal. Mito e Tragé dia na
Gré cia Antiga. WILLIAMS, Raymond. Tragé dia Moderna.
XAVIER, Ismail. O Olhar e a Cena
XAVIER, Ismail. O Discurso Cinematográ fico: a opacidade e a
transparê ncia.

PROFESSORES

Ricardo Tiezzi

É escritor e professor. Escreveu o roteiro dos


filmes Superpai, Qualquer Gato Vira Lata e O
Outro Lado do Paraíso, vencedor do prêmio
do Júri Popular no Festival de Gramado. Em
televisão, trabalhou como roteirista do
programa Malhação, concorrente ao prêmio
Emmy Kids, das séries Julie e os Fantasmas
(Band / Nickelodeon) – indicada ao Emmy Internacional –, Agora Sim
(Mixer / Sony), indicada ao prêmio APCA, A Vida de Rafinha Bastos
(Fox), Mothern (GNT), Mano a Mano (Rede TV), da animação Sítio do
Picapau Amarelo e do telefilme Amor ao Quadrado, para a Globo.
Roteirizou ainda os programas de filosofia Peripatético e Café
Filosófico (Cultura). Foi júri e consultor das três edições do concurso
NetLab. É professor da pós-graduação em Roteiro para Cinema e
Televisão da FAAP. Especialista em História da Arte, com monografia
sobre as poéticas de Tchekhov e Cortázar e Mestre em Cinema,
Filosofia e Religião pela PUC-SP, com dissertação sobre a narrativa
arquetípica no filme Anticristo, de Lars von Trier. É autor do livro de
crônicas O Primo de Deus e do romance policial O Sorriso da Morte.
Andrea Côrte Real

Roteirista, escritora e advogada. Formada pela


Universidade Mackenzie, especialista em
Direito Empresarial e Educacional, atuou
durante 20 anos em grandes escritórios e
empresas nacionais e multinacionais. Autora
de diversos contos e crônicas, em Oficinas
Literárias. Formada em Roteiro Especializado
e na Oficina de Séries pela Roteiraria.
Colaboradora do núcleo de desenvolvimento
de projetos da Roteiraria. Atualmente decida-se ao desenvolvimento
de projetos de audiovisual, em diversos formatos, para cinema, TV e
streaming.

Você também pode gostar