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editorial ficha técnica

Editor‑in‑chief info@difmag.com
“Editorial: Artigo de fundo ou artigo destacado num
perió­dico, geralmente com as ideias e opiniões da di- Trevenen Morris‑Grantham www.difmag.com
recção do periódico” (Dicionário Priberam da Língua trevenen@difmag.com myspace.com/difmagazine
Portuguesa). Não pensem, estimados amigos da DIF, que Redacção e Departamento Comercial
é fácil resumir numa dúzia de linhas uma visão comum a Design G ráfico & Direcção Criativa
um grupo generoso de colaboradores, como a DIF se orgu- José Carlos Ruiz Martínez Rua Santo António da Glória 81. 1250‑216 Lisboa
lha de ter (já agora, se tiverem ideias criativas e origi- joseglobal@gmail.com Telefone: 21 32 25 727 ‑ Fax: 21 32 25 729
nais para artigos, é favor entrarem em contacto). Há dois, Propriedade
três tipos de fugir sorrateiramente à questão sempre fun- Editora de Moda e Beleza Publicards, Publicidade Lda.
damental do editorial – por norma, o último texto a ser Susana Jacobetty
escrito antes das páginas que estão neste momento a ler susanajacobetty@difmag.com Distribuição
serem impressas: por um lado, há a tendência de pegar Publicards ‑ publicards@netcabo.pt
num tema em foco na revista e abordá-lo nas primeiras Edição Impressão
páginas da mesma, quase que justificando o elo comum Filipa Penteado (Moda . Cinema) BeProfit ‑ Av. das Robíneas 10, 2635‑545 Rio de
entre esse artigo e um sem número de outros; por outro, po- filipa@difmag.com Mouro
demos sempre agarrarmo-nos a algo comum à sociedade: Pedro Primo Figueiredo (Música . Cultura) Sogapal ‑ 2745‑578 Queluz de Baixo
se o nosso ângulo fosse mais noticioso, poderíamos trazer ppfigueiredo@difmag.com
para a discussão algum tema político, social, económico – Célia Fialho (Música . Arte . Cultura) Registo ERC
sendo a DIF voltada para a vida urbana e o quotidiano 125233
das emoções, poderíamos, no número em questão, falar da Colaboradores Número de Depósito Legal
chegada da Primavera, do começo da época dos festivais Ana Cristina Valente, Carlos Noronha Feio, Carolina
(de música, cinema, etc.), das novas tendências de moda. 185063/02 ISSN 1645‑5444
de Almeida, Emanuel Amorim, Heike Himmel, Hugo
Não impossível seria, ainda, fazer algum tipo de rescaldo Israel, João Bacelar, João Telmo Dias, José Reis, Copyright
de algum evento decorrido entre o número anterior e o pre- Publicards, Publicidade Lda.
sente – o regresso da Moda Lisboa a Lisboa, por exemplo. Laura Alves, Laura Hamilton, MANU, Margarida
Curiosamente, fosse qual fosse o caminho escolhido, dificil- Rocha de Oliveira, Manuel Simões, Miguel Gomes- Tiragem e Circulação média
mente estaríamos a falar em nome de todos os que da nos- Meruje, Nuno Moreira, Pedro Gonçalves, Raquel 21 000 exemplares
sa ficha técnica constam. Por isso, optámos, no número 73 Botelho, Ricardo Preto, Rita Sobreiro, Samuel Cruz, Periodicidade
da DIF, em falar na dificuldade, por vezes alheia – natu- Sara Vale, Sónia Abrantes, Telmo Mendes Leal, Mensal
ral e felizmente – ao leitor, de apresentar um editorial coe- Tiago Santos, Tiago Sousa,.
rente com as vontades e desejos de uma redacção exigente Assinatura
e criteriosa. Sabem que mais? Esqueçam, neste número, o Este mês 10 €
editorial, e saltem já para os conteúdos à vossa frente. O Afonso Cabral, Ana Rita Sevilha, Frederico van Parceiro Ilustração e arte
editorial da DIF volta no número 74, e mais uma vez, não Zeller, Luciana Cristhovam, Luis Spencer Freitas,
fazemos ideia do que nele constará. Voltem também e ve- Madalena Saudade e Silva, Mariana Duarte Silva,
nham descobrir o que nos une daqui a um mês (mas antes, Raquel Ochoa, Vasco Vicente, Vera Marmelo.
claro, espreitem as dezenas de páginas a seguir a esta).

Fotografia
João Bacelar
Styling
Susana Jacobetty
Modelo
Alice (Central Models)
73 Look Outono/Inverno 2010/11
Aleksander Protic

ERRATA
Na edição passada no editorial Bosque na 1ª
e 2ª páginas, deveria ter entrado a seguinte legenda:
vestido Pepe Jeans, casaco Pedro Pedro, colar Rita
Vilhena Jóias, botas Louis Vuitton. E na última, anel
Valentim Quaresma.
www.pepejeans.com

Alexa Chung with Boyd Holbrook & Tom Guinness


índice

12. Kukies 36. Red Bull Street Style 54. Beleza


28. Retro Culture Danças com bolas Looking 4 Beauty
Regresso ao futuro e directo ao passado Texto Laura Alves Fotografia Luciana Cristhovam
Texto Célia F Fotos Heike Himmel Realização Susana Jacobetty

30. O que andamos a ouvir 38. Moda 58. Moda


Organic Anagram Industries Check Out the Product Placement
31. Música
Texto Sara Vale Fotografia João Bacelar
Sérgio Hydalgo
40. Arte Realização Susana Jacobetty
Texto Sónia Abrantes
Fotografia Vera Marmelo Estricnina, menina e moça 70. Moda
Texto João Telmo Dias Balance
32. Música
44. Design Fotografia Frederico van Zeller
Meifumado
Village Underground Realização Susana Jacobetty
Uma editora portuguesa, com certeza
Texto Pedro Figueiredo Uma nova vida para antigas carruagens 76. Agenda
Texto Telmo Mendes Leal Destaque, Música, Cinema
33. Música
Idealipsticks 46. Arquitectura 81. Guia de Compras
As novas vozes do indie rock espanhol Moov, um estúdio híbrido de arte e projecto 82. Desilluminati
Texto Ana Cristina Valente Texto Ana Rita Sevilha O Cavalheiro do Rossio
34. New Stars Factory 48. Surface Texto: Raquel Ochoa
Raquel Ochoa Alexander James Ilustração: Vasco Vicente / WHO
Texto Ana Cristina Valente Taxi Series - Tóquio
Texto Carolina de Almeida
Afonso Cabral, nascido em Lisboa em 1986,
concluiu a sua licenciatura em Ciências da Cultura na
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em
2009. Depois de rápidas passagens enquanto esta‑ Luciana Cristhovam nasceu em São Raquel Ochoa tem dedicado grande parte
giário pela Culturgest e Flur, onde se dedicou princi‑ Paulo, Brasil, em 1978, e vive em Lisboa desde 2005. do seu tempo a viajar e a escrever. Tem três livros
palmente à parte da comunicação, continua a exercer Começou a fotografar em 1999, influenciada pelos publicados, cada qual sobre um continente dife‑
essa função, agora no Musicbox, no Cais do Sodré. estudos das artes plásticas e moda. Foram essas ar‑ rente. «O Vento dos Outros» (2008), sobre a
Contudo, é na composição e na execução da música tes que definiram o seu estilo de trabalho. Colabora América do Sul; «Bana – Uma vida a cantar Cabo
que Afonso Cabral se sente realmente em casa. É vo‑ com agências de publicidade e revistas em Portugal Verde» (2008) e «A Casa-Comboio» (2010) ro‑
calista dos You Can’t Win, Charlie Brown, projecto e no Brasil. Este mês fotografou as nossas páginas de mance-histórico sobre a Índia,   lançado recente‑
ao qual dedica todo o seu tempo livre. Este mês es‑ beleza. -- Madalena Saudade e Silva mente pela Gradiva e vencedor do Prémio Literário
creve na DIF sobre o primeiro álbum de Toro Y Moi. nasceu em 1969. Frequentou de forma muito torta o Revelação Agustina Bessa-Luís. É licenciada em
-- Ana Rita Sevilha é arquitecta de forma‑ curso de Direito até ao 5.º ano, e desistiu do mesmo Direito e repórter de viagens. Nesta edição da DIF
ção, com uma passagem pela joalharia, e jornalista por a duas cadeiras do fim. Descobriu então que a músi‑ escreveu a crónica Desilluminati, para além de ser
acidente. Desde cedo que uma caixa de lápis e uma ca africana era a sua paixão, e existia muito mais na rua a nossa “New Star”. -- Vasco Vicente, 24
folha em branco lhe fazem as delícias. Gosta de arqui‑ do que aquela que se ouvia na Praça de Espanha. anos, licenciou-se em 2008 em Design Gráfico
tectura, design, moda, arte, e de viajar, viajar muito, para Madalena é uma das ex-proprietárias da discote‑ pelo IADE, frequentando actualmente um mes‑
depois regressar, e entre imagens, palavras e desenhos, ca africana B.Leza, que geriu, com a irmã Sofia, entre trado em Cultura Visual. Depois de estagiar em
contar como foi! Este mês escreve sobre o estúdio 1995 e 2007. Gosta mesmo de programar e produzir agências de publicidade, trabalha como freelancer
Moov. -- Frederico van Zeller nasceu e o B.Leza é a sua grande paixão e, ao mesmo tempo, nas áreas da ilustração, design gráfico e animação
em Lisboa no ano de 1977. Estudou Fotografia e o seu calcanhar de Aquiles. “Mandjoló”, de Costa para clientes como Vert Magazine, Dance Club,
Publicidade em Lisboa e Barcelona. É sócio fun‑ Neto, tem estado na sua aparelhagem, e é sobre o mú‑ Visions Magazine, IPAM, Promotora Snooze
dador e fotógrafo da Kryptonphoto desde 2005. sico moçambicano que a programadora escreve este Production e Red Bull. Em 2009 ficou classifica‑
Este mês na Dif fotografou o editorial Balance. -- mês na DIF. -- Mariana Duarte Silva, do em 2.º lugar no concurso Koziol Malas. É re‑
31 anos, é o rosto da Madame Management, mana‑ presentado pela Who – creative talents agency.
ger e produtora de eventos. Nasceu em Lisboa, mas Nesta edição da DIF ilustra a crónica Desilluminati.
em 2007 optou pela cidade de Londres para viver
e trabalhar, regressando a Portugal em 2009. É uma
das responsáveis pelas festas «O Baile», divididas en‑
tre Lisboa e Londres e já com uma mão cheia de edi‑
ções realizadas. A base da Madame Management
situa-se em Campo de Ourique, mas o contacto com
Londres é «diário», conta, e “se assim não fosse…seria
muito mau”. Este mês escreve na DIF sobre Fanfarlo. --

10 este mês
Cute
little
Pixie....
A Pepe Jeans foi fundada em 1973,
em Londres, pelos irmãos N itin, Arun
e M ilan Shan. D esde as bancas de
Portobello Road Market, onde os ir-
mãos Shan começaram a vender as suas
peças, passando pela primeira loja em
Kings Road, a Pepe Jeans é, actualmente,
uma das marcas de denim mais reconhecí-
veis em todo o mundo, com presença em
centenas de países.

Para além da sua linha Premium, a


“Seventy Three”, a Pepe Jeans aposta em
desenvolver iniciativas e colecções para-
lelas, como a Andy Warhol. I nspirada
pelo universo criativo do “rei ” da Pop
Art, esta linha para homem e senhora,
que também inclui acessórios, é já um
clássico da marca.

Para esta Primavera/Verão, a Pepe


Jeans volta a inspirar-se num dos seus te-
mas favoritos: o rock n ’ roll. A linha
“Seventy Three”, para senhora, caracteri-
za-se pelo jogo entre tecidos fluídos e ma-
teriais com efeito “segunda pele ”. C asacos
de cabedal são conjugados com vesti -
dos fluídos, jeans de aspecto vintage ou
leggins com um print leopardo. As peças
são ricas em detalhes, desde as tachas às
correntes, passando também por lante-
joulas, franjas e laços. Na colecção
masculina , o destaque vai para as lava-
gens aplicadas a peças denim inspiradas pe-
los uniformes de trabalho.

A cara da campanha Primavera/


Verão é a manequim Alexa Chung, que
usa uma das peças emblemáticas desta co -
lecção: os jeans “Pixie ”, umas calças de
ganga de cintura subida , com efeito “se-
gunda pele ”. As “Pixie ” estão disponíveis
em várias cores, desde o azul claro ao
índigo. FP

12 kukies
Mouton-Collet
“MoutonCollet é um jogo de contrastes e oposições. A nos-
sa assinatura adopta outra linguagem e confronta o belo e o feio,
atracção e repulsa”. É assim que M atthiew Mouton e N icholas
Collet situam a sua arte – na dualidade. As jóias são o seu univer-
so, a nacionalidade que partilham , o seu ponto de convergência. “A
maior parte das nossas influências estão ligadas ao lado rural da
B élgica. Um mundo de silêncio no meio da natureza”, explicam à DIF.
Todas as peças desta dupla belga remetem para o campo, os animais
da quinta , jardins ou florestas. “A taxidermia e os caçadores de in -
sectos sempre nos fascinaram ”, declaram os criadores, que vão bus-
car influências a Jacques Tati , M arcel D uchamp e M atthew Barney.
Para a estação Outono/Inverno 2010-2011 na sua linha de Mulher,
os dois artistas propõem uma colecção “feroz ”, mais radical e sofisti -
cada , que viaja através da “visão de predadores retirados de contos
de aventura e dos nossos piores pesadelos ”, adiantam. A colecção
inclui pulseiras e colares de pele, numa mistura de azul eléctrico e
preto. M as de todas as peças, os chapéus são, sem dúvida , o que cha-
ma mais a atenção nesta colecção. “A inspiração para os chapéus
partiu da nossa última colecção de Homem ‘B ords de M er’”, expli -
cam. Tratam-se de peças inspiradas em lendas de cavaleiros heráldicos
e aventuras épicas no mar. A excentricidade das criações do duo já
atraiu a atenção de vários pesos- pesados, desde L ady Gaga , que in -
tegrou um dos chapéus Mouton Collet no seu guarda- roupa , a Rei
K awakubo (Comme des Garçons). CA
14 kukies
CHECKPOINT
33ª Edição da Modalisboa de regresso a Lisboa, dias 11, 12, 13 e 14 de Março de 2010
Fotos: João Bacelar

16 moda lisboa
Look
um olhar sobre
a obra de David
Bailey
Acabado de chegar às prateleiras das
livrarias, “Look ”, da autoria de Jackie
Higgins – escritora especializada em fo-
tografia – faz uma retrospectiva da
carreira do aclamado fotógrafo in -
glês David Bailey. Editado pela Phaidon ,
“Look ” reúne os mais importantes traba-
lhos do fotógrafo nas áreas da música
e das artes desde a década de 1960. Andy
Warhol, Catherine Deneuve ou Michael
Caine são alguns dos rostos que mar-
cam a carreira de Bailey, tal como a sé-
rie “B ox of Pin -U ps ” – que inclui retratos
dos gangsters Ronnie e Reggie K ray, dos
B eatles e de Mick Jagger – e a série “The
Lady is a Tramp ”, com imagens da mulher,
a ex-modelo C aterine Bailey. O livro in -
clui ainda trabalhos menos conhecidos
do fotógrafo para capas de discos, docu -
mentários, anúncios e projectos mais pes-
soais. Em “Look ”, Jackie Higgins dá- nos
conta das histórias por detrás das ima-
gens e revela como Bailey se tornou uma
referência incontornável no panorama
da fotografia de moda. Laura Alves

Look by David Bailey,


com texto de Jackie Higgins, (preço: 9.95).
Phaidon 2010, www.phaidon.com

007
Um dos grandes ícones da cultura
pop do século XX, Bond…James Bond,
o famoso 007, está de volta. Não, não
é um novo filme do espião mais famo -
so do mundo. Enquanto se aguarda
pelo terceiro papel de Daniel Craig, che-
ga ao mercado o livro “Q uantum of
Solace”, que motiva a reedição, com

Não caminhes, VOA


novas capas, de outros livros da saga
007. Criado pelo britânico Ian Fleming
em 1953, e interpretado no cinema por
alguns dos maiores actores de sempre,
as aventuras de James B ond são, em pa-
lavras escritas, um complemento simpáti -
co para fãs e entusiastas. Alimenta , não
matando por completo a fome, enquan -
to esperamos por mais um filme de 007.
Pedro Primo Figueiredo

18 kukies
O 3D não é novidade. Pelo contrário —
já existe há muitos anos mas nunca com o
impulso necessário para se massificar. 2010 po-
derá ser declarado o ano do arranque oficial
do in your house 3D. Podemos comprovar isto
em dois eixos — a tendência que a indústria de
entretenimento demonstra seguir para este ano
e a própria criação de novos gadgets e apare-
lhos electrónicos que são fundamentados no
3D. Decidimos para esta edição da DIF apresen -
tar alguns destes gadgets e tentações que se
avizinham . 1

O aparelho mais interessante e, sem dúvida, mais


básico é a televisão. E no meio dos vários lançamen‑
tos, destacamos o Samsung 3D LED. Com um design
de metal escovado e uma espessura inacreditavelmen‑

3D
te fina, o Samsung 3D LED não só converte o sinal

or not 3D
2D de um canal normal para 3D como também tem a
capacidade de reprodução de conteúdo em 3D nati‑
vo. Enquanto ao ver a conversão 2D para 3D a ima‑
gem não nos arranca grande reacção, a visualização de
um filme em Bluray 3D HD arranca uma reacção até Texto: Luis Spencer Freitas
ao mais céptico. Mas é claro, para realmente usufruir‑
mos desta imagem precisamos de ter um leitor de Bluray
3D — que a Samsung convenientemente lançou para
o mercado em simultâneo com o Samsung 3D LED. E
para quem tem dúvidas — não, não podemos ver fil‑
mes em 3D numa televisão normal só tendo um Leitor
de Bluray 3D. A televisão é sempre necessária.

Para quem pretende criar conteúdo em 3D existem


soluções disponíveis ou em vias de estar disponíveis no 3
mercado, como por exemplo a Panasonic Full HD 3D,
para além de filmar em 3D e em Alta Definição, ainda
promete que irá conseguir definir, de forma automáti‑

SAGATEX, Lda. - 22.5089160 - sagatex@net.novis.pt


ca enquanto se filma, o ponto de convergência 3D e
ainda fará a gravação em SSD, tornando a transferência
das gravações para o PC muito simples.

A Câmara Digital Fujifilm FinePix Real 3D W1, com


dois sensores distintos, não só permite filmar em 3D (de 2
uma forma básica) como também tirar fotografias em 3D
— o que significa que tendo uns óculos 3D, podemos
ter uma galeria de fotografias toda em 3D.

Por fim, temos a Webcam 3D Novo Minoru. Uma


das primeiras webcams do mercado que permite a di‑
fusão de vídeo em 3D, esta permitirá a um utilizador do
Skype, por exemplo, emitir a sua imagem 3D - se a pes‑
soa do outro lado do ecrã tiver óculos 3D, está claro.

Para terminar, não quisemos deixar de mostrar


1
a derradeira prova que a tecnologia 3D vai além da Paralex Chrome da Gunnar Optiks
tecnologia. Estando dependente de óculos, umas das
principais queixas dos mesmos passa pela estética — 2
Fujifilm FinePix Real 3D W1
são normalmente pouco elegantes e pesados. Para
3
responder a esta questão, a Gunnar Optiks está a de‑ Webcam 3D Novo Minoru
senvolver óculos para visualização de conteúdos 3D
para os mais style-sensitive — com variados design e 4 Samsung 3D LED
cores para todos os gostos e feitios. 4

Herança incorporada no tecido. As mais duradouras relações entre moda e música. 1959: Os membros do incipiente movimento ‘Mod’ na Grã-Bretanha rapidamente perceberam que a camisa pólo se
adequava às suas actividades noctívagas. Tinha estilo, e com o botão de cima abotoado, assentava bem por baixo de um blazer ou fato de ‘mohair’, e era resistente o suficiente para ser usada toda a noite e, ainda
20 kukies assim, ter um ar fresco pela manhã, pelo que se tornou a primeira marca de vestuário desportivo a passar para o lado do street wear. E assim começou uma das mais duradouras relações entre a moda e a música.
Harley (by) Custo
Depois de um avião da Vueling, chegou a vez de imprimir o cunho Custo numa mota. A Harley Davidson e Custo Dalmau, designer da Custo
Barcelona, uniram forças para criar a Harley Custo. A ideia nasceu da paixão partilhada pelo estilista espanhol e Ferry Clot, que modificou,
adaptou e deu forma às ideias de Custo Dalmau. Os dois criativos dão voz aos mesmos valores: liberdade, independência e espírito rebelde e incon -
formista. Custo Dalmau é um fã incondicional de motas e adepto de aventuras em duas rodas. Com um estilo muito mediterrâneo e colorido,
esta Harley Custo é uma N ight Rod Special transformada numa peça de coleccionador e uma obra solidária , já que será leiloada para ajudar a
Fundação San Juan de Dios e os seus projectos na Serra Leoa. CA

Atenção:
não usar às costas
É o sonho de qualquer pessoa que viva
num pequeno apartamento. Acabaram-
se as desculpas para ter a sala desarruma-
da, pois o que aqui não falta são bolsos,
fechos e esconderijos de todos os tama-
nhos. Os sofás B uilt to Resi(s)t são a mais
recente proposta da Eastpak e resultam de
uma parceria com a marca de mobiliário
italiana Quinze & Milan. As peças são
adaptações de alguns modelos daQuinze
& Milan – Club Sofa 01 e Primary Pouf
02 – com a vantagem engenhosa de ha-
ver espaço para tudo aquilo que dá jei-
to ter à mão durante as tuas noites no
sofá: revistas, cds, dvds, livros, coman-
do da televisão, ou mesmo umas quantas
barras de chocolate. Design e funciona-
lidade podem, assim, coabitar eficazmente
e proporcionar-te o melhor dos mundos.
Fabricadas em tecido ultra resistente e dis-
ponível em cores e padrões vistosos, as pe-
ças da colecção Built to Resi(s)t serão
apresentadas em Milão durante a Design
Week, já este mês. LA
22 kukies Cada gaveta esconde uma história, vem descobri-las em onitsukatiger.com
2 4

1 Maquina de café, edição limitada


“CitiZ” da Nespresso, €199
www.nespresso.com
3
2 Champagne, edição limitada Dom
Pérignon by Marc Newson, €1050
www.oepicurista.pt

3 Aluminium Suitcases,
Alfred Dunhill
www.richdun.pt

4 Perfume Issey M iyake x Ettore


Sottsass, 2009, edição limitada,
€225
Design Museum Shop
www.designmuseumshop.com
6
5 Maquina dourada Lomo LC-A+,
edição limitada, €500
www.uk.shop.lomography.com

6 Secrétaire “Martin” de Benoìt


Convers, para Ibride €3.200
www.madeindesign.com

24 kukies
A criadora (de moda e não só) Lidija Kolovrat está de volta a
Lisboa. Depois da loja na Rua do Salitre, agora fechada, Kolovrat
abre um novo espaço, com dois pisos, em pleno Príncipe Real. O concei-
to do espaço KOLOVRAT passa pelo cruzamento de várias áreas artís-
ticas. O piso térreo é ocupado por uma loja onde podemos encontrar
peças da criadora bósnia mas também de outros artistas – desde acessó-
rios de moda a peças de decoração, passando por artigos em 2ª mão e
perfumes, entre outros. O primeiro piso dá lugar a um espaço polivalen-
te disponível para todo o tipo de eventos, desde exposições a workshops.
Esteja atento. FP
Rua D. Pedro V, nº 79
D e 2ª a Sábado, das 11h às 20h.

Kolovrat

Benetton
Paint the city with the UNITED COLORS OF BENETTON

A B enetton abriu uma nova megastore num edifício histórico de


Lisboa. Situado na praça do Rossio, o prédio escolhido (onde an-
teriormente esteve alojada a Loja das M eias, agora fechada) foi
submetido a obras de restauro que mantiveram os típicos azulejos
portugueses como parte da decoração. O destaque estético vai para
o terceiro piso da loja , no qual está situado o escritório e sho -
wroom da B enetton / Sisley. Para além dos azulejos, os tectos tam-
bém foram restaurados e a serralheria foi recriada com base nos seus
“antepassados” históricos. FP
★★★ BEST BRANDS. BEST BUYERS. BEST BUSINESS.
★★★ BEST BRANDS. BEST BUYERS. BEST BUSINESS.

W W W. B R E A D A N D B U T T E R . C O M
26 places
Regresso ao futuro
e directo ao passado
Texto: Célia F.

Parado no meio do nada com um triologia de filmes “Regresso ao Futuro” voltou dos lucros era lento e os investidores aban-
pneu furado. À velocidade de 120km/h, e a ser fabricado, e desta vez, de forma eficiente donaram o projecto. John Delorean, para ali-
já infringindo o limite das estradas nacio- e sem listas de espera. mentar o sonho, começou a traficar cocaína da
nais, vês passar o carro do “Regresso ao Colômbia para a Irlanda, sendo depois apa-
Futuro”. Esfregas os olhos. Não podes crer. Entre 1981 e 1983, a Delorean Motor nhado em flagrante e arrumado as botas da
O cansaço está a provocar-te alucina- Company fabricou o DMC 12, um carro des- empresa em 1983. John Delorean morreu em
ções. Agora, só falta uma nuvem de pó e portivo feito de inox, com um design mais do 2002, e a sua morte permitiu o renascer do
fumo branco e sair o Michael J. Fox voan- que inovador que não se esgota com o passar seu projecto. A sua família vendeu os direitos
do no skate flutuante. O Delorean pára de dos tempos. Fabricá-lo na altura não era coisa de produção e do nome da máquina a uma
facto, mas lá de dentro sai um homem baixi- fácil. O material e o formato das peças desa- empresa do Texas e o Delorean voltou a ser
nho que te pergunta se precisas de ajuda... fiam a gravidade da realização possível das coi- produzido em massa a partir de 2009.
sas. Mesmo assim insistiam e o DMC existia,
A máquina do tempo que povoou o ima- embora a produção se fizesse a conta gotas. Pode ser encomendado no site dos fabri-
ginário de todos os seres minimamente pen- cantes e apenas aqui o vão encontrar à venda,
santes na década de 1980 está aí a rodar nas A fábrica situada na Irlanda, na qual exis- em exclusivo. Igual a si mesmo. Respeitando
estradas. Não faz viagens entre épocas, antes tia uma porta para os trabalhadores católicos todo o design antigo e a matéria-prima ante-
tem um óptimo desempenho respeitando to- e outra para os protestantes, começou então riormente elegida. É possível fazer costumiza-
dos os parâmetros das relações consumo/per- a passar por graves problemas financeiros. ções egóicas ou de estilo. Novo ou usado, o
formance. O mítico carro que foi a estrela da Apesar das inúmeras encomendas, o retorno DMC 12 está no mercado.
28 retroculture
Madalena Saudade e Silva grupo de pessoas da área da publicidade, media
Produtora de eventos e marketing. Bastou-me uma música dos Fanfarlo
no MySpace para perceber que a noite ia resul‑
Costa Neto tar. O difícil seria explicar ao agente que o con‑
M andjoló certo seria apenas para 100 pessoas, e com um
Edição de autor 2009 budget reduzido. Aceitaram. Quando começa‑

Sérgio Hydalgo
ram a tocar, sentiram-se demasiado confortáveis

T
enho o prazer de conhecer o Costa no palco, e decidiram então subir para uma mesa
Neto de uma convivência quase diá‑ e cantar de lá, descalços e acapella. Mágico.
ria das noites que passámos juntos no Depois foi esperar pelo álbum, investigar me‑
B.Leza. Acerca dele, entre outras coisas, posso lhor sobre eles, e ouvi-lo repetidamente, todos thank you one more time to Sérgio! *
dizer que é um tipo sério. O mesmo se passa os dias até hoje. Eu que nunca me interessei por
com a música que faz e com o seu último ál‑ nada indie/pop/folk, estou rendida a Fanfarlo. Se Texto: Sónia Abrantes
bum – Mandjolo – no qual, para além do calhar é porque não são nada disso, e são ape‑ Fotografia: Vera Marmelo
mais, sente-se a sua maturidade. Mandjolo é nas uma banda com um álbum de se ouvir do
também o nome de uma vila na província de principio ao fim, com o sentimento de que o
Maputo que os portugueses baptizaram de Bela mundo às vezes não é assim tão cinzento. Sérgio Hydalgo nasceu em Estocolmo: ou- de rádio com o qual pretendia, como conta, “criar
Vista e onde se fala uma das línguas nativas de via os Kiss e deslumbrava-se com o breakdance um arquivo com os artistas que eu achava serem
Moçambique, o ronga. Embora utilize instrumen‑ até que, aos doze anos, recebe “Nevermind”, dos mais relevantes”. É nessa altura que acontece a
tos convencionais, os ritmos no disco são tradi‑ Pedro Primo Figueiredo Afonso Cabral Nirvana, de presente. Depois, está bem de ver, nun- transição de espectador para programador.
cionais. Mandjolo é um trabalho para se ouvir Jornalista Músico e responsável de comunicação ca mais nada foi igual. É, desde 2007, progra- Confessa que na posição que ocupa lhe in‑
sem pressa e para se ir descobrindo aos poucos. mador de música na Galeria Zé dos Bois (ZdB). teressa sobretudo a música “que procura romper
Hot Chip Toro Y Moi paradigmas, que procura de certa forma trans‑
One Life Stand Causers Of This “Assim que tive oportunidade de ir à ZdB foi cendência” e isso, continua, releva “várias dimen‑
Mariana Duarte Silva EMI 2010 Carpark/Flur 2010 para ver o Manuel Mota”, conta. Para si a Zé dos sões da minha pessoa”. Valoriza mais a canção e
Produtora de eventos e manager Bois representava “um milagre no meio da minha existên‑ o intérprete que os seus antecessores, mas tenta Imperdível
C C
rescer normalmente implica perder ausers O f This, LP de estreia de cia por poder oferecer música” que Sérgio “à partida combinar isso “com outras coisas que também me
Fanfarlo a inocência, o nervo dos primeiros Chad Bundick (mais conhecido desconhecia totalmente e que se abria como um novo interessam e que fizeram escola na ZdB”, revela. 21 de Abril
Reservoir passos, a energia própria das etapas como Toro Y Moi) é daqueles mundo”. Sempre privilegiou a sensação de descober‑ Fala dos Dirty Projectors, banda pela qual sen‑ Times New Viking + Lee
Atlantic 2009 iniciais – seja do que for: da vida, pois, mas tam‑ álbuns difíceis de definir. Pegando pelo ca‑ ta e, sobretudo, a “comunicação única e transcenden‑ te algum paternalismo, já que foi uma aposta pesso‑ Ranaldo (Sonic Youth) & Rafael
bém da música. E o que é que tem isto a ver minho das comparações fáceis, poderíamos di‑ te entre músico e espectador” e era isso que o levava al muito forte. Desde a sua passagem por Portugal, Toral

D
escobri os Fanfarlo quando estava a com os britânicos Hot Chip? Simples: One Life zer que é uma espécie de Panda Bear mais aos concertos, a procura do que chama “epifania de em 2008, a banda de Dave Longstreth já to‑
fazer a programação para uma noi‑ Stand, quarto álbum de originais dos Hot Chip, virado para a pista de dança, com elementos deslumbramento”. cou com Björk, David Byrne, a Banda Filarmónica 20 de Maio
te em Londres, em Maio de 2009. é o disco mais adulto do grupo mas consegue, de r&b e melodias mais pop à mistura – os Refere, sem hesitações, o concerto do guitarrista ale‑ de Los Angeles, foi ao Late Show with David High Places + Magina
Tinha de escolher duas bandas novas para apre‑ espante-se, ser o seu álbum mais entusiasmante, entendidos na matéria chamam-lhe chillwave. mão Steffen Basho-Junghans, em 2004: “a forma dele Letterman e teve Joanna Newsom na plateia,
sentar numa noite no The Hospital Club, a um quer para o abanar de dança quer para a degus‑ Mas apesar das parecenças com o lisboeta tocar levou-me para outro lado, foi literalmente uma via‑ como viu o programador, recentemente, em Nova 24 de Maio
tação mental. Não terá singles tão fortes como dos Animal Collective serem notórias e, se ca‑ gem”, confessa. Outro foi no festival Where’s the Love Iorque. “Eu imaginava que isso pudesse aconte‑ Shellac
outros trabalhos do grupo, reconhecemos, mas lhar, por vezes excessivas, há aqui mais, mui‑ onde os Gang Gang Dance, contrariamente ao espera‑ cer, eu acreditava, mas nunca pensei que fosse tão,
enquanto álbum providencia uma experiência to mais. Batidas e loops que pedem para ser do num concerto de rock – por mais bizarro ou expe‑ mas tão grande”, confessa orgulhoso. A verdade é Junho
sonora tão diversificada como empolgante, rica redescobertos a cada audição e que recom‑ rimental que fosse, como reforça – “fizeram-nos dançar” que foi: nós agradecemos e pedimos mais destes, Bonnie ‘Prince’ Billy + Emmet
em forma e conteúdo. Ainda e sempre ligada à pensam quem o faz. C ausers O f This por e nessa altura só teve a certeza de duas coisas: “que claro, no mítico aquário da Rua da Barroca. Kelly e Susanna Wallumrød
música de dança, mas cada vez mais direcciona‑ vezes promete mais do que oferece mas mere‑ aquilo produzia euforia e que eu queria mais”, confessa. (Susanna & The Magical
da para palcos maiores que o da discoteca da ce ser ouvido. Há aqui boa música nova para Relembra que começou a ir ainda mais à Zé * Agradecimento de Dave Longstreth (Dirty Orchestra)
moda. Essenciais. descobrir. dos Bois para as entrevistas do Má Fama, programa Projectors) no concerto de Junho 2008.
30 o que andamos a ouvir música 31
Meifumado
Uma editora portuguesa, com certeza
Idealipsticks
as novas vozes do indie rock espanhol
Texto: Pedro Primo Figueiredo Texto: Ana Cristina Valente

A Meifumado é uma editora diferen- Eva e Jave Ryjlen são marido e mulher,
te. Arrojada. Fez anos recentemente, e tocam e cantam juntos e têm atitude. Há
editou uma compilação comemorativa quem os apelide de The K ills espanhóis e
dos seus “cinco anos de sobrevivência”, quem os compare aos Yeah Yeah Yeahs,
intitulada “Meifumado – 5 anos, 13 mer- Quais os lançamentos mais significativos Em 2010, com novas bandas no vosso mas curiosamente nem um nem outro é sem pressões, para produzir algo novo. É por Actualmente em digressão por Espanha, a
das ”. Para 2010, trazem os M ind da Gap até ver da editora e os momentos mais mar- catálogo, como é que estão actualmente? tido como inspiração para este dúo de isso que a sua originalidade não advém da mu‑ agenda de concertos dos Idealipsticks tem vindo
de volta aos discos e consolidam artistas cantes destes anos de vida? Quais os projectos para o futuro mais ime- Guadalajara. Bob Dylan, B londie, The sicalidade mas da forma como a interpretam. Em a crescer. Como qualquer banda que ainda está
da casa , casos de PacoHunter ou Guta O primeiro lançamento “Meifumado” diato? Foi surpreendente a «contratação» Who, Pixies, Velvet U nderground e mui- 2008 gravaram uma maqueta que foi conside‑ a começar, o acolhimento junto do público é o
Naki. Fomos falar com os mentores des- - The Zany Dislexic Band -, disco manifesto, dos Mind da Gap... tas canções de B eatles formam a bíblia rada uma das melhores do ano por ouvintes que mais importa. E parecem estar a consegui-lo.
ta aventura na tradicionalmente conser- inteiramente gravado em Barcelona, que estabe‑ Na prática, continuamos a editar apenas e musical que os influenciou. I dealipsticks é do programa Discogrande da Radio 3 – Rádio Ao vivo são ainda mais convincentes, sobretu‑
vadora indústria musical portuguesa. lece como matriz agregadora o cuidado meticu‑ só o que gostamos. Em termos de edições para o seu nome e com o álbum de estreia che- Nacional de Espanha. do porque os primeiros a acreditar no que fazem
loso de todos os aspectos da produção, desde este ano, o novo disco dos Mind da Gap – “A garam para nos encantar. R adio Days é são eles mesmos. Agora resta esperar que um
O essencial, para começar: como surgiu o som à parte gráfica, sempre na premissa de Essência” – vem mesmo a calhar, uma vez que to‑ para ser ouvido em clima de festa , a aba- Em 2009 surpreendem com “Radio Days”. dos próximos concertos possa ser em Portugal.
a editora e o porquê da sua fundação? alcançar a coesão estética que transforma cada dos gostamos e continuamos a ouvir muito hip- nar o capacete e sem preconceitos. Produzido por Paul Grau, nos estúdios Gismo
A génese da Meifumado está na The Zany disco num objecto singular. Este disco funciona hop que, segundo dizem, está fora de moda. 7 de Motril (Granada), e masterizado por
Dislexic Band (ZDB) que integra quatro ele‑ como o paradigma de álbum da editora. Todos Temos a sair o segundo álbum dos AbztraQt Tudo começou no final dos anos 1990 Greg Calbi em Nova Iorque, o álbum é com‑
mentos fundadores da editora: Duarte Araújo os lançamentos têm o seu enquadramento e im‑ Sir Q, um punhado de canções frescas que se quando Eva e Jave faziam parte de um quarte‑ posto por canções poderosas, repletas de uma
(ZDB), Paulo Zé Pimenta (ZDB, PZ, Pplectro, portância. Da robótica de Pplectro às paisagens ama ou odeia. Por isso é que adoramos o disco. to, os Suitcase, com quem gravaram um álbum e força inebriante. Desde as guitarras de “Wet
Paco Hunter), Sérgio Rui Freitas (ZDB) e Zé oníricas de Preto, passando pela spoken word A Sam Amant está em fase de final de produ‑ um punhado de EPs. Mas o percurso da ban‑ to the Bones”, ao refrão de “U Talk”, pas‑
Nando Pimenta (ZDB, Type), aos quais se jun‑ de Kalaf & Type, pelos histriónicos e surpreen‑ ção e vai surpreender. Está com um som pode‑ da ficaria por ali. Assim, com o futuro em aber‑ sando pela batida de “The King has Died” e
tou o João Roquette (Precyz/Preto). A ideia dentes AbztraQt Sir Q ou pelo lirismo surrea‑ roso. Apesar de ser um desafio, não escondemos to, os Ryjlen decidiram trocar Guadalajara por pela vibração visceral de “There is no Music
de criação da editora surgiu com o ímpeto de lista de PZ, são todos álbuns que contribuíram o orgulho de ter no catálogo os Mind da Gap Londres e foi em terras de Sua Majestade que at Home”, ninguém conseguirá ficar indiferen‑
mostrar os nossos projectos sem condicionalis‑ para gizar o percurso da editora visando o seu com 16 anos de carreira ao lado de uns Guta começou a germinar o que daria origem aos te a este disco. “Radio Days” entranha-se. Que
mos de qualquer ordem. Numa fase posterior crescente ecletismo. Naki que estão agora a dar os primeiros passos. Idealipsticks. Lá procuraram a sua identidade, o diga a imprensa especializada, que o rece‑
começámos a procurar artistas que, pela sua ori‑ No futuro gostaríamos que a Meifumado evoluís‑ beu com excelentes críticas. Já para não falar
ginalidade, trajecto ou simples afinidade artís‑ se como plataforma/rede de criadores (música, ví‑ no prémio que receberam na 31.ª Edição dos
tica, pudessem encaixar no perfil editorial da deo, design, artes plásticas, etc.) que se envolvam Prémios Rock Villa de Madrid, no âmbito do
Meifumado. na exploração de novos contextos artísticos. festival Universimad.
32 música música 33
amigo meu, de 80 anos, que o seu grande drama na
vida é a falta de isolamento. A vida tem muitas solici‑
tações, sejam elas feita por sms, email ou mesmo por
meio de jantares. Eu apenas espero não chegar aos
80 anos com um grande problema de isolamento”,
suspira em jeito de confissão. “No entanto, já é um
problema”, acrescenta.

É esta paixão que transpira nos escritores, aque‑


les que não conseguem viver de outra forma senão
através e pela escrita, deixando-se seduzir por his‑
tórias. Raquel Ochoa é uma contadora de histórias
inata. Numa palavra, Raquel Ochoa é: escrita.

Para terminar , fizemos algumas per-


guntas ao estilo de James Lipton do
Actors Studio. R aquel Ochoa aceitou
o desafio.

DIF: Qual é a tua palavra favorita?


R.O: Obrigada.

DIF: Qual a palavra que odeias?


R.O: Verborreia.

DIF: O que te anima?


R.O: Estar no mar com dois ou três amigos e
ondas de metro e meio, perfeitas.

DIF: O que te entristece?


R.O: Gente doida, sem motivos para o ser.

DIF: Que som adoras?


R.O: O som ensurdecedor de um avião a le‑
vantar voo.

DIF: Que som odeias?


R.O:Motoserras.

Raquel Ochoa
por detrás das palavras
códigos de linguagem distantes do seu.“Os locais
têm tanta personalidade como as pessoas, ou mais.
E quando viajas para conhecer essas personalida‑
DIF: Qual a tua palavra favorita para
praguejar?
R.O: Vou variando, mas «pó c....inferno!!!» ser‑
des, trazes na bagagem não só um álbum de foto‑ ve bem.
Texto Ana Cristina Valente grafias mas experiências de grande profundidade”,
diz em tom nostálgico. DIF: Que outra profissão gostarias de
Nasceu na cidade de Lisboa em 1980. Raquel Ochoa define-se acima de tudo em ter que não a tua?
É licenciada em D ireito, repórter de via- duas palavras: viajar e escrever. Desde muito cedo A Índia tornou-se especial para Raquel por ter R.O: Esta é difícil...Guarda florestal em
gens e formadora na escola E screver soube que o que queria fazer da vida estaria rela‑ sido a primeira viagem que fez fora da Europa e pela Madagáscar.
E screver. M as R aquel Ochoa é mui - cionado com uma ou com outra. A sede de aven‑ diversidade que encontrou. “Tive a sensação que
to mais que um conjunto de factos. É tura conduziu a autora numa viagem pela América quando mudava de estado, mudava de país”, refere DIF: Que profissão jamais terias?
uma escritora em ebulição. Para o com - do Sul, da qual resultou a sua primeira incursão lite‑ com um brilho nos olhos. E foi também nessa multipli‑ R.O: Talhante.
provar está o seu primeiro romance his - rária – “O Vento dos Outros”. Mas há um desti‑ cidade que encontrou a história que viria a transportar
tórico, que foi também o primeiro a ser no que tem sido recorrente: a India. Por três vezes para “A Casa-Comboio”, uma casa que é simultane‑ DIF: Em hipótese, se moderasses um de-
premiado pelo júri do P rémio R evelação já percorreu o seu solo, por três vezes visitou locali‑ amente um espaço físico e metafórico. “Porque existe bate entre Deus e o Diabo, que pergunta
Agustina-B essa Luís. “C asa-Comboio” dades distintas e por três vezes tomou consciência uma família que tem sempre as malas à porta que, por farias a Um e a Outro?
(G radiva) acompanha quatro gerações que o país é ainda um segredo por desvendar. Para razões políticas, tem de estar sempre a viajar”, denota R.O: A Deus perguntava: porquê tanta ten‑
dos C arcomo, uma família indo - portu - Raquel, o território que outrora foi desbravado por com grande emoção, como se aquela história, aque‑ dência para a modéstia? Ao Diabo: porquê tanta
guesa originária de Damão. A pretexto conquistadores portugueses tem uma energia a que la família, lhe estivesse no sangue. A escrita corre-lhe, tendência para o exagero?
do lançamento da obra decidimos co - ninguém consegue ficar indiferente. É essa espiritua‑ com toda a certeza, nas veias e é por isso que tem
nhecer melhor o rosto por detrás da es - lidade que procura quando viaja e que se resume mais do que um espaço onde marca encontro com E não se esqueça, embarque na “Casa-
crita ou melhor , a escrita por detrás do na palavra disponibilidade. Estar disponível para se a página em branco, até porque quando descobre Comboio”, de Raquel Ochoa, numa livraria perto
rosto. deixar embrenhar numa cultura diferente da sua, com um, tem de “saltar logo para outro”. “É como diz um de si. A partir de 26 de Março.
34 new stars factory
Red Bull Street
Danças com bolas
Style
Texto: Laura Alves
Fotos: Heike Himmel

E nquanto o planeta vibra com o A 6 de Março, na Lx Factory, a luta foi re‑ habituais três horas por dia e aumentar o reper‑
M undial de F utebol , na Á frica do S ul , nhida. Ao som de DJ X-Acto e DJ Nery, etapa tório de truques e movimentos. Porque a técnica
desenrola - se um outro campeonato , após etapa, os 16 concorrentes ficaram reduzidos conta, mas a criatividade e o “flow” são igual‑
mais discreto , mas nem por isso menos a um craque: Fábio Simões, de apenas 16 anos, mente elementos muito importantes da equação.
emocionante : O R ed B ull Street Style . conquistou o direito de viajar até à Cidade do Tal como a rapidez de raciocínio e improviso,
Acontece já no final deste mês e Fábio Cabo, na África do Sul. É lá que decorre, a 28 para responder no momento às manobras dos
S imões , o nosso campeão , promete dar deste mês, a final mundial do Red  Bull Street adversários. Se Lisboa não foi meiga, a África do
espectáculo. Style, um evento que reúne participantes de mais Sul vai ser a doer.
de 50 países.
A música estilhaça - se nas paredes . “Sei que não vai ser fácil, por isso vou apos‑
A plateia está ao rubro. No centro Fábio Simões, natural de Alverca do tar em sequências muito criativas, inventar truques
da “arena” dois jogadores aguardam , Ribatejo, e estudante da Escola Pedro Jacques novos, e também quero melhorar a minha ligação
impacientes , o som vibrante da buzina . de Magalhães, é exímio na técnica e sabe usar com a música”, diz-nos Fábio, que aprendeu a
O uve ‑ se “Eye of the Tiger ”, dos S urvivor , os trunfos nos momentos certos. Imperturbável dar toques na bola a ver vídeos no YouTube.
e não é por acaso. A tensão é real . quando dá toques na bola, rapidamente deixa A promessa fica feita: “Vou dar o meu melhor
Ao aviso da buzina, os dois rapazes que de ouvir e ver o ambiente em redor. Foi essa ca‑ e arriscar.”
disputam a final nacional do Red B ull pacidade de concentração e de equilíbrio que
Street Style dão tudo por tudo. Têm três lhe valeu a vitória contra os adversários nacionais
minutos para mostrar o que sabem fazer – e que os houve de peso, com tanta técnica e
com os pés e uma bola. A cabeça e os criatividade que, durante a meia-final, Fábio teve
ombros também podem entrar no jogo. de suar um bocado mais para vencer Kiko, um
As mãos são a única parte de corpo proi- dos participantes favoritos.
bida nesta dança desenfreada que consis- Nós por cá vamos acompanhando o desen‑
te em , durante 20 segundos alternados, Com a África do Sul à vista, Fábio terá a rolar dos acontecimentos em:
executar todos os truques possíveis com oportunidade de medir forças com os melho‑ www.redbullstreetstyle.com
uma bola antes de esta tocar no chão res futebolistas freestylers do mundo e provar
ou ser passada ao adversário. que está à altura do desafio. Até lá, é treinar as E gritar: “Portugaaaaaaaal!!!!!”
36 red bull street style
Organic Anagram Industries
nem tudo o que é orgânico é para comer — e ainda bem!
Texto: Sara Vale

prints não tem que ser sinónimo de prostituição.


E o Miguel tem (muito) orgulho nisso e nos seus
companheiros de bordo.

Mas afinal quem é a malta que faz isto acon‑


tecer? E de onde vem a inspiração? Curiosa
ou inevitavelmente, muitos dos apoiantes da
Organica Anagram estão do outro lado do
Organic Anagram Industries. Se pri - Atlântico, embora sem esquecer o berço na
meiro estranhas o nome, rapidamente o Quinta das Lameiras, Viseu. “Os nossos apoian‑
entranhas. Dizemos-te porquê. Por um tes têm noção do tipo de pessoas que somos.
lado, porque a Organic Anagram é a Temos a página do Facebook, uma newsletter,
marca de apparel- barra- print- club nacio - bem como uma forte presença nas áreas do ska‑
nal que desde o Verão passado anda a te, design, arte, e música - Hardcore e Hip Hop,
despertar curiosidades e a fidelizar amigos. maioritariamente. No entanto, isto não é o nos‑
Por outro, porque conhecimento não so limite. Se têm background de literatura, ouvem
ocupa lugar e tudo o que é original é jazz ou dançam ballet, podem sempre juntar-se
bem-vindo. Por isso, a DIF foi falar com o nós”, diz Miguel Meruje.
Miguel Meruje, o capitão do navio, para
saciar a curiosidade. Seguindo a metáfo - O objectivo da Organic Anagram é, no
ra do próprio, fica a dica: salta para bor- fundo, ser abraçada por todas as pessoas activas
do e entra na onda deste projecto. que por aí andam, proporcionar novas experiên‑
cias  e conceder novas oportunidades a todos
Em poucas palavras roubadas, a Organic os interessados. “É assim que nós somos”, remata
Anagram tem “uma secção do apparel dedica‑ Miguel.  E nós gostamos disso.
da a roupa e acessórios limitados e um print club,
onde são lançados prints de alta qualidade de
artistas de todo o mundo”. Já a ideia, essa surgiu
no Verão passado enquanto Miguel atravessa‑
va uma tempestade nocturna no Arizona. Dedo
poético ou não, a forte brisa logo o transportou
para uma letra da banda sueca Meshuggah: “I’m
a carnal organic anagram, human flesh instead of
written letters”.

Mais composto, lá decidiu construir o navio


e tornar-se capitão, com tudo o que isso implica
pois “nenhum navio se aguenta em alto mar se não
tem quem o carregue com comida, quem cozinhe,
quem substituía o capitão quando ele dorme, etc.”,
partilha. Palavra puxa palavra, boa vibração puxa
melhor onda e lá nasce a Organic Anagram, numa
lógica de amor à t-shirt mais que apego aos euros.

Trata-se pois de uma indústria sem fins lucra‑


tivos, onde o objectivo é oferecer peças exclusi‑
vas, limitadas, bem longe dos negócios e marcas
massificadas. É a prova que viver do streetwear e

38 moda
Estricnina
menina e moça
Annie Bertram ‘In My Garden’

Texto: João Telmo Dias


Imagens: Cortesia Strychnin Gallery

A realidade modificou-se. Metamor­fo­ A Strychnin Gallery é um projecto ambi‑


seou -se. Agora somos velozes. Efémeros cioso de triangulação artística, já com 7 anos de
e transitórios. Voláteis. Fugazes. Trans­ existência, com headquarters em Berlim, mas que
missíveis e substituíveis. Transferíveis e pro - se transcende tentacularmente até Nova Iorque
pagáveis. Reciclagem e regeneração. Não e Londres. Três grémios de criação artística fervi‑
há tempo. Já não somos os mesmos que lhante, três cidades cosmopolitas, três epicentros
éramos na semana passada. Já não toca- fulcrais da prolificação da arte. Um projecto que
mos as mesmas notas no piano. Já não pretende ser uma galeria de arte (ou neste caso
temos bolo preferido. O verde- esmeralda é três) divergente e ousada, que se auto-intitula de
agora o cinzento — mesclado, que há- “recreio para artistas de todas as partes do globo.
de ser o azul-topázio e depois o azul- ce- Um sítio onde as colaborações são encorajadas,
leste. Promiscuidade de texturas. Teorias onde os novos projectos estão constantemente a
pré- pós- proto -modernistas. Precisamos da ser desenvolvidos e onde a criatividade é a úni‑
arte. Arte e estricnina. Arte com estricni - ca coisa que verdadeiramente importa.” O gran‑
na. Arte cheia de estrica. de objectivo prende-se com a fundação de uma
transversalidade da arte, que passa exactamen‑
A estricnina é um alcalóide vegetal, muito te por essa relação tricotómica dos vários artistas
venenoso, extraído da noz-vómica, que pro‑ se movimentarem pelas várias galerias, expondo
voca a contracção e depois a paralisia dos o seu trabalho e desfrutando da oportunidade
músculos. Em doses fracas, a estricnina é esti‑ de reconhecimento fora da sua zona de confor‑
mulante. Quantas doses temos de tomar an‑ to. Um conceito multi-disciplinar. Um artista ale‑
tes de entrar na Strychnin Gallery? Talvez o mão tem, deste modo, a possibilidade de expor
melhor será repartir em três porções e distri‑ em Nova Iorque e em Londres e vice-versa, eli‑
buí-las irmãmente pelas viagens a Berlim, Nova minando o casulo hermético de onde muitos ar‑
Till Krautkraemer ‘Smoke’ Iorque e Londres. tistas almejam sair.
40 arte
Annie Bertram ‘Matador’ As colaborações constituem outro pon‑ Dentro dasAnnie Bertram
galerias, ‘In My
com ou sem Garden’
estricnina
to‑chave. De mãos dadas com a Strychnin ingerida, podemos contemplar mostras de arte
Gallery está a Perihelion Gallery (Phoenix, feminina, artistas que expõem pela primeira vez,
Arizona), a Resistance Gallery (Londres), as fei‑ festas de São Valentim e de Natal, vernissages
ras de arte de Colónia, Londres e a KunStart com cunho etílico, residências artísticas e leilões.
em Bozen, Itália, que já acolheu também a ar‑ Há graffiti, escultura (Gene Guynn), pintura
tista portuguesa Ângela Ferreira com a sua (Jason Shawn Alexander), fotografia (Manuel
“Maison Tropicale” em 2008. O Hotel Palace Cortez, Till Krautkrämer, Ansgar Noeth), ilustra‑
Design em Cannes foi também invadido du‑ ção (Seymour) brinquedos e vídeo. Numa su‑
rante um mês pelos artistas da Strychnin, com perfície espacial esbranquiçada, que se estende
conferências, shows, mostras e happenings. O às três galerias, com iluminação natural e artificial,
músico Joerg Huettner (“The Ring II”, “Batman percorre-se uma extensão criativa que acomo‑
Begins”) criou recentemente a música exclusiva da todas as estirpes artísticas. Uma atmosfera
para a exposição “Labyrinth” do artista cana‑ micro-climática, plural e incomparável.
diano Richard A. Kirk, para a galeria de Berlim.
E até a Berlin Fashion Week teve direito a dis‑ A Strychnin Gallery não é nada mais do
seminação artística por parte da Strychnin. que uma materialização trifásica em estado puro
do aparato actual do Mundo. Turbulento,
A Strychnin comporta, igualmente, uma contraditório, insubordinado, mas fascinante.
vertente filantrópica e humanitária e elabora A eterna contemporaneidade temporária. Uma
exposições em que as receitas revertem a fa‑ concepção triádica de possibilidades, permutas
vor de causas ou instituições. Exemplo disso é e intercâmbios. Vamos a Berlim, a Londres e a
a exposição “Childhood heroes” (a favor das Nova Iorque. Contraímos os músculos e de‑
crianças da casa de acolhimento Berliner Herz) pois paralisamos.
ou “Whaleness”, exposição internacional dedi‑
cada às baleias, cujos lucros foram entregues à
Greenpeace.

Manuel Cortez ‘Clausen’


42 arte
Village Underground
uma nova vida para antigas carruagens
Texto: Telmo Mendes Leal

Dentro de um comboio em movimento, Underground (VU). Trata-se, tão simplesmente, trazer o VU para Lisboa. Não levou mais de um a carruagens de comboio, que, de acordo com
em plena viagem, nasce uma ideia que passa de criar espaços de trabalho «estúdios» que es‑ ano e uma visita de Auro à capital portuguesa para Mariana Duarte Silva, em Lisboa se poderá es‑
por, dando nova vida a carruagens paradas, tejam ao acesso de todos, ou seja, baratos. Para que Mariana o convencesse a fundar, consigo, a tender a «contentores, autocarros desactivados ou,
possibilitar novos e diferentes percursos. É esta tal, poder-se-iam construir grandes complexos de primeira VU em solo português. quem sabe, ao velho eléctrico», pois, como acres‑
a filosofia de cada Village Underground, betão-armado destinados a alojar esses estúdios. centa, «o objectivo é sempre o de reutilizar».
um projecto que este ano chega a Lisboa No entanto, a ideia deste desenhador de móveis Desta forma, como nos conta a produtora
e que estará tão alinhado com o seu con- reveste-se de um carácter bem mais arrojado. portuguesa, «2010 é o ano da VU em Portugal» No fundo, cada VU dá continuidade ao
ceito original como os carris por onde, ou- da mesma forma que 2009 foi o de Berlim. Tal propósito para o qual os elementos que lhe dão
trora, terão deslizado as carruagens. Ao telefonar para a London Underground, como a da capital alemã, a VU de Lisboa não corpo «as carruagens» foram criados: viajar. Nisso
Foxcroft perguntou se a empresa dispunha de car‑ terá uma filosofia diferente da londrina. O concei‑ Lisboa não será excepção, pois, como em qual‑
Ao viajar de comboio pela Suíça, Auro ruagens que pudesse dispensar para ele transformar to passa, para além de proporcionar bons espaços quer VU, irá proporcionar-se o encontro dos mais
Foxcroft teve uma ideia que prometia encarar os em estúdios. A resposta foi positiva e hoje é possí‑ de trabalho a baixos custos, por fazer com que a diferentes tipos de pessoas e criatividades. Em tal
espaços de trabalho com uma perspectiva com‑ vel alugar, de forma relativamente acessível, um espa‑ VU se financie a si própria através de actividades ambiente, seguramente, trocar-se-ão experiências,
pletamente diferente. Ao regressar a Londres, e ço diferente de trabalho na VU londrina. Foi nesse culturais que, por um lado, geram a receita que ideias e conhecimentos que transbordarão muito
depois de um telefonema para a empresa respon‑ mesmo local que, no final de 2008, Auro Foxcroft permite os baixos preços e, por outro, contribuem para além dos metros quadrados a que estiver re‑
sável pelo metropolitano da capital britânica, a conheceu Mariana Duarte Silva. Depressa esta por‑ para a dinamização da área onde é implantada. tringido este complexo de escritórios. À cidade
sua ideia começaria a ganhar os contornos de um tuguesa se encantou com o projecto, tornou-se ami‑ Outra das características inovadoras da VU é a lisboeta basta deixar-se contaminar por aquilo que
projecto inovador hoje conhecido como Village ga do seu criador e traçou como objectivo pessoal sua vertente ecológica, pois procura dar novo uso a sua futura VU tiver para lhe oferecer.

44 design
Moov
um estúdio híbrido de arte e projecto
Texto: Ana Rita Sevilha
Fotos: Moov DR

A ntónio Louro, J osé N iza e J oão


C alhau dão corpo ao projecto M oov,
um estúdio híbrido que trabalha na
“intersecção entre arte e arquitectura”.
E m colaboração com outro atelier
português venceram recentemente um
concurso para Dallas em que transfor-
maram um lote vazio numa comunida-
de carbono zero. Com uma equipa fixa ,
os três elementos articulam - se com um
conjunto de colaboradores exterio -
res , que podem ser “arquitectos , artis -
tas plásticos ou meteorologistas ...”.
Conheça os M oov.

O Estúdio
Em vez de atelier ou gabinete, intitulam-se
de estúdio. “Vemo-nos mais como uma oficina
onde trabalho manual e intelectual pode acon‑
tecer, desde que útil para os projectos que te‑
mos em mãos. Gostamos, se a dimensão e a
agenda o permitir, de executar alguns dos nos‑
sos próprios projectos, talvez por isso, a desig‑
nação se tenha inclinado para estúdio, mas não
há nenhuma intenção conceptual profunda por
detrás dessa denominação”, explica o colecti‑
vo. Enquanto arquitectos e criativos, os Moov
desenvolvem actividade em redor de três vec‑
tores que se intersectam. São eles a dita arqui‑
tectura mais convencional, “que se revela em
projectos concretos para edifícios a construir,
e em propostas mais conceptuais para concur‑
sos de ideias” que se lhes apresentem como
“oportunidades de pensar em temas que nos
interessem”. O desenvolvimento de soluções, Seta Amarela – Performance Urbana
que não necessariamente arquitectónicas, que
se traduz em auto-propostas. E por último um
vector de índole mais artística, e que se sob «Forwarding Dallas» Forwarding Dallas: Moov + Atelier Data
a forma de instalações para espaços públicos, Em parceria com o Atelier Data, os Moov superfícies de produção. O objectivo não era o de
onde o colectivo tem desenvolvido múltiplas foram os vencedores do concurso internacional construir uma estrutura física, mas o de criar meios
colaborações com artistas. “Estes vectores in‑ de arquitectura “Re:vision Dallas”, com o projecto para que uma comunidade pudesse habitar essa es‑
tersectam-se e contaminam-se, contribuindo de “Forwarding Dallas”. Subordinado ao tema “«What trutura, ao mesmo tempo que pretendia modernizar
igual modo para um mesmo corpo de trabalho if one block in Texas became the sustainable model Dallas e promovê-la como paradigma de uma solu‑
que se agrupa debaixo da designação Moov”, of the world?», o concurso foi organizado pelo gru‑ ção para outras cidades. Espaços verdes no interior
lembram. Como um estúdio dinâmico, onde a po americano Re:vision, que se dedica ao incentivo do quarteirão e coberturas verdes; sistema de estufas
criatividade está em constante fervilhar António de estratégias inovadoras e sustentáveis para o es‑ nos andares superiores; sistemas de construção pré-
Louro, José Niza e João Calhau garantem que paço urbano, promovendo concursos que se po‑ fabricados com predominância nos materiais locais;
têm “algumas ideias e projectos a germinar, mas sicionam como embriões de ideias visionárias para unidades habitacionais diferenciadas; combinação
para já” gostariam “de os manter no segredo a cidade contemporânea. Como ponto de parti‑ de sistemas fotovoltaicos com sistemas eólicos; zonas
dos deuses”. No entanto, o trio levantou um da, as duas equipas foram procurar como funcio‑ permeáveis para a prevenção de cheias e áreas de
pouco o véu e deixa pistas no ar: “para os pró‑ nam os ciclos naturais, neste caso específico de uma prevenção agrícola na cobertura foram algumas das
ximos meses estão previstos a concretização de montanha, com o objectivo de o replicar como for‑ estratégias adoptadas. O desafio de transformar um
um pequeno filme sátira, a implementação de ma de organizar o espaço. Vales, encostas, cumes lote vazio localizado no centro da cidade de Dallas,
uma horta urbana e praia, muita praia”. e declives deram o mote a um sistema que procu‑ Texas, numa comunidade carbono zero vai começar
rava maximizar o aproveitamento solar, as vistas e as a ganhar corpo em 2011.
46 arquitectura
Alexander James
– Taxi Series – Tóquio
Texto: Carolina de Almeida
Fotos: Taxi Series By Alexander James © 2010. www.DistilEnnui.com

A última instalação da colecção “Taxi ”, de Alexander James, foi fo-


tografada nas ruas negras de Tóquio e mostra elementos gráficos em
neon a brilhar num palco escuro. Alexander James sempre sentiu um
grande fascínio pela energia que os táxis urbanos transmitem de noite e
as imagens que aqui apresenta dão forma a esse ponto de vista.

Para criar este trabalho, o fotógrafo passou grande parte do tempo a deambular pelas ruas
da capital nipónica, para capturar a emoção da cidade no seu estado natural e das suas muitas
histórias nocturnas desconhecidas. A maneira como a paisagem urbana pode interagir com a
superfície reflectora do táxi é muitas vezes neglicenciada e estas imagens pretendem capturar
a luz que brinca com a energia da vida da metrópole. Uma forma de observação moderna,
onde o artista interpreta o espírito da cidade através das luzes, tantas vezes ignoradas.

Com mais de 20 anos de experiência em publicidade, Alexander James conta


no currículo com clientes como a Microsoft, HP, Peugeot, Samsung, Versace, Chanel,
Ermenegildo Zegna. Todo o seu trabalho, sem excepção, é apresentado como foi cap-
turado, sem cortes ou pós-produção. Alexander James vê o processo de captura como
um objecto de catarse, mais do que um exercício crítico. A sua técnica permite que as
imagens fluam e se conectem entre si com um grande sentido de simplicidade. Depois
de Milão, em Fevereiro, “Taxi Series – Tóquio” poderá ser vista este mês em Londres,
inserida na série de exposições de arte rotativas Art Mosh (www.artmosh.com).

48 surface
50 surface
52 surface
LOOKING 4 BEAUTY com Ana Mesquita

Fotografia Luciana Cristhovam Armani por Alexandre Rodrigues Bronze mania 1 Smooth silk eye pencil nº0 YSL por Miguel Catrica Ombres duolumiéres nº25 Vestido H&M
Realização Susana Jacobetty Sheer blush 12 Smooth silk eye pencil nº2 Ombres 5 lumiéres nº9
Cabelos Yohann para &SoWhat Light master primer Fluid sheer 6 Lip gloss nº16 Fond de tent nº7 Palette y-mail nº1
Master corrector nº2 Fluid sheer 2 Palete sombras maestro nº5 Touchet Blush nº7 Rouge volupté nº28
Sugestões de Maquilhagem Lasting silk fdt 4,5 Sheer lipstick 21 Perfume IDOLE Touche éclat nº1 Perfume Opium
Primavera/Verão High precision retouch nº3 Eyes to kill mascara nº1 Casaco Malene Birger
Loose powder 00 Eyebrow pencil nº3
54 beleza
Dior por Inês Pais Diorskin 002 Lip Maximizer Shiseido por Alda Salavisa Luminising bruch powder nº2 Luminising lip gloss PK303
Dior Sourcils Poudre 653 Diorific Rouge 013 Blush luminising satin face colour PK304 Perfume Féminité du Bois
Capture Totale 010 5 Coulours Palette 008 Dior Addict Crystal Gloss Fluid Foundation O40 Luminising satin eye colour YE121 e PK319 Colar Rita Vilhena Jóias
Diorskin Sculpt 001 Crayon Khôl Blanc 007 Perfume: Miss Dior Chérie Concealer nº2 Advance volium mascara nº1
Diorskin Flash 002 Tracé Précis 098 Vestido Totem Loose powder nº1 Perfect rouge glowing mat PK224
Diorskin Poudre Libre 001 Diorshow Black Out 099

56 beleza
CHECK OUT
THE PRODUCT FOTOGRAFIA
JOÃO
BACELAR

PLACEMENT
REALIZAÇÃO
SUSANA
Alice(Central Models), tank top Nike, calções Fornarina. JACOBETTY
58 moda
60 moda Daria(Karacter), t-shirt e shorts Lightning Bolt, ténis Converse. Lia Serge(Elite Lisbon), long sleeved Levi’s, Hotpants Fornarina.
62 moda Geovana Piveta (L’Agence), t-shirt Vans, Mini-Saia Adidas. Joaquim(Best Models), t-shirt Lacoste.
64 moda Juliana Aneli(Best Models), t-shirt Fornarina. Pedro Lemos(Elite Lisbon), t-shirt Adidas.
66 moda Pedro Martin(L’Agence), t-shirt Fred Perry, ténis Adidas. Marcela Dias(L’Agence) t-shirt Diesel, leggings Adidas by Stella McCartney.
Bruno Rosendo (L’Agence) t-shirt Carhartt, calças Hilfiger.

Fotografia_João Bacelar
Realização_Susana Jacobetty
Assistida por_Inês de Oliveira
Agradecimento_Associação Modalisboa
68 moda Mariana Bier(Just Models), t-shirt Pepe Jeans, Calças Fornarina.
BALANCE Fotografia: Frederico van Zeller. Realização: Susana Jacobetty.
Maquilhagem: Inês Pais com produtos Dior. Cabelos: Anne Sophie. Modelo: Andressa (Just Models).
À esquerda: Camisa e clutch Carolina Herrera, calças Adidas, pulseira Hoss, sapatos Replay.
Á direita: Vestido Benetton, pregadeira H&M, sandálias Merrell.
70 moda
Biquini e bandolete H&M, casaco Patrizia Pepe, sandálias Fly. Macaco Mango, fita H&M, ténis Onitsuka Tiger.
72 moda
Top Lacoste, calças Fornarina, colar Hoss, botas Cubanas. Top H&M, saia Guess, brincos e cinto Fornarina, mala Converse, sandálias Cat.
74 moda
agenda

Sonic Youth - Thurston Moore, Kim Gordon, Lee Ranaldo, Steve Shelley e agora, Mark Ibold, (dos regressados Pavement) formam um
colectivo que permanece activo e num percurso coerente, desde 1980. Nova Iorque é o berço dos Sonic Youth e das histórias que contam,
e que se compreendem aos segredos de uma cidade envolta na dicotomia amor/ódio. As primeiras impressões no registo homónimo ou no
mítico “Confusion is Sex”, expressam a raiz experimental da banda, sob a batuta de Glenn Branca e Rhys Chatham, e a atitude “No Wave”,
em contraponto ao género comercial e popular “New Wave” de então. A entrada de Shelley na bateria arranca em 1986 com a fabulosa
trilogia “Evol”, “Sister” e “Daydream Nation”, que muitos consideram como o melhor momento do outrora quarteto. No entanto, o início dos
anos 1990, é marcado pelo contrato com a multinacional Geffen, em prol de total liberdade nas edições, o que lhes permitiu, para além de
maior visibilidade, continuar no conforto dos moldes habituais. Facto evidente na relação com as artes e na sua união com a música dos Sonic
Youth. Não é por acaso que muitos artistas plásticos e cineastas lhes atribuem enorme culto. Pelo meio e com entrada de Jim O’ Rourke, re‑
alçam a veia experimental e lançam dois dos discos mais progressivos, “Murray Street” e “Sonic Nurse”, como também a série experimental na
própria editora da banda (SYR). O 16.º trabalho, “The Eternal”, editado o ano passado pela independente Matador, leva-nos a crer que o
título não é mera coincidência. De facto, para nós, serão sempre eternos. Apesar das idades (andam na casa dos 50), os Sonic Youth parecem
ter um saco sem fundo onde não param de brotar ideias e uma jovialidade que lhes é inerente. Este mês estarão por cá para o provar e o mais
incrível é que, depois de tantos anos a preencher os nossos dias, temos a certeza que nos Coliseus de Lisboa e Porto iremos encontrar do
adolescente borbulhento ao adulto convencional que os acompanha desde sempre.
Texto: Manuel Simões

Sabe como participar em rockinrio-lisboa.sapo.pt


Coliseu dos Recreios, Lisboa, 22 de Abril
Coliseu do Porto, Porto, 23 de Abril

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76 agenda -- destaque Visite o Rio de Janeiro


The Horrors + Crystal Castles - A
Nokia Music Store portuguesa celebra a 17 de Abril
o seu primeiro aniversário com o patrocínio a um con‑
certo único em Lisboa que junta os canadianos Crystal
Castles aos britânicos The Horrors, autores de um dos
melhores discos de 2009, “Primary Colours”. Ambos os
grupos são repetentes em palcos nacionais, tendo actu‑
ado o ano passado em festivais portugueses, os Crystal
caférestaurantebar
Castles no Alive! e os The Horrors a norte, em Paredes
de Coura. A expectativa para o concerto de Lisboa
reside, no caso dos Crystal Castles, nas novas composi‑
ções do duo, a integrar um novo álbum a editar em bre‑
ve – e que deverá seguir na linha do primeiro disco, de
2008, meio caminho entre o noise electrónico e músi‑
ca de videojogo dos anos 1980. Já dos The Horrors,
a esperança é que, no mínimo, sejam tão bons como em
disco: “Primary Colours”, segundo trabalho do grupo, foi internet wireless gratuito
uma pedrada no charco, daqueles discos que já não se
fazem, intenso, sujo, feio, porco e mau – nós adorámos,
portanto. Este concerto integra um “vasto leque de ac‑ happyhouraté20h
ções da Nokia Music Store”, e para quem não puder
marcar presença, fica o alerta de que o espectáculo será
transmitido em directo na loja virtual da marca. Para to‑
dos os outros, os felizardos que marcarão presença no
Coliseu dos Recreios, a dica é só uma: preparem os vos‑
sos melhores penteados para tentar rivalizar com os por‑
tentos capilares dos The Horrors.

Texto: Pedro Primo Figueiredo

Coliseu dos Recreios, Lisboa, 17 de Abril


Avenida da Boavista, 911 4100-128 Porto Avenida da Boavista, 911 4100-128 Porto
Tel: 226098968 Telm: 914943039 Tel: 226098968 Telm: 914943039
Uffie - Uffie nasceu nos Estados Unidos, passou E-mail: info@triplex.com.pt E-mail: info@triplex.com.pt
rua do alecrim 35 ○lisboa tel 213146909/11/18
20091118_motor_anuncio_dif_102x134mm_AF.ai
○ 158 21:52
grande parte da infância em Hong Kong, vive em Paris,
é um dos nomes proeminentes de uma das editoras mais
respeitadas da actualidade, a francesa Ed Banger, e um
dos novos e mais seguros valores da música electrónica.
Anna-Catherine Hartley, Uffie nas lides artísticas, come‑

oares
çou por estudar moda mas o apelo da música foi mais
forte. Apontada como uma das musas dos DJs fran‑
a r q u e s S a
ceses, a rapper emprestou a voz a ‘Tthhee Ppaarrttyy’,
Ag ora na M sua esper estao a
dos Justice, e a temas de Mr. Oizo ou DJ Feadz. A
l h o r e s m arcas
sua (ainda) curta carreira não se esgota nestas colabo‑
rações e, desde 2006, já deu como frutos cinco EPs, as me
entre os quais o recente “MCs Can Kiss”, que misturam
géneros como o synthpop, a electrónica, o hip hop ou
o rap. Os singles “Pop The Glock”, “First Love” e “Hot
Chick” andam há muito na boca de todos, no entanto o
êxito alcançado chegou a assustá-la e, combinado com C
a vida intensa na estrada, acabou por conduzir a adia‑
mentos sucessivos do lançamento de um longa-duração. M

A espera parece ter terminado, já que está finalmente Y


concluído o aguardado álbum de estreia, “Sex Dreams
and Denim Jeans”, com produção assinada por Feadz, CM

Mirwais, SebastiAn e Mr. Oizo e a colaboração de MY


Pharrell Williams. A edição deve acontecer no final de
Maio e o registo é descrito pela própria como «esqui‑ CY

zofrénico» e o seu «reflexo como artista». A 01 de Maio CMY


Uffie vai mostrar porque é um nome a seguir com aten‑
ção, com o primeiro concerto em território nacional, no K

Lux, em Lisboa.

Texto: Samuel Cruz

www.marquessoares.pt

PORTO | Rua das Carmelitas, 130 - Telef. 222 042 200/54


Lux, Lisboa, 01 de Maio
Rua de Santa Catarina, 21 e 39 - Telef. 223 323 512
AVEIRO | Av. Dr. Lourenço Peixinho, 55 a 57 - Telef. 234 348 000
78 agenda -- música
Recebe a dif em tua casa
73

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Profissão Idade
Humpday, de Lynn Sheldon - Lynn Sheldon representa o conceito de one-woman-
show no cinema independente norte-americano. Escreve, realiza, produz, mas também já foi actriz,
directora de fotografia e editora de imagem. Por vezes para se fazer os filmes que se quer, é ne‑ * campos obrigatórios para a recepção da dif em tua casa
cessário abraçar o processo em toda a sua complexidade, literalmente. “Humpday” é um filme que Endereço: Publicards Publicidade, lda. Rua St. António da Glória, 81. 1250‑080 Lisboa
resulta desse trabalho árduo de conjugar tarefas tão distintas como escrita, realização e produção.
Mas o esforço não foi inglório e na edição de 2009 do Festival de Sundance, o filme recebeu o Recorta ou fotocopia este formulário e envia‑o para Publicards Publicidade lda. junto com um cheque no valor de 10 euros
Prémio especial do Júri para “Spirit of Independence”. Mas apesar do reconhecimento, há quem (custos de envio por dez números) e receberás a dif em tua casa.
o considere ironicamente homofóbico (ao mostrar a homosexualidade como uma “moda”) e sexista
(a mulher surge como “violadora” do homem). Por outro lado, alguns críticos apontam Humpday
como parte do movimento mumblecore no cinema independente americano. Essencialmente o mo‑
10 números por 10 euros
vimento caracteriza-se por produções de orçamento muito reduzido, frequentemente com recurso

guia de compras
a câmaras de vídeo digitais, em que o enredo giro à volta de relacionamentos entre personagens
de vinte e muitos anos, os actores são inexperientes e os agumentos improvisados. Lynn Sheldon é
apontada como uma das realizadoras do género. De certa forma podemos comprová-lo neste seu

agenda
último trabalho. No entanto não julguemos um livro pela capa. “Humpday” é muito mais que um
filme independente, para muitos é uma lufada de ar fresco, nas palavras da Total Film, “o filme que
Hollywood não teria a coragem de fazer”.
A história começa quando dois amigos, heterossexuais, Ben (Mark Duplass) e Andrew (Joshua
Leonard) voltam a encontrar-se depois de 10 anos sem se verem. Durante uma festa tresloucada, Adidas. T. 21 042 44 00. www.adidas.com/pt. Adidas Eyewear. T. 21 319 31 30. Aforest Design. Tm. 96 689 29 65. www.aforest-design.com. Ana Salazar. Rua do Carmo, 87 – Lisboa. Rua Nova
do Alfândega, 65 – Porto. T. 21 347 22 89. Alexandra Moura. info@alexandramoura.com. A outra face da lua. Rua da Assunção, 22, Baixa – Lisboa. T. 21 886 34 30. Ben Sherman – Lusogoza.
vêem-se envolvidos num desafio de “Verdade ou Consequência” em que ambos se comprome‑ Rua Fonte da Luz, 141 – Porto. T. 22 618 25 68. Big Punch. Rua do Norte, 73, Bairro Alto – Lisboa. T. 21 342 65 50. Billabong – Despomar. T. 26 186 09 00. Carhartt. Rua do Norte, 64, Bairro
tem a realizar um filme pornográfico homossexual, que inclua sexo anal, como um “projecto de arte” Alto – Lisboa. Cat – Bedivar. T. 21 994 68 10. Cheyenne. C.C. Acqua Roma, Av. de Roma - Lisboa. Christian Dior. www.dior.com. Converse – Proged. T. 21 446 15 30. Cubanas. T. 24 988 93 30.
entre dois homens heterossexuais e submetê-lo ao festival de cinema HUMP!. Nenhum decide www.cubanas-shoes.com. Cubanas@cubanas-shoes.com. Datch, Indian Rose, Gio Goi e Quick – As coisas pelo nome. Rua Fonte da Luz, 131, B4 - Porto. T. 22 610 55 82. www.ascoisaspelonome.
quem irá ser o sujeito activo e o sujeito passivo, mas Ben avisa Andrew que terá de falar primeiro pt. Diesel store Lisboa. Praça Luís de Camões, 30, Bairro Alto. T. 21 342 19 80. Diesel store Porto. Avenida da Boavista 1767-1837 Loja 1-2.. T. 22 600 97 01. Dino Alves. Rua Luz Soriano, 67,
Bairro Alto – Lisboa. T. 21 017 30 91. DKNY. T. 21 711 31 76. Eastpak - Morais&Gonçalves Lda.. T. 21 917 42 11. Energie, Killah e Miss Sixty - Sixty Portugal. T. 223 770 230. www.energie.it.
com a mulher Anna (Delmore). Mas assim que lhe começa a falar do festival, a reacção de Anna é www.killah.it. www.misssixty.com. Emernegildo Zegna. Av. da Liberdade, 151 – Lisboa. T. 213 433 710. Fernanda Pereira. www.fernandapereira.blogspot.com. Firetrap – Buscavisual - Rep. de Moda
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filme. No entanto, em conversa com Anna, Andrew apercebe-se que ela já sabe da aventura em com. Fornarina. Tm. 91 218 18 88. www.fornarina.it. Fred Perry - Sagatex. T. 22 508 91 53. GAS. T. 22 377 11 64. www.gasjeans.com. Gola – Upset Lda. T. 21 445 9404. Goorin. T. 21 342 15 85.
que ambos vão embarcar e sem querer, revela a verdade. Anna fica furiosa com Ben mas este insis‑ GDE. Rua da Rosa 195/197, Bairro Alto – Lisboa. Gsus – Pano de Fundo Lda.. T. 22 374 52 77. H&M. Rua do Carmo, 42, Chiado – Lisboa. Havaianas – Cia Brasil. T. 29 121 18 60. Hugo Boss –
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te que quer ir avante com a experiência. Os dois amigos decidem encontrar-se num hotel, levando www.lacoste.com. Lara Torres. Tm. 91 481 11 48. Lee. www.lee-eu.com. Le Coq Sportif. Filipe Beu – Tm. 91 999 15 57. Dayanny Cabral – Tm. 91 605 50 02. Levi’s – Levi’s Portugal. T. 21 799
consigo uma câmara de vídeo. Primeiro filmam-se aos beijos e depois aos abraços, apenas de cue‑ 81 49. Levi’s Acessórios – Pedro Nunes lda. T. 239 802 500. Lua de Champagne. Rua Almirante Pessanha, 10, Chiado – Lisboa. Tm. 96 536 00 35 / 96 843 52 25. Luís Buchinho. T. 22 201 27
cas vestidas. Ambos têm em atenção o outro para nenhum desistir se o outro quiser continuar, mas 76. Maison Margiela, Bernard Willhelm. Por Vocação, Porto – T. 22 092 70 02. Mango. www.mango.com ou www.mangoshop.com. Mao Mao shop. Rua da Rosa, 85, Bairro Alto – Lisboa. Tm.
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CascaiShopping – Lisboa. Rua Pedro Homem de Melo, 125 – Porto. UMM Portugal. Tm. 91 996 32 18. fffelizardo@netcabo.pt. Valentim Quaresma. info@valentimquaresma.com. Vans - Nautisurf.
Texto: Ana Cristina Valente www.vans.pt. T. 210 108 950. Vestal. www.vestalwatch.com. Bizuca – 91 758 71 69. We are Replay. Tm. 93 488 30 60. www.replay.it. WESC. Rua Mouzinho da Silveira – 1723 Porto. Rua Nova do
Almada, 47, Chiado – Lisboa. T. 21 347 21 36. www.wesc.com. Women’s Secret. Chiado – T. 21 374 93 38 / Colombo – T. 21 716 61 32 /. CascaisShopping – T. 21 460 14 20. YSL. www.ysl.com

80 agenda -- cinema 81
O Cavalheiro
do Rossio
ou a bestinha que merecia ficar sem carta
Texto: Raquel Ochoa
Ilustração: Vasco Vicente / WHO

Pelas ruas de Lisboa, lá ia eu bem sozinha…


Tinha acabado de comprar um livro, esse prazer que é a esperança de trazer ali algo de bom. Mas é
sempre uma incógnita, bem o apalpamos e imaginamos, até nele mergulharmos nunca saberemos se foi o
melhor companheiro para trazer da loja.
E andava nestas divagações quando parei em frente à Estação do Rossio. Semáforos e hora de ponta.
Gente a querer voltar para casa quando eu acabara de sair da minha, pela primeira vez durante todo o
dia. Obviamente olhava para as coisas como eles as tinham visto pela manhã, sendo no entanto, um final
de tarde. Folheava o livro e, naturalmente, não me entregava à pressa da cidade. Até que ouvi uma grande
buzina, estridente, corrupta, histérica de maldade.
Fui obrigada a levantar os olhos do meu livro e a olhar para aquela insanidade: um condutor carregava
na sua buzina com a mesma força com que carregava no acelerador durante segundos, furando o espaço
entre os peões que ainda tentavam alcançar o passeio.
Bem-vindos! Estamos em Lisboa…
A atitude foi tão desconcertante que fui obrigada a reflectir sobre três cenários:

Cenário A (e o verídico)
Manuel, chamemos-lhe assim, ao volante do seu BMW, carregou no acelerador e na buzina com tal
raiva que já tinha reflectido durante largas horas que pisar um peão a mais ou um peão a menos era algo
tolamente ultrapassável. Se quisessem, que se desviassem, e assim o fizeram os que tinham pernas para
correr. Ele passou o seu sinal verde, é verdade, mas logo à frente, assim que pôs o seu belo carro nos
Restauradores, foi barrado por um vermelho, que desta vez acatou. Manuel não é doido. É apenas mal-
educado. Diria até, mal formado.
A vida das pessoas não é um joystick, muito menos um ponto de embriagagem entre o acelerador e a
buzina. Ali à minha frente, podia ter acabado tão mal aquela tarde…

Cenário B (B de besta)
O que nos leva ao pior cenário. Aliás, testemunhei-o - esteve a milímetros de acontecer.
Manuel carrega no acelerador e até pestaneja. Mas não trava a tempo. Um jovem de 17 anos e uma
senhora de 55 não conseguiram estugar o passo, não tiveram como. É uma história triste, não a vou desen‑
volver muito mais. Manuel, depois deste episódio, é preso e demora mais de 20 anos a desencarcerar-se
da culpa. Quando saiu desse estado letárgico, o seu BMW já estava fora de moda.

Cenário C
C, de cavalheiro. É pois o cenário menos provável, mas tudo é possível.
Manuel, nem acelerou, nem buzinou, apenas manteve a marcha nos 30 quilómetros hora. Barafustou
um pouco por estes peões não saberem respeitar os sinais de trânsito, mas não enviou quaisquer sinais de
raiva ao seu estômago, nem produziu enzimas de stress no seu fígado. Foi barrado pelo sinal de trânsito
ao entrar nos Restauradores. Ao seu lado, estava estacionada uma bela mulher, loira mas discreta, de olhar
meigo a suportar o trânsito, ao volante de um ainda mais recente modelo da mesma marca de automóveis.
Viram-se e arrancaram os dois ao mesmo tempo. Seguiram lado a lado e já no cruzamento (a Praça da
Alegria para um lado, e Rua das Pretas para o outro), na Avenida da Liberdade, pararam lado a lado no
mesmo sinal vermelho. Como a cor dos lábios dela. Estava calor embora fosse Fevereiro. Ela abriu um pou‑
co o vidro do lugar ao seu lado. Ele abriu o seu, agarrou num cartão com os seus contactos e fê-lo deslizar
lá para dentro. O pessoal dos BM entende-se…

82 desilluminati

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