Felicidade é filosofia
 A felicidade, portanto, é a finalidade
Etica e felicidade
Parece estranho relacionar ética com
felicidade. Afinal, a ética se refere aos
conceitos de certo e errado, bem e mal,
e fazer certo nem sempre é prazeroso. E
importante destacar que nesse
pensamento já está contido um
pressuposto, ou seja, que felicidade é
sinônimo de prazer.
Considerar que a felicidade é a
finalidade das nossas ações éticas é o
pressuposto das filosofias do
eudemonismo (felicidade com o bem
supremo da vida).
O conceito de eudemonismo refere-se
às diversas correntes filosófica que
consideram a felicidade como o
supremo bem da vida humana. Isso
significa que, ainda que as filosofias
variem em suas concepções sobre qual é
exatamente esse supremo bem, todas
concordam que o atingir é o mesmo que
atingir a felicidade.
Aristoteles
Aristóteles entendia que a felicidade
poderia ser alcançada a partir do
exercício da virtude. Para ele, a reflexão
sobre a virtude levava o homem a obter
uma sabedoria prática e ao mesmo
tempo, filosófica, já que só poderia ser
obtida pelo uso da razão. Aristóteles
compreende que essas atividades
possuem caráter tanto moral como
intelectual.
última das ações humanas. Aristóteles
chama assim a felicidade maior dos
bens ou de sumo bem. O bem de cada
coisa é aquilo que cada ser tem de
próprio.
Essa forma de viver também pode ser
chamada de vida contemplativa ou vida
teorética. É um modo de vida superior
em relação a vida dos prazeres e a vida
prática, por exemplo, a vida política. É
superior pelos seguintes motivos:
primeiro, porque o entendimento é que
há de mais excelente em nós, e as coisas
que o entendimento conhece são as mais
excelentes entre as coisas que podem
ser conhecidas
A contemplação vem acompanhada
de uma espécie de prazer que é próprio
dessa atividade, caracterizada por ser
mais dura dores ano. Trata-se de um
prazer próprio da felicidade, mas se
constitui a felicidade em si. Por isso,
essa atividade corresponde ao modo de
vida mais autossuficiente
As virtudes
Mas para esse tipo de vida
contemplativa realmente " dar certo", é
preciso ocupar todo o tempo do ser
humano com hábitos. Seria preciso
desenvolver o entendimento da
necessidade prática de criar hábitos. As
virtudes estão divididas entre
dianoéticas ou intelectuais e dianoias ou
morais. Para atingir a virtude, é preciso
procurar o termo médio. A virtude
consiste no termo médio, isto é, o
equilíbrio entre duas partes extremas
opostas. Por exemplo, a coragem é o
justo meio entre covardia e temeridade.
A diferença entre virtude intelectual e
virtude moral reside no fato de que a
primeira deve ser desenvolvida pelo
ensino; já a virtude moral necessita do
hábito isso quer dizer que as virtudes
não surgem em nós por natureza. Elas
precisam ser desenvolvidas, ou seja,
cultivadas.
Filosofia helenística
O helenismo refere-se às correntes
filosóficas que perduraram por vários
séculos, desde Sócrates, no século IV
a.C., até o ápice do Império Romano,
mais ou menos até o final do século Il
d.C. e possivelmente com influência que
pode ser sentida novamente a partir do
renascimento.
As características gerais das filosofias
desse período, também conhecidas
como filosofias helenísticas, são as
seguintes:
•menor interesse pela metafísica e
atenção principal para a vida ética;
•compreensão da Filosofia como modo
de vida e a busca pelas características
fundamentais de uma pessoa sábia;
•busca pela chamada paz de espírito
que, em grego, é denominada de
ataraxia (ausência de perturbações e
inquietações do espirito).
Para o filósofo helenista Epicuro, a
Filosofia é uma atividade que procura,
com discursos e raciocínios, a vida feliz.
Já para os estoicos, a Filosofia é a arte
que rege a vida!
Uma das razões principais para essa
mudança no conceito de Filosofia teria
sido a crise histórica do mundo antigo.
Quando as pólis gregas perderam seu
poder político, o heleno, em geral,
voltou-se para uma atividade mais
interior, a Filosofia - mas uma filosofia
como uma spécie de espiritualidade,
adequada mais ou menos para um
público.
Sócrates já havia compreendido que a
Filosofia é de fato um modo de vida. A
verdadeira vida filosófica é aquela que
procura responder à pergunta: qual é o
melhor modo de viver? A resposta
socrática seria a busca pelo saber (isto é,
a vida filosófica).
Antístenes discípulo de Sócrates,
fundou a escola cínica. cínicos
consideram que a felicidade vem por
meio da autarquia ou da
autossuficiência e que, para alcançá-la,
é preciso refletir sobre o que é
necessário. Bem-estar, honras, riquezas;
nada disso interessa, assim como o
prazer dos sentidos e do amor, que
devem ser evitados ainda mais.
O cínico se recusa a explicar
teoricamente seu modo de vida, uma
vez que tal teorização já é uma
convenção. Desse modo, para o cínico,
a felicidade consiste em viver em
sociedade, questionando as pessoas na
cidade sobre a vida que viviam e a
cultura. O cínico despreza tudo o que
seja convenção e não natureza. É
indiferente à família, à pátria, e, por
isso, se sente cidadão do mundo. Essa é
uma característica importante da
filosofia cínica, porque será a primeira
manifestação mais clara do ideal
cosmopolita, ideia que nasce e floresce
no período helenístico.
Estoicos
O estoicismo foi uma das principais e
talvez a mais complexa e profunda
filosofia do período helenístico. Como é
típico das filosofias dessa época, o
estoicismo também procura determinar
a melhor forma de se viver, tornando
sábios aqueles que a alcançassem. Os
filósofos estoicos elaboraram uma
filosofia dividia em três partes, física,
lógica e ética, mas seu principal
interesse é essencialmente ético. Essa
ética também se fundamenta no ideal da
autarquia, isto é, o sábio é aquele que se
deve bastar a si mesmo. O bem supremo
é a felicidade, que não tem a ver com o
prazer, e a felicidade consiste na
aquisição e prática da virtude. Mas o
que é exatamente essa virtude?
A virtude consiste em viver de acordo
com a nossa verdadeira natureza, que,
para os estoicos, é nossa parte racional.
Os estoicos compreendem que a razão
humana é uma parcela de uma razão
universal.
estoicos compreendem que a razão
humana é uma parcela de uma razão
universal. Desse modo, a nossa razão
nos põe de acordo com o universo
inteiro, ou seja, pode nos colocar em
harmonia com a natureza. Portanto, o
sábio é aquele que compreende a
natureza, aceitando-a tal como ela é, e
se harmoniza totalmente com ela. isso
faz o filósofo estoico concluir que
obedecer ao destino é a verdadeira
liberdade.
Aceitar o destino é característica da
moral do estoicismo. para os estoicos,
os bens dessa vida podem ser, no
máximo, desejáveis e apetecíveis, mas
não possuem verdadeiro valor e
importância, como a virtude. Os
estoicos afirmam que há coisas que
dependem e que não dependem de nós.
Para os estoicos, os bens dessa vida
podem ser, no máximo, desejáveis e
apetecíveis, mas não possuem
verdadeiro valor e importância, como a
virtude. Os estoicos afirmam que há
coisas que dependem e que não
dependem de nós. Dessa forma, existe
uma brecha dada pela razão universal e
os estoicos acreditavam ser possível
tomar atitudes nessas brechas, momento
esse de liberdade que eles chamam de
acontecimentos. Esse momento deve ser
utilizado para garantir a felicidade.
Deve-se entender que, mesmo havendo
situações que não se pode mudar porque
a razão universal assim o fez, isso não
quer dizer que não se deve agir quando
for possível, anulando a percepção
diante das situações adversas. Mesmo
em situações graves, como uma guerra
ou um conflito qualquer, não se deve ser
inerte
Epicurismo
[No Epicurismo, fica ainda mais claro imperturbabilidade também são as
que a Filosofia é um modo de vida condições para essa vida feliz.
particular, e não exatamente um
conhecimento do ser (tal como era para
Sócrates, Platão e Aristóteles para quem
modo de vida e conhecimento do ser
estavam interligados). A escola adquiriu
um aspecto mais acentuadamente
religioso, sobretudo após a morte do seu
fundador. O Epicurismo manteve sua
influência até o século IV d.C.
Epicuro compreende que o prazer é o
verdadeiro bem; é o prazer que nos
indica aquilo que nos convém e aquilo
que não nos convém fazer. Assim, ao
contrário das outras filosofias, como a
cinica e a estoica, o Epicurismo afirma
que o prazer não deve e não pode ser
desprezado nem excluído - deve ser o
guia, e deve ser fruído, isto é,
aproveitado, mas de uma maneira
razoável.
o ideal do sábio para o Epicurismo é
mais uma vez o ser humano sereno,
moderado, que tem como guia a
temperança. A adversidade, a dor física
e a morte não
alteram a serenidade do epicurista. É um
ideal de ascetismo - e, de certo modo,
lembra o estoicismo. A diferença é
justamente o critério para o epicurista, o
bem estar identificado com o prazer
racional. Para o estoico, o bem estar
identificado com a razão) os epicuristas,
assim como os cínicos, também se
apartam dos assuntos públicos,
desligam-se da sociedade e formam
comunidade pela busca dos prazeres da
alma. Autossuficiência e