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4 o homem cr ou as c dades

A vida nas grandes cidades m odernas estabelece um a dist ncia enorm e entre
seus habitantes e a nature a. com um as professoras darem às crianças da pr -
escola um gr o de feij o deitado sobre um pedaço de algod o m olhado para que
o aluno tenha ao m enos um a ideia sobre o ciclo de vida vegetal: de outra form a,
ele poderia pensar que vegetais s o fabricados em sacos plásticos ou caixas,
ostentado cores atraentes e c digos de barras. O fato que o habitante de um a
cidade recebe sua form aç o em vista do m undo que espera, e n o de um a
ligaç o com a nature a org nica. Despreparado, candidato à m orte por
inaniç o caso se perca num bosque n o m uito distante de casa: n o reconhece
árvores frut feras e ra es que podem servir de alim ento incapa de m atar
pequenos anim ais im provisando arm as n o sabe tecer com fibras de piteiras e
palm eiras um a proteç o adequada e, sem instrum entos industriais, perde o senso
de locali aç o, n o encontrando o cam inho de volta.
Há toda um a sabedoria desenvolvida ao longo de m il nios, que n s, urbanos,
j ogam os fora pela j anela do nosso confortável apartam ento. A nature a foi
dom inada pelos hum anos com o grupo, n o com o indiv duos isolados. O poder
que sentim os na qualidade de reis dos anim ais nos dá a falsa sensaç o de que
cada um de n s capa de perpetrar as proe as que apenas alguns conseguem
reali ar.
Com o, por exem plo, sobreviver num bosque.
Urbanos por excel ncia, som os dependentes. Dependem os do agricultor que
planta e do boia-fria que colhe do engenheiro que projeta, do operário que
fabrica e do com erciante que vende dependem os da prospecç o de petr leo no
Golfo P rsico, da água dom ada em Itaipu, da lenha das florestas di im adas pelo
pa s todo. Nossas pernas s o as rodas dos nibus e dos trens, nossos olhos s o o
v deo da televis o, nosso hori onte s o os postais que am igos nos im pingem ap s
suas viagens pasteuri adas.
N o, n o da cidade m oderna, m uito m enos da m etr pole que vam os falar
aqui. Quando falam os de revoluç o urbana, n o se pense em cidades com o as
nossas, nem em cidad os com valores sem elhantes aos nossos.
POR QUE surgem as cidades?

Antes de tudo, por qu ? Mais um a ve a resposta n o fácil. N o havia


fundadores destem idos ou idealistas decididos a fundar um a cidade. N o havia
consci ncia individual ou de grupo que tenha levado pessoas a plantar os
alicerces de agrupam entos urbanos no Egito ou na Mesopot m ia. N o havia
m odelos e objetivos bem determ inados com o os daqueles que criaram Bras lia,
Belo Hori onte ou Londrina, nem m esm o proj etos m ais ou m enos claros, com o
os daqueles que fundaram tantas cidades em nosso pa s.
Há 5 ou 6 m il anos n o havia refer ncias para serem seguidas ou
par m etros previam ente estabelecidos e a estruturaç o das cidades decorre de
um a s rie de circunst ncias sociais com plexas a ponto de, at hoj e, n o haver
consenso a respeito dos fatores m ais relevantes a respeito do tem a.
Voltando ao porqu : Gordon Childe fala de um a revoluç o que “transform ou
pequenas aldeias de agricultores autossuficientes em cidades populosas . A
im press o que a frase nos passa a de que logo ap s se organi ar
sedentariam ente com o agricultor, atingindo a autossufici ncia e adm inistrando o
excedente, o hom em adm inistra um a nova m udança, desta feita quase natural e
sem pre obrigat ria: a urbani aç o.
Um rápido olhar acusa um a aparente coincid ncia: a agricultura inicia-se no
Oriente Pr xim o, a urbani aç o tam b m . Falam os m ais exatam ente do
Crescente F rtil (vide m apa na página 44) com o local onde as Revoluções
Agr cola e Urbana teriam se reali ado.
Assunto resolvido, portanto? N o. Se houve um a relaç o m ec nica entre
um a revoluç o e outra, por que a organi aç o de cidades n o ocorreu com todos
os produtores de alim ento do Crescente F rtil? Por qual m otivo em alguns lugares
as aldeias se transform aram em cidades e noutros elas continuam no m esm o
estado durante s culos (e at m il nios)? O que fe com que a urbani aç o tenha
sido um privil gio, ao m enos inicial, do sul da Mesopot m ia e do vale do Nilo?
O especialista Braidwood arrisca um a engenhosa hip tese para explicar a
quest o. Para ele, as encostas das m ontanhas e os vales podem ser cultivados
sem grande dificuldade. No caso de regiões onde hoj e ficam o L bano, a S ria ou
Israel, a terra f rtil e a chuva de inverno funcionaram com o elem entos
favoráveis ao plantio e as m ontanhas ra oavelm ente verdejantes com o local
adequado ao pastoreio. Um local “feito de encom enda para agricultores
principiantes que poderiam “levar um a vida apra vel, sem m uito trabalho . A
larga extens o de terras perm itiria ainda pequenos deslocam entos por parte dos
grupos por ocasi o do esgotam ento do solo.
Já no sul do Egito e da Mesopot m ia, as condições geoclim áticas eram (e
continuam sendo) bastante diferentes. A chuva, nesses locais, praticam ente
inexistente. A fertilidade da terra, ap s as cheias, excelente. Mas para ela ser
utili ada pela agricultura, de form a sistem ática, os rios precisam ser dom ados.
Tom e-se o Nilo, por exem plo. O rio, anualm ente em fins de setem bro ou
com eço de outubro, inundava suas m argens, depositando nelas vivificante
cam ada de solo novo, rico em m at ria org nica. Junto com os benef cios que
tra ia, a cheia criava p ntanos e infestava as m argens de crocodilos. Era
necessário constru rem -se diques e reservat rios para controlar a água, soltando-
a lenta e adequadam ente, de m odo a n o encharcar em excesso ap s as cheias
nem perm itir que a terra gretasse m eses depois.
Com o Tigre e o Eufrates, na Mesopot m ia, as condições naturais eram
diferentes, m as o processo cam inhava na m esm a direç o. Lá, por conta da
irregularidade do degelo nas vertentes, as cheias eram surpreendentes e
intem pestivas às ve es destruidoras. A extrem a fertilidade das terras às suas
m argens (pelo m enos ao sul de Bagdá) requeria um a defesa contra a
im previsibilidade dos rios, o que era obtido por m eio da construç o de valas que,
graças à topografia plana e aos canais e braços naturais, desviavam as águas
para onde fosse necessário.
No Egito e na Mesopot m ia havia, portanto, condições potenciais altam ente
favoráveis à agricultura, condições essas, entretanto, que precisavam ser
aproveitadas com um trabalho sistem ático, organi ado e de grande envergadura.
Talve por isso a urbani aç o tenha-se desenvolvido antes a e n o em outras
regiões do Oriente Pr xim o.
A necessidade a m e das invenções. Nos vales e encostas f rteis e
relativam ente chuvosos, a vida corria norm alm ente e as pessoas n o precisavam
tornar m ais com plexas suas relações de trabalho. Mas construir diques, cavar
valetas, estabelecer regras sobre a utili aç o da água (para que quem tivesse
terras perto dos diques n o fosse o nico beneficiário) significava controlar o rio,
fa -lo trabalhar para a com unidade.
Claro que isso dem andava trabalho e organi aç o. O resultado, no entanto,
foi fertilidade para a terra e alim ento abundante para os hom ens.
Essa foi a base das prim eiras civili ações.

URBANIZAÇ O e civili aç o

Durante m uito tem po, e por inspiraç o dos fil sofos racionalistas do s culo
XVIII, a palavra ci ili aç o significou um conj unto de instituições capa es de
instaurar a ordem , a pa e a felicidade, favorecendo o progresso intelectual e
m oral da hum anidade.
Dessa form a, com o j á vim os na introduç o deste livro, haveria um corte
n tido entre pr -civili ados e civili ados. Estes, europeus e alguns de seus
descendentes diretos, e os outros, todos aqueles que por terem cultura e padrões
de com portam ento m uito distinto do nosso constituiriam um a esp cie de hom ens
inferiores, criando ou sociedades prim itivas ou sim plesm ente se situando à
m argem da lei.
Essa concepç o euroc ntrica de m undo (a qual, no lim ite, redu iria a noç o
de civili ado a apenas m eia d ia de povos que tiveram influ ncia na form aç o
do m undo ocidental) encontra seu contraponto num a outra, no extrem o oposto,
que opta por atribuir a qualquer pequeno grupo de indiv duos capa es de am assar
o barro e construir palhoças o conceito de ci ili aç o.
As cidades representam a
grande revoluç o da
hum anidade. Elas perm item
o trabalho organi ado de um
grande n m ero de pessoas
sob um a liderança que vai
adquirindo legitim idade, a
ponto de estabelecer
sanções para os que se
recusam a cum prir as
tarefas estabelecidas.

m uito dif cil, m as altam ente conveniente despir essa palavra de


conotações valorativas. Evitando isso, poderem os estabelecer com m aior
facilidade e precis o as caracter sticas que definem um a civili aç o.
Ci ili aç o, j á o dissem os em páginas anteriores, n o um elogio e pr -
ci ili ados n o pode ser tom ado com o ofensa. Devem os caracteri ar a
civili aç o com par m etros obj etivos para n o fa erm os dem agogia, dificultando
m ais ainda a com preens o do processo hist rico.
Um a civili aç o, via de regra, im plica um a organi aç o pol tica form al com
norm as estabelecidas para governantes (m esm o que autoritários e injustos) e
governados im plica proj etos am plos que dem andem trabalho conj unto e
adm inistraç o centrali ada (com o canais de irrigaç o, grandes tem plos,
pir m ides, portos etc.) im plica a criaç o de um corpo de sustentaç o pol tica
(com o a burocracia de funcionários p blicos ligados ao poder central, m ilitares
etc.) im plica a incorporaç o das crenças por um a religi o vinculada ao poder
central, direta ou indiretam ente (os sacerdotes eg pcios, o tem plo de Jerusal m
etc.) im plica um a produç o art stica que tenha sobrevivido ao tem po e ainda nos
encante (o passado n o existe em si. Se dele n o tem os not cia com o se n o
tivesse existido) im plica a criaç o ou incorporaç o de um sistem a de escrita
(esse item n o elim inat rio): os incas n o tinham propriam ente um a escrita,
nem por isso deixavam de ser civili ados) im plica finalm ente, m as n o por
ltim o, a criaç o de cidades.
De fato, sem cidades n o há civili aç o.
As grandes descobertas e invenções do Neol tico seriam apenas
com odidades se n o provocassem , por m eio e por causa da urbani aç o, um a
significativa m udança socioecon m ica.
A roda, a m etalurgia, o anim al de traç o, o barco a vela tiveram seu caráter
transform ador por se integrarem a um a nova organi aç o social propiciada pela
urbani aç o.
Nas num erosas aldeias espalhadas pelo Crescente F rtil n o havia
necessidade de levar os inventos e as descobertas at a sua utili aç o m áxim a. Já
no sul da Mesopot m ia e do Egito tudo foi usado para que o hom em pudesse
enfrentar e dom inar a nature a.
Isso significa grande n m ero de pessoas atuando de form a organi ada pela
incorporaç o de conhecim entos sociais e sob um a liderança que vai se
estabelecendo e adquirindo legitim idade.
Há a um a relaç o dial tica: invenções e descobertas s o pr -condições
para a organi aç o social do tipo urbano, que por seu lado provoca novas
descobertas, m ediante o processo de exploraç o e adequaç o ao m eio am biente.
A cidade n o apenas decorre de um determ inado grau de desenvolvim ento
das t cnicas e do conhecim ento hum ano, em geral. Ela tam b m im pele a
esp cie hum ana a crescer.

DO CAOS à cidade

Há, na B blia, logo no in cio do Livro do G nesis, a descriç o de com o Deus


criou do caos os c us e a terra. Hoje sabem os que m uito do que lem os nos
prim eiros livros b blicos s o adaptações de m itos criados a partir do m undo
concreto em que os sum rios e outros povos m esopot m icos viviam , tendo em
vista que os hebreus constitu am um povo sem ita de origem m esopot m ica.
bem poss vel que esse caos b blico, que culm inou com a separaç o entre
c u e terra, n o fosse sen o a representaç o do caos m esopot m ico, em que
água e terra n o tinham separaç o definida, e no qual p ntanos cobertos de
j uncos entrem eados de tam areiras e de anim ais anf bios n o fossem terra nem
água.
Aqui, contudo, n o foi nenhum deus quem provocou a separaç o das partes:
foi o hom em , abrindo canais para irrigar os cam pos e secar os p ntanos
construindo plataform as para proteger hom ens e gado das enchentes dom inando
a água por m eio de diques e definindo a terra no m eio dos j uncos.
Criando, do caos, a terra e a água.
Com o Deus.
A recom pensa terra para lavrar, água para irrigar, t m aras para colher e
pastos para a criaç o fixou o hom em à terra.
A partir do prim eiro m ont culo de terra f rtil conquistado ao caos, m ais terra
foi sendo liberada pelo hom em com a dissem inaç o de canais am pliados e o
crescim ento do agrupam ento hum ano.
Hom em algum , por m ais poderoso que fosse, e fam lia algum a, por m ais
num erosa que fosse, poderiam dom inar so inhos esse am biente. Era um trabalho
de grupo que exigia estoques de alim ento a fim de liberar m uitos indiv duos para
a tarefa coletiva, pois estes, enquanto reali avam tais obras, n o produ iam
diretam ente seus alim entos. Quanto m aior o pedaço de terra a ser resgatado ao
caos, m aior n m ero de trabalhadores tinha de ser requisitado e m ais com ida
tinha de ser colocada à disposiç o deles.
Alim ento excedente em quantidade crescente exige quantidade crescente de
força de trabalho concentrada e organi aç o social m ais com plexa.
o cam inho do caos à cidade.

CIDADE e poder

Na aldeia de terras f rteis do Neol tico, o indiv duo isolado ou em grupo


fam iliar tinha m ais poder do que nos prim eiros agrupam entos que se constitu am
no sul do Egito e da Mesopot m ia. Lá ele podia se desgarrar do grupo para
exercer sua atividade de lavrador e de criador, com possibilidade de sucesso.
Aqui tinha de fa er parte do grupo m aior, um de m uitos, elem ento da
engrenagem : o grupo dependia dele e ele do grupo. Colocar-se à m argem da
com unidade era colocar-se à m argem da terra resgatada aos p ntanos e da água
canali ada. A sociedade que prem iava o m em bro que dem onstrava bom
com portam ento, punia aquele que falhava, por m eio de sanções que o
condenavam a viver fora da estrutura de produç o.
Quando o l der exigia o trabalho de algu m , fa ia-o em nom e do grupo que
o apoiava: a solidariedade social podia ser im posta.
O pr prio esp rito de aventura encontrava lim ites bem -estabelecidos: quando
al m do oásis (no caso do Egito) ou da terra firm e e f rtil (na Mesopot m ia)
havia apenas deserto ou caos, o jovem tinha m ais ra ões para se conform ar e
desenvolver um com portam ento de “bom m enino .
O rei investia-se do poder m oral, que era outorgado pelo interesse do grupo
e do poder de coaç o, podendo aplicar sanções a preguiçosos, m arginais ou
descontentes em geral. Tratava-se de opor o interesse geral ao particular e o
restante n o contava.
Ricos no que se refere à fertilidade das terras, m esopot m ios e eg pcios
eram m uito pobres em m at rias-prim as, algum as delas essenciais. O vale do
Nilo n o tinha m adeira para construç o, nem pedras ou m in rios. A Sum ria n o
estava em situaç o m elhor.
Com as obras hidráulicas, os eg pcios e os sum rios desenvolveram um
com rcio com povos vi inhos destinado a suprir suas terras das m at rias-prim as
fundam entais. Form a-se ent o um grupo de com erciantes, de trabalhadores em
transportes e de artes os para trabalhar a m at ria-prim a, todos eles alim entados
pelo restante da sociedade que continuava a produ ir alim entos.
Depois surgiram os soldados para proteger os com boios, escribas para
registrar os neg cios e toda um a gam a de funcionários do Estado para conciliar
eventuais conflitos de interesses. Aparecem tam b m funcionários religiosos e
tem plos e um a s rie de cortes os in teis, fam iliares e am igos do rei.
Os achados arqueol gicos confirm am esse processo. Pesquisadores de
cam po notam um a substancial diferença entre os objetos encontrados datados de
5 m il e os de 6 m il anos. Os m ais antigos s o instrum entos de agricultura e caça e
um ou outro objeto de uso dom stico, denotando um a com unidade de
agricultores sim ples. Já os de 5 m il anos constituem m obiliário dos tem plos,
arm as, j arros e outros obj etos feitos em s rie. Encontram os ainda tem plos,
t m ulos im ensos (com o as pir m ides) e palácios.
A m udança no m aterial arqueol gico denota alterações na econom ia das
sociedades que produ iam o m aterial. Denota tam b m m aior com plexidade nos
pap is sociais, um a verdadeira divis o de trabalho em ve de sim ples divis o de
tarefas e a instituiç o de um poder pol tico que n o m ais aleat rio ou ocasional,
m as que se solidifica e busca perpetuar-se.
Ao contrário da liderança nas aldeias, provis ria e suj eita a perm anentes
contestações, aqui o rei esquece as ra ões que o levaram a liderar (o consenso do
grupo social com vistas ao bem com um ) e sob a alegaç o de sua origem divina
(no caso do Egito) ou legitim aç o divina (no caso da Mesopot m ia e, m ais tarde,
entre os reis de Israel e Judá) passa a j ustificar suas atitudes autoritárias, seu luxo
acintoso e sua vida desligada da dos produtores diretos.
A cidade populosa. Concentrações entre 10 m il e 35 m il habitantes eram
com uns, segundo os especialistas. Há lugares predeterm inados para as casas e as
oficinas, m as os palácios e tem plos ocupam os locais de destaque. A
solidariedade que justificara sua construç o se esvai o cam pon s, produtor direto
de alim entos, m arginali ado pela sociedade urbana que ele aj udou a construir e
que continua a alim entar.

A CIDADE se expande

Ao necessitar de m at rias-prim as que n o eram encontradas em seu


territ rio, os governantes das prim eiras cidades expandem os seus tentáculos. Por
m eio dos contatos propiciados pelo com rcio, vem os vários povos, vi inhos aos
sum rios e aos eg pcios, transform ando aldeias em cidades. Isso ocorre no que
hoj e a S ria, o Iraque, o Ir , Israel, Creta e, depois, cada ve m ais longe.
Agrupam entos hum anos sim ples, com postos de aldeia e cam po, antes produtores
autossuficientes de alim entos, m etam orfoseiam -se em cidades com plexas com
atividades m anufatureiras.
interessante verificar a influ ncia que as cidades-m es desem penham
sobre as outras. Isso se evidencia n o s por m eio de estruturas sociopol ticas
m uito sem elhantes, com o por padrões de com portam ento e valores. Enquanto a
Revoluç o Agr cola ocorreu em grande parte de form a espont nea, a Revoluç o
Urbana desenvolveu-se m ais pela difus o, por m eio de vários m ecanism os, um
dos quais o desenvolvim ento da atividade com ercial.
Atrás das m at rias-prim as, os com erciantes procuravam as regiões que as
produ iam , onde encontravam grupos hum anos j á estabelecidos. Coube aos
eg pcios e sum rios convencer esses grupos a extra rem m etais, m adeiras ou
pedras em quantidade m uito superior à que estavam habituados. Quando
obtinham sucesso em suas tentativas, os com erciantes provocavam profundas
alterações no dia a dia desses povos, que deveriam especiali ar-se para dar conta
da dem anda dos produtos solicitados. Na verdade, um a parte da populaç o tinha
de produ ir alim entos para esses que haviam se especiali ado, reprodu indo o
esquem a que j á vim os acim a. Em casos extrem os, a coisa foi ainda m ais longe.
o caso de Biblos, cidade situada no que hoj e o L bano, onde os eg pcios iam
buscar o cedro, excelente m adeira para barcos e construç o de edif cios e
tem plos.
A presença eg pcia em Biblos foi m uito grande: seus funcionários levaram
para a regi o suas crenças e sua escrita, sua arte e sua adm inistraç o. Os fen cios
tom aram contato com a cultura eg pcia, assim ilando-a, e criaram suas cidades a
partir da .
Às ve es a presença do com erciante n o era aceita pacificam ente, m as
im posta pela força. Nesses casos, o invadido ou se organi ava tecnicam ente para
a defesa ou era m assacrado, num tipo de guerra com um na Antiguidade. Para se
defenderem de m aneira efica contra inim igos que dom inavam a m etalurgia,
era necessário que os invadidos tam b m conhecessem a t cnica da fabricaç o
de arm as brancas, o que, de um a outra form a acabava provocando a difus o da
cultura urbana, ou seja, da civili aç o.
O trágico para a cultura era quando um povo aprendia apenas as t cnicas
ligadas à atividade b lica e se aperfeiçoava ao m áxim o, a ponto de destruir a
civili aç o da qual obtivera seu conhecim ento.
Nessas ocasiões que foram m uitas ao longo dos tem pos a im press o de
que a Hist ria cam inha para trás.
A cheia que anualm ente beneficiava o Egito tam b m criava p ntanos. Diques e
reservat rios necessários ao controle da água s podiam ser reali ados pela aç o
de grande n m ero de pessoas socialm ente organi adas.

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