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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA MM. XXXX


VARA FEDERAL DE [CIDADE/UF] DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO
DE XXXX [OBS. competência da Vara Federal da Seção Judiciária a que
pertencer o município sede da empresa]

[NOME EMPRESA], pessoa jurídica de direito privado


regularmente inscrita no CNPJ sob nº [____], estabelecida no Município de
[______], Estado de [________], com endereço a [ENDEREÇO COMPLETO],
neste ato representada por seu sócio diretor [NOME SÓCIO],
[QUALIFICAÇÃO], portador da Cédula de Identidade/RG nº [RG] e inscrito no
CPF/MF nº [CPF], residente e domiciliado na [ENDEREÇO COMPLETO], vem
à presença de Vossa Excelência, por seu advogado devidamente constituído
(procuração anexa), com fundamento no art. 149, da Constituição Federal, e
nos termos dos art. 319 e ss. do Novo CPC, sem prejuízo das demais normas
da legislação aplicável, propor a presente 

AÇÃO ORDINÁRIA

em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, pessoa


jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n. 00.360.305/0001-04,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I - DOS FATOS

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A Autora é empresa que atua no ramo [__________], sob


o regime tributário [_____], empregando cerca de [__] funcionários.

Não obstante a elevada carga tributária que recai sobre os


contribuintes, o empresário, além das obrigações tributárias e trabalhistas
próprias, tais como salários, férias, décimo terceiro e o pagamento de 40%
(quarenta por cento) da multa do FGTS, ainda arca adicionalmente, com a
contribuição social de 10% (dez por cento) em relação ao FGTS.

Assim, ao proceder à rescisão contratual por dispensa


sem justa causa, a Autora paga não somente os direitos trabalhistas devidos
ao trabalhador, como também a multa rescisória no percentual de 50%
(cinquenta por cento) sobre o saldo acumulado do FGTS que o empregado
possui em conta vinculada, considerando que 40% (quarenta por cento) é
destinado ao trabalhador (depositado na conta do FGTS) e 10% (dez por
cento) para o Governo Federal (contribuição social).

No entanto, insta ressaltar que nessas operações o valor


devido seria de 40% (quarenta por cento), ocorre que a implementação dos
planos econômicos Verão e Collor I comprometeram sensivelmente o
patrimônio das contas vinculadas dos trabalhadores, uma vez que a Caixa
Econômica Federal, agente operador do FGTS, deixou de considerar nos
meses de Janeiro/1989 e Abril/1990 índices de correção monetária que
deveriam ser observados para a atualização dessas contas.

Destarte, a fórmula encontrada pelo governo para suprir o


déficit provocado pelos referidos expurgos inflacionários foi a transferência do
ônus aos empregadores, desta forma, foi aprovada a Lei Complementar nº
110/2001, que resultou na instituição da contribuição, a qual seria cobrada até
que fossem sanadas por completo as diferenças nas contas do FGTS. Deste
modo, se estabeleceu meios e condições para o pagamento dessa dívida
consoante dispõe o seu art. 1º:

LC nº 110/2001, Art. 1º Fica instituída contribuição social devida


pelos empregadores em caso de despedida de empregado sem justa
causa, à alíquota de dez por cento sobre o montante de todos os
depósitos devidos, referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS, durante a vigência do contrato de trabalho,
acrescido das remunerações aplicáveis às contas vinculadas.

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Assim, vê-se, nitidamente, que o adicional de 10% (dez


por cento), nos casos de demissão sem justa causa foi instituído com
finalidade específica e tempo determinado.

Como a instituição das contribuições sociais previstas na


Lei Complementar nº 110/2001 foi estabelecida com uma finalidade
específica, inicialmente previu-se que em 15 anos (180 meses) todos os
débitos decorrentes dos expurgos inflacionários aplicados às contas
vinculadas do FGTS seriam amortizados.

Desta forma, em 29 de março de 2012, em audiência


pública realizada na Subcomissão Temporária do FGTS no Senado Federal, a
Caixa Econômica Federal, administradora das contas do FGTS, por
intermédio do Ofício nº 38/2012 e por manifestação de seu Presidente, Sr.
Jorge Fontes Hereda, afirmou que os recursos do FGTS estariam
devidamente recompostos em julho de 2012, ocasião em que poderia ser
extinta a contribuição, uma vez que o déficit estaria sanado.

Diante do cumprimento da finalidade da instituição, o


Congresso Nacional aprovou então o Projeto de Lei Complementar - PLP
200/12, que fixava prazo para extinção da contribuição, ao argumento de que
a sua arrecadação passou a ser usada para investimentos e ações
estratégicas do Governo, desvirtuando o desígnio da contribuição.

Todavia, o projeto de lei foi vetado pela Presidência da


República, sob o fundamento de que a extinção da contribuição geraria um
impacto superior a R$ 3 bilhões por ano nas contas do FGTS, prejudicando
investimento em programas sociais, como, por exemplo, o “Minha Casa,
Minha Vida”.

Ocorre que as contribuições têm suas receitas


afetadas a fins específicos e os recursos vinculados às suas finalidades
devem ser utilizados, exclusivamente, para atender ao objeto de sua
vinculação, conforme as disposições que podem ser extraídas da Lei de
Responsabilidade Fiscal, não havendo, então, justificativa que autorize a
continuidade da cobrança dessas exações.

O tributo não foi criado para fazer frente às políticas


sociais ou ações estratégicas do Governo, mas, sim, para viabilizar o
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pagamento de perdas inflacionárias nas contas individuais do Fundo. E,


restando esgotada a finalidade da contribuição, não é razoável que o Estado
exija do contribuinte o recolhimento de valores que não terão serventia
pública.

Sendo assim, conclui-se que no caso da contribuição


estabelecida pela Lei Complementar nº 110/2001, há desvinculação integral
de seu intento. Logo, exaurida a finalidade, não há mais motivação que
sustente a cobrança.

II - DO DIREITO

II.1 – DA INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO DO ART. 1º DA LC


110/2001

A Contribuição instituída pela Lei Complementar 110/2001


em seu art. 1º, assim como as demais contribuições criadas com base no art.
149, da Constituição Federal, possuem como característica a vinculação a
uma atuação estatal específica, ou seja, uma finalidade a ser atingida, a qual
uma vez cumprida põe termo à exigibilidade do tributo.

Nesse sentido, importante destacar a redação dada ao art.


149, da nossa Carta Magna:

CRFB/1988, Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir


contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no
art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.

Assim, tem-se que a Constituição Federal ordena ao


produto da arrecadação de contribuições a vinculação a órgão, fundo ou
despesa. Portanto, as receitas dessa espécie tributária devem estar
necessariamente atreladas.

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Desta forma, o débito do contribuinte está vinculado a uma


finalidade. Ao passo que, se há desvinculação, o débito torna-se, ipso facto,
um indébito.

Ora, percebe-se, na própria Lei Complementar nº


110/2001 – art. 4º, caput -, que a finalidade para a qual foi instituída a
contribuição em destaque (financiamento do pagamento dos expurgos
dos Planos Verão e Collor I) era temporária e já foi atendida, tendo em
vista que a última parcela dos complementos de correção monetária foi
paga em 2007.

Ademais, a contribuição instituída pela Lei


Complementar nº 110/2001 em seu art. 1º, tem como fundamento a
vinculação a uma atuação estatal específica, a qual uma vez cumprida
torna inexigível a obrigação tributária.

Destarte, a crescente necessidade de receita pelo Fisco


não pode transformar a norma tributária em uma imposição sem fundamento
por parte do Poder Público. Necessário o resgate da substância de conceitos
dogmáticos como causa e finalidade, levando tal debate à apreciação do
Poder Judiciário e valorizando a Constituição Federal como um sistema de
limites.

Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial se mostra


totalmente voltado ao reconhecimento do direito aos contribuintes em face da
exigência despropositada da “multa de 10% do FGTS”, senão vejamos:

DECISÃO PROCESSO: AÇÃO ORDINÁRIA Nº 62204-


46.2013.4.01.3400
AUTOR: EMPLAVI REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS LTDA E
OUTROS
RÉU: UNIÃO/FAZENDA NACIONAL
JUÍZO: 6ª VARA / SJDF
Trata-se de pedido de antecipação dos efeitos da tutela em ação
ordinária ajuizada por EMPLAVI REALIZAÇÕES IMOBILIÁRIAS
LTDA E OUTROS contra a UNIÃO/FAZENDA NACIONAL,
tencionando obter a suspensão da exigibilidade da contribuição
social instituída pelo art. 1º da Lei Complementar 110/2001. Explica
que a referida contribuição social foi criada tendo como escopo fazer
frente à necessidade de o FGTS recompor os expurgos inflacionários
das contas vinculadas, no período de 1º de dezembro de 1988 a 28
de fevereiro de 1989 e no mês de abril de 1990.
No entanto, alega que desde janeiro de 2007, as contas do FGTS, no
que pertine aos débitos decorrentes do pagamento dos expurgos,

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estão sanadas, e, desde o ano de 2012, a arrecadação do produto


da contribuição instituída pelo art. 1º da LC 110/2001 está sendo
destinado ao reforço do superávit primário, por intermédio da
retenção dos recursos pela União.
Aduz, ainda, que não existe lastro constitucional de validade para a
instituição de contribuição social sobre folha de salários, conforme
art. 1º da LC 110/2001, por força da Emenda Constitucional 33/2001.
Com a inicial, os documentos de fls. 31-538. Custa recolhidas (fls.
539).
Contestação às fls. 543-53. DECIDO Entendo, em juízo de
preambular exame, que se encontram configurados os requisitos
autorizadores da concessão da pretendida medida antecipatória, vez
que presente a verossimilhança da alegação (art. 273 caput, I, do
CPC). Não há dúvida de que a contribuição do art. 1º da LC
110/2001 é da espécie contribuição social geral, com destinação
específica, qual seja, a de trazer equilíbrio às contas do FGTS em
razão do pagamento do passivo dos chamados expurgos
inflacionários (Planos Verão e Collor I), conforme exposição de
motivos do Projeto de Lei Complementar (fls. 340).
Conforme ressaltou o Ministro Joaquim Barbosa, Relator das ADI’s
2.556-2 e 2.568-6, em que reconhecida a constitucionalidade da
contribuição em testilha, “a existência das contribuições, com todas
as suas vantagens e condicionantes, somente se justifica se
preservadas sua destinação e finalidade. Afere-se a
constitucionalidade das contribuições pela necessidade pública atual
do dispêndio vinculado (motivação) e pela eficácia dos meios
escolhidos para alcançar essa finalidade.”
Ou outras palavras, se cumprida a finalidade que motivou a
instituição da contribuição, esta perde seu fundamento de
validade, de modo que a exigência, passa, então, a ser indevida.
Essa é a situação da contribuição social instituída pelo art. 1º da
LC 110/2001, que vem sendo cobrada dos empregadores no
caso de demissão sem justa causa, no percentual de 10% do
montante dos depósitos devidos ao FGTS, enquanto que a
última parcela dos complementos de correção monetária foi
paga em janeiro de 2007, conforme cronograma estabelecido na
alínea “e” do inciso II do art. 4º do Decreto 3.913/2001.
O esgotamento da finalidade que motivou a criação da
contribuição fica ainda mais clarividente quando se observa a
motivação do veto da Presidente da República ao Projeto de Lei
Complementar nº 200/2012, que se destinava a extinguir a
contribuição do art. 1º da LC 110/2001, in verbis:
“A sanção do texto levaria à redução de investimentos em
importantes programas sociais e em ações estratégicas de
infraestrutura, notadamente naquelas realizadas por meio do Fundo
de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FI-
FGTS. Particularmente, a medida impactaria fortemente o
desenvolvimento do Programa Minha Casa, Minha Vida, cujos
beneficiários são majoritariamente os próprios correntistas do FGTS.”
A imposição tributária tratada nos autos advém de autorização dada
pelo próprio povo, através de seus representantes – congressistas –
que elaboraram, após regular procedimento legislativo, o respectivo
diploma legal. Essa autorização é direcionada ao Estado, e teve
como finalidade equilibrar as contas do FGTS. Assim, alcançada

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essa finalidade, cessa compulsoriedade do tributo, por ausência de


justa causa. Do contrário, quebra-se a confiança entre o Estado e os
contribuintes, pilar de todo processo de positivação do direito.
Por isso, “não se pode continuar exigindo das empresas, ad eternum,
as contribuições instituídas pela Lei Complementar n 110”, conforme
firmemente assentado pelo TRF-4ª Região em ementa cuja
reprodução sintetiza as considerações acima tecidas, in verbis:
“Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito
suspensivo, interposto contra decisão que, em mandado de
segurança, indeferiu pedido de liminar. Pleiteia a parte agravante a
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151,
V, do CTN. Com base no artigo 557 do CPC, foi negado seguimento
ao recurso. A agravante interpõe agravo regimental. Vieram os autos.
É o relatório. Decido. Tendo em vista o protesto para a ulterior
juntada da procuração, nos termos do artigo 37 do CPC, reconsidero
a decisão proferida anteriormente e dou seguimento ao presente
recurso. Passo à análise do pedido suspensivo. A Lei Complementar
nº 110/01 criou duas novas contribuições de modo a viabilizar o
pagamento correto da atualização monetária das contas vinculadas
de FGTS, que sofreram expurgos por ocasião do Plano Verão
(janeiro de 1989) e do Plano Collor (abril de 1990), reconhecidos
pelos Tribunais Superiores quando do julgamento, pelo Plenário do
STF, do RE nº 226.855-7/RS, rel. o Ministro Moreira Alves, publicado
no DJU de 13.10.2000, e, pela 1ª Seção do STJ, do REsp nº
265.556/Al, Rel. Ministro Franciulli Netto, por maioria, DJU de
18.12.2000.
As novas contribuições, diferentemente das anteriores, têm natureza
tributária, não sendo um encargo decorrente do contrato de trabalho.
Veja-se que o STF, nas ADIns 2.556 e 2.568, pronunciou-se pela
constitucionalidade da LC 110/01, entendendo que as novas
contribuições para o FGTS são tributos e que configuram,
validamente, contribuições sociais gerais.
Transcrevo a decisão:
- Novas contribuições para o FGTS. LC 110/01. Natureza tributária. -
Constitucionalidade das novas contribuições ao FGTS (LC 110/01)
como contribuições sociais gerais. Sujeição à anterioridade de
exercício. STF. "Ação direta de inconstitucionalidade. Impugnação de
artigos e de expressões contidas na Lei Complementar federal nº
110, de 29 de junho de 2001. Pedido de liminar. – A natureza jurídica
das duas exações criadas pela lei em causa, neste exame sumário, é
a de que são elas tributárias, caracterizando-se como contribuições
sociais que se enquadram na sub-espécie `contribuições sociais
gerais' que se submetem à regência do artigo 149 da Constituição, e
não à do artigo 195 da Carta Magna. - Não-ocorrência de
plausibilidade jurídica quanto às alegadas ofensas aos artigos 145, §
1º, 154, I, 157, II, e 167, IV, da Constituição. - Também não
apresentam plausibilidade jurídica suficiente para a concessão de
medida excepcional como é a liminar as alegações de infringência ao
artigo 5º, LIV, da Carta Magna e ao artigo 10, I, de seu ADCT. - Há,
porém, plausibilidade jurídica no tocante à argüição de
inconstitucionalidade do artigo 14, caput, quanto à expressão
`produzindo efeitos', e seus incisos I e II da Lei Complementar objeto
desta ação direta, sendo conveniente, dada a sua relevância, a
concessão da liminar nesse ponto. Liminar deferida em parte, para

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suspender, ex tunc e até final julgamento, a expressão `produzindo


efeitos' do caput do artigo 14, bem como seus incisos I e II, todos da
Lei Complementar federal nº 110, de 29 de junho de 2001." (STF,
Plenário, maioria, ADIn 2.568/DF, out/02) Vide também: ADInMC
2.556/DF.
Ocorre que a finalidade para a qual foram instituídas essas
contribuições (financiamento do pagamento dos expurgos do
Plano Verão e Collor) era temporária e já foi atendida. Como as
contribuições têm como característica peculiar a vinculação a
uma finalidade constitucionalmente prevista, atendidos os
objetivos fixados pela norma, nada há que justifique a cobrança
dessas contribuições. Por isso, entendo que não se pode
continuar exigindo das empresas, ad eternum, as contribuições
instituídas pela Lei Complementar nº 110. Verifico, portanto, a
relevância no fundamento do pedido. Saliento que a lei exige, para a
análise dos pedidos de liminar e de antecipações de tutela, que haja
risco para o autor de modo a justificar a medida, mas que não se
coloque em risco o réu, impondo-lhe dano irreversível.
Em matéria tributária, contudo, o risco de dano é, via de regra,
exatamente o mesmo para ambas as partes: não ter a
disponibilidade imediata de recursos financeiros. O contribuinte vê-se
na iminência de ter de efetuar pagamento indevido e o Fisco na de
deixar de receber prestação devida, com prejuízo às atividades de
cada qual. Em qualquer caso, porém, a compensação futura é
absolutamente viável. Daí por que me parece que se estabelece uma
certa neutralidade quanto a tal requisito, assumindo caráter
hegemônico para a decisão quanto aos pedidos de liminar a
relevância dos argumentos, traduzida nas fórmulas do forte
fundamento de direito (mandado de segurança), da fumaça do bom
direito (cautelar) ou da verossimilhança (antecipação de tutela).
Desta forma, concedo efeito suspensivo, determinando à agravada
que se abstenha de exigir as contribuições que ora se discute. Oficie-
se ao Juiz de Primeira Instância, comunicando os termos desta
decisão. Intime-se o agravado para apresentar contraminuta no
prazo de 10 dias, forte no artigo 527, V, do CPC. Publique-se.
Intimem-se. (AG 2007.04.00.024614-7, Relator Desembargador
Federal Leandro Pausen, Segunda Turma, D.E. 27.08.2007)
Diante do exposto, DEFIRO O PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA, para suspender, em relação às Autoras, a
exigibilidade do crédito tributário relativo à contribuição social geral
de que trata o art. 1º da LC 110/2001, nos termos do art. 151, V, do
CTN. P.I. Brasília, 5 de dezembro de 2013. (assinado
eletronicamente) IVANI SILVA DA LUZ Juíza Federal Titular da 6ª
Vara / SJDF” (Destaquei)

Ante o exposto, conclui-se que as contribuições têm


como característica peculiar a vinculação a uma finalidade
constitucionalmente prevista, de modo que, uma vez atendidos os
objetivos fixados pela norma, nada há que justifique a cobrança dessas
contribuições.

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Desta forma, considerando-se que houve arrecadação


de recursos suficientes para fazer frente às despesas para o pagamento
de expurgos inflacionários sobre os saldos das contas vinculadas, resta
esgotada a finalidade que justificou a instituição da contribuição
adicional de 10% (dez por cento) do FGTS.

Então o que pretende a Autora com a presente ação é que


seja declarada a inexigibilidade do crédito tributário relativo à
contribuição social geral de que trata o art. 1º da LC 110/2001, bem como
o direito de reaver os valores indevidamente pagos a este título desde
julho de 2012, conforme faz prova o relatório em anexo, emitido pela
Caixa Econômica Federal, que na coluna “CONTR SOCIAL” relaciona os
valores pagos pela Autora a este título.

Observe-se que o relatório contempla todas as


contribuições realizadas pela Autora referente ao CNPJ acima relacionado,
cujo pagamento é realizado no Estado de XXXX.

Ainda, tendo em vista a necessidade de se comprovar os


pagamentos das contribuições no período, restam demonstrados nos
documentos anexos, a título de amostragem duas rescisões e dois
comprovantes de pagamentos do adicional de 10% do FGTS.

II.2 – DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA LEI


COMPLEMENTAR 110/2001 E DO PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA

Como visto a exigência da contribuição social geral


instituída pela Lei Complementar 110/2001 em seu art. 1º, pauta-se nas
espécies tributárias descritas no art. 149, da Constituição Federal, as quais
possuem como característica a vinculação a uma atuação estatal específica,
ou seja, uma finalidade a ser atingida, a qual uma vez cumprida põe termo a
exigibilidade do tributo.

Nesse diapasão, a exigência da contribuição após o


termo de sua finalidade acaba por ocasionar afronta ao texto
Constitucional, isso porque a Carta Magna de 1988 estabelece que as
contribuições sociais devem ser fiéis a finalidade para qual foram
instituídas bem como ao destino do produto arrecadado, sob pena de
serem declaradas inconstitucionais.
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Com efeito, a finalidade da contribuição objeto da presente


demanda não só restou exaurida como teve sua finalidade desviada para
Programas Sociais, tais como o “Minha Casa Minha Vida”, tornando o tributo
inexigível.

Corroborando ao exposto, tem-se o disposto nos art. 149,


caput, e 150, IV, da Constituição Federal de 1988:

CRFB/1988, Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir


contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no
art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Desta feita, a exigência da contribuição social


(recomposição de expurgos inflacionários nas contas vinculadas do FGTS
relativos aos Planos Verão e Collor I) perdeu seu fundamento, de modo que
atualmente configura flagrante desvio dos recursos arrecadados por
parte da União tornando sua arrecadação confiscatória resultando, por
conseguinte, na inconstitucionalidade do art. 1º da Lei Complementar nº
110/2001.

Ademais, a instituição de contribuição sem destinação a


escopo constitucionalmente previsto é, portanto, juridicamente inválida, assim
como a lei que destine contribuição para finalidade outra que não a prevista
na Constituição da República.

Em virtude da flagrante inconstitucionalidade do art. 1º da


Lei Complementar nº 110/2001, a matéria ora debatida, atualmente é objeto
de ação direta de inconstitucionalidade, encontrando-se pendente de decisão
por meio de ADI nº 5.051/DF de relatoria do Ministro Roberto Barroso.

Assim, oportuno o prequestionamento da matéria


constitucional, nos termos do que dispõe a Súmula do Pretório Excelso (STF
282 e 356), haja vista a necessidade da tratativa quando envolvidas questões
constitucionais.
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II.3 – DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Conforme pode ser perfeitamente constatado em breve


leitura da presente peça, estão presentes os requisitos autorizadores para
concessão da antecipação de tutela para que a Autora deixe de recolher
contribuição social geral de que trata o art. 1º da LC 110/2001.

O fumus boni juris é evidente, eis que presente a


verossimilhança das alegações. Deste modo, demonstrada a relevância dos
fundamentos desta petição, que, como explicitado decorre do recolhimento
indevido da “multa dos 10% do FGTS”, a qual, como visto, teve seu
fundamento exaurido. O bom direito que ampara a pretensão da Autora restou
evidenciado, decorrendo do próprio Texto Constitucional a plausibilidade da
tese aqui sustentada.

Por outro lado, o periculum in mora está evidenciado pelo


recolhimento indevido dessas contribuições, cuja finalidade temporária já foi
atendida. De modo que a continuidade no recolhimento das contribuições não
somente onera ainda mais a Autora, como traz prejuízos de fluxo de caixa e
inviabiliza outros projetos da empresa, bem como investimentos em pesquisa
e desenvolvimento tornando-a menos competitiva frente ao mercado.

Tais fundamentos encontram-se pautados no art. 300, do


novo CPC, o qual dispõe acerca da concessão da tutela de urgência quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, assim, conforme demonstrado
nos autos restou evidente a presença do fumus boni juris e do periculum in
mora.

Portanto, preenchidos os requisitos, já que a manutenção


da cobrança da contribuição até que seja proferida decisão final na presente
ação poderá acarretar em um longo período de recolhimento indevido. Além
disso, todos os documentos comprovam a verossimilhança do alegado.

Acerca do tema a jurisprudência tem entendido pelo


deferimento da tutela antecipada, senão vejamos:

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BOA VISTA SERVICOS S/A ajuizou a presente ação ordinária,


objetivando, em sede de tutela antecipada, a suspensão da
exigibilidade da contribuição social geral instituída pelo artigo 1º
da Lei Complementar n° 110 de 2001 em face da violação ao
artigo 149, §2º, inciso III, alínea “a” da CF e aos princípios da
finalidade e afetação que regem o regramento normativo das
contribuições sociais, com o reconhecimento da inexistência de
relação jurídico-tributária que a obrigue a recolher a referida
contribuição.
Alega que a edição da Lei Complementar nº 110/2001 foi publicada
com o fim exclusivo de equilibrar as contas do FGTS com a
contribuição social de 10% (dez por cento) nas demissões sem justa
causa, adicional esse que não é revertido para o trabalhador, que
continua percebendo os 40% (quarenta por cento) de multa
rescisória sobre o montante dos depósitos realizados durante o seu
contrato de trabalho.
Aduz que, muito embora a contribuição permaneça vigente, não
persiste mais o fundamento pelo qual foi criada, fato
reconhecido pela Caixa Econômica Federal, que atestou a
quitação integral do débito referente à atualização monetária das
contas do FGTS.
Portanto, em síntese, a presente ação tem por objeto retomar a
análise da constitucionalidade do art. 1º da LC 110/01, face ao
exaurimento da finalidade para a qual foi instituída a
contribuição adicional de 10% do FGTS.
Com a inicial vieram os documentos de folhas 28/200.
É o relatório. DECIDO.
Para a concessão da antecipação de tutela é necessária a
presença concomitante de dois requisitos: a verossimilhança
das alegações (fumus boni iuris), e o fundado receio de dano
irreparável e de difícil reparação (periculum in mora).
No caso em tela, verifico a presença dos requisitos necessários.
O Supremo Tribunal Federal, nos autos das ADIs 2.556-2 e 2.568-6,
reconheceu a constitucionalidade da contribuição instituída pelo art.
1° da LC 110/01, o qual possui a seguinte redação:
Art. 1ª Fica instituída contribuição social devida pelos empregadores
em caso de despedida de empregado sem justa causa, à alíquota de
dez por cento sobre o montante de todos os depósitos devidos,
referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS,
durante a vigência do contrato de trabalho, acrescido das
remunerações aplicáveis às contas vinculadas. (AI 0050529-
67.2014.4.01.0000/DF, Relator Desembargador Federal Souza
Prudente, D.E. 08.09.2014) (Destaques e grifos nossos)

Com efeito, demonstrados os requisitos necessários para


a concessão da tutela antecipada nos termos do que dispõe o novo CPC em
seu art. 300 e em consonância com o entendimento jurisprudencial requer-se
a antecipação da tutela para que a Autora deixe de recolher referida
contribuição social geral de que trata o art. 1º da LC 110/2001, bem como
para que a Ré seja obstada de adotar quaisquer medidas punitivas e/ou

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[ENDEREÇO DO ESCRITÓRIO]
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retaliações administrativas fiscais, financeiras e patrimoniais em face da


Autora até o desate da ação.

II.4 - DO PEDIDO DE DISPENSA DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO –


INEXISTÊNCIA DE POSSIBILIDADE PRÁTICA DE AUTOCOMPOSIÇÃO
NO CASO EM CONCRETO

Com vistas a obter maior celeridade processual,


garantindo o efetivo contraditório e evitando diligências desnecessárias e/ou
que não tragam qualquer resultado útil ao processo, a Autora pleiteia a Vossa
Excelência que dispense a audiência de conciliação normalmente designada
em face da disposição legal que trouxe o artigo 319, inciso VII do novo CPC.

III - DO PEDIDO

Pelo exposto, requer a Autora, respeitosamente, que V.


Exa. se digne a determinar:

a) a citação da ré, na pessoa de seus representantes


legais, para, se desejar, contestar a presente ação, sob pena de revelia,
acompanhando, a seguir, todos os termos processuais até final julgamento;

b) nos termos do artigo 319, VII do Código de Processo


Civil, a parte Autora opta pela não realização de audiência de conciliação ou
de mediação, devendo seguir seu curso normal até a prolatação da sentença;

c) o reconhecimento do prequestionamento da matéria,


nos termos do que dispõe a Súmula 356 do STF, haja vista tratar-se do
reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 1º da Lei Complementar
110/2001;

d) a concessão da tutela antecipada nos termos do que


dispõe o art. 300 do novo CPC, para suspender, em relação à Autora, a
exigibilidade do crédito tributário relativo à contribuição social geral de que
trata o art. 1º da LC 110/2001, nos termos do art. 151, V, do CTN, haja vista a
presença do fumus boni iuris e do periculum in mora; bem como para que a
Ré se abstenha de adotar contra a Autora quaisquer medidas punitivas e/ou

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[ENDEREÇO DO ESCRITÓRIO]
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retaliações administrativas fiscais, financeiras e patrimoniais, até o desate da


ação;

e) a procedência da presente ação, para declarar a


inexigibilidade do crédito tributário relativo à contribuição social geral de que
trata o art. 1º da LC 110/2001;

f) a condenação da ré na obrigação de restituir a Autora os


pagamentos indevidos realizados sob a rubrica acima descrita desde julho de
2012 e/ou possibilitar a compensação destes valores, com débitos relativos à
contribuição incidente sobre a folha de salários no importe atualizado pela
SELIC, até esta data;

g) a condenação da ré no pagamento das custas


processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais cabíveis,
calculados sobre o valor das importâncias a serem restituídas.

Ainda, para efeito da apuração do indébito, requer seja


validado o direito da Autora de que os valores indevidamente pagos sejam
atualizados pela taxa SELIC.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal do representante legal
da ré, sob pena de confesso, oitiva testemunhal, juntada de novos
documentos, perícias, vistorias e demais que ao interesse da causa
convierem.

Dá-se à presente causa o valor de R$ XXXX (XXXX).

Nestes termos,

Pede deferimento

[CIDADE], [DATA]

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[NOME DO ADVOGADO]
[OAB/UF – Nº]

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