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Editora filiada à
Associação de Editores Cristãos
diretor
Abimael de Souza
consultor
John D. Barnett
editor-chefe
André de Souza Lima
assistentes editoriais
Isabel Cristina D. Costa
Regina Okamura
Selma Dias Alves
autores
Jessé Ferreira Bispo
João Arantes Costa
John D. Barnett
José Humberto de Oliveira
revisores
Aydano Barreto Carleial
Leheni Lino de Oliveira Ferreira
autora do guia
Mércia Madeira e Silva
projeto gráfico
Patrícia Pereira Silva
diagramação
André de Sousa Júnior
capa
Henrique Martins Carvalho
As explorações do homem no espaço têm demonstrado não somente a imensidade do
nosso sistema solar, como a existência de outros sóis maravilhosos - de fato, galáxias inteiras
de sistemas solares. A nossa Terra representa um pequeno ponto no meio dos inúmeros
corpos celestes de todo grau de resplendor. Como o salmista, nós também ficamos
maravilhados - “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas
que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres?” (Sl 8.3-4). De fato, nós, criaturas
humanas, somos nada no meio deste vastíssimo espaço.
Mas há uma pergunta que sempre surge: existem outras criaturas, além do homem? Há
um grupo, chamadoufologistas, que especulam sobre a vinda para a Terra de objetos
voadores não identificados (OVNIs). Será que existem mesmo seres extraterrestres? Ou
será que o homem é a única criatura de Deus neste imenso espaço capaz de apreciar e
contemplar essa obra de Deus? Deus não tem outras criaturas inteligentes para louvá-Lo em
vista de toda a Sua criação?
Como crentes, quando queremos descobrir a Verdade, procuramos a única fonte de
informação segura - a Bíblia - e descobrirmos que existe, sim, uma outra classe de seres
superiores. Eles são os anjos de Deus, “os exércitos celestiais, os habitantes dos céus, a
inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus” (Bancroft). Mas, também, a Bíblia
afirma que existe um outro grupo de seres que pertencia à mesma classe, que antes servia ao
Senhor, mas agora se encontra em total rebelião contra Deus, liderado pelo antigo “anjo de
luz”, agora chamado Satanás.
Não há dúvida de que um dos assuntos que atualmente tem despertado muito interesse,
tanto no meio das igrejas evangélicas como no mundo fora, tem sido o de anjos. O próprio
autor das lições comenta: “Por volta da metade da década de 90 irrompeu uma onda
doutrinária a respeito dos anjos. Desde então têm sido produzidas várias obras sobre o
assunto nos meios religiosos não-cristãos. Muitas destas obras se ocupam em mostrar que a
doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais, e são carregadas de misticismo. A
mídia, especialmente a televisão, encarregou-se de espalhar os conceitos errôneos sobre os
anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em
consequência, os cristãos correm o risco de serem influenciados por esses ‘ventos de
doutrina’ que, não raro, sopram sobre os arraiais evangélicos”.
Pensando em nos livrarmos dessas influências, a Editora traz 17 lições sobre a doutrina
bíblica dos anjos. Essa será uma boa oportunidade para refletir seriamente sobre aquilo que
a Bíblia diz sobre esse assunto da atualidade. Mas um alerta: estas lições devem ser
estudadas no espírito de oração e total dependência do Espírito Santo. Estamos entrando
num campo espiritualmente “pesado” e, sem um preparo adequado, perigoso. Que Deus o
abençoe muito no estudo deste assunto!
John D. Barnett
alvo da lição
Introdução
Por volta da metade da década de 90, irrompeu uma onda doutrinária a
respeito dos anjos. Desde então têm sido produzidas várias obras sobre o
assunto nos meios religiosos não cristãos. Muitas destas obras se ocupam em
mostrar que a doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais, e são
carregadas de misticismo. A mídia, especialmente a televisão, encarregou-se
de espalhar os conceitos errôneos sobre os anjos, explorando a credulidade
de pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em consequência, os
cristãos correm o risco de serem influenciados por esses “ventos de
doutrina” que, não raro, sopram sobre os arraiais evangélicos.
Pensando em nos livrarmos dessas influências, vamos estudar sobre os
anjos. Na lição de hoje nos ocuparemos em considerar as razões por que a
doutrina da angelologia não tem sido bem estudada pelos cristãos e as
objeções que, durante os tempos, têm sido feitas à existência dos anjos.
1. As sutilezas escolásticas
O Escolasticismo foi uma forma de pensar dos filósofos e teólogos, que
vieram a ser chamados de escolásticos, no período da Idade Média (período
histórico entre o começo do século V e meados do século XV). Muitos
assuntos eram tratados com profundidade, mas às vezes eles desciam a
considerações banais. Foi assim que trataram a doutrina dos anjos,
levantando questões sem nenhuma relevância para a sua compreensão,
como, por exemplo:
2. O cristocentrismo
Embora ser cristocêntrico seja uma exigência para o cristão e para o
cristianismo, porque devemos dar preeminência a Cristo e anunciar uma
mensagem eminentemente cristocêntrica (1Co 1.23), corremos o risco de,
procedendo assim, pôr de lado outras doutrinas. A doutrina dos anjos é uma
questão de revelação de Deus, desde Gênesis a Apocalipse (cf. Gn 3.24,
onde o Senhor põe querubins a guardar o jardim do Éden e Ap 22.8), e não
podemos ser ignorantes sobre qualquer aspecto da Revelação. Se a
angelologia é uma doutrina bíblica, é importante que a estudemos.
3. As misti cações
Hoje se apregoa, por toda a parte, a aparição de anjos que fazem milagres,
que movem pessoas de um lugar para outro… Anjos são vistos nos cantos
superiores das naves dos templos, pousados nos lustres… Essas
mistificações causam repulsa e levam a considerar o assunto dos anjos uma
questão de crendice popular ou de superstição, que não merece uma
reflexão séria. Essa é, provavelmente, mais uma razão por que a doutrina dos
anjos é esquecida.
Entretanto, ao invés de esquecê-la, apenas deveríamos nos livrar do
misticismo em torno dos anjos. Foi isso que Paulo condenou quando
escreveu aos crentes de Colossos, que, influenciados por práticas pagãs,
corriam também o risco de prestar adoração a anjos, e não a Deus (Cl 2.18).
2. O racionalismo
Do ponto de vista dos racionalistas, a existência dos anjos é uma
aberração, pois foge dos princípios da razão e da ciência.
Consequentemente, eles veem a crença na existência dos anjos como uma
forma de politeísmo primitivo, que teve sua evolução no judaísmo.
Esse pensamento racionalista não é coerente, pois a doutrina judaica é
essencialmente monoteísta. Os anjos não são deuses; são seres espirituais
que Deus usa (cf. Hb 1.7).
Os anjos bons nunca se manifestam como um deus, mas como
mensageiros de Deus, incumbidos de uma tarefa específica; e os anjos maus
são seres espirituais rebelados contra Deus, ainda a Ele sujeitos
(Jó 1.6-12; 2.1-6). Rejeita-se também essa opinião racionalista, porque ela
exclui a interferência divina na história e na vida dos homens que, diversas
vezes, foi feita pela ação dos anjos.
3. O materialismo
Os materialistas negam a existência de um mundo espiritual; por isso
também negam a existência dos anjos. Só aceitam a realidade do mundo
material, rejeitando tudo o que vá além da matéria. Contrariam a vontade de
Deus, porque “só se preocupam com as coisas terrenas”, e estão condenados
à perdição (Fp 3.17-4.1).
4. O espiritismo
A doutrina espírita sobre os anjos se encaixa devidamente no conjunto da
sua estrutura doutrinária, cuja linha mestra é a reencarnação. O espiritismo
ensina que os anjos são almas dos mortos que, depois de várias etapas de
reencarnação, alcançaram um grau máximo de perfeição. Assim, negam a
existência distinta dos seres angelicais. Para eles, tanto os anjos bons como
os maus ou demônios inexistem. Estes últimos, dizem, são almas
desencarnadas.
Rejeitamos a doutrina da reencarnação, refutando-a com textos bíblicos,
como o de Hebreus 9.27. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez,
vindo, depois disto, o juízo”. Ninguém há que, tendo passado desta vida
para a outra, volta, mesmo que seja para um bom propósito, e muito menos
para habitar em outro corpo (Lc 16.27-31).
Conclusão
Hoje, diante do interesse cada vez maior no ocultismo, nos objetos
voadores não identificados (óvnis), na existência de vida em outros planetas
e nas revelações místicas, torna-se relevante um estudo sobre anjos com
base nas Escrituras.
Precisamos estudar seriamente o assunto, para termos segurança, diante
de tanta ignorância a respeito ou de tanta deturpação da verdadeira
doutrina.
CONFIRA O QUE VOCÊ APRENDEU NESTA LIÇÃO
Só iniciamos o nosso estudo sobre anjos. Verifique se já teve algum proveito, respondendo às seguintes
perguntas:
1. Que razões são apresentadas para o descuido em estudar sobre anjos?
2. Quais as doutrinas que negam a existência dos anjos? Como refutá-las?
3. Que pensam os espíritas sobre os anjos? Que base temos para rejeitar a doutrina deles?
2
Angelologia,
uma doutrina bíblica
texto básico Hebreus 1.1-14
versículo-chave Hebreus 1.14
“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço, a favor dos
que hão de herdar a salvação?”
alvo da lição
Introdução
Tem crescido muito o mercado de livros evangélicos no Brasil. Há algum
tempo era pequeno o número de editoras. Hoje há muitas, espalhando
literatura em todos os cantos. Não é, entretanto, pelo simples fato de
levarem o rótulo de evangélicos, que editoras e escritores produzem livros
baseados nas Escrituras, razão pela qual devemos ser criteriosos na escolha e
compra de livros.
Há livros sobre anjos e demônios que não têm como fonte somente as
Escrituras. Baseiam-se também em experiências ou alinham às informações
bíblicas os ensinamentos do misticismo religioso do nosso tempo. Serve-
nos, portanto, a advertência paulina: “Cuidado que ninguém vos venha a
enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens,
conforme os rudimentos do mundo” (Cl 2.8).
I. Anjos no Antigo Testamento
Em todas as partes do Antigo Testamento, os anjos são mencionados.
Portanto, basta folhear o Antigo Testamento para notar que os anjos “não
são símbolos, alegorias ou criações míticas. Ao contrário, são seres reais,
objeto de fé do povo de Israel, o qual admitia que Deus se servia dos anjos
para governar o mundo e dirigir os rumos da história” (Macintyre, p.52).
1. Nos evangelhos
Podemos constatar, primeiro, que os anjos aparecem nessa parte a
algumas pessoas, às quais comunicam alguma revelação: a José (Mt 1.20, 24;
2.13,19), a Maria (Lc 1.26) e a Zacarias (Lc 1.11,13).
Aparecem também servindo ao Filho de Deus no deserto (Mc 1.13)
e anunciando Sua ressurreição (Mt 28.2).
Jesus mesmo ensinou sobre a atuação deles, conforme o registro dos
evangelistas (Mt 13.39,49; 18.10; 22.30; Mc 12.25; Lc 15.10; 16.22).
6. No Apocalipse
Nesse livro a palavra “anjo” aparece 72 vezes, nas quais os seres angelicais
desempenham variados papéis.
Conclusão
A Bíblia nos ensina a respeito dos anjos, e esse ensino é suficiente para o
nosso entendimento sobre esses seres angelicais. Recorrer a outras fontes
oferece o risco de se desviar da reta doutrina que as Escrituras contêm.
“Pois, nele, foram criadas todos as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e
as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades.
Tudo foi criado por meio dele e para Ele”
alvo da lição
Mostrar que os anjos são seres criados por Deus, deixando claro que são finitos e
dependentes de Deus, embora mais poderosos e mais inteligentes que os
homens. Conduzir o aluno a render-se diante do Deus Todo-Poderoso, que tudo
criou e a tudo governa.
Introdução
A lição anterior focalizou a necessidade de se estudar sobre os anjos e
deixou evidente que a angelologia é uma doutrina amplamente exposta na
Bíblia. Agora continuamos, com base na palavra de Deus, a considerar essa
doutrina.
Quem são os anjos? Respostas erradas têm sido dadas a essa pergunta,
como já vimos. Embora não se possa encontrar na Bíblia tudo o que
desejamos para satisfazer à nossa curiosidade sobre os seres angelicais, cremos
que Deus nos revela o necessário para a nossa compreensão a seu respeito.
I. São mensageiros
A palavra “anjo” deriva da língua latina - angelus - que é correspondente à
palavra grega angelos. No hebraico a palavra para anjo é mal’ako. O
significado comum é mensageiro, enviado.
“Anjos”, com o sentido de mensageiros, não diz respeito à natureza
espiritual desses seres, mas determina a sua missão. Com esse mesmo sentido
de mensageiro ou enviado, pessoas humanas são chamadas “anjos”: o
sacerdote (Ml 2.7); o rei (2Sm 14.17,20); os pastores líderes das sete igrejas
do Apocalipse (Ap 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14).
Contudo, não é difícil perceber quando o termo se refere aos seres celestiais,
porque vem associado à pessoa de Deus como, em Gênesis 16.7; 28.12 e
Salmo 34.7.
4. Onde habitam?
Nas regiões celestiais, onde se manifestam. Várias referências nos dão
conta de que os anjos têm sua habitação numa dimensão celestial. Jacó,
sonhando, viu anjos que subiam e desciam uma escada cujo topo tocava os
céus (Gn 28.12). No Apocalipse anjos são vistos nos céus (cf. Ap 8.5).
Quando descem à terra, o fazem para cumprir uma missão (cf. At 12.7).
Entretanto, o poder dos anjos não é ilimitado. Não são onipotentes. São
mais poderosos que os homens, mas não têm o mesmo poder que Deus. Não
são capazes de criar nada, nem esquadrinhar o coração humano. Os anjos
podem influenciar a mente humana do mesmo modo como outro ser humano
influencia. A influência dos anjos maus, porém, pode ser impedida pelo poder
de Deus (Ef 6.10-12; 1Jo 4.4,18).
Conclusão
Em resumo, “embora haja semelhanças entre anjos e Deus e entre anjos e
homens, anjos são uma classe distinta de seres. Como Deus, mas diferente
dos homens, eles não podem morrer. Como Deus eles são superiores em
poder em relação ao homem, contudo não são onipotentes. Do mesmo modo
que Deus e o homem eles têm personalidade. Como Deus eles são seres
espirituais, mas não são onipresentes como Deus é” (Ryrie, p.127).
“Bendizei ao Senhor, todos os seu exércitos, vós, ministros seus, que fazeis a sua vontade”
alvo da lição
Mostrar aos alunos que Deus organizou os anjos e classificou-os de acordo com ministérios que deveriam desempenhar.
Considerar a organização angelical como um modelo para as ordens e a disciplina do exército terreno de Deus.
Introdução
Depois de refletimos sobre a personalidade e a natureza dos anjos, podemos pensar um pouco no modo como
estão organizados. Temos algumas informações bíblicas sobre a organização dos anjos e sobre uma hierarquia
angelical. Deus constituiu diversas ordens de anjos para O servirem e O glorificarem. Em cada uma das ordens, os
anjos são diferentes em poder e autoridade.
I. O fato da Sua organização
A Bíblia fala de “assembleia” de anjos (Note: Em Sl 89.5-8 consta a palavra santos, mas o contexto dá a entender
que são anjos), de sua organização para a batalha (Ap 12.7) e de um anjo que é rei sobre os terríveis seres
apocalípticos que haverão de assolar a terra (Ap 9.11).
Os anjos também possuem uma classificação governamental que indica organização e hierarquia, conforme
Efésios 3.10 (dos anjos bons) e Efésios 6.12 (dos anjos maus). Sem dúvida, Deus determinou a organização dos
anjos bons, e Satanás, dos anjos maus. Do mesmo modo que nos governos terrenos há graduações e posições,
também as há nas regiões celestiais.
Um importante aspecto prático decorre deste fato. Anjos bons são organizados; demônios também são
organizados; enquanto os cristãos frequentemente acham desnecessário serem organizados. Muitos acham que
podem lutar sozinhos, vencer a luta sozinhos, sem se submeterem a uma autoridade eclesiástica, sem organização e
sem disciplina. E quando precisam promover boas obras ou praticar a ação social, poderiam fazer muito mais do
que fazem, se se submetessem à organização e à disciplina. Lamentavelmente não o fazem!
“Arcanjo” é uma palavra grega - archangelos. Na Bíblia aparece a menção de apenas um arcanjo - Miguel (só
pode haver mesmo um arcanjo, pois a palavra significa “o principal entre os anjos”). Seu nome significa “quem é
como Deus” ou “semelhante a Deus”. O prefixo arc, de arcanjo, leva a supor ser este anjo um chefe principal e
poderoso. E o significado do seu nome “Miguel” pode representar uma resposta a Lúcifer, cujo coração se elevou,
dizendo: “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14).
Em Daniel 12.1 Miguel aparece como um dos primeiros príncipes - o “grande príncipe” - que se levantará como
defensor dos filhos de Israel. Em Judas 9, apesar de investido de grande autoridade, o arcanjo Miguel deixa a
repreensão final a Satanás para o Senhor, reconhecendo, com isto, o senhorio Dele. Em Apocalipse 12.7-12, o
arcanjo Miguel aparece comandando um exército de anjos, que batalham e derrotam o diabo e seu exército de anjos
maus.
Outra referência a arcanjo encontramos em 1Tessalonicenses 4.16, numa alusão à segunda vinda de Jesus Cristo.
Quando Ele voltar, os remidos serão convocados pela “voz do arcanjo” e ressuscitarão dos mortos para irem ao
encontro do Senhor nos ares.
2. Anjos governadores
Nos escritos paulinos, aparecem várias expressões que indicam ordens de anjos que exercem governo ou domínio
sobre outros.
a. Principados - essa palavra é usada por Paulo sete vezes, indicando uma ordem de anjos bons ou maus,
envolvidos no governo do universo (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; 6.12; Cl 1.16; 2.10, 15). Podem ser
considerados como generais de exércitos angelicais. São anjos que têm poderes de príncipes.
b. Potestades - devem ser anjos que exercem uma supremacia; possuem autoridade para governar. Sua
principal atividade deve ser remover os obstáculos que podem impedir o cumprimento da vontade de Deus,
e para isso são investidos de especial autoridade (Rm 8.38; Ef 1.21; 3.10; 6.12;
Cl 1.16; 2.10). Efésios 3.10 pode dar a entender que potestades são anjos que aprendem algo da vontade de
Deus ao contemplarem o que Ele está realizando no seio da igreja.
c. Poderes - essa palavra ressalta o fato de que anjos e demônios têm maior poder que os homens. Pode
referir-se, de modo especial, aos anjos que exercem poder sobre os fenômenos da natureza (2Pe 2.11; Ef
1.21; 1Pe 3.22).
d. Domínio - deve ser uma classe de anjos que executam as ordens de Deus com relação às coisas criadas (Cl
1.16; Ef 1.21).
e. Tronos - essa designação enfatiza a dignidade e autoridade com a qual Deus investiu os anjos que Ele usa
para governar (Ef 1.21; Cl 1.16; 2Pe 2.10-11).
Observe-se que em Colossenses 1.16 principados e potestades e tronos parecem referir-se a anjos bons. Efésios
1.21, entretanto, parece ser uma referência a anjos bons e maus. Já em Romamos 8.38, Efésios 6.12 e Colossenses
2.15, parece que a referência é apenas a anjos maus. “Embora haja uma aparente semelhança entre estas
denominações, temos de presumir que estes títulos representam uma dignidade incompreensível e os diversos
graus de categoria. As esferas celestiais de governo excedem os impérios humanos como o universo excede a terra”
(Chafer, p.345).
3. Querubins
“Querubins” deriva de querub (hebraico), cujo significado é “guardar” e “cobrir”. Com essa função, os querubins
aparecem mencionados em vários textos. Eles agiram como guardiões da santidade de Deus, tendo guardado o
caminho para a árvore da vida no jardim do Éden (Gn 3.24). O uso dos querubins na decoração do tabernáculo
também indica sua função de guardião (Êx 26.1; 36.8;1Rs 6.23-29). A figura de dois querubins cobrindo o
propiciatório igualmente pode representar uma “cobertura” da santidade do Senhor (Êx 25.10-22). Em Ezequiel
10, os querubins aparecem relacionados à glória de Deus. Os anjos descritos em Ezequiel 1 e Apocalipse 4 podem
também ser identificados como querubins. Eles possuem extraordinário poder e majestade.
Querubins são, portanto, anjos que defendem o caráter santo de Deus. Assim os encontramos em ação.
4. Sera ns
O nome “serafim” tem origem na raiz hebraica saraph, que significa “ardente”. Esses seres angelicais são
mencionados apenas em Isaías 6.1-3. Eles aparecem ao redor do trono de Deus, a postos para cumprirem Suas
ordens. Os serafins são considerados os mais nobres entre os anjos. Enquanto os querubins se ocupam em
demonstrar a santidade de Deus, os serafins trabalham para promover a reconciliação, preparando os homens para
uma adequada aproximação Dele.
Os serafins são descritos por Isaías, em sua visão, como tendo asas: “cada um tinha seis asas: com duas cobria o
rosto, com duas cobria os pés e com duas voava” (Is 6.2). Essas asas têm sentido simbólico.
a. As que cobriam o rosto mostram a necessidade de uma atitude de reverência diante do Senhor.
b. As que cobriam os pés falam da santidade do andar diante de Deus.
c. As que serviam para voar indicam a grande capacidade de movimento e locomoção dos anjos.
“Com que reverência deveríamos nos comportar quando nos dirigimos à Majestade Divina, diante do qual os
próprios serafins escondem seus rostos! E se eles cobrem os seus pés, estão conscientes de sua imperfeição natural
comparada com a glória infinita de Deus; nós que não passamos de torrões de terra, vis pecadores, deveríamos
corar de vergonha na Sua presença...” (Chafer, p.347).
5. Outros anjos
Um deles, mencionado pelo nome, é Gabriel (Dn 8.15-27; 9.20-27;Lc 1.19,26). Foi incumbido de missões
extraordinárias, para revelar mistérios que se encontravam acima da compreensão humana.
Gabriel significa “Deus é forte”. Aparece como mensageiro da misericórdia e das promessas divinas.
Além do anjo Gabriel, aparecem outros anjos nas Escrituras, designados por Deus para tarefas específicas:
Conclusão
Como vimos, do mesmo modo que todo o restante da criação de Deus segue uma ordem ou organização,
também os anjos possuem a sua hierarquia e cada um a sua missão.
É bom estarmos alertas para a prática atual de dar nomes a anjos, com base em escritos religiosos orientais e
espirituais e nos livros apócrifos. Neles aparecem nomes como Rafael, Saracael,
Raquel e Remiel. Não nos é dada por Deus a tarefa de ficar inquirindo sobre nomes de anjos. Os que são
identificados na Bíblia o são, especialmente para, por meio de sua nomeação, ressaltar a tarefa que cumprem. Seu
nome não tem nenhuma importância além dessa. Sendo ministros de Deus, certamente Ele os conhece pelo nome.
E se o Senhor não no-los revelou, é porque não é necessário possuir esse conhecimento para viver e crescer na fé.
Aplicação
Há uma grande lição prática nesse fato da organização e hierarquia dos anjos bons. Eles estão acostumados à disciplina
e à obediência, e nisso nos servem de modelo. !
É bom também advertir que a classificação dos anjos que apresentamos nesta lição não pode ser definitiva. Há
uma grande variação nas ordens apresentadas pelos teólogos.
alvo da lição
Demonstrar, à luz das referências do Antigo e do Novo Testamentos, como os anjos atuam para executar as ordens que
recebem do Senhor.
Introdução
Passo a passo estamos ampliando nosso conhecimento sobre os anjos. Depois de descobrirmos que estão
devidamente organizados e que são hierarquicamente ordenados, veremos, a respeito do serviço que desempenham
os anjos bons, mediante as ordens do Senhor.
Os anjos atuam como agentes especiais de Deus. Geralmente se deslocam de um lugar para outro para dar
cumprimento às ordens do Senhor. Às vezes se tornam visíveis, mas não são reconhecidos imediatamente como
anjos. Seja como for, estão sempre atendendo a uma missão dada pelo Criador e servindo-O voluntariamente. “As
273 referências da Bíblia feitas a anjos são principalmente narrativas de suas atividades e nelas descobrimos um
vasto campo de realizações” (Chafer, p.345).
1. A promulgação da lei
Embora no momento em que Moisés recebeu a lei (cf. Êx 19 e 20) não se mencione a participação dos anjos, no
Novo Testamento se afirma que “foi promulgada por meio de anjos” (Gl 3.19) ou foi recebida por “ministério de
anjos” (At 7.53).
2. O socorro a pessoas
Alguns personagens bíblicos tiveram a atuação direta dos anjos vindo em seu socorro. Agar e Ló (Gn 16.7-12;
19.1-22) e em especial Abraão, quando estava prestes a oferecer Isaque em sacrifício (Gn 22.11-12).
3. A proteção de pessoas
Jacó teve a experiência de ser protegido por anjos (Gn 32.1) e, quando abençoava os filhos de José, reconheceu
isso, dizendo: “o Anjo que me tem livrado de todo mal” (Gn 48.16).
5. A anunciação de nascimento
Abraão e Sara receberam de um anjo a promessa de um herdeiro (Gn 18.1-33). Também Sansão teve seu
nascimento anunciado por um anjo (Jz 13.1-24).
Essas são algumas intervenções angelicais registradas no Antigo Testamento. Muitos personagens bíblicos
estiveram envolvidos com anjos, em todo o tempo da antiga aliança.
a. Anunciaram o Seu nascimento (Lc 1.26-37; 2.8-15) e indicaram o Seu nome (Lc 1.31). Antes já haviam
anunciado a Zacarias o nascimento de João Batista e mostrado o nome dele (Lc 1.11-14).
b. Após ter sido tentado no deserto, os anjos O assistiram (Mt 4.11).
c. Um anjo O confortou no momento de Sua agonia no Getsêmani (Lc 22.43).
d. Certamente eram anjos os dois “varões” que anunciaram a Sua ressurreição (Lc 24.4-6).
e. Também dois “varões” estavam presentes em sua ascensão e confortaram os discípulos com a promessa da
Sua volta (At 1.10-11).
Anjos estiveram acompanhando Jesus em toda a Sua vida terrena, razão pela qual o apóstolo Paulo declara que
Ele foi “contemplado por anjos” (1Tm 3.16).
2. Nos evangelhos
Os evangelistas registram várias referências ao ministério dos anjos feitas por Jesus:
a. Um anjo abriu a porta da prisão para que os apóstolos saíssem (At 5.19).
b. Um anjo trasladou Filipe por uma distância de cerca de cem quilômetros, levando-o de onde encontrou o
oficial etíope para Azoto (At 8.26-40).
c. Cornélio necessitou da orientação de um anjo para mandar mensageiros chamar Pedro (At 10.3-8).
d. Pedro teve a participação espetacular de um anjo para livrá-lo do cárcere onde estava acorrentado e
guardado por dois soldados (At 12.3-11).
e. Paulo teve o conforto de um anjo quando enfrentava a tumultuada viagem para Roma (At 27.23-24).
Conclusão
Nesta lição vimos que os anjos agiram no passado, desde os tempos bíblicos mais antigos, até o tempo da igreja
primitiva. Na próxima, estudaremos o ministério especial dos anjos e, na seguinte, o ministério dos anjos em
relação à igreja e em relação aos crentes.
alvo da lição
Introdução
Além do ministério desenvolvido pelos anjos, mencionado na lição
anterior, destacaremos algumas funções exercidas por eles. Embora estejam
sempre à disposição do Senhor, para cumprir aquilo que lhes é determinado,
há tarefas que desempenham rotineiramente.
Um anjo também revelou a Paulo aquilo que Deus lhe havia destinado,
quando estava em um navio prestes a naufragar, garantindo-lhe o livramento
e também de todos os do navio naquela tempestade. O anjo disse: “Paulo,
não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua
graça, te deu todos quantos navegam contigo” (At 27.24 NTLH).
2. No livramento de Jerusalém
Quando Deus livrou Jerusalém das mãos dos assírios, o fez por meio de
um só anjo, que venceu cento e oitenta e cinco mil soldados do exército de
Senaqueribe, executando o juízo de Deus contra o presunçoso rei assírio
(2Rs 19.35).
3. No julgamento de Herodes
Um anjo foi também agente do juízo de Deus contra Herodes, que queria
ser reconhecido como um deus. No momento em que o povo o
aclamava, “um anjo do Senhor o feriu, por não haver dado glória a Deus; e,
comido de vermes, expirou” (At 12.23).
Conclusão
Que privilégio inaudito têm os anjos. Eles contemplam o Senhor da
glória. Não podemos nem imaginar o que será contemplar direta e
constantemente a face do Senhor. Um dia desfrutaremos do mesmo gozo,
pois “…quando ele se manifestar… haveremos de vê-lo como ele é” (1Jo
3.2). Entretanto, enquanto aqui, devemos desfrutar do privilégio de adorá-
Lo e louvá-Lo, a todo o
tempo.
Não nos deixemos enganar pelas falsas ideias sobre os anjos. Eles são
instrumentos da graça de Deus para com os homens, mas são também
agentes da aplicação da Sua justiça.
“Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que
os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste”
alvo da lição
Definir, à luz da Bíblia, qual é a atuação dos anjos em favor dos crentes em
Cristo Jesus, assegurando ao cristão a certeza de que os anjos de Deus
excercem, a seu favor, um ministério especial.
Introdução
Na lição anterior estudamos sobre o ministério dos anjos de modo geral.
Vimos que no Antigo Testamento eles atuaram em várias ocasiões e no
Novo Testamento encontramos registros da atuação deles em relação a
Jesus e à igreja primitiva. Além disso, também estudamos sobre três aspectos
do ministério especial dos anjos: adoram e louvam a Deus; comunicam aos
homens os propósitos de Deus; executam os juízos de Deus.
Não somos autorizados a dizer, mesmo diante desse texto, que os anjos
são enviados para cuidar do corpo dos eleitos. No caso de Moisés, podemos
crer, o objetivo do Senhor ao enviar o anjo era evitar a idolatria em relação
ao corpo de Moisés e, ao mesmo tempo, demonstrar o trato especial que Ele
dispensou a esse Seu servo. Por outro lado, considerando o contexto de
Judas 9, aprendemos que se os anjos são cuidadosos naquilo que afirmam,
quanto mais o devemos ser.
Conclusão
É bom sabermos que os anjos são “espíritos ministradores, enviados para
serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Essa palavra
traz consolo! Os anjos nos servem. Servem à igreja e a cada cristão em
particular! Contudo, devemos ter o cuidado para não aceitar nada além
daquilo que a palavra de Deus ensina a respeito dos anjos.
“Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se
achou iniquidade em ti”
alvo da lição
Introdução
Nas lições anteriores estudamos sobre os anjos que servem a Deus,
obedecendo às Suas ordens no desempenho de quaisquer tarefas ou atuando
a favor da igreja e dos cristãos, em particular. Hoje daremos início a algumas
lições que tratam dos anjos maus, a começar de Satanás, o principal entre
eles. Deve-se ressaltar que o objetivo destas lições não é engrandecer ao
diabo e aos demônios, mas conhecê-los melhor para poder enfrentar os
ataques que promovem contra os filhos de Deus e suas obras.
1. Eu subirei ao céu
(Is 14.13)
Como guardião da santidade de Deus, ele tinha acesso ao céu. Mas essa
declaração expressa o seu desejo de estar acima de toda a criação e acima do
Criador.
Conclusão
Hoje em dia se tem cometido dois graves erros quanto à existência de
Satanás.
alvo da lição
Introdução
Já conhecemos um pouco deste arqui-inimigo do cristão no estudo
anterior. Neste, tentaremos conhecê-lo ainda mais. Deve-se sempre ter em
conta que conhecer o inimigo tem o objetivo prático de estar preparado para
atacá-lo ou dele se defender. É bom também estarmos sempre lembrados
que não o vencemos só porque o conhecemos, mas sim porque conhecemos
Aquele que o derrotou. Jesus Cristo, que está em nós, é a força que
necessitamos para vencer.
1. Diabo
Essa palavra é a transliteração do vocábulo grego diabolos, cujo
significado é “caluniador, acusador” (Ap 2.10; 12.10). É o nome mais
popular, porque também o identifica com sua tarefa mais comum. A Bíblia
relata a história de um servo de Deus sendo acusado pelo diabo (Jó 1.9-11).
Outros servos de Deus são constantemente acusados por ele. Sendo pai da
mentira, ele forja acusações contra os eleitos.
2. Satanás
Esse nome passou a ser aplicado a ele depois da queda. Significa
“adversário” (cf. Zc 3.1; 1Pe 5.8). Desde o momento em que Lúcifer caiu no
céu e foi lançado por terra - foi afastado da presença de Deus (Is 14.12) -
tornou-se adversário e opositor constante de Deus, da Sua criação e da Sua
obra. Um exemplo da oposição de Satanás à obra de Deus temos em Lucas
10.18. Enquanto os discípulos proclamavam o Reino de Deus, Jesus “via
Satanás caindo do céu como um relâmpago”.
3. Dragão e serpente
Esses são títulos aplicados figuradamente a Satanás e indicam seu caráter
de monstruoso, de traidor e de astucioso (Ap 12.9). “Serpente” foi o nome
que recebeu por causa da associação com esse animal - o “mais sagaz entre
todos os animais selváticos” - quando tentou Eva (Gn 3.1; 2Co 11.3).
“Dragão” é título apocalíptico, às vezes colocado junto ao de serpente (Ap
20.2).
4. Belzebu
“Belzebu” é um nome decorrente de “Baal-Zebube”, título de um deus de
Ecrom, ao qual Acazias desejou consultar, mas foi impedido por Elias (cf.
2Rs 1.1-6, 16). Significa “senhor das moscas”. No Novo Testamento,
encontramos Jesus sendo acusado, pelos fariseus, de expulsar demônios pelo
poder de Belzebu, “o maioral dos demônios”
(Mt 12.24-29). A resposta de Jesus identifica Belzebu com o próprio
Satanás.
5. Maligno
Esse título descreve bem seu caráter e sua obra. Ele é malvado, cruel e
tirânico para com todos os que consegue tornar seus súditos. Seus atos são
sempre motivados pela maldade, mesmo quando pareçam bons (cf.
Mt 13.19, 38; Ef 6.16; 1Jo 2.13, 14; 5.19).
6. Abadom e Apoliom
Como o próprio texto bíblico esclarece (Ap 9.11), são o mesmo nome,
em duas línguas: hebraico e grego. O significado é “destruidor”. O contexto
de Apocalipse 9 assim o apresenta. Ele é o chefe dos terríveis gafanhotos que
causarão dano aos homens.
9. Príncipe da potestade do ar
(Ef 2.2;6.12)
Esse título também indica uma organização dos anjos maus. Satanás é o
líder deles (Mt 25.41; Ap 12.7). Ele comanda uma grande companhia de
servos, que executam, debaixo do seu poder despótico, as suas ordens, onde
quer que sejam enviados.
10. Lúcifer
Esse nome não aparece escrito na Bíblia. É decorrente da linguagem
figurada de Isaías, que se refere à “estrela da manhã” e “filho da alva” (Is
14.12). Em seu primeiro estado, ele possuía essa característica. Era um ser
reluzente. Mas depois da queda, ele apenas se mostra como tal; aparenta ser
um “anjo de luz”, com a finalidade de enganar os homens (2Co 11.14).
1. Contra Deus
A principal tática de Satanás é atacar Deus e se opor à implantação de Seu
Reino. Isso já se havia tornado evidente quando caiu, pecando por querer
ser igual a Deus. Demonstrou, pela primeira vez, que fazia oposição a Deus
quando ofereceu a Eva chance de ser como Deus, conhecendo o bem e o
mal (Gn 3.5).
A tentação de Cristo foi também uma demonstração de que ele se opõe ao
Reino de Deus. Satanás ofereceu a Jesus a glória deste mundo, tentando
demovê-lo da ideia de conquistar o domínio pelo sacrifício na cruz
(Mt 4.8-9).
Hoje ele continua agindo com a mesma intenção de desfazer a obra de
Deus. Por isso, como ensina o apóstolo Paulo, para que “Satanás não
alcance vantagem sobre nós” não podemos ignorar os seus desígnios (2Co
2.11). Para atingir aos seus propósitos, ele pode transformar os seus
ministros em “ministros de justiça” (2Co 11.15). Ele promove um sistema
religioso no qual os demônios levam as pessoas a praticar um falso ascetismo
e uma desenfreada licenciosidade (1Tm 4.1-3; Ap 2.24).
A última tentativa de Satanás contra o Reino de Deus será quando da
vinda do anticristo, que agirá “segundo a eficácia de Satanás, com todo
poder, e sinais, e prodígios da mentira...” (2Ts 2.9).
2. Contra Cristo
A animosidade entre Satanás e Cristo foi pela primeira vez predita depois
do pecado de Adão e Eva
(Gn 3.15). Cristo, descendente de mulher, desferiria um golpe fatal sobre a
cabeça de Satanás. Este, por sua vez, causaria grande sofrimento ao
descendente da mulher.
Quando o Senhor veio à terra, Satanás empreendeu vários ataques contra
Ele, tentando impedir que realizasse a obra para a qual havia sido destinado.
Sem dúvida a morte das criancinhas, determinada por Herodes, era de
inspiração satânica (Mt 2.16).
Mais tarde Pedro mesmo alinha-se a Satanás, quando reprova a Jesus,
depois de ouvir o Seu plano: “era necessário seguir para Jerusalém e sofrer
muitas coisas..., ser morto, e ressuscitado no terceiro dia” (cf. Mt 16.21-23).
Mas o principal e mais direto ataque de Satanás a Cristo foi pela tentação
no deserto (Mt 4.1-11). O principal alvo de Satanás, na tentação, era
eliminar o sofrimento de Cristo na cruz. Ele sugeria que Sua morte
substitutiva era desnecessária. “Especificamente, Satanás tentou Cristo a ser
independente de Deus (Mt 4.3-4), a ser indulgente (v.5-7) e ser idólatra
(v.8-10)” (C.C. Ryrie).
Uma vez que Satanás não logrou sucesso em sua tentativa de impedir que
Cristo fosse à cruz, ele ataca o Evangelho, os seguidores de Cristo, e tudo
aquilo que representa o cumprimento do plano de Deus para o mundo.
3. Contra a humanidade
Em relação aos homens incrédulos, Satanás cega seus olhos para que não
percebam as verdades espirituais divinas contidas no evangelho e o abracem
(2Co 4.4). Ele geralmente faz a humanidade pensar que não existe um único
caminho para o céu, como o evangelho propaga. Além disso, há outras obras
que realiza contra os incrédulos.
Para atingir seu intento, tudo o que puder fazer, o inimigo faz. Ele
perverte o coração, levando o homem a usar indevidamente tudo o que
Deus criou (1Jo 2.15-17).
Conclusão
É pesado o ensino de hoje! Mas é necessário. Quando não aprendemos,
pela Bíblia, o que Deus mesmo revela sobre Satanás, somos tentados a
buscar conhecimentos em fontes espúrias ou a nos contentarmos com a
“cultura popular”, que o apresenta como “um bicho peludo” ou “um homem
vestido de vermelho empunhando um tridente”. As Escrituras nos ensinam
quem ele é, o que faz, como o faz e o que pretende.
“Passadas que foram as tentações de toda a sorte, apartou-se dele o diabo, até
momento oportuno”
alvo da lição
Conhecer os meios usados por Satanás para tentar o crente, a fim de estar
preparado para resistir a todos eles, aprendendo a vencer a tentação, segundo o
modelo de Jesus Cristo.
Introdução
Na lição anterior, conhecemos Satanás pelos seus diversos nomes e títulos
e, por isso, sabemos mais a respeito do seu caráter. Abordamos também a
sua atividade em relação a Deus Pai, a Cristo e à humanidade incrédula.
Hoje vamos entrar num assunto que diz respeito a nós, muito de perto - a
tentação. Cristo esteve sujeito a ela e todo cristão igualmente está.
Aplicação
! Assim, se Jesus foi tentado em todas as coisas, temos de admitir que nós,
enquanto neste mundo, também estamos sujeitos a toda sorte de tentação.
Ser tentado não é pecado, pois Cristo também foi tentado.
“Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem”
alvo da lição
Advertir quanto à real existência dos demônios e quanto ao prejuízo que causam
à humanidade, conhecendo sua atuação e as formas diversas de demonismo.
Introdução
Satanás não age sozinho. Ele tem a companhia dos demônios, os anjos
caídos que lhe são subordinados, aos quais dá ordens para agirem contra os
homens. Há muitas teorias erradas sobre os demônios, muita ignorância a
respeito de sua atuação e muitas fantasias criadas a respeito. Com um exame
cuidadoso das Escrituras é possível descobrir quem realmente são e como
agem. Essa é a proposta do estudo de hoje.
1. Adivinhação
Esse é o nome dado a todos os processos empregados para ler o futuro,
por meio de sinais misteriosos e inspirações demoníacas. Atos 16.16
menciona uma jovem “possessa de espírito de adivinhação”. A Bíblia proíbe
terminantemente essa prática (Dt 18.9-14). A adivinhação pode ser
praticada de várias maneiras:
2. A adoração direta a demônios
É outra forma de demonologia. Os filhos de Israel foram repreendidos
porque provocaram ao Senhor oferecendo sacrifícios a “demônios, não a
Deus” (Dt 32.17). Era também praticada nos tempos do Novo Testamento
(1Co 10.20). Essa devoção a Satanás vem tendo espantoso crescimento em
nossos dias. Em todo o mundo surgem as “igrejas de Satã”, onde são
reverenciados os demônios e desenvolvidas todas as formas de satanismo.
3. Espiritismo
É a crença de que os vivos podem se comunicar com os mortos e que os
espíritos dos mortos podem manifestar sua presença aos homens. Isso se dá
supostamente mediante a ação de um ser humano, conhecido como
médium. As ciências mediúnicas se espalham prodigiosamente. O
espiritismo tem várias expressões, encontrando-se entre as mais comuns o
“baixo espiritismo”, que inclui o candomblé, a umbanda, a quimbanda e a
macumba; o “espiritismo científico”, que se manifesta especialmente no
esoterismo e no teosofismo (incluindo a Nova Era), e o “espiritismo
kardecista”, cuja principal doutrina é a da reencarnação.
A Bíblia condena todas as formas de demonologia. O Senhor manifestou
Sua severidade para com os que a praticam (Lv 19.31; 20.6,27). O profeta
Isaías interpretou a indignação do Senhor contra os homens do seu tempo
que praticavam demonologia, dizendo: “Quando vos disserem: Consultai os
necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso não
consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?
À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a
alva” (Is 8.19-20).
alvo da lição
Introdução
Na lição anterior já introduzimos o estudo sobre a atuação dos demônios,
quando declaramos que eles são ajudantes do diabo no cumprimento de
seus propósitos:
Quando Jesus curou um leproso, a Bíblia não menciona que a lepra estava
associada à ação de demônios (cf.
Mt 8.1-4); quando debelou a febre alta da qual estava acometida a sogra de
Pedro, nenhuma relação se faz entre a doença e a atividade dos demônios
(Mt 8.14-15); nem quando curou os dois cegos se menciona que a cegueira
deles era provocada pelos espíritos malignos (Mt 9.27-31). Poderíamos
multiplicar os exemplos, mas bastam esses para estarmos convencidos de
que não devemos atribuir toda doença à influência dos demônios.
2. Os demônios causam distúrbios mentais
Parece que o homem geraseno estava acometido de distúrbios mentais
causados por demônios. Suas atitudes demonstravam ser ele mentalmente
desequilibrado (cf. Mc 5.4-5; 9.22). Outra vez é necessário que sejamos
prudentes, não fazendo generalizações. Há distúrbios mentais que são
naturais, que não são infligidos pelos demônios nem estão associados à
possessão demoníaca. Esquizofrenia, por exemplo, pode não ter relação
nenhuma com um mal espiritual. Há casos em que o doente precisa de
tratamento psiquiátrico e não de expulsão de demônios, porque não está
possuído por eles.
Essa ação dos demônios é tão sutil e velada que nós, cristãos, não nos
apercebemos dela. Depois de ensinar os crentes de Éfeso a praticar a vida
cristã, a andar “em Cristo” e na “plenitude do Espírito”, evidenciando-a nos
diversos relacionamentos pessoais, o apóstolo Paulo os adverte: “Quanto ao
mais... Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes
contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a
carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores
deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal...” (Ef 6.10-12).
Os demônios são os dominadores deste mundo tenebroso. Eles “odeiam a
luz, e se retraem diante dela. As trevas são sua habitação natural; as trevas da
falsidade e do pecado. Também são descritos como sendo as forças
espirituais do mal, que operam nas regiões celestes, ou seja, na esfera da
realidade invisível. São ‘os agentes secretos do mal’. Assim, portanto, trevas
e mal caracterizam suas ações... Se esperamos vencê-los, temos de ter em
mente que não possuem nenhum princípio moral, nem código de honra,
nem sentimentos mais nobres... São totalmente inescrupulosos, e
implacáveis na procura de seus desígnios maldosos” (Stott, p.201/2). Os
demônios estão sempre agindo no campo das ideias, dos pensamentos e dos
sentimentos, pervertendo-os.
1. Promovem a idolatria
No curso de sua oposição a Deus, os demônios tentam tornar os homens
adoradores de ídolos. Isso ocorria na antiguidade (Lv 17.7; Dt 32.17; Sl
106.36-38) e ainda ocorre (1Co 10.20). No fim dos tempos, essa operação
maligna será mais intensa (Ap 9.20).
Conclusão
Constatamos, portanto, que os demônios estão em ação. Afligem os
homens impingindo-lhes enfermidades, pervertendo a moral e arrebatando
a alma deles com as falsas doutrinas. Se não estivermos apercebidos disso, se
ignorarmos essas estratégias de ação do inimigo, teremos maior dificuldade
em combater sua obra. E podemos estar certos que temos autoridade
outorgada por Cristo para atacar os demônios e suas obras (cf. Mc 16.15-
18).
Os demônios “se nos submetem” pelo nome de Jesus, isto é, pela autoridade
que aos verdadeiros cristãos foi outorgada (Lc 10.17-20).
alvo da lição
Introdução
Na lição anterior, consideramos a ação dos demônios em três campos: das
doenças físicas, da moral e no doutrinário. A lição de hoje é uma extensão
daquela. Consideraremos mais duas atividades específicas deles: a opressão
e a possessão.
I. Opressão demoníaca
É a atuação de Satanás ou dos demônios sobre uma pessoa. Quando
ocorre no ímpio, é para afligi-lo e desesperá-lo. Quando ocorre no fiel, tem o
objetivo de levá-lo a desobedecer ao Senhor. Jó era um “homem íntegro e
reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1.1), mas esteve sujeito à
ação maligna. Deus permitiu que Satanás o oprimisse (Jó 1.12).
2. A in uência demoníaca
Os pais apostólicos faziam distinção entre influência e possessão.
Entendiam que a influência demoníaca incluía a colocação de maus
pensamentos na mente dos homens. Indo à Bíblia, verificamos que alguns
homens viveram ou estiveram debaixo da influência maligna.É assim que
podemos deduzir da atitude de Ananias e Safira. Foram influenciados por
Satanás a mentir
(At 5.3-4). Mesmo Pedro, que andava com Jesus, deixou-se influenciar pelo
desejo de Satanás, quando reprovou Jesus por Ele ter dito que era necessário
sofrer e morrer (cf. Mt 16.22-23). A repreensão de Jesus ao apóstolo indica
que ele permitira que sua mente sofresse a influência do inimigo: “Arreda!
Satanás… porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. O
verbo cogitar diz respeito a uma atividade mental. O fato de Jesus declarar
“Arreda! Satanás” implicava dizer que Pedro, naquele instante, estava
manifestando a vontade de Satanás. Convenhamos: se Pedro estivesse
possesso, em vez de aplicar-lhe uma repreensão, Jesus não teria expulsado o
demônio?
Conclusão
Que risco nós corremos! Podemos ser influenciados por Satanás e seus
demônios. O apóstolo Paulo tinha receio que os crentes de Corinto fossem
corrompidos na mente e se apartassem “da simplicidade e pureza devidas a
Cristo” (2Co 11.3). Precisamos exercer vigilância sobre nossos
pensamentos, para não permitir que o inimigo os invada. O desejo de Paulo,
manifestado aos Filipenses, era que o pensamento deles fosse ocupado
por “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama…” (Fp
4.8).
Aplicação
alvo da lição
Dar a garantia, à luz dos ensinamentos bíblicos, de que o autêntico cristão não
está sujeito à possessão demoníaca.
Introdução
Este é um assunto que suscita polêmica. Há um conflito de opiniões entre
os evangélicos, porque alguns asseguram que somente os incrédulos podem
ser possuídos pelos demônios, enquanto outros admitem que também os
cristãos (evangélicos) podem ser alvos dessa ação demoníaca. A proposta do
presente estudo é demonstrar, à luz da Bíblia, quem realmente está sujeito a
essa possessão maligna. Antes de qualquer coisa, porém, se tentará definir
quem é cristão.
I. Quem é um cristão autêntico?
Não podemos confundir membro de igreja com cristão autêntico. Há
muitos que circulam entre nós, mas não são dos nossos (1Jo 2.19).
O verdadeiro cristão é aquele que:
1. Já foi alcançado pela graça salvadora em Cristo Jesus, por isso pertence
a Deus e tem em si mesmo a presença do Pai, do Filho e do Espírito
Santo
(Jo 14.16-17,23)
2. É filho de Deus (Jo 1.12).
3. É nova criatura (2Co 5.17).
4. É feitura de Deus em Cristo (Ef 2.10).
5. É templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19).
6. É santo – separado para Deus (Ef 1.1; 1Co 1.2).
7. Está escondido com Cristo em Deus (Cl 3.3).
8. É participante da vocação celestial (Hb 3.1).
9. Já foi liberto do domínio de Satanás e transferido para o “reino do
Filho do seu amor” (Cl 1.13).
10. É filho de Deus e o Maligno não lhe toca (1Jo 5.18).
11. Está definitivamente ligado à videira e produz os frutos esperados (Jo
15.5).
4. Entregue a Satanás
(1Co 5.5)
A punição imposta ao irmão pecador não era que fosse possesso por
Satanás. “Entregue a Satanás” pode significar ser colocado fora do ambiente
da igreja local, no mundo, para sofrer a opressão maligna. Além do mais, não
é um contrassenso pensar que a igreja entregue alguém (um irmão!) para ser
endemoninhado?
Conclusão
Os cristãos não são possessos
Os crentes podem ser influenciados e oprimidos pelos demônios, mas
nunca totalmente controlados por eles. Além da nova condição adquirida
em Cristo, como prova dessa impossibilidade, conforme já expusemos,
vamos usar outros argumentos.
alvo da lição
Introdução
Em lições anteriores, constatamos que temos um inimigo incansável, que
de muitas maneiras investe contra a humanidade e contra os santos. Não
podemos ignorar que existem forças demoníacas atuando na esfera
espiritual, possuindo pessoas, oprimindo, influenciando.
I. O início da batalha
Quando, então, a batalha espiritual que até hoje vigora teve seu início?
Iniciou-se no Éden. Satanás viu o homem, criatura de Deus, como um ser
contra quem poderia investir, e investiu. Nossos primeiros pais foram
tentados e cederam à tentação. Já havia inimizade entre Deus e o diabo.
Agora passava a existir inimizade entre este e a “semente da mulher” (Gn
3.15), que é Jesus Cristo. Essa inimizade se manteve no confronto com o
povo de Deus. A tentativa do diabo, como ocorreu no Éden, é levar o
homem a acreditar que Deus não é confiável, que Ele governa com tirania e
suborno. Esse é um tema desenvolvido por Gondin nas páginas 35-54 do seu
livro.
III. O m da batalha
Conclusão
A batalha teve seu início e se desenvolve. Mas o seu fim já é previsto, e o
inimigo já teve sua condenação decretada. Não nos deixemos envolver pela
onda de misticismo em torno dessa batalha espiritual. Nada mais se requer
de nós a não ser o que o Senhor deixa claro em Sua Palavra. Qualquer
atividade, mesmo que extremamente religiosa, se não tem o respaldo das
Escrituras ou se contraria o bom senso, não é da vontade de Deus que a
pratiquemos.
alvo da lição
Introdução
Os cristãos estão envolvidos numa “luta espiritual”. Estamos num campo
de batalha. Nenhum crente em Cristo está dispensado dessa guerra. Se o
homem se torna amigo de Deus, fez-se inimigo do diabo; é impossível
escapar ao confronto.
I. A batalha é ardilosa
2. Duas advertências
Conclusão
Não é mesmo uma batalha fácil, não é verdade? Mas sempre é possível
que experimentemos vitória em todas as investidas de Satanás e dos
demônios contra nós. Além do poder de Deus que em nós reside, pela
presença do Seu Espírito em nossa vida, Ele colocou à nossa disposição um
arsenal (esse será o assunto da próxima lição).
alvo da lição
Introdução
No estudo anterior, constatamos que vivemos em franca luta contra o
poder das trevas. Estamos envolvidos numa guerra que atravessa milênios e
que só terá o seu fim quando o Senhor Jesus puser “todos os inimigos
debaixo dos pés” (cf. 1Co 15.24-25).
No estudo de hoje, vamos considerar as armas que temos para lutar nessa
guerra. Não são armas carnais; nem poderiam ser, porque a luta é espiritual.
“Noutras palavras” como diz John Stott, “nossa luta não é contra seres
humanos, mas contra inteligências cósmicas; nossos inimigos não são
humanos, mas demoníacos” (Stott, p.200).
I. Uma armadura completa
(Ef 6.13-17)
A armadura, à disposição do crente, tem seis peças principais do
equipamento do soldado antigo: o cinto, a couraça, as botas, o escudo, o
capacete e a espada. Paulo as emprega como ilustrações da verdade, da
justiça, do evangelho da paz, da fé, da salvação e da palavra de Deus.
A armadura é de Deus (cf.
Is 59.17), mas hoje Ele possibilita que nos revistamos dela, a fim de
estarmos devidamente equipados. É uma armadura perfeitamente adequada
para a luta. Nenhuma de suas peças é dispensável. Paulo insiste: “Tomai
toda a armadura de Deus” (Ef 6.13).
1. O cinto da verdade
(Ef 6.14)
O cinto do soldado antigo envolvia a sua cintura e servia para prender a
túnica e segurar a espada. O cinto do soldado cristão é a “verdade”, isto é, a
sinceridade ou integridade. Deus no-la fornece para que estejamos
envolvidos por ela. Deus requer que sempre falemos a verdade (Ef 4.25) e
Se compraz com a verdade no íntimo (Sl 51.6). Nada de hipocrisia,
insinceridade ou fingimentos.
Precisamos “andar na verdade”, orientar nossa conduta pela verdade (2Jo
4). Caso contrário, estaremos fazendo o jogo do diabo e não poderemos
vencê-lo.
2. A couraça da justiça
(Ef 6.14)
O soldado antigo dispunha de uma couraça que protegia todas as suas
partes vitais. Era a principal peça da armadura. A couraça do cristão é a
“justiça” de Deus; a justiça que Deus a ele atribui, ou seja, a iniciativa
graciosa de Deus para fazer com que os pecadores fiquem bem com Ele por
intermédio de Cristo (Rm 5.1). Satanás é acusador. A justiça que temos em
Cristo é nossa proteção contra as acusações de Satanás (Rm 8.1,33).
Mas a couraça da justiça pode ter também o sentido de justiça de caráter e
de conduta que se exige do cristão (Ef 4.24 e 5.9). Em todas as coisas,
grandes e pequenas, o crente em Cristo precisa agir com justiça. E se ocorrer
de vir a pecar, essa justiça pode lhe ser aplicada mediante arrependimento e
confissão (1 Jo 1.9).
4. O escudo da fé
(Ef 6.16)
O escudo do soldado antigo lhe servia para aparar as flechas (que tinham
suas pontas revestidas de estopa embebida em substância combustível e,
acesas, eram lançadas contra o exército inimigo). O escudo do cristão é a fé.
Com esse escudo, ele pode aparar todos os mísseis incendiários - “os dardos
inflamados” - que o diabo lança contra o exército de Cristo. Os “dardos”
podem ser de várias espécies. Podem ser as acusações maliciosas, as
insinuações da impureza e da malícia, os indesejados pensamentos de
dúvida, de desobediência, de rebeldia e de medo. Precisamos do “escudo da
fé”, que nos habilita a confiar plenamente em Deus e a descansar na Sua
fidelidade.
5. O capacete da salvação
(Ef 6.17)
O capacete é a proteção para a cabeça. O capacete do soldado antigo era
feito de bronze ou ferro, forrado com material que o tornava confortável à
cabeça. O capacete do soldado cristão é a salvação. Ele o usa no sentido de
que possui a salvação, que já lhe está garantida. A salvação é sua possessão
eterna. Tendo esse conhecimento, o soldado cristão enfrenta confiante o
inimigo (1Ts 5.8). A esperança (certeza) da vida eterna alimenta sua
confiança, na luta diária com o inimigo.
6. A espada do Espírito
(Ef 6.17)
A espada é a única arma ofensiva do cristão. Cinco peças da armadura são
para a defesa, e só uma para o ataque. Isso pode significar que antes de
responder aos golpes de Satanás, temos de saber nos defender dele. A
espada do soldado cristão é a palavra de Deus (Hb 4.12). É a Revelação
escrita de Deus, dada aos homens por inspiração do Espírito Santo (2Tm
3.16; 2Pe 1.21). Munidos dela, os cristãos podem derrotar o inimigo, como
Jesus o fez. Três vezes Ele disse: “Está escrito” (Mt 4.4,7,10). Também
conseguem se livrar das impurezas que querem invadir sua alma, porque a
Palavra santifica (Ef 5.26). Mas para manejar bem a arma, é preciso treinar.
O treinamento se dá mediante a leitura, a meditação e o estudo da Bíblia
(2Tm 2.15).
II. O segredo da vitória
(Ef 6.18-20)
Depois de descrever a armadura, Paulo acrescenta a necessidade da
oração. Não é uma arma a mais. É um espírito de dependência de Deus que
deve permear toda a luta. Segundo o comentarista Francis Foulkes, o
apóstolo dá a entender que devemos “vestir cada peça com oração, e então
continuar ainda em toda oração e súplica” (Foulkes, p.146).
2. No Espírito
(Ef 6.18)
Orar no Espírito é dirigir-nos a Deus na dependência do Espírito,
contando com o Seu auxílio (Rm 8.26). Pelo fato de não sabermos orar
como convém, o Espírito Santo, que conhece a mente do Senhor, interpreta
diante Dele as nossas orações. Há orações carnais, à moda daquela do
fariseu
(Lc 18.11-12), que são feitas sem nenhuma dependência do Espírito, e há
orações espirituais. Mesmo essas precisam da assistência do Espírito.
Certamente Satanás tenta induzir o cristão à arrogância espiritual,
manifestada nas orações; por isso a ordem para orarmos “no Espírito” (cf. Jd
20).
3. Com perseverança
(Ef 6.18)
A perseverança é essencial, pois o inimigo está disposto a nos desanimar.
Aproveitando-se do nosso cansaço físico, das preocupações, do trabalho, das
dúvidas e depressões, Satanás age para fazer-nos desistir de orar. Jesus nos
ensina a “orar sempre e nunca esmorecer” (Lc 18.1).
5. Pelos missionários
(Ef 6.19-20)
Paulo pede por ele, porque “era suficientemente sábio para saber da sua
própria necessidade de força para ficar firme contra o inimigo, e era
também suficientemente humilde para pedir que seus amigos orassem com
ele e por ele” (Stott, p.219). E com isso aprendemos da necessidade de orar
pelos missionários. Eles, como Paulo, estão motivados a pregar o Evangelho
e precisam que peçamos que Deus lhes conceda sabedoria e ousadia.
Embora estivesse preso, Paulo não pediu que orassem por sua libertação,
mas que intercedessem pelo grande ministério que ainda lhe cabia.
Conclusão
“Tomai toda a armadura”. Não temos de fabricar armas para a luta
espiritual. Todo um arsenal já está à nossa disposição, fabricado pelo
Senhor. Só resta nos apropriarmos desta armadura. Com ela, certamente,
resistiremos no dia mau e, depois de termos vencido tudo, permaneceremos
inabaláveis (v.13). Um grande perigo que corremos nos dias de hoje é nos
deixar levar por modismos que vez por outra surgem, e são oferecidos aos
crentes como recursos para a sua luta contra o diabo. De nenhum outro
armamento precisamos, além desse que nos é oferecido pelo Senhor.