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OS DOCENTES Página 3
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OS DOCENTES
Adriana Paese
É bióloga pela Universidade Federal de São Carlos, Mestre em Ecologia e Recursos Naturais e
Doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela mesma universidade. Atualmente é Especialista em
Geoprocessamento da organização Conservação Internacional e colaboradora da Universidade
Federal do Amapá. Atua principalmente no tema Conservação da Biodiversidade.
Disciplinas nos cursos: Geotecnologia aplicada à Conservação e Visita de Campo
Contato: adripaese@gmail.com
Liza Baggio
É advogada pela Fundação Eurípedes Soares da Rocha de Marília, São Paulo, Mestra em Filosofia
do Direito com ênfase em Direito Ambiental Internacional, pela Universidade Paris X Nanterre,
França, e faz especialização em Gestão, Educação e Política Ambiental na Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE). Atua na área de Direito Ambiental.
Disciplina nos cursos: Direito Ambiental
Contato: lizabaggio@hotmail.com
Marcelo Pelizzoli
Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS),
Especialização em Ciência Política, Mestrado em Antropologia Filosófica e Doutorado em Filosofia
pela PUCRS. Atualmente é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atua nas
áreas Filosofia prática, Bioética e Meio Ambiente.
Disciplinas nos cursos: Ética e Resolução de Conflitos e Síntese e Avaliação
Contato: opelicano@gmail.com
Michele de Sá Dechoum
É Bióloga e Mestre em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atua
principalmente nos temas Gestão de Áreas Protegidas, Invasões Biológicas e Restauração de Áreas
Degradadas. Trabalha no Programa de Espécies Exóticas Invasoras para a América do Sul da The
Nature Conservancy - TNC
Disciplinas nos cursos: Invasões Biológicas e Visita de Campo
Contato: mdechoum@institutohorus.org.br
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Severino Rodrigo Ribeiro Pinto
É Biólogo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestre em Biologia Vegetal e
doutorando em Biologia Vegetal pela UFPE. Atua nas áreas de Ecologia Vegetal, Conservação da
Biodiversidade, Efeitos da Fragmentação de Habitats e Sistema de Informações Geográficas (SIG).
Disciplinas nos cursos: Conservação da Biodiversidade e Geotecnologia aplicada à
Conservação
Contato: severinorodrigo@yahoo.com.br
Thomas Enlazador
É Bacharel em Direito com especialização em Ecoturismo, Legislação e Educação Ambiental e
mestrando pelo PRODEMA - Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). Atua principalmente nos temas Educação Ambiental, Cultura de Paz
e Economia Solidária
Disciplinas nos cursos: Sustentabilidade Sócioambiental e Turismo Sustentável de Base Local
Contato: ecopedagogia@gmail.com
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CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
Docentes
Cecília P. Alves Costa – Professora do Departamento de Botânica, CCB/UFPE.
Contato: cepacosta@yahoo.com.br
Severino Rodrigo – Pesquisador do CEPAN e doutorando em Biologia Vegetal, CCB/UFPE.
Contato: severinorodrigo@yahoo.com.br
Ementa
Esta disciplina pretende estimular cada estudante a uma reflexão crítica sobre a importância da
biodiversidade, desde o contexto de seu próprio cotidiano até uma escala global, identificando as
maiores ameaças e as conseqüências das políticas nacionais e internacionais para sua conservação.
Além disso, a disciplina pretende apresentar as alternativas econômicas e sustentáveis para explorar
essa biodiversidade, bem como para sua manutenção a médio e longo prazo nas unidades de
conservação.
Objetivo
Capacitar os gestores de Unidades de Conservação a:
a) identificar os serviços ambientais prestados pelas UC’s;
b) identificar atividades geradoras de impacto ambiental;
c) identificar e prever as conseqüências destas atividades para a manutenção da biodiversidade
e dos serviços ambientais a curto, médio e longo prazos;
d) elaborar estratégias que minimizem os efeitos de tais impactos;
e) planejar o zoneamento da unidade e da paisagem do entorno de forma a maximizar a sua
efetividade em conservar a biodiversidade e os serviços ambientais;
f) identificar e monitorar indicadores ambientais;
g) efetivar o cumprimento de todos os objetivos da criação da UC.
Conteúdo Programático
• Mata Atlântica: conceito, biodiversidade e situação atual
• Métodos para estimativa e monitoramento da biodiversidade
• Serviços ambientais prestados pela Mata Atlântica
• Causas e conseqüências do desmatamento e outros impactos ambientais
• Os desafios das mudanças climáticas
• Desafios da conservação da biodiversidade dentro das UC’s e seu entorno
• Recuperação de áreas degradadas
• Planejamento de Unidades de Conservação e seu entorno
• Extinções de espécies
• Manejo da vida silvestre
• Ferramentas para ajudar na conservação da Mata Atlântica
Metodologia
Dinâmicas de grupo, simulações, aulas expositivas e exercícios de planejamento de UC’s e seu
entorno. Visita à UC e diagnóstico ambiental.
Bibliografia Básica
Cullen JR, L., Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. B. 2003. Métodos de Estudos em Biologia da
Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 1. ed. Editora UFPR, Curitiba, PR. 665 p.
Kageyama, P. Y. ; Oliveira, R. E.; Gandara, F. B. 2003. Restauração ecológica de ecossistemas
naturais. FEPAF, Botucatu, SP. 340 p.
Meirelles Filho, J. 2007. O livro de ouro da Amazônia. Ediouro. 400 p.
Primack, R.B. & Rodrigues, E. 2001. Biologia da Conservação. Editora Planta, Curitiba, PR. 328 p.
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Porto, K., Cortez, J. A., Tabarelli, M. 2006. Diversidade biológica e conservação da floresta Atlântica
ao norte do Rio São Francisco. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Coleção Biodiversidade
14, v. 1. 280 p.
Santos, R.F. 2004. Planejamento Ambiental: teoria e prática. Editora Oficina de Texto, SP. 184p.
1. Histórico
No final da década de 60, a degradação ambiental começa a ser discutida
internacionalmente. O principal motivo para isso é a publicação do livro “Primavera Silenciosa”, em
1962, onde Rachel Carson denuncia que o DDT que vinha sendo aplicado nas lavouras dos Estados
Unidos estava sendo encontrado no organismo de aves a milhares de quilômetros dali e até mesmo
no leite materno, podendo causar câncer e alterações genéticas. A publicação deste livro fez com que
as pessoas compreendessem que todos podemos sofrer as conseqüências das ações humanas que
vêm sendo irresponsavelmente empreendidas em qualquer local do planeta. Uma reunião
internacional feita posteriormente promovida pelo “Clube de Roma” com o objetivo de discutir as
implicações destes problemas para o crescimento econômico concluiu que temos que impor “Limites
ao Crescimento” (título do documento publicado em 1972), pois os recursos ambientais são limitados
e dependemos deles para nossa sobrevivência. Neste cenário surge a “Biologia da Conservação” que
tem por objetivo o estudo das conseqüências das atividades humanas nos recursos naturais, nos
ecossistemas e na sobrevivência de espécies animais e vegetais. Os resultados destes estudos são
então usados para o delineamento de ações que sirvam para evitar ou minimizar os efeitos danosos
das atividades humanas, de modo a “conservar” a imensa variedade de formas de vida existentes no
planeta.
2. O que é biodiversidade?
De acordo com o Fundo Mundial para a natureza (1989) é: “a riqueza da vida na terra, os
milhões de plantas, animais e microorganismos, os genes que eles contêm e os locais que esses
organismos ajudam a construir no meio ambiente”. Portanto, todos esses níveis de diversidade
biológica (espécies, genes e ecossistemas) são necessários para a sobrevivência contínua das
espécies e das comunidades naturais e todos são importantes para a espécie humana.
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capacidade das florestas em armazenar carbono está sendo negociada a partir da criação dos
mercados de carbono.
12. Quais são as atividades humanas que mais causam impactos ambientais?
As atividades humanas causadoras dos maiores impactos ambientais são:
a) as atividades agrícolas baseadas em monoculturas, latifúndios e transgênicos,
b) a pecuária intensiva e extensiva em larga escala,
c) as atividades que contribuem para o aquecimento global, como as duas citadas acima (já que
dependem do desmatamento) e aquelas cuja energia é baseada na queima de combustíveis
fósseis (ex. parte do transporte e indústrias),
d) o consumismo,
e) a aglomeração de pessoas em grandes centros urbanos,
f) o crescimento populacional humano (mas a má distribuição e gestão dos recursos é de longe
o maior problema),
g) a globalização e o capitalismo,
h) corrupção e burocracia
i) educação escolar alienante e desvinculada do cotidiano,
j) desigualdades sociais entre pessoas e países, ambas agravada pela cobrança da dívida
e(x)terna,
Tais atividades são a base e ao mesmo tempo conseqüência do modelo econômico e
político atual que abrange a maior parte dos países do mundo. Compreender isso pode levar a um
sentimento de impotência naqueles que estão comprometidos com a gestão adequada do meio-
ambiente, no entanto, é imprescindível para que as ações sejam focadas nas causas reais da
degradação ambiental, a fim de que seja de fato possível viabilizar um desenvolvimento
“verdadeiramente” sustentável.
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cana-de-açúcar. As principais causas da fragmentação de floresta são provenientes de interferências
humanas como construção de estradas, estabelecimento de áreas para a agricultura, loteamento
para construção civil entre outras.
ÁREA CONTÍNUA
Fragmentação
DE FLORESTA
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INVASÕES BIOLÓGICAS
Docente
Michele de Sá Dechoum – The Nature Conservancy
Contato: mdechoum@institutohorus.org.br
Ementa
Fornecer aos gestores uma base científica sobre espécies exóticas invasoras e invasões biológicas,
para aplicação prática no campo em controle de invasoras em unidades de conservação.
Objetivos
• Fornecer conceitos básicos e definições usadas na ciência das invasões biológicas.
• Apresentar contexto atual de problemas de invasões biológicas.
• Analisar conceitos ecológicos chave para interpretar invasões biológicas.
• Analisar aspectos críticos de estratégia de manejo, incluindo atividades de prevenção,
estabelecimento de prioridades de controle ou erradicação.
• Fornecer diretrizes para manejo de espécies exóticas invasoras em unidades de conservação
e seu entorno.
• Identificar processos de invasão biológica em campo.
Conteúdo Programático
• Conceitos básicos e introdutórios sobre a ciência das invasões biológicas
• Diagnóstico de processos de invasão
• Impactos econômicos, sociais, culturais e à saúde
• Impactos ambientais, à diversidade biológica e a ecossistemas
• Conceitos – Introdução, potencial de invasão, adaptação, dispersão, vetores, rotas de
dispersão
• Manejo de invasoras
• Prevenção e detecção precoce, controle e erradicação
• Marcos legais nacionais e internacionais
• Programas globais e internacionais e fontes de informação
• Espécies Invasoras e Planos de Manejo de Unidades de Conservação e seu entorno
• Invasões biológicas na Mata Atlântica – estudos de caso
Metodologia
Aulas expositivas/participativas, exposição de vídeo, trabalhos em grupo, vivência, análise e
discussão de estudos de caso e de estratégias para gestão de unidades de conservação e seu
entorno, no que diz respeito a invasões biológicas. Visita à UC e diagnóstico de processos de
invasão, com definição de medidas de controle.
Bibliografia Básica
www.institutohorus.org.br
http://i3n.iabin.net
BASKIN, Y. A plague of rats and rubber-vines. The growing threat of species invasions. The
Scientific Comitee of Problems on the Environment (SCOPE). Island Press, Washington, 377 pp. 2002
COBLENTZ, B.E., 1990. Exotic organisms: a dilemma for conservation biology. Conservation Biology,
4(3): 261-265.
ELTON, C. S. The ecology of invasions by animals and plants. The University of Chicago Press,
Chicago. 181p. 1958.
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FERNANDEZ, F. A. S. Invasores de outros mundos: perda de biodiversidade por contaminação
biológica. In: Anais do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, 4. Curitiba: Fundação O
Boticário de Proteção à Natureza - Rede Nacional Pró Unidades de Conservação. v.2, p. 52-63. 2004.
MATTHEWS, S. América do Sul invadida - a crescente ameaça das espécies exóticas
invasoras. Programa Global de Espécies Invasoras (GISP). 2005.
ZILLER, S.R. & DECHOUM, M.S. Degradação Ambiental causada por plantas exóticas invasoras ras para e
soluções para o manejo em unidades de conservação de proteção integral. In: Barbosa, L.
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M. & Junior, N.A.S. (eds.). Anais do 58 Congresso Nacional de Botânica. Instituto de
Botânica de São Paulo, São Paulo. p.356-360. 2007.
Processo de Invasão
O processo de invasão pode ser compreendido como uma série de etapas sucessivas - para
atingir cada uma, a espécie deve ultrapassar uma série de barreiras (Richardson et al., 2000). A
primeira barreira é a geográfica (o oceano, uma cadeia de montanhas, uma região desértica). A
espécie que consegue ultrapassar esta barreira com ajuda humana intencional ou acidental é
considerada “introduzida”.
BARREIRA GEOGRÁFICA
INTRODUÇÃO
BARREIRA AMBIENTAL
ESTABELECIMENTO
BARREIRA DE DISPERSÃO
INVASÃO
Por Sergio Zalba, Universidad del Sur, Argentina, adaptado de Richardson et al. 2000. Naturalization
and invasion of alien plants: concepts and definitions.
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A segunda barreira é relacionada às limitações ambientais que condicionam a capacidade
reprodutiva de espécies introduzidas. Quando a espécie passa a se reproduzir e formar populações
auto-sustentáveis, ela é denominada uma espécie “estabelecida”.
A terceira barreira inclui características ambientais (presença de predadores naturais, falta de
agentes dispersores, etc.) que inibem a dispersão de espécies estabelecidas. Uma espécie invasora
é aquela que ultrapassa esta barreira e avança extensivamente sobre o novo hábitat.
Impactos ambientais
Espécies exóticas invasoras são a maior causa de perda de biodiversidade em áreas
protegidas e em ilhas oceânicas. Os impactos ambientais de espécies exóticas invasoras variam de
acordo com cada espécie e ambiente. O impacto mais freqüente decorre da dominância do meio
invadido, o que implica a expulsão de espécies nativas, a redução de populações naturais, por vezes
com risco de extinções locais (Ziller & Galvão, 2002). Podem ocasionar a quebra de cadeias tróficas,
a alteração de ciclos naturais, de características químicas ou físicas de solos e do equilíbrio hídrico,
especialmente quando há invasão de espécies arbóreas sobre ambientes campestres ou de cerrado
(Ziller & Galvão, 2002).
Alterações nos ciclos ecológicos são comuns, desde a mudança no regime de incêndios
naturais por plantas que são altamente inflamáveis, até o rebaixamento do lençol freático por maior
consumo de água e a alteração química de solos por injeção de nitrogênio, especialmente por
leguminosas (Ziller, 2000). O desencadeamento de processos erosivos é comum na invasão de
ecossistemas abertos, naturalmente compostos de heliófitas, por plantas de maior porte que, em
função de sombreamento, eliminam a cobertura natural e expõem o solo à erosão. Por conseqüência,
ocorre a sedimentação em áreas úmidas e corpos d’água, com impactos negativos sobre os
ecossistemas aquáticos.
Esses processos de invasão biológica têm conseqüências em cadeia – por exemplo, plantas
invasoras que aparentemente beneficiam algumas espécies da fauna trazem desequilíbrios, pois, à
medida que a invasão se avoluma, ocorre dominância da invasora e, enquanto as populações de
espécies vegetais nativas diminuem, as populações das espécies da fauna que se alimentam da
invasora aumentam. Isso pode levar ao estabelecimento ou à acentuação de relações ecológicas
desarmônicas intra e inter-específicas.
A transformação de áreas naturais pela dominância de invasoras tende a favorecer apenas
um pequeno número de espécies oportunistas da fauna nativa, alterando o equilíbrio dinâmico e a
estrutura dos sistemas estabelecidos, incluindo cadeias/teias alimentares e interações ecológicas
existentes entre as espécies. Estudos de médio prazo realizados na África do Sul mostram que a
remoção de invasoras e a conseqüente redução da dominância geram aumento na biodiversidade
(Working for Water, s/d).
Introdução
Ao longo de sua história, a humanidade tem transportado milhares de espécies para fora de
suas regiões de ocorrência natural. Muitos animais e plantas foram e são movidos propositalmente,
com intenção de promover segurança alimentar, disponibilidade de combustível ou atender a outras
necessidades associadas a diferentes atividades humanas.
Outras espécies, todavia, viajam desapercebidas em carregamentos de sementes, madeira,
ou na água de lastro de navios. Frequentemente também, a introdução de espécies exóticas é
promovida por projetos econômicos baseados em argumentos técnicos questionáveis, que prometem
grandes retornos, mas não consideram, ou evitam apontar os riscos potenciais da introdução em
relação a outros valores, culturais, econômicos e ambientais.
O fracasso econômico das iniciativas de introdução de espécies sem estudos adequados de
mercado é mais freqüente do que o sucesso, especialmente se considerarmos a socialização dos
prejuízos e a concentração dos restritos benefícios. Exemplos contundentes no Brasil são o
caramujo-gigante-africano, a rã-touro e o javali.
Vetores
Vetores são meios físicos pelos quais espécies exóticas são transportadas. Alguns exemplos
são: água, bóias de navegação, containers, correspondência, correntes, embalagens, barcos de
recreação, equipamentos de mergulho, equipamento de pesca e mergulho, água de lastro, calçados,
veículos terrestres, vento, etc.
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Rotas de dispersão
Refere-se aos caminhos por onde as espécies viajam. É importante que se conheça a rota de
dispersão de uma espécie para que possamos saber qual o histórico de transporte da espécie pelo
mundo, quantas vezes a mesma foi introduzida e qual o intervalo de tempo até que se torne invasora
em diferentes tipos de ambientes.
Controle e erradicação
Sendo o processo de invasão biológica gradativo, é muitas vezes difícil que seja percebido
enquanto está ainda na melhor fase para erradicação. Depois que a espécie já se tornou invasora e
dominou o ambiente, é difícil encontrar uma forma de resolver o problema e atingir a erradicação da
espécie, seja em função do alto custo ou simplesmente pela dificuldade de se eliminar a última planta
invasora de uma floresta ou campo, ou de retirar o último peixe exótico de um rio.
Definindo-se os métodos para iniciar, a ação não deve ser postergada. Toda ação de controle
deve ser registrada em detalhe, incluindo informações sobre a localização de cada atividade, espécie,
situação e extensão da invasão, métodos empregados e, em caso de controle químico, diluições e
produtos empregados.
Após a execução da ação de controle, é necessário que seja estruturado um sistema de
repetição dos tratamentos e de monitoramento por meio de repasse, o que inclui a quantificação dos
resultados obtidos. A determinação dos intervalos de tempo para repasse depende da espécie
controlada e da credibilidade atribuída à eficácia do método de controle utilizado; ou seja, quanto
maior a incerteza, menor o intervalo de tempo para repasse.
No processo de aprendizado científico é importante retornar após um período máximo de 3
meses, e menor quando se tratar de plantas herbáceas ou arbustivas, que têm capacidade de se
recuperarem em períodos muito breves se o controle não é eficiente. O ponto chave da eficiência de
controle de plantas invasoras é impedir que se renove o banco de sementes ou de plântulas oriundas
de reprodução vegetativa, sendo importante conhecer os períodos de maturidade e intervalos
reprodutivos das espécies. Isso nem sempre é possível, sendo interessante, nesses casos, que os
repasses sejam executados mensalmente, até que a informação seja adquirida pela experiência.
No repasse deve-se verificar o percentual de sucesso do método de controle empregado,
para se viabilizar que seja ajustado visando o aumento da eficiência; deve-se, ainda, refazer o
controle para remover plantas que sobreviveram ou que foram esquecidas.
A não realização de repasses periódicos seguramente leva à frustração da experiência de
controle, pois é muito difícil que uma população seja erradicada com uma ação única ou que haja
100% de eficiência na eliminação de plantas e do banco de sementes. Essa condição somente é
possível em situações de invasão muito inicial, quando ainda não há banco de sementes
estabelecido. Ainda assim, essa certeza é sempre uma lacuna e não dispensa a atividade do
repasse.
Controle mecânico
Consiste na remoção física das plantas, seja por arranquio, escavação ou corte. Tem boa
eficiência como método isolado apenas para plantas que não apresentam reprodução vegetativa.
Como a grande parte das espécies exóticas invasoras rebrota com facilidade e rapidamente após o
corte e costuma estabelecer um banco de sementes, é quase sempre necessário combinar o controle
mecânico ao controle químico. Não se recomenda o arranquio de plantas que formam banco de
sementes longevo, pois o ato de revirar o solo traz à superfície sementes depositadas em camadas
mais profundas, até então com poucas condições ambientais para germinação.
Controle químico
Embora ocasionalmente haja polêmica referente ao uso de herbicidas para controle de
espécies exóticas invasoras, especialmente em áreas legalmente protegidas que têm como objetivo a
conservação da biodiversidade, herbicidas, graminicidas e outros produtos químicos constituem
ferramentas essenciais para se alcançar bons resultados no controle de invasões biológicas e em
processos de restauração ambiental. A negação de evidências científicas e de experiências
consagradas no mundo com o uso de herbicidas pode levar a perdas significativas de áreas naturais
de alto valor biológico (Sigg, 1999).
A aplicação de produtos químicos para o controle de espécies exóticas invasoras em
ambientes naturais é feita de forma totalmente distinta do tradicional uso agrícola de alto impacto,
com aplicações extremamente localizadas, em geral diretamente sobre o toco ou o caule das plantas-
alvo. Os tratamentos são de pequeno volume, sendo os instrumentos aplicadores mais comuns
pequenas bisnagas ou aspersores de volumes entre 1 e 2 litros. Os tratamentos mais comuns são:
a) corte de árvores e aplicação de herbicidas sobre o toco, para evitar rebrote;
b) anelamento de plantas lenhosas e aplicação de herbicida na base do anel, para acelerar
a morte em pé e inibir o rebrote;
c) abertura da casca da planta lenhosa na base do tronco para aplicação de herbicida;
d) no caso de gramíneas e outras plantas herbáceas, para evitar o uso de aspersão em
grande volume é comum realizar-se roçada e aplicação de herbicida na base das
touceiras quando inicia o rebrote.
Todo o uso de herbicida é feito com adição de corante para que o aplicador tenha perfeitas
condições de visualizar as áreas afetadas. Isso otimiza o volume de produto utilizado e confere
segurança à operação, dado que qualquer vazamento, respingo ou acidente é facilmente localizado.
Não existe receituário único para o uso desses produtos. Cada espécie responde melhor a
determinado princípio ativo e é fundamental apoiar-se em experiências já existentes no mundo para
iniciar esses trabalhos.
Controle biológico
Fundamenta-se na introdução de agentes de controle em geral originados do mesmo
ambiente de distribuição natural da espécie a ser controlada. Experiências falhas de controle
biológico no passado, realizadas sem o devido cuidado exaustivo nos testes de adaptação desses
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agentes, produzem ainda uma impressão errônea de que o método não deve ser empregado. Em
muitos casos, porém, de invasões de grande extensão, o controle biológico é a única solução viável.
Alguns exemplos de grande sucesso são o controle de palma (Opuntia ficus-indica) no Parque
Nacional de Kruger, na África do Sul, pela inoculação de um fungo; a introdução de um gorgulho
predador de sementes na África do Sul para diminuir a dispersão de acácia-negra (Acacia mearnsii),
que tem valor econômico e não pode ser erradicada; e o controle de aguapé (Eicchornia crassipes)
no Lago Vitória, na África, pela introdução de coleópteros.
Veja na tabela abaixo algumas possibilidades de métodos de controle para fauna invasora:
Grupo Técnica de controle
Peixes Captura direta
Armadilhas (com redes, tarrafas, etc.)
Pesca elétrica
Tóxicos (rotenona, antimicina)
Narcóticos (anestésicos)
Dessecação
Controle biológico
Anfíbios (sapos, rãs e pererecas) Captura manual
Armadilhas
Controle das posturas
Métodos químicos (aspersão em folhas)
Drenagem
Fumigação com água quente
Quelônios (tartarugas) Captura manual
Armadilhas
Lagartos e lagartixas Captura manual
Armadilhas
Tiro
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Ofídios (cobras ou serpentes) Captura manual
Armadilhas
Iscas e outros atrativos
Tiro
Exclusão
Tóxicos (fumigação de cargas)
Cães treinados
Aves Captura manual
Armadilhas
Iscas e outros atrativos
Tiro
Tóxicos
Mamíferos Captura manual
Armadilhas
Iscas e outros atrativos
Tiro (com cães, helicópteros, Judas, sebes,
batidas ocasionais)
Tóxicos
Judas
Exclusão (cercados)
Imuno-anticoncepção
Esterilização
Referências Bibliográficas
Working for Water, s/d. The Environmental Impacts of Invading Alien Plants in South Africa.
Cape Town: Department of Water Affairs and Forestry. 20p.
Fontes de informação
www.institutohorus.org.br
http://tncweeds.ucdavis.edu
www.gisp.org
www.feral.org
www.hear.org
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GEOTECNOLOGIA APLICA À CONSERVAÇÃO
Docentes
Severino Rodrigo – Pesquisador do CEPAN e doutorando em Biologia Vegetal, CCB/UFPE.
Contato: severinorodrigo@yahoo.com.br
Adriana Paese – Conservação Internacional
Contato: adripaese@gmail.com
Ementa
A disciplina Sistema de Informações Geográficas trabalha com gerenciamento de imagens e métricas
de paisagem. O SIG é uma ferramenta muito utilizada para planejamento espacial de áreas
protegidas, pois pode otimizar as ações de consolidação dessas áreas.
Objetivos
Capacitar os gestores de UC’s a:
• identificar os serviços ambientais prestados pelas UC’s;
• identificar atividades geradoras de impacto ambiental;
• identificar e prever as conseqüências destas atividades para a manutenção da
biodiversidade e dos serviços ambientais a curto, médio e longo prazos;
• elaborar estratégias que minimizem os efeitos de tais impactos;
• planejar o zoneamento da unidade e da paisagem do entorno de forma a maximizar a sua
efetividade em conservar a biodiversidade e os serviços ambientais;
• identificar e monitorar indicadores ambientais;
• efetivar o cumprimento de todos os objetivos da criação da UC.
Conteúdo Programático
• Mata Atlântica: conceito, biodiversidade e situação atual
• Serviços ambientais prestados pela Mata Atlântica
• Impactos ambientais
• Recuperação de áreas degradadas
• Introdução a Biologia da Conservação
• Planejamento Ambiental: Ecologia da paisagem aplicada ao planejamento de UC’s e seu
entorno
• Manejo da vida silvestre
• Extinções da vida silvestre
• Fragmentação de hábitats e conservação da Mata Atlântica
Metodologia
Aulas expositivas, discussão de texto, estudos de caso e exercícios de planejamento de UC’s e seu
entorno a partir da análise de imagens aéreas e dados sócioeconômicos da região. Visita à UC e
diagnóstico ambiental.
Bibliografia Básica
Cullen JR, L., Rudran, R. & Valladares-Pádua, C. B. 2003. Métodos de Estudos em Biologia da
Conservação e Manejo da Vida Silvestre. 1. ed. Editora UFPR, Curitiba, PR. 665 p.
Kageyama, P. Y. ; Oliveira, R. E.; Gandara, F. B. 2003. Restauração ecológica de ecossistemas
naturais. FEPAF, Botucatu, SP. 340 p.
Primack,R.B. & Rodrigues, E. 2001. Biologia da Conservação. Editora Planta, Curitiba, PR. 328 p.
Porto, K., Cortez, J. A., Tabarelli, M. 2006. Diversidade biológica e conservação da floresta Atlântica
ao norte do Rio São Francisco. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Coleção Biodiversidade
14, v. 1. 280 p.
Santos, R.F. 2004. Planejamento Ambiental: teoria e prática. Editora Oficina de Texto, SP. 184p.
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1. O que é um Sistema de Informação Geográfica?
Um Sistema de Informação Geográfica (SIG) é um sistema de hardware, software,
informação espacial e procedimentos computacionais, que permite e facilita a análise, gestão ou
representação do espaço e dos fenômenos que nele ocorrem.
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Figura 1. GPS manual.
O nome do programa é Arc View e logo abaixo segue os passos básicos para a utlização dessa
ferramenta.
A tela inicial possibilita você criar um novo projeto com um novo visualizador (viewer) ou um projeto
em branco.
Extensões *.shp:
Os arquivos que abrem como imagem no ArcView tem a extensão shp. Eles funcionam como
transparências sobrepostas e possuem informações armazenadas em tabelas.
Ferramentas básicas:
Adição de shapes:
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Manipulação dos shapes:
Os shapes podem ser reorganizados (quanto a sua ordenação) através do mouse pela barra
lateral esquerda. O shape para aparecer deve estar com um vezinho (v), assim ele está “ativado”.
Para que ele esteja “selecionado” basta clicar no botão do tema desejado na barra lateral esquerda.
Para ter acesso a tabela do shape utilize a ferramenta Open Theme Table . A tabela
de informações de capa ponto ou polígono que compões o shape irá aparecer. O que estiver
selecionado no viewer também aparecerá selecionado na tabela.
Alterações na tabela:
No menu Table selecione Start edit para inserir ou deletar informações na tabela. Lembre-se
de sempre selecionar Stop Edit que realizar alterações.
CRIAR UM PROJETO:
Adicionando shapes:
O projeto feito estará sempre com os mesmos shapes organizados desde o último save. Ao
incrementar seu projeto sempre salve.
Salvando projeto:
No menu File selecione Save Project. Certifique-se que você não irá mover os
arquivos salvos de pasta, pois quando carregar seu projeto, ele não encontrá os arquivos
movidos da pasta em que foram salvos.
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DIREITO AMBIENTAL
Docente
Liza Baggio – Advogada Ambiental.
Contato: lizabaggio@hotmail.com
Ementa
O Direito Ambiental busca regulamentar a utilização dos recursos naturais a fim de garantir a
sobrevivência das gerações presentes e futuras. Para tanto, defende um modo de desenvolvimento
sustentável, onde questões econômicas, ambientais e sociais possam interagir de maneira
harmônica. Esta disciplina visa, portanto, analisar as principais normas jurídicas relacionadas à
gestão de Unidades de Conservação, instrumentos indispensáveis para se promover a utilização
sustentável destas áreas.
Objetivos
Capacitar os gestores diretos e indiretos de Unidades de Conservação, através da apresentação de
alguns conceitos básicos de direito e da legislação que regula a utilização destas áreas, para que
sejam capazes de consultar e interpretar as normas ambientais existentes contribuindo assim com
sua efetiva aplicação.
Conteúdo Programático
21
Metodologia
Bibliografia
Antunes, Paulo de Bessa - Direito Ambiental - 10ª edição - Editora Lumen Júris, 2007.
MILARÉ, Edis, Direito do Ambiente, 5º ed., Editora RT, 2007.
Machado, Paulo Affonso Leme - Direito Ambiental Brasileiro, 15ª ed., Editora Malheiros, 2007
Reale, Miguel - Teoria Tridimensional do Direito, 5ª ed., Editora Saraiva, 2003.
Fontes de Informação
www.brasilpnuma.org.br/
http://www.pnud.org.br/home/
http://www.mma.gov.br/
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
PRIVATIVA
DA UNIÃO
(CF/88, art. 22, incisos IV, XII e XXVI)
EXCLUSIVA
DOS ESTADOS DOS MUNICÍPIOS
(CF/88, art. 25, §§ 1º e 3º) (CF/88, art. 30, inciso I)
CONCORRENTE
ENTRE UNIÃO, OS ESTADOS E O DISTRITO FEDERAL
(CF/88, art. 24, incisos VI, VII e VIII)
SUPLEMENTAR
DOS MUNICÍPIOS
(CF/88, art. 30, inciso II)
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COMPETÊNCIA EXECUTIVA
EXCLUSIVA
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
COMUM
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de
seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
urbanos;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
II - desapropriação;
23
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(competência administrativa comum)
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
artístico ou cultural;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados
os princípios desta Constituição (competência legislativa e executiva exclusiva):
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995)
24
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; (competência executiva exclusiva):
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano; (competência executiva exclusiva):
Nosso ordenamento jurídico (as leis/regras que regulam a vida em sociedade) é composto por
diversas espécies de normas que diferem uma das outras pelo seu procedimento de elaboração,
função e grau de hierarquia (ordem de importância). O jurista austríaco Hans Kelsen visando ilustrar a
hierarquia existente entre essas normas desenvolveu a idéia de uma pirâmide jurídica, que será
apresentada a seguir de maneira simplificada, com o objetivo nos fornecer noções que nos permitirão
compreensão dessa realidade.
Constituição Federal
No topo da pirâmide estão as normas constitucionais, pois a Constituição Federal é a nossa lei
suprema, de modo que todas as normas infraconstitucionais (abaixo da CF) devem respeito,
obediência, a essa Lei Maior, sob pena de serem declaradas inconstitucionais (através de ações
próprias a esse fim, como por exemplo, a ação direta de inconstitucionalidade) e, por conseguinte,
excluídas do mundo jurídico. No segundo patamar encontram-se (uma abaixo da outra) as leis
complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas e as medidas provisórias (que têm força de lei),
sendo que no terceiro estão os decretos, as resoluções, as instruções normativas, as portarias, as
circulares e ordens de serviço, dentre outros atos regulamentadores. Ao final, na base da pirâmide,
25
encontram-se os contratos firmados entre as pessoas, uma vez que este faz lei entre as partes
contratantes.
A Lei 4.771/65, que instituiu o Código Florestal, é uma lei federal ordinária que deve necessariamente
obediência às regras impostas pela Constituição Federal, não podendo, portanto, conter normas que
são contrárias à Constituição. Já a Resolução CONAMA nº303/02, que dispõe sobre os limites da
área de preservação permanente, não pode instituir obrigações que divergem do que foi estipulado
pelo Código Florestal ao tratar deste tema, que por sua vez, deve estar de acordo com as normas
estabelecidas pela Constituição Federal.
Assim, devido à estrutura escalonada das normas jurídicas, tem-se que as normas inferiores
encontram seu fundamento de validade em normas superiores, sendo que todas as normas
existentes no mundo jurídico buscam na Constituição Federal seu fundamento de validade. Ao menos
em tese, pois é sabido que existem atos normativos de diferentes hierarquias que vão de encontro a
princípios constitucionais...
Esta estruturação do poder também pode ser observada em nossa sociedade, na família, nas
empresas e nas repartições publicas. Os filhos (Resoluções CONAMA) devem obediência aos pais
(leis federais) que devem obediência a Deus (Constituição Federal) da mesma forma que o vendedor
deve obediência ao gerente que por sua vez tem um diretor geral como superior.
Ex: se houver contradição entre uma regra do (lei federal) que trata da utilização da Mata Atlântica e
a própria lei nº. 11.428/06 (lei federal), que dispõe especificamente sobre as condições de utilização
deste Bioma, esta última deverá prevalecer, pois é uma lei da mesma hierarquia que o Código
Florestal que regula exclusivamente a utilização da Mata Atlântica.
2. O Direito Ambiental
Antes de trazer definições que buscam explicar o que é o Direito Ambiental torna-se necessário
refletirmos sobre as duas palavras que compõem esta expressão, ou seja, “direito” e “ambiental”, esta
última aqui entendida como algo que se refere ao meio ambiente, pelo que buscaremos o conceito de
meio ambiente, ou simplesmente de ambiente, como se verá adiante.
Um grande número de pensadores se debruçou sobre esse tema ao longo de nossa história, de
modo que existem várias teorias a respeito do que seja o direito. Devido ao objetivo restrito dessa
apostila não se fará um apanhado histórico dessas idéias, nem se buscará sistematizá-las ou mesmo
compará-las, sob pena de se desviar do foco do presente curso.
Assim, optou-se por trazer aqui o conceito de Direito desenvolvido por Miguel Reale ilustre jurista,
filósofo e poeta, que, a nosso ver, se destaca pela sua contemporaneidade e complexidade,
traduzindo com um brilhantismo único esse fenômeno que se repete em todas as civilizações.
De acordo com a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale, o Direito não se resume a um
conjunto de normas que regulam a vida em sociedade, nem pode ser reduzido à condição de fato
social, ou erigido à categoria de valores universais, pois é ao mesmo tempo, fato, valor e norma
interagindo num processo dinâmico, dialético. A partir da valoração de fatos sociais elaboram-se
normas que, por sua vez, intervirão nos fatos que serão novamente valorados, para a formação de
novas regras...
O trecho abaixo transcrito, retirado da obra denominada Teoria Tridimensional do Direito, traduz de
maneira sucinta o pensamento do autor:
26
(...) a norma é a indicação de um caminho, porém, para percorrer um caminho, devo partir de
determinado ponto e ser guiado por certa direção: o ponto de partida da norma é o fato, rumo a
determinado valor. Desse modo, pela primeira vez, em meu livro Fundamentos do eu comecei a
elaborar a tridimensionalidade. Direito não é só norma, como quer Kelsen, Direito, não é só fato
como rezam os marxistas ou os economistas do Direito, porque Direito não é economia.
Direito não é produção econômica, mas envolve a produção econômica e nela interfere; o
Direito não é principalmente valor, como pensam os adeptos do Direito Natural tomista, por
exemplo, porque o Direito ao mesmo tempo é norma, é fato e é valor.
Miguel Reale Teoria Tridimensional do Direito, 5ª ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2003, p. 564
Entender que o Direito não se resume a uma compilação de regras nos permite uma compreensão
holística desse fenômeno, o que se revela essencial para o entendimento de todos os ramos do
Direito, em especial do Direito Ambiental que, baseando-se nos fatos/dados relacionados à situação
atual do meio ambiente natural e social busca conciliar valores/interesses opostos existentes neste
contexto, visando à formulação de normas que, de um modo geral, irão regular a utilização dos
recursos ambientais pelo homem, sem, contudo, impedir o desenvolvimento socioeconômico
nacional.
Paulo Affonso Leme Machado, precursor do Direito Ambiental pátrio, em seu livro Direito Ambiental
Brasileiro nos relembra que a palavra ambiente origina-se do latim – ambiens, entis, que significa
“que rodeia”, e mantém seu significado original nas línguas portuguesa, francesa, italiana e inglesa.
Edis Milaré, utilizando-se do conceito trazido por Bernard J. Nebel, explica que
“Em linguagem técnica, meio ambiente é a combinação de todas as coisas e fatores externos ao
indivíduo ou população de indivíduos em questão” e conclui que, de maneira mais precisa, (o meio
ambiente) “é constituído por seres bióticos e abióticos em suas relações e interações. Não é mero
espaço circunscrito – é realidade complexa e marcada por múltiplas variáveis.”
Ainda de acordo com Edis Milaré, no sentido jurídico a expressão meio ambiente pode ser utilizada
sob duas perspectivas: uma ampla e outra estrita. Numa concepção ampla abrangeria toda a
natureza original (natural: solo, água, ar, fauna, flora) e artificial (humano: edificações, equipamentos,
e alterações produzidas pelo homem), assim como os bens culturais correlatos, enquanto que pela
visão estrita o meio ambiente seria “a expressão do patrimônio natural e as relações com e entre os
seres vivos”.
A lei que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) define em seu artigo 3º
inciso I o meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Diante do exposto, podemos afirmar que o Direito Ambiental é o resultado da valoração dos fatos
sócio-ambientais que nos vem sendo apresentado nas ultimas décadas, traduzido em normas que
regem a utilização dos recursos naturais em defesa do desenvolvimento sustentável.
Entretanto, antes de se analisar conceitos é importante sinalizar que, para a compreensão do Direito
Ambiental é necessário interpretar a interação entre fato, valor e norma (que compõem esse direito) e
se ter em mente que ele faz parte de um sistema jurídico maior e mais antigo, estruturado num
contexto onde a sustentabilidade ambiental nem sempre foi uma preocupação.
Também não se pode esquecer que as questões ambientais atuais interessam aos homens na
medida em que elas interferem na qualidade de vida deles por representar uma fonte de recursos
27
necessários à sua sobrevivência. Esta visão utilitária pode ser observada nos textos de leis e acordos
internacionais (Princípios da Declaração de Estocolmo e Rio, CF/88).
Por fim, vale lembrar que nossa sociedade, de uma maneira geral, possui comportamentos
ambientalmente insustentáveis (ausência de planejamento familiar, consumismo, alta produção de
resíduos associada à má gestão destes...) Nesse cenário o Direito Ambiental aparece buscando
conciliar o aparentemente inconciliável (na sociedade que temos atualmente como modelo) questões
econômicas, sociais e ambientais, em busca do desenvolvimento sustentável.
Não se pode esquecer, entretanto, que o Direito não tem vocação para mudar os valores e os
comportamentos éticos que regem a relação entre o homem e a natureza. Ao contrário, ele traduz
estes valores, que se encontram expressos nas diversas leis existentes. Sem esta reflexão a respeito
de nosso modo de vida e a consciência de que nossas atitudes causam uma série de impactos
negativos ao meio ambiente - o que implica numa revisão de conceitos visando a construção de um
modelo de desenvolvimento que possibilite a interação harmoniosa entre o ser humano (social e
econômico) e a natureza (ambiental) – a efetividade do Direito Ambiental será prejudicada, e a
realização do desenvolvimento sustentável utópica.
Estudiosos da matéria apresentam definições a respeito do Direito Ambiental levando em conta seu
objeto, sua função e características, como demonstra os conceitos abaixo transcritos:
“O Direito Ambiental pode ser definido como um direito que se desdobra em três vertentes
fundamentais, que são constituídas pelo direito ao meio ambiente, direito sobre o meio ambiente e
direito do meio ambiente. Tais vertentes existem, na medida em que o Direito Ambiental é um Direito
humano fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à saudável qualidade de vida, ao
desenvolvimento econômico e à proteção dos recursos naturais. Mais do que um Direito autônomo, o
Direito Ambiental é uma concepção de aplicação da ordem jurídica que penetra, transversalmente,
em todos os ramos do Direito. O Direito Ambiental, portanto, tem uma dimensão humana, uma
dimensão ecológica e uma dimensão econômica que se devem harmonizar sob o conceito de
desenvolvimento sustentado”.
- Organizações Internacionais: ONU, OMC, OIT, OEA UNESCO, FMI, LIONS CLUBS
INTERNATIONAL, Associação Internacional para o Desenvolvimento da Apnéia, Fédération
Internationale de Volleyball, etc... )
28
3.2. Atos Multilaterais Assinados pelo Brasil no Campo do Meio Ambiente
http://www2.mre.gov.br/dai/meamb.htm
- Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas - 12/10/1940 - Decreto
n. 58.054 de 23/03/1966
- Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico - 14/05/1966 - Decreto n.
65.026 de 20/08/1969
- Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio - 22/05/1985 - Decreto n. 99.280
de 06/06/1990
- Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima – 09/05/1992 – Decreto n.
2.652 de 01/07/1998
- Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima -
11/12/1997- Decreto n. 5.445 de 12/05/2005
- 5 a 16 de junho de 1972
- 113 países
- criação do PNUMA
Princípios 2 a 7
- preservação dos recursos naturais (ar, água, solos, flora, fauna, amostras representativas
dos ecossistemas naturais) /utilização racional destes recursos no interesse das gerações
presentes e futuras;
Princípios 8 a 26
• Necessidade de:
- planejamento demográfico;
Princípio 2: Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e
especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em
benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
29
Princípio 3: Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em
produzir recursos vitais renováveis.
Princípio 5: Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo
de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua
utilização.
Princípio 11: As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para
aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam
restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para
todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com
vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as conseqüências econômicas que poderiam
resultar da aplicação de medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 13: Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar
assim as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado de
planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o
desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de
sua população.
Princípio 19: É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às
gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos
privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta
dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre
a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente
essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio
ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de
protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
Princípio 21: Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito
internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de
sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a
cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros
Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
Princípio 22:Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no
que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos
ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados
causem a zonas fora de sua jurisdição.
Princípio 24: Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e
em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio
ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos
prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam Ter para o meio
ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados
a soberania e os interesses de todos os estados.
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- necessidade de avançar no processo e seleção de duas prioridades: a criação de unidades de
conservação e a recuperação de áreas degradadas.
- 1980: retomado o debate sobre questões ambientais pela ONU. Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, sob a presidência da primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland
- Reafirma uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados
e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos
recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas;
31
- Rio-92 /Eco-92 (3 a 14 de junho de 1992)
- 180 países
- a cooperação prevaleceu sobre o conflito. Preocupações globais abriram novos caminhos para o
diálogo multilateral.
- adoção de compromissos:
Convenção Sobre a Mudança do Clima
Convenção sobre a Biodiversidade
Declaração sobre Florestas.
Declaração do Rio (27 Princípios)
Agenda 21
Princípio 2: Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito
internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias
políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades
sob sus jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de
áreas além dos limites da jurisdição nacional.
Princípio 3 :O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas
equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e
futuras.
Princípio 5: Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o
desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de
reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da
população do mundo.
Princípio 7: Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção
e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as diversas
contribuições para a degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades
comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes
cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em vista as pressões exercidas
por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que
controlam.
Princípio 8: Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada
para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo,
e promover políticas demográficas adequadas.
Princípio 10: A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível
apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso
32
adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas,
inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a
oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a
conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será
proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à
compensação e reparação de danos.
Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As normas ambientais, e os objetivos
e as prioridades de gerenciamento deverão refletir o contexto ambiental e de meio ambiente a que se
aplicam. As normas aplicadas por alguns países poderão ser inadequadas para outros, em particular
para os países em desenvolvimento, acarretando custos econômicos e sociais injustificados.
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de
danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão
para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Princípio 16: As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos
ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o
poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse
público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.
Princípio 17: A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as
atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e
estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente.
Princípio 18: Os Estados notificarão imediatamente outros Estados acerca de desastres naturais ou
outras situações de emergência que possam vir a provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio
ambiente destes últimos. Todos os esforços serão envidados pela comunidade internacional para
ajudar os Estados afetados.
Princípio 22: Os povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm
um papel vital no gerenciamento ambiental e no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos
e de suas práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua
identidade, cultura e interesses, e oferecer condições para sua efetiva participação no atingimento do
desenvolvimento sustentável.
Princípio 27: Os Estados e os povos irão cooperar de boa fé e imbuídos de um espírito de parceria
para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento
progressivo do direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.
33
Agenda 21
- economicamente eficiente
- 45% da carne, enquanto as mais pobres (também um quinto) consomem menos de 5%. A
média do consumo de proteínas em França é de 115 gramas por dia. Em Moçambique, é de 32
gramas;
- 58% da energia total, enquanto as mais pobres consomem menos de 4%; os países de maior
rendimento geram 65 % da eletricidade mundial;
-84% do total de papel, enquanto as mais pobres consomem 1,1%. A média dos países
industrializados é de 78,2 toneladas de papel por cada mil pessoas, enquanto a média registrada
nos países mais pobres se situa nas 0,4 toneladas por cada mil habitantes;
- 87% dos veículos existentes em todo o mundo, enquanto os mais pobres têm menos de 1%. Os
países industrializados registram uma média de 405 automóveis por cada mil habitantes. Nos
países da África Subsaariana, a média corresponde a 11 veículos por cada mil e, na Ásia Oriental
e na Ásia Meridional, o valor é de 5 veículos por cada mil habitantes.
- 74% do total de linhas telefônicas, enquanto as mais pobres só têm 1,5%. Na Suécia, na Suíça
e nos Estados Unidos, existem mais de 600 linhas telefônicas por cada mil pessoas. No
Afeganistão, no Camboja e no Chade, só existe um telefone por cada mil habitantes.
34
- 26 de agosto a 4 de setembro de 2002
- balanço das lições e resultados obtidos a partir dos acordos firmados entre os participantes
da Rio-92
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento: Lei 9.985/00 - SNUC)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento: Lei 9.985/00 - SNUC)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento:
Lei nº.11.105/05 -OGM)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento : Leis
9605/98 – Crimes Contra o Meio Ambiente, 9.985/00 – SNUC)
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
35
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal,
sem o que não poderão ser instaladas.
conceitos de : utilidade pública, interesse social, pequena propriedade rural ou posse rural familiar:
Servidão Florestal
Conceitos de: meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor, recursos
ambientais
Infração Administrativa
36
Categorias, criação, implantação e gestão das UC’s
Reservas da Biosfera
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os órgãos
estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e
administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de
atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)
4.8.Resoluções CONAMA
Resolução CONAMA Nº 001/1986 - "Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA" - Data da legislação: 23/01/1986 - Publicação DOU:
17/02/1986
37
Resolução CONAMA Nº 331/2003 - "Institui a Câmara Técnica de Unidades de Conservação e
demais Áreas Protegidas" - Data da legislação: 25/04/2003 - Publicação DOU nº 082, de 30/04/2003,
pág. 197
Resolução CONAMA Nº 357/2005 - "Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento
de efluentes, e dá outras providências." - Data da legislação: 17/03/2005 - Publicação DOU:
18/03/2005
Resolução CONAMA Nº 371/2006 - "Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo,
cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação
ambiental, conforme a Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências." - Data da legislação:
05/04/2006 - Publicação DOU nº 067, de 06/04/2006, pág. 045
Resolução CONAMA Nº 388/2007 - "Dispõe sobre a convalidação das Resoluções que definem a
vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata
Atlântica para fins do disposto no art. 4o § 1o da Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006" - Data
da legislação: 23/02/2007 - Publicação DOU: 26/02/2007
Resolução CONAMA Nº 391/2007 - "Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial,
médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica no Estado da Paraíba" - Data da legislação:
25/06/2007 - Publicação DOU: 26/06/2007
6.3.Plano de Manejo: Qual sua função? Como é o procedimento para sua elaboração?
Lei 9.985/00 arts. 27 e 28
Decreto 4.340/02 arts. 12 a 16.
6.4. Conselho Gestor: Qual é a sua função? Como é o procedimento para sua criação?
Lei 9.985/00 arts. 2, XVII, 29
Decreto 4.340/02 arts. 17 a 20
6.7. Reavaliação de UC’s não previstas no SNUC: O que é? Qual a sua finalidade?
Lei 9.985/00 art.55
Decreto 4.340/02 art. 40
6.9. Área de Preservação Permanente e Reserva Legal: O que é? Qual a sua função?
Lei 4771/65 arts. 2, 3, 16
6.10. Ação Civil Pública: Qual sua função? Como ela pode ser útil para a proteção de UC’s?
Lei 7.347/85 art. 1, inciso I
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ÉTICA E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Docente
Marcelo Pelizzoli – Professor da UFPE.
Contato: opelicano@gmail.com
Ementa
Em nosso contexto de crise ecológico-econômica, é suscitada a construção de novas posturas a
partir do chamado “paradigma ecológico”. Isto leva aos novos desafios de capacitação/consciência
pessoal e social, para a manutenção vital, ou sustentabilidade, exigindo o que chamamos de “postura
de defesa socioambiental”. Tal implica a reflexão sobre paradigmas anti-socioecológicos e o
rastreamento destes em nossos hábitos e ações.
Objetivos
• Promover uma discussão conjunta em torno da Ética (e Educação) desde o atual estado da
crise sócioambiental (Sensibilizar para a Ecologia Profunda)
• Introduzir teórica e praticamente a ferramenta mediadora da CNV (Comunicação não-
violenta)
• Promover consciência, estratégia e dinâmica participativa para lidar com pessoas, grupos e
disputas.
Conteúdo Programático
* (Vídeo)
1. Apresentação do Professor
2. O que diz pra você essa disciplina ? Significado, importância, finalidade (tendo em vista o
trabalho do gestor) (pontual)
2.1. Apresentação da Proposta – passo a passo
3. Discussão sobre Ética
+ O que mais nos incomoda/inquieta neste ponto Ética e Ambiente, nas tuas vivências ?
No quadro: O que é Ética ? (dela decorrem outras nas respostas. Qual o papel do exemplo ? Teórica
(discurso) e prática. Há uma ética universal ?. Inata ou adquirida ? Genética? Dicotomia Certo e
Errado, meu gueto X o teu, Bem X Mal... Sombra. Ética = Moral ? Ethos grego.) Pq ser ético?? É
possível uma ética sem fé ?
3.1 – Dinâmica espelho-sombra. Bode, Ovelha.
4. Representação em aula
Círculo, podendo ser na forma de confronto entre partes, que por afinidade se aproximam. Papéis
voláteis. Usineiro, ecologista verdista, Ibama, comunidade carente que invade a área, consumidor
jovem urbano rebelde, pessoa desanimada com tudo, floresta de um local (vc pode acolher as
pessoas ?), monocultura de cana, amane...
Conflitos em jogo:
Reserva com muro X comunidade. Comunidade do entorno jogando lixo e roubando. (“Zona de
amortecimento Social”). Pescadores no Mangue, área de proteção.Pessoas dentro da unidade
(guarda). Necessidade de sobrevivência; Macaxeira X Mata. Animais domésticos mortos na UC com
arma. (que diferença moral há entre a vida de um animal raro e um doméstico ?). Como ele se sente?
(o significante “IBAMA”)
Intervalo
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a) Negativo: Imagine uma conversa muito ruim que você teve, e que o diálogo fracassou fortemente.
Que sentimentos são evocas daquele momento ? Como era o tom da voz ? Lembra do tipo de
palavras ou expressão ? O que marcou ? O que vc tentou fazer ?
b) Positivo: Com foi ? Por que deu certo ? O que vc sentiu ? Que tipo de palavras ? Como vc ficou
depois ?
(As pessoas vão relatando, e o facilitador vai levantando mais perguntas a cada vez.
Pode anotá-las no quadro ou PC. Nisso, vai tb. dando teorias e casos.)
* Voltar à C N V (quadro-resumo)
Almoço
Metodologia
Aulas expositivo-reflexivas questionantes. Análise de conceitos-chave envolvidos na temática e
exemplos. Análise de casos e vídeo. Teatralizaçao. Vivência na natureza. Músicas. Fórum síntese.
Bibliografia
• PELIZZOLI, Marcelo. A emergência do paradigma ecológico. Petrópolis: Vozes, 1999.
• _________________. Correntes da ética ambiental. Vozes, 2003.
1. BOFF, Leonardo. Ética da Vida. SP: Sextante, 2005.
2. CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. SP: Cultrix. (1982) /& CAPRA, F. Conexões ocultas. SP:
Cultrix, 2004.
3. CARTA DA TERRA. Princípios e Valores para um futuro Sustentável – ECO 92.
4. DALAI Lama. Ética para um novo milênio. Editora GMT, 2000.
5. DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia, 2002.
6. (The) EARTHWORKS GROUPS. 50 pequenas coisas que você pode fazer para salvar a Terra.
Círculo do livro. (1989)
7. FÓRUM brasileiro de ONGs e movimentos sociais para o meio ambiente e desenvolvimento. Brasil
século XXI - os caminhos da sustentabilidade cinco anos depois da Rio-92. FASE, RJ, 1997, 504
p. & tb. A RIO-92
8. GOLEMAN, D. & Dalai Lama. Como lidar com emoções destrutivas. SP: Ediouro, 2002
41
9. GONZALES, Alberto P. Lugar de médico é na cozinha. RJ: Ed. Estácio de Sá/Editora Rio, 2006.
10.GRüN, Mauro. Ética e educação ambiental. SP, Papirus, 1996.
11.GUATTARI, Félix. As três ecologias. SP, Papirus, 1993.
12.HANH, Thich Nhat. Aprendendo a lidar com a raiva. SP: Sextante, 2001.
13.LEI N0 9.795. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências.
14.MACY, J. & MOLLY. Nossa vida como Gaia. SP: Ed. Gaia, 2005.
15.MANCE, Euclides A . Como organizar redes solidárias. DP&A Ed. 2003.
16.MELLO, Anthony de. Auto-libertação. SP: Loyola, 1987.
17.MORIN, Edgar. Terra-Pátria. Editora Sulina. São Paulo, 1995.
18.ROSENBERG, Marshall. Comunicação não-violenta. SP: Ágora, 2006.
19.SINGER, Peter. Ética prática. SP: Ed. Martins Fontes.
20.TAGORE, Rabindranath. Sadhana - o caminho da realização. Editora Paulus, SP, 1994.
21.TENNER, A vingança da tecnologia. SP: Campus,1997.
22.TOLLE, Eckhart. O poder do agora. SP: Sextante, 2002
23.ZWEIG, S. & ABRAMS J. (Orgs). Ao encontro da sombra. SP: Cultrix, 1991.
Filmes importantes:
Quem somos nós ? / A carne é fraca / Terráqueos / Janela da Alma / Matrix / À primeira vista /
Kundun / Uma verdade inconveniente / vídeos de E. Tolle / Super Size Me / Tiros em columbine /
Gandhi / The Corporation / O ponto de mutação
A maior destruição em nosso mundo não está sendo infligida por tiranos psicopatas ou
terroristas. Está sendo feita por pessoas comuns – obedientes á lei, frequentadores de igrejas, chefes
de família, adeptos da moral – que desfrutam de seus veículos esportivos, de suas férias no exterior e
de seus hamburguers, indiferentes à fonte desses prazeres e de seus custos. ...quando todos os
efeitos não contabilizados de sua produção e consumo forem somados.
Viver numa sociedade assim gera em nós conflitos profundos, mas os tabus impedem de falar
disso, ou mesmo enxergar, são sutis, fortes e complexos. Ser bom, ou até inteligente, significa
participar da fraude comunal, como o transe alcoólico. (27)
Hoje eu tomo o céu e a terra com testemunhas contra vocês: eu lhe propus a vida ou a morte, a
benção ou a maldição. Escolha portanto a vida, para que você e seus descendentes possam viver.
(Deut.30,19)
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A opção por um mundo sustentável
Podemos escolher a vida. Podemos satisfazer nossas necessidades sem destruir o sistema que
sustenta nossa vida. Sociedade sustentável. Incontáveis grupos, instituições, pesquisas, lutas sociais
e ambientais estão se organizando, aprendendo e agindo para o novo paradigma. Só haverá um
mundo digno de se viver se passarmos da Sociedade de Crescimento Industrial para a de
Sustentação da Vida.
A Grande virada
Algo está tomando impulso, graças a opções conscientes de pessoas e grupos. (31)
3 áreas ou dimensões estão sendo encetadas: 1. ações para reduzir danos ambientais e humanos. 2.
análise das causas estruturais e criação de alternativas estruturais; 3. mudança fundamental de
cosmovisão e de valores.
Inclui todas as ações em prol da vida, política, legislativa, educacional etc: bloqueios, ações
juridicas, boicotes, desobediência civil e outras formas de protesto.
É um trabalho heróico sim, onde conflitos de interesse surgem, crises, desânimos, pequenas vitórias,
riscos aos ativistas tb. Quando assumimos posição de destaque, recebemos muitos ataques.
Podemos para e respirar tb. Nosso trabalho salva vidas e ecossistemas.
Quais são os acordos tácitos que criam fortunas obscenas para uns poucos e miséria para muitos?
Que causas entrelaçadas levam-nos à uma economia insaciável que usa tudo como objeto, deposito
ou esgoto? É preciso coragem para enfrentar isso...(33)
È preciso dar-se conta de como a SCI depende de nossa participação ! Ela tem muitas
fragilidades, e está num caminho de auto-devorar-se. Em todo caso, a crítica deve vir sempre
acompanhada de ações concretas e alternativas. Estamos num período de transição (MLP)
As ações que provêm de nossas mãos podem parecer pequenas, mas são as sementes do
amanhã.
Exemplos de iniciativas:
• Aulas e grupos sobre a questão ecológica em sua ligação com a economia global e local.
Busca da economia solidária, justa, trocas, organizações dos pequenos etc.
• Serviços educacionais para conscientizar sobre custos ecológicos e humanos do consumo
atual (ex. Worldwatch Institute...)
• A criação de novas e mais precisas medidas de riquezas, valoração ambiental, substituindo a
visão do PIB
• Serviços baseados na comunidade para mediação de conflitos, substituindo processos
jurídicos burocráticos e distantes.
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• Estratégia de programas de CNV e defesa não violenta, com base na sociedade civil. Ação
de não-violência. (34)
• Redução da dependência de combustíveis fósseis e nucleares e conversão para fontes
renováveis (sol, ventos, biomassa, etc.)
• Difusão de fundos de cooperativas de terra como formas de propriedade não individualizada
• Modalidades colaborativas de moradia, repúblicas e ecovilas...
• Iniciativas locais criando jardins comunitários, cooperativas de consumo e comercialização;
banco de habilidades; agricultura comunitária e orgânica; projetos de recuperação de rios,
bacias...
• Programas de reciclagem e produção de compostagem comuns e municipais.
• Métodos naturais, holísticos de saúde e bem-estar, valendo-se da capacidade de auto-cura
do corpo e da mente.
• Moedas locais, baseado na permuta de bens e serviços, de modo que os recursos dos
cidadãos circulem dentro de suas comunidades em vez de irem para empresas
multinacionais ou megas.
• Novos empreendimentos educacionais, para além de servir tecnicamente ao industrialismo,
abrindo para as crianças seu mundo natural e o capital intelectual de suas comunidades
Estas novas instituições nascentes não podem se enraizar e sobreviver sem que haja valores
profundos que a sustentem. (35)
Os insights e experiências nos ajudam a realizar essa mudança e são como o cubo da roda, estão
no centro. Nossas consciências são interpeladas de vários modos. Surge pelo lamento pelo mundo e
pelas pessoas é um sinal disso. Surge tb. pela alegria dos avanços do pensamento científico com as
novas lentes que focam a realidade, pela teoria quântica, astrofísica, sistemas vivos, Gaia... e um
suspiro de alívio diante da ultrapassagem do reducionismo e materialismo... e suas cosmovisões que
alimentam a SCI. Ou podemos nos comover com as tradições de sabedoria antigas, indígenas, ou
místicas, ou em nossas próprias religiões, resgatando o sagrado
Agora, em nossa época, estes 3 rios fluem juntos: angústia por nosso mundo; avanços científicos;
ensinamentos dos ancestrais. Estamos despertando para o planeta vivo... A reorganização de nossas
percepções libertam-nos em algo das garras da SCI, das ilusões acerca do que precisamos ter e de
nosso lugar na ordem das coisas.
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Adentrei a vida da floresta marrom, e a grande vida dos antigos cumes, a paciência da pedra; senti
as mudanças nas veias, na garganta da montanha, um grão em muitos séculos, temos nosso
tempo, não o seu; e fui o riacho, escoando os galhos da floresta; e fui o alce bebendo; e fui as
estrelas, fervendo de luz, vagando solitárias, cada qual senhora de seu próprio ápice; e fui a
escuridão. Ao redor das estrelas, incluí-as, elas eram parte de mim. Fui ainda a humanidade, um
líquen móvel, na face da pedra redonda... Como posso expressar a dignidade que encontrei, que
não tem cor, mas clareza. Não o mel, mas o êxtase... (Robinson Jeffers)
Essa mudança de identidade salvará vidas nos traumas sociopolíticos e ecológicos que nos
aguardam... (Quando os mercados e suprimentos entrarem encontrarem esgotamento, as
instituições financeiras entrarem em colapso, as ondas de choque podem nos encobrir, trazendo
caos e medo.)
As percepções que teremos na terceira dimensão da Grande Virada poupam-nos de sucumbir
ao pânico ou á paralisia. Sabemos que não existe salvação particular.
Quando estivermos distraídos e receosos, e os prognósticos são adversos, é fácil permitir o
entorpecimento do coração e da mente (38) O maior perigo é o torpor...
Os perigos que ameaçam a vida na terra são tão graves que mal podemos acreditar que existem
de fato. As vezes os p. sinais de perigo, que deveriam chamar nossa atenção e unir por ações
coletivas, tendem a causar o efeito inverso. Nosso interesse por distrações sustenta indústrias
bilionárias que nos dizem que tudo estará bem desde que compremos, e preferimos não pensar
no mal por trás. Compramos coisas sem saber onde são feitas, como e o que levam, bem como o
mal que têm causado. Escolhemos candidatos sem saber. Teremos nos tornado calejados,
niilistas ? Despreocupados com a Terra ? Pode parecer assim. Muitos divulgam info ainda mais
terríveis para nos provocar. Fazem pregações sobre deveres morais, como se não nos
preocupássemos. Seus alarmes e sermões em geral aumentam nossas resistências contra o que
parece poderoso demais, complicado demais, por demais fora de nosso controle.
Apatheia significa não sofrer. Incapacidade ou recusa a sentir a dor. Qual é a dor que
sentimos – e que tentamos não sentir – neste planeta e época? São perdas muito vastas. É a dor
pelo mundo. (42)
Somos bombardeados pelos noticiários e pela vida ao nosso redor com sinais de perigo –
demissões, famílias sem lar, lixo tóxico, guerras, armas nucleares... Tudo isso faz com que
sintamos medo e tristeza, mesmo que não expressemos. Em virtude de nossa nat. humana,
repartimos essas reações profundas. Dor. Sua fonte está menos na preocupação pelo eu
individual do que na apreensão pelo sofrimento coletivo.. com o que acontece tb. com o legado
dos ancestrais, e com as gerações que virão, e com o corpo vivo da Terra.
Aquilo de que estamos tratando é análogo ao sentido original da compaixão: “sofrer com”. Dor
pelo mundo, vivida por todos nós.
Ninguém está isento, assim como ninguém pode existir sozinho e auto-suficiente no espaço
vazio.
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Essa dor é o preço da consciência em um mundo ameaçado e em sofrimento. Não apenas é
natural, mas é um componente necessário para nossa cura coletiva. ... como em qq organismo, é
um sinal de alerta e procura causar uma ação. Portanto, o problema não está nesta dor, mas em
sua repressão... (43)
Nenhuma fonte física nos impede de devotar coragem e criatividade á luta socioambiental. O
que então está inibindo ? Primeiro examinemos então as razões psicológicas da repressão...
Medo da dor
Medo do desespero
Medo de parecermos mórbidos
Falta de confiança em nossa inteligência
Medo da culpa
Medo de causarmos perturbação
Comunicação não-violenta2
Marshall B. Rosenberg
DANDO DE CORAÇÃO
O que eu quero na minha vida é compaixão, um relacionamento entre mim e os outros baseado numa
doação mútua a partir do coração. – Marshall Rosenberg
INTRODUÇÃO
Acreditando que natural em nós é dar e receber num modo compassivo, tenho estado preocupado a
maior parte da minha vida com duas questões. O que acontece para desconectar-nos de nossa
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o que permite que algumas pessoas estejam conectadas à sua natureza compassiva mesmo sob as
Minha preocupação com estas questões começou na infância, por volta do verão de 1943,
quando nossa família se mudou para Detroit – Michigan. Na segunda semana após nossa chegada,
irrompeu uma luta racial a partir de um incidente num parque público. Mais de 40 pessoas foram
mortas nos dias que se seguiram. Nossa vizinhança estava situada no centro da violência e
passamos três dias trancados em casa.
Quando a disputa racial terminou e a escola começou, eu descobri que um nome poderia ser
tão perigoso quanto a cor da pele. Quando a professora falou meu nome durante a chamada, dois
meninos olharam furiosamente para mim e me vaiaram – “você é um ‘kike’?”, eu nunca tinha ouvido
falarem assim antes e não sabia que essa palavra era usada por algumas pessoa de modo pejorativo
para referir-se a judeus. Após a aula, os dois estavam esperando por mim: derrubaram-me no chão,
chutaram-me e me bateram.
Desde aquele verão em 1943, eu tenho examinado as duas questões que mencionei. O que
nos possibilita, por exemplo, estar conectados à nossa natureza compassiva mesmo sob as mais
difíceis circunstâncias? Estou pensando em pessoas como Etty Hillesum, que permaneceu
compassiva mesmo enquanto era submetida às grotescas condições de um campo de concentração
alemão. Como ela escreveu no seu jornal, naquela época:
“Eu não sou facilmente amedrontável. Não porque eu seja brava mas porque eu sei que estou
lidando com seres humanos, e eu devo tentar, o mais possível, entender cada coisa que qualquer um
faça. E o que foi realmente importante para essa manhã: não que um decepcionado jovem oficial da
Gestapo gritou para mim, mas que eu não senti indignação em vez de uma real compaixão, e
gostaria de lhe ter perguntado “Você teve uma infância muito infeliz, sua namorada o abandonou?”.
Sim, ele olhou perturbado e dirigiu chateado e enfraquecido. Eu deveria ter começado a tratar dele ali
mesmo, por saber que um jovem como aquele é perigoso tão logo seja deixado perdido na espécie
humana.” – Hillesum, Etty : Uma Memória
Enquanto estudava os fatores que afetam nossa habilidade para sermos compassivos, eu fui
confrontado com o papel crucial da linguagem e nosso uso das palavras. Tenho desde então
identificado uma abordagem específica para comunicação – falar e ouvir – que nos leva a dar de
coração, conectando-nos conosco mesmos e com os outros de modo que permite florescer nossa
natural compaixão. Eu chamo essa abordagem de Comunicação Não Violenta, usando o termo não-
violência como Gandhi a usou – para referir-se ao nosso estado natural de compaixão quando a
violência some do nosso coração. Embora nós não possamos considerar nosso modo de falar
‘violento’, nossas palavras freqüentemente levam a machucar e provocar dor, para nós mesmos e
para os outros. Em algumas comunidades, o processo que estou descrevendo é conhecido como
Comunicação Compassiva; a abreviatura “CNV” é usada através desse livro para referir-se à
Comunicação Compassiva ou Não Violenta.
O CNV está fundado em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem nossa habilidade
para permanecermos humanos, mesmo sob difíceis condições. Ele não contém nada de novo; tudo o
que foi integrado ao CNV é conhecido por séculos. A intenção é nos lembrar do que nós já sabemos
– sobre como nós humanos fomos levados a nos relacionar uns com os outros – e ajudar-nos a viver
O CNV nos orienta a redefinir nossa maneira de nos expressarmos e ouvirmos os outros. Ao
invés de ser habitual e automáticas reações, nossas palavras tornam-se respostas conscientes
baseadas firmemente em nossa consciência do que estamos percebendo, sentindo, e desejando.
Somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, enquanto damos aos outros respeitosa e
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empática atenção. Em qualquer troca, nós vamos ouvir nossas próprias necessidades mais profundas
e aquelas dos outros. O CNV nos treina para observar cuidadosamente, e para sermos capazes de
especificar comportamentos e condições que nos afetam. Aprendemos a identificar e claramente
articular o que nós estamos concretamente querendo em determinada situação. A forma é simples,
embora poderosamente transformadora.
Como o CNV substitui nossos antigos padrões de defesa, retirada ou ataque em face de
julgamento crítico, nós começamos a perceber a nós mesmos e aos outros, bem como as nossas
intenções e relacionamentos, sob nova luz. Resistência, defensividade e reações violentas são
minimizadas. Quando nós focamos na clarificação do que está sendo observado, sentido e
necessitado, ao invés de focarmos no diagnóstico e julgamento, nós descobrimos a profundidade de
nossa própria compaixão. Através dessa ênfase na escuta profunda – para nós mesmos e para os
outros – o CNV encoraja o respeito, atenção e empatia, e propicia um mútuo desejo de dar com o
coração.
Embora eu me refira a isso como um “processo de comunicação” ou uma “linguagem da
compaixão”, o CNV é mais que um processo ou linguagem. Num nível mais profundo, ele é um
avançado lembrete para manter nossa atenção focada num lugar onde nós mais provavelmente
encontraremos o que procuramos.
Há uma história de um homem sob uma lâmpada de rua procurando por alguma coisa nos
quatro cantos. Um policial que ia passando perguntou o que ele estava fazendo. “Procurando pelas
chaves do meu carro”, respondeu o homem, que parecia ligeiramente bêbado. “Você as deixou cair
aqui?”, perguntou o policial. “Não”, respondeu o homem, “Eu as deixei cair no beco”. Vendo a
expressão desconcertada do policial o homem se apressou em explicar, “Mas a luz aqui é muito
melhor”.
Acho que meu condicionamento cultural me levaria a focalizar minha atenção em lugares
onde eu encontre mais provavelmente o que quero. Desenvolvi o CNV como um caminho para treinar
minha atenção – para acender a luz da consciência – em lugares que tenham o potencial de produzir
o que estou buscando. O que eu quero na minha vida é compaixão, um fluxo entre mim e os outros
baseado em mútua doação de coração.
Esta qualidade de compaixão, a que eu me refiro como “doação de coração” está expressa
na seguinte canção, de autoria de minha amiga Ruth Bebermeyer:
Eu nunca me senti dando mais
Que quando você toma de mim
Quando você entende a alegria que sinto de dar a você
E você sabe que minha entrega não é feita
Para deixá-lo em débito comigo
Mas porque quero viver o amor que sinto por você
Quando nós damos de coração, o fazemos de modo que uma alegria brota mesmo se não
estamos desejosos de enriquecer a vida da outra pessoa. Este tipo de doação beneficia a ambos, o
doador e o recebedor. O recebedor aproveita o presente sem se preocupar com as conseqüências
que acompanham presentes dados sem medo, culpa, vergonha ou desejo de ganhar. O doador se
beneficia de melhoria da auto-estima que resulta quando nós vemos nossos esforços contribuírem
para o bem estar de alguém.
O uso do CNV não requer que as pessoas com as quais estamos nos comunicando sejam
conhecedores do CNV ou mesmo estejam motivados a se relacionar conosco compassivamente. Se
nós estamos dentro do princípio do CNV, motivados somente para dar e receber compassivamente, e
fazer qualquer coisa que possamos para deixar os outros saberem desse nosso único motivo, eles
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aderirão ao processo e eventualmente seremos capazes de responder compassivamente a outrem.
Eu não estou dizendo que isso sempre acontece rapidamente. Reafirmo, entretanto, que a compaixão
inevitavelmente floresce quando estamos certos dos princípios e processos do CNV.
• Observação
• Sentimento
• Necessidade
• Demanda
Para chegar ao mútuo desejo de dar de coração, focalizamos a luz da nossa consciência em quatro
áreas – referidas como os quatro componentes do modelo CNV.
Primeiro, observamos o que está realmente acontecendo numa situação: o que estamos
observando os outros falarem ou fazerem está enriquecendo ou empobrecendo nossa vida?
O truque é ser capaz de articular esta observação sem introduzir qualquer julgamento ou
avaliação – simplesmente dizer o que as pessoas estão fazendo que gostamos ou não gostamos. Em
seguida, dizemos como nos sentimos quando observamos estas ações: estamos feridos, magoados,
alegres, espantados, irritados, etc.? E terceiro, dizemos que necessidades nossas estão ligadas aos
sentimentos que identificamos. A consciência desses três componentes está presente quando
usamos o CNV para esclarecer e expressar honestamente como estamos.
Por exemplo, uma mãe pode expressar esses três elementos ao seu filho adolescente
dizendo: “Felix, quando eu vejo duas bolas de meia sob a mesinha de centro e uma terceira junto à
TV, eu me sinto irritada porque eu preciso de mais ordem nas salas que usamos juntos.”
Ela poderia seguir imediatamente com o quarto componente – uma solicitação específica:
“você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na máquina de lavar?” Este quarto componente
esclarece o que estamos querendo da outra pessoa que poderia melhorar nossas vidas ou tornar a
vida mais maravilhosa para nós.
Assim, parte do CNV é expressar aqueles quatro componentes de informação muito
claramente, verbalmente ou por outros meios. O outro aspecto dessa comunicação consiste em
receber os mesmos quatro componentes de informação dos outros. Nós nos conectamos com eles
primeiro sondando o que eles estão observando, sentindo e precisando e então descobrindo o que
poderia nos enriquecer recebendo a quarta parte, sua solicitação.
Quando nós mantemos nossa atenção focada nas áreas mencionadas e ajudamos os outros
a fazerem o mesmo, estabelecemos um fluxo de comunicação, indo e vindo, até a compaixão
manifestar-se naturalmente: o que eu estou observando, sentindo e necessitando; o que eu estou
requerendo para enriquecer minha vida; o que você está observando, sentindo e necessitando; o que
você está requerendo para enriquecer a sua vida.
Modelo CNV
Quais as ações concretas que estamos observando que estão afetando nosso bem-estar;
Como nos sentimos em relação ao que estamos observando;
Quais as necessidades, valores, desejos, etc., que estão criando nossos sentimentos;
Quais as ações concretas que estamos demandando de modo a enriquecer nossas vidas.
Quando usamos este modelo, podemos começar tanto por expressar-nos, quanto por ouvirmos o
outro com empatia. Embora venhamos aprender a ouvir e a expressar verbalmente cada um
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desses componentes nos capítulos 3 a 6, é importante ter em mente que o CNV não consiste de
uma fórmula fechada, mas adapta-se a várias situações assim como a estilos pessoais e culturais
diversos. Enquanto eu por conveniência me referir ao CNV como um “processo” ou uma
“linguagem”, é possível experimentar todas as quatro partes do modelo sem dizer uma única
palavra. A essência do CNV é está baseada em nossa consciência desses quatro elementos, não
em palavras que sejam trocadas.
Quando usamos o CNV em nossas interações – conosco mesmo, com outra pessoa ou num grupo –
tornamo-nos fundamentados em nosso estado natural de compaixão. Essa é consequentemente uma
abordagem que pode ser efetivamente aplicada em todos os níveis de comunicação e em diversas
situações:
- relacionamentos íntimos;
- famílias;
- escolas;
- organizações e instituições;
- terapia e aconselhamento;
- diplomacia e negócios;
- disputas e conflitos de qualquer natureza.
Algumas pessoas usam CNV para criar maior profundidade e cuidado em seus relacionamentos:
“Quando eu aprendi como eu posso receber (ouvir), bem como dar (expressar), através do
uso do CNV, eu fui além do sentimento atacado e ‘ofendido’ para realmente ouvir as palavras e
extrair os sentimentos subjacentes. Eu descobri um homem muito ferido com quem eu fui casada por
28 anos. Ele me pediu o divórcio na semana anterior ao workshop do CNV. Para encurtar a história,
estamos aqui hoje, juntos, e eu aprecio a contribuição dada para o nosso ‘final feliz’. Aprendi a ouvir
sentimentos, expressar minhas necessidades, aceitar respostas que eu não queria ouvir. Ele não está
aqui para me fazer feliz, nem eu estou aqui para criar felicidade para ele. Nós dois temos aprendido a
crescer, a aceitar e a amar, de modo que possamos cada um ser preenchidos.” (participante de um
workshop em San Diego)
“Tenho usado CNV na minha classe de educação especial há cerca de um ano. Ele pode
funcionar mesmo com crianças que tenham atraso na linguagem, dificuldades de aprendizagem, e
problemas de comportamento. Um estudante em nossa classe cuspia, xingava, gritava, e arranhava
os outros estudantes com lápis quando eles chegavam perto de sua mesa. Chamei-lhe a atenção
dizendo “ Por favor, diga de outro jeito. Use sua fala de girafa.” (bonecos ‘girafa’ são usados em
alguns treinamentos como um auxiliar pedagógico para demonstrar o CNV). Ele imediatamente
parou, olhou para as pessoas para as quais sua raiva era direcionada, e disse calmamente: “Você
poderia por favor sair da minha mesa? Eu sinto muita raiva quando você fica muito perto de mim. O
outros estudante pôde responder com alguma coisa como ‘Desculpe! Esqueci que isso o aborrece’.
Eu comecei a pensar sobre a minha frustração com essa criança e a tentar descobrir o que
eu estava necessitando dele (além de ordem e harmonia). Realizei quanto tempo eu dispensei ao
planejamento da aula e como minha necessidade de criatividade e contribuição foi sendo cortada de
maneira a administrar seu comportamento. Eu senti também que não estava atendendo às
necessidades educacionais dos outros estudantes. Quando ele estava perturbando na classe , eu
comecei a falar, “preciso que você compartilhe minha atenção”. Isso deve ter acontecido centenas de
vezes por dia, mas ele absorveu a mensagem e geralmente se envolveu na lição.
(professora de Chicago – Illinois)
50
2 – A comunicação que bloqueia a compaixão
(Tradução resumida literal e provisória do espanhol – Marcelo Pelizzoli – Uso particular)
Os juízos moralistas
Um tipo de comunicação que alija da vida é a dos juízos moralistas que pressupõem uma
atitude errônea ou malévola por parte das pessoas que não atuam de acordo com nossos valores.
“Teu problema é que és muito egoísta” etc. Jogar a culpa em alguém, insultar, rebaixar, pôr etiquetas,
criticar, comparar emitir diagnósticos são distintos modos de formar juízos. (29)
“Mais além do que está bem e do que está mal, encontra-se um campo. Ali nos
encontraremos”.
Esse tipo de análise de outro ser humano é apenas uma trágica expressão de nossos p.
valores e necessidades. (30) Trágica porque potencia uma atitude defensiva e de resistência nas
pessoas.
No entanto, quando os demais decidem atuar de acordo com nossos valores e nec. porque
têm medo ou se sentem culpados ou envergonhados, o preço que nos toca pagar é realmente alto.
É importante não confundir juízos de valor com juízos moralistas; todos fazemos os primeiros
a respeito das coisas da vida.
O. J. Harvey, Univ. do Colorado, investigou a vida toda a relação entre violência e linguagem.
Há bem mais violência nas sociedades onde se etiqueta as pessoas como bons e maus e se
está convencido de que as más merecem castigo, do que nas sociedades onde se tem em conta as
necessidades dos demais. Nos EUA 75% dos programas de TV um protagonista golpeia ou mata
alguém.
Para Andrew Schmookler, em Out of Weakness (a causa da fraqueza), a base de toda
violência (verbal, física, psicológica...) há um esquema mental que joga a culpa do conflito na atitude
equivocada do inimigo. Ele tb atribui a causa da violência na incapacidade de pensar em si mesmo e
nos demais a partir do ângulo da vulnerabilidade: o que sentimos, o que tememos, o que desejamos,
o que nos falta etc. (32)
As comparações
Em How to make yourself miserable, Dan Greenberg demonstra com humor o poder das
comparações. Se alguém aspira a ser sinceramente desgraçado a única coisa que deve fazer é
comparar-se aos outros.
Esta forma de pensar impede sentir compaixão por nós e pelos outros.
A negação da responsabilidade
O uso da expressão “ter que” demonstra (como na frase: “gostes ou não tens que fazer isso”)
ilustra até que ponto nossa responsabilidade pessoal por nossos atos se vê obscurecida por esse
modo de falar. Já a expressão “fazer sentir” (como em “vc me faz sentir culpada”), constitui outro ex.
de como a linguagem nos leva a negar nossa resp. pessoal a respeito do que sentimos e o que
pensamos.
51
Ex. pág. 35 (cozinhar contra a vontade)
A manifestação de nossos desejos expressa na forma de exigência é outra faceta da L. que bloqueia
a compaixão.
A comunicação que alija da vida tb. se encontra ligada ao conceito de que há certos atos que
merecem recompensa enquanto outros merecem castigo. Trata-se de um esquema mental expresso
através do verbo “merecer” (“merece um castigo pelo que fez”). (37)
A maioria de nós elabora uma L. que nos leva a etiquetar, comparar, exigir e emitir juízos
mais do que ter consciência do que sentimos e necessitamos.
Não nos expressamos claramente e a nossos sentimentos quando usamos frases como:
Sinto que tu deverias ter sabido.
Sinto-me fracassado
Sinto-me como se vivesse com uma parede.
52
Na CNV distinguimos entre palavras que expressam sentimentos reais e as que descrevem o que
cremos ser:
1. Do que cremos ser: Sinto-me incapaz como guitarrista (não expressa o sentimento)
2. Expressão de sentimentos reais:
Sinto-me decepcionado pela minha falta de capacidade para guitarrista
Sinto-me impaciente ...
Sinto-me frustrado...
Agora dou exemplos de afirmações que podem ser tomadas como sentimentos, mas que na
verdade revelam antes como cremos que se comportam os outros do que o que verdadeiramente
sentimos:
* VER Cópia da pág. 60-63
Quanto mais estreitamente conectamos nossos sentimentos com nossas necessidades, tanto
mais fácil será para os demais que respondam de modo compassivo.
O mecanismo consistente em motivar alguém fazendo com que se sinta culpado estriba em
atribuir aos demais a resp. dos n. próprios sentimentos. Há de se ter em conta que as crianças que
aceitam tal responsabilidade e modificam seu comportamento de acordo com os desejos de seus pais
não atuam de modo espontâneo, senão apenas para evitar sentirem-se culpadas. (68)
Há todo um cabedal de expressões habituais que evitam a resp. por nossos sentimentos:
1 – Uso de modo de falar de caráter impessoal: “Esse tipo de coisa me tira fora do sério” .
2 – Frases nas quais somente se faz referência ao que fazem os demais: “Incomoda-me que não
me felicites no dia do aniversário”. Se não comeres tudo, mamãe vai ficar muito triste”.
3 – Uso da expressão “Eu me sinto...(emoção) porque (ref. ‘a pessoa designada por seu nome ou
pronome pessoal): “se me sinto triste é pq tu havias me dito que me querias”. “Estou enfadado porque
meu chefe não manteve a promessa”.
Todos os juízos, críticas e diagnósticos que emitimos, assim como interpretações que fazemos
dos demais, são expressões de nossas p. necessidades. Se alguém nos diz: “Tu não me entendes”,
está dizendo que suas nec. de ser compreendido não estão satisfeitas.
Sempre que manifestamos nossas necessidades de um modo indireto e nos valemos de
avaliações, interpretações e imagens, o mais provável é que os demais percebam críticas em nossas
palavras e que, portanto, se defendam ou ataquem.
Acostumamo-nos a crer que são os demais quem se equivocam quando não vemos satisfeitas
nossas necessidades. (70)
Autonomia
* escolher nossos p. ideais, objetivos e valores.
* escolher o modo de conseguir isso
Comemocações
• Comemorar a criação da vida e os ideais alcançados
• Comemorar as perdas dos queridos, dos ideais etc.
Esparcimento
53
• Comunhão espiritual
• Harmonia
• Beleza
• Inspiração
• Ordem
• Paz
Integridade
• Autenticidade
• Criatividade
• Propósito
• Valia
Interdependência
• Aceitação
• Afeto
• Amor
• Apoio
• Apreciação
• Comunidade
• Compreensão
• Confiança
• Consideração
• Contribuição ao enriquecimento da vida (poder pessoal)
• Empatia
• Proximidade
• Respeito
• Segurança emocional
• Sinceridade (aprendendo nossas limitações)
• Tranqüilidade
Nutrição física
• Água, ar, alimento
• Contato
• Descanso
• Expressão sexual
• Movimento, exercício
• Proteção frente ‘a ameaças
• Moradia
Como a mulher se vê na sociedade como um ser cuja obrigação mais excelsa consiste em
cuidar do demais, é freqüente que se lhe ensine a ignorar suas necessidades. (73)
“Acabo de me dar conta que passei 36 anos com seu enfadada com seu pai porque não
satisfazia minhas necessidades e agora vejo que era porque não as expressava claramente”
Por que lhe custava tanto falar abertamente ? família, cultura etc. Acabou tendo medo de
manifestar aos demais o que desejava porque pensava que somente receberia críticas e
desaprovação. (74)
54
Trata-se da resposta habitual daqueles que vêem o amor como negação de suas p.
necessidades de ser amado. (76)
ETAPA 2: Aqui nos damos conta do elevado custo que é assumir a resp. pelos sentimentos
dos demais e tentar nos adaptarmos a eles ‘as nossas expensas. Quiçá nos irrite pensar que
desperdiçamos a vida, que respondemos pouco ‘as solicitações de nossa alma. Chamo essa etapa
de “etapa ofensiva”, pq acostumamos a fazer comentários ofensivos como: “este é um problema que
só afeta a ti ! Eu não sou responsável por teus sentimentos”. Sabemos bem do que somos
responsáveis, mas não sabemos do que somos responsáveis diante dos demais de modo que não
nos escravizem emocionalmente.
Pode ocorrer que, quando sairmos da etapa da escravidão emocional, sigamos arrastando
resíduos de temor e sentimento de culpa no que se refere ‘as nossas necessidades. (77) Aqui se
pode aprender a manifestar os desejos e arriscar afrontar-se com o desgosto dos demais.
ETAPA 3: Chamada “liberação emocional”, respondemos ‘as necessidades dos demais com
compaixão, nunca por medo, sentimento de culpa ou vergonha. Uma vez nessa etapa, já estamos
plenamente convencidos de que não chegaremos nunca a satisfazer nossas necessidades a custa
dos demais. A liberação emocional implica expressar claramente quais são nossas necessidades,
mas manifestando tb que temos que temos em conta as necessidades dos demais e que nos
interesse vê-las satisfeitas. (78)
Resumo pág. 79.
Frequentemente usamos uma L. vaga e abstrato para indicar como queremos que alguém se
sinta, ou seja, sem nos referirmos a uma ação concreta que esperamos dela para que consiga
alcançar esse estado. (87)
Para isso, o melhor será pedir claramente uma resposta à outra pessoa com o fim de saber
como entendeu nossas palavras e poder corrigir qq interpretação incorreta. “Está claro?” “Sim, te
entendo”, para estar seguro de que a outra pessoa realmente está nos compreendendo”. (91)
Peçamos sinceridade
* “Eu gostaria que vc me dissesse o que sentes a respeito do que acabo de dizer e quais são
as razões desses sentimentos.”
* “Eu gostaria que me dissesses se crês que minha idéia terá êxito, e se pensas que não, o
que crês que possa impedir o êxito”
* “Eu gostaria que vc me diga se está disposto a fazer aquilo que combinamos. (93)
55
Fazer pedidos a um grupo
Sempre que nos dirigimos a um grupo sem saber com clareza o que queremos dele, o mais
provável é que se produzam discussões que não conduzem a nada. “Não vejo claramente que
resposta tu esperas de nós a respeito do tema que expuseste”. Poderias dizer-nos que tipo de
intervenção nos solicitas?
É freqüente que as conversas se prolonguem indefinidamente sem satisfazer as
necessidades de ninguém pelo simples fato de que a pessoa que estabeleceu um tema não sabe
muito bem o que quer.
Quanto mais censuremos ou maltratemos os demais ou façamos com que sintam culpados,
mais provável será que interpretem nossos pedidos como exigências.
Quanto mais censurada, maltratado ou culpada se sentir uma pessoa, mais provável é que
translade essa carga a suas futuras relações e perceba exigências ali onde só há pedidos.
• Exemplo. pág. 96
Quanto mais nos empenhemos em interpretar uma negativa de outra pessoa com um
rechaço, mais provável será que nossos pedidos sejam recebidos como exigências, o qual conduz a
uma profecia que leva em si seu cumprimento, pois quanto mais percebam exigência, menos
satisfação terão em nossa companhia.
Pedir: “Te importas de pôr a mesa ?” “Em vez de ponhas a mesa por favor.” (97)
• Exemplo Pág. 98
que esperamos que o processo satisfaça as necessidades de todos, podem confiar que nossos
pedidos são realmente isso e não exigências camufladas. (99)
Nas fases iniciais de aplicação do processo, pode ser que utilizemos a CNV de forma mais
mecânica, sem percebermos de todo nossa intenção subjacente.
Muita gente percebe exigência em nós. Principalmente se ocupamos posição de autoridade e
falamos com pessoas que tiveram experiências ruins com figuras de autoridade.
“Inadaptados socialmente e emocionalmente”, “aluno problema”... Impressionou-me ver como
esse tipo de etiquetas pode converter-se em profecias que levam em si seu cumprimento. Ao colocar
etiquetas nas pessoas atuamos com elas de modo que contribui a potencializar a conduta que
pretendemos evitar, e que vemos como confirmação de nosso primeiro diagnóstico. (100)
Observemos em nossos pedidos se não há elementos de exigências, tais como:
• O deveria haver suposto que tinha que deixá-lo todo limpo
• Ela tem que fazer o que peço
• Eu mereço que me dêem uma mão
• Tenho motivos para querer que fiquem até mais tarde
• Tenho direito ao descanso (102)
* Pág. 102: Canção de Brett. Resumo pág. 103. CNV em ação: pág.104
7 - A recepção empática
A empatia consiste numa compreensão respeitosa do que os demais experimentam. Chuang-
Tzu disse que a verdadeira empatia requer escutar com todo o ser: “Escutar com a alma, exige
56
esvaziar todas as faculdades. Então se capta de modo direto que aquilo que se tem diante de si
jamais poderá ser ouvido pelo ouvido ou compreendido pela mente.”
Em nossa relação com os outros se produz a empatia quando sabemos nos desprender de
todos os ideais preconcebidos e dos prejuízos. Martin Buber, filósofo judeu...: “Em que pese todas as
similitudes, cada situação (107) de vida, como uma criança recém nascida, tem um novo rosto que
não havia aparecido nunca nem voltará a aparecer. Exige pois um modo de atuar onde não se pode
prever de antemão. Não exige nada de outro momento vivido do passado, senão presença,
responsabilidade: nos exige a nós mesmos.”
No lugar da empatia, podemos cair, em troca, na tendência de dar conselhos, tranqüilizar ou
explicar qual é nossa postura ou sentimentos. A empatia, ao contrário, requer toda atenção na
mensagem que a outra pessoa nos transmite. Damos aos demais o tempo e o espaço que
necessitam para expressar-se plenamente e sentir-se compreendidos. “Não se limite a fazer algo;
esteja presente” (ditado budista)
Parafrasear
Para confirmar se entendemos bem o que a outra pessoa quer transmitir, sente e necessita,
assim como no que nos pede para enriquecer sua vida, é possível que queiramos expressar e aclarar
o que entendemos.
Para confirmar se entendemos bem o que quer transmitir a outra pessoa, deveremos
parafrasear a conversação que sustentamos com ela.
A CNV aconselha que o parafraseado se formule através de uma série de perguntas, que não
só revelarão o que temos entendido, senão que tb suscitará as correções oportunas por parte de
nosso interlocutor.
Exemplos:
• que observaram os demais: “Reagem assim porque semana passada saí muitas vezes”.
• O que sentem e que necessidades geram seus sentimentos: “estás incomodado porque
gostarias que reconhecessem os muitos esforços que fizeste ?
• O que pedem: “Gostarias que te expusesse as razões que me levaram a dizer o que
disse ?”
57
Esse grupo de perguntas solicita informação sem primeiro aprofundar na realidade de nosso
interlocutor. Pode dar a impressão que somos um tipo de professor de escola que queremos
submeter os outros a exame ou um psicólogo que trabalha em um caso clínico. Melhor dizer então:
Entendo, mas eu gostaria de aclarar o que dissestes. Importaria a você dizer o que eu fiz para que
me veja desse modo ?
Quando o outro pergunta se entendemos o que disse, neste caso tb. é bom parafrasear o que
ouvimos, pode ser mais tranqüilizador do que apenas dizer “sim, entendo”. (115)
É de suma importância, ao parafrasear o que disse nosso interlocutor, o tom de voz que
empregamos. Sempre que uma pessoa escuta o que dissemos que ela disse, é particularmente
sensível ao menor matiz de crítica ou de sarcasmo.
Devemos tb estar preparados para a possibilidade de que alguém interprete de modo errôneo a
intenção que nos move ao parafrasear suas palavras. Neste caso, insistiremos em nossos esforços
para captar os sentimentos e necessidades do outro, e é possível que vejamos então que não é que
ele não se fie em nossas motivações e necessidades, mas que não confia em sua capacidade de
compreender nossas intenções antes de escutar nossa paráfrase. Quanto mais praticarmos, mas
compreenderemos uma verdade muito simples: por trás de todas as palavras que permitimos que nos
intimidem não há mais do que seres humanos com suas necessidades insatisfeitas que nos pedem
que contribuamos para seu bem-estar. Somente nos sentimos desumanizados quando temos uma
imagem despectiva de outras pessoas ou abrigamos idéias negativas a respeito de nós mesmos. “O
que opinam os demais de mim? Esta é uma frase que devemos deixar de lado para nos sentirmos
benditos (bendecidos) (J. Campbell) Sentimo-nos benditos quando começamos a ver como um
presente o que nos dizem os demais e que previamente havíamos interpretado como uma crítica ou
uma acusação, quando começamos a vê-lo como a oportunidade de dar algo a alguém que sofre.
(117)
Parafrasear não é perder tempo, mas o contrário: permite ganhar (ahorrar) tempo.
* Exemplo: pág. 119
Receber uma confirmação clara de que alguém está conectado empaticamente conosco é
uma experiência comovedora.
Manter a empatia
Se nos lançamos precipitadamente a fazer o que nos pedem, as vezes não transmitimos um
verdadeiro interesse em seus sentimentos e necessidades, pelo que quiçá creiam que temos pressa
em nos liberar deles ou por arreglar (ordenar) seus problemas. Ao manter a atenção centrada no que
lhes ocorre, ao demais, oferecemos-lhes a oportunidade de explorar seu interior e expressar-se
plenamente.
“Quanto maior a atenção posta em escutar nossa voz interior, melhor ouviremos a voz de
fora”. Se sabemos praticar a empatia conosco mesmo, sentiremos aos poucos uma liberação de
energia que permitirá com que nos situemos na pele de nosso interlocutor. (121)
Se, a pesar de tudo, a outra pessoa está tão presa por sentimentos intensos que nem sequer
nos escuta e persiste na conduta, o último recurso é nos retirar fisicamente da situação conflitiva.
(122)
8 – O poder da empatia
“Quando alguém te escuta com todo seu ser sem julgar, nem querer mudar-te, sentes algo
maravilhoso. Resulta surpreendente ver que algo que não tinha solução tem quando há alguém que
te escuta”. (C. Rogers) (129)
58
Se me sinto humilhado ou tenho a sensação de que se aproveitam de mim, talvez me sinta
demasiado ferido, furioso ou assustado para poder conectar empaticamente com meu interlocutor.
Nestas circunstâncias convirá que opte por retirar-me fisicamente e oferecer empatia a mim mesmo
ou solicitá-la de uma fonte confiável.
Seja como for, não há nada que não se possa traduzir em sentimentos e necessidades
comuns a todos os seres humanos.
Ex.: pág. 132-133
Ex. pág. 134-135
Uma das recomendações mais difíceis de seguir é a empatia com o silêncio, especialmente
quando manifestamos nossa vulnerabilidade e queremos saber como os demais reagem. (140-1)
Resumo
Graças a nossa capacidade de empatia nos permitimos ser vulneráveis, absorvermos a
violência potencial, saber escutar a palavra NÃO sem tomá-la como um rechaço pessoal, infundimos
vida a uma conversa apagada e até chegamos a captar os sentimentos e necessidades expressos
com o silêncio.
O primeiro passo para expressar de forma plena a ira é desvincular os demais de qq resp. a
respeito dela. Precisamos nos libertar de idéia como: “Ele (a) faz com que me enfureça quando se
comporta assim”. Esse modo de pensar nos leva a expressar a ira maltratando ou culpando o outro.
Mas a conduta dos demais é só estímulo e não causa. São coisas distintas.
É muito fácil cair nesse hábito em nossa cultura que se serve do sentimento de culpa para controlar
as pessoas. Nessa classe de cultura, é importante que se nos induza enganosamente a crer que está
em nossas mãos fazer com que os demais se sintam de um determinado modo.
Onde o sentimento de culpa passa a ser uma tática de manipulação e coação, é útil confundir
estímulo e causa. (146)
59
As crianças que se acostumam a escutar frases como: “Mamãe e papai ficam muito tristes
quando vc recebe notas ruins”, acabam crendo que sua conduta é a causa da infelicidade dos pais.
Observa-se a mesma dinâmica entre pessoas unidas por laços de intimidade: “Me senti realmente
decepcionado quando não viste me ver no dia de meu aniversario”. Usamos a língua de muitos
modos para nos convencer que se nos sentimos como nos sentimos é porque os outros o fizeram.
Surge a ira quando: nos enfadamos e buscamos culpados, ou seja, quando optamos por
fazer o papel de Deus e julgar ou culpar a outra pessoa por ter se equivocado ou feito algo que
merece castigo. A causa da ira provém de nosso modo de pensar, mesmo que estejamos
conscientes disso. Ex. pág. 147
Sempre que estabelecemos contato com nossas necessidades, ou que busquemos nos
tranqüilizar, tenhamos traçado um objetivo ou nos apraza estar a sós, estabelecemos contato com
nossa energia vital. Nossos sentimentos poderão ser intensos, mas não ficaremos enfadados. A ira é
o resultado de um modo de pensar que alija da vida e nos desconecta de nossas necessidades.
Indica que analisamos e julgamos alguém em lugar de ver que necessitamos algo que está fora de
nosso alcance.
Devemos em todo momento iluminar com a consciência os sentimentos e necessidades da
outra pessoa. Não é que se reprima a ira, senão que esta deixa de produzir-se sempre que
consigamos estar plenamente presentes nos sentimentos e necessidades da outra pessoa.
Ela pode converter-se em algo valioso se a utilizamos como um despertador que nos avisa,
que nos informa que temos uma necessidade insatisfeita e que, se persistimos em nosso modo de
pensar, não é provável que a satisfaçamos. No entanto, a ira apanha (acapara) nossa energia e a
canaliza para o castigo dos demais e não a satisfação de nossas necessidades. Devemos trocar a
frase: “estou incomodado porque eles...” por: “estou incomodado porque necessito...”. (149)
Todas as formas de violência têm origem no auto-engano, (ver o caso do preso sueco – p.
150) e ex. pag. 151.
Quando temos a cabeça cheia de juízos e análises sobre outras pessoas e por isso
discriminamos que são más, ambiciosas, irresponsáveis, mentirosas ou enganosas, que contaminam
o ambiente, valorizam mais a ganância do que a vida ou se comportam como não deve, poucas
pessoas haverão que se interessem em satisfazer nossas necessidades. (152)
Quanto mais acusações e juízos as pessoas percebam em nossas palavras, mais na
defensiva estarão e mais agressivas se tornarão conosco, e menos lhes importarão as nossas
necessidades no futuro.
Quando mais nos identifiquemos com o que lhes leva a comportar-se de um modo que não
satisfaça nossas necessidades, mais provável será que nos respondam do mesmo modo.
“Você sente...” “Sente frustração...” “Sente necessidade de...”
Sempre que nos centramos nos sentimentos e necessidades dos outros, experimentamos o
que nos une: que todos somos seres humanos. (155)
...desfruto mais do trato com os seres humanos se não me concentro no que pensam.
“Depois de dez minutos prestando atenção ao que ele disse, calou-se; sentia-se
compreendido... Então eu quis fazê-lo participar do que eu sentia...” (156)
“Eu não queria que esse homem percebesse acusação alguma em minhas palavras; somente
que se desse conta do que eu havia sentido quando ele fizera sua observação” (157)
60
Quando nos damos conta de que a pessoa com quem falamos se sente culpada de algo, é
sinal de que devemos moderar o tom, retificar e prestar mais atenção a seus problemas.
Reunas todos os juízos negativos de tua cabeça e te perguntes: quando formulo um juízo
sobre uma pessoa, o que eu necessito e na realidade não tenho ? Deste modo te acostumarás a
centrar-te em tuas necessidades insatisfeitas e não nos juízos que possas fazer sobre outras
pessoas.
Julgar os demais e jogar-lhes a culpa converteu-se, para nós, em uma segunda natureza.
(158) Se queremos praticar a CNV devemos proceder com lentidão, refletir antes de falar, e as vezes
nos limitar a respirar profundamente e guardar silêncio. A aprendizagem do método e sua aplicação
requer tempo. Resumo pág. 159.
Os castigos físicos, por exemplo as palizas, constituem um dos usos punitivos da força.
O que a mim me preocupa é que o temor que os filhos sentem do castigo corporal possa
obscurecer sua consciência da compaixão que subjaze ás exigências de seus pais.
Tb. comparto as preocupações de muitos pais pelas conseq. sociais dos castigos físicos.
(169)
Há outros usos punitivos não físicos da força. Um deles é culpar a outra pessoa com o
propósito de desacreditá-la. Um pai, por exemplo, pode etiquetar seu filho de “inepto”, egoísta,
imaturo, se vê que ele não se comporta de um determinado modo.
O preço do castigo
Quando fazemos algo com o único propósito de evitar o castigo, afastamos a atenção do
valor que tem cada ação em si mesma. Em lugar disso, nos concentramos nas conseq. que nos
sobreviria se não fizéssemos o que foi pedido. Assim, sempre que se recorre à força punitiva,
decresce a auto-estima .(170)
O que eu recomendo em tais situações (agressões entre crianças...), por exemplo quando
uma criança bate na outra depois de ter sido ofendida, posso mostrar empatia a ela dizendo: “vejo
que estás enfadada porque querem que te tratem com mais respeito”. No caso de minha suposição
61
estar certa e a criança considere assim, na continuação expressarei meus sentimentos e
necessidades e formularei meus pedidos sem atribuir a ela nenhuma culpa. Ex... 171
+ O que eu quero que essa pessoa faça que seja diferente do que faz normalmente ?
+ Que razões quero que tenha esta pessoa para fazer algo que lhe peço ?
A CNV propicia uma atitude moral baseada na autonomia e na interdependência, o que nos
induz a responsabilidade de nossos atos e ver que nosso bem-estar e dos demais são uma e só
coisa.
O uso protetor da força nas escolas
È preciso diferenciar entre CNV e permissividade. Alguns professores que usam CNV as
vezes não intervém em situações conflitivas e problemáticas, mas as ignoram.
Enfim, o castigo lesiona a boa vontade e a auto-estima e desloca nossa atenção do valor
intrínseco de uma ação e suas conseq. externas.
CARTA DA TERRA
Março 2000
exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A
capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da
preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade
de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus
recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade,
diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A Situação Global
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental,
redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo
arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o
fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos
violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da
62
população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança
global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de
responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com
nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um
mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da
responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o
mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é
fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da
vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar
um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança,
afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável
como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações,
empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
PRINCÍPIOS
63
b) Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma
subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
a) Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas
necessidades das gerações futuras.
b) Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, a longo
prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.
Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário:
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial
preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
a) Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis
que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de
todas as iniciativas de desenvolvimento.
b) Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo
terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da
Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
c) Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.
d) Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem
dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos
daninhos.
e) Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida
marinha de formas que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a
sanidade dos ecossistemas.
f) Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis
fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o
conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
a) Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais
mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva.
b) Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará
dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano
ambiental.
c) Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais,
cumulativas, de longo prazo, indiretas e de longo alcance.
d) Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de
substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e) Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.
64
d) Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e
habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas
sociais e ambientais.
e) Garantir acesso universal a assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a
reprodução responsável.
f) Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num
mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla
aplicação do conhecimento adquirido.
a) Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com
especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
b) Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas
as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
c) Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção
ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a) Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não-
contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e
internacionais requeridos.
b) Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência
sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não
são capazes de manter-se por conta própria.
c) Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-
lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o
desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
a) Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b) Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em
desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas.
c) Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a
proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d) Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem
com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o
desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de
saúde e às oportunidades econômicas.
a) Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência
contra elas.
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12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e
social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual,
concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
a) Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero,
orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b) Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e
recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.
c) Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel
essencial na criação de sociedades sustentáveis.
d) Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes
transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na
tomada de decisões, e acesso à justiça.
a) Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e
oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades
que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
b) Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa
de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões.
c) Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de
associação e de oposição.
d) Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais
independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça
de tais danos.
e) Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f) Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e
atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser
cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos,
valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
a) Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes
permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b) Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na
educação para sustentabilidade.
c) Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a
sensibilização para os desafios ecológicos e sociais.
d) Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência
sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
a) Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de de
sofrimentos.
b) Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem
sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c) Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
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b) Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na
resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c) Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura
não-provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos,
incluindo restauração ecológica.
d) Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
e) Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a
paz.
f) Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com
outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da
qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo
começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta
promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de
interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com
imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global.
Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas
próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo
global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e
conjunta por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar
escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a
unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de
longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a
desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de
comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos
chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas
é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar
seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos
internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um
instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida,
pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela
paz, e a alegre celebração da vida.
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SUSTENTABILIDADE SÓCIOAMBIENTAL
Docente
Thomaz Enlazador – Educador ambiental
Contato: ecopedagogia@gmail.com
Objetivos Gerais
1. Capacitação do educando ao tema Sustentabilidade, aumentando seu leque de ferramentas
na recuperação, preservação e conservação ambiental;
2. Despertar a práxis da sensibilização SocioAmbiental, salientando o direito e dever de cada
ser humano sobre o que pode e o que deve ser feito, para melhorar a vida; de outros seres
vivos, fauna e flora, e conseqüentemente, nossa própria vida;
3. Demonstrar alternativas para práticas de consumo alternativas e sustentáveis;
4. Concentrar-se nas tecnologias alternativas ao sistema capitalista vigente, demonstrando o
que é, como surgiu e como funciona a Economia Solidária no Brasil;
5. Criar um espaço para a implementação prática de um Mercado de Trocas utilizando moeda
social, como alternativa socioeconômica à comunidade do entorno de uma UC;
No final do módulo os educandos estarão aptos a buscar novos caminhos para empreender
iniciativas que levem a Cultura da Sustentabilidade através de ações práticas no dia a dia,
construindo de forma direta e indireta uma política de preservação consciente, satisfazendo as
necessidades básicas sem prejudicar as necessidades das gerações futuras, entendendo que sua
participação ativa na construção de um meio ambiente equilibrado não se restringe apenas ao local
de onde parte sua iniciativa e sim na sua casa, na sua escola, no seu bairro, empresa, organização,
associações, nos grupos informais, religiosos, políticos, enfim... Tornar-se um agente multiplicador de
técnicas de melhoria para uma sociedade carente de informações e gestores de UC's atuantes
ecologicamente. Através dos conhecimentos adquiridos, os valores e ética, as experiências e a
determinação tornarão os educandos aptos a agir.
Conteúdo Programático e Cronograma
Módulo 1 (3 horas) – Consumo, meio ambiente e cidadania.
• Práticas Sustentáveis
• Consumo Sustentável
• Práxis Pós Capitalista
• Princípios e Fundamentos da Eco pedagogia
Módulo 2 – (2 horas) Práticas para a Sustentabilidade Local
• Princípios e fundamentos da Permacultura
• Articulação em Rede
Módulo 3 – (3 horas) Economia Solidária e Sustentabilidade Social
• Fundamentos da teoria social sobre economia solidária
• Experiências sustentáveis, participativas e solidárias
• Tecnologias sociais e geração de renda em comunidades
• Mercado de Trocas e moedas sociais
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no curso é em forma de módulos. Estes foram elaborados de forma a
se constituírem em espaços de reflexão, criação e construção do conhecimento partilhado.
Contaremos com aulas presenciais utilizando além de amplo debate, recursos como documentários,
aulas com recursos de data show, dinâmicas circulares e integrativas e mercado de trocas.
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A chegada do novo milênio, trouxe uma nova onda de reflexão e ação. O momento em
que nosso Planeta - Gaia, vive, é ímpar, crucial, sem precedentes. Somos parte dessa
epopéia histórica e temos a rara oportunidade de mudar o rumo da “nossa nave” e ajudar na
preservação das presentes e futuras gerações. Não temos mais tempo, a contagem regressiva
já começou... Nossa atitude deve mudar, reciclar, renovar e transcender. O comprometimento
individual no AQUI – AGORA , irá favorecer a corrente pela sustentabilidade e essa forte ação
em rede, sensibilizará a todos que ainda não acordaram do sono profundo e continuam
maltratando nossa mãe natureza.
INTRODUÇÃO
A expressão “desenvolvimento sustentável” surgiu em 1980, na “Estratégia mundial de
preservação”, tendo recebido posição de destaque no relatório Brundtland na Comissão Mundial das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a expressão foi consagrada em 1992
pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – ECO 92,
realizada no Rio de Janeiro. Agora nos preparamos para a Rio + 20, 20 anos depois da maior reunião
global sobre o meio ambiente. O panorama é bem diferente. Pesa o compromisso de cada nação,
refletindo diretamente na vida de quase 7 bilhões de habitantes e em cada canto do Globo Terrestre.
Com o passar dos anos, grandes transnacionais, governos, programas de responsabilidade
sócioambiental, ongs e afins, se apropriaram do termo e deram distintas definições e usos para essa
terminologia. A prática adotada nas ações que envolvem a terminologia Desenvolvimento Sustentável
estão longe de questionar com profundidade as raízes das relações sociais e produtivas do sistema
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capitalista. Essa relação gera tendências de comportamento com a natureza, que lhes são
particulares. A visão superficial sobre essas relações e a ausência de um questionamento profundo,
embasado na Sustentabilidade Social, deixa janelas abertas para a continuidade desse sistema já
instalado, que adere uma lógica degradante, onde o “Desenvolvimento Sustentável” cai como uma
luva, para justificar e compensar sua cadeia de produção ilimitada e insustentável.
Dois instrumentos importantes para a implementação de “ações sustentáveis” são a Agenda
21 e a Carta da Terra. Eles foram gerados também na ECO 92 e a Agenda 21 foi subscrita por 179
países. A expressão “Agenda” tem o sentido de planejar a participação de toda a sociedade civil,
setor privado e governo, convocando-os para participar e assumir compromissos que visem
solucionar problemas a curto, médio e longo prazo. A Agenda 21 prevê a implantação de uma
Agenda 21 Nacional (em andamento), Estadual e municipais, além disso pode ser aplicada em
escolas, empresas, bairros e comunidades sendo um ótimo instrumento para o enraizamento de
práticas sustentáveis onde vivemos, estudamos e trabalhamos.
O Slogan da Agenda 21: “Pensar Global e Agir Local”
Mesmo diante de tantas evidências, ainda é pequeno o número de ações para
implementação de políticas públicas, projetos e diretrizes que fomentem a consciência ambiental.
Um grande avanço que precisa ser incorporado pelos estados e municípios foi a Lei que instituiu a
Política Nacional de Educação Ambiental. O artigo 1º da Lei nº 9.795/99 define o conceito de
Educação Ambiental: “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
Uma tendência global na área ambiental e a análise da nossa “pegada ecológica”. São
diversos cálculos que passam pelos quilômetros que percorremos em automóveis e aviões, uso
racional de eletrodomésticos, compra de alimentos orgânicos, consumo de menos embalagens e
sacolas plásticas entre outras ações cotidianas explicitadas no almanaque. A partir de um cálculo
sistêmico chegamos a um X de emissão de gases do efeito estufa e a um total de árvores que
devemos plantar para seqüestrar o carbono emitido. Esse “eco X” do quanto estamos colaborando
ou não para a sustentabilidade planetária e como podemos reverter e aprimorar nossa práxis diária
irá enriquecer a qualidade de vida pessoal, coletiva e global.
A Terra deve ser vista como um organismo vivo e em contínua evolução, ela é o nosso
endereço e é a partir dela que promoveremos a educação, reeducando nosso olhar para a
prática da Cultura da Sustentabilidade. A preservação do meio ambiente depende da
consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação. É aqui que entra em
cena a Pedagogia da Terra, a Ecopedagogia. Ela é a pedagogia de promoção da aprendizagem
do "sentido das coisas a partir da vida cotidiana", como dizem Francisco Gutiérrez e Cruz
Prado, na obra Ecopedagogia e cidadania planetária.
70
2. A indissociabilidade da problemática social urbana e da problemática ambiental das cidades
exige que se combinem dinâmicas de promoção social com as dinâmicas de redução de
impactos ambientais no espaço urbano.
3. A sustentabilidade urbana deve se inserir no contexto efetivo da conjuntura e das opções de
desenvolvimento nacional.
4. Reconhecendo a eficácia da ação local, deve-se promover a descentralização da execução
das políticas urbanas e ambientais.
5. Deve-se equilibrar mitigação com inovação das práticas urbanas existentes que apresentem
componentes de sustentabilidade.
Objetivos específicos
Os objetivos específicos incorporam os principais objetivos definidos na Agenda 21 e Agenda Habitat.
Da Agenda 21, dentre aqueles voltados para a promoção do desenvolvimento sustentável dos
assentamentos urbanos, destacam-se:
• Oferecer a todos habitação adequada;
• Aperfeiçoar o manejo dos assentamentos humanos;
• Promover o planejamento e o manejo sustentável do uso da terra;
• Promover a existência integrada de infra-estrutura ambiental: água, esgotamento sanitário,
drenagem e manejo de resíduos sólidos;
• Promover sistemas sustentáveis de energia e transporte nos assentamentos humanos.
• Promover atividades sustentáveis na indústria da construção.
71
Alimentos
A ecovila busca a sustentabilidade também no fornecimento de alimentos sem agrotóxicos.
Pode-se produzir uma grande quantidade de alimentos dentro das ecovilas ou incentivar agricultores
da região a se tornarem produtores orgânicos. Organizar feiras de produtos regionais para
abastecimento de alimento troca de produtos e informações.
Nas ecovilas consome-se, prioritariamente, produtos naturais que não causam grande
impacto no seu ciclo de produção.
Construções
As construções devem ser feitas de materiais retirados do local da obra ou da região,
utilizando o mínimo possível de material industrializado, energia renovável e natural para
aquecimento e refrigeração. Em uma ecovila as construções estão o máximo possível integradas com
o meio ambiente.
Trabalho
Tem-se a necessidade de criar condições de trabalho que estejam em harmonia com o meio
ambiente para a produção de produtos ecologicamente corretos.
Planejamento ocupacional
O projeto de uma ecovila possui visão sistêmica integrando o meio ambiente natural com as
intervenções humanas. Utiliza os vales para produção; declives para levar água por gravidade;
preserva as áreas verdes e o ecossistema; cria áreas para um desenvolvimento futuro; áreas para
convívio social, áreas de produção comunitária. Dimensiona os lotes de forma que as habitações
estejam rodeadas por áreas verdes, cria acesso facilitado para pedestres e bicicletas além de áreas
de lazer e infra-estrutura básica.
Criam-se zonas onde se concentram as atividades de trabalhos, áreas residenciais e lazer
interligadas por caminhos e rodeadas de cinturões verdes.
Convívio social
Criar espaços que incentivem o convívio social; isto irá aproximar as pessoas que vivem nas
ecovilas, criando relações amigáveis e comunitárias. Qualquer assentamento humano pode se
transformar em uma ecovila, deste que sigam os princípios básicos. Muitas vilas tradicionais podem
se transformar muito rapidamente em ecovilas, mas grandes centros urbanos já terão dificuldades
devido ao excessivo número de habitantes e ao consumo de energia e matéria prima. Para termos
assentamentos ecológicos temos que realizar esta mudança dentro de nós, em nossa casa, e a partir
desta transformação individual, é que conseguiremos transformar nosso bairro, nossa cidade e nosso
país.
(Encontra-se base técnica para a criação de uma ecovila nos princípios da permacultura. São
resgates de antigas técnicas que aliadas a novas tecnologias visam a auto sustentabilidade e o baixo
impacto ambiental para a construção de um mundo em harmonia com a natureza)
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É confiar que a Mãe Natureza oferece tudo que precisamos para viver, em cada lugar do
planeta. Só cabe a nós entender a dinâmica em potencial de cada lugar. De fato é sair do mundo
tecnocrata e artificial para um mundo simples e real, concreto. A agroecologia além de ser uma forma
de estudar, de observar, se transforma também num estilo de vida, levando ao tão-sonhado Jardim
de Éden onde o homem e a Natureza se integram como um corpo só.
Agrofloresta
Os sistemas agroflorestais (SAFs) ou agroflorestas apresentam como principais vantagens,
frente a agricultura convencional, a fácil recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de
adubos verdes, o controle de ervas daninhas, entre outras coisas.
A integração da floresta com as culturas agrícolas e com a pecuária oferece uma alternativa
para enfrentar os problemas crônicos de degradação ambiental generalizada e ainda reduz o risco de
perda de produção. Outro ponto vantajoso dos sistemas agroflorestais é que, na maioria das vezes,
as árvores podem servir como fonte de renda, uma vez que a madeira e, por vezes, os frutos das
mesmas podem ser explorados e vendidos. A combinação desses fatores encaixa as agroflorestas no
modelo de agricultura sustentável.
A modelagem de um sistema agroflorestal exige grande conhecimento interdisciplinar de
botânica, de solos agrícolas, de microfauna e microflora de solos, de função ecofisiológica dos
organismos que constituem os vários estratos, de sucessão ecológica e de fitossanidade.
Evidentemente que tudo isso deve vir acompanhado de um prévio conhecimento em agronomia e
silvicultura, já que é nesses dois ramos que se baseia a agrossilvicultura.
Da mesma forma que um sistema agroflorestal pode trazer mais lucros que um sistema
agrícola convencional, ele também pode trazer mais custos, já que existem pelo menos dois grupos
principais de componentes que precisam ser profissionalmente manejados e mantidos dentro de um
sistema agroflorestal: o componente agrícola, que engloba as plantas herbáceas ou arbustivas, e o
componente florestal, que pode ser representado pelas árvores, palmeiras ou outras plantas lenhosas
perenes e de origem florestal.
Existem vários tipos de sistemas agroflorestais, sendo que as variações entre os diferentes
tipos geralmente se limita ao âmbito estrutural e funcional. As variações estruturais mais comuns são:
a composição do sistema (árvores, plantas herbáceas, animais); o arranjo espacial do componente
arbóreo (densidade e distribuição das plantas); o arranjo temporal dos componentes e a estratificação
vertical. Já em relação às variações funcionais podemos destacar a finalidade produtiva da mesma: o
que vai ser explorado economicamente (madeira, fruto, semente, forragem, lenha, etc.); que serviços,
em alternativa aos produtos, podem ser prestados e que outros tipos de benefícios planeja-se
conseguir com a implantação desse sistema (conservação do solo, quebra-ventos, cercas-vivas).
Muito se pesquisa e se discute sobre quais espécies podem se combinar melhor em um
sistema agroflorestal, dentre estas espécies vale destacar o eucalipto, o arroz e a soja, que vem
sendo, em conjunto, amplamente utilizados como base de programas de reflorestamento social da
pequena e média propriedade rural em diversos países, inclusive no Brasil.
Sistemas agroflorestais multiestrato
Os SAFs, como são conhecidos, são a reprodução no espaço e no tempo da sucessão
ecológica verificada naturalmente na colonização de áreas novas ou deterioradas. Não é a
reconstrução da mata original porque inclui plantas de interesse econômico desde as primeiras fases,
permitindo colheitas sucessivas de produtos diferentes ao longo do tempo.
A modelagem de um SAF exige grande conhecimento interdisciplinar sobre solos e sua micro
fauna e micro flora, função ecofisiológica dos organismos que constituem os vários estratos,
sucessão ecológica, além de fitossanidade.
Ernst Götsch, um dos pioneiros dos SAF no Brasil, demonstrou através da revegetação de
uma área devastada pelo manejo incorreto na zona cacaueira da Bahia, que hoje se tornou uma
RPPN, o potencial de sustentabilidade dos SAFs.
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Economia Solidária
Conceito
A economia solidária é um modo específico de organização de atividades econômicas. Ela se
caracteriza pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade ou empreendimento e pela
igualdade entre os seus membros.
Se o empreendimento solidário for de produção, o seu capital será constituído por cotas,
distribuídas por igual entre todos membros, que desta forma, são sócios do empreendimento. O
princípio geral da autogestão é que "todos os que trabalham são donos do empreendimento e todos
os que são donos trabalham no empreendimento."
Quando é focado no consumo, o seu capital será também constituído por cotas, distribuídas
por igual entre todos os membros, que assim se tornam sócios do empreendimento. Neste caso, o
princípio geral da autogestão é que "todos os que consomem são donos do empreendimento e todos
os que são donos consomem no empreendimento".
São exemplos de empreendimentos solidários produtivos: associações ou cooperativas
agropecuárias, industriais, de transporte, de educação escolar, de hotelaria, entre outros. Exemplos
de empreendimentos solidários de consumo são: cooperativas de consumo, habitacionais, de crédito
e mútuas de seguros gerais, de seguro de saúde, clubes de troca, etc.
A administração de um empreendimento é coletiva e democrática. Todas as decisões mais
importantes são tomadas em assembléias de sócios, em que vigora o princípio "cada cabeça um
voto". Se dirigentes são necessários eles são eleitos pelos sócios e podem ter seu mandato revogado
por eles, no caso do desempenho do dirigente for considerado não-aceitável por uma maioria dos
membros.
Dentre os instrumentos usados para facilitar a comercialização dos produtos da economia
solidária, como alternativa ao escambo e com finalidades específicas, existe a moeda social.
Comércio Justo
Comércio justo (Fair Trade em inglês) é um dos pilares da sustentabilidade econômica e
ecológica, ou econológica como vem sendo chamada. Segundo a Wikipedia em inglês, fair trade é
um movimento social e uma modalidade de comércio internacional que buscam o estabelecimento de
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preços justos bem como de padrões sociais e ambientais nas cadeias produtivas de vários produtos.
O movimento dá especial atenção às exportações de países em desenvolvimento para países
desenvolvidos, como artesanato, café, cacau, chá, banana, mel, algodão, vinho, frutas in natura, e
muitos outros (tradução livre).
Em poucas palavras, é o comércio onde o produtor recebe remuneração justa por seu
trabalho. Neste comércio eliminam-se os intermediários ao mínimo necessário.
Alguns países têm consumidores preocupados com a sustentabilidade e que optam por
comprar produtos vendidos através do comércio justo. Esta opção ética tem permitido que pequenos
produtores de países tropicais possam viver de forma digna ao optarem pela agroecologia, como
agricultura orgânica.
O Comércio Justo é definido pela News! (a Rede Européia de Lojas de Comércio Justo)
como: "uma parceria entre produtores e consumidores que trabalham para ultrapassar as dificuldades
enfrentadas pelos primeiros para aumentar seu acesso ao mercado e para promover o processo de
desenvolvimento sustentado. O Comércio Justo procura criar os meios e oportunidades para
melhorar as condições de vida e de trabalho dos produtores, especialmente os pequenos produtores
desfavorecidos. Sua missão é a de promover a equidade social, a proteção do ambiente e a
segurança econômica através do comércio e da promoção de campanhas de conscientização".
Os Princípios
Todas as organizações envolvidas no circuito do Comércio Justo devem obedecer aos seguintes
princípios:
• A preocupação e o respeito pelas pessoas e pelo ambiente, colocando as pessoas acima do
lucro;
• A criação de meios e oportunidades para os produtores melhorarem as suas condições de
vida e de trabalho, incluindo o pagamento de um preço justo (um preço que cubra os custos
de um rendimento aceitável, da proteção ambiental e da segurança econômica);
• Abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua
atividade, e informação mútua entre todos os intervenientes na cadeia comercial sobre os
seus produtos e métodos de comercialização;
• Envolvimento dos produtores, voluntários e empregados nas tomadas de decisão que os
afetam;
• A proteção dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres, das crianças e dos povos
indígenas;
• A consciencialização para a situação das mulheres e dos homens enquanto produtores e
comerciantes, e a promoção da igualdade de oportunidades;
• A promoção da sustentabilidade através do estabelecimento de relações comerciais estáveis
de longo prazo;
• A educação e a participação em campanhas de sensibilização;
• A produção tão completa quanto possível dos produtos comercializados no país de origem.
Consumo responsável
Significa adquirir algo que seja feito de forma ética. Geralmente, sem agredir ou explorar
seres humanos, animais ou ao meio ambiente.
Isto pode ser feito levando em consideração as seguintes normas:
• compras corretas — favorecendo produtos eticamente corretos, e realizar negociações
baseadas em princípios que primeiramente beneficiem ao bem comum do que ao interesse
próprio, permitindo a negociação para o interesse próprio apenas para perpetuar algum bem
comum além deste interesse.
• boicotes Morais — à compras e negociações que vão ao encontro das proposta anterior.
• Combinação dos anteriores.
Termos alternativos são hábitos de consumo eticamente corretos, compras éticas ou Aquisições
Morais. Usuários destes termos definem três tipos de hipóteses:
1. Compreender o efeito de uma compra, isto é, seus efeitos em todos os seres vivos desde o seu
ponto de extração até seu eventual ponto de distribuição (ver intendência do produto), é do interesse
do consumidor, não apenas o efeito culminante. (terminologia de Paul Hawken)
2. Compras individuais' ou o critério para compras de uma instituição para qualquer tipo de consumo
pode ser definido como uma combinação de padrões fixos, informações especificas de produtos e
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serviços, tornando fácil a cooperação entre compradores e vendedores para uma escolha ética. Isto
é, algo como um comércio justo, que pode atualmente ter um objetivo significativo ao menos se
pessoas e suas instituições tem definido metas integras em sua área de atuação.
3. A escolha coletiva não deve privar os consumidores de escolhas particulares ou dispor custos
menores para pessoas menos éticas, mas na realidade alterar a composição do mercado para que as
ofertas se tornem melhores (do ponto de vista ético) com o passar do tempo.
Crítica
Os Críticos frequentemente argumentam que esta mudança estrutural é limitada ao
consumismo responsável. Eles citam a preponderância de nicho de mercado como o efeito atual do
consumo responsável. Críticos também argumentam que o consumismo ético é fundamentalmente
anti-democrático. Em seu ponto de vista, o ato de comprar é considerado como um voto e o número
de votos não equivalem a um individuo. Por que o poder financeiro das (corporações, governo,
universidades, etc.) teriam mais votos que as compras feitas por indivíduos. A distribuição de riqueza
leva, portanto, a uma injusta distribuição de votos. Os críticos também argumentam que a contínua
confiança nos métodos inerentemente anti-democráticos levará a sociedade a não mais entender ou
desejar o engajamento civil. Este ponto de vista sugere, entretanto, que para um sistema democrático
ser justo, esta distribuição de votos deve ser igual para todos os pontos de vista, ou que um pequeno
grupo com poucos votos seja irrelevante, querendo dizer nada ou não tenham influência.
Compras Corretas
Compras corretas significam favorecer produtos éticos, sendo eles comercialização justa,
sem crueldade, orgânicos, recicláveis, reutilizáveis, ou produzidos localmente. Esta opção é questão
mais importante desde que ela suporta diretamente a empresas progressivas.
Normas e padrões
Numerosos padrões e normas induzem ao consumo positivo, tais como:
• Comércio justo
• SA8000 - um padrão universal para consumo ético, as vezes não oficialmente chamado
de "abaixo os salários de fome"
• Agricultura orgânica e Biodinâmica
• Associação de Agricultura Orgânica (AAO)
• Ecocert Brazil
• Gama S.A.
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• IBD - Instituto Biodinâmico
• Lia Ulmasud Ltda.
• MOA - Fundaçâo Mokiti Okada M.O.A.
• Organic Trade Association (Associação Comércio Orgânico)
• Co-op América
• kosher (padrão religioso)
• Halal (padrão religioso)
• Veganismo
• free-range aves domesticas
• Grass fed beef
• Sindicato
• seguro para golfinhos peixe
• Reciclagem
• FSC-certified ("amigos do meio ambiente") madeira
• Produto em Vermelho
Boicote
Boicote moral é a prática de evitar ou boicotar produtos que um consumidor achar que está
associado com procedimentos amorais. Um indivíduo pode escolher boicotar um produto.
Alternativamente, as decisões podem ser a aplicação de um critério reflexivo baseado na moralidade
(ou, na terminologia de éticos, uma teoria de valor) para um indivíduo, família, união, ou outro grupo
(corporações, universidade, governo) tomar as decisões sobre o consumo.
Razões para boicotar produtos incluem:
• Feitoria agrícola, precarização do trabalho, impactos sociais (...)
• Impacto ambiental, marketing para crianças (...)
Corporações
Exemplos incluem corporações que:
• é descoberto adesões a procedimentos sem ética por uma das suas subsidiárias
• invistam uma porção de seus lucros em por exemplo na indústria armamentista
Tais boicotes podem causar grande dano na reputação, sem mencionar a perda dos seus lucros, e
podem, em parte, levar ao desenvolvimento do conceito da responsabilidade social corporativa.
Simplicidade Voluntária
O consumo consciente tem suas raízes na simplicidade voluntária, na qual pessoas reavaliam
seu equilíbrio de trabalho/vida de forma a gastar mais do seu tempo e dinheiro em coisas de real
interesse. Quando as pessoas trabalham menos, há mais tempo para se relacionar com a família e
amigos, voluntariado, hobbies, e serviços comunitários. Um desdobramento natural da opção de
trabalhar menos e gastar menos. Em vez de gastar tempo e dinheiro em compras, as pessoas
engajadas no voluntariado gastam menos. Elas compram mercadorias usando sites como o craigslist,
comercializando com amigos, contentam de o que têm, ou fazem vendas de quintal. Quando eles
compram algo novo, a decisão de compra é feita conscientemente. Um cliente pergunta, “este artigo
77
foi feito preconizando aos meus valores? Estou defendendo a economia local? As pessoas que
fizeram este produto foram tratadas e compensadas razoavelmente? Este artigo foi feito para durar?”
Como resultado destas questões, consumidores conscientes acabam ajudando à agricultura
orgânica, a comercialização-justa e livres de produtor sweat-shop (“Loja de Suor”, este termo surgiu
em 1892 que quer dizer "uma loja ou fábrica que explora seus funcionários com longas jornadas de
trabalho e baixos salários), e negócios locais e independentes. Um dos grandes recursos para tais
mercadorias é o Co-op America.
BIBLIOGRAFIA
CARTA DA TERRA. Princípios e Valores para um futuro Sustentável – ECO 92.
CAVALCANTI, C. (Org.). Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. São
Paulo: Cortez: Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997.
DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia, 2002.
ENLAZADOR, Thomas. Almanaque para práticas sustentáveis. Recife: 2007. Ediçao
Independente.
0
LEI N 9.795. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências.
LEGAN, Lúcia. A Escola Sustentável. Imprensa Oficial SP, 2004.
MOLISON, Bil. Introdução a Permacultura. Imprensa Oficial SP, 2001.
LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. . Petrópolis,
RJ: Vozes, 2001.
LEONARDI, M. L. A. A educação Ambiental como um dos instrumentos de superação da
insustentabilidade da sociedade atual.Vozes, Rj, 2000
MANCE, Euclides A . Como organizar redes solidárias. DP&A Ed. 2003.
PELIZZOLI, Marcelo L. A emergência do paradigma ecológico. Ed. Vozes, 1999.
ANEXO 1
Corretivos de solo: Em geral os corretivos de solo são necessários para iniciar o processo de
agricultura orgânica em muitos tipos de solo no Brasil. Normalmente é permitida a utilização dos
corretivos em escala abaixo da recomendação oficial das análises de solo, de produtos como calcário
dolomítico, calcário calcítico e calcário magnesiano. Quantidade máxima de 2,0 toneladas/hectare.
Existem outros produtos, como calcário de conchas que também podem ser empregados como
corretivos, mas são pouco utilizados. Posteriormente, quando as condições de equilíbrio com a
utilização de matéria orgânica, adubação orgânica, adubação verde e manejo, vão se adequando,
praticamente não é necessário o emprego de corretivos minerais.
Pós de Rochas: Podem ser utilizados os resíduos em forma de pó das mais diversas rochas
encontradas nas regiões, como complemento nutricional. Ex. Todos os tipos de fosfatos naturais,
78
como de Araxás, Patos de Minas, Apatitas, etc, Pós de Basalto, Granito, Granodiorito, Diabásio,
Micaxisto, Silvenita, Carnalita, Kaineita, etc.
Cinza e Carvão: Podem ser utilizadas as cinzas e carvões da queima de madeiras diversas, resíduos
industriais não contaminantes e bagaço de cana. Cuidado para não utilizar cinzas de queimas, que
possam conter substâncias tóxicas e metais pesados.
Métodos de compostagem:
A compostagem pode se dar de três maneiras:
Aeróbia: Caracteriza-se pela presença de ar no interior da pilha, pelas temperaturas elevadas que
ocorrem, pela liberação de gás carbônico, de vapor de água e pela rápida decomposição da matéria
orgânica, elimina organismos e sementes indesejadas.
Mista: São métodos em que a matéria orgânica tem uma fase submetida a um processo aeróbio
seguido de um anaeróbio ou vice-versa.
No caso, vamos destacar os processos de compostagem aeróbios.
BOKASHI FOSFORADO: Indicado para hortaliças de raízes (cenoura, nabo, beterraba etc.) e para
terrenos com deficiência de fósforo (Fonte: J. Steinberg -Guia Rural)
Ingredientes e preparo: Em 500 quilos de terra virgem, misturar 250 a 300 quilos de farinha de ossos
calcinada, 200 quilos de esterco de galinha, 30 quilos de farelo de arroz ou de trigo e 3 quilos de
açúcar mascavo.
Revolver a mistura diariamente durante três dias e deixe-a descansar por mais uma semana sem
mexer. Nesse composto a temperatura mais alta é favorável para a decomposição dos materiais.
Quando abaixar a temperatura estará pronto.
Aplicação: Em terra fraca pode-se aplicar 1 quilo por metro quadrado; se o solo for bom, bastam 200
gramas no mesmo espaço. Convém alternar o uso desse composto com o bokashi nitrogenado.
www.agrorganica.com.br
79
TURISMO SUSTENTÁVEL DE BASE LOCAL
Docente
Thomaz Enlazador – Educador ambiental
Contato: ecopedagogia@gmail.com
EMENTA
Os atrativos ambientais, culturais e sociais dentro e no entorno das Unidades de
Conservação do Nordeste, são subutilizados, deixando-se escapar uma importante chave
para a sustentabilidade local através do planejamento turístico de maneira sustentável como
ferramenta de geração de trabalho e renda para as comunidades que ali residem. O Turismo
Sustentável de base comunitária surge como uma alternativa para a sustentabilidade social,
integrada nos princípios conservacionistas das Unidades de Conservação.
1- Objetivos
• apontar caminhos para a utilização do turismo sustentável de base comunitária
como fonte para a sustentabilidade social e ecológica;
• demonstrar experiências de modelos de visitação em UC’s bem sucedidos;
• diferenciar o turismo predatório do turismo sustentável;
• elucidar as inúmeras formas de se praticar o ecoturismo em UC’s.
2- Programa - Conteúdo
Filme debate sobre experiências de ecoturismo em UC’s e amostragem de curta
sobre Turismo sustentável no Equador.
Introdução expositiva-questionadora:
a. Definições de Turismo Sustentável, Turismo Comunitário e Ecoturismo
b. Histórico do nascimento do turismo sustentável
c. Crescimento e potencialidades do Ecoturismo no Brasil
d. As características e aspectos positivos e negativos
e. Dicas e caminhos para um planejamento ecoturístico
80
3- Metodologia
Aulas com vídeo-debate e expositivas utilizando o recurso do data show. O último
bloco do módulo é uma construção participativa para a construção de uma rede de
colaboração de turismo sustentável nas UC's do NE.
Introdução
Turismo cultural;
Turismo arqueológico;
Turismo espiritual e religioso;
Turismo esportivo;
Turismo empresarial;
Turismo indigenista;
Turismo pedagógico;
Turismo científico;
Turismo infantil;
Turismo da terceira idade;
Turismo gastronômico;
Turismo voluntário;
Turismo rural;
Turismo de base comunitária;
Turismo sustentável;
Turismo Ecológico;
Ecoturismo.
81
ECOTURISMO
O QUE É?
Por ser uma atividade nova, ainda não há consenso na definição do que seja
ecoturismo. Para o Instituto de Ecoturismo do Brasil, ecoturismo “é a prática de turismo de
lazer, esportivo ou educacional, em áreas naturais, que se utiliza de forma sustentável dos
patrimônios natural e cultural, incentiva a sua conservação, promove a formação de
consciência ambientalista e garante o bem estar das populações envolvidas”.
1. envolve a todos;
2. considera os direitos e deveres individuais e coletivos;
3. elabora um processo de planejamento participativo desde as tomadas de decisões
até a execução das atividades turísticas;
4. é realizado na escala humana;
5. desenvolve a gestão participativa na qual a maioria dos atores sociais de uma
comunidade se envolvem de forma direta e/ou indireta com as atividades, tendo em
vista a melhoria da comunidade e de cada um dos participantes;
6. prioriza a cultura local, a valorização do patrimônio cultural, os desejos e as
necessidades da comunidade;
83
Ecoturismo e Unidades de Conservação
O conceito de Unidades de Conservação é embasado no ideal de áreas naturais
protegidas, ou seja, áreas intocadas e intocáveis, criadas inicialmente para contemplação. O
ponto de origem para a atual conceituação de área protegida é o Parque Nacional de
Yellowstone que foi idealizado em um conceito de valorização da manutenção de áreas
naturais, consideradas como "ilhas" de beleza e valor estético que conduziriam o homem à
meditação.
O grau de importância sobre a existência das UCs extrapola a questão da beleza
cênica a ser preservada; a proteção dos ecossistemas, da fauna e da flora de uma área
natural, são encarados até mesmo como necessidade vital à nossa sobrevivência nesse
planeta. No âmbito do ecoturismo, as UCs possuem enorme destaque; é nestas áreas que
encontramos os maiores e mais bem conservados atrativos, é onde o turista pode satisfazer
suas necessidades turísticas e de lazer: birdwatching, trekking, fotografar, etc. No Brasil, a
primeira Unidade de Conservação criada foi o Parque Nacional de Itatiaia, em 1937. As UCs
são divididas em tipos, ou categorias apresentadas dentro do SNUC – Sistema Nacional de
Unidades de Conservação – Lei 9.985 de 2000.
CRESCIMENTO DO ECOTURISMO
Tendo como princípio básico o baixo impacto ambiental, o ecoturismo passou a ser
visto como solução econômica às unidades de conservação, pois atividades tradicionais
existentes, como a pesca e o extrativismo, por exemplo, ora se mostraram insuficientes para
a economia da região, ora não são compatíveis com as normas e restrições destas mesmas
unidades de conservação.
84
BRASIL: MAIOR POTÊNCIA ECOTURÍSTICA DO PLANETA
ASPECTOS NEGATIVOS
87
• Leve comidas leves e muito líquido;
• Não arrisque! Vá até onde sua confiança permitir.
• Resista à tentação de levar “lembranças” para casa como pedras, conchas e plantas do
local;
• Observe os animais à distância e não os alimente;
• Fogueiras matam o solo. Evite acendê-las;
• Evite fumar seu bastão cancerígeno (cigarro);
• Tire apenas fotografias, deixe apenas pegadas e leve para casa apenas memórias.
PONTO DE REFLEXÃO
Quando a ganância tapar os olhos do homem, e não deixar ele sentir que é parte integrante
do todo, portanto, ser vivente da natureza, a situação caminhará para a artificialização do
nosso ambiente. Isso levará a humanidade a achar que o artificial é o natural. Aí estaremos
em uma sociedade de mutantes, e só nos restará o vazio.
Thomas Enlazador
BIBLIOGRAFIA
DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Gaia,
2002.
____. Educação Ambiental: práticas e princípios. 4 ed. São Paulo: Gaia, 1994.
DIAZ, Alberto Pardo. Educação Ambiental como projeto. 2. ed. Porto Alegra: Artmed, 2002.
88
LINDEBERG, K; e HAWKINS, D. Ecoturismo Um guia para planejamento e gestão- – São
Paulo: Senac: 2001.
LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da Educação ambiental. São
Paulo: Cortez, 2004.
LOUREIRO, Carlos Frederico B. et al. Educação Ambiental e gestão participativa em
unidades de conservação. 2. ed. Brasília: IBAMA, 2005.
MACY, Joanna & Molly Y. Brown. Nossa vida como GAIA. SP: Editora Gaia, 2004.
MATHEUS, C. E.; MORAES, A. J.; CAFFAGNI, C. W. Educação Ambiental para o turismo
sustentável. São Carlos:RiMa,2005.
MORIN, E. Terra pátria. Editora Sulina. São Paulo, 1995
NEIMAN, Zysman. (Org.) Meio Ambiente. Educação e Ecoturismo. Barueri: Manole, 2002.
____ . Cidadania e Educação Ambiental. Uma proposta de educação no processo de gestão
ambiental. Brasília: IBAMA, 2003
ANEXO
Introdução
O uso das unidades de conservação com propósitos recreativos tem suas primeiras
iniciativas estabelecidas no século XVI e "concretizadas" em 1872, com a criação do
primeiro parque nacional, o Yellowstone National Park. Um dos principais argumentos para
a criação deste parque foi o apelo para o desenvolvimento de atividades recreativas,
agregando-se a elas novos valores, como os da interpretação e educação ambiental.
Atualmente, observa-se como nunca, que um dos principais destinos turísticos têm
sido as unidades de conservação. Desde a década de 80 há um apelo considerável para as
viagens em que os aspectos naturais constituem-se no principal atrativo, e em que os
visitantes têm a oportunidade de conhecer e apreciar a natureza.
O que é visitação?
89
Visitação Permitida por Categoria de Manejo
Vantagens e Desvantagens
90
Desafios a superar
Alguns pontos de estrangulamento da atividade de visitação, que não ocorrem
somente nas unidades de conservação brasileiras, requerem providências urgentes.
Relacionam-se aos seguintes fatores:
• despreparo dos gerentes para a gestão das atividades de visitação;
• pequeno contingente de pessoal nas Unidades;
• pouca disponibilidade de recursos financeiros para implementação da atividade; e
• falta de planejamento que englobe os atrativos e a população do entorno.
Tendências atuais
91
Meios educativos
*guias, que devem estar treinados para oferecer aos visitantes informações relevantes sobre
como proceder em ambientes naturais;
*centros de visitantes, que podem reunir informações (audiovisuais, escritas, orais) sobre
formas de conduta adequadas ao ambiente das Unidades;
*folhetos, cartilhas e outros materiais impressos de cunho educativo;
*elementos da sinalização, para indicar e estimular comportamentos desejáveis.
Planejamento e preparação
• Divulgando a área e o que se pode esperar dela: Em algumas áreas públicas não se
permite acampar fora de locais pré-definidos. Mesmo naquelas trilhas e áreas mais
primitivas onde é possível visitação, é preciso estabelecer o nível de impacto tolerado. É
importante que os guias e funcionários da Unidade estejam preparados para informar aos
usuários o que esperar das populações tradicionais, das dificuldades com o terreno, das
condições das trilhas e do clima, bem como regulamentações a respeito da vida silvestre.
92
resgate, este traje pode ser a diferença entre localizar a vítima ou perdê-la. Binóculos,
câmaras e lentes para observações e fotografias a distâncias significativas da fauna também
são recomendáveis, assim como o uso de botas de borracha, que permitam andar em
trechos alagados da trilhas, evitando, assim, o alargamento das mesmas. Contatos com
centros de excurcionismo são interessantes, pois nestes locais se pode coletar muitas
informações válidas para visitantes.
• Aconselhe a reempacotar alimentos: Nas informações que prestar aos visitantes, atente
para a importância de acondicionarem adequadamente os alimentos que trarão para a
Unidade. Os conteúdos de caixas, garrafas e latas devem ser colocados dentro de potes
reutilizáveis, biodegradáveis ou em sacos plásticos. Além de economizarem espaço na
bagagem, reduzirão peso e, principalmente, a possibilidade de gerar lixo nos
acampamentos.
• Em áreas populares, uso concentrado: Locais destinados a camping, assim como trilhas,
não possuem cobertura vegetal. Restringir-se ao uso desses espaços garante a
preservação natural das áreas ao redor.
• Estimule o uso de trilhas: Desta forma, minimizam-se os danos causados ao solo e à vida
selvagem. Andar fora da trilha, para evitar rochas ou lama, contribui para formar trilhas
múltiplas. Atalhos normalmente economizam pouco tempo e causam grandes estragos. Os
guias poderão orientar os visitantes e excurcionista a descansarem sobre superfícies
resistentes, como rochas ou solo desnudo, localizados fora da trilha. Além de garantir
privacidade, isto evitará que a trilha fique muito cheia, ocasionando seu alargamento. Em
locais onde a vegetação for muito densa ou não permitir acesso, aconselha-se descansar
em pontos onde a trilha seja larga o suficiente para que outros visitantes possam passar
sem problemas.
• Os acampamentos devem ficar longe das trilhas e fontes de água: Isso ajuda a distribuir o
impacto, proteger as fontes de água de contaminação e ainda manter o sentimento de
solidão. Embora a distância indicada varie dependendo das condições locais, uma boa
distância é acampar pelo menos a 60 ou 70 metros.
• Oriente quanto à escolha do local do acampamento: Locais mais elevados evitam acúmulo
de água da chuva, tornando desnecessário cavar em volta da barraca. Desta forma, o lugar
conserva seu aspecto bem conservado, sem intervenções degradadoras. Aconselhe os
visitantes a não "limparem" os locais, retirando folhas e galhos; esse "lixo" orgânico forma
um bolsão que ajuda a evitar a ação erosiva da água da chuva e é fundamental para manter
a integridade o solo.
93
• Estimule visitantes a manterem a área limpa: Assim, outros visitantes poderão utilizar o
mesmo local. Ninguém quer acampar em um local cheio de lixo e resto de alimentos. Locais
limpos convidam ao uso contínuo, o que ajudará a evitar que o impacto se alastre a outros
pontos. "Naturalizar" novamente o local ao levantar acampamento é uma prática a ser
estimulada. Os visitantes devem aprender a recolocar rochas ou galhos que removeram em
seu lugar de origem, apagando pegadas e outras marcas. O local precisará de tempo para
se reabilitar, mas agindo assim estarão ajudando a fazer com que se torne menos óbvia a
sua presença.
• Evite lugares em que o impacto esteja apenas começando: Muitos locais podem se
recuperar totalmente com um uso limitado. De qualquer maneira, o limiar é eventualmente
alcançado quando o poder regenerativo da vegetação não pode manter a velocidade do
impacto que recebe. O limiar para um sítio em particular depende de muitas variáveis, como
tipo de vegetação, fertilidade do solo e duração da estação de crescimento. Uma vez que
esse limiar é alcançado, o uso contínuo do sítio causará uma rápida deterioração do lugar.
O lixo não tem lugar na natureza primitiva! Esta informação deve estar presente em
todos os momentos da visitação. Em folhetos, placas, palestras e nas informações
prestadas por guias e funcionários, deve-se enfatizar os problemas gerados pelo lixo aos
ambientes naturais. Para campistas e usuários de trilhas, o simples procedimento de
empacotar tudo aquilo que se desempacota, retomando-o para o local apropriado, garantirá
uma atuação cuidadosa com o local.
• O lixo deve ser disposto apropriadamente: Lixo são as sobras, não de alimentos, mas de
pacotes e invólucros que devem ser trazidos de volta. O lixo que aparentemente é
queimável em geral possui elementos não combustíveis, os quais deixam resíduos quando
queimados. Pequenos invólucros de chocolate, bolachas ou de balas podem cair no solo.
Para aliviar esse tipo de problema, além de manter lixeiras em pontos-chave da Unidade, é
importante informar o visitante para que reempacote esses alimentos em um único
recipiente. Alerte sobre pontas de cigarros, que podem provocar queimadas ou matar os
animais que as ingerem. Estas devem apagadas e colocadas em invólucros de alimentos ou
num pequeno saco que a pessoa carregue consigo. Restos e sobras de alimentos também
podem ser considerados lixo. Todo o tipo de sobra, mesmo a que cai no chão durante o
preparo das refeições devem ser recolhidos. Queimar ou enterrar comida não é
recomendável. As fogueiras de acampamento não têm calor necessário para consumir os
restos completamente. As sobras enterradas são normalmente desenterradas por pequenos
animais. Manter as sobras de comida longe dos animais é importante para prevenir que eles
não se habituem com fontes humanas de alimentos.
• Cuidados com os dejetos humanos: Os dejetos humanos, assim como a água utilizada
para cozinhar ou lavar utensílios devem ter uma destinação tal que evite a poluição de
fontes de água e a proliferação de doenças. Queimar as fezes é uma das maneiras mais
apropriadas de livrar-se delas. Recentes pesquisas mostram que as fezes enterradas se
decompõem mais vagarosamente do que se imaginava. Quando expostas ao calor e luz do
sol podem ser decompostas mais rapidamente. Mas, tendo em vista os problemas sociais,
94
estéticos e possível contaminação de fontes de água, transmissão de doenças patogênicas
por meio de insetos e animais, o mais correto ainda é enterrar.
• Buracos de gato: Este é o meio mais aceitável de depositar as fezes. Devem ser feitos
longe de fontes de água, trilhas e acampamentos e áreas onde possa haver um fluxo para
fontes de água durante chuvas pesadas. Como regra geral, ensine aos visitantes que os
buracos devem ser cavados a pelo menos 80m destas áreas. A decomposição destes
materiais é mais fácil em solo orgânico, cobrindo-se o buraco com este.
• Urina: A urina tem pouco efeito sobre a vegetação ou solo. Em algumas circunstâncias, o
sal da urina pode atrair veados e outros animais silvestres. Estes podem desfolhar as
plantas e cavar buracos para encontrar o sal. Por esta razão, oriente visitantes para que
evitem urinar em plantas verdes, preferindo rochas e locais arenosos, longe de fontes de
água.
• Papel higiênico e produtos de higiene feminina: O papel higiênico não deve ser colorido
nem perfumado, sendo empacotados em sacos plásticos. Não devem ser queimado, pois
esta prática pode ocasionar queimadas em campos e florestas. O mesmo vale para
produtos de higiene feminina. É muito importante não enterrar estes produtos, pois sua
decomposição é lenta e são freqüentemente desenterrados por animais. Estes produtos
devem ser empacotados em sacos plásticos duplos.
• Uso mínimo de sabão: Água quente, pó de café e cinzas podem ajudar significativamente
na limpeza, diminuindo o uso do sabão. Informe visitantes sobre os impactos do uso de
sabões, detergentes e produtos de higiene corporal, especialmente em cursos d’água. Para
quem não dispensa o uso destes produtos, uma boa dica é fazê-lo a uma boa distância das
fontes e riachos, optando pelos biodegradáveis.
• Objetos naturais e artefatos culturais: Objetos naturais de beleza ou interesse devem ser
deixados onde foram encontrados, para que outros também possam descobri-los e desfrutá-
los. Em muitos parques e áreas naturais é proibido recolher objetos, assim como plantas e
flores. A mesma ética se aplica aos artefatos culturais e a sítios arqueológicos e
espeleológicos. Artefatos e sítios arqueológicos e espeleológicos são protegidos por lei.
95
• Cuidados com os animais: Oriente sobre o espaço que o visitante deve guardar dos
animais, para que estes se sintam seguros. Forçar os animais a fugirem, alimentá-los ou
atraí-Ios compromete sua habilidade e atitude naturais. Em épocas de stress natural, como
estiagem, inverno, escassez de alimento, a aproximação pode causar mal ao animal.
Binóculos e lentes fotográficas permitem que sejam vistos e fotografados sem perturbações.
Embora a idéia de ir para a natureza - e não fazer uma fogueira - pareça uma coisa
impensável, o uso de fogareiros se faz necessário. Por causa de impactos excessivos e da
necessidade de madeira para fogueiras, algumas áreas de acampamento proíbem fogueiras
ou apenas as permitem em lugares pré-designados. Os campistas devem ser encorajados a
carregar fogareiros com combustível suficiente para fazer todas as sua refeições. Para
quem depende de fogo como fonte de iluminação, é possível substituí-lo por velas, lanternas
ou lampiões. Regulamentações, condições ecológicas, clima, habilidade, níveis de uso e
madeira para o fogo devem sempre ser considerados para decidir quando fazer uma
fogueira. Se a sua Unidade não faz restrições quanto ao uso de fogueiras, oriente os
visitantes para que:
• Estejam atentos às condições do clima: Na maioria das áreas públicas, fogueiras são
proibidas próximas das árvores ou onde elas crescem vagarosamente. Durante as épocas
de seca, com muito calor e vento, fazer fogueiras pode ser um ato bastante arriscado.
• Usem madeira morta e a queimem completamente: As fogueiras só devem ser feitas onde
haja madeira abundante e, mesmo assim, usando madeira morta ou encontrada no chão.
Galhos quebrados deixam cicatrizes e causam impacto visual na área. A madeira utilizada
para o fogo deve ser larga em diâmetro, aproximadamente da largura do pulso; assim pode
ser partida com a mão, não necessitando de serras ou machados. A madeira deve ser
inteiramente queimada até que restem apenas cinzas ou pequenos pedaços de carvão. As
cinzas devem ser esparramadas sobre um solo vegetal.
• Utilizem montes para fogueiras: Uma pequena plataforma pode ser construída para fazer o
fogo e depois facilmente destruí-lo. Estes montes são feito de areia ou cascalho, formando
uma pequena plataforma circular de aproximadamente 15cm de altura por 70cm de
diâmetro. Um pano pode ser colocado entre a plataforma e o solo para ajudar na limpeza
quando o fogo se apagar. A vantagem desse tipo de fogueira é que ela pode ser feita sobre
quase qualquer tipo de solo.
96
PLANEJAMENTO AMBIENTAL E
GESTÃO PARTICIPATIVA
Docente
Carla Jeane Helfemsteller Coelho Dornelles – Pesquisadora do GEPEASE (Grupo de Estudos e
Pesquisa em Educação Ambiental de Sergipe) e Projeto Sala Verde- UFS. Atua na área de Ética,
Formação e Educação Biocêntrica.
Contato: ccfilos2@yahoo.com.br
Ementa
A disciplina aborda os conceitos de Gestão, Gestão ambiental, Participação e Gestão Participava,
subsidiando ao planejamento e gestão de forma participativa com técnicas, dinâmicas e conteúdos
provocativos à expressão e articulação dos diferentes atores sociais envolvidos em UC, tendo como
procedimento de referência o Plano de Manejo.
Objetivos
• Reconhecer a necessidade e importância de planejamento nas ações relacionadas ao meio
ambiente;
Conteúdo Programático
• O que é um Conselho?
Metodologia Participativa
Exposição participativa, trabalhos em pequenos e grande grupo, relatos de experiências dos
participantes, plenárias em sala de aula, breve diagnóstico das principais características da realidade
nas UC presentes no curso, síntese das discussões por escrito e registro, utilização de técnicas e
dinâmicas, inspiradas no método ZOPP de planejamento e avaliação de projetos por objetivos (Ziel-
Orientierte Projekt Planung) e na metodologia da Educação Biocêntrica.
Bibliografia Básica
Gestão Participativa em Unidades de Conservação – Guia do Conselheiro. IBAMA/NEA/RJ, 2007.
FARIA, Andréa Alice da Cunha Faria e NETO, Paulo Sérgio Ferreira. Ferramentas de Diálogo –
Qualificando o uso das técnicas de DRP – Diagnóstico Rural Participativo. Brasília, MMA, IEB, 2006.
http://www.amda.org.br/assets/files/cartilhaibama.pdf
http://www.ibama.gov.br/siucweb/unidades/roteiro_metodologico_revisado_05_2005.pdf
Texto:
RESUMO:
98
Este Artigo parte de uma reflexão sobre os desafios à efetividade do planejamento e da gestão
municipal, considerando os processos de participação social e as relações necessárias entre o
Estatuto da Cidade e as políticas de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação. Nesse contexto, a Agenda XXI e a política nacional de Educação Ambiental surgem
como oportunidade de interação entre essas políticas, favorecendo o diálogo entre diferentes áreas
do conhecimento, valorizando o intercâmbio entre diferentes saberes e culturas e oportunizando o
aprendizado mútuo em um processo contínuo de construção coletiva do bem comum. O
planejamento interativo e a gestão compartilhada e cooperativa são aqui apresentados como
processos que exigem visão complexa da realidade e atuação transdisciplinar. A participação social e
a interação entre as políticas públicas são identificadas como condições necessárias ao
desenvolvimento municipal, exigindo dos técnicos e gestores públicos, privados e sociais um esforço
de diálogo, abertura e coragem para construir uma gestão municipal enraizadora de um projeto de
nação comprometido com a inclusão social e com o desenvolvimento sustentável.
Primavera de 2005
APRESENTAÇÃO
Assim esse artigo trata dos desafios à efetividade do planejamento e da gestão municipal,
reconhecendo a complexidade dos sistemas que interatuam no ambiente, valorizando os processos
99
sociais que se empoderam na direção de assumir seu território e os desafios de aprender fazendo, de
transformar se transformando, de lidar com a permanente incerteza, com as diferenças e com a
crença de que um outro mundo é possível.
Ao olhar uma cidade explodindo com variadas e precárias ocupações, pequenos abrigos
criativos entre taboas e sucatas morro acima, rio abaixo, é quase impossível não pensar _ isso é o
que dá a falta de planejamento! Percorrendo o interior dos estados brasileiros e constatando a
implicação do processo de urbanização que desconhece limites e a expansão dos assentamentos,
regularizada sobre mananciais e florestas, ai então não há dúvida _ olha o resultado da falta de
planejamento!
Ao apurar o olhar especialista, percebe-se que a cidade quer urbanizar, o município quer
crescer, o estado quer controlar e o país quer experimentar, e que todos juntos querem garantir o seu
espaço de poder. Constata-se então o esfacelamento do planejamento e se concluí: o problema é um
problema de gestão! Ao considerar os maravilhosos planos elaborados, que nunca conseguiram ser
implementados, certifica-se então de que: o que falta realmente é uma boa gestão para a sua
implementação! Chega-se então a elaborar os planos de gestão como os salvadores, a solução para
todos os insucessos. E ainda assim percebe-se que não se alcançou a efetividade.
Um momento novo exige um período de abertura e adaptação das pessoas envolvidas, para
a construção de novas relações, atitudes e conhecimentos que possam responder às demandas da
complexa realidade. Gestores públicos, especialistas das mais variadas áreas profissionais e a
sociedade, começam então um processo de aprendizagem e transformação, qualificando-se para um
novo ciclo da história, onde a vida das pessoas, da cidade, do município, do estado e da Nação, deve
ser resultado da construção coletiva de decisões e assumida coletivamente através de uma gestão
participativa.
2. AS LEIS IRMÃS
100
obriga à interação. A Bacia Hidrográfica é a unidade ecológica estabelecida na Política Nacional de
Recursos Hídricos (Lei Federal 9.433/1997). As Unidades de Conservação de Proteção Integral e de
Uso Sustentável são definidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei
Federal 9.985/2000). Dessas três políticas destacam-se dois pontos de convergência: a definição de
processos participativos de planejamento e gestão do ambiente, e a busca de uma relação
sustentável entre a sociedade humana e a natureza. Agregando esse movimento nacional, em 1999
foi aprovada a Lei Federal de Educação Ambiental (9.795), ampliando os processos de educação
ambiental e oportunizando a implementação dessas políticas.
MUNICÍPIO
Educação Ambiental
(Conselhos Municipais)
Educação Ambiental
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CONCEITOS POR AUTORES
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Abordando a gestão ambiental municipal, Franco apresentam os principais temas da gestão
ambiental local: a expansão urbana – planos diretores e planejamento ambiental, Saneamento
Básico, poluição industrial, ruído e conflitos urbanos de vizinhança, poluição do ar por fontes móveis;
áreas verdes: criação e manutenção, comércio e prestação de serviços impactantes, e cidadania
ambiental. A visão da gestão ambiental é dada por este autor em uma perspectiva ampla, envolvendo
as temáticas relacionadas à questão ambiental municipal.
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CONCEITOS NAS LEIS IRMÃS
A gestão compartilhada é abordada no Art. 39, indicada para os casos de Bacia Hidrográfica
de rios fronteiriços e transfronteiriços. No Art. 44, a promoção de estudos necessários à gestão dos
recursos hídricos é definida como competência das Agências de Água, em sua área de atuação. No
Art. 45, é definida a Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, exercida pelo
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, como responsável pela
gestão dos recursos hídricos.
Na Política Nacional de Recursos Hídricos, 9.433, a gestão é utilizada como uma espécie de
“guardiã do espírito” da política, estando presente em toda a sua estrutura e levando a ética da lei,
por meio de toda a qualificação que lhe é atribuída: sistêmica; propiciadora do uso múltiplo da água;
descentralizada, integrando a sociedade; adequada às diversidades regionais; articulada e integrada
com as políticas de meio ambiente, de uso do solo e costeira; e compartilhada. Todos esses adjetivos
revelam um conceito de gestão baseado em um processo dinâmico e articulado entre gestores dos
setores: público (federal, estadual e municipal), social e de usuários, tendo como instância máxima,
guardiã desse espírito da Política, a Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos.
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Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – Lei 9.985/2000.
No Art.30, o SNUC se refere ao órgão responsável pela gestão da unidade, e, no Art. 34,
menciona os órgãos responsáveis pela administração da unidade e determina que a administração
dos recursos seja realizada pelo órgão gestor. O Art. 35 dispõe sobre a utilização de recursos na
implementação, manutenção e gestão das unidades, distinguindo esses conceitos daquele de gestão.
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A partir desse marco científico e legal, esse artigo propõe os conceitos a seguir:
GESTÃO TRANSDISCIPLINAR
O que é fácil de constatar é que o que resulta da interação de todas essas políticas, são as
mudanças no território municipal, as mudanças de percepção e atitude dos cidadãos, que também
têm como referência o seu município. Então, pode-se dizer que, tudo converge e culmina na
dimensão municipal e que efetividade dessas políticas interdependem entre si. A gestão de uma Área
de Proteção Ambiental – APA, depende fundamentalmente da gestão municipal na regulamentação
do uso e da ocupação do solo. Assim também a gestão municipal depende das definições previstas
no plano de manejo da APA. Assim também a área de amortecimento de um Parque Nacional
depende do plano diretor municipal, que também depende das restrições previstas no plano de
manejo do parque. O mesmo acontece com os planos de bacia hidrográfica.
Nesse sentido, um avanço possível é incluir a lógica de cada política, dentro das demais.
Nessa rede de interações, todos os pontos podem ser pontos de partida, seja o município, a unidade
de conservação ou a bacia hidrográfica. Geralmente o ponto de convergência é aquele que se
destaca com mais força na região. No caso onde a gestão de bacia é mais forte (ex: bacias com
grande conflito de água), o Comitê e seu plano de recursos hídricos devem interagir com os planos
diretores municipais e apoiar os municípios para o fortalecimento da gestão ambiental municipal.
Assim também com as unidades de conservação, propondo um sistema de unidades de conservação
da bacia, integrando as unidades de conservação existentes. No caso onde a gestão de unidade de
conservação é mais forte (ex: região onde existe parque nacional), o Conselho gestor e seu plano de
manejo devem considerar o apoio às prefeituras na implementação dos planos diretores municipais e
deve prever a gestão por bacia, observando a definição e as relações da unidade de conservação, a
partir dessa unidade ecológica hidrográfica. No caso onde a gestão municipal é a referência (ex:
metrópoles), o poder executivo e o conselho municipal gestor do plano diretor, devem propor o
sistema de unidades de conservação municipal, considerando as unidades existentes, e deve prever
a gestão municipal por bacia hidrográfica, facilitando a gestão ambiental e da água, articulada com as
esferas estadual e nacional.
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DESAFIOS E CAMINHOS PARA A GESTÃO COOPERATIVA
Não basta compartilhar, é preciso cooperar. Essa frase revela um dos grandes desafios para
a gestão do ambiente. Os conselhos e comitês estão iniciando um processo de aprendizado na arte
de compartilhar, de abrir-se para ser conhecido e estar aberto para conhecer o outro, com suas
diferentes visões de mundo e formas de atuação. Esse intercâmbio já apresenta uma grande
quantidade de desafios, o maior deles é o respeito às diferenças e a sabedoria do diálogo, de
interagir de forma dialógica e inclusiva, dialogando com distintas lógicas e incluindo a riqueza da
diferença, sem sentir-se ameaçado.
Essas políticas nacionais propostas nas Leis Irmãs apresentam pelo menos uma
oportunidade e um desafio aos especialistas e gestores públicos. A oportunidade é a transformação
cultural e cidadã da nação brasileira. O desafio é como realizar processos de grande complexidade,
que sejam verdadeiramente interativos e cooperativos? Com que fundamentos teóricos e
metodológicos? Sem dúvida que estas são questões estruturais. O que se percebe a partir das
experiências vivenciadas no País é que trabalhar com a sociedade exige, não o improviso, mas
criatividade e qualificação.
(Basarab Nicolescu)
AUTOPOIÉSIS COMPLEXIDADE
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Baseado na teoria da Autopoiésis, Daniel Silva desenvolveu a metodologia pedagógica
denominada por ele de Pedagogia do Amor. Essa pedagogia apresenta um método de construção
coletiva de conhecimento, tendo como ponto de partida a valorização dos diferentes saberes e das
emoções no processo de convivência pedagógica. Esse método, associado a outras técnicas e
dinâmicas, oferece um apoio metodológico de grande eficácia no exercício da gestão interativa e
cooperativa do ambiente.
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A Complexidade, trabalhada por Edgar Morin em sua obra O Método, oferece uma forma de
percepção capaz de reconhecer as múltiplas dimensões de realidade e de percepção. Essa teoria
permite uma aplicação metodológica ao planejamento e à gestão do ambiente, identificando as
múltiplas dimensões da realidade: a ecológica, a hidrográfica, a de uso e ocupação do solo, a
institucional, a de restrições ambientais, entre outras que sejam percebidas como importantes ao
processo. Além dessas dimensões de complexidade, a teoria também permite o reconhecimento das
diferentes dimensões de percepção: a científica, a cultural, a econômica, a política, a religiosa, a
artística, entre outras.
Por fim, a Transdisciplinaridade, concebida inicialmente por Piaget, foi desenvolvida sob
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forma de Manifesto da Transdisciplinaridade, por Basarab Nicolescu . Essa teoria apresenta
diferentes oportunidades para a gestão do ambiente. A transdisciplinaridade revela os caminhos para
o diálogo, a abertura para a aceitação da diferença, a inclusão dos diferentes saberes, culturas e
religiões, a perspectiva do transitar, transmutar e transcender. Essa teoria propõe ainda a construção
do espaço de interação fluida, de intercâmbio de saberes, de inclusão da diversidade, de integração
entre partes para a construção de um todo comum. Esse fenômeno é denominado de Sagrado.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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