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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2

2 O QUE SÃO ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM? .............. 3

3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL .................... 5

4 COGNIÇÃO E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: POSSÍVEIS


CONTRIBUIÇÕES ...................................................................................................... 8

4.1 Sistema nervoso e cognição ................................................................ 9

5 O PSICOPEDAGOGO E OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM .......... 12

6 AS INTERVENÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA REDUÇÃO DOS


PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM......................................................................... 15

7 A PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO


APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 21

8 O QUE É DÉFICIT COGNITIVO? ............................................................. 25

9 NEUROCIÊNCIA COGNITIVA: A CIÊNCIA DA APRENDIZAGEM E DA


EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 28

9.1 O QUE É NEUROCIÊNCIA COGNITIVA? ......................................... 29

9.2 COMO A NEUROCIÊNCIA PODE AJUDAR NO APRENDIZADO ..... 30

10 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA ................................................................ 31

11 ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM E A DIFICULDADE DE


APRENDIZAGEM ...................................................................................................... 33

12 A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COGNIÇÃO SOCIAL PARA


APRENDIZAGEM ESCOLAR .................................................................................... 41

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 43

14 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 O QUE SÃO ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM?

Os aspectos cognitivos atuam como motor no processo de aprendizagem. É


importante que tenhamos em mente que existem muito coisas envolvidas nesse
desempenho cerebral. No entanto, não é possível falar sobre o ato de aprender sem
relembrarmos alguns conceitos, dentre eles a cognição.

O que é cognição?

Bom, a cognição é o ato que consiste em processar as informações. A função


dessa habilidade é o de perceber, integrar, compreender e responder adequadamente
a todos os estímulos do ambiente de uma pessoa. Vale ressaltar que isso leva o
indivíduo a pensar e avaliar como é e o que fazer para cumprir uma tarefa ou uma
atividade social.
Além disso, vale salientar que para processar, torna-se necessário o
envolvimento de várias regiões cerebrais, que são responsáveis por abrigar
determinadas funções que expressam uma habilidade específica.
Outro detalhe que merece ser destacado é que estas partes devem estar
íntegras, maduras de acordo com a idade e se interconectarem de maneira adequada
para que ocorra uma boa resposta do cérebro aos estímulos do ambiente, a
concretização da aprendizagem e a evolução adaptativa para novas aprendizagens.
Dentro do processo de aprendizagem ocorre o que conhecemos por
desenvolvimento cognitivo, que pode ser definido como o aprimoramento dessas
habilidades, cuja evolução constante tende a propiciar uma vida de autonomia ao
indivíduo. Sendo assim, é importante ficar atento a algum sinal que denote um
possível atraso.

Aspectos cognitivos da aprendizagem no autismo

Podemos citar como exemplo uma criança que conviva com o Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Quando ela estuda em uma turma com alunos regulares, a
educadora deve compreender que nem todo estímulo poderá ser suficiente para

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conduzir o estudante em questão a ser participativo durante as aulas, pois alguma
parte da cognição pode se encontrar um déficit.
Não são poucas as vezes que a linguagem verbal pode apresentar algumas
carências em detrimento de algumas funções executivas da mesma criança. Para ficar
mais esclarecido, vale reiterar também que a depender do grau do transtorno e até
mesmo do tempo em que o pequeno recebe as intervenções de especialistas, dois
estudantes com TEA podem manifestar sinais completamente diferentes. Importante
visar que esse aspecto é único e que cada pessoa apresenta uma determinada
característica.
Sendo assim, podemos dizer que a aprendizagem no autismo tem como marca
o aspecto fragmentado. Isso significa que o raciocínio de uma criança com TEA pode
não completar diferentes partes de um todo. Isso não é algo integral, o que pode ser
notado também pela tendência desse público específico a preferir atividades que
apostam mais na rotina e aquelas que são completamente repetitivas.

A cognição e o cérebro

Devemos relembrar que o cérebro, em sua totalidade, é dividido em regiões no


qual cada parte atua com uma função predominante, porém interligada e integrada
com outras áreas. Com isso, vale ressaltar que que estas conexões costumam se
aprofundar e se interconectar formando unidades funcionais, cujo papel
preponderante na geração ocorre, além da coordenação e manutenção das funções
cerebrais em rede.
Devemos ressaltar que estas, em conjunto com outras partes funcionais,
coordenarão o processamento das mais variadas informações no cérebro, são elas:
ler, escrever, pensar, perceber sons/estímulos visuais, entender símbolos, perceber a
face de seu semelhante e sentir algo resultante, etc. Por fim, vale salientar que a
aprendizagem infantil e todos os atos que são executados pelo ser humano dependem
inteiramente dessa conexão que mencionamos anteriormente.

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3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

Nessa reflexão podemos notar o que é e do que trata a Psicopedagogia, que


teve a sua origem no século XIX na Europa como atuação na área da saúde com
deficiências e na educação com crianças com comportamento inadequados e
dificuldade de aprendizagem, tem a sua atuação caracterizada na reeducação,
segundo o contexto histórico social o cientificismo que tinha como foco a crença na
ciência e no positivismo.

Fonte: domboscoead.com.br

Em um primeiro momento foi organizada numa visão organicista sobre os


problemas de desenvolvimento e aprendizagem detendo com isso uma visão
patológica do ente da aprendizagem, mesmo antes dessa ciência chegar ao Brasil
chegou primeiro na Argentina em meados da década de setenta, tendo sido criado em
Buenos Aires os primeiros cursos de Psicopedagogia primeiramente entendido como
Centros de Saúde Mental, as razões para a sua criação foi a grande demanda nos
problemas da aprendizagem.
Nessa década com forte influência da Argentina a Psicopedagogia chegou ao
Brasil como uma oportunidade de resolução das demandas dos grandes problemas
da aprendizagem, deste modo surgiu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul o Centro
de estudos Psicopedagógicos que inicialmente estudou com bases nos princípios
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europeus se utilizando do Método Terapêutico da Pedagogia Curativa fechando-se a
sua atuação no campo clínico que tinha como denominação Pedagogia Terapêutica,
Em 1979 foi criado e fundado o Curso de Formação Clínica e Institucional de
Psicopedagogia formulado no instituto SEDES SAPIENTIAE no estado de São Paulo,
nessa época houve uma grande procura por intervenções educacionais daí a
necessidade de criação do instituto para lidar com problemas da aprendizagem, com
isso surgiram os cursos de especialização e pós graduação em várias instituições.

O que é psicopedagogia

A Psicopedagogia é um campo de estudo que se preocupa com a


aprendizagem humana, geralmente temos a concepção que psicopedagogia é apenas
a junção da psicologia com a pedagogia.

A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma


demanda - o problema de aprendizagem, colocado em um território pouco
explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia – e
evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender
a essa demanda, constituindo- se assim, em uma prática. Como se preocupa
com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo
de aprendizagem. Portanto, vemos que a psicopedagogia estuda as
características da aprendizagem humana: como se aprender, como essa
aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores,
como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las,
tratá-las e a preveni-las. (BOSSA, 2007, p. 24, Apud ANGELO J. S. 2018)

Normalmente se pensa na aprendizagem apenas num conjunto de criança e


escola, essa relação na verdade existe, mas não somente essa, pois, não se pode
medir a idade da aprendizagem, num sentido de quando a criança aprende, pois
aprendemos a vida toda e em todos os lugares não necessariamente na escola, nesse
sentido o leque de atuação de um psicopedagogo não se prenderá apenas na criança
mais em todo aquele que tiver dificuldade no processo de aprender.
Existem duas grandes áreas de atuação do psicopedagogo, a área clínica e a
institucional, contudo independente da área o que voga é o processo de
aprendizagem, porém dependendo de onde está o sujeito do processo ficará diferente,
se na área clínica será necessário fazer um trabalho individualizado, resultando em
uma intervenção se assim for necessária, geralmente esse profissional atua em um
consultório, por isso algumas escolas ao invés de ter no seu quadro um profissional

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com essa habilitação contrata-o em sua clínica cabendo ao mesmo se deslocar a
escola para uma avaliação de um respectivo aluno ou grupo de alunos.
Já o psicopedagogo institucional trabalhará semelhante ao clínico pois os
processos são os mesmos, o diferencial é que a resolução dos problemas da
aprendizagem se dará em um espaço mais coletivo, sendo qualquer empresa, loja,
instituição, hospital entre outros locais é uma instituição onde poderá trabalhar, desta
forma o trabalho do psicopedagogo na escola segundo Bossa (2007) é necessário,
pois, no primeiro nível o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo
de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide nas
questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de
professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível o objetivo é
diminuir e tratar dos problemas de aprendizagens já instalados. Para tanto cria-se
plano diagnóstico da realidade institucional, e elaboram-se planos de intervenção
baseados nesses diagnósticos a partir do qual se procura avaliar os currículos com os
professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível o objetivo é
eliminar transtornos já instalados em um procedimento clínico com todas as suas
implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que ao eliminarmos um
transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.
Em se tratando da escola o psicopedagogo tem como foco trabalhar com o
aluno, o pedagogo, orientadores e professores. Para (SANTOS, 2011, p. 02), o
trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: O primeiro diz respeito a
uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na
escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula,
possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as
funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno
gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da
aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a
pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões
pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos
pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos
conceitos e as diferentes áreas do conhecimento.
Assim sendo o Psicopedagogo tem como instrumento de trabalho: a atenção
concentrada, a capacidade de tomada de decisão. As tais, são habilidades que a

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pessoa humana precisa ter e se não tem deve-se analisar os porquês, ou seja, pode
ser uma dificuldade por parte do aluno para expressar aquilo que ele sabe, tomar uma
decisão e usar o conhecimento de uma maneira mais rápida são qualidades a serem
desenvolvidas no processo de intervenção do psicopedagogo.

4 COGNIÇÃO E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: POSSÍVEIS


CONTRIBUIÇÕES

O individuo através da constante interrelação com o meio constrói sua


aprendizagem, mas sabemos que nesse meio termo vários fatores podem influenciar
ou prejudicar a aprendizagem do mesmo. Entre as dificuldades podem-se destacar
alguns distúrbios ou dificuldades de aprendizagem como: Dislexia, Discalculia,
Autismo, TDAH (Transtorno de Déficit Aprendizagem e Hiperatividade), entre outros.
A aprendizagem do indivíduo depende de suas experiências. É, portanto, um
processo pessoal e individual, tem fundo genético segundo algumas teorias da
aprendizagem, mas também dependem de vários fatores como: dos esquemas de
ação inatos do indivíduo; do estágio de maturação do sistema nervoso; do tipo
psicológico (introvertido e extrovertido), do seu esforço e interesse.
Vale ressaltar, que há fatores fundamentais para que a aprendizagem seja
efetivada: motivação; saúde física e mental; maturação; inteligência; concentração e
atenção; memória entre outros. O processo pelo qual o individuo passa depende da
integração, das funções neurológicas que precisam de exercícios para
amadurecimento das bases neurológicas, ou seja, são necessários estímulos visual,
tátil, auditivo, sinestésico (movimentos), além disso, há também estímulos da
linguagem gestual (mímica) e os movimentos articulatórios essenciais para à
aquisição da fala.
Para que a aprendizagem ocorra devemos compreender o funcionamento do
centro nervoso, da articulação da palavra e o centro da articulação da escrita que só
entram em atividade pelo ensinamento com a aprendizagem de sinais ou códigos e
regras. Entende-se que os nervos e o sistema nervoso funcionam com as experiências
com determinada fase de maturação e não com o ensino e aprendizagem, pois nos
primeiros anos de vida o individuo só aprende a memorizar com a prática.

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Diante disso, quando ocorre a mal formação, distúrbio ou interrupção do
cérebro, medula nervosa e nos nervos, prejudica os estímulos e consequentemente a
aprendizagem. O desenvolvimento mental da criança é gradativo e vai progredindo e
a educação contribui para sua capacidade do desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social.

Fonte: br.guiainfantil.com

4.1 Sistema nervoso e cognição

O Sistema Nervoso Central é compreendido pelo cérebro, cerebelo e medula


espinhal. O primeiro está localizado no final da coluna vertebral. Todos os nossos
movimentos durante o dia como caminhar, correr, saltar entre outras exigem energia
e nosso cérebro necessita de uma dieta balanceada, pois uma dieta desequilibrada
pode desencadear sintomas negativos. A conexão do cérebro que existe entre uma
célula e outra por onde viajam as mensagens por meio de substâncias químicas são
chamados de neurotransmissores. Esta substância química é responsável de carregar
mensagens entre diferentes células estes são chamados de sinapses.
As sinapses podem ser divididas em três tipos: químicas, elétricas e mistas. Na
química um neurônio se comunica com outro por meio de uma substancia química, ou
seja, um neurotransmissor. Na elétrica duas membranas se encontram coladas e as
informações são transmitidas diretamente. Já na mista que é a junção da química e
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elétrica os neurônios comunicam-se de duas formas descritas anteriormente. O nosso
cérebro possui duas regiões importantes o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo.
Estes hemisférios apresentam cada um, quatro lobos: frontal, parietal, temporal e
occipital. O corpo caloso é uma estrutura do cérebro que une os dois hemisférios.
O cérebro é formado por matéria branca e cinzenta. A matéria branca é formada
por axônios (no centro do cérebro) e a matéria cinzenta por corpos neurais (no córtex
e nos gânglios da base do cérebro). O cérebro conta também com dois tipos de
proteção: Óssea, que forma uma barreira física e a líquida, que serve como
amortecedora. A caixa craniana ou crânio que recobre o cérebro é uma proteção
óssea, além disso, temos o líquido cefalorraquidiano que está presente e fora do
sistema nervos, permitindo que o cérebro seja comprimido e amorteça-se sem sofre
danos.
O cerebelo pode ser encontrado abaixo do lobo occiptal e tem como funções
manter o equilíbrio do corpo e a coordenação dos movimentos, além disso, serve
como a conexão entre a medula e o cérebro, além de desempenhar papel importante
no processamento cógnito, coordenando os pensamentos, memória, sentidos e
emoções. Já a medula espinhal é formada por células nervosas, conectada com o
cerebelo e transmite mensagens do cérebro ao corpo e do com corpo ao cérebro. A
coluna vertebral é sua proteção que é formada por anéis ósseos que giram uns sobre
os outros permitindo mobilidade.
Segundo Fonseca (2007), cognição é compreendida como um ato de captar,
conhecer, exprimir e elaborar informações. Dá interação multifacetada, entre o corpo,
o cérebro, e os vários ecossistemas ocorrem o desenvolvimento cognitivo pelo qual
nos adaptamos ao meio exterior que nos envolve. Desta forma, o transformamos à
nossa medida. O individuo necessita de condições necessárias para aprender, por
isso, é de suma importância focar não somente nas funções cerebrais e sua relação
com os processos cognitivos, mas entender que cada pessoa tem sua particularidade
de aprender e processar as informações que não depende só do cérebro, mas
também da estrutura psíquica que geralmente chamamos de afetividade.
Entende-se que o desenvolvimento cognitivo é resultado de constantes
transformações e reestruturações que ocorrem nas diversas interações que o
individuo estabelece. Para que haja um bom funcionamento do cérebro e da mente
não somente do biológico, mas também das suas experiências vivenciadas. Vale

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ressaltar também, a cerca da dimensão cognitiva que se trata do desenvolvimento das
funções cognitivas que permitem a pessoa realizar movimentos, ou seja, o domínio
das relações espaciais e simbólicas.

A aprendizagem desempenha papel central no desenvolvimento humano,


sendo sua principal característica os processos de mudança que acontecem
como resultado da experiência. Aprendizagem, portanto, é o resultado já
maduro de um processo que se expressa diante de uma situação-problema,
sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência.
Pode-se também afirmar que esse termo tem um sentido muito amplo, pois
abrange os hábitos que os indivíduos formam os aspectos de sua vida afetiva
e a assimilação de seus valores culturais. (KATO, 2009, Apud CUNHA M. V.
L. 2019).

Compreende-se que uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela


que não consegue aprender com os métodos que aprendem a maioria dos alunos,
seu rendimento escolar esta abaixo de suas capacidades. Em alguns casos são
encontrados indicadores neurológicos que podem ser base de um problema de
aprendizagem.
Acredita-se que um dos grandes desafios do século XXI é a socialização e
integração das crianças com dificuldades de aprendizagem causadas por diferenças
no funcionamento cerebral e da maneira como o cérebro processa as informações. A
compreensão acerca dos transtornos relacionados ao desenvolvimento da linguagem
e da aprendizagem exige abordar uma concepção sistêmica. Para que haja um
desenvolvimento nas habilidades das crianças com problemas de aprendizagem é de
suma importância a participação dos pais, professores e profissionais especializados
proporcionando recursos necessários para melhoria na qualidade de vida.
Segundo Luculano (2008), algumas crianças apresentam baixo desempenho
em Cognição Numérica e isso é justificado pela literatura como por um
empobrecimento do processamento e da compreensão de símbolos numéricos e esse
empobrecimento tem sido relacionado a uma falta de automatização do conhecimento
matemático (fatos numéricos) adquirido durante a aprendizagem. Em suma, o
desempenho em cálculos exige aspectos de processamento numérico.
Vale ressaltar, para que aprendizagem seja significativa, deve-se dá tempo aos
alunos, pois a matemática é aprendida de forma gradual, o estudante deve ter um
tempo adequado para organizar o pensamento para integrar novas aprendizagens às
anteriores, isto é indispensável, e desta forma estará estimulando o raciocínio
dedutivo do aluno.
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Compreende-se que nos dias atuais os estudantes não devem apenas fazer
operações, mas também passem e comecem a raciocinar acerca destes. Os discentes
devem participar e os jogos e problemas devem motivá-los a buscar soluções. O
docente precisa usar de estratégias adequadas que aguce a curiosidade do aluno e
assim ajudá-los a chegar ás respostas.
A linguagem das operações matemáticas ou termos usados nas operações
devem ser compreendidos pelos alunos, a compreensão é de suma importância,
assim, como associar essa linguagem aos processos. Deve haver também a
organização de espaço e tempo, pois algumas crianças com dificuldade de
organização espaço-temporal apresentam erros na resolução de operações
matemáticas. Há algumas áreas que podem interferir na aprendizagem da matemática
como:
• Perseverança: alunos que apresentam dificuldades em pensar mentalmente;
• Habilidades espaciais: dificuldade em relações espaciais, distância, relações
de tamanho, e formas de sequencia;
• Linguagem: dificuldade em compreender termos matemáticos como primeiro,
último, seguinte, maior que, menor que, etc;
• Memória: dificuldade de relembrar informações que lhes foram apresentadas;
• Processamento perceptivo: dificuldades nessa área podem apresentar
problemas na leitura e escrita de quantidades, na realização de operações e
às vezes na resolução de problemas.
Compreende-se, que a aprendizagem é uma sequencia de eventos internos
que representa o processamento das informações e, por conseguinte, na construção
do conhecimento por meio da organização, estruturação e compreensão das
informações, estas características possuem um significado ativo, construtivo,
cognitivo, além da interação entre o sujeito e a tarefa para que haja uma aprendizagem
significativa.

5 O PSICOPEDAGOGO E OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Para Soares (2014, p. 87) na prática, o psicopedagogo tem como modelo,


papéis assumidos tanto pelo psicólogo no que tange a atuação clínica, como do
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pedagogo, no trabalho com aprendizagem. Historicamente é a partir destes modelos
que surge a identidade do psicopedagogo com uma especificidade que lhe é própria.

Fonte: understood.org

A ação dos profissionais que lidam com os problemas de aprendizagem, a partir


da cotidianidade construiu sua práxis, estabelecendo novos ideais, dando assim
elementos que possibilitam a revisão da atuação educacional. Nas instituições o
psicopedagogo cumpre a importante função de socializar os conhecimentos
disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de
conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar
a necessidade de repressão.
Agindo assim, a maioria das questões poderão ser tratadas de forma
preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas e/ou também interventiva, se
a dificuldade de aprendizagem já estiver evidente. Polity (2016, p. 54), faz menção
com respeito à importância da prevenção e da intervenção psicopedagógica, mas
enfatizam também que não podemos ignorar a fase que precede a essas ações.
A Psicopedagogia sendo um trabalho preventivo e terapêutico, não deixa de
resultar em um trabalho teórico. Ou seja, tanto na prática preventiva como clínica, o
profissional procede sempre embasado no referencial teórico adotado. Acreditamos

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que a teoria poderá contribuir para tal referencial por se atentar ao desempenho das
crianças em idade escolar.
No pensar de Pain (2014, p. 93) O problema de aprendizagem não é um termo
para referência de um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que
afetam o rendimento e a vida escolar do aluno. É atribuído a várias causas e aspectos
diferentes que podem prejudicar o funcionamento cerebral. Às vezes, as dificuldades
de aprendizagem são tão sutis que essa criança não apresentam anormalidades, mas
podem apresentar uma inteligência na média ou superior e serem excepcionais em
algumas áreas.
Bossa (2014, p. 64) afirma que: “Os distúrbios de aprendizagem são
compreendidos como termo utilizado para explicar comprometimento neurológico que
interferem na percepção e no processamento de informações pelo aluno impedindo
sua aprendizagem.” Já Pain (2014, p. 65) considera a dificuldade para aprender como
um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa como o aprender, e que
pode ser determinado por:
• Fatores orgânicos: relacionados com aspectos do funcionamento anatômico,
como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do sistema nervoso central;
• Fatores específicos: relacionados à dificuldades especificas do individuo, os
quais não são passíveis de constatação orgânica, mas que se manifestam na
área da linguagem ou na organização espacial e temporal, dentre outros;
• Fatores psicógenos: é necessário que se faça a distinção entre dificuldades de
aprendizagem decorrentes de um sintoma ou de uma inibição. Quando
relacionado a um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente;
quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego
ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os
problemas para aprender;
• Fatores ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que
podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo.
Destaca-se assim que um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não
apresenta necessariamente baixo ou alto QI, significa apenas que ele está
trabalhando abaixo da sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas
como, por exemplo, o processamento visual ou auditivo. As dificuldades de
aprendizagem normalmente são identificadas na fase de escolarização, por

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profissionais como psicólogos, através de avaliações específicas de inteligência,
conteúdos e processos de aprendizagem SOARES, 2014.
De modo geral, a criança com dificuldades de aprendizagem, apresenta uma
linha desigual em seu desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem não são
causadas por pobreza ambiental e/ ou por atraso mental ou transtornos emocionais.
Portanto, Fonseca, 2015 diz que a criança com dificuldade da aprendizagem
não deve ser “classificada” como deficiente, e sim como uma criança normal que
aprende de uma forma diferenciada, a qual apresenta uma discrepância entre o
potencial atual e o potencial esperado. Não pertencendo a nenhuma categoria de
deficiência, não sendo sequer uma deficiência mental, pois possui um potencial
cognitivo que não é realizado em termos de aproveitamento educacional.
O risco está em não se detectar esses casos, não se proporcionar, no
momento propício, às intervenções pedagógicas preventivas nos períodos de
maturação. Se não detectados cedo, a escola pode influenciar e reforçar a
inadaptação, culminando, muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinquência
ou em sociopatias.

6 AS INTERVENÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA REDUÇÃO DOS


PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Segundo Medina, 2016 as atividades interventivas sempre devem começar


com as crianças, pois nesta fase elas estão em pleno desenvolvimento dos diferentes
aspectos da aprendizagem.
Assim, quando uma criança apresenta dificuldades para aprender, é comum
que o professor, ou os pais, esperem por um “despertar” ou que a criança, mais cedo
ou mais tarde passe a aprender igual aos colegas.
Portanto, o trabalho do psicopedagogo implica em compreender a situação de
aprendizagem do sujeito dentro do seu próprio contexto. Tal compreensão requer uma
modalidade particular de atuação para a situação em estudo, o que significa que não
há procedimentos predeterminados. Para Sanchez, 2014 a atuação do
psicopedagogo tem como objeto central de estudo em torno do processo de
aprendizagem humana: seus padrões evolutivos. Para Polity, 2016 “[...] seus padrões
evolutivos normais e patológicos bem como a influência de meio (família, escola,

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sociedade) no seu desenvolvimento.” A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e
ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem,
tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em
toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos
cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos.
Complementando o pontuado acima, Scoz, 2014 afirma que o psicopedagogo
estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional,
deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. E de
acordo com Bossa, 2014 o campo de atuação do psicopedagogo refere-se não
apenas o espaço físico onde se dá esse trabalho, como também ao espaço
epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de
abordar o seu objeto de estudo.

Observa Soares (2014, p. 107), O diagnóstico precoce do transtorno de


aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades
escolares. Para o mesmo autor o psicopedagogo tem a função de orientar os
educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a
elaboração de programas de reforço escolar e a adoção de estratégias
clínicas e/ou educacionais que auxiliam a criança no desenvolvimento
escolar. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o
que é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os
problemas estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de
aprendizagem e no processo escolar. (Apud MOURA A. A. 2019)

Pelo exposto acima, para o psicopedagogo, aprender é um processo que


implica pôr em ação diferentes sistemas que intervêm em todo sujeito: a rede de
relações e códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm
lugar em cada ser humano à medida que ele se incorpora à sociedade.
A atuação do Psicopedagogo refere-se a um saber e a um saber-fazer, às
condições subjetivas e relacionais, em especial familiares e escolares, às inibições,
atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento do
psicopedagogo não se cristaliza numa delimitação fixa, nem nos déficits e alterações
subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva
de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito.
Então, Fernández, 2013 acrescenta que: A “escuta” da psicopedagogia não se
situa no aluno, no professor, na sociedade ou família, e sim nas múltiplas relações
entre eles. Em direção a uma síntese preliminar, a atuação do psicopedagogo, refere-
se ao estabelecimento do marco fundante da ação terapêutica a definição do universo

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da relação clínica e que, portanto, englobam elementos como tempo, lugar,
frequência, duração, material de trabalho e estabelecimento da atividade, nessa
modalidade de tratamento que tem como objetivo, sempre, solucionar os problemas
de aprendizagem. Podemos observar que, a atuação do psicopedagogo busca ter,
uma visão integrada e integradora da aprendizagem humana, considerando seus
padrões evolutivos normais e patológicos, bem como as influências do meio social
(família, escola e sociedade), determinantes do seu desenvolvimento.
O trabalho clínico do Psicopedagogo tem função preventiva na medida em que,
ao tratar determinados problemas, pode prevenir o aparecimento de outros bem como
amenizar ou sanar os já existentes. O psicopedagogo verifica as características da
família, da escola, ou até mesmo do professor, pois, eles podem ser a causa
desencadeante do problema de aprendizagem.
Assim, essas características que constituem a causa problemática influenciam
também na forma de abordagem do profissional. Ainda que o psicopedagogo
desejasse, seria impossível negar a família, a escola, o professor ou mesmo a
comunidade. Na opinião de Fernández, 2013 e Paín, 2014, sobre o exposto acima, as
autoras consideram que: O problema de aprendizagem pode ser gerado por causas
internas ou externas à estrutura familiar e individual, ainda que sobrepostas. Os
problemas ocasionados pelas causas externas são chamados por essas autoras de
problemas de aprendizagem reativos, e aqueles cujas causas são internas à estrutura
de personalidade ou familiar do sujeito denominam-se inibição ou sintoma, ambos os
termos emprestados da Psicanálise.
Para resolver o fracasso escolar, quando provém de causas ligadas à estrutura
individual e familiar da criança, vai ser requerida uma intervenção psicopedagógica
especializada. Para procurar a remissão desta problemática, deveremos apelar a um
tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar a
circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar FERNÁNDEZ, 2013.
Nessa Perspectiva Weiss, 2015 afirma que a prática psicopedagógica deve
considerar o sujeito como um ser global, composto pelos aspectos orgânico, cognitivo,
afetivo, social e pedagógico.

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Fonte: br.pinterest.com

O aspecto orgânico diz respeito à construção biológica do sujeito, portanto, a


dificuldade de aprender de causa orgânica estaria relacionada ao corpo. O aspecto
cognitivo está relacionado ao funcionamento das estruturas cognitivas. Nesse caso, o
problema de aprendizagem residiria nas estruturas do pensamento do sujeito. Para
Scoz, et al., 2014 o aspecto afetivo diz respeito à afetividade do sujeito e de sua
relação com o aprender, com o desejo de aprender, pois o indivíduo pode não
conseguir estabelecer um vínculo positivo com a aprendizagem. O aspecto social
referese à relação do sujeito com a família, com a sociedade, seu contexto social e
cultural. E, portanto, um aluno pode não aprender porque apresenta privação cultural
em relação ao contexto escolar. Por último, o aspecto pedagógico, que está
relacionado à forma como a escola organiza o seu trabalho, ou seja, o método, a
avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar a aula, entre outros.
De tal modo que os professores devem realizar uma reflexão psicopedagógica
para analisar o porquê de seu aluno não aprender ou demonstrar dificuldade em
aprender o que lhe é proposto no processo de alfabetização.
Neste sentido, Fernandez, 2015 afirma que as contribuições da
Psicopedagogia, vão muito mais além do que saber ler e escrever, a criança deve
trazer consigo vivencias de seu espaço social e ao chegar à sala de aula estará se

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comunicando com outras crianças e outras vivências diferentes das suas, onde haverá
interação simultânea e aprendizagem de uma com a outra.
Por isso, é de suma importância haver uma interação entre família e escola,
professor conhecendo os pais ou responsáveis e vice-versa. É importante ressaltar
que a confiança que os pais devem adquirir na escola e no professor são fundamentais
para que os pais se sintam mais seguros e confortáveis em deixar o filho na instituição.
É a escola, indubitavelmente, a principal responsável pelo grande número de
crianças encaminhadas ao consultório por problemas de aprendizagem. Assim é
extremamente importante que a Psicopedagogia dê a sua contribuição à escola, seja
no sentido de promover a aprendizagem ou mesmo tratar de distúrbios nesse
processo PAÍN, 2014. Portanto, seja o campo de atuação do psicopedagogo, a saber,
clínico ou institucional, visa promover uma compreensão integral da criança e do
contexto escolar que ela está inserida, proporcionando o desenvolvimento da mesma,
tanto individualmente como no coletivo, sob uma perspectiva interventiva e preventiva.
Para respaldar essa informação, nos estudos de Vallet, 2015 o autor afirma que: Sob
esta ótica o psicopedagogo vem atuando com muito sucesso nas Instituições
Escolares, onde o seu papel principal é o de analisar os fatores que favorecem,
intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o
desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças. Pode-se verificar que, o
objetivo do psicopedagogo é o de:
Conduzir a criança ou a Instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade
normal e saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela; Promover a
aprendizagem, garantindo o bem estar das crianças em atendimento profissional,
valendo-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação Inter profissional; Atender as
crianças que apresentem dificuldades para aprender por diferentes causas, estando
assim, inadaptados social ou pedagogicamente; Encorajar a criança que aprende à
tornar-se cada vez mais autônomo em relação ao meio, em interagir com os colegas
e resolver os conflitos entre eles mesmos; a ser independente e curioso; a usar
iniciativa própria; Ter confiança na habilidade de formar ideias próprias das coisas; a
exprimir suas ideias com convicção e conviver construtivamente com medos e
angústias. O Psicopedagogo é um profissional que tem muito a ensinar sobre o vínculo
professor/aluno, professor/escola e sua incidência na construção do conhecimento e
na constituição subjetiva de alunos e educadores.

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Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem
segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições
afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito como meio, sendo
que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais
do sujeito e do seu meio. Por tudo isso, o psicopedagogo deve ser um profissional que
tenha conhecimentos multidisciplinares, pois sua atuação é um processo de avaliação
diagnóstica, e é necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas.
O conhecimento dessas áreas fará com que o profissional psicopedagogo
compreenda o quadro diagnóstico do aprendente e com isso, favorecerá a escolha da
metodologia mais adequada, ou seja, o processo corretor, com vista à superação das
dificuldades do aprendente. Ao finalizarmos a temática, ratificamos que área de
conhecimento multidisciplinar do profissional Psicopedagogo busca compreender
como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades
situadas neste movimento.
De forma semelhante Soares, 2014 destaca que: A Psicopedagogia estuda o
ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa
da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção
do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de
igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. Já para
Scoz et al., 2014 o psicopedagogo estuda o processo de aprendizagem e suas
dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento,
integrando-os e sintetizando-os. Enfatiza Bossa, 2014 que o campo de atuação do
psicopedagogo refere-se não apenas ao espaço físico onde se dá esse trabalho, como
também ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de
atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo.
Observa Fonseca, 2014 que: O diagnóstico precoce do transtorno de
aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades escolares.
Para o mesmo autor o psicopedagogo tem a função de orientar os educadores e pais
sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a elaboração de programas de
reforço escolar e a adoção de estratégias clínicas e/ou educacionais que auxiliam a
criança no desenvolvimento escolar.
É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e ainda, o que
é aprender; como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas

20
estruturais que intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no
processo escolar, devem fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica.
Embora, nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à
problemática da aprendizagem humana. Elas, no entanto, nos fornecem meios para
refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico.

7 A PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO


APRENDIZAGEM

A intervenção psicopedagógica neste contexto

A Psicopedagogia introduz valiosa contribuição no enfoque pedagógico. Para


o psicopedagogo o processo de aprendizagem da criança é abrangente, implicando
componentes de vários eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais,
políticos, etc. A causa do sucesso de aprendizagem, bem como de suas dificuldades
passa a ser vista com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante
cuidado pelo professor e psicopedagogo. O psicopedagogo atua nas escolas
promovendo intercâmbios e mediações entre a escola e as famílias.
Oliveira, 1995 revela alguns dos aspectos fundamentais deste processo.
Segundo a autora, o fundamental “é perceber o aluno em toda a sua singularidade,
captá-lo em toda a sua especificidade em um programa direcionado a atender as suas
necessidades especiais”.
O processo de ensino-aprendizagem inclui também a não aprendizagem, onde
o aluno pode se recusar a aprender em um determinado momento. O chamado
fracasso escolar constitui lado inverso do ato de aprender.
Dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem, do ponto de vista
psicopedagógico, apresenta sempre uma face dupla: de um lado, a aprendizagem, e
do outro, a não aprendizagem.
Segundo Fernández, 1991 “o jogo do saber-não-saber, conhecer-desconhecer
e suas diferentes articulações, circulações e mobilidades, próprias de todo ser
humano ou seus particulares nós e travas presentes no sintoma, é o que nós tratamos
de decifrar no diagnóstico”.

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Ao entender a aprendizagem como um processo articulado ao momento do
aprendiz, a sua história e as suas possibilidades sob o aspecto cognitivo, afetivo e
social, a Psicopedagogia, segundo Silva, 1998.

Rompe a ligação ensino-aprendizagem, porque, tanto o aprender como


processo quanto o processo de construção do conhecimento não têm relação
necessária com o ensinar e, finalmente, porque ambos os processos
antecedem e ultrapassam o ensinar. (SILVA, 1998, P.59, Apud COSTA T. C.
O. 2018)

Assim faz-se necessário que o psicopedagogo investigue com profundidade os


contextos do aprendiz e fazendo um diagnóstico que retrate o momento desse
aprendiz, ao mesmo tempo que viabilize a aprendizagem.
Na aquisição da aprendizagem o aprendente precisa estar apto a fazer um
investimento pessoal aperfeiçoando-se com o conhecimento. Para isso requer a
utilização dos recursos cognitivos mesclados com os processos internos, e também
com suas possibilidades sócio afetivas. Dessa forma a aprendizagem acontece
gradativamente, à medida que o educando constrói uma sucessão de significados
resultantes das interações que ele faz em seu contexto social.
Num trabalho na instituição escolar, o psicopedagogo, além das dificuldades
de aprendizagem ocasionadas por diversas razões já citadas, encontra outros tipos
de resistência, pois essa ação exige mudanças no sentido de avaliar as propostas de
ensino, a partir do acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno.
Neste contexto o psicopedagogo se depara com famílias disfuncionais onde o
ambiente é tomado por sentimentos negativos, como ódio, medo, culpa e remorso,
relações conjugais conflituosas e cabe ao profissional que trabalha com as
dificuldades de comunicação e de aprendizagem, compreender a estrutura familiar na
qual a criança está inserida e procurar fazer um trabalho não só com a criança, mas
também com sua família, para que essa, compreendendo assim o significado das
dificuldades e das questões interferentes, possa colaborar de maneira mais efetiva no
processo de desenvolvimento de seu filho.
As crianças que apresentam problemas relacionados a fracassos escolares em
geral, desenvolvem o sentimento de baixa auto-estima, o que frequentemente induz a
problemas de conduta. As consequências advindas do fracasso escolar são imensas.
Como pressão da escola e da família, os rótulos recebidos de preguiçosas, distraídas,
tem má vontade para aprender.

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Fonte: blog.psiqueasy.com.br

E assim os fatores que geram as dificuldades de aprendizagem precisam ser


detectados, para que a intervenção proceda de forma positiva. A criança e/ou a família
poderão ser encaminhadas a profissionais de outras áreas para um diagnóstico mais
preciso e, eventualmente, detectar se a necessidade de outro caminho terapêutico.
É importante que a família compreenda o que a criança está passando, para
que possa ajudá-la a enfrentar e a superar suas dificuldades.
Há pais que anulam os filhos, fazendo-os acreditar que são incapazes de
realizar as tarefas e criando uma relação de dependência, podem estar causando ou
reforçando as dificuldades da criança. Diante dessas situações o psicopedagogo deve
intervir, sensibilizando- os que eles necessitam transmitir à criança a confiança no seu
potencial de desenvolvimento, tendo atitudes positivas diante da aprendizagem,
mostrando do que ela é capaz; mostrar aos pais a relevância saber ouvir os filhos, que
devem permitir e incentivar que se expressem de forma honesta e clara a respeito dos
próprios sentimentos, frustrações e dificuldades.
No caso de falta de limites ou indisciplina dos alunos, cabe aos pais fazê-los
compreender e respeitar as regras de disciplina e organização, se quiserem que seus
filhos aprendam a aprender e adquiram hábitos adequados de estudo. Os pais devem

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exercer sua autoridade e dar os limites para que seus filhos se sintam seguros,
sabendo com clareza o que podem e devem e o que não podem e não devem fazer.
O psicopedagogo deve intervir na escola estabelecendo limites, tornando as
regras claras. “Uma das melhores maneiras de perceber a educação de um
adolescente, é quando ele está com uma turma, sob o efeito da embriaguez relacional”
(TIBA, 1998).
É preciso redefinir as regras. É preciso que a escola recorra a profissionais
especializados (psicólogo, psicopedagogo etc.). Compreender que não é mais
tolerável a apatia de alunos e professores.
Além das outras funções do psicopedagogo na escola, como realizar orientação
educacional, propor a intervenção no currículo, no projeto político pedagógico, na
metodologia de ensino do professor, nas formas de aprender do professor, pode
contribuir para a boa comunicação entre escola e família, favorecendo a um clima de
confiança e estabelecendo um elo construtivo.
Para auxiliar na aprendizagem do aluno, faz-se necessário que os pais estejam
integrados à escola.
“Uma das contribuições da psicopedagogia é no contexto familiar, ampliando a
percepção sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a família
no papel educacional complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de
aprender, respeitando as diferenças dos filhos (BOSSA, 1994)
Mas o que se observa na contemporaneidade é que muitas das famílias estão
sem norte, não estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora o dia
inteiro, desemprego, brigas, drogas, separações, mães solteiras, outras constituições
familiares, entre outras. Essas famílias acabam transferindo suas responsabilidades
para a escola, e por esse motivo a escola acaba se desviando de suas funções para
suprir essas necessidades.
Cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam
dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma
anamnese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua
vida orgânica, cognitiva, emocional e social. O que a família pensa, seus anseios, seus
objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de
grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico.

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Portanto na atuação escolar, o psicopedagogo contribui para o esclarecimento
das dificuldades escolares, que podem ser decorrentes da organização administrativa
do sistema escolar e familiar, das exigências pedagógicas inadequadas, das
expectativas familiares, das formas de circulação do conhecimento do professor e da
família e das modalidades de aprendizagem que, segundo Alicia Fernandez, são
passadas de pai para filho, determinando como serão as relações do sujeito
aprendente com o saber, levando em consideração as crenças, os mitos, as
mensagens repassadas na comunicação familiar.

8 O QUE É DÉFICIT COGNITIVO?

Esse é um termo que se refere ao modo como o nosso cérebro é capaz de


perceber, aprender, recordar e também processar as informações que foram captados
pelos sentidos: visão, audição, paladar, tato e olfato.
Assim, o déficit cognitivo se configura como uma dificuldade nesse processo,
sobretudo no aprendizado.
O que ocorre é uma limitação da capacidade mental de assimilar informações.
É importante lembrar que não existe um único padrão de déficit cognitivo, mas
que a sua presença cria entraves em processos como a capacidade de raciocínio
lógico, concentração, comunicação e aprendizagem.

Como identificar o déficit cognitivo?

Atualmente, a identificação do déficit cognitivo é feita a partir da aplicação dos


chamados testes neuropsicológicos.
O objetivo é entender o nível de limitação envolvido e de que maneira ela se
manifesta.
É como um grande escaneamento do cérebro utilizado na compreensão de
todos os seus processos e também para localizar eventuais lesões.
Investigação neuropsicológica

Para identificar um possível déficit, são realizados inúmeros testes, todos


focados em entender e avaliar habilidades cognitivas.

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A investigação é baseada ainda em dados recolhidos durante a anamnese
(como é chamada a entrevista inicial por um profissional da saúde) e nos
questionários.
O desenvolvimento de uma avaliação neuropsicológica, considerando todas as
suas ferramentas e níveis, tem como objetivo principal a coleta de dados para ajudar
na compreensão de qual é a extensão das perdas e também de quais pontos
permanecem intactos.
É essa avaliação que permite traçar um planejamento específico de
intervenção, de acordo com as características do indivíduo e as informações
apuradas.

Quais funções mentais são avaliadas na identificação do déficit cognitivo?

Entre as funções avaliadas para identificar um déficit cognitivo, estão as


seguintes:
• Memória: tanto de curto quanto de longo prazo e incluindo memória auditiva,
visual, contextual e não verbal
• Raciocínio lógico: avaliação da velocidade de processamento, da capacidade
de planejar e contextualizar informações
• Atenção: atualização, enfoque, atenção dividida e inibição
• Coordenação: capacidade de desenvolver ações específicas de maneira
concomitante e tempo de resposta
• Percepção: tanto visual quanto de espaço, estimativa e capacidade de
exploração visual.

Quais são os sintomas do déficit cognitivo?

Doenças como Alzheimer e Parkinson estão entre as mais conhecidas quando


o assunto é o déficit cognitivo.
Em comum, ambas possuem a incidência mais frequente em idosos. Por conta
disso, é comum que as pessoas associem o surgimento de dificuldades cognitivas
com o envelhecimento.

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Mas a verdade é que os sintomas podem aparecer muito antes, até mesmo
ainda na infância, estando relacionados aos mais variados quadros.
Por isso, é recomendável estar atento aos sintomas e buscar ajuda
especializada caso algum deles seja identificado com uma intensidade maior do que
o comum.
Dificuldades relacionadas a todos os campos que citamos anteriormente, como
na comunicação ou no raciocínio lógico, por exemplo, podem servir como indicativos.

Existe tratamento para o déficit cognitivo

Não existe cura, mas o déficit cognitivo pode ser tratado de diversas formas,
sempre de acordo com origem do problema.
De maneira geral, todo o tratamento é desenvolvido de maneira multidisciplinar.
Ou seja, envolvendo profissionais de diferentes campos da saúde – desde médicos e
fonoaudiólogos até psicopedagogos.
O foco é trabalhar as limitações identificadas a partir de estímulos que ajudem
a desenvolver as habilidades cognitivas. Com isso, a expectativa é que o indivíduo
possa melhorar a sua autoconfiança e também consiga alcançar maior qualidade de
vida.
Orientação profissional para crianças com déficit cognitivo

No caso das crianças, o acompanhamento desde cedo é a melhor abordagem.


Ou seja, é preciso trabalhar a prevenção.
Esse, inclusive, é um alerta que tem sido repetido pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) há bastante tempo. A orientação é ficar de olho nas possibilidades
de distúrbios ou atrasos no desenvolvimento infantil.
Quando ignorados na infância, existe a chance de que os sinais se
intensifiquem e até mesmo deem origem a quadro mais graves, como transtornos
mentais e problemas no processo de aprendizagem.
Nesse sentido, construir um ambiente familiar que seja aberto ao diálogo e ao
incentivo do desenvolvimento individual é uma boa forma de reduzir as possibilidades
de preocupações lá na frente.

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Além disso, identificar precocemente traços que possam indicar um déficit
cognitivo abre espaço para que sejam feitas intervenções propositivas, capazes de
proporcionar a construção de habilidades e competências que poderiam não se
desenvolver sem a abordagem adequada.

9 NEUROCIÊNCIA COGNITIVA: A CIÊNCIA DA APRENDIZAGEM E DA


EDUCAÇÃO

A mente humana, há anos, é e continua sendo alvo de estudos e pesquisas,


que têm como principais objetivos compreender suas nuances, seu funcionamento,
suas interações, bem como as reações que tem, de uma forma geral, e que fazem
com que cada indivíduo seja único em suas características e personalidade.
Memórias, pensamentos, ações, sentimentos, imaginação, linguagem,
percepção, entre diversos outros elementos, que têm a sua origem na mente humana,
são incansavelmente analisados, com o objetivo de entender porque reagimos de
determinada forma a alguns estímulos e não de outras.

Nos últimos anos, inúmeros estudos foram realizados com o intuito de se


entender, de forma mais assertiva, as atividades cerebrais e como as
mesmas influenciam no comportamento humano. E é justamente nesse
contexto que se encaixa a Neurociência. (Apud MARQUES J. R. 2019)

Ela corresponde à área que estuda o sistema nervoso central, bem como suas
funcionalidades, estrutura, fisiologia e patologias. Esse sistema é responsável por
estruturar as atividades do corpo humano, sejam elas voluntárias ou não.
De forma resumida, as experiências e a maneira como o ser humano lida com
as mesmas, afetam seu cérebro e seu desenvolvimento. Nesse sentido, a
neurociência diz respeito à inteligência, aos sentimentos, à capacidade de tomar
decisões, além de gerar entendimento sobre o funcionamento do sistema nervoso e
como agir sobre ele.
Para que todo este estudo seja realizado, os cientistas levam em consideração
os processos a nível cognitivo, ou seja, como o ser humano adquire conhecimento
(seja por meio da atenção, da associação, da memória, da imaginação, do
pensamento, da linguagem, entre outros), através dos cinco sentidos, resultando

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assim, em seu desenvolvimento intelectual, comportamentos, interações e adaptação
ao meio.

Fonte: www.revistadigital.com.br

9.1 O QUE É NEUROCIÊNCIA COGNITIVA?

Dentre as subdivisões da Neurociência, uma delas é a Neurociência Cognitiva,


ela tem como foco, o estudo a respeito das capacidades mentais do ser humano, como
seu pensamento, aprendizado, inteligência, memória, linguagem e percepção.
Com base nisso, as sensações e a percepção do indivíduo são o que norteiam
os estudos da Neurociência Cognitiva, ou seja, como uma pessoa adquire
conhecimento a partir das experiências sensoriais a que é submetida; uma música,
um aroma, o gosto de uma comida, uma imagem ou uma sensação corporal, tudo isso
engloba as experiências sensoriais e são elas as responsáveis por captar os dados
do ambiente e levá-las ao cérebro.
Verifica-se então, que a Neurociência Cognitiva não diz respeito apenas ao
sistema nervoso, mas também, como as experiências sensoriais adquiridas ao longo
da vida, são processadas pelo cérebro e são transformadas em conhecimento.

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9.2 COMO A NEUROCIÊNCIA PODE AJUDAR NO APRENDIZADO

Você já parou para pensar em como o cérebro processa as informações que


recebe? Em como tal ação reflete no aprendizado e na vida como um todo? É
justamente através da Neurociência que tais perguntas podem ser respondidas, pois
seus estudos compreendem como uma pessoa processa as informações adquiridas
pelo ambiente e as transforma em aprendizado. A partir daí, é possível definir
estratégias assertivas de ensino, o que garante à pessoa, uma melhor absorção do
conteúdo.
Abaixo algumas áreas em que a Neurociência pode auxiliar no aprendizado:

Emoção
A inteligência humana está intimamente ligada à emoção, ou seja, o aspecto
emocional interfere na nossa cognição: quanto mais um evento contenha emoção,
mais a pessoa se lembrará dele e isso afeta na obtenção de conhecimento (de forma
positiva ou negativa).
Nesse sentido, a emoção da pessoa precisa ser instigada (quando ela for
positiva) ou desestimulada (quando ela for negativa), para que o desenvolvimento
intelectual não seja prejudicado.

Motivação
A motivação é o que fomenta o aprendizado, quando a pessoa se depara com
uma interferência positiva, isso mobiliza a atenção da mesma, o que gera a motivação.
Da mesma forma, se o indivíduo encontra uma tarefa muito difícil, sua mente se frustra
e ele acaba desmotivado, e isso interfere na sua aprendizagem.
A pessoa deve então, no decorrer do desenvolvimento intelectual, não apenas
entrar em contato com inúmeros conteúdos, como também, realizar atividades que
despertem a sua curiosidade, proponham desafios e a motivem.

Atenção
A atenção é fundamental para que o conhecimento seja adquirido, pois o
sistema nervoso só absorve a informação quando a pessoa está atenta a mesma. O
indivíduo presta atenção em alguma coisa, quando aquilo é entendido, ou seja, tem
significado.
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Nesse sentido, a falta de atenção muitas vezes não ocorre por indisciplina, mas
sim, por falta de estímulo. Por conta disso, para que a pessoa dê atenção a uma
informação, a interação entre a mesma e o indivíduo precisa ocorrer.

Socialização
As experiências sociais do ser humano e o ambiente ao qual ele está inserido,
formam a sua cognição, ou seja, o cérebro se modifica e se desenvolve durante a
vida. Através da socialização, é possível que a pessoa consiga aprimorar a sua
linguagem verbal e não verbal, interaja com outras pessoas, reconheça e expresse
emoções, exerça suas potencialidades e tenha empatia.

Memória
A memória se dá através de repetições, quando a pessoa decora uma
informação e através de associações, quando existem vínculos e relações com o
conteúdo. Nesse sentido, o ato de aprender não ocorre apenas quando se grava
informações, mas também, quando o conteúdo afeta a pessoa. Com isso, o indivíduo
deve identificar pontos de ancoragem para que o conteúdo aprendido tenha sentido e
fique na sua memória.

10 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

Sabemos que o processo de aprendizagem ocorre ao longo da vida e em todas


as fases do desenvolvimento humano.
Na infância, ocorre em períodos definidos, com estimulação adequada às
necessidades para determinadas aprendizagens e com ênfase nos aspectos motores,
visuais, cognitivos e afetivos. Na adolescência, o foco da aprendizagem está
direcionado às atividades e tarefas acadêmicas, cognitivas e sócio-emocionais. E, na
idade adulta, a manutenção das funções executivas.

Pensando desta forma, se o processo de aprendizagem ocorre ao longo


da vida, que importância e benefícios possue a estimulação cognitiva? Ela é
necessária?

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As atividades de estimulação cognitiva, seja qual for a idade, tem como objetivo
melhorar as competências para o desenvolvimento das funções cognitivas superiores
e permitir a evolução de habilidades e capacidades individuais para que o ser humano
possa construir uma trajetória de sucesso e prevenir dificuldades futuras.
Estimular as funções das habilidades cognitivas como por exemplo, a memória
e a atenção, demanda intensidade e duração prolongadas para que os resultados
sejam significativos e, ainda, são de suma importância para o desenvolvimento da
aprendizagem acadêmica, da linguagem e também para a aquisição de controle do
comportamento.
Habilidades referentes à capacidade de usar as operações mentais para a
elaboração de estratégias, argumentos e resolução de problemas são chamadas de
inteligência fluida, pois estas operações mentais envolvem transformação,
classificação, seriação, relações, construção de conceitos, compreensão, elaboração
de hipóteses e estímulo ao pensamento indutivo e dedutivo. Relações primordiais para
que seja possível estabelecer relações entre objetos e o meio.

E quando as habilidades cognitivas sofrem perdas qualitativas, há como


reverter o quadro? E nos atrasos de desenvolvimento, há como acelerar a
aquisição destas habilidades?
Sim, para tanto há a reabilitação cognitiva.
Reabilitar, significa fazer com que as engrenagens voltem a funcionar, significa
mostrar ao ser humano que ele é capaz de desenvolver-se e consequentemente,
diminuir o impacto das dificuldades em sua vida. A reabilitação é aprendizagem que
implica em desenvolvimento.
A reabilitação cognitiva é a oportunidade de estimular as habilidades que estão
deficitárias a partir de atividades práticas como jogos, situações-problema, exercícios
motores, treinos comportamentais e aprendizagem de novas habilidades, tarefas que
todos nós vivenciamos em casa, no trabalho, na escola e no meio.
A reabilitação cognitiva através da Psicopedagogia Clínica permite a
intervenção de um profissional, o psicopedagogo, que tem como objetivo melhorar as
capacidades cognitivas e em consequência o rendimento acadêmico da criança no
ambiente escolar e, do adulto se for o caso, nas tarefas do dia-a-dia.

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Para tanto, entendemos a necessidade da Avaliação Psicopedagógica como
um processo de tomada de decisões que se apoiam em uma série de técnicas cujos
resultados se refletem no desencadeamento de uma proposta educativa de acordo
com as necessidades, seja da criança, do adolescente, adulto ou idoso.

Qual a importância de uma estimulação cognitiva ao idoso?


A estimulação cognitiva ao idoso tem uma importância fundamental, pois
objetiva em reconstruir a imagem que até então construiu ao longo de suas
experiências de vida.
Aos poucos, o idoso vai perdendo capacidades e habilidades, perdas naturais
do processo de envelhecimento e passa a não mais acreditar em seu potencial, a
memória falha e o mundo parece ficar cada vez mais inacessível. Para que a “melhor
idade” não se resuma em uma vida de isolamento e ociosidade, a atendimento
psicopedagógico visa trabalhar os aspectos emocionais e cognitivos com jogos,
atividades psicomotoras, música, livros e histórias.

11 ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM E A DIFICULDADE DE


APRENDIZAGEM

Nos dias atuais vale ressaltar com aptidão, quanto às Dificuldades de


Aprendizagem que vem ganhando grande ênfase na educação, pelo fato do aumento
na demanda de crianças/alunos sendo diagnosticado com alguma dificuldade
relacionada à aprendizagem, desta maneira sendo encaminhados para o atendimento
com um profissional especializado. Por isso, vem se aumentando a preocupação em
relação a este problema, fazendo com que solicita várias informações que partem
desde a questão política até a escolha de estratégias educacionais nos centros de
Educação.
Desta forma, este estudo busca investigar a respeito das dificuldades de
aprendizagem mais constantes ocorridas nos anos iniciais de escolarização. Revela
também a preocupação dos professores com o ensino e a aprendizagem no contexto
escolar, os quais aliam-se a um trabalho coletivo e multidisciplinar, comprometidos na

33
busca contínua, de novas formas de ensinar e de compreender as causas das
dificuldades de aprendizagem que surgem no decorrer do processo.

Fonte: personare.com.br

Pensar em todos os alunos, enquanto seres em processo de crescimento e


desenvolvimento e que vivenciam a discriminação por suas dificuldades, buscando
atendê-los em sua especificidade, é tarefa essencial dos educadores. A sala de aula
é pensada, neste estudo, como um espaço mais amplo para se poder ir além do
ensinar a ler e escrever; um espaço apropriado ao desenvolvimento pleno das
potencialidades de cada aluno; um lugar de pesquisa, um instrumento valioso para
formação da personalidade, na convivência, no afeto, na organização do pensamento,
na resolução de problemas.
Para isso, é importante a utilização, pela escola, de metodologias mais
adequadas, flexibilidade de currículo, seleção de materiais, apoio individual ao aluno
e um clima educativo facilitador de aprendizagem e interação social.
Portanto, esse estudo tratará não só das Dificuldades de Aprendizagem, como
também do papel do psicopedagogo na equipe interdisciplinar da escola atuando junto
ao professor, bem como as habilidades que compõem a aprendizagem.
Desta forma, foram utilizados alguns autores como referência para se discutir
em relação as Dificuldades de Aprendizagens e os aspectos cognitivos na intenção

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de poder elucidar um pouco este assunto, que para muitos profissionais da educação
ainda requer aprofundamento, e devido a isso, muitos não conseguem suprir essa
dificuldade de trabalhar com crianças com esse tipo de problema, sem mencionar
ainda a questão do papel do psicopedagogo na escola que ainda é pouco divulgado
no contexto escolar.
Segundo Oliveria, 2001 em função da importância que a aprendizagem assume
na existência humana e da constatação dos problemas enfrentados pelas crianças
durante esse processo dinâmico e recíproco que se estabelece entre o homem e seu
ambiente, muitas pesquisas realizadas na área focalizam as habilidades
consideradas, instrumentais para a vida social e acadêmica de um indivíduo.
Desta maneira é de suma importância ressaltar que o aluno diagnosticado com
essa dificuldade deve ter um acompanhamento adequado de acordo com a sua
dificuldade e necessidade. Portanto, é nesse momento que entra a participação dos
professores e a equipe multidisciplinar, pois devem estar atentos ao ritmo, grau de
dificuldade na realização de atividades educacionais e as etapas do desenvolvimento
cognitivo, afetivo no qual as crianças estejam, assim podendo estar identificando e
assim elaborando estratégias que possam atender adequadamente o processo de
aprendizagem e assim suprindo essa dificuldade.
É essencial que o diagnóstico seja feito o quanto antes, uma vez que há
consequências em longo prazo. Desta maneira entende-se que as dificuldades de
aprendizagem são problemas neurológicos que afetam a capacidade cerebral para
entender, recordar ou comunicar as informações. Muitos especialistas afirmam que
crianças não apresentam bons resultados na escola quando possuem dificuldades de
aprendizagem, não identificadas e que diariamente são rotuladas pelos adultos como
tendo baixa inteligência, insolência ou preguiça.
De acordo com Fonseca, 1984 afirma que a dificuldade de aprendizagem é
uma desarmonia do desenvolvimento normalmente caracterizada por uma
imaturidade psicomotora que inclui perturbações nos processos receptivos,
integrativos e expressivos da atividade simbólica.
As dificuldades de aprendizagem constituem-se um dos principais entraves
para a prática educativa e fator que pode determinar o fracasso, a repetência e a
evasão escolar de muitos alunos.
Segundo Moraes, (2001)

35
As questões educacionais que mais têm preocupado os profissionais ligados
ao ensino, referem-se aos altos índices de evasão e reprovação escolar que
têm sido registrados nas escolas municipais e estaduais e o grande número
de criança que têm recorrido a tratamento psicopedagógico com dificuldade
de aprendizagem. (Apud SANTOS J. P. 2019)

Essa citação vem fortalecer a necessidade de diagnosticar as dificuldades de


aprendizagem precocemente, combatendo o fracasso escolar.
Quando o assunto se refere às dificuldades de aprendizagem dos educandos,
a prática nos aponta para dois fatos evidentes, esses problemas devem-se a fatores
isolados ou associados entre si, e somente a avaliação e a intervenção precoce das
dificuldades, pode levar ao sucesso na aprendizagem escolar. O papel da escola
nesse e em muitos outros sentidos na vida dos educandos, ultrapassa o âmbito
pessoal e se reflete no crescimento da sociedade como um todo.
Quando nos referimos à Dificuldade de Aprendizagem, estamos falando sobre
um ser que possui uma maneira diferente de aprender, pois se trata de um obstáculo,
uma barreira, um sintoma, que pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou
até mesmo emocional. É essencial que o diagnóstico seja feito o quanto antes, uma
vez que há consequências em longo prazo.
Segundo Coelho, 1990 a partir do momento em que o professor ou especialista
em educação passa a compreender os princípios do processo de aprendizagem e
adquire a prática na aplicação dos mesmos em situação representativa, os problemas
que podem ocorrer nesta área serão tratados e resolvidos sem tabus e sem traumas.
Escola, família e sociedade são responsáveis não só pela transmissão de
conhecimentos, valores, cultura, mas também pela formação da personalidade social
dos indivíduos. Portanto, o principal papel da família deve ser o de acolher a criança,
proporcionando-lhe um ambiente agradável no que se refere à amor e
compreensão. De acordo com Polity, 2001 “É essencial que as crianças recebam
apoio dos pais, pois o suporte emocional desenvolve base sólida e senso de
competência que as levam a uma autoestima satisfatória”.
A família, em especial os pais, precisa assumir sua parcela de
responsabilidade, assim como a escola. Ninguém mais que a criança é prejudicada
pelas Dificuldades de Aprendizagem, e a culpa não é necessariamente dela. É preciso
reconhecer que as dificuldades de aprendizagem se dão na interação da criança com
o contexto no qual está inserida.

36
Segundo Scoz, 1999 a família é a instituição educacional mais importante, de
maior projeção, responsável pela educação do caráter, da afetividade e do universo
emocional e moral de cada cidadão. Quem tem uma família bem estruturada terá
maior facilidade em aprender e a se desenvolver na escola em qualquer nível. (Apud
ANDRADA 1999, p.12)
A importância da escola não está apenas em transmitir os conhecimentos
construídos pela humanidade, mas também por ser um local onde as dificuldades de
aprendizagem podem ser identificadas com maior facilidade e agilidade, já que o
espaço é a principal fonte de alfabetização.
Diante desse fator, constatou-se que as crianças que apresentam dificuldades
de aprendizagem devem ser identificadas e encaminhadas pelos professores ou pelo
psicólogo escolar, que faz parte da equipe da escola, este deve atuar de forma
interdisciplinar, e ter visão sistêmica para a construção de ações que visem todos os
elementos da escola, bem como, pais, comunidade e as instituições que possam estar
estabelecendo parcerias para atender as crianças com dificuldades de aprendizagem.
As crianças que apresentam realmente dificuldades em aprender, precisam ser
acompanhadas pelo profissional responsável nessa área que é o Psicopedagogo (a),
pois, através do diagnóstico que ele fará, ele saberá o melhor caminho a percorrer
para que essas crianças possam avançar em suas aprendizagens significativa e
efetivamente.
Segundo Bossa (1994), “cabe ao Psicopedagogo perceber eventuais
perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade
educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de
acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando
processos de orientação”.
O diagnóstico e a intervenção das dificuldades de aprendizagem envolvem
interdisciplinaridade em pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e
psicologia, para possibilitar a eliminação de fatores que não são relevantes e a
identificação da causa real do problema, desta forma também existem autores que
diagnosticam as dificuldades de aprendizagem fazendo um paralelo com patologias.
O que se encontra em comum acordo entre diversos autores são os fatores,
psicológicos, neurológicos, sociais e outros, que influenciam na aprendizagem e que

37
precisam ser levados em consideração no diagnóstico de uma criança com problemas
de aprendizagem.
Isso só acrescentar ainda mais quando se defende uma ideia de que não se
pode afirmar e/ou diagnosticar que uma criança possui uma dificuldade de
aprendizagem sem analisar uma anamnese, ou seja, entrevista realizada por um
médico que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à
pessoa doente, a fim de ajudar no seu diagnóstico a história de vida da criança e os
fatores fundamentais para se conseguir uma exatidão do diagnóstico do problema.
A maior parte destes problemas de Dificuldade de Aprendizagem pode ser
resolvido no ambiente escolar, haja vista que se tratam, de questões
psicopedagógicos, pois Smith e Strick definem dificuldades de aprendizagem como
problemas que afetam a capacidade cerebral de entendimento, recordação e
comunicação de informações, sendo assim, os alunos que apresentam essas
dificuldades necessitam de uma atenção especial, de um trabalho diferenciado e o
professor deve se preocupar com a sua metodologia de ensino.
Por isso, é preciso que a escola e seus profissionais busquem olhar para outros
ângulos e compreender que cada aluno tem um jeito próprio de ser, e com
experiências de vida diferente, que estas formas diferentes de vida poderá influenciar
no processo de aprendizagem de cada aluno. Só então, será possível ver com maior
clareza o que é Dificuldade de Aprendizagem e formas diferentes de ser.
Portanto, para quem acompanha o desenvolvimento humano que é de suma
importância o papel dos educadores pais e professores nos processos fundamentais
do desenvolvimento humano. Para os profissionais da educação, algumas
informações constituem parte essencial para a prática pedagógica no contexto
escolar. A partir do momento em que o professor ou especialista em educação passa
a compreender os princípios do processo de aprendizagem e adquire prática na
aplicação dos mesmos em situações representativas, os problemas que podem
ocorrer nessa área serão tratados e resolvidos sem tabus e sem traumas.
A dificuldade de aprendizagem merece à atenção dos professores, pois são
eles em primeira instância que poderão identificar a dificuldade do aluno e, ao
constatar que o problema é estável, encaminhá-los aos especialistas. Todavia, os
professores não devem apenas aguardar que os especialistas tentem resolver
sozinhos esta questão. O professor é aquele com melhores condições de conhecer a

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realidade do aluno e manter o contato mais próximo, tendo acesso direto ao seu
desenvolvimento intelectual e cognitivo.

Fonte: sistemaaprendebrasil.com.br

Sabemos que a escola trabalha com várias crianças/alunos ligado as mais


diversas classes sociais, de vários níveis econômicos e culturas. As diferenças
cognitivas estão presentes também na sala de aula, no qual geram os diferentes níveis
de aprendizagem. Neste sentido, numa sala de aula existem diversas maneiras de
aprender, por isso, as dificuldades de aprendizagem consistem basicamente de
aspectos secundários, que são alterações estruturais, mentais, emocionais ou
neurológicas, que interferem na construção e desenvolvimento das funções
cognitivas.
O diagnóstico dessas dificuldades é individual, e deve ser feito com o intuito de
descobrir qual ou quais os fatores estão afetando a cognição de determinado aluno.
Segundo, WALDOW; BORGES; SAGRILLO, (2006) entendendo assim, que a
não aprendizagem dos alunos implica em graves prejuízos no processo educacional,
faz-se relevante, sobretudo, que se compreenda o que são as dificuldades de
aprendizagem para que se possa entender como o professor pode atuar de modo a
promover o aprendizado satisfatório dos alunos superando, dessa forma, as
dificuldades de aprendizagem.
39
Nessa perspectiva é crucial lembrar da importância do profissional, ou seja, o
professor necessita atuar de modo que os alunos possam sentir-se à vontade para
aprender e relatar as dificuldades de aprendizagem que possam encontrar no contexto
escolar, assim é importante que o professor conheça o processo de aprendizagem e
esteja interessado nas crianças/alunos como seres humanos em desenvolvimento,
assim também em total sintonia com a família desses indivíduos.
O professor deve sempre estar atento às etapas do desenvolvimento do aluno,
colocando-se na posição de facilitador de aprendizagem e, seu trabalho deve basear
no respeito mútuo na confiança e no afeto, por isso que em sala de aula o professor
precisa identificar o conteúdo que sua turma já conhece para que possa trazer mais
informação a respeito. Quanto maior a motivação do professor, maior será o empenho
da turma e melhor será o sucesso em sua aprendizagem. Tendo mais cooperação o
aluno aprimora seus conhecimentos em busca do novo, sendo assim teremos
melhores resultados na educação.
Para favorecer a aprendizagem de alunos com dificuldade, é importante avaliar,
contextualizar e diversificar. Cada aluno tem sua própria forma de aprender, seu
tempo e suas limitações. O ensino-aprendizagem, por sua vez, deve ser um processo
dialógico. É através do diálogo que o professor conhece o aluno, identifica como ele
pensa e, somente assim, pode refletir sobre as modificações necessárias no processo
para favorecer o desenvolvimento do ensino-aprendizagem. É preciso ajudar o aluno
a estabelecer entre o conhecimento novo e o que já domina, valorizando a bagagem
que já traz consigo, para que desenvolva o sentimento de autovalorização e sinta-se
encorajado a enfrentar os desafios.
Acredita-se que é preciso que os professores estejam envolvidos com a
desmistificação das relações sociais, que tenham clareza teórica para instigar o
profissional que é passivo de erros, e que busque subsídios adequados para
compreender como ensinar os alunos com dificuldades de aprendizagem.
Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem são de origem intelectual,
emocional, incluindo-se dificuldade de relacionamento professor e aluno, no qual o
papel do mesmo é fundamental para que ocorra a aprendizagem. Geralmente, quando
o aluno tem um bom relacionamento com o professor, o aprendizado ocorre com
facilidade e exatidão. Cabe ao professor, ter um olhar observador para detectar
quando um aluno não conseguiu aprender, recorrendo a novas metodologias,

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procurando dar maior atenção para que o mesmo consiga atingir os objetivos
propostos.
Verificou-se também que a participação do psicopedagogo nesse processo é
de grande relevância, pois, o mesmo realiza um papel fundamental na escola,
ajudando as crianças em seu processo de desenvolvimento intelectual, fazendo o
diagnóstico psicopedagógico. A atuação do psicopedagogo compreende então, os
processos de desenvolvimento e os caminhos da aprendizagem. Compreende o aluno
de maneira interdisciplinar, buscando apoio em várias áreas do conhecimento e
analisando a aprendizagem no contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo,
cognitivo e biológico fazendo as intervenções necessárias para a evolução de
aprendizagem das mesmas.
Grande parte da dificuldade em definir, conceituar e avaliar os problemas de
aprendizagem surge basicamente da necessidade de diferenciar aquilo que é
considerado como distúrbio de aprendizagem. Portanto, após a tentativa de utilizar
vários recursos para reverter o problema e, ainda assim, o aluno apresentar
dificuldades, deverá ser acompanhado para uma avaliação do psicopedagogo que
deverá promover o diagnóstico e descobrir se a causa é de ordem metodológica ou
se é caso de distúrbio de aprendizagem, que são de ordens neurológicas, psicológicas
ou fonoaudiológicas, sendo assim, esse aluno deverá receber um tratamento com
profissional específico da área.

12 A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO DA COGNIÇÃO SOCIAL PARA


APRENDIZAGEM ESCOLAR

O desempenho escolar é uma medida utilizada para acompanhar e avaliar o


nível aprendizagem da criança podendo identificar, inclusive, dificuldades do aluno.
Todavia sabemos que esta é uma medida inespecífica no sentido que não identifica o
motivo da dificuldade. Uma boa aprendizagem escolar se associa as práticas
pedagógicas eficientes, mas também as características individuais das crianças.

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Fonte: roupabebeeinfantil.com.br

Quando nos referimos a características das crianças estamos considerando


suas habilidades cognitivas, ou seja, suas habilidades mentais. Memória, linguagem,
atenção são habilidades cognitivas recorrentemente associadas a aprendizagem
escolar, entretanto poucas pessoas sabem como a cognição social também interfere
no grau de desenvolvimento escolar dos alunos.
Entendemos como cognição social os processos mentais pelos quais
compreendemos a nós mesmos, os outros e as situações sociais. De maneira mais
ampla é a nossa capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a
partir de informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico. A
escola é um contexto específico que demanda da criança um entendimento, dentre
outros, de linguagem não-verbal do professor (gestos, reconhecimento de
características da face, prosódia) para uma boa aprendizagem. As habilidades de
cognição social começam a se desenvolver ainda nos primeiros meses de vida, sendo
a atenção compartilhada uma capacidade relevante para aprendizagem social.
Atenção compartilhada é a nossa habilidade de voltar o olhar para um mesmo
ponto/coisa que as outras pessoas. Pense como na escola a aprendizagem é
potencializada à medida que a criança acompanha o olhar do professor enquanto ele
fala.

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Déficits de habilidades sociais podem ser decorrente de transtornos do
neurodesenvolvimento tanto como um problema primário (Transtorno do Espectro
Autista), quanto como secundário (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade).
No segundo caso as dificuldades sociais são um desfecho secundário resultante dos
déficits primários, neste caso a desatenção, impulsividade e hiperatividade. Por outro
lado, menores habilidades sociais podem também se originar de baixa estimulação no
contexto familiar e escolar. Isso significa que estratégias de estimulação/intervenção
nos anos escolares iniciais se relacionam positivamente com o desempenho escolar.
Educadores, psicólogos, fonoaudiólogos e todos os profissionais que trabalham
com crianças em idade escolar precisam estar atentados as habilidades de cognição
social dos alunos, pois quanto antes estimuladas melhor o desenvolvimento infantil.

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGELO Jamisson da Silva. A importância da psicopedagogia institucional. 2018.

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BRITES Luciana. O que são aspectos cognitivos da aprendizagem? 2019.

COSTA Annelise Júlio. A importância da estimulação da cognição social para


aprendizagem escolar. 2017.

COSTA Tereza Cristina de Oliveira. A psicopedagogia e a família no processo


ensino aprendizagem. 2018.

CUNHA MARCIA VALERIA LUZ DA. Cognição e as dificuldades de


aprendizagem: possíveis contribuições. 2019.

MARQUES José Roberto. Neurociência cognitiva: a ciência da aprendizagem e


da educação. 2019

MOURA Anaisa Alves de. A psicopedagogia na alfabetização de crianças com


dificuldades de aprendizagem. 2019.

OLIVEIRA Patrícia. Estimulação Cognitiva. 2016.

POLITY, Elizabeth. Ensinando a ensinar: Educação com afeto. Rio de Janeiro.


Vetor. 2016.

SANTOS Jhanes Patricia dos. Aspectos cognitivos da aprendizagem e a


dificuldade de aprendizagem. 2019.

VALLET, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação


inclusiva. Porto Alegre. Mediação, 2015.

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14 BIBLIOGRAFIA

FONSECA Vitor da. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: Abordagem


neuropsicológica e psicopedagógica. Editora: Editora Vozes; Edição: 7ª. 2007.
ISBN-13: 978-8532634801.

FONSECA, Vítor. Desenvolvimento cognitivo e processo de ensino


aprendizagem: Abordagem psicopedagógica à luz de Vygotsky. Editora: Editora
Vozes; Edição: 1ª. 2018. ISBN-13: 978-8532656810.

FONSECA Vitor da. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: Abordagem


neuropsicológica e psicopedagógica. Editora: Editora Vozes; Edição: 7ª. 2007.
ISBN-13: 978-8532634801.

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