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ANÁLISE DAS

DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
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Diretoria de Design Educacional
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Diretoria de Graduação e Pós-graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência
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Gerência de Produção de Conteúdo
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Gerência de Projetos Especiais
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Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais
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Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
José Manoel da Costa
Designer Educacional
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a José Jhonny Coelho
Distância; CARVALHO, Eduardo Carmo. Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Análise das Demonstrações Financeiras. Eduardo Carmo
Carvalho. Ilustração Capa
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Bruno Pardinho
149 p. Editoração
“Graduação - EaD”.
André Morais de Freitas
1. Contabilidade. 2. . Análise Financeira. 3. Indicadores. 4. EaD. I. Qualidade Textual
Título. Edson Dias
Keren Pardini
Ilustração
CDD - 22 ed. 657
Robson Yuiti Saito
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Pró-Reitor de
Ensino de EAD
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR

Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho


Graduado em Ciências Contábeis pelo CESUMAR - Centro de Ensino Superior
de Maringá (2008), pós-graduado em Controladoria e Gestão Financeira
pela FCV - Faculdade Cidade Verde (2012) de Maringá/PR e pós-graduando
do curso de Educação a Distância e as Novas Tecnologias Educacionais pela
Unicesumar - Centro Universitário Cesumar de Maringá (2013).
APRESENTAÇÃO

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a)! É com muito orgulho que lhe apresento este livro de Análi-
se das Demonstrações Financeiras, elaborado especialmente para sua graduação,
que lhe permitirá conhecer os principais indicadores de análise das demonstra-
ções contábeis.
Gostaria de apresentar um pequeno resumo de cada unidade do livro que lhe per-
mitirá compreender melhor todo o contexto do livro e conteúdo abordado.
A Análise das Demonstrações Financeiras pode ser considerada como uma das
mais importantes disciplinas do curso de ciências contábeis, pois somente com
o total conhecimento do processo contábil, de como elaborar as demonstrações
contábeis, será possível utilizar todas as ferramentas de análise, compreender os
indicadores e suas variações.
Como o objetivo do livro é ser multidisciplinar, a Unidade I trata da contabilidade
de forma conceitual, apresentando sua definição, objetivos, usuários e também a
apresentação das duas principais demonstrações contábeis: o balanço patrimo-
nial e a DRE.
O objetivo da Unidade I é proporcionar um conhecimento básico sobre a conta-
bilidade e as demonstrações contábeis, possibilitando que você, caro(a) leitor(a),
possa compreender as demonstrações, a análise das demonstrações e consiga
aplicar os cálculos dos indicadores.
A Unidade II do livro tratará da parte conceitual da Análise das Demonstrações
Financeiras, demonstrando os conceitos, sua importância, a análise por meio de
indicadores, as técnicas de análise e a importância do preparo das demonstrações
contábeis antes mesmo de iniciar a análise das demonstrações e a extração dos
indicadores.
A Unidade III tratará das análises vertical e horizontal, que são essenciais para a
compreensão da composição dos valores apresentados nas demonstrações con-
tábeis. A análise horizontal é tratada nas suas duas formas: ano-base e anual. Ao
final da unidade, um tópico falará sobre a importância da análise conjunta desses
dois indicadores, mas também sobre a necessidade de se correlacionar vários in-
dicadores durante a análise, uma vez que a análise de um grupo isolado de indica-
dores pode não apresentar resultados significativos.
Na Unidade IV, o tema será os indicadores do tripé da análise: os indicadores de
liquidez, endividamento e rentabilidade. Considerados indicadores básicos para
a análise das demonstrações contábeis, os indicadores desses três grupos são es-
senciais para qualquer análise, podendo evidenciar a situação econômico-finan-
ceira da empresa.
APRESENTAÇÃO

A Unidade V tratará dos indicadores de prazos médios, capital de giro e da estrutura


do capital de giro. Os indicadores de prazo médio podem evidenciar a política de
vendas e compras de uma empresa como também o número de dias que a empresa
trabalha utilizando somente os seus recursos próprios e os indicadores de capital de
giro, indicando se a empresa possui recursos próprios para financiar sua atividade.
Esta disciplina proporcionará a você, meu(inha) caro(a) acadêmico(a), compreender
melhor essa importante ferramenta de avaliação e análise das empresas, que é a
Análise das Demonstrações Contábeis.
Bons estudos e muito sucesso na sua carreira profissional!
Atenciosamente,
Professor Especialista Eduardo Carmo Carvalho
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS

15 Introdução

16 A Contabilidade e seus Usuários 

20 Balanço Patrimonial 

25 DRE

30 Considerações Finais

UNIDADE II

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

41 Introdução

42 A Análise das Demonstrações Contábeis 

45 Importância

46 Técnicas de Análise das Demonstrações Contábeis 

50 Preparo das Demonstrações Contábeis para Análise 

58 Considerações Finais
SUMÁRIO

UNIDADE III

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL

69 Introdução

69 Análise Vertical (AV)

75 Análise Horizontal (AH) 

82 Análise Conjunta 

88 Considerações Finais

UNIDADE IV

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO

95 Introduçâo

96 Indicadores de Liquidez 

101 Indicadores de Endividamento 

106 Indicadores de Rentabilidade 

114 Considerações Finais


11
SUMÁRIO

UNIDADE V

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO

125 Introdução

125 Indicadores de Prazos Médios 

130 Análise da Dinâmica do Capital de Giro 

134 As Estruturas do Capital de Giro 

139 Considerações Finais


145 CONCLUSÃO
147 REFERÊNCIAS
149 GABARITO
Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

I
A CONTABILIDADE, SUAS

UNIDADE
DEMONSTRAÇÕES E SEUS
USUÁRIOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender a função, objetivo e importância da Contabilidade.
■■ Compreender os diferentes usuários da Contabilidade.
■■ Recordar os elementos básicos das duas principais demonstrações
contábeis.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Contabilidade e Seus Usuários
■■ Balanço Patrimonial
■■ DRE
15

INTRODUÇÃO

A primeira unidade do livro tratará sobre a contabilidade, seus usuários e as


demonstrações contábeis. Antes de propriamente falar da análise das demonstra-
ções contábeis, há necessidade de se atentar primeiramente à própria contabilidade,
por isso esta unidade se destinará a falar sobre o objetivo e a importância da
contabilidade.
Uma frase citada por Marion (2009, p. 28) sugere que “uma empresa sem boa
Contabilidade é como um barco, em alto-mar, sem bússola, totalmente à deriva”.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nesta frase, podemos exemplificar bem a contabilidade. Ela define a contabili-


dade como a bússola em um barco. Há vários outros itens em um barco, como
velas, mastro, cordas, leme, remos, mapas, tripulação e outros, cada um com
sua função específica, mas entre esses e outros a contabilidade mais se asseme-
lha com uma bússola, pois é ela que orienta o comandante para onde ir, se deve
virar à esquerda, à direita ou simplesmente seguir em frente. Ela é uma ferra-
menta para a tomada de decisões.
Nesta unidade, você, caro(a) aluno(a), terá a oportunidade de entender
melhor ou recordar os conceitos básicos da contabilidade, os tipos de usuários
das informações contábeis e as principais demonstrações geradas pela conta-
bilidade. Os conhecimentos adquiridos nesta primeira unidade do livro serão
essenciais para a melhor compressão de cada indicador da análise das demons-
trações contábeis que iremos conhecer nas próximas unidades do livro.

Introdução
16 UNIDADE I

A CONTABILIDADE E SEUS USUÁRIOS

A contabilidade pode ser conceituada como uma ciência social que objetiva o
estudo, controle, mensuração e registro dos patrimônios de uma entidade. Assim,
podemos entender que o objeto da contabilidade é o patrimônio das empresas.
Entretanto, vincular a contabilidade somente como um instrumento de controle
do patrimônio é subestimar o seu potencial.
Então, para que serve a contabilidade? O objetivo principal e fundamental
da contabilidade é gerar informações para a tomada de decisões, como a bússola

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
no barco. É por meio da contabilidade e dos relatórios por ela disponibilizados
que seus usuários devem se orientar para tomar suas decisões.

“A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações


úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa” (MARION, 2009,
p. 28).

Atualmente a visão sobre contabilidade é distorcida por seus usuários por dois
motivos. O primeiro motivo é justamente por cumprir o seu papel, que é o con-
trole do patrimônio das empresas, pois a contabilidade deve estar a par de todas
as ações que a empresa toma, e muitos não gostam de ser “controlados”.
O segundo e pior motivo é a questão tributária, pois dentro de grande parte
das pequenas e médias empresas, a grande função da contabilidade é calcular
impostos e entregar as declarações obrigatórias, como o SPED, declaração do
imposto de renda e outros. Por isso, para muitas empresas, a contabilidade (depar-
tamento contábil ou um escritório contratado) não trabalha para a empresa, e
sim para o governo. Essa visão começou a ser construída no século passado, a
partir de 1920, quando o fisco norte-americano, vendo a eficiência da contabi-
lidade e de seus registros, passou a exigir os relatórios contábeis para começar a
calcular o valor máximo que cada empresa poderia pagar de tributos.

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


17

O governo ou o fisco é apenas um dos diversos usuários da contabilidade


que se utiliza de suas informações para tomar decisões, que no caso do fisco,
indica quanto cada empresa deve pagar impostos.
O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades, e o seu objetivo é a
geração de informações para a tomada de decisões, isso nunca mudará. E é por
meio dos relatórios contábeis que são fornecidas as informações sobre o patri-
mônio de uma entidade (bens, direitos e obrigações) para os diversos usuários
da contabilidade, dando a eles o suporte necessário para a tomada de decisões.
Para atingir o seu objetivo, a contabilidade é responsável pelo registro e men-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

suração de todos os fatos que acontecem dentro de uma empresa.


Após o registro e mensuração dos fatos contábeis, a contabilidade consolida
todas as informações contábeis nos seus relatórios, como o Balanço Patrimonial,
o Demonstrativo do Resultado do Exercício - DRE, o Demonstrativo do Fluxo
de Caixa - DFC, e muito outros.

USUÁRIOS DA CONTABILIDADE

Os usuários da contabilidade são aqueles que utilizam as informações que a con-


tabilidade gera para tomarem ações conforme suas necessidades e pretensões.
Para Favero et al. (2006, p. 01), “os usuários são pessoas ou entidades que neces-
sitam de alguma informação contábil para tomarem decisões”, e esses usuários
podem ser classificados como usuários internos e externos, ou seja, aqueles que
estão dentro ou fora da entidade.
Para cada tipo de usuário há uma informação mais útil e uma decisão a ser
tomada, conforme podemos ver no quadro a seguir:

A Contabilidade e seus Usuários


18 UNIDADE I

USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO TIPO DE INFORMAÇÃO DECISÃO A TOMAR


Entidades governamentais
Receita ou lucro tributável. Valor do imposto a cobrar.
(fisco)
Lucratividade e Fluxo de
Investidores Investir ou não investir na empresa.
dividendos.
Comparação do realizado com o
Controller Relatórios orçamentários.
orçado.
Conceder ou não empréstimos e
Geração de caixa e capacida-
Bancos e Financiadores financiamentos, valor do limite de
de de pagamento.
crédito.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fornecedores Capacidade de pagamento. Vender à vista ou a prazo.
Receita e lucratividade por Investimento ou encerramento de
Gerente de Vendas
segmento da empresa. algum segmento.
Fluxo de Caixa e Necessidade Solicitar empréstimos ou fazer
Gerente Financeiro
de Capital de Giro. aplicações financeiras.
Fluxo de Caixa e rentabilida-
Empregados Trabalhar ou não na empresa.
de.
Prazos Médios e Ciclo Opera-
Clientes Comprar de determinada empresa.
cional.
Produtividade x Capacidade Aumentar produção e evitar ocio-
Gerente de Produção
Produtiva. sidade.
Quadro 1: Os usuários da contabilidade
Fonte: elaborado pelo autor

Os usuários internos são gerentes, administradores, colaboradores, sócios, depar-


tamentos e filiais. As informações para os usuários internos são diversificadas e
não padronizadas, pois para cada necessidade a contabilidade pode gerar infor-
mações gerenciais com critérios e formatos diferentes.
Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam
cargos que requerem a tomada de decisões, para tanto, precisam de
informações direcionadas de acordo com suas necessidades (FAVERO
et al., 2006, p. 01).

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


19

Os usuários externos são bancos, fornecedores, entidades governamentais,


clientes, sindicatos e outros. As informações para esses usuários são padroniza-
das e, em geral, com regras e critérios determinados por leis.
Os usuários externos são aqueles que não possuem relação de trabalho
com a empresa, mas necessitam de informações para tomada de deci-
sões acerca de tributação, garantias de recebimentos, fornecimentos de
mercadorias. As informações contábeis para esses usuários, normal-
mente são padronizadas. Exemplificando, nessa categoria de usuários
incluem-se o governo, instituições financeiras, fornecedores, sindica-
tos, acionistas ou quotistas etc. (FAVERO et al., 2006, p. 01).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A importância em conhecer os usuários da contabilidade é conseguir identificar


qual a necessidade de informação de cada usuário. Usuários internos necessitam
de informações bem diferentes dos usuários externos. A análise das demonstra-
ções contábeis fornece informações para todos os tipos de usuários, entretanto,
ela trabalha principalmente com o balanço patrimonial e a DRE, que são demons-
trações padronizadas e exigidas por lei. Essas duas demonstrações serão tratadas
nos próximos tópicos desta unidade.

O Controller (também denominado como Controlador ou Gerente de Con-


troladoria) é o responsável pelo setor da controladoria dentro de uma em-
presa, pela contabilidade gerencial e todo o sistema de informações geren-
ciais geradas pela contabilidade para o processo de tomada de decisões. Ele
pode ter outras atribuições e responsabilidades dentro da empresa como a
elaboração do orçamento empresarial da empresa.
Fonte: o autor

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Como visto anteriormente, a contabilidade consolida toda a movimentação


patrimonial de uma entidade nos seus relatórios contábeis, conhecidos princi-
palmente como Demonstrações Contábeis.

A Contabilidade e seus Usuários


20 UNIDADE I

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do item 9 do pronun-


ciamento técnico CPC 26, diz a respeito das demonstrações contábeis:
As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da po-
sição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objeti-
vo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca
da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de
caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em
suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações
contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da
administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão
diligente dos recursos que lhe foram confiados (COMITÊ DE PRO-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011, p.5).

Entre as principais demonstrações contábeis, estão o Balanço Patrimonial, a DRE


(Demonstrativo do Resultado do Exercício), a DFC (Demonstrativo do Fluxo de
Caixa), o DVA (Demonstrativo do Valor Adicionado), a DMPL (Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido) e outras. Apesar de existirem várias demonstra-
ções contábeis, as duas primeiras descritas acima podem ser consideradas como
as mais importantes quando tratamos da análise das demonstrações contábeis.

BALANÇO PATRIMONIAL

Dentro do Balanço Patrimonial consta toda a situação patrimonial da empresa,


ou seja, seus bens, o que tem a receber (direitos), a pagar, suas obrigações e sua
riqueza.
O balanço patrimonial é uma demonstração estática, como uma fotografia
do patrimônio em um determinado momento do tempo. Ali estão os bens, os
direitos e as obrigações com seus respectivos valores na época do levantamento
do balanço (GUERRA, 2010, p.184).
O Balanço Patrimonial é formado por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido,
onde o Passivo e Patrimônio Líquido representam as origens de recursos, e o
Ativo, a aplicação desses recursos.
O Quadro 2 representa esses elementos dentro do Balanço Patrimonial:

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


21

ATIVO PASSIVO
É no ativo que estão todos os bens e Aqui estão as obrigações da empresa, a
direitos da empresa, consideradas as origem dos recursos de terceiros aplica-
aplicações dos recursos da empresa. dos na atividade da empresa.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Aqui estão os recursos próprios que a
empresa aplica na sua atividade.

Quadro 2: Os elementos do Balanço Patrimonial


Fonte: elaborado pelo autor
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dentro do Ativo há os bens e direitos da empresa, onde:


■■ Bens: coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades da empresa e que
sirvam para geração de lucro ou caixa. Podem ser tangíveis, como veí-
culos, imóveis, estoques, dinheiro em caixa e outros bens palpáveis, ou
intangíveis, como marcas, patentes, registros comerciais e outros não pal-
páveis. A principal característica de um bem é que a empresa tenha posse
e controle sobre ele.
■■ Direitos: aquilo que pertence à empresa, mas não está em posse dela,
como duplicatas a receber (vendas a prazo) ou saldos bancários. Tanto
as duplicatas quanto o dinheiro depositado em um banco pertencem à
empresa, mas ela não tem posse sobre eles, não estão totalmente à dispo-
sição da empresa, assim a empresa tem somente o direito de recebê-los
em um determinado período de tempo.

No passivo existe somente as obrigações da empresa, que são as dívidas, valo-


res a pagar, como fornecedores, tributos, empréstimos, salários e outros. Aqui
constam todas as obrigações com terceiros.
O patrimônio líquido é o conjunto de riquezas da empresa e dos sócios. É
sempre a primeira fonte de recursos da empresa, que antes de começar suas ati-
vidades tem o investimento dos sócios. Dentro do patrimônio líquido temos a
riqueza do sócio (o capital) e a da empresa (o lucro e as reservas).

Balanço Patrimonial
22 UNIDADE I

PRINCIPAIS GRUPOS DO BALANÇO

O balanço está dividido em grupos, subgrupos e contas patrimoniais analíticas.


Grupos e subgrupos do balanço podem também ser denominados de contas sin-
téticas. O nível mais detalhado de contas são as contas analíticas:
São denominadas contas analíticas aquelas contas que representam os
elementos patrimoniais em seu maior grau de detalhamento. Significa
que a informação, em seu nível de maior especificação, está evidencia-
da nas contas analíticas (PADOVEZE, 2011, p. 51).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A partir do agrupamento das contas analíticas, temos as contas sintéticas (ou
subgrupos), e a partir do agrupamento de algumas contas sintéticas (ou de sub-
grupos), temos os grupos do balanço. No Quadro 3, temos um exemplo dos
principais grupos do balanço:

Ativo Circulante Passivo Circulante

Disponíveis Fornecedores
Caixas e equivalentes de Caixa Empréstimos Bancários
Aplicações Financeiras Obrigações Tributárias
Duplicatas a Receber (Clientes) Obrigações Trabalhistas
Estoques Obrigações Previdenciárias
Créditos Tributários a Recuperar Contas a Pagar
Outros Valores
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Realizável a longo prazo Fornecedores


Investimentos Empréstimos e Financiamentos
Imobilizado Obrigações Tributárias
Intangível Outras Obrigações
Patrimônio Líquido

Capital Social
Reservas
Lucros (Prejuízos) Acumulados
Quadro 3: Exemplo das contas do Balanço Patrimonial
Fonte: adaptado de CRC/PR (2013)

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


23

Sobre a disposição das contas e do balanço patrimonial, Megliorini e Vallim


(2009, p. 4) descrevem que “o lado direito do balanço evidencia as contas resul-
tantes das decisões de financiamento, e o lado esquerdo, as contas resultantes
das decisões de investimentos”.
Ativo e Passivo são primeiramente divididos em circulante e não circulante:
■■ Circulante: aquilo que irá se realizar dentro de 12 meses, ou seja, den-
tro de um ano.
■■ Não Circulante: tudo aquilo que se realizará em mais de 12 meses ou tem
um prazo indeterminado para se realizar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Após essa divisão, temos os principais grupos do ativo:


■■ Caixas e equivalentes de caixa: são os recursos mais líquidos das empre-
sas. Referem-se ao dinheiro disponível em espécie, saldos bancários e
aplicações financeiras com liquidez imediata.
■■ Duplicatas a Receber (Clientes): são os valores a receber de clientes pro-
venientes das vendas a prazo.
■■ Estoques: são os estoques da empresa como produtos para revenda, maté-
ria-prima, material em elaboração e almoxarifado.
■■ Créditos Tributários a Recuperar: o sistema tributário brasileiro per-
mite que as empresas trabalhem no regime não cumulativo de apuração
de impostos, o que significa que em alguns casos as empresas possuem
valores tributários a receber do governo, que são na verdade compensa-
dos com os valores a pagar.
■■ Outros valores: neste grupo pode entrar valores como aplicações de curto
prazo, adiantamentos operacionais, empréstimos a funcionários e outros.
Há casos em que esses valores podem formar um grupo do ativo, mas isso
depende dos critérios que podem ser utilizados pelas empresas.
■■ Ativo Realizável a longo prazo: este grupo pode apresentar os subgrupos
duplicatas a receber e créditos tributários com um vencimento superior
a um ano ou com prazo de realização indeterminado.
■■ Investimentos: são as aplicações financeiras de longo prazo, investimen-
tos em outras empresas e sociedades, como bolsa de valores, controladas
e coligadas.

Balanço Patrimonial
24 UNIDADE I

■■ Imobilizado: são os terrenos, veículos, edificações, máquinas, equipamen-


tos e móveis da empresa.
■■ Intangível: são “direitos incorpóreos (sem corpo, sem físico) que têm
valor econômico para a empresa e que produzem resultados futuros”
(PADOVEZE, 2011, p. 286). São exemplos de ativos intangíveis: marcas
(ex.: Coca-Cola), patentes (registros de produtos), licenças, concessões
públicas (linhas 4G ou frequências de transmissão) e outros.
Os principais grupos do passivo são:
■■ Fornecedores: valores a pagar referentes a compras a prazo de merca-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dorias, produtos de almoxarifado, insumos e matérias-primas, ou seja,
compras de itens ligados à operação principal da empresa.
■■ Contas a Pagar: valores a pagar como luz, água, pessoas terceirizadas, e etc.,
não ligados à atividade principal da empresa e dos setores administrativos.
■■ Salários e Encargos a Pagar: valores referentes a salários, 13º salário,
férias, gratificações, INSS, FGTS, IRRF e outros ligados exclusivamente
a funcionários.
■■ Impostos a Recolher: valores a pagar dos impostos.
■■ Empréstimos Bancários: valores do endividamento com instituições finan-
ceiras provenientes de empréstimos e financiamentos.
■■ Capital Social: é o valor dos investimentos dos sócios na empresa.
■■ Reservas: há uma série de ganhos não operacionais que a legislação bra-
sileira não permite que sejam contabilizadas como lucro (PADOVEZE,
2011). Então, esses ganhos devem ser contabilizados como de reservas.
■■ Lucros (Prejuízos) Acumulados: nesta conta, serão registrados os lucros
ou os prejuízos que a empresa irá acumular ao longo da sua operação.

Para a Análise das Demonstrações Contábeis, é fundamental compreender e


entender cada conta patrimonial. Nos indicadores de prazos médios e ciclos
operacionais, por exemplo, haverá a necessidade de segregação das contas patri-
moniais para os cálculos dos índices.

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


25

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do pronunciamento


técnico número CPC 26, definiu a base para apresentações das demonstra-
ções contábeis. Nesse pronunciamento, também discorre sobre os elemen-
tos mínimos necessários que tanto o Balanço Patrimonial quanto a Demons-
tração do Resultado do Exercício devem conter. O CPC 26 - Apresentação
das Demonstrações Contábeis está disponível em: <http://www.cpc.org.br/
CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 12 nov. 2014.

DRE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A DRE, Demonstração (ou demonstrativo) do Resultado do Exercício, demons-


tra toda movimentação operacional da empresa em um período que, em geral, é
de um ano, evidenciando ao final o resultado (prejuízo ou lucro) que a empresa
teve neste período.
Abaixo demonstramos um modelo de estrutura básica da DRE:

( + ) Receita Bruta:
Vendas de Produtos
Vendas de Serviços
( - ) Deduções das Receitas:
Impostos Sobre Vendas
Devoluções
Descontos Concedidos
( = ) Receita Líquida:
( - ) Custos das Vendas
Custo da Mercadoria Vendida
Custo do Produto Vendido
Custo dos Serviços Prestados
( = ) Lucro Bruto:

DRE
26 UNIDADE I

( - ) Despesas Gerais
( - ) Despesas com Pessoal
( - ) Despesas com Vendas
( - ) Despesas Administrativas
( - ) Outras Receitas e Despesas
(-/+) Resultado da equivalência patrimonial
(-/+) Resultado Financeiro
(-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
( = ) Lucro Antes dos IRPJ e CSLL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
( - ) Imposto de Renda Pessoa Jurídica
( - ) Contribuição Social s/Lucro Líquido
( = ) Lucro das Operações Continuadas
(-/+) Resultado de Operações Descontinuadas
( = ) Lucro Líquido
Fonte: adaptado de Ávila (2006) e CRC (2011)

Onde:
■■ Receita Bruta: refere-se à soma de todas as vendas ligadas à operação da
empresa, e será a soma das vendas de produtos e serviços.
■■ Vendas de Produtos: refere-se à soma das vendas de produtos industria-
lizados/fabricados e mercadorias que a empresa tenha realizado durante
o exercício.
■■ Vendas de Serviços: refere-se à soma das vendas de serviços gerais e servi-
ços de industrialização que a empresa tenha realizado durante o exercício.
■■ Deduções das receitas: são as despesas ligadas diretamente à efetivação
das vendas (impostos e descontos concedidos) e às devoluções de vendas.
■■ Impostos s/ vendas: são os impostos calculados no faturamento de um
produto ou serviço, que estão ligados diretamente à venda. É exemplo
de impostos sobre venda o ICMS, que acontece no momento do fatura-
mento da nota fiscal de venda.
■■ Devoluções: são os valores relativos às devoluções e cancelamentos de
vendas já faturadas.

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


27

■■ Descontos Concedidos: são os descontos incondicionais concebidos aos


clientes no momento do faturamento da venda, ainda na nota fiscal.
■■ Receita líquida: refere-se ao valor das vendas brutas menos as deduções
das receitas. Representa o montante líquido de recursos que a empresa
receberá pelas suas vendas.
■■ Custos das Vendas: refere-se à soma do custo da mercadoria vendida
(CMV), custo do produto vendido (CPV) e custo dos serviços presta-
dos (CSP).
■■ Custo da Mercadoria Vendida: também pode ser denominada como
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CMV, é o valor dos custos com os bens comprados para serem revendi-
dos pela empresa.
■■ Custo do Produto Vendido: também denominado como CPV, é o valor
dos bens produzidos pela empresa para venda.
■■ Custo dos Serviços Prestados: pode ser denominado também de CSP e é
o valor dispendido na prestação de serviços da empresa.
■■ Lucro Bruto: são as vendas líquidas reduzidas dos custos das vendas. Pode
ser considerado o resultado bruto da atividade principal da empresa.
■■ Despesas Gerais: são as despesas inerentes ao desenvolvimento das ativi-
dades ligadas ao ramo principal de atividade da empresa.
■■ Despesas com Pessoal: são os gastos com salários dos colaboradores ligados
às áreas administrativa e comercial da empresa. Salários de colaborado-
res ligados à produção e prestação de serviços devem ser mensurados
como custo do produto.

As despesas com pessoal em algumas situações podem não estar separadas


das demais despesas, e assim elas ficam classificadas dentro de outros gru-
pos de contas como despesas com vendas e administrativas.
Fonte: o autor

DRE
28 UNIDADE I

■■ Despesas de Vendas: gastos dispendidos com a comercialização de mer-


cadorias, produtos e serviços. São exemplos: comissões sobre vendas e
fretes sobre vendas.
■■ Despesas Administrativas: gastos realizados com os departamentos liga-
dos à administração da empresa de setores como financeiro, contabilidade,
jurídico, compras e limpeza. São exemplos de despesas administrativas
gastos com água, energia elétrica, telefone, material de escritórios e outras
despesas ligadas aos departamentos anteriormente citados.
■■ Outras Receitas e Despesas: caso haja receitas e despesas das operações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
continuadas que não se enquadrem nas demais contas da DRE, devem
ser registradas nesta conta.
■■ Resultado da equivalência patrimonial: refere-se ao resultado obtido pela
empresa com participações em companhias de capital aberto e investi-
mentos em outras empresas, e mesmo empresas coligadas e controladas.
■■ Resultado Financeiro: refere-se ao resultado das operações (receitas e des-
pesas) estritamente financeiras da empresa.
■■ Despesas Financeiras: são classificados nesta conta os gastos como paga-
mentos de tarifas e juros bancários, juros por atraso de pagamento e
descontos financeiros concedidos a clientes.
■■ Receitas Financeiras: são as receitas obtidas pelo recebimento de rendi-
mentos sobre aplicações financeiras, juros sobre duplicatas a receber e
descontos financeiros obtidos.
■■ Lucro Antes dos IRPJ e CSLL: refere-se ao lucro da empresa após o resul-
tado não operacional e antes dos impostos sobre o lucro.
■■ Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social s/ Lucro Líquido:
são os impostos calculados diretamente sobre o lucro obtido pela empresa
no período.
■■ Lucro das operações continuadas: refere-se ao resultado da atividade prin-
cipal da empresa e o resultado das demais atividades desenvolvidas para
administração e manutenção da empresa.
■■ Resultado das atividades descontinuadas: refere-se ao resultado líquido
(receitas menos despesas) das demais atividades da empresa que não estão

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


29

ligadas à atividade principal da empresa. É exemplo de uma atividade não


operacional a venda de ativo imobilizado.
■■ Lucro Líquido: o resultado final obtido pela empresa no exercício.

Sabe qual a diferença de mercadoria e produto?


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A mercadoria é caracterizada por ser um bem adquirido para ser revendido.


Já o produto é o bem produzido pela empresa que será colocado à venda.
Então, o CMV é utilizado quando a empresa compra e revende mercadorias
(bens), e o CPV é utilizado por empresas industriais que produzem o produ-
to que será revendido.
Fonte: o autor

Dentro da literatura contábil podem-se encontrar outros modelos de DRE, pois a


legislação apresenta apenas elementos mínimos que devem constar na demons-
tração do resultado.
As notas explicativas das demonstrações contábeis são necessárias para
melhor compreensão dos valores apresentados de forma sintética na DRE e no
Balanço Patrimonial. As notas explicativas apresentam informações de forma
mais detalhada e analítica sobre o resultado do exercício e a posição patrimo-
nial de uma empresa.

DRE
30 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta primeira unidade do livro, discutimos um pouco sobre a contabilidade,


seus conceitos como uma ciência social que visa à mensuração e controle do
patrimônio de uma entidade, seu objeto, seu objetivo, seus usuários e também
os elementos básicos das duas principais demonstrações: o Balanço Patrimonial
e a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.
O tema mais importante desta primeira unidade é entendermos a contabi-
lidade como um instrumento de tomada de decisões e que permite que os seus

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
usuários, internos ou externos, tomem o melhor direcionamento nas decisões
que tenham que tomar ou escolher. A Análise das Demonstrações Contábeis
não fogem da essência do objetivo contábil: gerar informações para a tomada
de decisões.
Entretanto, se na Contabilidade o objeto de estudo é o patrimônio das enti-
dades, o objeto de estudo da Análise são as demonstrações contábeis. Por isso,
conhecer bem as duas principais demonstrações contábeis e os elementos que
as compõem foi outro item importante desta unidade, onde vimos o detalha-
mento dos elementos do Balanço Patrimonial e da DRE.
A compreensão dessas duas demonstrações contábeis será essencial para o
cálculo dos indicadores da análise das demonstrações contábeis, ajudará a enten-
der as variações das contas, dos subgrupos e dos grupos de cada demonstração, e
entender o efeito e influência de cada conta ou grupo nos resultados indicadores.
Os assuntos abordados nesta unidade serão fundamentos para o entendi-
mento da Análise e também para os cálculos dos indicadores. Na próxima unidade
do livro, começaremos a abordar os conceitos da Análise das Demonstrações
Contábeis.

A CONTABILIDADE, SUAS DEMONSTRAÇÕES E SEUS USUÁRIOS


31

NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Estrutura
82. As notas explicativas às demonstrações contábeis de uma entidade devem:
a. apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações contábeis e
das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para transações e eventos
significativos;
b. divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não
estejam apresentadas em nenhum outro lugar das demonstrações contábeis;
c. fornecer informações adicionais que não são indicadas nas próprias demonstrações
contábeis consideradas necessárias para uma apresentação adequada.
83. As notas explicativas às demonstrações contábeis devem ser apresentadas de ma-
neira sistemática. Cada rubrica constante do próprio balanço patrimonial e das demons-
trações do resultado, das mutações no patrimônio líquido e das origens e aplicações
de recursos (ou fluxos de caixa) deve ter referência cruzada com qualquer informação
relacionada nas notas explicativas.
84. As notas explicativas às demonstrações contábeis incluem narrações ou análises
mais detalhadas de montantes apresentados no próprio balanço, na demonstração do
resultado, na demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração
das origens e aplicações de recursos (ou fluxos de caixa), bem como informações adicio-
nais como passivo contingente e detalhes de obrigações a longo prazo. Elas incluem as
informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil e outras divulgações
necessárias para atingir uma apresentação adequada.
85. As notas explicativas são normalmente apresentadas na seguinte ordem, que ajuda
os usuários no entendimento das demonstrações contábeis e na comparação com as de
outras entidades:
a. contexto operacional;
b. declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis;
c. menção das bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas;
d. informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações contábeis, di-
vulgadas na mesma ordem.
e. outras divulgações, incluindo:
i. contingências e outras divulgações de caráter financeiro; e
ii. divulgações não financeiras, tais como riscos financeiros da entidade, as correspon-
dentes políticas e os objetivos da administração, que não se confundam com as infor-
mações a divulgar no relatório da administração, incluindo, mas não se limitando a, po-
líticas de proteção cambial ou de mercado, "hedge" etc.
86. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário ou desejável modificar a sequência
de itens específicos dentro das notas explicativas. Por exemplo, informações sobre taxas
de juros e ajustes a valor de mercado podem ser combinadas com informações sobre
vencimento de instrumentos financeiros, apesar de os primeiros serem divulgações de
demonstração do resultado e os últimos referirem-se ao balanço. Não obstante, uma
estrutura sistemática para as notas explicativas deve ser mantida sempre que praticável.
Apresentação das Práticas Contábeis
87. A seção de práticas contábeis nas notas às demonstrações contábeis deve mencio-
nar o seguinte:
a. as bases de avaliação utilizadas na preparação das demonstrações contábeis; e
b. cada prática contábil específica que é necessária para um entendimento adequado
das demonstrações contábeis.
88. Além das práticas contábeis específicas utilizadas nas demonstrações contábeis, é
importante para os usuários ter conhecimento das bases de avaliação usadas (custo
histórico, custo corrigido, valor de realização, valor justo ou de mercado ou valor de re-
cuperação), porque elas formam a base sobre a qual as demonstrações contábeis estão
preparadas. Quando mais de uma base de avaliação é usada nas demonstrações contá-
beis, como, por exemplo, quando determinados ativos imobilizados são reavaliados, é
necessário fornecer uma indicação das categorias de ativo ou passivo às quais cada base
de mensuração se aplica.
89. Ao decidir se uma prática contábil deve ser divulgada, a administração deve consi-
derar se a divulgação ajudaria os usuários a entender a maneira pela qual as transações
e os eventos são demonstrados nos relatórios contábeis apresentados. As práticas con-
tábeis de uma entidade incluem, porém não estão restritas, o seguinte:
a. critério de reconhecimento da receita;
b. normas de consolidação, incluindo subsidiárias integrais, controladas, controladas
em conjunto e Entidades de Propósito Específico – EPEs;
c. base de avaliação dos investimentos em coligadas (e a elas equiparadas) e contro-
ladas;
d. a ocorrência e o efeito de cisões, fusões, incorporações e outras alterações na sua
estrutura;
e. operações com "joint ventures";
33

f. reconhecimento e depreciação/amortização/exaustão de ativos tangíveis e intangí-


veis;
g. capitalização de encargos financeiros e outras despesas;
h. contratos de construção;
i. instrumentos e investimentos financeiros;
j. arrendamentos mercantis;
l. estoques;
m. impostos, incluindo impostos diferidos;
n. provisões;
o. custos de benefícios aos empregados;
p. conversão de moeda estrangeira e operações de proteção ("hedge");
q. definição de negócios e segmentos geográficos e a base para apropriação de custos
entre segmentos;
r. definição de caixa e equivalentes de caixa;
A entidade deve divulgar nas notas explicativas informações sobre as principais premis-
sas adotadas em relação a eventos futuros e outras informações que envolvam incerte-
zas, e, por consequência, riscos de ajustes materiais nos saldos de ativos e passivos no
período seguinte. Exemplos de premissas importantes são taxas de juros futuros, vida
útil de ativos, mudanças futuras em preços que possam afetar a recuperação de ativos
etc. As notas devem indicar os seguintes detalhes em relação aos ativos e passivos:
a. tipo de premissa ou qualquer outra forma de mensuração adotada envolvendo a
incerteza; e
b. seu valor na data do balanço.
Fonte: BRASIL (2005)
1. Assinale a alternativa que contenha apenas exemplos de usuários externos:
a) ( ) Governo, investidores, funcionários, clientes e gerente de produção.
b) ( ) Fornecedores, acionistas, diretores, supervisores e instituições bancárias.
c) ( ) Fisco, investidores, superintendentes, instituições bancárias e órgãos pú-
blicos.
d) ( ) Governo, fisco, acionistas, fornecedores, clientes, instituições financeiras e
órgãos públicos.
e) ( ) Clientes, prestadores de serviços, encarregado de produção, supervisor
administrativo.
2. Assinale a alternativa que contenha somente exemplos de usuários internos da
contabilidade:
a) ( ) Colaboradores, encarregado de produção, diretores, acionistas e investi-
dores.
b) ( ) Gerentes, encarregados, supervisores, superintendentes, diretores, control-
ler e gestor de recursos humanos.
c) ( ) Acionistas, gestores, colaboradores, estágios, prestadores de serviços e su-
pervisores.
d) ( ) Diretores, departamento jurídico, clientes, fornecedores e acionistas.
3. A Contabilidade é uma ciência social que objetiva o estudo, controle, mensura-
ção e registro dos patrimônios de uma entidade, mas não se resume somente ao
controle do patrimônio. Assinale a alternativa que apresente corretamente os
conceitos do objeto e o objetivo da contabilidade:
a) ( ) O objeto da contabilidade é geração de informações e seu objetivo é ajudar
os gestores na tomadas de decisões.
b) ( ) O objeto e o objetivo principal da contabilidade são respectivamente: o
registro das mutações patrimoniais e geração dos relatórios contábeis.
c) ( ) O objetivo da contabilidade é o patrimônio das empresas.
d) ( ) O objeto da contabilidade é o patrimônio e seu objetivo principal é a gera-
ção de informações para a tomada de decisões.
e) ( ) O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades e seu principal
objetivo é a mensuração e registro das mutações desses patrimônio.
35

4. O ativo é o local onde estão registrados todos os bens e direitos de uma empresa.
Com relação aos elementos dos ativos, assinale a alternativa que corresponda,
respectivamente, a uma conta do ativo circulante e a outra do ativo não circu-
lante:
a) ( ) Clientes e Fornecedores
b) ( ) Imobilizado e Clientes
c) ( ) Estoques e Intangível
d) ( ) Imobilizado e Contas a Pagar
e) ( ) Aplicações Financeiras e Clientes
5. Ativo e Passivo são divididos em circulante e não circulante. O que definirá a
classificação de circulante ou não circulante de uma conta será o seu prazo de
realização ou exigibilidade. Sobre o circulante e o não circulante, analise as afir-
mativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – São exemplos de contas do ativo não circulante: veículos, terrenos, investimentos
em empresa de capital aberto, marcas e patentes.
II – Para que uma conta seja considerada como circulante, o seu prazo de realização
ou exigibilidade não deve ser superior a 12 meses.
III – São exemplos de contas do passivo circulante: salários a pagar, INSS a recolher,
impostos a recolher e fornecedores de curto prazo.
IV – São exemplos do passivo não circulante: empréstimos e financiamentos de lon-
go prazo, reservas de capital e capital social.
a) ( ) Somente I e II estão corretas.
b) ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c) ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente I, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas estão corretas.
6. A sigla DRE é muito utilizada no cotidiano das empresas e dos escritórios de con-
tabilidade. A sigla DRE pode ser traduzida como: Analise as afirmativas e assinale
a alternativa correta.
I – Demonstrativo do Resultado do Exercício.
II – Demonstração do Resultado do Exercício.
III – Demonstração do Resultado Econômico.
IV – Demonstrativo do Resultado Econômico.
a) ( ) Somente I e II estão corretas.
b) ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c) ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente I, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas estão corretas.
7. Na DRE, podemos encontrar um grupo de contas chamado de Custos das Ven-
das, que agrupa três elementos essenciais do custo dos produtos, que são: Assi-
nale a alternativa correta.
a) ( ) Custos da matéria-prima processada, Custos de mão de obra e despesas
com vendas.
b) ( ) Custos dos produtos, serviços e almoxarifado.
c) ( ) Custos dos Serviços e bens imóveis.
d) ( ) Custos dos Produtos Vendidos, Custos das Mercadorias Vendidas e custos
dos serviços prestados.
e) ( ) Custos dos gastos gerais de fabricação e impostos sobre a venda.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Contabilidade Descomplicada
Luciano Guerra
Editora: Saraiva
Sinopse: a Contabilidade é um sistema de geração de
informações muito simples e eficiente. No entanto, a
maneira como é usada e transmitida a faz parecer uma
ciência para poucos. Para quebrar este paradigma, este
livro propõe uma abordagem visual da Contabilidade,
apresentando seus conceitos em formas gráficas e numa linguagem simples, facilitando
seu entendimento a qualquer pessoa, de qualquer área. Escrito e idealizado por
Luciano Guerra, mestre em Contabilidade Gerencial pela Fundação Getúlio Vargas, do
Rio de Janeiro, e especialista em Avaliação Socioeconômica de Projetos pela Pontifícia
Universidade Católica de Santiago do Chile, a obra busca tornar o estudo desta área de
atuação atrativo para seus leitores. Estudantes de Ciências Contábeis e profissionais de
outras áreas que em algum momento da vida sintam necessidade de ter conhecimentos
no assunto encontram em Contabilidade Descomplicada um grande aliado.

O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná disponibiliza um modelo de DRE


adaptado das instruções da NBC TG 26, que se encontra em um material que dispõe
sobre os aspectos práticos sobre a elaboração das demonstrações contábeis. O
material está disponível no link abaixo:
<http://www.crcpr.org.br/new/content/download/2011_demonstracoesContabeis.
pdf>.

No vídeo abaixo, você poderá entender melhor cada um dos elementos do Balanço
Patrimonial:
<http://www.youtube.com/watch?v=phD-0MTCYbs&list=PLSTzVrjTBfOjmYQxlgZaZz3
BGUY_RlyPY>.

Material Complementar
Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

II
A ANÁLISE DAS

UNIDADE
DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender a análise das demonstrações contábeis.
■■ Estudar o objetivo da análise das demonstrações contábeis.
■■ Entender a importância da análise das demonstrações contábeis.
■■ Conhecer as técnicas de análise.
■■ Compreender a importância da preparação das demonstrações
contábeis.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A análise das demonstrações contábeis
■■ Técnicas de análise das demonstrações contábeis
■■ Preparo das demonstrações contábeis para análise
41

INTRODUÇÃO

No propósito de atingir seu objetivo, a contabilidade disponibiliza a seus usu-


ários as demonstrações contábeis. Como já foi destacado na unidade anterior,
para a análise das demonstrações contábeis, as demonstrações mais importantes
e que serão trabalhadas no livro serão o balanço patrimonial e a demonstração
do resultado do exercício.
Os principais relatórios contábeis são padronizados, principalmente aque-
les voltados para os usuários externos. Para Matarazzo (2008), as demonstrações
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

contábeis (ou demonstrações financeiras) são apenas dados.


Por serem cheias de números e expressões técnicas, as demonstrações contá-
beis refletem apenas dados para seus usuários, por exemplo, o que vale saber que
as vendas do ano da empresa foram de X milhões se não sabe quanto vendeu no
período passado ou quanto sua maior concorrente vendeu no mesmo período?
O número de X milhões de vendas é um dado, mas quando este é colocado
no lado de outro dado, é feita uma comparação ou uma análise destes números,
assim se obtém uma informação.
A análise das demonstrações contábeis pode ser considerada, segundo
Iudícibus (1988, p. 24), como “a ‘arte de saber’ extrair relações úteis, para o obje-
tivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais
e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Então podemos conside-
rar uma das funções da análise, pegar dos relatórios contábeis as informações
necessárias para que os usuários contábeis possam tomar decisões sobre deter-
minada empresa.
Durante a leitura dos próximos tópicos, e principalmente das citações, é pos-
sível encontrar alguns sinônimos para análise das demonstrações contábeis, tais
como: análise de balanços, análise das demonstrações financeiras, análises dos
relatórios financeiros ou somente relatórios financeiros.

Introdução
42 UNIDADE II

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O resultado final de todo processamento contábil é a elaboração das demons-


trações contábeis, como o Balanço Patrimonial, a DRE, a DFC (Demonstração
do Fluxo de Caixa), a DVA (Demonstração do Valor Adicionado), a DRA
(Demonstração do Resultado Abrangente), notas explicativas e outras demons-
trações obrigatórias (exigidas pela legislação) ou não. O trabalho da análise das
demonstrações contábeis começa quando o trabalho da contabilidade financeira
termina: com a elaboração das demonstrações contábeis.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O Balanço Patrimonial e a DRE, como já discutimos anteriormente, são as
principais fontes de dados para a análise, de onde serão extraídos os indicadores
da análise das demonstrações contábeis. Os demais relatórios contábeis servi-
ram como fonte de dados para entendermos as variações e as composições dos
números apresentados no balanço e na DRE.

Diferença entre a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial:


A contabilidade financeira, geral ou societária, é aquela regida pelas leis,
normas e princípios contábeis, voltada principalmente para atender à legis-
lação vigente e ao fisco. Suas demonstrações são padronizadas e determi-
nadas por leis, como o Balanço Patrimonial, a DRE, a DVA, DRA, DFC e outras.
Também podemos encontrar a contabilidade gerencial, que é voltada a
atender às necessidades de informações dos usuários internos das empre-
sas (gerentes, supervisores, superintendentes, diretores e outros) e suas de-
monstrações não são padronizadas.
A análise das demonstrações contábeis é desenvolvida a partir das demons-
trações da contabilidade financeira, pois, na maioria das oportunidades, os
usuários da análise são externos às empresas analisadas, como instituições
financeiras, governo, fornecedores, acionistas e investidores.

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


43

Mesmo quando a análise é desenvolvida dentro da empresa, pelos usuários


internos, surge a necessidade de comparar o desempenho da empresa com
outras empresas, tornando mais fácil a comparabilidade, utilizando as de-
monstrações da contabilidade financeira. Neste caso, os relatórios da conta-
bilidade gerencial podem ajudar a explicar as variações dos indicadores da
empresa, sendo utilizados como relatórios de apoio.
Fonte: o autor

Segundo Ávila (2006), tão antiga quanto a própria contabilidade, a análise das
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

demonstrações contábeis já era realizada há 3.000 a.C., quando os usuários da


contabilidade daquela época, ao fim de cada período, anotavam a quantidade de
bens que possuíam e verificavam as variações de um período para outro.

ANO DE 3.689 A.C. - DIA DA ANO DE 3.688 A.C. - DIA DA


TERCEIRA LUA CHEIA TERCEIRA LUA CHEIA

Cabras 1.100 1.155


Vacas 300 380
Carneiros 50 40

Tabela 1: Inventário de Estoque do Rebanho do criador Ukr Semanthal


Fonte: Iudícibus (2012, p. 2)

Como pode ser observado na tabela 1, o usuário contábil ou o “analista” daquela


época já anotava a variação de seu patrimônio de um período para outro naquilo
que podemos tratar como a primeira análise horizontal conhecida, uma técnica
de análise que conheceremos nos próximos tópicos deste livro.

A Análise das Demonstrações Contábeis


44 UNIDADE II

CONCEITO

A análise das demonstrações contábeis conceitua-se em extrair informações


sobre a situação econômico-financeira das empresas e/ou entidades por meio
das suas demonstrações contábeis, usando-se da aplicação de índices, quocien-
tes e comparações, e decomposição de valores ou grupos de contas, comparação
e interpretação dos índices.
Como algumas das demonstrações contábeis são sintéticas e nem
sempre esclarecem a composição analítica do patrimônio e de suas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
variações, a Contabilidade dispõe de mais uma técnica especializada,
denominada Análise de Balanços, que permite decompor, comparar e
interpretar essas demonstrações contábeis, oferecendo, aos interessa-
dos na riqueza patrimonial, dados analíticos e interpretação sobre os
componentes do patrimônio e sobre os resultados da atividade eco-
nômica desenvolvida pela entidade (FRANCO; MARRA 2001, p. 27).

A análise das demonstrações contábeis é uma técnica contábil que tem como
objeto as demonstrações contábeis, e sua função é tirar informações úteis des-
tas demonstrações que permitam os usuários da contabilidade tomar decisões.

“A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Fi-


nanceiras para a tomada de decisões” (MATARAZZO, 2008, p. 15).

Para alguns autores, essa técnica de extrair informações das demonstrações con-
tábeis pode ser comparada a uma arte:
A análise de balanços é considerada uma arte, apesar de utilizar de
fórmulas matemáticas e métodos científicos para extrair dados, pois,
dependendo do grau de conhecimento teórico, conhecimento do ramo,
experiência prática, sensibilidade e intuição, cada analista poderá pro-
duzir diagnósticos diferentes a partir de um mesmo conjunto de dados
(HOJI, 2014, p. 278).

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


45

O objetivo da análise das demonstrações contábeis não se difere do obje-


tivo da contabilidade: a geração de informações para a tomada de decisões. O
que talvez se possa colocar como um diferencial é a questão do objeto de cada
uma: para a contabilidade, o objeto é o patrimônio das empresas; para a análise,
o objeto são as demonstrações contábeis.
A análise de balanços visa relatar, por meio das informações tiradas das
demonstrações contábeis, a posição econômico-financeira atual da empresa, as
causas que determinaram a evolução apresentada e projetar as tendências futu-
ras, com o objetivo de colaborar ou influenciar a tomada de decisões.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

IMPORTÂNCIA

A importância da análise das demonstrações contábeis está em dar condições


de transformar os números contidos nas demonstrações contábeis em informa-
ções que atendam seus mais diferentes usuários:
O analista de balanço preocupa-se com as demonstrações financeiras
que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que per-
mitam concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem
ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se
é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente, se irá
falir ou se continuará operando (MATARAZZO, 2008, p. 17).

Mediante a análise das demonstrações, podemos tirar uma infinidade de infor-


mações sobre determinada empresa, mas, como descreve Matarazzo (2008),
cada usuário estará interessado mais em um aspecto do que outro da empresa:
o fornecedor quer saber se a empresa tem condições de liquidar sua dívida e se
poderá manter esta condição em determinado período; o acionista quer saber
se a empresa vem apresentando uma boa rentabilidade, e uma liquidez que per-
mita continuar operando; os bancos comerciais querem saber como se compõe
a dívida da empresa, se ela terá condições de pagar um possível empréstimo e
quanto de crédito ela aguenta pagar.

Importância
46 UNIDADE II

A importância da análise das demonstrações contábeis está na própria


identificação de aspectos científicos na Contabilidade. Como é o co-
nhecimento certo pelas causas, e como não há possibilidade de se de-
terminarem as causas das variações patrimoniais sem analisar a origem
e as mutações dos elementos que compõem o patrimônio, a análise de
balanços constitui uma das formas de se identificarem aspectos cien-
tíficos na Contabilidade, pela relação de causas e efeitos (FRANCO,
1989, p. 86).

Quando temos à disposição as demonstrações contábeis, podemos verificar varia-


ções que algumas contas ou grupos de contas sofrem de ano para ano: o aumento
do ativo circulante, aumento do passivo exigível a longo prazo, diminuição das

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vendas ou do patrimônio líquido. Mas as demonstrações contábeis só apresen-
tarão isso (os números), cabe ao analista verificar por meio da análise dessas
demonstrações os motivos dessas variações, ou seja, analisar as causas e efeitos
das mutações do patrimônio e até mesmo projetar cenários futuros.
Nos próximos tópicos, começaremos a entender e a estudar as principais
técnicas de análise, compreender a importância do preparo das demonstrações
contábeis antes mesmo de iniciar a extração dos indicadores das demonstrações.

TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS

Para a contabilidade, a Análise das Demonstrações Contábeis compreende a con-


solidação de todos os conhecimentos que o contador pode adquirir durante o
curso de nível superior, pois somente conhecendo bem as demonstrações con-
tábeis, ele poderá analisá-las e as interpretá-las corretamente.
Muitas informações importantes para as empresas podem ser tiradas de suas
demonstrações contábeis: liquidez, rentabilidade, taxa de retorno sobre investi-
mento etc. Entretanto, estas informações estão ocultas nos números apresentados
nas demonstrações contábeis, e para o analista obter essas informações, é neces-
sária a aplicação de algumas técnicas de análise.
Existem diversos indicadores de análise e técnicas, todas elas buscam

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


47

demonstrar uma situação atual, um possível cenário futuro, demonstrar uma


informação útil aos diversos usuários internos e externos. O acionista quer
saber qual o retorno que ele poderá ter investindo na empresa; o fornecedor, se
a empresa tem condição de lhe pagar; o banco, se a empresa terá condições de
pagar um empréstimo de longo prazo; o funcionário, se a empresa se manterá ativa
nos próximos anos; um gerente, se um determinado seguimento é viável ou não,
e outros exemplos, e sempre há um indicador que possa revelar tal informação.
A técnica de análise mais empregada é relacionar as contas ou grupos das
demonstrações transformando esta relação em índices:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Muitas ve-


zes, na prática, ou mesmo em alguns livros, confunde-se Análise de
Balanços com extração de índices. A característica fundamental dos
índices é fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira da
empresa (MATARAZZO, 2008, p.147).

A análise das demonstrações contábeis utiliza-se de diferentes áreas do conheci-


mento além da contabilidade, como a matemática e estatística. Entre as técnicas
de análise das demonstrações contábeis, destacam-se algumas delas como as
mais atuais:
■■ Indicadores financeiros e econômicos;
■■ Análise horizontal e vertical;
■■ Análise da taxa de retorno sobre investimentos.

Entre as diversas técnicas e indicadores existentes, Marion (2009) destaca algu-


mas delas como tripé da análise das demonstrações contábeis (ou indicadores
básicos):
■■ Indicadores de Liquidez;
■■ Rentabilidade; e
■■ Endividamento.

Para Marion (2009), somente poderemos conhecer a situação econômico-


-financeira a partir da análise deste tripé de indicadores, que são os pontos

Técnicas de Análise das Demonstrações Contábeis


48 UNIDADE II

fundamentais da análise e onde verificamos a situação financeira por meio dos


indicadores de liquidez; situação econômica mediante os indicadores de rentabi-
lidade; e a situação da estrutura de capital com os indicadores de endividamento.
O quadro 4 traz os principais indicadores que fazem parte do tripé da aná-
lise das demonstrações contábeis e suas fórmulas:

INDICADORES FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Liquidez

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caixa e equivalente de Caixa Quanto Maior
Liquidez Imediata Melhor
Passivo Circulante

Disponível + Títulos a receber + Outros Quanto Maior


Ativos de Rápida Conversibilidade Melhor
Liquidez Seca
Passivo Circulante

Ativo Circulante Quanto Maior


Liquidez Corrente Melhor
Passivo Circulante

Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo Quanto Maior


Liquidez Geral Melhor
Passivo Circulante e Passivo Não Circulante

Endividamento

Composição do Passivo Circulante Quanto Menor


Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
X 100
X 100 Melhor
Endividamento Ativo Circulante + Ativo Não Circulante
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

Grau de Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Quanto Menor


X 100 Melhor
Endividamento Ativo Circulante + Ativo Não Circulante

Ativo Imobilizado Quanto Menor


Imobilização do PL X 100 Melhor
Patrimônio Liquido

Rentabilidade

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


49

Lucro Líquido Quanto Maior


Margem Líquida X 100 Melhor
Receita Líquida

Lucro Bruto Quanto Maior


Margem Bruta X 100 Melhor
Receita Líquida

Lucro Líquido Quanto Maior


Rentabilidade do X 100 Melhor
PL Patrimônio Liquido Médio

Lucro Líquido Quanto Maior


Rentabilidade do X 100 Melhor
Ativo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ativo Total Médio

Receita Líquida Quanto Maior


Giro do Ativo Melhor
Ativo Total Médio

Quadro 4: Indicadores do Tripé da Análise


Fonte: adaptado de Matarazzo (2008) e Marion (2009)

Avaliando esses indicadores chamados de tripé da análise de balanço já terí-


amos informações para identificar a situação financeira e econômica de uma
empresa, mas há mais indicadores que ajudam a avaliar melhor a situação em
que se encontra determinada empresa. Entre esses demais indicadores, desta-
camos os indicadores de prazos médios e os indicadores de capital de giro, que
serão abordados nas próximas unidades do livro.

O ANALISTA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As técnicas de análise das demonstrações contábeis são um instrumento funda-


mental para o analista, porém a experiência e o conhecimento do analista são
essenciais para uma boa análise.

Técnicas de Análise das Demonstrações Contábeis


50 UNIDADE II

“Mais eficiente será a análise quanto melhor for o conhecimento do analista


a respeito das operações da empresa analisada” (BRAGA, 1998, p. 124).

O analista deve se preocupar também com a questão da comparação dos índices


por meio de anos anteriores e empresas concorrentes. Apesar dos índices serem
de fundamental importância para o analista, fatores como comparação tempes-
tiva e interempresarial, o conhecimento e experiência do analista são requisitos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
básicos para análise.
Antes de iniciar a extração dos indicadores das demonstrações contábeis,
é necessário preparar as demonstrações contábeis, reclassificações de algumas
contas, se for o caso, e eliminar os efeitos inflacionários.

PREPARO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA


ANÁLISE

As demonstrações da contabilidade apresentam estruturas padronizadas e ajus-


tadas conforme as leis vigentes, entretanto, mesmo com a padronização, as
empresas podem dispor as contas em ordem diferente ou mesmo preferir deta-
lhar mais uma conta ou grupo de contas que outros.
Outro fator importante é a segregação das contas do balanço em operacional
e financeiro (ou operacional e não operacional), e fazer a correção inflacionária
nas demonstrações contábeis.
Para Matarazzo (2008), este processo pode ser chamado de padronização
das demonstrações e tem como objetivo simplificar o trabalho do analista, já que
algumas demonstrações podem apresentar inúmeras contas; possibilidade de
comparar melhor as empresas, já que nem todas as empresas apresentam planos
de contas próprios; e pode apresentar um maior ou menor grau de detalhamento.

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


51

AGRUPAMENTO DAS CONTAS

Para facilitar o trabalho do analista, é recomendado que as contas e grupos de


contas semelhantes ou não essenciais para a análise ou para os cálculos dos indi-
cadores sejam agrupados, assim os balanços serão trabalhados de forma mais
sintética.
As demonstrações contábeis de algumas empresas podem apresentar contas
com termos técnicos exclusivos à sua operação, como instituições financeiras,
mineradoras, empresas aéreas, indústria naval, e outros. Nestes casos, a experi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ência do analista pode ser fundamental para uma análise de qualidade.


Entretanto, os demais relatórios contábeis, como as notas explicativas, podem
ajudar a entender melhor o que compõe cada conta e também auxiliar na esco-
lha de onde esta conta será agrupada.

CONTAS OPERACIONAIS E CONTAS FINANCEIRAS

Entendem-se como contas operacionais aquelas que estão diretamente ligadas


à atividade (operação) de uma empresa, tais como: clientes, estoques, fornece-
dores, obrigações com salários, impostos a pagar ou recuperar, adiantamento
a fornecedores ou adiantamento de clientes e demais contas ligadas à atividade
principal de uma empresa.
E as contas financeiras (ou não operacionais) são as contas, como caixa e
bancos, aplicações financeiras e financiamentos bancários. Elas são caracteriza-
das como contas monetárias, de captação de recursos financeiros (empréstimos
e financiamentos), ou não ligadas à operação principal da empresa, como ativos
disponíveis para vendas e dividendos a pagar.
A segregação de Operacional e Financeiro (não operacional) pode ser feita
somente para as contas do circulante, pois somente as contas do circulante serão
utilizadas para encontrar indicadores de capital de giro.

Preparo das Demonstrações Contábeis para Análise


52 UNIDADE II

EXEMPLO DE PADRONIZAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL

Observe abaixo o Balanço da empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes, para os


anos de 2012 e 2013, disponibilizado pela empresa:

BALANÇO PATRIMONIAL 2013 2012

Ativo Circulante 3.565.709 2.087.983


Caixa e equivalentes de caixa 1.635.647 775.551

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aplicações financeiras 1.155.617 585.028
Caixa restrito 88.417 7
Contas a receber 324.821 325.665
Estoques 117.144 138.039
Impostos a recuperar 52.124 110.999
Despesas antecipadas 80.655 62.328
Depósitos - 2.575
Direitos com operações de derivativos 48.934 10.696
Outros créditos e valores 62.350 68.921
Ativo mantido para venda - 8.174
   
Ativo Não Circulante 7.072.739 6.939.115
Depósitos 847.708 654.621
Caixa restrito 166.039 224.517
Despesas antecipadas 26.526 35.456
Impostos diferidos e a recuperar 561.694 433.353
Outros créditos e valores 4.423 5.438
Imobilizado 3.772.159 3.885.799
Intangível 1.694.190 1.699.931
   

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


53

TOTAL DO ATIVO 10.638.448 9.027.098


Passivo Circulante 3.446.791 4.061.693
Empréstimos e financiamentos 440.834 1.719.625
Contas a Pagar 502.919 480.185
Obrigações trabalhistas 233.584 207.518
Obrigações fiscais 94.430 73.299
Taxas e tarifas aeroportuárias 271.334 240.739
Transportes a executar 1.219.802 823.190
Programa de milhagem 195.935 124.905
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Adiantamentos de clientes 167.759 93.595


Provisões 199.471 179.950
Obrigações com operações de derivativos 30.315 56.752
Outras obrigações 90.408 61.935
   
Passivo Não Circulante 5.973.157 4.232.577
Empréstimos e financiamentos 5.148.551 3.471.550
Provisões 282.903 299.880
Programa de milhagem 456.290 364.307
Adiantamentos de clientes 3.645 -
Obrigações fiscais 61.038 47.597
Outras obrigações 20.730 49.243
   
Patrimônio Líquido 1.218.500 732.828
Capital social 2.501.574 2.499.689
Reservas de capital 103.366 61.387
Ações em tesouraria -32.116 -35.164
Outras Reservas 533.127 -134.606
Prejuízos acumulados -2.455.025 -1.658.478
Participação de não controladores 567.574 -
TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 10.638.448 9.027.098
Quadro 5: Balanço Patrimonial da GOL Linhas Aéreas Inteligentes
Fonte: Gol Linhas Aéreas Inteligentes (2014)

Preparo das Demonstrações Contábeis para Análise


54 UNIDADE II

Para este exemplo, a utilização das notas explicativas da companhia foi


essencial para compreender a nomenclatura das contas e como classificá-las em
operacionais e financeiras.

Empresas com capital aberto, as sociedades anônimas que comercializam


suas ações na bolsa de valores, como GOL, TAM, Petrobras, Vale, Itaú, Bra-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desco e outros são obrigadas a divulgar e publicar suas demonstrações con-
tábeis nas suas próprias páginas de internet e também no site da CVM – Co-
missão de Valores Mobiliários.
Fonte: Brasil (2005)

Para a preparação das demonstrações contábeis, iremos utilizar o modelo bem


sintético adaptado de Matarazzo (2008), onde as contas destacadas serão aque-
las que posteriormente utilizaremos para cálculos dos indicadores:

BALANÇO PATRIMONIAL 2013 2012


 ATIVO    
CIRCULANTE 3.565.709 2.087.983
FINANCEIRO 2.928.615 1.382.031
Caixa e equivalentes de caixa 1.635.647 775.551
Aplicações Financeiras 1.155.617 585.028
Outros Valores – Financeiros 137.351 21.452
OPERACIONAL 637.094 705.952
Clientes 324.821 325.665
Estoques 117.144 138.039
Despesas Antecipadas 80.655 62.328
Outros Valores – Operacionais 114.474 179.920

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


55

NÃO CIRCULANTE 7.072.739 6.939.115


Realizável a Longo Prazo 1.606.390 1.353.385
Investimentos - -
Imobilizado 3.772.159 3.885.799
Intangível 1.694.190 1.699.931
TOTAL DO ATIVO 10.638.448 9.027.098
   
PASSIVO  
CIRCULANTE 3.446.791 4.061.693
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

FINANCEIRO 471.149 1.776.377


Empréstimos e Financiamentos 440.834 1.719.625
Outros Valores – Financeiros 30.315 56.752
OPERACIONAL 2.975.642 2.285.316
Fornecedores 774.253 720.924
Adiantamentos de Clientes 1.387.561 916.785
Obrigações Fiscais e Trabalhistas 328.014 280.817
Outros Valores – Operacional 485.814 366.790
NÃO CIRCULANTE 5.973.157 4.232.577
Empréstimos e Financiamentos 5.148.551 3.471.550
Outros Valores Exigíveis a Longo Prazo 824.606 761.027
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.218.500 732.828
Capital e Reservas 3.673.525 2.391.306
Lucros e Prejuízos Acumulados -2.455.025 -1.658.478
TOTAL DO PASSIVO E P.L. 10.638.448 9.027.098
Quadro 6: Padronização do Balanço Patrimonial – GOL Linhas Aéreas Inteligentes
Fonte: adaptado de Matarazzo (2008)

Por meio das notas explicativas do Balanço Patrimonial da empresa GOL Linhas
Aéreas Inteligentes, podemos fazer as seguintes divisões das contas com nomen-
claturas mais específicas ao setor:

Preparo das Demonstrações Contábeis para Análise


56 UNIDADE II

Caixa Restrito: classificado como “Outros Valores – Financeiros”, refere-se a


depósitos em garantia para obtenção de empréstimos e financiamentos bancários.
Direitos/Obrigações com operações de derivativos: as operações com deri-
vativos são comuns às empresas de capital aberto, foram classificados “Outros
Valores – Financeiros” tanto no ativo quanto no passivo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Derivativos são contratos que derivam a maior parte de seu valor de um
ativo subjacente, taxa de referência ou índice. O ativo subjacente pode ser
físico (café, ouro etc.) ou financeiro (ações, taxas de juros etc.), negociado
no mercado à vista ou não (é possível construir um derivativo sobre outro
derivativo). Os derivativos podem ser classificados em contratos a termo,
contratos futuros, opções de compra e venda, operações de swaps, entre
outros, cada qual com suas características.
Os derivativos, em geral, são negociados sob a forma de contratos padroni-
zados, isto é, previamente especificados (quantidade, qualidade, prazo de
liquidação e forma de cotação do ativo-objeto sobre os quais se efetuam
as negociações), em mercados organizados, com o fim de proporcionar, aos
agentes econômicos, oportunidades para a realização de operações que
viabilizem a transferência de risco das flutuações de preços de ativos e de
variáveis macroeconômicas.
Disponível em:<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/Menu_Inves-
tidor/derivativos/Derivativos_introducao.html>. Acesso em: 13 nov. 2014.

Ativo mantido para venda: essa conta também foi classificada como “Outros
Valores – Financeiros”, já que a venda de bens está ligada à operação da empresa.
Taxas e tarifas aeroportuárias: junto com a conta de “Contas a Pagar” essa
conta foi classificada como “Fornecedores”, uma vez que se refere às taxas cobra-
das nos aeroportos para a operação da companhia.
Transportes a executar: essa conta foi classificada como adiantamento de
clientes por se tratar de bilhetes (passagens de avião) já vendidos, mas ainda
não utilizados.

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


57

Programa de milhagem: classificado como “Outros valores – Operacionais”


trata-se do programa Smiles, programa de recompensas da empresa, e refere-se
a uma média de valor que custa cada ponto em aberto do programa.

A empresa Gol, no seu balanço patrimonial, apresentou as contas “Outros


Créditos e Valores” para o ativo e “Outras Obrigações” para o passivo, que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

podem agregar diversas contas de menor representatividade. Tal prática é


normal na elaboração do balanço patrimonial, entretanto, dentro desta ru-
brica de “Outros”, podem estar somadas contas operacionais e financeiras.
Então se faz necessário, mediante as notas explicativas, verificar as contas
que compõem a conta “Outros” e segregar essas contas em operacionais e
financeiras para melhor análise e cálculo dos indicadores.
Fonte: o autor

Após a classificação do Balanço Patrimonial, é importante verificar também a


necessidade da preparação da DRE. Entretanto, a DRE já possui uma estrutura
sintética, e a análise das demonstrações contábeis utiliza-se predominantemente
dos grupos de contas da DRE, diferentemente do balanço, onde algumas contas
são essenciais para o cálculo dos indicadores.

Preparo das Demonstrações Contábeis para Análise


58 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, abordamos os conceitos e objetivos da Análise das Demonstrações


Contábeis, além de explicar sua importância, que é fornecer aos seus usuários as
informações ocultas nos números das demonstrações contábeis.
A Análise das Demonstrações Contábeis pode ser muito bem caracterizada
como uma arte, a arte de extrair informações úteis dos diversos números cons-
tantes nas demonstrações contábeis com as técnicas de análise e os cálculos dos
indicadores da análise de balanço. O analista tira informações das demonstra-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ções contábeis, assim como um médico tira as medições necessárias para dar
um diagnóstico aos seus pacientes.
A importância de um analista experiente e com um bom conhecimento tam-
bém foi explorada nesta unidade. Para que a análise surta efeito e passe realmente
a ser útil aos seus usuários, há a necessidade de que o analista possua o conheci-
mento adequado. Se você não deixa a sua saúde nas mãos de médico inexperiente
ou sem conhecimento necessário, o empresário também não irá solicitar uma
avaliação para qualquer pessoa.
E como um médico prepara os seus pacientes para a realização de exames
ou cirurgias, verificamos a importância da preparação das demonstrações para
a análise e também para os cálculos dos indicadores que serão abordados nas
próximas unidades.

A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


59

A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NA CONTABILIDADE


Diante das grandes mudanças no cenário contábil, o contador necessita de uma cons-
tante busca de informações para agregar conhecimentos, tornando-se um profissional
competente para exercer seu papel de gestor da informação e utilizar seus mecanismos
para interferir no processo decisório da empresa.
Um dos maiores desafios das empresas é criar um clima organizacional para antecipar as
tendências. Neste contexto, torna-se importante comentar sobre o papel estratégico da
informação como uma ferramenta para a transformação empresarial e para esboçar um
novo desenho dos processos administrativos.
As informações são fornecidas pela contabilidade por meio das demonstrações contá-
beis, devendo atender aos usuários externos (bancos, investidores etc.) e aos usuários
internos à entidade.
Segundo Sá (2005), antes mesmo da habilidade do homem em escrever e calcular, ele
já manifestava, por meio de inscrições e pinturas, as suas noções de qualidade e quan-
tidade das coisas.
Iudícibus e Marion (2002) ressaltam que toda a história tem mostrado que a contabi-
lidade vem se tornando importante à medida que há o desenvolvimento econômico,
mas foi na idade moderna por volta dos séculos XIV e XVI, onde aconteceram evoluções
em diversos cenários, tais como as artes e a economia, proporcionando um estímulo no
mundo das ciências contábeis, sobretudo na Itália.
Não obstante, o marco neste período foi a primeira literatura contábil relevante median-
te o Frei Luca Pacioli, em 1494.
As demonstrações contábeis são uma consequência da escrituração, devendo nela estar
respaldadas. Não há demonstração se não existir escrituração. Sua prática surgiu da ne-
cessidade de informações seguras e adequadas para que os gestores pudessem tomar
decisões com maior fundamentação e segurança. A contabilidade tem como objetivo
atender seus usuários externos e internos e procurar saber quais as informações serão
prestadas para melhor desempenho na qualidade desses serviços.
Devido à concorrência e à globalização, as empresas passam por um momento onde
aplicar os recursos escassos com a máxima eficiência tornou-se essencial em qualquer
organização, no entanto, a experiência e a fidelidade do administrador não são mais
fatores de maior importância para a tomada de decisões. É necessário um conjunto de
informações fidedignas para norteá-las.
A importância da contabilidade e das informações contábeis nas empresas serve para
nortear a tomada de decisões, e diante deste contexto, o contador deverá desenvolver
habilidades e competências necessárias para sobreviver a este novo cenário.
O contador exerce um papel fundamental na construção de uma nova forma de gestão
centrada na informação, passando a exercer novos valores decorrentes de seu uso e
pelo fluxo de transmissão.
O profissional contábil precisa se adaptar e assumir o papel de gestor da informação
e utilizar seus métodos para interferir no processo decisório da empresa. A gestão de
processos e habilidades é imprescindível ao contador, pois além de dominar a economia
mundial, deverá o mesmo conhecer profundamente o processo de gestão da empresa,
tomando decisão em um mundo diversificado e interdependente.
O contador, por meio de seu conhecimento técnico, influencia as demais áreas, que
compõem o corpo técnico da empresa, e ilustra, por meio de medidas de desempenho,
a importância de cada uma delas dentro dos segmentos das organizações.
Fonte: Santos (2010)
MATERIAL COMPLEMENTAR

Análise Financeira de Balanços - Abordagem Gerencial


Dante Carmine Matarazzo
Sinopse: uma característica diferenciadora deste livro é revelar
técnicas de Análise das Demonstrações Financeiras capazes de gerar
amplas e profundas informações sobre o desempenho, a situação
econômico-financeira e a gerência das empresas.
Com esse novo instrumental, a análise das demonstrações
Financeiras, que anteriormente era usada quase que exclusivamente
de fora da empresa, passa a se inserir entre as técnicas de gerência
financeira. Por outro lado, vem propiciar ao público externo muito
mais conhecimento a respeito da empresa.
Destaca-se neste livro a originalidade de alguns tópicos, como: O
método de dolarização das demonstrações financeiras publicadas, apurando ganhos e perdas
com a conversão de moedas; O modelo de avaliação de empresas, evidenciando pontos fortes
e fracos da empresa; A análise do fluxo de caixa revelando a adequação entre os investimentos
efetuados e os financiamentos tomados; O desdobro da taxa de retorno simultaneamente à análise
da Alavancagem Financeira, identificando as vantagens e desvantagens do endividamento e as
causas das modificações da rentabilidade empresarial.

Lincoln (2012)
Dirigido por: Steven Spielberg
Elenco: Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn
Origem: EUA
Sinopse: baseado no livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham
Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin, o filme se passa durante a Guerra
Civil norte-americana, que acabou com a vitória do Norte. Ao mesmo
tempo em que se preocupava com o conflito, o 16º presidente
norte-americano, Abraham Lincoln (Daniel Day-Lewis), travava uma
batalha ainda mais difícil em Washington. Ao lado de seus colegas
de partido, ele tentava passar uma emenda à Constituição dos
Estados Unidos que acabava com a escravidão.

Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR

As 13 lições de liderança do filme Lincoln


Reportagem da revista Época lista 13 lições de liderança que constam no filme Lincoln.
Veja a reportagem completa no link abaixo:
<http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2013/02/13-licoes-de-
lideranca-do-filme-lincoln.html>.

Você pode encontrar as demonstrações contábeis das empresas com capital aberto,
as sociedades anônimas que comercializam suas ações na bolsa de valores, na
internet e também no site da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Veja algumas
demonstrações nos links abaixo:
<http://www.voegol.com.br/pt-br/investidores/paginas/default.aspx>
<http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/home.htm>
<http://ri.marisa.com.br/marisa/web/
conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=10548>
<http://www.vale.com/PT/investors/Quarterly-results-reports/Financial-statements-
BR-GAAP-IFRS-US-GAAP/Paginas/default.aspx>
63

1. Sobre os conceitos de Análise das Demonstrações Contábeis, observe as afirma-


tivas abaixo e assinale a alternativa correta.
I. A análise refere-se à técnica contábil que tem como objeto as demonstrações
contábeis.
II. Uma das funções da análise das demonstrações contábeis é tirar informações
úteis destas demonstrações que permitam aos usuários da contabilidade tomar
decisões.
III. A Análise das Demonstrações contábeis tem a função de extrair informações
das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões.
IV. Pode-se afirmar que o objetivo da análise das demonstrações contábeis não
se difere do objetivo da contabilidade: a geração de informações para a tomada
de decisões.
a) ( ) Somente I e II estão corretas.
b) ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c) ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente II, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas estão corretas.
2. Na literatura contábil, podemos encontrar outras nomenclaturas para a análise
das demonstrações contábeis. Quais são essas outras nomenclaturas? Assinale a
alternativa correta:
a) Análise da demonstração do resultado, análise das demonstrações gerenciais
e análise financeira das empresas.
b) Análise das demonstrações financeiras, análise do balanço patrimonial, análise
das demonstrações de resultado e análise vertical.
c) Análise por indicadores, análise financeira, análise de balanço e análise dos
relatórios financeiros.
d) Análise de balanços, análise das demonstrações financeiras ou análises dos re-
latórios financeiros.
e) Análise das demonstrações socioeconômicas, análise das demonstrações fi-
nanceiras e análise balanços.
3. As técnicas de análise buscam extrair informações úteis das demonstrações con-
tábeis. Existem diversas técnicas de balanço, mas para Marion (2009), poderemos
conhecer a situação econômico-financeira a partir da análise dos indicadores
conhecidos como o tripé de indicadores. Quais são os indicadores conhecidos
como o tripé da análise? Assinale a alternativa correta:
a) Indicadores de Prazos Médios, Liquidez e Endividamento.
b) Indicadores de Rentabilidade, Capital de Giro e Prazos Médios.
c) Indicadores de Liquidez, Rentabilidade e Endividamento.
d) Indicadores do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido.
e) Indicadores de Capital de Giro, Liquidez e Rentabilidade.
4. Para uma boa análise, a experiência e o conhecimento do analista são funda-
mentais. Além do conhecimento das técnicas de análise, é recomendado que o
analista conheça o mercado da empresa ou das empresas que ele esteja anali-
sando. Além disso, quais são as outras atribuições do analista das demonstrações
contábeis? Observe as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I. Elaborar as demonstrações contábeis e financeiras da empresa.
II. Fazer a comparação dos índices através do tempo (anos anteriores) e empresas
concorrentes (mesmo setor).
III. Extrair os indicadores das demonstrações contábeis.
IV. Fazer uma análise tempestiva e interempresarial.
a) ( ) Somente I e II estão corretas.
b) ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c) ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente II, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas estão corretas.
65

5. O preparo e a padronização das demonstrações contábeis podem trazer os be-


nefícios à análise e ao analista. Sobre a preparação e padronização das demons-
trações contábeis, é correto afirmar que: Leia as afirmativas e analise alternativa
correta.
I. A preparação das demonstrações simplifica o trabalho do analista.
II. A preparação das demonstrações se faz necessária, pois as empresas se utilizam
de planos de contas diferentes uns das outros.
III. A padronização das demonstrações é recomendada já que algumas demonstra-
ções contábeis se apresentam mais ou menos detalhadas do que outras.
IV. A padronização auxilia e agiliza os cálculos dos indicadores, pois as contas essen-
ciais para os cálculos dos indicadores já estarão segregadas.
a) ( ) Somente I e II estão corretas.
b) ( ) Somente I, II e III estão corretas.
c) ( ) Somente I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente II, III e IV estão corretas.
e) ( ) Todas estão corretas.
6. Dentro do balanço patrimonial, podemos encontrar contas que classificamos
como operacionais e não operacionais. Sobre as contas operacionais, analise as
alternativas abaixo e assinale a correta:
a) Contas operacionais são aquelas contas que estão diretamente ligadas à ativi-
dade (operação) de uma empresa.
b) São exemplos de contas operacionais: clientes, estoques, fornecedores, caixa
e aplicações financeiras.
c) São exemplos de contas operacionais: impostos a recuperar, adiantamento a
fornecedores e financiamentos bancários.
d) Contas operacionais são aquelas que representam os valores monetários dis-
poníveis na empresa como caixas e bancos.
e) Contas como operações com derivativos e empréstimos são consideradas con-
tas operacionais.
Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

ANÁLISE VERTICAL E A

III
UNIDADE
ANÁLISE HORIZONTAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender a análise vertical.
■■ Aprender os cálculos da análise vertical.
■■ Compreender a análise horizontal.
■■ Entender os conceitos de análise horizontal anual e ano base.
■■ Compreender a importância da análise conjunta dos indicadores.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Análise Vertical (AV)
■■ Análise Horizontal (AH)
■■ Análise Conjunta
69

INTRODUÇÃO

A terceira unidade do livro tratará sobre a análise vertical, a análise horizontal,


em suas duas formas: análise horizontal ano-base e análise horizontal anual. Os
conceitos e significados desses dois grupos de indicadores serão apresentados, e
utilizaremos uma empresa fictícia para fazer aplicação e análise desses indicadores.
Iremos verificar que a análise vertical permite entender melhor a compo-
sição dos valores de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu total ou
ao total da demonstração contábil. Na análise horizontal, iremos compreender
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

como ela pode ser utilizada para verificar as mutações e variações das contas das
demonstrações contábeis nas suas duas formas.
No final da unidade, no seu último tópico, o assunto abordado será a utiliza-
ção simultânea da análise vertical e horizontal para as demonstrações contábeis
da empresa ADC Ltda., permitindo que você, caro(a) aluno(a), possa compreen-
der a importância de relacionar os indicadores e as demonstrações no momento
de analisá-las, uma vez que cada mutação, variação ou distorções relacionadas
a fatores externos apresentaram efeitos no balanço patrimonial, na DRE e nos
indicadores de análise, não podendo os indicadores serem avaliados de forma
isolada, mas sim no seu conjunto.

ANÁLISE VERTICAL (AV)

A análise vertical retrata, em percentual (%), quanto uma conta ou grupos de


contas representa em relação ao total da demonstração contábil. Por exemplo,
na análise vertical de um balanço, calcula-se o percentual de cada conta em rela-
ção ao total do ativo.
Para Iudícibus (2012), a análise vertical permite avaliar a composição de
cada item do balanço ou da DRE e, em conjunto com a análise horizontal, tam-
bém avaliar sua evolução com relação ao tempo.

Introdução
70 UNIDADE III

ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL

A partir deste momento, utilizaremos as demonstrações contábeis da empresa


fictícia ADC Ltda. para os exemplos e demonstrações de todos os cálculos dos
indicadores.
Observe no Quadro 7 o ativo da empresa ADC Ltda.:

Empresa: ADC Ltda.   Valores Expressos em R$


 ATIVO 2013 AV (%) 2012 AV (%)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CIRCULANTE 55.321.996 62,30 53.787.039 65,04
FINANCEIRO 6.186.456 6,97 8.710.917 10,53
Caixa e equivalentes de caixa 1.048.413 1,18 2.249.648 2,72
Aplicações Financeiras 5.081.475 5,72 6.406.203 7,75
Outros Valores – Financeiros 56.568 0,06 55.066 0,07
OPERACIONAL 49.135.540 55,34 45.076.122 54,50
Clientes 29.225.874 32,91 27.470.497 33,22
Estoques 19.620.891 22,10 17.242.519 20,85
Outros Valores – Operacionais 288.775 0,33 363.106 0,44
NÃO CIRCULANTE 33.471.936 37,70 28.915.057 34,96
Realizável a Longo Prazo 3.535.580 3,98 3.448.289 4,17
Investimentos 484.595 0,55 359.101 0,43
Imobilizado 29.223.549 32,91 24.803.376 29,99
Intangível 228.212 0,26 304.291 0,37
TOTAL DO ATIVO 88.793.932 100,00 82.702.096 100,00
Quadro 7: Análise Vertical da Empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

Observe que em ambos os anos, o “100,00%” está na última linha do balanço


no total do ativo. As demais contas são calculadas em relação ao total do ativo,
como no exemplo da conta Estoques para o ano de 2013:

19.620.891
AV(%) Estoque = X100 = 22,10
88.793.932

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


71

A base de cálculo para o balanço sempre será o total do ativo (ou o total do
passivo e do patrimônio líquido). Observe agora o exemplo do imobilizado tam-
bém para o ano de 2013:

29.223.549
AV(%) Imobilizado = X100 = 32,91
88.793.932

Assim podemos indicar que, no ano de 2013, a conta estoque representava 22,10%
do total do ativo da empresa e o seu imobilizado representava 32,91% no mesmo
ano, sendo assim, somente essas duas contas representam mais de 50% do total
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de ativo da empresa. A análise vertical possibilita ao leitor trabalhar com núme-


ros relativos (porcentuais), tornando a análise mais dinâmica e compreensível.
Este método consiste no relacionamento dos valores das contas de cada
grupo com montante do respectivo grupo, bem como do montante de
cada grupo com o total – do ativo ou do passivo e patrimônio líquido,
quando de tratar de balanço patrimonial; de cada componente do re-
sultado com as respectivas receitas e/ou despesas etc., quando analisa-
da a demonstração do resultado do exercício (BRAGA, 1998, p. 133).

Com a análise vertical, é possível identificar o percentual de cada conta e também


medir sua importância no conjunto geral. Podemos então determinar a seguinte
fórmula para a análise vertical para o balanço patrimonial:

Conta ou Grupo
AV(%) = X 100
Total do Ativo ou Passivo

Entretanto, a análise vertical também deve ser utilizada na DRE, e ainda há


a opção de utilizá-la somente em grupos específicos de contas para observar
melhor cada conta.

Introdução
72 UNIDADE III

ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Para a DRE - Demonstração do Resultado do Exercício, também deve ser rea-


lizada a análise vertical para encontrar representatividade de cada conta ou
grupo sobre a Receita Líquida. Assim para a análise vertical da DRE, teremos a
seguinte fórmula:
Conta ou Grupo
AV(%) = X100
Receita Líquida

Apresentamos abaixo a DRE da empresa fictícia ADC Ltda., com a análise ver-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tical das contas em relação à Receita Líquida:

Demonstração do Resultado do Exercício

  2013 AV(%) 2012 AV(%)


( + ) Receita Bruta: 174.282.636 102,19 136.230.161 102,75
Vendas de Produtos 168.904.579 99,03 128.633.899 97,02
Vendas de Serviços 5.378.057 3,15 7.596.262 5,73
( - ) Deduções das Receitas: 3.726.837 2,19 3.644.651 2,75
Impostos Sobre Vendas 2.705.006 1,59 2.201.361 1,66
Devoluções 1.021.831 0,60 1.443.290 1,09
( = ) Receita Líquida: 170.555.799 100,00 132.585.510 100,00
( - ) Custos das Vendas 151.485.434 88,82 117.106.075 88,32
Custo da Mercadoria Vendida 149.002.385 87,36 113.598.881 85,68
Custo do Produto Vendido 2.483.049 1,46 3.507.194 2,65
( = ) Lucro Bruto: 19.070.365 11,18 15.479.435 11,68
( - ) Despesas Operacionais 15.317.752 8,98 13.150.061 9,92
Despesas com Pessoal 5.287.269 3,10 4.959.134 3,74
Despesas com Vendas 2.548.389 1,49 1.675.262 1,26
Despesas Administrativas 6.877.082 4,03 5.531.504 4,17
Outras Despesas 605.012 0,35 984.161 0,74

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


73

(-) Resultado Financeiro 326.708 0,19 283.701 0,21


(-) Despesas Financeiras 840.968 0,49 836.537 0,63
(+) Receitas Financeiras 514.260 0,30 552.836 0,42
( = ) Lucro Antes dos IRPJ e CSLL 3.425.905 2,01 2.045.673 1,54
( - ) Imposto de Renda Pessoa
797.076 0,47 464.497 0,35
Jurídica
( - ) Contribuição Social s/Lucro
298.903 0,18 174.186 0,13
Líquido
( = ) Lucro das Operações Continu-
2.329.926 1,36 1.406.990 1,06
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

adas
(-) Resultado das Operações Des-
104.757 0,06 110.268 0,08
continuadas
( = ) Lucro Líquido 2.225.169 1,30 1.296.722 0,98
Quadro 8: Análise Vertical da empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

Como exemplo, utilizaremos o grupo de Custos das Vendas para verificar os cál-
culos da análise vertical em relação à Receita Líquida:

AV(%) Custos 151.485.434


= X100 = 88,82
das Vendas 170.555.799

A análise nesta situação é que os custos das vendas representaram 88,82% do


total da receita líquida, indicando que do montante de recursos que a empresa
receberá provenientes de suas vendas, 88,82% deste total será somente para
arcar com os custos dos produtos e serviços vendidos, sobrando apenas 11,18%
(100,00% – 88,82%) para as despesas operacionais.
Na DRE, os valores de custos, impostos e despesas representam valores
que diminuem as receitas e, em consequência, o lucro da empresa. Em algumas
demonstrações, esses valores serão apresentados em números negativos que
podem ajudar na interpretação e composição dos valores. Mas é importante ter-
mos a consciência de que esses valores, mesmo positivos, representam valores
que diminuem a receita. Por isso da interpretação que após os custos dos pro-
dutos e serviços só restariam 11,18% para o pagamento das demais despesas.

Introdução
74 UNIDADE III

ANÁLISE DE GRUPOS DE CONTAS

A análise vertical pode ser também empregada dentro de grupos específicos para
analisar melhor a composição somente daquele grupo. Observe abaixo uma aná-
lise vertical somente do grupo de despesas gerais da DRE:

  2013 AV (%) 2012 AV (%)


( - ) Despesas Operacionais 15.317.752 100,00 13.150.061 100,00
Despesas com Pessoal 5.287.269 34,52 4.959.134 37,71

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Despesas com Vendas 2.548.389 16,64 1.675.262 12,74
Despesas Administrativas 6.877.082 44,90 5.531.504 42,06
Outras Despesas 605.012 3,95 984.161 7,48

Veja que o “100,00%” está na linha das Despesas Operacionais, indicando que
esta é a base dos cálculos. Podemos avaliar então que, considerando somente
este grupo, em ambos os anos, a conta de Despesas Administrativas foi respon-
sável por mais de 40% do valor que compôs as despesas operacionais. Em relação
ao total das Despesas Operacionais, as Despesas Administrativas representaram
42,06% delas no ano de 2012 e 44,90% no ano de 2013.
Entretanto, para que seja feita uma análise melhor da variação das despesas
durante os dois anos, é necessário fazer uma análise horizontal das demonstra-
ções e analisá-las conjuntamente, tema dos próximos tópicos dessas unidades.
O objetivo da análise vertical é facilitar a compreensão da composição de
cada item do ativo e do passivo para o balanço patrimonial e verificar a participa-
ção de cada item da Demonstração do Resultado do Exercício e sua interferência
no resultado final da DRE, o lucro ou o prejuízo do exercício.

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


75

ANÁLISE HORIZONTAL (AH)

A análise horizontal busca demonstrar a evolução de cada conta e/ou grupo de


contas de um período para outro mais antigo. O objetivo da análise horizontal,
segundo Matarazzo (2008, p. 250), é o de “mostrar a evolução de cada conta das
demonstrações financeiras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões
sobre a evolução da empresa”.
Na literatura contábil, a respeito da análise das demonstrações contábeis, é
possível encontrar duas formas de se calcular a análise horizontal: análise por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

meio de um ano-base ou a análise anual.

ANÁLISE HORIZONTAL ANO-BASE

Para Assaf Neto (1998), a análise horizontal é um processo de análise temporal,


onde há comparação de valores de uma mesma conta ou grupo em diferentes
períodos, sempre determinando o período mais antigo como a base do cálculo,
que seria a forma do ano-base.
Na análise horizontal do ano-base, as contas ou grupos da demonstração
em análise serão comparados em relação ao primeiro ano da amostra de dados,
que iremos tratar de ano-base:

Conta Analisada
ano análise -1 X100
AH(%) =
Conta Analisada
ano base

Veja a seguir a análise horizontal da empresa ADC Ltda., onde o ano de base foi
instituído como o ano-base e o cálculo dos indicadores foi feito a partir de 2011:

Análise Horizontal (Ah)


76 UNIDADE III

Empresa: ADC Ltda. Balanço Patrimonial

 ATIVO 2013 AH (%) 2012 AH (%) 2011

CIRCULANTE 55.321.996 11,14 53.787.039 8,06 49.775.471

FINANCEIRO 6.186.456 (1,35) 8.710.917 38,91 6.271.055

Caixa e equivalentes de caixa 1.048.413 (56,72) 2.249.648 (7,14) 2.422.535

Aplicações Financeiras 5.081.475 33,74 6.406.203 68,61 3.799.514

Outros Valores - Financeiros 56.568 15,43 55.066 12,37 49.006

OPERACIONAL 49.135.540 12,94 45.076.122 3,61 43.504.416

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Clientes 29.225.874 22,40 27.470.497 15,04 23.878.290

Estoques 19.620.891 3,16 17.242.519 (9,35) 19.020.588

Outros Valores - Operacionais 288.775 (52,31) 363.106 (40,04) 605.538

NÃO CIRCULANTE 33.471.936 22,02 28.915.057 5,40 27.432.615

Realizável a Longo Prazo 3.535.580 (16,31) 3.448.289 (18,38) 4.224.764

Investimentos 484.595 88,03 359.101 39,33 257.729

Imobilizado 29.223.549 29,05 24.803.376 9,53 22.644.518

Intangível 228.212 (25,32) 304.291 (0,43) 305.604

TOTAL DO ATIVO 88.793.932 15,01 82.702.096 7,12 77.208.086

           

PASSIVO          

CIRCULANTE 39.870.160 (0,25) 40.988.639 2,55


39.968.807

FINANCEIRO 7.825.867 (40,10) 12.421.768 (4,92) 13.064.038

Empréstimos e Financiamentos 6.805.102 (40,10) 10.801.537 (4,92) 11.360.033

Outros Valores - Financeiros 1.020.765 (40,10) 1.620.231 (4,92) 1.704.005

OPERACIONAL 32.044.293 19,10 28.566.871 6,18 26.904.769

Fornecedores 26.303.287 22,40 23.899.332 11,21 21.490.461

Adiantamentos de Clientes 2.158.298 (10,90) 1.379.402 (43,05) 2.422.265

Obrigações Fiscais e Trabalhis-


3.550.943 22,40 3.226.409 11,21 2.901.212
tas
Outros Valores - Operacional 31.765 (65,03) 61.728 (32,04) 90.831

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


77

NÃO CIRCULANTE 16.122.708 29,01 13.735.379 9,91 12.497.290

Empréstimos e Financiamentos 16.072.951 29,05 13.641.856 9,53 12.454.484

Outros Valores Exigíveis a L.P. 49.757 16,24 93.523 118,48 42.806

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 32.801.064 32,57 27.978.078 13,08 24.741.989

Capital e Reservas 14.391.498 34,81 12.074.795 13,11 10.675.680

Lucros e Prejuízos Acumulados 18.409.566 30,88 15.903.283 13,06 14.066.309

TOTAL DO PASSIVO E P.L. 88.793.932 15,01 82.702.096 7,12 77.208.086


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 9: Análise Horizontal ano-base da Empresa ADC Ltda.


Fonte: elaborado pela autor

Para o cálculo do ativo circulante, temos os seguintes cálculos para cada ano:

53.787.039
AH(%) Ativo Circulante 2012 = -1 X 100
49.775.471

Onde:
AH(%) Ativo Circulante 2012 = (53.787.039 / 49.775.471 – 1) x 100
AH(%) Ativo Circulante 2012 = (1,0806 - 1) x 100
AH(%) Ativo Circulante 2012 = 0,0806 x 100
AH(%) Ativo Circulante 2012 = 8,06

55.321.996
AH(%) Ativo Circulante 2013 = -1 X 100
49.775.471

Onde:
AH(%) Ativo Circulante 2013 = (55.321.996 / 49.775.471 – 1) x 100
AH(%) Ativo Circulante 2013 = (1,1114 - 1) x 100
AH(%) Ativo Circulante 2013 = 0,1114 x 100
AH(%) Ativo Circulante 2013 = 11,14

Análise Horizontal (Ah)


78 UNIDADE III

Para a análise do ativo circulante, podemos fazer a seguinte análise: no ano de


2011, o valor do ativo circulante da empresa ADC Ltda. era de R$ 49.775.471, e
em 2012, o valor do ativo circulante se apresentou no montante de R$ 53.787.039,
que representou uma variação positiva de 8,06% em relação ao ano anterior. No
ano de 2013, o valor do ativo circulante era de R$ 55.321.996, representando
uma variação positiva de 11,14%, ou seja, no ano de 2013, o ativo circulante da
empresa ADC Ltda. cresceu 11,14% em relação ao ano de 2011.
A análise horizontal deve ser feita também na DRE, para melhorar a com-
preensão das mutações e variações das contas da DRE por meio dos anos:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Demonstração do Resultado do Exercício
  2013 AH(%) 2012 AH(%) 2011

( + ) Receita Bruta: 174.282.636 16,10 136.230.161 (9,25) 150.110.155

Vendas de Produtos 168.904.579 19,29 128.633.899 (9,15) 141.593.346

Vendas de Serviços 5.378.057 (36,85) 7.596.262 (10,81) 8.516.809

( - ) Deduções das Receitas: 3.726.837 (16,34) 3.644.651 (18,19) 4.454.972

Impostos Sobre Vendas 2.705.006 (4,65) 2.201.361 (22,40) 2.836.778

Devoluções 1.021.831 (36,85) 1.443.290 (10,81) 1.618.194

( = ) Receita Líquida: 170.555.799 17,10 132.585.510 (8,97) 145.655.183

( - ) Custos das Vendas 151.485.434 15,46 117.106.075 (10,74) 131.197.925

Custo da Mercadoria Ven- 149.002.385 17,08 113.598.881 (10,74) 127.265.714


dida
Custo do Produto Vendido 2.483.049 (36,85) 3.507.194 (10,81) 3.932.211

( = ) Lucro Operacional Bruto: 19.070.365 31,91 15.479.435 7,07 14.457.259

( - ) Despesas Operacionais 15.317.752 23,48 13.150.061 6,01 12.404.832

Despesas com Pessoal 5.287.269 8,63 4.959.134 1,89 4.867.189

Despesas com Vendas 2.548.389 32,62 1.675.262 (12,82) 1.921.541

Despesas Administrativas 6.877.082 35,97 5.531.504 9,37 5.057.829

Outras Despesas 605.012 8,37 984.161 76,29 558.273

(-) Resultado Financeiro 326.708 104,73 283.701 77,78 159.577

(-) Despesas Financeiras 840.968 32,62 836.537 31,92 634.109

(+) Receitas Financeiras 514.260 8,37 552.836 16,50 474.532

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


79

( = ) Lucro Antes dos IRPJ e CSLL 3.425.905 80,99 2.045.673 8,07 1.892.850

( - ) Imposto de Renda Pessoa 797.076 85,54 464.497 8,13 429.589


Jurídica
( - ) Contribuição Social s/Lucro 298.903 85,54 174.186 8,13 161.096
Líquido
( = ) Lucro das Operações Conti- 2.329.926 79,93 1.406.990 8,05 1.302.164
nuadas
(-) Resultado das Operações 104.757 1,81 110.268 7,17 102.894
Descontinuadas
( = ) Lucro Líquido 2.225.169 85,54 1.296.722 8,13 1.199.270
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 10: Análise Horizontal Ano-base da DRE da empresa ADC Ltda.


Fonte: elaborado pelo autor

Entretanto, a evolução da conta nem sempre será positiva, havendo casos em que
o valor da conta ou do grupo diminuirá em relação ao ano-base. Como exemplo,
analisaremos o grupo dos Estoques: no ano de 2011, o valor dos estoques era de
R$ 19.020.588; no ano de 2012, o valor dos estoques passou para R$ 17.242.519,
redução de 9,35%, ou seja, o valor do grupo dos Estoques reduziu em 9,35% de
2011 para 2012. Em 2013, os estoques voltaram a subir atingindo o montante de
R$ 55.321.996, um aumento de 3,16% em relação ao ano de 2011.

ANÁLISE HORIZONTAL ANUAL

A variação dos Estoques de 2011 para 2012 foi negativa, 9,35%, mas em 2013, o
valor voltou a aumentar e o grupo dos Estoques terminou com números maio-
res do que em 2011. Isso indica que houve um aumento nos Estoques de 2012
para 2013, mas o valor do aumento entre esses anos não foi indicado, já que a
variação é calculada em relação ao ano de 2011.
Na segunda forma de calcular a análise horizontal, a análise é calculada em
relação ao ano imediatamente anterior, como podemos observar no quadro 11:

Análise Horizontal (Ah)


80 UNIDADE III

Empresa: ADC Ltda. Balanço Patrimonial


 ATIVO 2013 AH (%) 2012 AH (%) 2011
CIRCULANTE 55.321.996 2,85 53.787.039 8,06 49.775.471
FINANCEIRO 6.186.456 (28,98) 8.710.917 38,91 6.271.055
Caixa e equivalentes de caixa 1.048.413 (53,40) 2.249.648 (7,14) 2.422.535
Aplicações Financeiras 5.081.475 (20,68) 6.406.203 68,61 3.799.514
Outros Valores – Financeiros 56.568 2,73 55.066 12,37 49.006
OPERACIONAL 49.135.540 9,01 45.076.122 3,61 43.504.416
Clientes 29.225.874 6,39 27.470.497 15,04 23.878.290

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estoques 19.620.891 13,79 17.242.519 (9,35) 19.020.588
Outros Valores – Operacionais 288.775 (20,47) 363.106 (40,04) 605.538
NÃO CIRCULANTE 33.471.936 15,76 28.915.057 5,40 27.432.615
Realizável a Longo Prazo 3.535.580 2,53 3.448.289 (18,38) 4.224.764
Investimentos 484.595 34,95 359.101 39,33 257.729
Imobilizado 29.223.549 17,82 24.803.376 9,53 22.644.518
Intangível 228.212 (25,00) 304.291 (0,43) 305.604
TOTAL DO ATIVO 88.793.932 7,37 82.702.096 7,12 77.208.086
Quadro 11: Análise Horizontal Anual do Ativo da Empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

Observe os números da coluna da análise horizontal, os anos de 2013 e 2012 se


alteram em relação ao quadro anterior, já que nesta forma de análise os cálculos
são realizados imediatamente no ano anterior, veja os exemplos dos Estoques:

Observe que no primeiro cálculo o índice não se alterou, pois o ano de 2011 con-
tinuou como o ano-base do cálculo. No segundo cálculo, referente à variação
entre os anos de 2012 e 2013, a base da fórmula se alterou para o ano de 2012,

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


81

indicando que entre esses anos houve uma variação, um aumento, no grupo
do estoque, em 13,79%, passando do valor de R$ 17.242.519, em 2012, para R$
19.620.891, em 2013.
Cabe ao analista escolher qual tipo de análise horizontal irá utilizar: a anual
ou a do ano-base. A análise ano-base possibilita ao usuário entender melhor a
evolução da empresa ao logo dos anos, principalmente quando se analisa a DRE
da empresa, onde o usuário poderá visualizar melhor o crescimento, por exem-
plo, das vendas ao logo de um período. A análise anual torna a análise mais
dinâmica, verificando a evolução ano a ano. Em casos em que o crescimento da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

empresa é muito acelerado, a análise mais indicada é a anual.

“Os usuários devem ser capazes de comparar as Demonstrações Contábeis


da entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências em sua po-
sição patrimonial e financeira e no seu desempenho” (PARANÁ, 2011, p. 16).

Entretanto, o analista não precisa se prender a uma única forma de análise hori-
zontal. Ambas as formas poderão ser utilizados, facilitando ao analista entender
a variação das contas ao longo do tempo (ano-base) ou ano após ano (anual). A
utilização conjunta das duas formas de análise horizontal mais a análise verti-
cal pode ajudar o analista a explicar as variações e as mutações de cada conta e
como isso interfere na variação dos demais indicadores que serão tratados nas
próximas unidades do livro.

Análise Horizontal (Ah)


82 UNIDADE III

ANÁLISE CONJUNTA

A função da análise das demonstrações contábeis é tirar informações úteis das


demonstrações contábeis para auxiliar os gestores na tomada de decisões. As téc-
nicas de análise permitem extrair números contidos nas demonstrações contábeis,
revelar tendências, mutações e variações que somente observando os diversos
números nas demonstrações contábeis não seria fácil encontrar.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FATORES EXTERNOS

Entretanto, há fatores externos que são determinantes nas variações das demons-
trações contábeis, como a entrada de um novo concorrente no país, variações nos
preços dos insumos ou nas cotações internacionais, crises financeiras, grandes
catástrofes, mudança na tributação dos produtos e outros, são fatores externos
que podem alterar significativamente o resultado do período da empresa dis-
torcendo indicadores.
A experiência do analista pode fazer a diferença neste momento, para a
análise demonstrar o impacto dos fatores externos nos indicadores e nos resul-
tados da empresa, mas os indicadores também poderão indicar as medidas que
a empresa tomou ou poderá tomar para enfrentar estes fatores.
Com os indicadores de prazo médio, é possível analisar as mudanças nas
políticas comerciais da empresa. Os indicadores de rentabilidade, como o de
margem bruta, podem ajudar a identificar mudanças nos preços dos insumos, e
os indicadores de liquidez podem demonstrar como a empresa se portou com
as dificuldades de aquisições de empréstimos ou recebimento de vendas.
Mas a base de informações de todos estes indicadores é o balanço patrimo-
nial e a DRE, e as variações dos indicadores estão diretamente ligadas a variações
nestas demonstrações.
As mutações e variações nas contas patrimoniais e nas contas de resultado
(DRE) podem ser evidenciadas pela análise horizontal, mas somente por meio
da análise horizontal não é possível determinar as razões para resultar em tal
variação.

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


83

A análise vertical possibilita ao analista compreender o peso de cada conta


dentro de um grupo de contas, ou a representatividade de um grupo dentro do
ativo ou do passivo, como também analisar como cada valor constante na DRE
interferiu no resultado final da empresa (lucro ou prejuízo líquido).
A análise vertical pode também demonstrar como o saldo de cada conta pode
interferir no resultado de um indicador, mas não conseguirá explicar a variação
ou alteração deste indicador ou até mesmo a alteração da representatividade de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A CVM – Comissão de Valores Mobiliários determina que as empresas que


negociam ações na bolsa de valores divulguem o “Relatório de Administra-
ção”, que tem como objetivo servir de complemento às demonstrações con-
tábeis, informando os usuários das informações sobre o contexto operacio-
nal da empresa e também os fatores externos relevantes que influenciaram
nos resultados da empresa durante o exercício de divulgação das demons-
trações contábeis. Maiores informações sobre o “Relatório de Administra-
ção” podem se encontradas no link disponível em:<http://www.cnb.org.br/
CNBV/pareceres/par15-1987.htm>. Acesso em: 14 nov. 2014.

uma conta no balanço ou da DRE de um ano para outro.


Há, então, a necessidade de relacionar a análise horizontal com a análise vertical
para não ter simplesmente um número indicando uma variação ou a representa-
tividade de uma conta ou um grupo de contas, mas sim informações para apurar
os motivos que levam às alterações nos indicadores.

FAZENDO A ANÁLISE CONJUNTA

Observe no quadro 12 o balanço patrimonial da empresa fictícia ADC Ltda. com os


números da análise vertical e horizontal ano-base apresentados simultaneamente:

Análise Conjunta
84 UNIDADE III

Empresa: ADC Ltda. Balanço Patrimonial


AV AV AH AV
ATIVO 2013 AH (%) 2012 2011
(%)
(%) (%) (%)

CIRCULANTE 55.321.996 62,30 2,85 53.787.039 65,04 8,06 49.775.471 64,47

FINANCEIRO 6.186.456 6,97 (1,35) 8.710.917 10,53 38,91 6.271.055 8,12

Caixa e equivalentes de
1.048.413 1,18 (56,72) 2.249.648 2,72 (7,14) 2.422.535 3,14
caixa
Aplicações Financeiras 5.081.475 5,72 33,74 6.406.203 7,75 68,61 3.799.514 4,92

Outros Valores - Finan-


56.568 0,06 15,43 55.066 0,07 12,37 49.006 0,06

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ceiros
OPERACIONAL 49.135.540 55,34 12,94 45.076.122 54,50 3,61 43.504.416 56,35

Clientes 29.225.874 32,91 22,40 27.470.497 33,22 15,04 23.878.290 30,93

Estoques 19.620.891 22,10 3,16 17.242.519 20,85 (9,35) 19.020.588 24,64

Outros Valores - Opera-


288.775 0,33 (52,31) 363.106 0,44 (40,04) 605.538 0,78
cionais
NÃO CIRCULANTE 33.471.936 37,70 22,02 28.915.057 34,96 5,40 27.432.615 35,53

Realizável a Longo Prazo 3.535.580 3,98 (16,31) 3.448.289 4,17 (18,38) 4.224.764 5,47

Investimentos 484.595 0,55 88,03 359.101 0,43 39,33 257.729 0,33

Imobilizado 29.223.549 32,91 29,05 24.803.376 29,99 9,53 22.644.518 29,33

Intangível 228.212 0,26 (25,32) 304.291 0,37 (0,43) 305.604 0,40

TOTAL DO ATIVO 88.793.932 100,00 15,01 82.702.096 100,00 7,12 77.208.086 100,00

     

PASSIVO    

CIRCULANTE 39.870.160 44,90 (0,25) 40.988.639 49,56 2,55 39.968.807 51,77

FINANCEIRO 7.825.867 8,81 (40,10) 12.421.768 15,02 (4,92) 13.064.038 16,92

Empréstimos e Financia-
6.805.102 7,66 (40,10) 10.801.537 13,06 (4,92) 11.360.033 14,71
mentos
Outros Valores - Finan-
1.020.765 1,15 (40,10) 1.620.231 1,96 (4,92) 1.704.005 2,21
ceiros
OPERACIONAL 32.044.293 36,09 19,10 28.566.871 34,54 6,18 26.904.769 34,85

Fornecedores 26.303.287 29,62 22,40 23.899.332 28,90 11,21 21.490.461 27,83

Adiantamentos de Clientes 2.158.298 2,43 (10,90) 1.379.402 1,67 (43,05) 2.422.265 3,14

Obrigações Fiscais e Tra-


3.550.943 4,00 22,40 3.226.409 3,90 11,21 2.901.212 3,76
balhistas

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


85

Outros Valores - Opera-


31.765 0,04 (65,03) 61.728 0,07 (32,04) 90.831 0,12
cionais
NÃO CIRCULANTE 16.122.708 18,16 29,01 13.735.379 16,61 9,91 12.497.290 16,19

Empréstimos e Financia-
16.072.951 18,10 29,05 13.641.856 16,50 9,53 12.454.484 16,13
mentos
Outros Valores Exigíveis
49.757 0,06 16,24 93.523 0,11 118,48 42.806 0,06
a L.P.
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 32.801.064 36,94 32,57 27.978.078 33,83 13,08 24.741.989 32,05

Capital e Reservas 14.391.498 16,21 34,81 12.074.795 14,60 13,11 10.675.680 13,83
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Lucros e Prejuízos Acu-


18.409.566 20,73 30,88 15.903.283 19,23 13,06 14.066.309 18,22
mulados
TOTAL DO PASSIVO E P.L. 88.793.932 100,00 15,01 82.702.096 100,00 7,12 77.208.086 100,00

Quadro 12: Análise Conjunta (Horizontal e Vertical) do Balanço Patrimonial da empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

A partir da análise conjunta dos indicadores, é possível encontrar explicações


para as variações patrimoniais e também para o aumento ou diminuição no
resultado final da empresa. Com relação ao lucro, fatores externos podem ser
diretamente relacionados ao seu aumento ou redução.
Como exemplo, observe a análise do grupo de disponibilidades, que é
composto pelas contas Caixa e a conta de Aplicações Financeiras: por meio da
análise vertical, notamos que a conta Caixa perdeu representatividade, passando
de 3,14%, em 2011, para 1,18%, em 2013, do seu valor em relação ao total do
ativo, ao mesmo tempo em que a conta de Aplicações Financeiras ganhou repre-
sentatividade, passando de 4,92%, em 2011, para 5,72%, em 2013, chegando a
representar 7,75% do total do ativo em 2012.
No ano de 2011, as contas Caixa e Aplicações Financeiras continham, respec-
tivamente, os montantes de R$ 2.422.535 e R$ 3.799.514. No ano de 2013, esses
valores foram de R$ 1.048.413 para a conta Caixa, uma redução (variação nega-
tiva) de 56,72% de 2011 para 2013, e de R$ 5.081.475 para a conta de Aplicações
Financeiras, um aumento de 33,74% em relação ao ano de 2011.
Uma das explicações plausíveis para a evolução dessas contas pode ser a
política da empresa de destinar mais recursos para as aplicações financeiras nos
últimos dois anos da amostra de dados analisados. Veja que a diferença em pon-
tos percentuais das duas contas em 2011 foi de 1,78 pontos (4,92% - 3,14%) e em
2013, de 4,54 pontos (5,72% - 1,18%), indicando a opção da empresa em manter
Análise Conjunta
86 UNIDADE III

mais recursos na conta de Aplicações Financeiras.

Pontos percentuais é a diferença absoluta entre dois percentuais.


Fonte: Brasil (2013, online)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esta política pode ser evidenciada também na evolução da conta de Receitas com
Vendas na DRE da empresa. Observe a conta no Quadro 13:

Empresa: ADC Ltda. Demonstração do Resultado do Exercício


AV AH AV AH AV
  2013
(%)
2012 2011
(%) (%) (%) (%)

( + ) Receita Bruta: 174.282.636 102,19 16,10 136.230.161 102,75 (9,25) 150.110.155 103,06

Vendas de Produtos 168.904.579 99,03 19,29 128.633.899 97,02 (9,15) 141.593.346 97,21

Vendas de Serviços 5.378.057 3,15 (36,85) 7.596.262 5,73 (10,81) 8.516.809 5,85

( - ) Deduções das Re-


3.726.837 2,19 (16,34) 3.644.651 2,75 (18,19) 4.454.972 3,06
ceitas:
Impostos Sobre
2.705.006 1,59 (4,65) 2.201.361 1,66 (22,40) 2.836.778 1,95
Vendas
Devoluções 1.021.831 0,60 (36,85) 1.443.290 1,09 (10,81) 1.618.194 1,11

( = ) Receita Líquida: 170.555.799 100,00 17,10 132.585.510 100,00 (8,97) 145.655.183 100,00

( - ) Custos das Vendas 151.485.434 88,82 15,46 117.106.075 88,32 (10,74) 131.197.925 90,07

Custo do Produto
149.002.385 87,36 17,08 113.598.881 85,68 (10,74) 127.265.714 87,37
Vendido
Custo do Serviço
2.483.049 1,46 (36,85) 3.507.194 2,65 (10,81) 3.932.211 2,70
Prestado
( = ) Lucro Operacional
19.070.365 11,18 31,91 15.479.435 11,68 7,07 14.457.259 9,93
Bruto:

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


87

( - ) Despesas Operacio-
15.317.752 8,98 23,48 13.150.061 9,92 6,01 12.404.832 8,52
nais
Despesas com
5.287.269 3,10 8,63 4.959.134 3,74 1,89 4.867.189 3,34
Pessoal
Despesas com
2.548.389 1,49 32,62 1.675.262 1,26 (12,82) 1.921.541 1,32
Vendas
Despesas Adminis-
6.877.082 4,03 35,97 5.531.504 4,17 9,37 5.057.829 3,47
trativas
Outras Despesas 605.012 0,35 8,37 984.161 0,74 76,29 558.273 0,38
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(-) Resultado Financeiro 326.708 0,19 104,73 283.701 0,21 77,78 159.577 0,11

(-) Despesas Finan-


840.968 0,49 32,62 836.537 0,63 31,92 634.109 0,44
ceiras
(+) Receitas Finan-
514.260 0,30 8,37 552.836 0,42 16,50 474.532 0,33
ceiras
( = ) Lucro Antes dos
3.425.905 2,01 80,99 2.045.673 1,54 8,07 1.892.850 1,30
IRPJ e CSLL
( - ) Imposto de Renda
797.076 0,47 85,54 464.497 0,35 8,13 429.589 0,29
Pessoa Jurídica
( - ) Contribuição So-
298.903 0,18 85,54 174.186 0,13 8,13 161.096 0,11
cial s/Lucro Líquido
( = ) Lucro Operacional 2.329.926 1,36 79,93 1.406.990 1,06 8,05 1.302.164 0,89

(-) Resultado Não


104.757 0,06 1,81 110.268 0,08 7,17 102.894 0,07
Operacional
( = ) Lucro Líquido 2.225.169 1,30 85,54 1.296.722 0,98 8,13 1.199.270 0,82

Quadro 13: Análise Conjunta (Horizontal e Vertical) da DRE da empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

Por meio da análise da DRE da empresa, nota-se que as Receitas Financeiras


também evoluíram, mostrando uma correlação com a variação da conta de
Aplicações Financeiras. O ano de 2012, quando a conta de Aplicações apresen-
tou o seu maior montante, o valor de R$ 6.406.203 (representando 7,75% do
total do ativo), foi o ano em que a empresa obteve o melhor resultado com suas
Receitas Financeiras, uma receita de R$ 552.836 (que representou 0,42% do total
da receita líquida em 2012).

Análise Conjunta
88 UNIDADE III

Esta interpretação só foi possível com a análise conjunta dos indicadores


e também integrando o balanço e a DRE. Esta regra vale para todos os demais
indicadores e demais demonstrações contábeis. Ao analisar os indicadores de
capital de giro, você poderá encontrar o motivo das variações dos indicadores
na DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa e verificar os efeitos das variações
do capital de giro nos indicadores de liquidez.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, podemos verificar os conceitos de análise vertical e horizontal, as


formas de cálculos, suas aplicações práticas e a necessidade de utilizar os indica-
dores simultaneamente para uma análise mais precisa e assertiva.
Utilizando a empresa fictícia ADC Ltda. e suas demonstrações contábeis, cal-
culamos a análise vertical e a análise horizontal da empresa e elaboramos uma
pequena análise de cada indicador. E ao final do tópico, exploramos a análise
conjunta, correlacionando os resultados obtidos com as análises vertical e hori-
zontal em ambas as demonstrações: balanço e DRE.
A compreensão desses dois indicadores é essencial para que o analista possa
explicar as variações das demonstrações, mas também para avaliar as variações
que podemos encontrar nos demais grupos de indicadores, uma vez que qual-
quer alteração ou distorção nas demonstrações contábeis surtirá efeito em todos
os indicadores.

ANÁLISE VERTICAL E A ANÁLISE HORIZONTAL


89

PORCENTAGEM/PONTO PERCENTUAL
Fique atento(a) para a distinção entre porcentagem e ponto percentual.
Ponto percentual é a diferença, em valores absolutos, entre duas porcentagens.
Uma taxa que passa de 5% para 10% aumenta cinco pontos percentuais (10-5) ou sobe
100% (dobra o valor percentual).
Ao comentar a decisão do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central de
reduzir a taxa de juros em meio ponto percentual, de 12,5% para 12%, o senador Edu-
ardo Suplicy (PT-SP) disse que a medida foi consistente e adequada para o Brasil fazer
frente à atual crise internacional.
Assim não pode:
A participação restante será distribuída para estados produtores, na proporção de 20%;
para municípios produtores, na proporção de 4%; e para municípios afetados por opera-
ções de embarque e desembarque, na proporção de um ponto percentual.
No exemplo acima, o correto seria dizer:
A participação restante será distribuída para estados produtores, na proporção de 20%;
para municípios produtores, na proporção de 4%; e para municípios afetados por opera-
ções de embarque e desembarque, na proporção de 1%.
Para se referir a pontos percentuais, escreva os números por extenso até dez.
Outra emenda incluída na Câmara foi o aumento em um ponto percentual do crédito
da Cofins recebido pela pessoa jurídica que adquirir tablets fabricados na Zona Franca
de Manaus.
Números decimais são representados em algarismos.
Segundo Meirelles, a política monetária tem obtido sucesso na busca da meta de infla-
ção definida para 2004: 5,5%, com tolerância, para mais ou para menos, de 2,5 pontos
percentuais. A expectativa para o final deste ano, relatou, é de que a inflação alcance
7,3% — ou 0,7 ponto percentual abaixo do teto definido para 2004, de 8%.
Use meio ponto percentual ou 0,5 ponto percentual, mas prefira a forma em algarismos
para títulos, legendas, infográficos ou quando houver outros decimais no texto.
— Antes, quando a taxa era aumentada em 0,25, 0,5 ponto percentual ou mais, a so-
ciedade se pronunciava, o que era registrado por toda a mídia nacional. Hoje, isso não
ocorre, é como diz o ditado popular: “morreu um gato” — declarou.
Fonte: Brasil (2013, online)
1. Uma empresa apresentou no seu balanço patrimonial referente ao ano de 2013
um ativo total no valor de R$ 12.055.056. Mediante a análise vertical, foram en-
contrados, respectivamente, os seguintes percentuais para o Ativo Circulante e
os Estoques: 56,58% e 24,52%. Por meio desses dados, podemos indicar que os
valores do Ativo Circulante e da conta Estoques são, respectivamente: Assinale a
alternativa correta.
a) 7.859.898,55 e 3.569.545,56
b) 6.458.854,66 e 4.456.859,55
c) 6.820.750,68 e 2.955.899,73
d) 5.859.888,98 e 2.985.979,56
e) 11.054.568,55 e 8.854.596,12
2. Sobre a análise vertical, assinale a alternativa que melhor corresponda ao seu
conceito:
a) A análise vertical retrata quanto uma conta ou grupos de contas representa
em relação a um total.
b) A análise vertical analisa as mutações das contas ou grupos de contas durante
certo período.
c) A análise vertical analisa e apresenta a representatividade das contas ou gru-
pos de contas durante certo período.
d) A análise vertical demonstra a capacidade de pagamento da empresa.
e) A análise vertical demonstra a liquidez da empresa em certo período de tem-
po.
3. Sobre a análise horizontal, assinale a alternativa que melhor corresponda ao seu
conceito:
a) A análise horizontal retrata quanto uma conta ou grupos de contas representa
em relação um total.
b) A análise horizontal analisa as mutações das contas ou grupos de contas du-
rante certo período.
c) A análise horizontal analisa e apresenta a representatividade das contas ou
grupos de contas durante certo período.
d) A análise horizontal demonstra a capacidade de pagamento da empresa.
e) A análise horizontal demonstra a liquidez da empresa em certo período de
tempo.
91

4. Observe o quadro a seguir e assinale a alternativa que corresponda, respecti-


vamente, aos cálculos da análise horizontal das contas Aplicações Financeiras,
Clientes e Estoques:

ATIVO 2013 2012


CIRCULANTE 892.378 800.855
FINANCEIRO 59.915 61.958.
Caixa e equivalentes de caixa 58.465 60.545
Aplicações Financeiras 555 654
Outros Valores - Financeiros 895 759
OPERACIONAL 832.463 738.897
Clientes 98.755 85.956
Estoques 654.831 589.786
Outros Valores - Operacionais 78.877 63.155

a) -16,18%, 12,56% e 14,05%


b) 3,44%, 12,66% e 24,89%
c) -3,30%, 12,66% e 11,43%
d) - 15,14%, 14,89% e 11,03%
e) 11,03%, -15,14% e 12,66%
5. Utilizando os dados do exercício anterior e sabendo que o total do ativo é de R$
2.314.719, assinale a alternativa que corresponda, respectivamente, aos resulta-
dos da análise vertical para o ano de 2013 dos seguintes grupos/contas: ativo
circulante, cliente e estoques.
a) 38,55%, 4,27% e 28,29%
b) 47,45%, 5,55% e 30,58%
c) 41,03%, 5,14% e 1,66%
d) 20,15%, 6,58% e 31,45%
e) 37,12%, 5,78% e 27,29%
MATERIAL COMPLEMENTAR

Análise de Balanços
Autor(a): Sérgio de Iudícibus
Editora: Atlas
Sinopse: este texto reúne um conjunto de características
que o diferenciam dos que adotam as tradicionais
abordagens da análise de balanços. Inicialmente, preocupa-
se em fixar claramente uma série de princípios contábeis
e em definir as bases e estruturas dos sistemas contábeis,
para fundamentar mais solidamente os subsequentes
trabalhos de análise que serão desenvolvidos.
Adotando este caminho, o autor preocupou-se em investigar
o que há atrás de cada um dos índices e quocientes por meio dos quais se procede à
análise de balanços. Esta atitude certamente conduz à formulação de diversas questões,
destinadas a evidenciar não apenas a utilidade dos indicadores que podem ser calculados,
como também as suas limitações, quanto à capacidade de indicar a situação da empresa
de per si ou em relação ao conjunto das empresas do setor que atua. Entretanto, estas
limitações são sempre mitigadas por uma análise inteligente dos índices em seu conjunto,
por indicação de técnicas como o “Termômetro da Insolvência”, de S. C. Kanitz, e outras.
Outra característica diferenciadora deste texto é a ligação que procura estabelecer entre
a análise de balanços e os desenvolvimentos mais recentes de alavancagem operacional
e financeira. A ligação estabelecida entre os diversos aspectos decorrentes dessas
abordagens tem o objetivo de possibilitar, já então em nível de gestão, as tomadas de
posição diante de alternativas de financiamento geradas por necessidades de expansão.
Com isso, a análise deixa de se limitar ao diagnóstico da situação para se transformar em
uma ferramenta indicadora das melhores opções para a gestão financeira das empresas.
Adicionalmente, foram introduzidos outros instrumentos de análise, como o modelo de
Tesouraria de Fleuriet e os indicadores mais modernos, como o EBITDA, o EVA e a Análise
da Demonstração de Valor Adicionado (DVA).
Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

OS INDICADORES DO TRIPÉ

IV
UNIDADE
DA ANÁLISE DE BALANÇO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender os indicadores de liquidez e seus cálculos.
■■ Compreender os indicadores de endividamento.
■■ Entender a composição do endividamento das empresas.
■■ Aprender a calcular e analisar os indicadores de rentabilidade.
■■ Entender a importância dos indicadores de rentabilidade.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Indicadores de Liquidez
■■ Indicadores de Endividamento
■■ Indicadores de Rentabilidade
95

INTRODUÇÂO

Nesta unidade, trataremos de três grupos de indicadores: liquidez, rentabilidade


e endividamento. Este grupo de indicadores é conhecido como o tripé dos indi-
cadores de análise de balanço.
Esta nomenclatura (o tripé) é atribuída a esses grupos de indicadores pelo
autor Marion (2009), que defende que podemos conhecer a situação econô-
mico-financeira a partir da análise deste tripé de indicadores, que são os pontos
fundamentais da análise. Verificamos a situação financeira pelos indicadores de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

liquidez, a situação econômica por meio dos indicadores de rentabilidade e a


situação da estrutura de capital com os indicadores de endividamento.
Tais indicadores têm uma grande eficiência no trabalho de “esmiuçar” as
demonstrações contábeis e já trabalham a correlação entre as duas principais
demonstrações contábeis que detalhamos na primeira unidade do livro: o balanço
patrimonial e a demonstração do resultado do exercício.
Também será possível verificar nesta unidade a importância da análise ver-
tical e horizontal para explicar os cálculos dos indicadores, mas principalmente
as variações que estes podem apresentar.
Cada grupo será estudado à parte, onde apresentaremos seus conceitos, cál-
culos e suas interpretações. Nos próximos tópicos, demonstraremos o que alguns
autores definem como a “arte” de extrair informações das demonstrações con-
tábeis, já que os indicadores apresentaram, entre outras informações, os prazos
de recebimento de clientes, prazo de pagamento de fornecedores e tempo que a
empresa fica operando utilizando o seu próprio capital.

Introduçâo
96 UNIDADE IV

INDICADORES DE LIQUIDEZ

Os indicadores de liquidez têm a função de demonstrar a capacidade de a empresa


liquidar suas dívidas em diferentes momentos, avaliando o longo prazo, curto
prazo ou prazo imediato.
Segundo Matarazzo (2008, p. 163-164), os indicadores de liquidez “são índi-
ces que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuram
medir quão sólida é a base financeira da empresa”.
Os indicadores de liquidez buscam o confronto dos recursos da empresa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(ativos) com suas exigibilidades (passivos), demonstrando a capacidade de paga-
mento da empresa no longo prazo (liquidez geral), curto prazo (liquidez corrente)
e de forma imediata (liquidez imediata e seca).
Para os exemplos e cálculos desta unidade, continuaremos a utilizar os dados
da empresa fictícia ADC Ltda.:

Empresa: ADC Ltda. Balanço Patrimonial


ATIVO 2013 2012 2011
CIRCULANTE 55.321.996 53.787.039 49.775.471
FINANCEIRO 6.186.456 8.710.917 6.271.055
Caixa e equivalentes de caixa 1.048.413 2.249.648 2.422.535
Aplicações Financeiras 5.081.475 6.406.203 3.799.514
Outros Valores - Financeiros 56.568 55.066 49.006
OPERACIONAL 49.135.540 45.076.122 43.504.416
Clientes 29.225.874 27.470.497 23.878.290
Estoques 19.620.891 17.242.519 19.020.588
Outros Valores - Operacionais 288.775 363.106 605.538
NÃO CIRCULANTE 33.471.936 28.915.057 27.432.615
Realizável a Longo Prazo 3.535.580 3.448.289 4.224.764
Investimentos 484.595 359.101 257.729
Imobilizado 29.223.549 24.803.376 22.644.518
Intangível 228.212 304.291 305.604
TOTAL DO ATIVO 88.793.932 82.702.096 77.208.086

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


97

     
PASSIVO    
CIRCULANTE 39.870.160 40.988.639 39.968.807
FINANCEIRO 7.825.867 12.421.768 13.064.038
Empréstimos e Financiamentos 6.805.102 10.801.537 11.360.033
Outros Valores - Financeiros 1.020.765 1.620.231 1.704.005
OPERACIONAL 32.044.293 28.566.871 26.904.769
Fornecedores 26.303.287 23.899.332 21.490.461
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Adiantamentos de Clientes 2.158.298 1.379.402 2.422.265


Obrigações Fiscais e Trabalhis- 3.550.943 3.226.409 2.901.212
tas
Outros Valores - Operacional 31.765 61.728 90.831
NÃO CIRCULANTE 16.122.708 13.735.379 12.497.290
Empréstimos e Financiamentos 16.072.951 13.641.856 12.454.484
Outros Valores Exigíveis a L.P. 49.757 93.523 42.806
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 32.801.064 27.978.078 24.741.989
Capital e Reservas 14.391.498 12.074.795 10.675.680
Lucros e Prejuizos Acumulados 18.409.566 15.903.283 14.066.309

TOTAL DO PASSIVO E P.L. 88.793.932 82.702.096 77.208.086


Quadro 14: Balanço Patrimonial ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

O resultado dos indicadores de liquidez é em número-índice e sua interpreta-


ção é de quanto maior melhor.

LIQUIDEZ GERAL (LG)

O índice de liquidez geral demonstra a capacidade de a empresa liquidar suas


dívidas de curto e longo prazo com seus recursos de também curto e longo prazo.
Para encontrar o índice de liquidez geral, utilizaremos os valores do ativo
circulante e do ativo realizável a longo prazo sobre o passivo circulante e o pas-
sivo não circulante. Observe a fórmula a seguir:

Indicadores de Liquidez
98 UNIDADE IV

Ativo circulante + Realizável a longo prazo


Liquidez Geral (LG) =
Passivo circulante + Passivo Não Circulante

LIQUIDEZ GERAL (LG)

Este indicador procura mostrar “de cada $ 1 que a empresa tem de dívida, o quanto
existe de direitos e haveres no ativo circulante e realizável a longo prazo” (ASSAF
NETO, 1998, p. 174). Quando o índice for maior que 1 (um), significa que a empresa
tem condições de quitar todas as suas dívidas com seus próprios recursos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Verifique os cálculos da liquidez geral para o balanço da empresa ADC Ltda.
para o ano de 2013:
(55.321.996 + 3.535.580)
Liquidez Geral = = 1,05
(39.870.160 + 16.122.708)

Observando o indicador de Liquidez Geral, podemos afirmar que para o ano


de 2013 a empresa possuía R$1,05 de recursos no curto e longo prazo para cada
R$1,00 de dívida também no curto ou no longo prazo. Não há um valor padrão
ou adequado para este índice, o ideal é que ele seja superior a 1,00 indicando que
a empresa tenha mais recursos que obrigações no curto e longo prazo.

LIQUIDEZ CORRENTE (LC)

O índice de liquidez corrente é a relação do ativo circulante com o passivo circu-


lante. Marion (2002) descreve este índice como o mais importante dos indicadores
de liquidez, pois releva se a empresa tem condições financeiras de liquidar suas
dívidas de curto prazo, crucial para suas atividades no decorrer do período.
Quando o índice de liquidez for maior que 1 (um), significa que a empresa
tem condições de liquidar suas dívidas de curto prazo com seus recursos de curto
prazo. Porém, quando este índice está menor que 1 (um) significa que suas dívi-
das de curto prazo são maiores que seus recursos de curto prazo, devendo os seus
gestores ficarem atentos à possibilidade da empresa não poder quitar suas dívidas.
Para encontrar o índice de liquidez corrente, deve-se calcular o ativo circu-
lante pelo passivo circulante:

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


99

Ativo circulante
Liquidez Corrente (LC):
Passivo circulante

Veja o cálculo deste indicador para o ano de 2013 da empresa ADC Ltda.:

(55.321.996)
Liquidez Corrente (LC): = 1,39
(39.870.160)

Por meio deste indicador, podemos afirmar que, para o ano de 2013, a empresa ADC
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ltda. apresentava R$ 1,39 de recurso no curto prazo para cada R$ 1,00 de dívida no
curto prazo, indicando que ela tem recursos para quitar suas dívidas. Entretanto,
para confirmar tal informação, é necessário também uma análise da capital de giro.
Porém, Matarazzo (2008) pede cuidado ao analisar este índice, pois no ativo
circulante, existe contas que não podem se transformar em recursos imediata-
mente e nem ao final do período. Contas como despesas antecipadas são valores
não recuperáveis, os estoques dificilmente serão vendidos de um dia para outro,
além de sempre estarem expostos a acidentes, incêndios e roubos.
Para isso, é importante tomar cuidado na análise do índice de liquidez cor-
rente. Para Matarazzo (2008), se o índice de liquidez corrente for maior que 1
(um), não significa que a empresa possa liquidar todas as suas dívidas de curto
prazo, mas significa que a empresa tem uma folga para equilibrar suas entradas
e saídas de caixa no curto prazo.
Para saber realmente se a empresa tem condições de liquidar suas dívidas
totalmente, é importante ficar atento aos índices de liquidez seca e imediata.

LIQUIDEZ SECA (LS)

O índice de liquidez seca aponta para a capacidade de a empresa pagar suas dívi-
das de curto prazo somente com seus ativos monetários e valores a receber. Este
índice considera os ativos do circulante com mais capacidade de conversão em
dinheiro para o uso do pagamento das dívidas de curto prazo, uma vez que esto-
que não tem uma data certa nem garantias de realização.

Indicadores de Liquidez
100 UNIDADE IV

Para encontrar este índice, usamos a fórmula:


Segundo Assaf Neto (1998, p.173), a liquidez seca “demonstra a porcentagem
das dívidas a curto prazo em condições de serem saldadas mediante a utilização
de itens monetários de maior liquidez do ativo circulante.” Ou seja, a liquidez
Ativo circulante – estoques – despesas antecipadas
Liquidez Seca (LS) =
Passivo circulante

seca demonstra a capacidade de a empresa saldar suas dívidas de curto prazo


utilizando-se essencialmente das contas do disponível e de valores a receber
(clientes, por exemplo).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veja os cálculos para o ano de 2013 da nossa empresa exemplo:
(55.321.996 - 19.620.891)
Liquidez Seca = = 0,90
(39.870.160)

Observando este indicador, podemos verificar que desconsiderando os estoques


a empresa não teria a capacidade de pagar no curto prazo suas dívidas somente
com suas disponibilidades e valores a receber.
Para explicar este feito, podemos utilizar a análise vertical que demonstra
que os Estoques representavam 22,10% do total do ativo no ano de 2013, uma
grande representatividade considerando que o Ativo Circulante todo representa
62,30% do total do ativo.
Sobre este índice, Matarazzo (2008) faz uma observação: para sua avaliação,
deve-se conhecer profundamente sobre a atividade da empresa, já que algumas
empresas não apresentam estoques significativos, como é o caso das prestadoras
de serviços; já para outras empresas, um grande volume de estoque é essencial
para sua atividade, como para as empresas de varejo.

LIQUIDEZ IMEDIATA

A liquidez imediata é a relação do disponível com o passivo circulante e tem a


função de mostrar quanto de sua dívida de curto prazo a empresa pode pagar de
forma imediata somente com seus recursos monetários disponíveis, que seriam
as contas como bancos, aplicações financeiras de curto prazo e caixa.

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


101

Observe abaixo como ficaria o cálculo deste indicador para a empresa ADC
Ltda., referente ao ano de 2013:

A leitura que podemos fazer sobre este indicador é de que a empresa tem R$
0,15 de recursos disponíveis de forma imediata para quitar suas dívidas de curto
prazo. Obviamente, a empresa não tem o interesse de utilizar todos os recursos
para quitar dívidas que ainda irão vencer, então é importante fazer uma compa-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ração entre os anos anteriores, para verificar se a empresa está mantendo bons
níveis de recursos no seu disponível.

INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO

Os indicadores de endividamento ajudam o analista a entender melhor a dívida


das empresas, com relação à composição, vencimento, tipo e origem.
Também são os indicadores de endividamento que nos informam se a
empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos pro-
prietários. Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento
em maior parte a Curto Prazo (Circulante) ou a Longo Prazo (Exigível
a Longo Prazo) (MARION, 2002, p.104).

Sobre os indicadores de endividamento, Matarazzo (2008, p. 289) diz que “não


existe uma fórmula para medir o endividamento global, mas certos conceitos
podem levar às dimensões suportáveis das diversas categorias de dívidas”.
Entre os vários conceitos e fórmulas para encontrar as diversas categorias de
dívidas, aqui serão destacadas as que os autores consideram mais relevantes no
momento de fazer a análise.

Indicadores de Endividamento
102 UNIDADE IV

“São os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se


utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários” (BLATT,
2001 p. 64).

COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO

O índice de composição do endividamento demonstra quanto do total da dívida


da empresa está no curto prazo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para Matarazzo (2008), ter a maior parte de suas dívidas no curto prazo sig-
nifica ter que disponibilizar parte de seus recursos gerados no curto prazo para
o pagamento dessas dívidas, enquanto estes recursos poderiam ser alocados em
outros lugares, buscando a geração de mais recursos (lucro).
Assim, é interessante a empresa manter o máximo de suas dívidas no longo
prazo, ou seja, no seu passivo não circulante, para que a empresa tenha mais recursos
disponíveis para geração de recursos para saldar suas dívidas, claramente levando
em conta a relação custo-benefício de manter essas dívidas no longo prazo.
Para encontrar o índice de composição do endividamento, usamos a fórmula:
Passivo circulante
Composição do endividamento: X100
Passivo circulante + Passivo Não Circulante

O resultado do índice de composição do endividamento é em percentual e sua


interpretação é que quanto menor, melhor para a empresa. Observe os cálculos
deste indicador para o ano de 2013 da empresa ADC Ltda.:

(39.870.160)
Composição do endividamento: X100 =71,21
(39.870.160 + 16.122.708)

Neste caso, podemos observar que no ano de 2013 a empresa tinha 71,21%
das suas dívidas vencendo no curto prazo, que apesar de ser um número alto, a
composição do endividamento em 2011 era de 76,18%, ou seja, a empresa está
conseguindo reduzir esse indicador durante os anos.
A empresa que opera com a maior parte de suas dívidas no curto prazo pode
ter uma situação desfavorável, principalmente na sua liquidez corrente. Segundo

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


103

Marion (2002), para os padrões brasileiros, empresas com 60% de suas dívidas
totais no curto prazo podem apresentar problemas de liquidez, empresas con-
servadoras têm em média 40% de suas dívidas vencendo no curto prazo.
Por outro lado, um baixo endividamento a curto prazo não significa que a
empresa tem um bom endividamento. Para chegar a essa conclusão, é necessá-
rio observar outros indicadores.

GRAU DE ENDIVIDAMENTO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O índice do grau de endividamento demonstra quanto dos recursos do ativo


total são de origem do capital de terceiros.
Nas considerações relativas à estrutura patrimonial, verifica-se que
os recursos da empresa são provenientes de dois tipos de fontes (ou
origens): Capitais Próprios e Capitais Alheios (ou de terceiros). É im-
portante investigar o equilíbrio entre essas duas origens de fundos, a
fim de assegurar perfeita harmonia na estrutura de capitais da empresa
(BRAGA, 1998, p. 151).

O índice do grau de endividamento permite ao analista verificar quanto do capi-


tal de terceiros está financiando os ativos da empresa.
Para achar este índice, usa-se a fórmula:

Passivo circulante + Passivo Não Circulante X100


Grau de endividamento:
Total do Ativo

O resultado do índice do grau de endividamento é em percentual, e sua inter-


pretação é que quanto menor, melhor para a empresa. Observe os cálculos deste
indicador para nossa empresa fictícia referente ao ano de 2013:
(39.870.160 + 16.122.708) x 100 = 63,06
Grau de endividamento:
88.793.932

A empresa apresentou para o ano de 2013 um grau de endividamento de 63,06%


com relação ao total do seu ativo. Este percentual se refere aos seus deveres e
obrigações de curto e longo prazo com terceiros, e que a diferença será o patri-
mônio líquido da empresa que representa sua riqueza líquida.

Indicadores de Endividamento
104 UNIDADE IV

Segundo Assaf Neto (1998), a empresa que opera com este índice ele-
vado demonstra uma maior dependência financeira com seus fornecedores e
financiadores.
Já para Braga (1998), as empresas usam dos recursos de terceiros para manter
suas operações e também para buscar o crescimento empresarial. O desafio para
os empresários é saber equilibrar os recursos de terceiros dentro de sua estrutura
patrimonial, para não comprometer a rentabilidade e a liquidez das empresas.
Porém, um alto índice do grau de endividamento não determina a ruína da
empresa, outros fatores devem ser analisados como a composição do endivida-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mento e a rentabilidade.

Dentro do endividamento das empresas há um tipo de endividamento que


acarreta em juros para a empresa, trata-se do passivo oneroso, que são as
dívidas com as instituições financeiras.
Na avaliação do endividamento da empresa, é importante verificar quanto
deste endividamento é com instituições financeiras, já que se trata de um
passivo que gera mais dívidas e despesas para a empresa.
Fonte: o autor

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


105

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O índice de imobilização do patrimônio líquido aponta quanto do total do capi-


tal próprio está imobilizado no ativo permanente da empresa.
O ativo permanente pode ser considerado como uma aplicação de longo
prazo, pois os investimentos no ativo permanente têm um retorno lento para a
empresa, sendo de fundamental importância que seja financiado por fontes ade-
quadas de recursos, como o recurso do capital próprio.
Entretanto, para Matarrazo (2008), quanto mais capital próprio estiver finan-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ciando o ativo permanente, menores serão os recursos próprios financiando o


ativo circulante da empresa, aumentando a dependência do capital de terceiros
dentro da empresa. O adequado é a empresa dispor de um patrimônio líquido
que cubra seu ativo permanente e que sobre ainda uma boa parcela para finan-
ciar o seu ativo circulante.
Para encontrar o índice de imobilização do patrimônio líquido, é utilizada
a fórmula:
Ativo Permanente
Imobilização do patrimônio líquido: x 100
Patrimônio líquido

O ativo permanente é considerado as contas de Investimentos, Imobilizado e


Intangível que estão no ativo não circulante das empresas.
O resultado do índice de imobilização do patrimônio líquido é em percen-
tual, e sua interpretação é que quanto menor, melhor para a empresa. Então,
vejamos os cálculos para a empresa ADC Ltda. referentes ao ano de 2013 para
esses indicadores:
(484.595 + 29.223.549 + 228.212)
Imobilização do P.L.: x 100 = 91,27
32.801.064

No ano de 2013, a empresa apresentou um grau de imobilização do Patrimônio


Líquido de 91,27%, que se mantém estável nos últimos anos. Uma empresa que
apresenta um índice superior a 100% indica que além dos seus recursos pró-
prios, os recursos de terceiros também estão ajudando no financiamento do
ativo permanente. Isso pode indicar um potencial problema de liquidez, mesmo
que futuramente.

Indicadores de Endividamento
106 UNIDADE IV

Porém, algumas empresas têm a necessidade de ter altos índices de imo-


bilização do patrimônio líquido, pois os imobilizados podem ser a fonte da
rentabilidade dessas empresas. O analista deve ficar atento a este fato e também
aos indicadores de rentabilidade, que discutiremos no próximo tópico.

INDICADORES DE RENTABILIDADE

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os indicadores de rentabilidade comparam o resultado econômico da empresa
(lucro ou prejuízo) com os recursos investidos (ativo e patrimônio líquido) e
com as movimentações econômicas do período.
Para os cálculos dos indicadores de rentabilidade, será necessária a DRE da
empresa ADC. Ltda. que segue abaixo:

Demonstração do Resultado do Exercí-


Empresa: ADC Ltda. cio
  2013 2012 2011
( + ) Receita Bruta: 174.282.636 136.230.161 150.110.155
Vendas de Produtos 168.904.579 128.633.899 141.593.346
Vendas de Serviços 5.378.057 7.596.262 8.516.809
( - ) Deduções das Receitas: 3.726.837 3.644.651 4.454.972
Impostos Sobre Vendas 2.705.006 2.201.361 2.836.778
Devoluções 1.021.831 1.443.290 1.618.194
( = ) Receita Líquida: 170.555.799 132.585.510 145.655.183
( - ) Custos das Vendas 151.485.434 117.106.075 131.197.925
Custo do Produto Vendido 149.002.385 113.598.881 127.265.714
Custo do Serviço Prestado 2.483.049 3.507.194 3.932.211
( = ) Lucro Operacional Bruto: 19.070.365 15.479.435 14.457.259
( - ) Despesas Operacionais 15.317.752 13.150.061 12.404.832
Despesas com Pessoal 5.287.269 4.959.134 4.867.189
Despesas com Vendas 2.548.389 1.675.262 1.921.541

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


107

Despesas Administrativas 6.877.082 5.531.504 5.057.829


Outras Despesas 605.012 984.161 558.273
(-) Resultado Financeiro 326.708 283.701 159.577
(-) Despesas Financeiras 840.968 836.537 634.109
(+) Receitas Financeiras 514.260 552.836 474.532
( = ) Lucro Antes dos IRPJ e CSLL 3.425.905 2.045.673 1.892.850
( - ) Imposto de Renda Pessoa Ju-
797.076 464.497 429.589
rídica
( - ) Contribuição Social s/Lucro
298.903 174.186 161.096
Líquido
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

( = ) Lucro das Operações Conti-


2.329.926 1.406.990 1.302.164
nuadas
(-) Resultado das Operações
104.757 110.268 102.894
Descontinuadas
( = ) Lucro Líquido 2.225.169 1.296.722 1.199.270
Quadro 15: Demonstração do Resultado do Exercício da empresa ADC Ltda.
Fonte: elaborado pelo autor

Para Matarazzo (2008, p. 175), “os índices deste grupo mostram qual a rentabili-
dade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto,
qual o grau de êxito econômico da empresa”.
É importante ressaltar sobre esses indicadores que, no seu cálculo, é neces-
sário usar, para obter mais eficiência nos resultados obtidos, o ativo total médio
e o patrimônio médio.
Para encontrar o ativo e o patrimônio médio, soma-se o valor inicial e final
de cada conta e divide-se por dois:
Ativo total inicial + Ativo total final
Ativo médio:
2

Patrimônio líquido inicial + Patrimônio líquido final


Patrimônio líquido médio:
2

Para Marion (2002), a importância de utilizar a média nos cálculos desses indi-
cadores é que nem o ativo inicial ou final, nem o patrimônio líquido inicial ou
o final geraram o resultado, mas sim a média ou o movimento que eles tiveram
no período analisado.

Indicadores de Rentabilidade
108 UNIDADE IV

MARGEM LÍQUIDA

A margem líquida indica, em números relativos, quanto a empresa obteve de


lucro líquido sobre suas vendas líquidas.
Este índice também é conhecido como lucratividade líquida, e apura qual
percentual de lucro líquido a empresa obteve sobre cada real vendido, já dedu-
zidas todas as despesas (MARION, 2002).
Para encontrar a margem líquida, usa-se a fórmula:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Lucro Líquido
Margem Líquida: X100
Receita Líquida

O resultado desse índice é em percentual, e sua interpretação é quanto maior,


melhor. Observe os cálculos para a empresa ADC Ltda. referentes ao ano de 2013:
2.225.169
Margem Líquida: X100 = 1,30
170.555.799

No ano de 2013, a margem líquida da empresa foi de 1,30%, que representou a


maior margem durante o período analisado (sendo de 0,98%, em 2012, e 0,82%,
em 2011), indicando que de todo o valor líquido recebido das vendas que a
empresa realizou no ano de 2013, apenas 1,30% ficou dentro da empresa pro-
veniente do seu lucro.
Porém, calcular somente a margem líquida no momento da análise pode
esconder tendências importantes. O lucro líquido é o resultado final das ativi-
dades operacionais e não operacionais da empresa. Atividades não operacionais
são as atividades que não são ligadas ao objeto principal da empresa.
Para exemplificar, pegamos uma indústria de calçados, sua atividade prin-
cipal é a venda de calçados, assim, seu objeto principal são os calçados. Caso
essa indústria venda um prédio ou ganhe dinheiro com aplicações no mercado
de ações, esses ganhos não estão ligados à sua atividade principal, logo os resul-
tados apresentados dessas atividades não operacionais serão seu resultado das
operações descontinuadas.

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


109

O resultado das operações descontinuadas pode influenciar muito no resul-


tado final, por isso, no momento da análise da margem líquida, é importante
analisar também a margem bruta e a margem operacional.

MARGEM BRUTA

A margem bruta indica, em números relativos, quanto a empresa obteve de lucro


bruto sobre suas vendas líquidas. Lucro bruto são as vendas líquidas menos os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

custos dos produtos e serviços vendidos, indicando em percentual a rentabili-


dade bruta da empresa, ou seja, a rentabilidade de sua operação principal, antes
de apurar os gastos com a administração e manutenção da empresa.
Segundo Braga (1998, p. 155), a margem bruta
mede a rentabilidade das vendas, logo após a dedução do Custo dos
Produtos Vendidos (ou Custo das Mercadorias Vendidas); portanto,
antes de consideradas as despesas operacionais (de comercialização,
administração, etc.).

A fórmula para encontrar a margem bruta é:


Lucro Bruto
Margem Bruta: X100
Receita Líquida

O resultado deste índice é em percentual e sua interpretação é de quanto maior,


melhor. Observe os cálculos da margem bruta para a empresa ADC Ltda. refe-
rente ao ano de 2013:
19.070.365
Margem Bruta: X100 = 11,18
170.555.799

No ano de 2013, a margem bruta da empresa ADC Ltda. foi de 11,18%, indi-
cando que do total das suas vendas líquidas, deduzidos os custos de fabricação
dos produtos vendidos, restariam 11,18% das suas vendas para o pagamento de
suas despesas administrativas e comerciais.

Indicadores de Rentabilidade
110 UNIDADE IV

“Não há um índice padrão para este indicador, sendo recomendável a aná-


lise de outras empresas do mesmo setor/segmento, além da evolução histórica
desse indicador.

MARGEM OPERACIONAL

A margem operacional indica, em números relativos, quanto a empresa obteve


de lucro operacional sobre suas vendas líquidas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para encontrar a margem operacional, usa-se a fórmula:
Lucro antes do IRPJ e CSLL X100
Margem Operacional:
Receita Líquida

O resultado desse índice é em percentual, e sua interpretação é de quanto maior,


melhor. Observe os cálculos para a margem operacional referente ao ano de 2013
da empresa ADC Ltda.:

3.425.905 X100 = 2,01


Margem Operacional:
170.555.799

A margem operacional da empresa foi de 2,01% para o ano de 2013, a maior no


período da análise (1,54%, em 2012, e 1,30%, em 2011). Este indicador deve ser
analisado junto com a margem bruta e a margem líquida.
Quando há uma diferença grande entre a margem operacional e a margem
líquida significa que o resultado não operacional (operações descontinuadas)
teve um papel importante no resultado final da empresa. No caso da empresa
ADC Ltda., a diferença entre a margem líquida e a margem operacional é pro-
vocada principalmente pelo efeito dos impostos sobre o lucro, como podemos
observar na análise vertical da DRE.
Assim, cabe ao analista identificar os motivos que fizeram o resultado das
atividades descontinuadas interferir tanto no resultado final, ficando atento,
quanto à possibilidade deste resultado interferir também na análise dos demais
indicadores de rentabilidade.

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


111

RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O índice de rentabilidade do patrimônio líquido mostra quanto a empresa teve


de retorno sobre seu capital próprio investido, no caso, o patrimônio líquido.
A rentabilidade do PL (Patrimônio Líquido) “representa a taxa de rentabili-
dade auferida pelo capital próprio da empresa, sendo dimensionado pela relação
entre o lucro líquido e o patrimônio líquido” (ASSAF NETO, 1998, p. 214).
O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar
qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser com-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

parada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como


Caderneta de Poupança, CDBs, Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis,
Fundos de Investimentos, etc. Com isso se pode avaliar se a empresa
oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções (MATARAZ-
ZO, 2008, p. 181).

Observe abaixo a fórmula para encontrar o índice de rentabilidade do patrimô-


nio líquido:
Lucro Líquido X100
Rentabilidade do P.L.:
Patrimônio Líquido Médio

O resultado desse índice é em percentual, e sua interpretação é de quanto maior,


melhor. Para encontrar este indicador, primeiro é necessário calcular o Patrimônio
Líquido Médio que será, por exemplo, para o ano de 2013, a soma de Patrimônio
Líquido de 2013 e 2012 divido por 2. Vamos aos cálculos do indicador para a
empresa ADC Ltda. referente ao ano de 2013:

2.225.169 X100 = 7,32


Rentabilidade do P.L.:
(32.801.064 + 27.978.078) /2

Para o ano de 2013, a empresa ADC Ltda. apresentou um retorno de 7,32% sobre
o patrimônio líquido médio da empresa, uma alta de 2,4 pontos percentuais em
relação ao ano de 2012 (4,92%). Esse indicador deve ser analisado na sua série
tempestiva, em comparação às demais empresas do mesmo setor ou segmento
da empresa, mas também com o retorno que outros investimentos proporcio-
nariam aos sócios da empresa.

Indicadores de Rentabilidade
112 UNIDADE IV

Por meio do índice de rentabilidade do P.L., é possível analisar se o retorno


sobre o capital próprio ou sobre os recursos próprios está satisfatório, se no mer-
cado não há meios ou atividades mais rentáveis para aplicação desses recursos,
como bolsa de valores, aplicações financeiras e outros.
Entretanto, nas empresas, não há apenas capital próprio. Existem também os
capitais de terceiros que junto com o capital próprio formam o total de investi-
mentos dentro das empresas, sendo estes representados pelo ativo das empresas.
Por isso, também é importante conhecer a rentabilidade do ativo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RENTABILIDADE DO ATIVO

O índice de rentabilidade do ativo mostra quanto a empresa teve de retorno sobre


o total de investimentos, considerando os investimentos próprios (capital, reser-
vas e lucro) e também o investimentos de terceiros (obrigações).
Segundo Matarazzo (2008, p. 179):
Este índice mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em rela-
ção ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro da em-
presa. Não é exatamente uma medida de rentabilidade do capital [...],
mas uma medida da capacidade da empresa gerar lucro e assim poder
capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da
empresa ano a ano.

Para encontrar o índice de rentabilidade do ativo, usa-se a fórmula:

Lucro Líquido X100


Rentabilidade do Ativo:
Ativo Total Médio

O resultado desse índice é em percentual, e sua interpretação é de quanto maior,


melhor, sendo que sua análise deve ser feita de forma tempestiva e comparativa.
Para o cálculo deste indicador, é necessário encontrar o ativo total médio que
segue o mesmo raciocínio do patrimônio líquido médio. Veja abaixo os cálcu-
los para a empresa ADC. Ltda. referentes ao ano de 2013:

2.225.169 X100 = 2,60


Rentabilidade do Ativo:
(88.793.932 + 82.702.096) /2

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


113

A rentabilidade do ativo apresentou uma grande evolução em 2013, acresceu


67% em relação ao ano de 2011. Essa evolução pode ser explicada pela análise
vertical, que demonstra que o lucro da empresa cresceu 85,54% entre estes dois
anos. No mesmo período, o total do ativo cresceu apenas 15,01%.
Sendo o ativo o total do montante investido na empresa, este índice representa
o retorno sobre os investimentos totais da empresa, importante para verificar se
esses recursos estão sendo bem aplicados e de maneira satisfatória.
Entretanto, a rentabilidade do ativo não é a única forma de avaliar os resul-
tados econômicos da empresa por meio do seu ativo. O giro do ativo também
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

é outro indicador importante sobre o que apuramos dos resultados da empresa


mediante a comparação com seu ativo.

GIRO DO ATIVO

O índice do giro do ativo indica quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00
investido no seu ativo total.
Para Maratazzo (2008), esse índice mede o volume das vendas em relação ao
montante de investimentos, pois, olhando somente o resultado das vendas, em
números absolutos, não é possível dizer se a empresa vendeu muito ou pouco,
então a necessidade de comparação com os recursos investidos.
Para encontrar o índice do giro do ativo, usa-se a fórmula:
Receitas Líquidas
Giro do Ativo:
Ativo Total Médio

O resultado desse índice é em número-índice, e sua interpretação é de quanto


maior, melhor. Observe os cálculos para a empresa ADC Ltda. referentes ao ano
de 2013 para o giro do ativo:

170.555.799
Giro do Ativo: = 1,99
(88.793.932 + 82.702.096) /2

No ano de 2013, a empresa apresentou o melhor desempenho para esse indica-


dor, conseguindo praticamente dobrar o tamanho do seu ativo em vendas. Ela
apresentou um índice de giro do ativo de 1,99.

Indicadores de Rentabilidade
114 UNIDADE IV

O índice de giro do ativo mede a eficiência da empresa na utilização de seus


recursos (ativos) para a geração de receitas com vendas, assim, quanto maior
este índice e quanto melhor sua evolução significa que a empresa está utilizando
bem seus recursos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade do livro, você teve contato com os indicado-
res conhecidos para o tripé da análise das demonstrações contábeis, que se utiliza
dos indicadores da liquidez, endividamento e rentabilidade, que podem demons-
trar o desempenho de uma empresa nos aspectos financeiros e econômicos.
Os indicadores apresentados nesta unidade são apontados como essenciais
em qualquer análise. Nem todos os indicadores apresentados precisaram ser
discutidos em uma análise, entretanto, para explicar a situação econômico-fi-
nanceira de uma empresa, é extremante recomendada a apresentação e análise
de indicadores como: liquidez correta, liquidez geral, composição do endivida-
mento, grau do endividamento, margem líquida e margem bruta.
Para identificar os indicadores mais importantes a serem trabalhados durante
a análise das demonstrações contábeis, cabe a experiência do analista e também
as variações que os indicadores sofreram ao longo do tempo ou as distorções
que apresentam em relação às empresas concorrentes. Para que a análise possa
ter comparabilidade e tempestividade, é importante a contribuição para esses
indicadores da análise vertical e horizontal, como demonstrado nos exemplos
desta unidade.

OS INDICADORES DO TRIPÉ DA ANÁLISE DE BALANÇO


115

Como já tratado nas unidades anteriores, nessa situação, o conhecimento


de mercado e o conhecimento sobre a empresa são primordiais ao analista, para
conseguir emitir um parecer oportuno e fidedigno sobre as demonstrações con-
tábeis da empresa.
Entretanto, a análise isolada dos indicadores do tripé da análise pode escon-
der importantes informações referentes à administração do capital de giro da
empresa, assim é imprescindível a análise dos demais indicadores, que iremos
tratar na próxima unidade deste livro, a fim de identificar a clara situação da
empresa, além elucidar e explicar variações que cada indicador ou grupo de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

indicar apresenta.
Lembrando que para qualquer boa análise é essencial a comparação conjunta
de vários indicadores, interligando a análise vertical e horizontal com todos os
demais indicadores trabalhados neste livro.

Considerações Finais
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As informações geradas mediante a utilização de um sistema contábil organizado, em
especial aquelas extraídas das demonstrações contábeis, para serem úteis à gestão em-
presarial, requerem que sejam preparadas observando os Princípios e as Normas Brasi-
leiras de Contabilidade.
As Normas Brasileiras de Contabilidade constituem as balizas que regram o ordenamen-
to contábil hoje vigente, já os Princípios de Contabilidade, em especial, são as luzes que
iluminam os procedimentos a serem usados quando dos registros dos fatos contábeis
e elaboração das demonstrações contábeis. Por sua vez, essas demonstrações ganham
um brilho maior, quando as informações se revestem de características qualitativas, vin-
do a somar-se aos próprios Princípios de Contabilidade, conforme será visto a seguir:
Compreensibilidade
A informação apresentada em Demonstrações Contábeis deve ser apresentada de
modo a torná-la compreensível por usuários que têm conhecimento razoável de negó-
cios e de atividades econômicas e de contabilidade, e a disposição de estudar a infor-
mação com razoável diligência. Entretanto, a necessidade por compreensibilidade não
permite que informações relevantes sejam omitidas com a justificativa de que possam
ser de entendimento difícil demais para alguns usuários.
Relevância
A informação fornecida em Demonstrações Contábeis deve ser relevante para as neces-
sidades de decisão dos usuários. A informação tem a qualidade da relevância quando
é capaz de influenciar as decisões econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acon-
tecimentos passados, presentes e futuros, confirmando ou corrigindo suas avaliações
passadas.
Materialidade
A informação é material – e, portanto, tem relevância – se sua omissão ou erro puder
influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base nas Demonstrações
Contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou imprecisão julgada nas
circunstâncias de sua omissão ou erro. Entretanto, é inapropriado fazer, ou deixar sem
corrigir, desvios insignificantes das práticas contábeis para se atingir determinada apre-
sentação da posição patrimonial e financeira (balanço patrimonial) da entidade, seu de-
sempenho (resultado e resultado abrangente) ou fluxos de caixa.
Confiabilidade
A informação fornecida nas Demonstrações Contábeis deve ser confiável. A informação
é confiável quando está livre de desvio substancial e viés, representando adequada-
mente aquilo que tem a pretensão de representar ou seria razoável esperar que repre-
sentasse. Demonstrações contábeis não estão livres de viés (ou seja, não são neutras) se,
por meio da seleção ou apresentação da informação, elas são destinadas a influenciar
117

uma decisão ou julgamento para alcançar um resultado ou desfecho pré-determinado.


Primazia da essência sobre a forma
Transações e outros eventos e condições devem ser contabilizados e apresentados de
acordo com sua essência e não meramente sob sua forma legal. Isso aumenta a confia-
bilidade das Demonstrações Contábeis.
Prudência
As incertezas que inevitavelmente cercam muitos eventos e circunstâncias são reconhe-
cidas pela divulgação de sua natureza e extensão, e pelo exercício da prudência na ela-
boração das Demonstrações Contábeis. Prudência é a inclusão de certo grau de precau-
ção no exercício dos julgamentos necessários às estimativas exigidas de acordo com as
condições de incerteza, no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimados
e que passivos ou despesas não sejam subestimados. Entretanto, o exercício da prudên-
cia não permite subvalorizar deliberadamente ativos ou receitas, ou a superavaliação
deliberada de passivos ou despesas. Ou seja, a prudência não permite viés.
Integralidade
Para ser confiável, a informação constante das demonstrações contábeis deve ser com-
pleta, dentro dos limites da materialidade e custo. Uma omissão pode tornar a informa-
ção falsa ou torná-la enganosa e, portanto, não confiável e deficiente em termos de sua
relevância.
Comparabilidade
Os usuários devem ser capazes de comparar as Demonstrações Contábeis da entidade
ao longo do tempo, a fim de identificar tendências em sua posição patrimonial e finan-
ceira e no seu desempenho. Os usuários devem, também, ser capazes de comparar as
Demonstrações Contábeis de diferentes entidades para avaliar suas posições patrimo-
niais e financeiras, desempenhos e fluxos de caixa relativos.
Assim, a mensuração e a apresentação dos efeitos financeiros de transações semelhan-
tes e outros eventos e condições devem ser feitas de modo consistente pela entidade,
ao longo dos diversos períodos, e também por entidades diferentes.
Adicionalmente, os usuários devem ser informados das políticas contábeis empregadas
na elaboração das Demonstrações Contábeis, e de quaisquer mudanças nessas políticas
e dos efeitos dessas mudanças.
Tempestividade
Para ser relevante, a informação contábil deve ser capaz de influenciar as decisões eco-
nômicas dos usuários. Tempestividade envolve oferecer a informação dentro do tempo
de execução da decisão. Se houver atraso injustificado na divulgação da informação, ela
pode perder sua relevância. A administração precisa ponderar da necessidade da ela-
boração dos relatórios em época oportuna, com a necessidade de oferecer informações
confiáveis. Ao atingir-se um equilíbrio entre relevância e confiabilidade, a principal con-
sideração será como melhor satisfazer as necessidades dos usuários ao tomar decisões
econômicas.
Equilíbrio entre custo e benefício
Os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de produzi-la. A avalia-
ção dos custos e benefícios é, em essência, um processo de julgamento. Além disso, os
custos não recaem necessariamente sobre aqueles usuários que usufruem dos benefí-
cios e, frequentemente, os benefícios da informação são usufruídos por vasta gama de
usuários externos.
A informação derivada das Demonstrações Contábeis auxilia fornecedores de capital a
tomar melhores decisões, o que resulta no funcionamento mais eficiente dos mercados
de capital e no menor custo de capital para a economia como um todo.
Entidades, individualmente, também usufruem dos benefícios, incluindo melhor acesso
aos mercados de capital, efeitos favoráveis nas relações públicas e, talvez, custos meno-
res de capital. Os benefícios também podem incluir melhoria no processo de tomada
de decisões da administração, porque a informação financeira utilizada internamente
é frequentemente baseada, ao menos em parte, em informações elaboradas para os
propósitos de apresentar Demonstrações Contábeis para fins gerais.
Fonte: Paraná (2011, online)
119

1. Os indicadores de liquidez correlacionam informações do balanço patrimonial


para demonstrar a posição estática de uma empresa referente à quitação de suas
dívidas em diferentes momentos. Sobre os indicadores de liquidez, é correto afir-
mar que: Assinale a alternativa correta.
a) O resultado dos indicadores de liquidez é em números percentuais, e quanto
maior, melhor.
b) O resultado dos indicadores de liquidez é em números absolutos, e quanto
menor, melhor.
c) O resultado dos indicadores de liquidez é em números percentuais, e quanto
menor, melhor.
d) O resultado dos indicadores de liquidez é em número-índice, e quanto maior,
melhor.
e) O resultado dos indicadores de liquidez é em número-índice, e quanto menor,
melhor.
2. Utilizando os dados da empresa ADC Ltda., é correto afirmar que no ano de 2011
a empresa apresentava uma liquidez corrente de: Assinale a alternativa correta.
a) 0,16
b) 0,77
c) 1,25
d) 1,31
e) 1,03
3. Com relação aos indicadores de endividamento, conforme estudo nesta unida-
de, qual indicador demonstra as obrigações que a empresa apresenta com rela-
ção ao capital de terceiros? Assinale a alternativa correta.
a) Composição do Endividamento
b) Grau do Endividamento
c) Imobilização do Patrimônio Líquido
d) Margem Bruta
e) Rentabilidade do Patrimônio Líquido
4. Considerando os dados da empresa ADC Ltda., é correto afirmar que em 2011, a
empresa apresentou uma composição de endividamento e um grau de endivi-
damento, respectivamente, de: Assinale a alternativa correta.
a) 71,21% e 63,06%
b) 74,90% e 66,17%
c) 74,90% e 76,18%
d) 76,18% e 67,95%
e) 67,95% e 93,80%
5. Os indicadores de rentabilidade comparam o resultado obtido no exercício, que
é evidenciado na DRE, com os números das contas patrimoniais, que são apre-
sentados no balanço patrimonial. Praticamente todos os indicadores apresen-
tam seus resultados em números percentuais, com exceção de apenas um indi-
cador. Qual é este indicador? Assinale a alternativa correta.
a) Margem Líquida
b) Margem Operacional
c) Rentabilidade do Ativo
d) Rentabilidade do Patrimônio Líquido
e) Giro do Ativo
6. Com base nas demonstrações contábeis da empresa ADC Ltda., é correto afirmar
que, para o ano de 2012, a empresa apresentou, respectivamente, os seguintes
números, para os indicadores de margem líquida, margem bruta, rentabilidade
do ativo e giro do ativo: Assinale a alternativa correta.
a) 0,98%, 11,68%, 1,62% e 1,66
b) 0,98%, 11,68%, 1,62% e 1,66%
c) 0,98%, 11,68%, 1,55% e 1,66%
d) 0,98%, 11,68%, 1,69% e 1,69
e) 0,98%, 11,68%, 1,69% e 1,89
MATERIAL COMPLEMENTAR

Análise das Demonstrações Contábeis: Contabilidade


Empresarial
José Carlos Marion
Sinopse: este livro evidencia a utilidade da demonstração
contábil como instrumento de tomada de decisão. Destina-
se especialmente ao curso de graduação, enfatizando a
aplicação dos níveis introdutório e intermediário para
analisar a situação econômico-financeira da empresa.
Todos os capítulos são iniciados por uma Leitura introdutória,
tratando de maneira prática o tema do capítulo, por meio
de artigos publicados pela mídia. São elaboradas questões
que destacam os pontos relevantes das leituras introdutórias, entendendo-se que
análise se aprende praticando.
Citam-se ainda outros instrumentos como pontos fortes do livro: questões e testes
sobre o capítulo; exercícios sobre o capítulo; exercícios de integração e estudos de
casos. Conclui o tópico com o roteiro de trabalho de análise de uma empresa real, onde
o aprendiz acrescenta à unidade desenvolvida novos ingredientes a seu kit de análise.

O professor e autor Alexandre Assaf Neto explica sobre as limitações e conflitos da


análise das demonstrações contábeis. Veja os comentários do professor no link abaixo:
<https://www.youtube.com/watch?v=zJmVhD1CISw>

Passivo Oneroso. Veja os conceitos, definições e aprenda a calcular o passivo oneroso:


<http://avaliacaodeempresas.blogspot.com.br/2012/03/endividamento-oneroso.
html>

Material Complementar
Professor Esp. Eduardo Carmo Carvalho

INDICADORES DE PRAZOS

V
UNIDADE
MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Estudar os indicadores de prazos médios.
■■ Compreender a dinâmica do capital de giro.
■■ Aprender a calcular e analisar os indicadores de prazos médios.
■■ Identificar as estruturas de risco segundo o Capital de giro.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Indicadores de Prazos Médios
■■ Análise da Dinâmica do Capital de Giro
■■ As Estruturas de Risco do Capital de Giro
125

INTRODUÇÃO

Na quinta e última unidade do livro, iremos tratar dos indicadores de prazos


médios, sobre os indicadores de capital de giro e as estruturas do capital de giro.
Os indicadores de capital de giro talvez sejam os principais indicadores que ire-
mos estudar nesta unidade.
Muitas empresas vão à falência pela má administração do seu capital de
giro, elemento essencial na conjuntura espinhal das empresas no mundo globa-
lizado em que vivemos. A análise das demonstrações contábeis não pode ensinar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

os empresários a administrarem o seu capital de giro, mas é fundamental para


encontrar problemas e também indicar soluções.
Nesta unidade, você, caro(a) aluno(a), aprenderá fórmulas, cálculos e inter-
pretações necessárias para diagnosticar a saúde financeira das empresas e, mais
uma vez, irá entender como as alterações de um grupo isolado de indicadores
poderá refletir em outros indicadores.
Outra vez, iremos utilizar a “arte” de extrair informações úteis das demons-
trações contábeis e encontrar informações, como o prazo médio de recebimentos
e pagamento das empresas, a sua necessidade do capital de giro e, por fim, você
irá aprender a, como um médico, diagnosticar como anda a saúde financeira
das empresas.

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS

Uma das descobertas mais importantes e interessantes da análise das demons-


trações contábeis é a possibilidade de tirar informações, como os prazos médios
operacionais das empresas.
Entre os prazos médios que se pode extrair das demonstrações, se destacam
o prazo médio de recebimento de vendas, prazo médio de renovação de estoque
e prazo médio de pagamentos de compras.

Introdução
126 UNIDADE V

Para o cálculo dos indicadores, será novamente trabalhada a média de algu-


mas contas entre o ano analisado e o ano anterior.

PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS (PMRV)

O prazo médio de recebimento de vendas “calcula o tempo médio em receber o


produto vendido, ou seja, quanto tempo a empresa espera para receber as ven-
das realizadas” (ASSAF NETO, 1998, p. 182).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para encontrar este índice mediante as demonstrações contábeis, usa-se o
seguinte cálculo:
Duplicatas a receber média
Prazo médio de recebimento de vendas: X 360
Receita Bruta

O resultado deste índice é em dias e quanto menor, melhor. Observe os cálcu-


los para a empresa ADC Ltda. referentes ao ano de 2013:

PMRV: (29.225.874 + 27.470.497) / 2


X 360 = 58,56
174.282.636

Para a empresa ADC Ltda., é correto afirmar que no ano de 2013, o prazo médio
de recebimento das vendas da empresa era de 58,56 dias, ou seja, este é o tempo
entre a venda do produto e o recebimento da venda. Não há um número indi-
cado de dias para a quitação das duplicatas, isso irá variar muito de uma empresa
para outra. Mas quanto menor o tempo para receber as vendas a prazo, melhor
para a empresa.

PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DE ESTOQUES (PMRE)

O índice de prazo médio de renovação de estoques indica quantos dias, em


média, a empresa leva para vender seus estoques.
Para calcular este índice, usam-se o Estoque Médio e os Custos das Vendas,
com a seguinte fórmula:

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


127

Estoque médio
Prazo médio de renovação de estoques: X 360
Custo do produto vendido

O resultado desse índice é em dias, e sua interpretação é de quanto menor,


melhor, indicando que a empresa vende rapidamente os seus estoques. Observe
os cálculos deste indicador para a empresa ADC. Ltda. referente ao ano de 2013:

(19.620.891 + 17.242.519) / 2
PMRE: X 360 = 43,80
151.485.434
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A empresa, no ano de 2013, apresentou um prazo médio de renovação de esto-


ques de 43,80 dias, uma redução em relação aos anos anteriores, indicando uma
melhor eficiência na comercialização dos seus produtos.
Para Braga (1998), o prazo médio de renovação de estoques indica se os estoques
são insuficientes, desejáveis ou excessivos em relação ao volume de vendas da empresa.

PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTOS DE COMPRAS (PMPC)

Este índice indica quantos dias a empresa leva para quitar suas compras. Este
índice é importante, pois representa quanto tempo a empresa é financiada por
seus fornecedores.
Para o cálculo deste índice, se usa a seguinte fórmula:
Fornecedores médio
Prazo médio de pagamentos de compra: X 360
Compras

O resultado deste índice é em dias, e sua interpretação é de quanto maior, melhor,


indicando que a empresa financia o seu capital de giro com o capital de seus
fornecedores.
Como as demonstrações contábeis não apresentam a informação das com-
pras do período, este dado só está disponível para os usuários internos. Podemos
usar a seguinte fórmula para encontrar as compras do período:

Indicadores de Prazos Médios


128 UNIDADE V

Compras: Saldo Final da Conta Estoque + CMV - Saldo Inicial da Conta de Estoque
Veja os cálculos deste indicador para a empresa ADC Ltda. referente ao ano
de 2013:
(26.303.298 + 23.899.332) / 2
PMPC: X 360 = 58,87
(19.260.891 + 151.485.434 - 17.242.519)

O prazo médio de pagamento de compras indica que para o ano de 2013, a


empresa ADC Ltda. apresentava uma média de 58,72 dias para o pagamento de
seus fornecedores, ou seja, a empresa comprava a mercadoria e depois de 58,87

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dias já tinha que pagar suas compras.
Os indicadores de prazos médios analisados individualmente não apresenta-
ram números úteis ao analista, principalmente se não houve números anteriores
para comparação. Para Matarazzo (2008, p. 318), “a análise dos prazos médios só
é útil quando os três prazos são analisados conjuntamente”. Ao juntar os índi-
ces de prazos médios, encontram-se os ciclos operacional e financeiro (ou ciclo
de caixa) da empresa.

CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO

Ciclo operacional e ciclo financeiro (ou de caixa) são indicadores mais dinâmi-
cos extraídos da conjugação dos índices de prazos médios e ajudam a montar a
estratégia de fluxo de caixa da empresa.
A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos
operacional da e de caixa, elementos fundamentais para a determina-
ção de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras,
geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma
empresa (MATARAZZO, 2008, p. 311).

Os ciclos operacional e financeiro são os primeiros elementos para análise da


dinâmica do fluxo de caixa, pois, determinam o tempo que a empresa leva para
vender e receber, pagar as contas e quanto tempo ela se financia, sem o dinheiro
do seu capital próprio para manter suas atividades.

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


129

CICLO OPERACIONAL (CO)

Ciclo operacional é a soma dos índices de prazo médio de renovação do esto-


que (PMRE) e prazo médio de recebimento de vendas (PMRV), e sua função é
mostrar quanto tempo a empresa leva entre a venda e o recebimento da merca-
doria vendida.
Então a fórmula do ciclo operacional é a seguinte:

Ciclo Operacional (CO): PMRE + PMRV


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O resultado é em dias e sua interpretação é de quanto menor, melhor. Observe


o cálculo deste indicador para a empresa ADC Ltda. referente ao ano de 2013:

Ciclo Operacional (CO): 58,56 + 43,80 = 102,36 dias

A interpretação deste indicador é que a empresa tem um ciclo operacional de


mais de três meses, que é o tempo que ela demora para produzir, vender e rece-
ber, ou seja, entre o início do processo produtivo e o recebimento da venda se
passam 102,36 dias. Durante todo este tempo que ela fica sem receber por suas
vendas, ela deve operar com os recursos próprios e de terceiros.
A diferença entre o ciclo operacional e o prazo médio de pagamentos de
compras é o ciclo financeiro.

CICLO FINANCEIRO (CF)

Entre o momento em que foram pagas as compras até o recebimento das ven-
das, temos o ciclo operacional, que é considerado o período em que a empresa
se financia, usa de seus próprios recursos para manter suas operações.
Enquanto o ciclo operacional se inicia no momento da aquisição dos
materiais, o ciclo de caixa (ou ciclo financeiro) compreende o período
de tempo entre o momento do desembolso inicial de caixa para paga-
mento dos materiais e a data do recebimento da venda do produto (AS-
SAF NETO, 1998, p. 188).

Indicadores de Prazos Médios


130 UNIDADE V

Para encontrar o ciclo financeiro, se usa a seguinte fórmula:

PMRE + PMRV – PMPC


Ciclo financeiro: ou
CO – PMPC

O resultado da fórmula é em dias, e sua interpretação é de quanto maior, melhor.


Vejamos o cálculo deste indicador para o ano de 2013 da empresa ADC Ltda.:

Ciclo financeiro: 102,36 – 58,87 = 43,49

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Durante o ano de 2013, o ciclo financeiro da empresa ADC Ltda. foi de 43,49
dias, que é o momento em que ela pagou pelas suas compras e que deve esperar
para receber por suas vendas, ou seja, é o período de tempo em que a empresa
operou somente com seus recursos próprios.
O ciclo financeiro apresenta em dias o tempo que a empresa se mantem
somente com os seus recursos financeiros. Entretanto, para verificar se a empresa
apresenta caixa para bancar o seu ciclo financeiro, é necessário fazer uma aná-
lise do seu capital de giro.
Observe no próximo tópico como funciona a dinâmica do capital de giro e
como podemos identificar se a empresa apresenta uma estrutura saudável de capi-
tal ou se há necessidade de buscar recursos financeiros por meio de empréstimos.

ANÁLISE DA DINÂMICA DO CAPITAL DE GIRO

Avaliar o capital de giro não é uma tarefa fácil, pela sua dinâmica torna-o com-
plicado de entender, levando à procura de fórmulas eficientes para tal tarefa.
O comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, exigindo
modelos eficientes e rápidos da situação financeira da empresa. Uma ne-
cessidade de investimentos em giro mal dimensionada é certamente uma
fonte de comprometimento da solvência da empresa, com reflexos sobre
sua posição econômica de rentabilidade (ASSAF NETO, 1998, p. 192).

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


131

A boa gestão do capital de giro é essencial para a continuidade da empresa,


pois isso pode determinar um bom equilíbrio financeiro para a empresa, então,
o controle e análise do capital de giro se tornam indispensáveis nas empresas.
Para a análise da dinâmica do capital de giro, é de fundamental importância
conhecer a necessidade de capital de giro (NCG) que, segundo Matarazzo (2008,
p. 337), “é a chave para a administração financeira de uma empresa”.
Observe abaixo o conceito da necessidade de capital de giro e aprenda a
fazer os seus cálculos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

A necessidade de capital de giro (NCG) ou a necessidade de investimento em giro


(NIG) é o montante de recursos que a empresa necessita manter no seu capital
de giro para financiar suas atividades (ASSAF NETO, 1998).
Para Matarazzo (2008), o estudo da necessidade de capital de giro é funda-
mental para uma boa análise da empresa.
Necessidade de Capital de Giro, que designaremos de NCG, é não só
um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vis-
ta financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de
financiamento, crescimento e lucratividade (MATARAZZO, 2008, p.
337).

Para encontrar a necessidade de capital de giro, é necessário primeiro encontrar


(ou separar) as contas operacionais das contas financeiras.
Para Assaf Neto (1998), as contas do ativo operacional são as duplicatas a rece-
ber, adiantamento a fornecedores, estoque, adiantamento de salários, impostos
indiretos a compensar e despesas operacionais antecipadas. As contas do pas-
sivo operacional são fornecedores, impostos a recolher, adiantamento de clientes,
provisões trabalhistas, salários, encargos sociais, participações de empregados,
despesas operacionais e outros.

Análise da Dinâmica do Capital de Giro


132 UNIDADE V

Para encontrar a necessidade de capital de giro, é necessário usar a fórmula:

NCG: Ativo Operacional – Passivo Operacional

O resultado é em unidades monetárias (reais), e sua interpretação é quanto menor,


melhor. Veja os cálculos para a necessidade de capital de giro para a empresa
ADC Ltda. referentes ao ano de 2013:

NCG: 49.135.540 – 32.044.293 = 17.091.247

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A empresa ADC Ltda. apresentou uma necessidade de capital de giro de R$
17.091.247 referente ao ano de 2013. Este indicador pode ser analisado tem-
pestivamente, mas sua eficácia só será atingida correlacionando a NCG com os
demais indicadores de capital de giro.
Para Matarazzo (2008), é normal empresas apresentarem uma necessidade
de capital de giro positiva (ativo operacional maior que o passivo operacional),
tendo assim a necessidade de ter fontes de financiamento para esta necessidade.
Por isso é importante que a empresa tenha um saldo de disponível maior
que sua necessidade de capital de giro, senão ela é obrigada a procurar fontes de
financiamento como os empréstimos bancários.

SALDO DE DISPONÍVEL (SD)

O saldo de disponível é a diferença entre a necessidade de capital de giro e o


capital circulante líquido (CCL) ou a diferença entre o ativo financiando do pas-
sivo financeiro.
Saldo de disponível é uma medida de margem de segurança financeira
de uma empresa, que indica sua capacidade interna de financiar um
crescimento da atividade operacional. Um SD negativo demonstra a
existência de recursos não operacionais financiando ativos de natureza
cíclica (ASSAF NETO, 1998, p. 197).

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


133

Então, para encontrar o saldo de disponível, temos duas fórmula:


Saldo de disponível:

CCL – NCG
Saldo de disponível: ou
Ativo financeiro – passivo financeiro

O Capital Circulante Líquido (CCL) é a diferença entre o ativo circulante e o pas-


sivo circulante. O CCL pode ser representado pela seguinte fórmula:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CCL = Ativo Circulante – Passivo circulante

Observe o cálculo do saldo de disponível para a empresa ADC Ltda. referente


ao ano de 2013:

Saldo de disponível: 6.186.456 – 7.825.767 = -1.639.411

Analisando o saldo de disponibilidade, podemos verificar que a empresa apre-


senta um valor negativo para este indicador. Um saldo de disponibilidade negativo
representa que a empresa não tem recursos financeiros suficientes para bancar
o seu ciclo operacional, indicando que ela tenha que captar dinheiro de insti-
tuições financeiras para manter um montante de recursos financeiros (dinheiro
em caixa) mínimo para a sua atividade.
Para uma empresa estar bem financeiramente, é necessário que seu saldo de
disponível seja maior que sua necessidade de capital de giro. Caso seja o inverso
(NCG > SD), a empresa sempre estará procurando outras fontes de financia-
mento para suas operações.
Ao relacionar a necessidade de capital de giro, o capital circulante líquido e
o saldo de disponível, podemos avaliar o risco da estrutura do capital de giro da
empresa em baixo risco, médio risco e alto risco.

Análise da Dinâmica do Capital de Giro


134 UNIDADE V

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


A Demonstração dos Fluxos de Caixa fornece informações acerca das altera-
ções no caixa e equivalentes de caixa da entidade para um período contábil,
evidenciando separadamente as mudanças nas atividades operacionais, nas
atividades de investimento e nas atividades de financiamento.
As informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para pro-
porcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para ava-
liar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem
como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As
decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
capacidade da entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da
época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração.
Fonte: Paraná (2011, online)

AS ESTRUTURAS DO CAPITAL DE GIRO

Para que uma empresa sobreviva no mercado cada vez mais competitivo é neces-
sário muito mais que uma boa margem de lucro. O lucro líquido pode apresentar
bons resultados para a empresa, mas a administração do capital de giro é essen-
cial para a sobrevivência das empresas.

As empresas podem viver amargando prejuízos durante alguns anos, mas


se a empresa ficar sem capital de giro próprio, mesmo apresentando lucro
contábil, ela está fadada à falência.
Fonte: o autor

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


135

A partir de agora, entenderemos um pouco das estruturas de risco da capital


de giro, apresentando conceitos importantes para uma boa análise que eviden-
ciará a situação financeira da empresa e contribuirá para a análise dos demais
indicadores.

ESTRUTURA DE BAIXO RISCO

Nas estruturas de baixo risco, a folga financeira (CCL) é sempre maior que a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

necessidade de capital de giro e o saldo de disponível é positivo.


Para Assaf Neto (1998), as estruturas de baixo risco se apresentariam assim:

CCL > 0 CCL > 0


NCG < 0 NCG > 0
ou
CCL > NCG CCL > NCG
SD > 0 SD > 0

Poucas empresas têm uma necessidade de capital de giro negativa, em geral, são
empresas com grande rotação de seus estoques. As empresas que apresentam a
estrutura de baixo risco têm uma vida financeira saudável e satisfatória.
Analisando a empresa ADC Ltda., que apresenta um Saldo de disponível
negativo (SD < 0) e o capital circulante líquido (R$ 15.451.836) menor que a sua
necessidade de capital de giro (17.091.247), podemos afirmar que a empresa não
se enquadra nesta estrutura de capital de giro.

ESTRUTURA DE MÉDIO RISCO

As empresas com um médio risco apresentam uma folga financeira, ou seja, um


capital circulante líquido positivo, porém menor que sua necessidade de capital
de giro, formando assim um saldo de disponível negativo.
Segundo Assaf Neto (1998), uma empresa de médio risco apresenta a seguinte
situação:

As Estruturas do Capital de Giro


136 UNIDADE V

CCL > 0
NCG > 0
CCL < NCG
SD < 0

A empresa que apresenta esta estrutura tem uma tendência a fazer emprésti-
mos para aplicar na sua operação. Esta situação é desfavorável principalmente
se vem se agravando a cada ano, o que indica que futuramente ela terá um alto
risco financeiro de caixa.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vamos analisar a empresa ADC Ltda. e verificar se ela se enquadra neste
perfil de estrutura de risco. Observe:

CCL (15.451.836) > 0


NCG (17.091.247) > 0
CCL (15.451.836) < NCG (17.091.247)
SD (-1.639.411) < 0

Como podemos verificar, a empresa se enquadra perfeitamente na estrutura de


médio risco, onde, mesmo ela apresentando um folga financeira, é dependente
de empréstimos bancários para utilizar no seu capital de giro.
Mas a análise não pode ficar restrita somente a um indicador, grupo de indi-
cadores ou mesmo a um único período. Observando os demais indicadores,
pode-se chegar à conclusão de que a empresa apresenta boas perspectivas com
relação ao seu futuro financeiro.
Em 2011, por exemplo, a empresa apresentava um saldo de disponibilidade
negativo, em R$ 6.792.983, ou seja, em dois anos, ela reduziu em 75,9% o seu
saldo negativo e aumentou em 57,6% o seu capital circulante líquido, passando
de R$ 9.806.664, em 2011, para R$ 15.451.836, em 2013.
Os indicadores de endividamento, liquidez corrente, ciclo financeiro e a aná-
lise vertical podem ajudar a entender o aumento do capital circulante líquido e
assim a diminuição do saldo de disponibilidade negativo.
A primeira análise que fazemos é com relação aos indicadores de endivi-
damentos: todos melhoram entre os anos de 2011 a 2013. A composição do

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


137

endividamento passou de 76,18%, em 2011, para 71,21%, indicando que neste


período aumentou suas obrigações de longo prazo, liberando espaço para o
aumento da CCL. Outra redução importante foi a redução do grau do endivi-
damento, que passou de 67,95%, em 2011, para 63,06%, em 2013.
Essas alterações também impactaram na liquidez corrente, que melhorou
e passou de 1,25, em 2011, para 1,39, em 2013. A empresa também melhorou
o seu ciclo financeiro, diminuindo em 7,68 dias de 2011 para 2013. Na análise
vertical, nota-se que a empresa reduziu suas dívidas com as instituições financei-
ras no curto prazo. Em 2011, a empresa apresentava na conta de Empréstimos e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Financiamentos no curto prazo um total de R$ 11.360.033 e, em 2013, apresen-


tou um montante de R$ 6.805.102, uma redução de 40,10% entre os dois anos.
A melhora dos indicadores está ligada a dois fatores: aumento das vendas
e, principalmente, do lucro líquido, que quase dobrou de 2011 para 2013, pas-
sando de R$ 1.199.270 para 2.225.169 (aumento de 85,54%), e a diminuição das
dívidas do curto e o aumento das dívidas de longo prazo (a transferência das
dividas do passivo circulante para o passivo não circulante).
Assim, podemos considerar que, apesar de apresentar uma estrutura de
risco médio, a empresa apresenta boas perspectivas para os próximos anos. E
para entender melhor como isso aconteceu, foi necessária a ajuda de uma aná-
lise conjunta de todos os indicadores.

ESTRUTURA DE ALTO RISCO

Finalizando esta unidade, iremos abordar as estruturas de alto risco. Empresas com
uma estrutura de alto risco do seu capital de giro não apresentam folga financeira
(CCL positivo), que já indica dificuldades no cumprimento de suas obrigações.
Para Assaf Neto (1998), as estruturas de alto risco se apresentam da seguinte forma:

CCL < 0 CCL < 0 CCL < 0


NCG > 0 ou NCG < 0 ou NCG < 0
CCL<NCG CCL<NCG CCL>NCG

As Estruturas do Capital de Giro


138 UNIDADE V

Empresas que apresentam essa estrutura têm a necessidade de expandir seu capi-
tal circulante líquido, ou seja, aumentar o ativo circulante e diminuir o passivo
circulante. Empresas nessa situação sempre buscam captar empréstimos bancá-
rios para aumentar o seu caixa e assim conseguirem pagar suas dívidas de curto
prazo. O indicado é que esses empréstimos sejam de longo prazo, buscando sem-
pre aumentar o capital circulante líquido.
Porém, como as demonstrações são em períodos fechados, a simples aná-
lise dos valores presentes no saldo das contas não vai revelar a real situação da
empresa, por isso é importante, neste caso, observar também os indicadores de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
prazos médios e os indicadores de rentabilidade.
No momento da análise sobre a situação do caixa da empresa, é importante
verificar como este dinheiro entra e com que frequência. Por isso, tão importante
quanto saber como encontrar os índices e o que eles representam, é interpretá-
-los como um todo, interagindo números encontrados nas diversas técnicas de
análise na emissão do diagnóstico e recomendações do analista.

INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS E CAPITAL DE GIRO


139

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade, onde foi possível consoli-
dar praticamente todos os grupos de indicadores trabalhados no livro por meio
da análise da estrutura de capital.
Toda empresa pode passar por dificuldades e conseguir sobreviver com pre-
juízos contábeis durante algum período de tempo, mas sem dinheiro em caixa,
sem o seu capital de giro necessário para o pagamento de funcionários, fornece-
dores e demais obrigações, a empresa está fadada a fechar suas portas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Isso faz com que a análise do capital de giro, da sua estrutura de risco e tam-
bém do comportamento do capital ao longo dos anos seja essencial.
Para explicar a estrutura do capital de giro da empresa ADC Ltda. e também
a sua evolução e dinâmica, utilizamos os números encontrados nos indicadores
de liquidez, endividamento, rentabilidade dos prazos médios.
Assunto tratado durante todo o livro, a análise conjunta foi essencial para
demonstrar a evolução e as variações do capital de giro. A análise das demons-
trações contábeis nunca pode se limitar à explicação ou análise de apenas um
grupo de indicadores, já que todo fato contábil, decisão tomada ou mudanças
de políticas comerciais refletem no lucro, no balanço patrimonial, mas princi-
palmente no caixa, o capital de giro de cada empresa.
A compreensão do capital do giro poderia ser considerada como a contribui-
ção fundamental e lógica desta unidade para o livro e para o seu conhecimento,
mas a correlação de todos os grupos nos permite entender como cada indica-
dor está correlacionado e a importância da análise global.
Cada grupo de indicador tem sua importância e demonstra a empresa de um
aspecto diferente. Cada setor se preocupará mais com um grupo de indicadores
que os outros (gestores financeiros se preocupam com os indicadores de liquidez;
a diretoria, com os indicadores de rentabilidade; e os gerentes comerciais, com os
indicadores de prazos médios), mas a empresa é um elemento único, com toda
a sua complexidade e departamentos distintos. Assim, no momento da análise,
o mais importante é enxergar a empresa como este elemento único e complexo.

Considerações Finais
UTILIZAÇÃO DE GRÁFICOS EM DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Luiz Carlos Miranda, Alexandra Vieira, Umbelina Lagioia e Marco Vasconcelos
Tendo o trabalho de Beattie e Jones (1992) como ponto de partida, este estudo inves-
tiga a utilização de gráficos na divulgação dos resultados financeiros e contábeis por
empresas brasileiras e o efeito do desempenho econômico (lucro ou prejuízo) na quan-
tidade, área destinada a representações gráficas, e natureza das variáveis representadas
nos gráficos. O estudo investiga 37 relatórios (35 anuais e 2 trimestrais) de empresas de
capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os
relatórios foram obtidos nos sítios eletrônicos das respectivas empresas.
A comunicação efetuada pelas demonstrações contábeis para seus diversos usuários
deve ser transparente e clara, de forma a mostrar o desempenho econômico-financeiro
da empresa de maneira simples e precisa. Dentre os meios para comunicar as Informa-
ções econômico-financeiras, as empresas se utilizam de gráficos para destacar as infor-
mações das demonstrações contábeis. Essa forma de comunicação é utilizada para auxi-
liar o usuário a melhor compreender as informações apresentadas. No entanto, surge a
questão que esta pesquisa se propõe a responder:
A utilização de gráficos nos relatórios das empresas independe do resultado Econômi-
co-financeiro apresentado pela empresa?
O objetivo desta pesquisa é verificar se as características dos gráficos, em termos de
quantidade, área e conteúdo, apresentados nos relatórios anuais das empresas, são as
mesmas, independentemente de estas apresentarem situação financeira favorável ou
desfavorável. As hipóteses a serem testadas são:
Hipótese 1: Companhias com lucro apresentam mais gráficos, em seus relatórios anuais,
do que empresas com prejuízo.
Hipótese 2: Companhias com lucro dedicam maior área para a apresentação de gráficos,
em seus relatórios anuais, do que empresas com prejuízo.
Hipótese 3: Companhias com lucro apresentam gráficos com conteúdos (informações)
diferentes dos apresentados pelas empresas com prejuízo.
Este artigo está estruturado em cinco seções. Após esta introdução, apresenta-se a re-
visão da literatura acerca dos trabalhos pesquisados referentes ao tema abordado. Pos-
teriormente, encontram-se os procedimentos metodológicos utilizados para a consecu-
ção dos objetivos propostos e, por último, é evidenciada a conclusão da pesquisa.
Fonte: Miranda et al. (2008, p.18-19)
141

1. No cálculo dos indicadores de Prazos Médios, é necessário calcular as compras,


duplicatas médias e também fornecedores médios. Com relação a esses elemen-
tos, assinale a alternativa que representa cada elemento, respectivamente, para
o ano de 2011, da empresa ADC Ltda.:
a) R$ 119.514.946; R$ 25.674.394; R$ 22.694.897
b) R$ 118.131.553; R$ 51.348.787; R$ 45.389.793
c) R$ 133.037.836; R$ 56.696.371; R$ 50.202.619
d) R$ 28.348.186; R$ 25.101.310; R$ 133.037.836
e) R$ 50.202.619; R$ 119.514.946; R$ 28.348.186
2. Utilizando os dados da empresa ADC Ltda., é correto afirmar que para o ano de
2012, a empresa apresentou, respectivamente, os seguintes valores para os indi-
cadores de PMRV, PMRE, PMPC, Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro de: (assinale
a alternativa correta):
a) 67,85 dias, 57,27 dias, 52,19 dias, 123,59 dias e 55,22 dias
b) 58,56 dias, 43,80 dias, 58,72 dias, 102,36 dias, 43,64 dias
c) 67,85 dias, 55,74 dias, 68,36 dias, 123,59 dias e 55,22 dias
d) 68,36 dias, 55,74 dias, 67,85 dias, 123,59 dias e 55,22 dias
e) 58,56 dias, 43,80 dias, 58,72 dias, 123,59 dias e 55,22 dias
3. Os indicadores de prazos médios são considerados uma das mais interessantes
descobertas na análise das demonstrações contábeis. Qual é o indicador que
calcula o tempo médio que a empresa receberá por suas vendas realizadas? As-
sinale a alternativa correta.
a) PMRE
b) PMRV
c) Ciclo Operacional
d) Ciclo Financeiro
e) PMPC
4. Dos indicadores de prazos médios, qual indicador que demonstra o tempo que
a empresa deve manter sua operação com seus recursos financeiros? Assinale a
alternativa correta.
a) PMRE
b) PMRV
c) Ciclo Operacional
d) Ciclo Financeiro
e) PMPC
5. Utilizando os dados da empresa ADC Ltda., é correto afirmar que para o ano de
2012, a empresa apresentou, respectivamente, os seguintes valores para sua
NCG, SD e CCL: Assinale a alternativa correta.
a) R$ 17.091.247; R$ -1.639.411; R$ 15.451.836
b) R$ 16.509.251; R$ -1.639.411; R$ 12.798.400
c) R$ 16.599.647; R$ -6.792.983; R$ 9.806.664
d) R$ 16.509.251; R$ -3.710.851; R$ 12.798.400
e) R$ 15.451.836; R$ -3.710.851; R$ 12.798.400
6. Uma empresa apresenta os seguintes valores para os indicadores de capital de
giro: CCL R$ 15.500; NGC R$ 13.250 e um SD de R$ 2.250. Sobre a estrutura de
risco do capital de giro dessa empresa, é correto afirmar: Assinale a alternativa
correta.
a) Estrutura de Baixo Risco
b) Estrutura de Médio Risco
c) Estrutura de Alto Risco
d) Estrutura de Risco Moderado
e) Estrutura de Altíssimo Risco
MATERIAL COMPLEMENTAR

Análise avançada das demonstrações contábeis: uma


abordagem crítica
Eliseu Martins, Josedilton Alves Diniz e Gilberto José
Miranda
Sinopse: entre as características deste livro destaca-se a
abordagem diferenciada do conteúdo utilizado. O objetivo
é mostrar a real potencialidade de cada indicador de
desempenho econômico e financeiro e de evidenciar suas
limitações à luz de diversos fatores.
Como na maioria das obras sobre a matéria, aqui a
abordagem assumida também parte da perspectiva do usuário
externo, ou seja, a análise é realizada sob a ótica de quem está fora da empresa, tendo
como informações para avaliação e tomada de decisões apenas as demonstrações
publicadas, como de fato ocorre na prática.
Diferentemente de outras obras, em vez de exercícios fechados para serem elaborados,
são sugeridas atividades baseadas nas Pedagogias Ativas, as quais centralizam o leitor
no processo de ensino e aprendizagem.
Também há comentários sobre os aspectos didáticos, fundados em teorias educacionais,
envolvendo aspectos específicos de cada unidade para que possam ser explorados
pelos leitores professores no desempenho da atividade docente.
Livro-texto para a disciplina Análise de Demonstrações Contábeis dos cursos de pós-
graduação (doutorado, mestrado e especializações e MBAs) em Contabilidade. Indicado
também para profissionais especialistas da área de análise de balanços avançados.

A revista Exame fez um levantamento das melhores e maiores empresas do país por
meio de seus indicadores. Vale a pena conferir este levantamento mediante o link
abaixo:
<http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/>

Material Complementar
145
CONCLUSÃO

Ao final deste livro, podemos constatar que a Análise das Demonstrações Contá-
beis é uma ferramenta poderosa de análise das empresas, que fornece ao analista
técnicas que buscam esmiuçar as demonstrações contábeis, possibilitando extrair
informações até então escondidas e obscuras nas demonstrações.
Observamos que a Análise é praticamente uma arte, a arte de extrair informações
úteis das demonstrações contábeis. As técnicas apresentadas neste livro possibili-
tarão aos futuros analistas fazer um diagnóstico da saúde econômico-financeira da
empresa, de forma a evidenciar oscilações e projetos de geração de caixas e lucros
futuros.
Dos conhecimentos e das técnicas abordadas no livro, a mais interessante é com re-
lação à dinâmica do capital de giro com os demais indicadores, como o de liquidez,
endividamento e prazos médios. Nesta unidade, tivemos a percepção de que avalia-
ção de grupo ou um indicador isoladamente pode prejudicar e até invalidar a aná-
lise das demonstrações contábeis. Cada indicador é importante dentro de todo o
conjunto, mas a eficiência e a utilidade da análise estão diretamente ligadas à com-
petência e à experiência do analista. Os indicadores representarão apenas números
se o analista não conseguir interpretar as variações e distorções apresentadas.
Podemos criar os mais incríveis e surpreendentes indicadores, mas a diferença sem-
pre será o analista. Daí a importância de conhecer as demonstrações contábeis e
todo o processo contábil, para conseguir, não só na análise, mas em toda a sua car-
reira profissional, demonstrar um trabalho diferenciado e de muita qualidade.
147
REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-


financeiro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
____. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 10. ed.
São Paulo: Atlas. 2012.
ÁVILA, Carlos Alberto de. Gestão Contábil: para contadores e não contadores. Curi-
tiba: Ibpex, 2006.
BLATT, Adriano. Análise de Balanços: Estrutura e Avaliação das Demonstrações Fi-
nanceiras e Contábeis. São Paulo: MAKRON Books, 2011.
BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações contábeis: Estrutura, análise e interpretação.
3. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
____. Demonstrações Contábeis: estrutura, análise e interpretação. 7. ed. São Pau-
lo: Atlas, 2012.
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Deliberação CVM nº 488, de 03 de
outubro de 2005. Pronunciamento do IBRACON NPC nº 27. Disponível em: <http://
www.cvm.gov.br/port/snc/deli488.pdf>. Acesso em: 09 out. 2014.
BRASIL. Senado Federal. Porcentagem/Ponto Percentual. 2013. Disponível em:
<http://www12.senado.gov.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/
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COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26 – Apresentação das Demons-
trações Contábeis. Brasília: CPC, 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 09
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FAVERO, H. L et al. Contabilidade: teoria e prática v. 1. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços: de acordo com a
nova Lei das S.A., Lei nº 6404, de 15-12-1976. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1989.
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
GUERRA, Luciano. Contabilidade Descomplicada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária: matemática financei-
ra aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas,
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IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1988.
____. Análise de balanços. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade em-
presarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
REFERÊNCIAS

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gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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Contábil na Contabilidade Gerencial: uma percepção dos conselheiros do CRC/MG.
E-civitas - Revista Científica do Departamento de Ciências Jurídicas, Políticas e
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revistas.unibh.br/index.php/dcjpg/article/viewFile/56/33>. Acesso em: 09 out.
2014.
149
GABARITO

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV UNIDADE V


1 D 1 E 1 C 1 D 1 A
2 B 2 D 2 A 2 C 2 C
3 D 3 C 3 B 3 B 3 B
4 C 4 D 4 D 4 D 4 D
5 B 5 E 5 A 5 E 5 D
6 A 6 A 6 - 6 A 6 A
7 D 7 - 7 - 7 - 7 -

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