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Diocese de Osasco

Paróquia São José Operário – Munhoz Jr


Formação Paroquial de Liturgia – A Santa Missa, a Música
Litúrgica e o Tempo Litúrgico
1. O que é, de fato, a Santa Missa?
1.1 – A Missa é o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor;
não apenas memorial de algo que ficou no passado, mas na Igreja, na
comunidade reunida pelo Espírito Santo, é realmente a presentificação do
único sacrifício redentor de Cristo: “A Eucaristia é um acontecimento
maravilhoso no qual Jesus Cristo, nossa vida, se faz presente. Participar na
Missa “é viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor.” (Papa
Francisco).
→ Substancialmente é o mesmo e único sacrifício, o modo é que é diferente: a
primeira vez o sacrifício foi oferecido de modo cruento com o derramamento do
Sangue de Nosso Senhor, em nossos altares acontece o sacrifício sem
derramamento de Sangue;
→ É também o mesmo sacrifício porque a vítima é a mesma, o sacerdote é o
mesmo e existe a separação entre o Corpo e o Sangue da vítima do sacrifício
(corpo separado de sangue é sacrifício, por isso a “morte mística” de Nosso
Senhor se dá na consagração e sua ressurreição se dá na fração do pão /
Cordeiro)
1.2 – “Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual Cristo, nossa
Páscoa, foi imolado, realiza-se também a obra da nossa redenção” (Lumen
Gentium, 3)
1.3 – Sabendo-se desta perpétua Memória do único e irrepetível sacrifício da
Cruz de Nosso Senhor, o mesmo sacrifício teve 4 finalidades, e as mesmas
acontecem em cada Missa que é celebrada:
I – A adoração;
II – A ação de graças;
III – A reparação;
IV – A impetração (pedido, súplica)
As duas primeiras nunca irão passar, nem aqui nem na eternidade (Nosso
Senhor fez isso a vida toda e mais perfeitamente na Cruz, e continua ainda
assim no Céu e nós também vamos nos unir a Ele nesses atos se Deus nos
der a graça de alcançarmos o céu); as duas últimas, quando se der a parusia,
irão cessar.
1.4 – I – a adoração que Jesus, por ser Deus feito homem, ofereceu e oferece
ao Pai na Cruz é a mais perfeita (mesmo que todos os Santos e Anjos juntos
oferecessem uma adoração única, ela ainda seria imperfeita ao Altíssimo
Deus)

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→ adoração é dar a Deus seu devido lugar e honra, nos reconhecer como
pequenos e nada diante Dele;
→ por conta disso, a Santa Missa possui um valor infinito, dado que jamais
uma celebração da Palavra tem o mesmo valor e mérito da Santa Missa,
mesmo que essa seja celebrada de modo indigno;
II – A ação de graças (Eucaristia) é o sacrifício de louvor perfeitíssimo
oferecido a Deus Pai por Cristo de modo infinito;
→ nós temos uma dívida de gratidão para com Deus por todos os seus
benefícios e mesmo se passássemos a eternidade agradecendo a Deus, ainda
assim não seria suficiente, por isso Cristo com seu sacrifício redentor, saldou
essa dívida.
III – A reparação é exigida pelas ofensas cometidas pelos homens contra
Deus. Todos esperamos reparação e Deus também espera a nossa pelos
nossos pecados cometidos; porém nossa reparação jamais iria ser suficiente
(se mede a ofensa pela dignidade da pessoa ofendida) e assim Cristo, que é
Deus, se ofereceu como vítima pelos nossos pecados para assim reparar
nossas ofensas ao Pai Eterno;
IV – A impetração, súplica ou pedido é a intercessão eterna de Jesus Cristo
ante o Pai por cada um de nós, pois na Cruz, “tendo em alta voz e com
lágrimas oferecido orações e súplicas... foi ouvido pela sua piedade” (Hb 5,7) e
ainda hoje, nos sagrados altares, exercita a mesma mediação eficaz; a fim de
que sejamos cumulados de toda bênção e graça. (Mediator Dei – P.P.XII)
1.5 – “Quando entramos na Igreja para celebrar a Missa pensemos nisto: entro
no calvário, onde Jesus oferece a sua vida por mim. E assim desaparece o
espetáculo, desaparecem as tagarelices, os comentários e estas coisas que
nos afastam de algo tão bonito que é a Missa, o triunfo de Jesus.” (P.F)
1.6 – Ainda segundo o Papa Francisco, “a Missa é oração, aliás, é a oração
por excelência, a mais elevada, a mais sublime, e ao mesmo tempo a mais
“concreta”.”
2. E o que é oração?
2.1 - Em resumo, é diálogo, encontro pessoal com Deus!
“É a relação viva dos filhos de Deus com o seu Pai infinitamente bom, com o
seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo” (CIC 2565)
3. Como se dá essa atualização do Mistério Pascal de Cristo hoje?
3.1 – “Para atualizar o seu Mistério pascal, Cristo está sempre presente na sua
Igreja, sobretudo nos atos litúrgicos. Por conseguinte, a liturgia é o lugar

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privilegiado do encontro dos cristãos com Deus e com aquele que Ele enviou,
Jesus Cristo (cf. Jo 17, 3)” (Vicesimus quintus annus, n. 7, S. João Paulo II).
3.2 – “Cada celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com o
seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo. Tal encontro exprime-se como um
diálogo, através de ações e de palavras” (CIC n. 1.153).
3.3 – “Portanto, a primeira exigência para uma boa celebração litúrgica é que
seja oração, diálogo com Deus, antes de tudo escuta e depois resposta.
Na liturgia é a palavra que precede a voz. Deus concedeu-nos a palavra e a
sagrada liturgia oferece-nos as palavras; nós devemos entrar nas palavras, no
seu significado, acolhê-las em nós, pondo-nos em sintonia com estas palavras;
é assim que nos tornamos filhos de Deus, semelhantes a Deus. Como recorda
a Sacrosanctum Concilium, para garantir a plena eficácia da celebração “é
necessário, porém, que os fiéis celebrem a Liturgia com retidão de espírito,
unam a sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de
Deus, para não acontecer de a receberem em vão” (n. 11). Elemento
fundamental e primário do diálogo com Deus na liturgia é a concordância entre
o que pronunciamos com os lábios e aquilo que trazemos no coração. (lex
orandi, lex credendi – eu rezo aquilo que creio - por isso a importância de não
fazermos da liturgia um bezerro de ouro ao nosso bel prazer.)
3.4 – Só celebramos e vivemos bem a liturgia, se permanecermos em atitude
orante, e não se quisermos “realizar algo”, fazer-nos ver ou agir, mas se
orientarmos o nosso coração para Deus e estivermos em atitude de oração,
unindo-nos ao Mistério de Cristo e ao seu diálogo de Filho com o Pai. É o
próprio Deus que nos ensina a rezar, afirma são Paulo (cf. Rm 8, 26). Foi Ele
mesmo que nos concedeu as palavras adequadas para nos dirigirmos a
Ele, palavras que encontramos no Saltério, nas grandiosas preces da
sagrada liturgia e na própria Celebração eucarística.” (P.B.XVI)
4. Partindo deste pressuposto, como a música nos ajuda neste encontro de
oração com Deus atrás do Mistério Pascal de Cristo na Liturgia?
4.1 – Já que a função, a finalidade da Liturgia é a glória de Deus e a
santificação dos fiéis, a música na Liturgia tem como finalidade acrescentar
mais eficácia ao texto da oração: “seu ofício principal é revestir de adequadas
melodias o texto litúrgico proposto à consideração dos fiéis, assim o seu fim
próprio é acrescentar mais eficácia ao mesmo texto, a fim de que por tal meio
se excitem mais facilmente os fiéis à piedade e se preparem melhor para
receber os frutos da graça, próprios da celebração dos sagrados mistérios.”
(S.P.X)
4.2 – É impossível pensar uma liturgia sem música ou canto!
O Documento da CNBB sobre a música na liturgia (Estudos, n. 79) lembra que

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“o canto cria comunidade, liga as pessoas entre si, e mais eficazmente as põe
em sintonia com o Mistério de Deus” (n. 6). O canto anima (dá alma), cria o
clima, ajuda a rezar, interioriza, evangeliza. O povo demonstra sua fé e alegria,
seu amor e gratidão a Deus por meio do canto.
A finalidade do canto não é apenas a de tornar a celebração mais leve,
gostosa, movimentada. Mas ajudar a celebrar bem. A Igreja nos ensina que
não podemos nos contentar em cantar na liturgia, mas devemos cantar a
liturgia (Doc. 79, n. 27). (voltamos aqui na questão de como é importante
cantar aquilo que A IGREJA NOS PEDE PARA SER CANTADO, UTILIZANDO-
SE DOS MEIO JÁ DISPONIBILIZADOS HÁ SÉCULOS).
4.3 – Você já teve a experiência de tentar se concentrar e orar em um ambiente
barulhento e dispersivo? Pode até mesmo acontecer deste ambiente ser uma
Igreja e que a fonte da distração seja a execução de um canto pelos músicos
que estejam conduzindo a música na celebração.
De modo oposto, você talvez já tenha tido a experiência de adentrar em um
ambiente convidativo à oração. Provavelmente este ambiente era uma Igreja
na qual um suave cântico era entoado, ainda que no sistema de som e não
executado ao vivo.

A oração é um movimento caracterizado pela interioridade e profundidade.


Nela a atenção deve ser voltada para o interior, afastando-se das realidades
sensíveis e aproximando-se do transcendente. Nesta direção, o interior, busca-
se então a profundidade.

O canto pode auxiliar ou dificultar este processo, tudo depende do tipo de canto
e do como ele é executado. Músicas que estimulem o corpo através de ritmos
marcados e fortes são uma fonte de distração e dificultam o processo da
oração. Da mesma forma, um canto onde os elementos harmônicos ou
melódicos sejam por demasiado complexos e rebuscados atraí a atenção para
si e tende a prender a inteligência dificultando seu movimento em direção ao
interior da alma.

O canto que suaviza os aspectos rítmicos e utiliza os aspectos harmônicos e


melódicos em justa medida auxilia enormemente o movimento da oração. Essa
característica de Canto se encontra nos hinos tradicionais da Igreja, que não
por acaso foram meditados e utilizados como auxílio na oração por grandes
Santos.

5. Sabendo que a Música na Liturgia deve ajudar a elevar nossa alma a


Deus, como o povo pode participar mais efetivamente da Liturgia através
da música?

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5.1 – É preciso saber antes de tudo que existem 3 graus de participação ativa
do povo na Liturgia, de modo que não necessariamente é preciso que a
assembleia cante toda a Liturgia junto com a equipe de música.
a) – Pertencem ao primeiro grau:
a) nos ritos de entrada:
- a saudação do sacerdote com a resposta do povo;
- a oração coleta;
b) na liturgia da Palavra:
- as aclamações ao Evangelho (Proclamação do Evangelho / Glória a vós
Senhor);
c) na liturgia eucarística:
- a oração sobre as oblatas,
- o prefácio com o respectivo diálogo e o "Sanctus",
- a doxologia final do cânon,
- a oração do Senhor - Pai nosso - com a sua admonição e embolismo,
- o "Pax Domini",
- a oração depois da comunhão e as fórmulas de despedida.

b) – Pertencem ao segundo grau:


a) "Kyrie", "Glória" e "Agnus Dei";
b) o Credo;
c) a Oração dos Fiéis.

C) – Pertencem ao terceiro grau:


a) os cânticos processionais da entrada e comunhão;
b) o cântico depois da leitura (salmo responsorial);
c) o "Alleluia" antes do Evangelho;
d) o cântico do ofertório;
e) as leituras da Sagrada Escritura, a não ser que se julgue mais oportuno
proclamá-las sem canto.
“Note-se que por participação ativa deve entender-se, não só a
participação vocal dos ministros e do povo nas orações respectivas, mas
também, e até primeiramente, aquela verdadeira participação ativa, que
é espiritual e se dá no coração de cada um!”

5.2 – Precisamos também distinguir participação ativa de participação visível.


a Participação Ativa muitas vezes é visível, mas nem toda Participação Ativa é
visível e nem toda a participação visível é ativa.
5..5.2 - Quando nos dispersamos na missa, não cessamos de participar
externamente, de forma visível. Fazemos os gestos apropriados, respondemos
as preces e recitamos as orações adequadas a cada momento, porém nossa
atenção, nosso foco, nossa consciência não estão em harmonia com os

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movimentos do nosso corpo.
Enquanto os lábios recitam a oração do Pai Nosso, e um observador externo
poderia nos considerar um modelo de piedade e participação, nossa atenção
voa longe. Estamos somente de corpo presente. Este tipo de participação é
visível, mas de forma alguma é ativa.

Primeiro, pense em uma pessoa que, durante o Ato Penitencial, participa


visivelmente cantando o canto proposto, mas sem refletir sobre seus próprios
pecados e sobre a infinita e imerecida misericórdia de Deus.
Agora, durante o mesmo momento, pense em uma pessoa que, embora não
esteja cantando nem emitindo qualquer som, está ouvindo a letra e a melodia
do canto e dirigindo sua atenção para seu interior, refletindo sobre suas faltas,
sobre como elas o afastam de Deus e do plano de Deus para sua vida. Isto a
leva a cultivar o desejo de contrição, de se emendar, de amar a Deus. Por fim,
leva a um sentimento de gratidão pela imerecida graça da redenção e
participação dos Santos Mistérios que estão sendo celebrados.
Neste último caso a participação não é visível, mas é ativa.

6. Já que existem 3 graus de participação ativa do povo na música na


Liturgia, como podemos escolher cantos adequados?
6.1 – Primeiramente, devemos ter a ciência de que o canto deve estar sempre
de acordo com o mistério celebrado e com a ação litúrgica realizada; não se
deve colocar um canto de ofertório no lugar do canto de entrada nem um canto
Pascal em Tempo Comum.
6.2 – Depois, existem cantos que são o rito, como Glória, Santo e Cordeiro
(também chamados de partes fixas), e existem cantos que acompanham o
rito, como Entrada, Ofertório e Comunhão (também chamados de Próprios do
Dia ou do Tempo, ou Partes Moveis)
6.3. – Enquanto os cantos que são o rito devem ser integralmente cantados e
nunca modificados, os cantos que acompanham o rito têm uma certa
flexibilidade e liberdade de escolha.

a) O canto de entrada deve formar a assembleia celebrante e apresentar o


sentido da celebração. “A sua finalidade é abrir a celebração, promover a união
da assembleia, introduzir o povo no mistério celebrado, seja do tempo litúrgico
ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.” (IGMR,
47).
OBS: É comum o(a) animador(a) dizer: “Vamos cantar para receber o
celebrante”. Há alguns erros aqui: o canto não é para receber ninguém, mas
formar a comunidade. Não é a assembleia que recebe o padre, mas ele que,
em nome de Cristo, recebe a comunidade.

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b) O sinal da cruz não deve ser mudado e nem repetir a expressão “em nome”.
(Deve-se cantar dizendo apenas uma vez a Santíssima Trindade);
c) O ato penitencial: antes de tudo é preciso saber que existem 4 fórmulas de
ato penitencial:
1 – A oração do “Confesso a Deus”, seguida da absolvição “Deus todo
poderoso” e o Kyrie (Senhor, tende piedade de nós) cantado ou rezado;
2 – O diálogo “Tende compaixão de nós, Senhor”, com as devidas respostas do
povo, seguido da absolvição “Deus todo poderoso” com o Kyrie cantado ou
rezado;
3 – Os tropos propostos no Missal para cada tempo litúrgico (o mais comum é
o Senhor que vieste salvar) seguido da absolvição “Deus todo poderoso”;
4 – A bênção e aspersão da água que pode ser realizada em todos os
domingos do ano, sobretudo muito recomendada no Tempo Pascal.
d) O Kyrie eleison ou Senhor, tende piedade de nós, não se insere no Ato
Penitencial, a não ser quando se utiliza a 3º fórmula (porém sempre
acompanhada de algumas invocações de acordo com o Tempo Litúrgico; dizer
ou cantar apenas o Kyrie/Senhor tende piedade não constitui Ato Penitencial);
e) O Glória, é um “hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada
no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste
hino não pode ser substituído por outro!” (IGMR, 53).
Deve-se priorizar os hinos com a letra do glória oficial. Mesmo que se mudem as
palavras, não deve fugir muito do original. Não se pode substituir por qualquer
hino de louvor ou por simples aclamações às Três Pessoas da Trindade.
f) O canto para a apresentação das oferendas não precisa obrigatoriamente de
falar sobre ofertas. Mas é bom realçar a apresentação dos dons, a gratidão pela
vida, o louvor e a referência ao tempo litúrgico.
g) O Santo é o canto mais importante de toda a Missa, pois é o canto dos
Serafins ante o trono de Deus. (Isaías 6, 3). Como no glória, deve-se priorizar
a letra oficial ou semelhante ao original.
h) O Cordeiro, acompanha a fração do pão, podendo a aclamação “tende
piedade de nós” ser repetida mais de 2 vezes em grandes celebrações onde a
fração se prolonga.
Assim como o “Glória” e o “Santo”, por se tratar de parte fixa, não se deve
nunca alterar o texto.
i) O Canto de Comunhão “exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual
dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e realça mais a índole
comunitária da procissão para receber a Eucaristia.” (IGMR 86).
Não deve ser um canto individualista, intimista ou sentimentalista!
OBS: 1 - Não necessariamente precisa ter algo a ver com o Evangelho do dia,
se bem que isso é boa coisa para demonstrar a unidade entre a Liturgia da
Palavra e a Liturgia Eucarística;

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2 – O canto deve começar assim que o sacerdote comunga, e se prolonga
enquanto há fieis comungando;
3 – Os cantores podem, e é bom que assim se faça, comungar logo após o fim
do canto.
j) O canto final não existe em nenhum livro litúrgico, nem na tradição da Igreja.
Por ser um momento mais livre, aqui no Brasil o costume é cantar algo em
honra à Virgem Maria, ou um canto do padroeiro do lugar, ou algo relativo ao
envio e à missionariedade, já que, como batizados, nossa missão começa
quando a Missa termina.
OBS: Aqui cabem muito bem os cantos relativos aos meses temáticos, como
CF, mês da Bíblia, das vocações, das missões...
6.4 – Certas diferenças entre os diversos cantos devem ser notadas:
a) Canto sacro: expressa um tema sagrado ou religioso de forma geral;
b) Canto litúrgico: não somente tem o sagrado como temática, ela exerce uma
função específica dentro da celebração. Para tanto, não basta a uma música
litúrgica cantar sobre o sagrado, ela deve seguir uma série de critérios de modo
a se adequar à função que visa exercer dentro do rito.
6.5 – Nem todos os cantos que têm o sagrado como sua temática podem ser
considerados cantos litúrgicos, embora todo o canto litúrgico seja também
música sacra. Porém, para o canto litúrgico, não basta que sua temática seja
religiosa, é preciso ainda atender uma série de critérios muito específicos,
como letra, melodia e forma de execução.
7. Onde, ou melhor, quais materiais podemos utilizar para escolher um
canto litúrgico adequado e que seja aprovado pela Igreja?
7.1 – Existem dois livros litúrgicos aprovados pela Igreja, em que constam todo
o repertório fixo e móvel de cada celebração eucarística: o Graduale Romanum
e o Gradule Simplex.
7.2 - O Gradual Romano é o livro oficial de canto para a Liturgia Latina; contém
todos os cantos próprios para todos os domingos, festas, solenidades,
memórias dos Santos inscritos no calendário da Igreja, assim como todo o
Ordinário da Missa (Kyrie, Glória, Santo, Cordeiro). É composto por várias
melodias gregorianas, compostas com muita ornamentação, exigindo perícia e
muita concentração.
Tem a mesma essência desde 1908; a última edição é de 1974.
7.3 – Pensando em uma “edição com melodias mais simples para Igrejas
menores”, como pedido na Sacrossantum Concílium do Vaticano II, uma edição
mais fácil do Gradual “foi preparada por especialistas com cantos estabelecidos
para o Ordinário e para o Próprio da Missa, e é destinada àquelas igrejas que

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dificilmente conseguem interpretar retamente as melodias mais ornadas do
Gradual Romano”; então, foi criado o “Gradual Simples”, com última
reimpressão de 2007.
7.4 – Existe também a faculdade para que as Conferências Episcopais definam
e determinem normas à respeito do canto litúrgico em cada país ou região;
aprovem melodias adequadas, sobretudo para os textos do Ordinário da Missa;
cabe-lhes igualmente decidir quanto aos gêneros musicais, melodias e
instrumentos que possam ser admitidos e até que ponto realmente são
adequados para o uso sagrado.
Portanto, os Hinários da CNBB são também uma fonte de buscas para o canto
adequado à Liturgia, se bem que não são as melhores.
7.5 – No Missal se encontram as Antífonas de Entrada e Comunhão para a
grande maioria dos dias e tempos litúrgicos; essas podem também ser
utilizadas, desde que a melodia seja adequada para os devidos momentos.
8. Alguns pontos críticos e falhas que nos desafiam e que podemos
melhorar
8.1 – Aprimorar a formação sempre mais, sobretudo em cada novo Tempo e
Ano Litúrgico da Igreja;
8.2 – A postura inadequada dos cantores e também dos comentaristas, que
muitas vezes não ajudam o povo a rezar na Liturgia. Há muita fala, muito ruido
e distração e pouca contemplação. Por que não deixamos que a Liturgia fale
por si só?
8.3 – A falta de formação das pessoas responsáveis pela escolha dos cantos
litúrgicos, desconhecendo os critérios de escolha para cada celebração, a
funcionalidade de cada canto com relação aos vários momentos da
celebração, a hierarquia dos cantos, visto que uns são elementares, por isso
mais importantes e indispensáveis, e outros acessórios, e conforme a ocasião,
dispensáveis; a adequação dos cantos a cada tempo litúrgico e festa
celebrada, etc;
8.4 – A demasiada importância que é dada aos meses temáticos, onde muitas
vezes a mensagem da Liturgia do dia fica “apagada” para dar lugar à cantos de
vocação, missão...
O mesmo se diz quando grupos ou movimentos propões cantos que não estão
de acordo com a ação ritual ou com o mistério celebrado; prefere-se cantar NA
Liturgia qualquer música religiosa ou com um teor de mensagem do que cantar
A Liturgia que a Igreja nos dá;

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8.5 – Abuso do volume dos instrumentos; bandas e grupos que não estão
inteirados com a equipe de celebração e não tem a menor formação e
motivação Litúrgica;
8.6 – A demasiada mudança de repertório por conta da mania de novidade;
isso não ajuda o povo a aprender bem nenhum canto, sobretudo no que diz
respeito às partes fixas;
8.7 – Os textos de alguns cantos que usamos são muito insuficientes: letra
pobre da Palavra de Deus, cheia de sentimentalismo e individualismo quando a
Liturgia deve pensar no todo da comunidade;
8.8 – Continua valendo a prática da lei do menor esforço, utilizando músicas de
sucesso mundano com textos adaptados porque assim fica mais fácil;
8.9 – Faltam pessoas competentes capazes de organizar e orientar a prática
litúrgica em nossas comunidades; falta também um pouco de investimento,
tanto das comunidades quanto de cada indivíduo;
8.10 – Continua problemático o canto quando ocorre alguma celebração
diferente, como festa de 15 anos, bodas, Missas de 7º Dia, etc.; tudo se quer
colocar dentro da Liturgia e pra tudo tem que ter um canto, porém não é assim
que deve ser;
8.11 – Muitas vezes quando um grupo ou movimento propõe uma celebração,
pouco se leva em conta os textos da Liturgia, dando preferência aos cantos
próprios de cada movimento.
9. Algumas soluções práticas que propomos:
9.1 – Muitos desses problemas podem ser resolvidos com formações contínuas
e um pouco de esforço de cada comunidade e cada grupo de canto;
9.2 – Com relação à escolha do repertório litúrgico, existem canais no Youtube
que fazem todo o trabalho de musicalização das antífonas e salmos próprios do
Gradual Romano / Simples e do Missal;
9.3 – Os ritmos propostos pelos Hinários da CNBB nem sempre são bons,
muitas vezes puxados para o baião, forró etc.; seria excelente se em alguns
casos alguém se propusesse a musicá-los de outra forma;
9.4 – Sugerimos a criação de uma comissão paroquial de Liturgia, para que
sejam enviados em tempo várias opções de canto litúrgico apropriados para o
dia ou a festa a ser celebrado e assim, como uma Paróquia de fato, a exemplo
de Cristo Cabeça que dirige seu Corpo Místico, possamos caminhar juntos.

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