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DIVA DA HISTORIA
Índice
1. Evoluçao do Contencioso Administrativo em Portugal.
1.1. Traumas que originam o nascimento do contencioso administrativo.
1.1.1 Primeiro trauma.
1.1.1.1 Controversia Dicey-Hauriou.
1.1.2 Segundo trauma.
1.2 Evoluçao da Justiza Administrativa.
1.2.1 Primeiro momento: Pecado original: Séculos XVIII e XIX.
1.2.2 Segundo momento: Batismo: Do século XIX para o XX.
1.2.3 Terceito momento: Crisma: Finais século XX.
1.2.3.1 Contitucionalizaçao do CAT: Portugal, Francia, Reino Unido e
Italia.
1.2.3.2 Europeizaçao do CAT.
2.Evoluçao do Contencioso Administrativo em Espanha.
3. Comparaçao entre ambos os processos Espanhol e Português.
EVOLUÇAO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO EM PORTUGAL
Antes de comezar é importante definir o que se entende por contencioso administrativo;
quando falamos de contencioso administrativo estamos a falar do estudo do processo
administrativo, isso é, as regras de conducta a observar pelos sujeitos processuais na
propositura e desenvolvimento da sequência encadeada de atos jurídicos (ação), cujos
termos correm perante uma estrutura específica de tribunais (Tribunais
Administrativos).
De acordo com o professor catedrático Mário Aroso de Almeida ``sao aplicados ao
Processo administrativo todo um conjunto de conceptos fundamentais que, embora
tenham sido historicamente elaborados no âmbito e por referência ao Processo Civil, se
devem hoje entender como conceitos fundamentais da Teoria Geral do Processo´´.
Entrando propiamente no tema a falar, vamos facer uma analise do contencioso
administrativo no diva da historia para comprender os condicionantes que tem devido ao
seu nascimento traumático.
A figura da administraçao acompanha todas as figuras históricas do Estado, mas
soamente podemos falar de direito administrativo trás a Revoluçao Francesa do ano
1789, tras o surgimento da separaçao de poderes no ambito do constitucionalismo
moderno.
Como ja foi apontado anteriomente, o nascimento do contencioso administrativo e
devido a uma serie de traumas:
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PRIMEIRO TRAUMA
O primeiro dos traumas que orixinan o direito administrativo surge pela via
jurisprudencial da atuaçao do conselho de Estado.
O Direito Administrativo não foi decretado por via legislativa, se nao que surgiu como
uma resposta a necessidades históricas. Tem uma profunda importancia que se
mantiveram os Parlamentos (Tribunais compostos por nobreza) em que os
revolucionários não confiavam (já se opunham ao rei, ir-se-iam opor a esta nova ordem
social com as suas ideias de classe dominante) pois não iriam reconhecer os direitos de
todos os cidadãos. Por isso criam uma nova estrutura em que coloca os litígios da
Administração com civis. Assim surge o primeiro o direito processual/adjetivo e, da
jurisprudência, cria-se o direito material/substantivo – com as sucessivas decisões surge
um corpo de regras sólidas que se autonomiza.
Apos a Revoluçao Francesa do século XVIII os tribunais comuns ficam proibidos de
``perturbar´´ a Administraçao Publica, de modo que ficam proibidos de julgar a
Administraçao. Neste contexto os revolucionarios claman estar a facer uma divisao de
poderes devido à conceção de Montesquieu de que o poder judicial “julga os diferendos
dos particulares”; mas a realidade e que estao a fomentar a promiscuidade entre
administraçao e justiça.
Assim a administraçao comeza a autoanalizarse, pervendo a separaçao de poderes e
dando lugar ao processo de introspeçao administrativa.
CONTROVERSIA DICEY-HAURIOU
Em quanto o proceso de instrospeçao administrativa encontrase controvérsia Dicey-
Hauriou sobre os sistemas de controle jurisdicional da Administração Pública que trata
sobre a controvérsia jurídica entre inglês A. V. Dicey e o francês Maurice Hauriou
acerca de qual o melhor modelo de controle jurisdicional da Administração Pública.
Ao contrário do sistema francês, que prevê a existência de uma justiça administrativa
separada do Poder Judiciário e unida ao Executivo, o sistema britânico de jurisdição
única sujeita os agentes e órgãos da administração pública aos mesmos tribunais
comuns (courts of law) e ao mesmo direito comum em que são julgados os particulares
do país, sem qualquer privilégio, prerrogativa ou “poder exorbitante”.
Assim, no que respeita à separação de poderes, os britânicos adotaram uma
interpretação distinta da dos franceses e que está, por sua vez, mais em consonância
com o presente na formulação original feita por Montesquieu, onde o Judiciário tem
legitimidade para julgar os atos da Administração.
A controvérsia Dicey-Hauriou diz respeito a estes dois sistemas distintos, e engloba em
seu bojo outras questões acerca do Direito Público daqueles dois países. Passamos,
agora, a analisá-la.
Por um lado, Albert Venn Dicey (1835 – 1922), renomado constitucionalista inglês,
publicou em 1885 um de seus livros mais importantes, “Introduction to the Study of the
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Law of the Constitution”, em cujo capítulo XII desenvolve um estudo comparativo entre
os sistemas administrativos inglês e francês.
É um verdadeiro confronto, um duelo de opostos inassimiláveis: e opõem-se a própria
matéria do Direito Administrativo e a rule of law inglesa. Para Dicey, o Direito
Administrativo opõe-se diretamente à noção de igualdade de todos perante a lei, central
para o sistema jurídico inglês.
Por ora, importa-nos dizer que, para Dicey, não restam dúvidas: são sistemas
decididamente incompatíveis, antagônicos e representam diferenças que vão muito além
do meramente jurídico, abrangendo a própria cultura dos países envolvidos. Isto fica
ainda mais claro quando ele aponta o problema da terminologia: a própria expressão
“direito administrativo” – que se traduziria por “administrative Law” em inglês – “não
tem um equivalente exato em inglês”, segundo ele.
Tendo em vista o vigor do ataque, pode-se dizer que a resposta francesa até demorou.
Veio apenas duas décadas depois, da pena de Maurice Hauriou, um dos maiores
juspublicistas franceses de todos os tempos. Uma resposta que impressiona pela
elegância e engenhosidade.
Hauriou põe em causa um ponto – talvez mesmo O ponto – central da discussão iniciada
por Dicey: o de que o fenômeno do Direito Administrativo seria uma exclusividade
continental - sobretudo francesa - e sem correspondente na Inglaterra.
Finalmente, Hauriou aponta que os sistemas inglês e francês não são os únicos
existentes.
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SEGUNDO TRAUMA
Concluindo, devemos tratar as consequências deste trauma até aos dias de hoje. Em
primeiro lugar até 2004 fazia-se uma distinção entre gestão pública e gestão privada; em
segundo lugar o mesmo ano consagra-se no art. 4º ETAF que os tribunais
administrativos são competentes quando houver lugar a responsabilidade administrativa
e finalmente, em 2015 procurou resolver-se o problema do art. 4º ETAF dizendo que a
competência era sempre da justiça administrativa.
Primeiro momento
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Segundo o Professor Vasco Pereira da Silva, a evolução do Contencioso administrativo
é caracterizada pela existência de três fases distintas. A primeira dessas fases é
denominada, pelo Professor, de “Pecado Original”.
Além disso deixa de haver primazia do ato da Administração e passa a que haja uma
escolha de como agir para satisfazer necessidades coletivas surgindo novas formas de
atuação numa partilha da realidade jurídico-administrativa.
A Administração não diz o Direito nem o define se não que usa o Direito como meio
para satisfazer as necessidades coletivas.
Durante esta etapa vai existir uma aproximação entre os sistemas administrativos
francês e britânico, em França esta evolução é denominada de “milagre”
por Prosper Weil, e é em muito devido à atuação do Conselho de Estado desde o
acórdão “Cadot” de 1889, que considerou este órgão como a primeira instância do
contencioso administrativo; até aqui havia apenas uma delegação de poderes de
julgamento, não uma verdadeira atribuição destes. Quer isto dizer que o “milagre” não
se dá tanto pelo facto do Estado se submeter ao Direito, mas sim no facto de uma
instituição que nasceu com o objetivo de proteger a administração do controlo dos
tribunais, se ter transformado num verdadeiro tribunal pela sua atuação.
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Concluindo, em 1980 o Conselho Constitucional Francês reconhece que os Tribunais
Administrativos são autónomos e fundamentam essa concepção na lei da separação de
poderes de 1789.
De igual modo, no Reino Unido até ao final do século XIX não havia Direito
Administrativo e a administração subordinava-se ao common lá, sendo julgada por
tribunais comuns, esta realidade devia-se ao facto de o ordenamento britânico não ter os
traumas de infância do ordenamento francês, no entanto, com o estado social surgem os
chamados “tribunal”, que são tribunais administrativos com poder de execução de
decisões e de julgamento. O professor Vasco Pereira da Silva chama a esta criação
britânica ``senilidade precoce´´.
Além disso, surge despois uma Judicial Review, isto é, um meio processual para
apreciar atos administrativos e por fim um Administrative Court.
De igual modo, no resto dos países que receberam o Contencioso Administrativo por
lei, vão ser também transformados a traves da lei.
Terceiro momento
Com a crise do estado social nos anos 70 do século XX e com a chegada do estado pós-
social, houve a 3ª etapa da evolução, o denominado “crisma” caracterizada pela
reafirmação da natureza jurisdicional do contencioso administrativo, acompanhado da
respectiva dimensão subjetiva, destinada à proteção plena e efetiva dos direitos dos
particulares.
Nesta fase produzem-se transformações no Estado e uma forte reação contra o Estado
Providência. Por um lado, surgem novos direitos fundamentais como a ecologia, a
informática, a privacidade ou o patrimônio genético.
Por outro lado, o Estado Post-social trouxe consigo uma nova geração que inclui novos
direitos substantivos e novos direitos procedimentais e processuais, consagrando
direitos no domínio do Direito Administrativo como o direito de audiência ou o direito
de fundamentação.
Assim, surge um novo modelo de Estado regulador caraterizado por uma administração
agressiva (policia), uma administração prestadora (vida social e econômica), e uma
administração infraestrutura.
Por outras palavras, no modelo de Estado pós-social a Administração surge com novas
infraestruturas; a função administrativa é realizada, através de mecanismos cooperativos
e de colaboração, por uma multiplicidade de pessoas coletivas como a Administração
Pública e os particulares (multilateralidade), mesmo assim a realidade multilateral e que
os sujeitos na relação jurídica passam a ser todos os afetados pelas decisões.
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infraestruturas, regula e legisla o modo de exercício de certo aspeto da função
administrativa.
Em quanto as constituições dos Estados modernos, estas vão consagrar um novo modelo
do contencioso administrativo (constitucionalização do contencioso administrativo),
plenamente jurisdicionalizado com um verdadeiro juiz (plenos poderes face à
administração) em que o contencioso administrativo está ao serviço dos direitos dos
particulares. Esta transformação vem de Alemanha que estabelece uma garantia de que
o Estado não ia intervir na vida dos cidadãos, podendo tornar-se uma realidade
totalitária.
Constitucionalização do CAT
Por outro lado, neste modelo os particulares e a administração estão numa posição em
que estabelecem relações jurídicas paritárias, portanto há uma igualdade das partes no
Processo (identidade de posições processuais). É importante ter em conta que já não há
uma relação de poder e o particular tem direitos fundamentais (antes referidos) que
devem ser respeitados.
No caso de Portugal deve-se destacar os dois artigos, em primeiro lugar o art. 211º/3
CRP que dispo que os Tribunais Administrativos (integrando-se na lógica judicial)
julgam são relações jurídicas administrativas; e em segundo lugar o art. 268º/4 e 5 CRP
que trata o princípio da tutela efetiva e plena de todos os direitos.
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No caso de Reino Unido, a partir dos anos 70 os tribunais britânicos vão dizer que a
decisão pertence a um tribunal é um princípio geral de direito constitucional material
britânico. Também no Reino Unido, o controlo integral da administração passa a ser
uma realidade no sistema britânico e estabelece-se um mecanismo que tem um tribunal
especializado em razão da matéria, que é o “administrative court”.
Europeização do CAT
A União Europeia (UE) vem introduzir uma nova dimensão na superação dos traumas
iniciais passando a ser a principal fonte de Direito Administrativo produzindo conjuntos
de normas que o vêm modificar e uniformizar.
Em primeiro lugar, criou um sistema jurídico próprio que se impõe a todos os Estados-
membros e integra o Direito desses mesmos Estados-membros, assim traz um conjunto
de princípios essenciais na Europa em matéria de separação de poderes e garantia de
direitos fundamentais.
Podemos afirmar que não há nenhum pais europeu que não tenha feito uma reforma do
Contencioso Administrativo, alargando os poderes do juiz e estabelecendo a tutela
cautelar, esta e a lógica da europeização. No caso de Portugal a reforma portuguesa de
2004 está associada a reformas europeias que reiterando o dito anteriormente tiveram
lugar em todos os países da UE que começam em 1996 no Reino Unida e acabam em
2010/2011.
Por outro lado, desde o ponto de vista do direito legislado, a europeização influenciou à
noção de transformação da administração, bem como os atos administrativos de hoje já
não têm de ser praticados por órgãos administrativos e podem ser entidades públicas ou
privadas.
No Antigo Régime antes da Revolução Francesa não existia divisão de poderes e por
tanto não existia uma clara distinção entre autoridades administrativas e judiciais o que
quer dizer que não existia distinção entre o poder administrativo e o poder judicial.
A primeiras das fases foi por via jerarquica interna, de tal modo que as decisões dos
órgãos administrativos podiam recorresse ante o órgão superior jerarquico.
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Porém, em Espanha evolucionou de maneira diferente a Francia ou outros países que
também o importaram como e o caso de Itália, porque desde começos do século XX o
controlo jurisdicional da administração se foi atribuindo progressivamente ao poder
judiciário ordinário (ou seja, estava sendo judicializado).
Após a Constituição Espanhola de 1978 este processo foi concluído. Hoje já não existe
na Espanha uma jurisdição administrativa separada da jurisdição ordinária, mais sim
uma ordem jurisdicional especializada no controle da administração no âmbito do poder
judiciário ordinário, denominada ordem jurisdicional contencioso-administrativa.
A posição que tem a administração perante a justiça já não se justifica pelo princípio da
divisão de poderes (porque esse princípio já não é entendido como na Revolução
Francesa). Em vez disso, é explicado por um privilégio que a administração pública
reconheceu como um poder do Estado em nosso ordenamento jurídico, que e chamado
privilegio de autotutela. Este privilegio da autotutela (em geral) e o poder reconhecido
ao sujeito para proteger a própria situação jurídica sem ter que recorrer à justiça e tem
um fundamento constitucional no princípio da eficácia da administração contido no
artigo 103 da CE.
Deve incluir-se que em Espanha temos no artigo 110 da Lei 29/1998 o que se chama,
em matéria fiscal y de pessoal, extensão de efeitos de uma sentença ou acórdão.
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Em segundo lugar, na legislação espanhola, os prazos para exercer as ações sobre a base
dos direitos são mais breves e iguais para todos. Nem o Ministério Fiscal (Ministério
Público) nem os advogados das Administrações ou dos cidadãos têm prazos diferentes.
Como ponto final, no meu ponto de vista, uma reforma processual que aceleraria muito
o Processo Contencioso -Administrativo espanhol seria aquele em que a demanda e a
contestação pudessem fazer-se em vias administrativas, inclusive com um processo em
que, simplesmente, as partes pudessem remeter-se à sua escrita em via administrativa
para que o Juiz faça, diretamente, a resolução judicial, pois em Espanha a execução das
sentenças ou acórdãos é feita pela Administração com vigilância do Tribunal de Justiça
e por isso estes trâmites de que estamos a falar poderiam ser feitos também pela
Administração.
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BIBLIOGRAFIA
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