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Aula 1

- O termo política deriva do adjetivo em grego politikós (de polis), que significa
tudo que se refere à cidade e que é cidadão, civil, público ou social
- A propagação do termo se deu a partir da obra “Política”, de Aristóteles, que é
o primeiro tratado sobre os encargos do Estado e as formas de governo
- O termo passou a designar também o saber sobre o Estado e o governo
- Na idade moderna, foi substituído nesse sentido por expressões como ciência
do Estado, doutrina do Estado, Ciência Política e Filosofia Política
- Política, então, significa a atividade ou o conjunto de atividades que tem como
ponto de referência a polis, ou seja, o Estado
- Esse conceito está associado ao de poder, que é o conjunto de meios que
permitem a obtenção dos efeitos pretendidos
- Um desses meios é o domínio sobre outros homens
- Nessa relação, a vontade de quem detém o poder se impõe e determina o
comportamento do outro
- O homem também pode ter poder sobre a natureza
- O poder político pertence à categoria do domínio sobre outros homens
- Essa forma de poder se expressa na relação entre governante e governados,
soberano e súditos ou Estado e cidadãos
- O poder político é apenas uma das formas de domínio sobre outros homens
- Na tradição clássica, há três formas:
1) poder paterno;
2) poder despótico;
3) poder político
- A distinção para Aristóteles se baseia no interesse de quem se beneficia do
exercício do poder
- O poder paterno se exerce no interesse dos filhos, o despótico, no interesse
do patrão, e o político, no interesse do governante e dos governados
- No caso do poder político, só há o benefício mútuo quando não se trata de um
governo exercido em benefício próprio
- O critério que prevalece, porém, é o do fundamento da legitimação do poder
- Para Locke, o fundamento do poder paterno é a natureza, o do despótico, o
castigo por um delito cometido, e o do político, o consenso
- A essas justificações, correspondem as três formas clássicas do fundamento
da obediência: ex natura, ex delicto e ex contractu
- Nenhum dos dois critérios, para Bobbio, permite distinguir o caráter específico
do poder político
- Seu argumento é que ambas as distinções para o poder político só se aplicam
a um governo ideal, mas que há outros que não são menos governo porque
não agem para o bem público ou com base no consenso
- O critério que considera mais adequado é o dos meios para o exercício do
poder
- O poder econômico se baseia na posse de certos bens, que induzem aqueles
que não os possuem ao comportamento desejado
- Um exemplo é o dono de uma empresa, que tem a posse sobre os meios de
produção
- Todo homem com abundância de bens tem a possibilidade de condicionar o
comportamento dos que estão em situação de escassez
- O poder ideológico se baseia na influência que as ideias de um homem, que
goza de autoridade no grupo, têm sobre o comportamento dos outros
- Um exemplo é a importância social dos que sabem, sejam sábios, sacerdotes,
intelectuais ou cientistas
- E o poder político se baseia na posse dos instrumentos para o exercício da
força física
- Um exemplo é o Estado, que, na definição de Webber, detém o monopólio do
uso legítimo da força física em determinado território
- Os instrumentos do Estado para o exercício da força física são as leis, a
possibilidade de sanções e, em última instância, as forças de segurança
- Essas três formas de poder instituem e sustentam uma sociedade desigual,
dividida em ricos e pobres, sábios e ignorantes e fortes e fracos
- Por sua base no uso legítimo da força, o poder político é, em toda sociedade
dividida entre superiores e inferiores, o poder supremo
- Trata-se do poder a que todos os outros, de uma forma ou de outra, estão
subordinados
- Por exemplo, o poder econômico depende, para ser exercido, da propriedade
de bens garantida pelo poder político
- Poder político
- A possibilidade do uso da força é uma condição necessária, mas não a única,
para a existência do poder político
- Nem todo grupo que é capaz de usar a força, como organizações criminosas,
exerce o poder político
- A diferença é que o poder político se baseia na exclusividade do uso legítimo
da força
- A imposição do monopólio é uma defesa contra a violência generalizada
- Na teoria de Hobbes, a saída do Estado de Natureza, regido pela anarquia, se
dá com a renúncia dos indivíduos em usar a força
- O poder político se caracteriza por:
1) exclusividade, se refere à preocupação dos detentores do poder em coibir a
formação de grupos armados independentes em seu território de domínio;
2) universalidade, se refere à capacidade dos detentores do poder de, em tese,
tomar decisões apropriadas e efetivas para todos que estão sob seu domínio;
3) inclusividade, se refere à possibilidade de intervir em toda esfera de ação do
grupo sob seu domínio, o que não significa a ausência de limites, que variam
conforme o tipo de Estado
- Como objetivos da política, os únicos generalizáveis são a ordem pública no
espaço interno e a defesa do território nas relações externas
- Não é possível ir além disso porque os fins variam conforme a situação ou se
baseiam em definições do que deveria ser a política
- Para Lasswell e Kaplan, o poder político depende da participação no processo
de tomada de decisões que incidem sobre a vida humana
- A tem poder sobre B com relação ao tema X se A participa da tomada de
decisões que afetam as ações de B relativas ao tema X
- O poder pertence a um homem ou a um grupo de homens e produz os efeitos
pretendidos sobre outros homens
- Se os efeitos pretendidos não se produzem, se trata apenas de influência, e
não de poder
- Para que os efeitos pretendidos se produzam, há o recurso a sanções
- Não é necessária a aplicação das sanções para que os efeitos pretendidos
sejam alcançados
- Basta a existência da possibilidade de aplicação das sanções
- O poder político, então, pode ser definido como o processo de condicionar as
ações de outros homens com a ajuda de sanções, aplicadas ou ameaçadas,
caso não se produzam os efeitos pretendidos
- Isso não significa que o poder político só se impõe pela força
- Antes da preocupação com as sanções, a obediência pode se basear, por
exemplo, na crença, na lealdade, no interesse, no hábito e até na apatia
- Dahl prefere o conceito de sistema político, que define, de forma ampla, como
qualquer padrão permanente de relações humanas que implique, de maneira
significativa, em poder, governo ou autoridade
- Por essa definição, relações humanas que não se baseiam na possibilidade
de uso da força física ou na participação no processo de tomada de decisões
também são políticas
- Exemplos de sistemas políticos desse tipo são clubes, empresas, sindicatos,
entidades religiosas, grupos cívicos, tribos, clãs e talvez até famílias

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