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PREFEITA
MARLI PAULINO FAGUNDES
CORPO EDITORIAL
Coordenação Geral
Andrea Franceschini - SEMED
Kelly Panini Fonseca de Souza – SEMED
Marcia da Luz Corrêa Galindo - SEMED
Marcelo Lambach - UTFPR
Tamara Simone Van Kaick – UTFPR
Anais [do] VIII Seminário Internacional de Educação de Pinhais. Pinhais. UTFPR e Secretaria
Municipal de Educação de Pinhais, organizadores. Pinhais, 2018.
Volume 3, Número 3.
Modo de acesso: Word Wide Web: http://www.pinhais.pr.gov.br/seminariointernacional/
ISSN 2594-4967
APRESENTAÇÃO
O VIII Seminário Internacional de Educação de Pinhais constitui um
acontecimento ímpar de convergência acadêmica e de mobilização dos
profissionais da educação, dos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino.
A organização conjunta entre a Secretaria Municipal de Educação de Pinhais –
SEMED - Pinhais e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR,
Câmpus Curitiba, tem por finalidade assegurar a efetivação da oitava edição
consecutiva intitulada “A Inovação e a (Re)Construção da Aprendizagem: em
Busca da Superação dos Desafios num Contexto de Mudanças”, realizada no
município de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil nos dias
15, 16 e 17 de agosto de 2018.
OBJETIVOS:
Promover o intercâmbio entre pesquisadores e profissionais da educação e
áreas afins;
Proporcionar um espaço privilegiado de discussões sobre as políticas
educacionais em suas conexões com amplo panorama das práticas
pedagógicas;
Contribuir para a melhoria do sistema educacional formal e informal, e para a
formação dos seus diferentes agentes;
Ampliar o debate em torno dos desafios atuais das pesquisas e práticas
educacionais, considerando as transformações sociais, políticas, econômicas
e culturais.
SUMÁRIO
COMUNICAÇÕES ORAIS ................................................................................................ 7
PÔSTERES ...................................................................................................................264
Resumo
Pode-se dizer que o ato de formar professores não é uma tarefa fácil, pois é uma prática que deve
ser pensada e (re) pensada diversas vezes nas licenciaturas e, em especial nos cursos de
Pedagogia. O interesse em discutir sobre a formação de professores surgiu a partir das vivências
e indagações sobre a prática docente construída na participação de um projeto pibidiano do curso
de Pedagogia da UNESPAR/UV. O estudo tem por objetivo evidenciar as vivências da docência
de um professor em formação no contexto escolar em um projeto pibidiano. A pesquisa é de
cunho qualitativo do tipo exploratória, apoiada em pesquisa de campo. A população pesquisada
consiste nos trinta acadêmicos bolsistas que participaram do projeto pibidiano do curso de
Pedagogia da UNESPAR/UV no ano de 2017 até o encerramento em fevereiro de 2018, sendo
que o instrumento de geração de dados foi um questionário misto contendo 20 questões, a fim de
investigar, entre outras categorias de análise, as vivências da docência assistida dos futuros
pedagogos que atuaram nas escolas parceiras do projeto em tela. Pode-se inferir que o projeto
pibidiano constitui uma estratégia didática pedagógica consistente de aperfeiçoamento da
formação inicial de futuros professores no curso de Pedagogia. Por meio da práxis, os pibidianos
têm a possibilidade de adentrar em uma realidade e explorá-la, ou seja, por meio dos conteúdos e
ensinamentos discutidos em aula enquanto graduandos de Pedagogia é possível utilizar desses
conhecimentos na prática do dia a dia em um ambiente de constante aprendizado, que é a escola
conforme apontam os dados revelados.
1
União da Vitória/PR. Educação Básica. Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade
Estadual do Paraná – Unespar/Campus de União da Vitória/PR e graduanda do Curso de
Psicologia das Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu - UNIGUAÇU de União da Vitória/PR. E-
mail: adriellecarolinekrinski@hotmail.com
2
. União da Vitória/PR. Educação Básica e Ensino Superior. Pedagoga da Rede Estadual de
Ensino de União da Vitória/PR e professora do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do
Paraná – Unespar/Campus de União da Vitória/PR. Mestranda em Educação pela Universidade
Federal do Paraná UFPR. E-mail: grasicastilhos@hotmail.com.
3
. União da Vitória/PR. Educação Básica e Ensino Superior. Professora Mestre em Educação do
Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná, Unespar/Campus de União da
Vitória/UV, Coordenadora do Subprojeto Mão Amiga CAPES/PIBID, Coordenadora do Projeto de
Extensão Espaço da mamãe Universitária Prof.ª Maria Sidney B. Gnner, Membro do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação (GEPE) e líder no Núcleo de Estudos em Formação Inicial e
Permanente de Professores (NEFIPP). E-mail: ansairosana@yahoo.com.br
7
Introdução
Pode-se dizer que o ato de formar professores não é uma tarefa fácil, pois
é uma prática que deve ser pensada e (re) pensada diversas vezes nas
licenciaturas e, em especial nos cursos de Pedagogia. É ao lecionar em uma
escola que o licenciando constrói os principais conhecimentos e atitudes que
levará consigo pela sua carreira. Diante disto, percebe-se que a formação inicial é
importante para que o aprendiz aprimore as suas bases teóricas e realize a ação
de reflexão sobre a sua práxis.
O interesse em discutir sobre a formação de professores surgiu a partir
das vivências e indagações sobre a prática docente construída na participação de
um projeto de iniciação à docência durante oito anos (sendo encerrado em
fevereiro de 2018), denominado Projeto Mão Amiga, financiado pela
CAPES/PIBID, oferecido pelo Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do
Paraná (UNESPAR/UV).
Nele, as atividades desenvolvidas contribuíram de maneira expressiva na
vida profissional e pessoal dos acadêmicos bolsistas participantes, pois os
envolvidos puderam exercitar as características e conhecimentos da docência
fundamentais, enquanto futuros professores.
Por isto, o presente trabalho tem por objetivo evidenciar as vivências da
docência de um professor em formação no contexto escolar em um projeto
pibidiano.
A pesquisa é de cunho qualitativo do tipo exploratória, apoiada em
pesquisa de campo. A população pesquisada consiste nos trinta acadêmicos
bolsistas que participaram do projeto pibidiano do curso de Pedagogia da
UNESPAR/UV no ano de 2017 até o encerramento em fevereiro de 2018, sendo
que o instrumento de geração de dados foi um questionário misto contendo 20
questões a fim de investigar, entre outras categorias de análise, as vivências da
docência assistida dos futuros pedagogos que atuaram nas escolas parceiras do
projeto em tela.
Assim nossa proposta de discussão é a formação de professores no
curso de Pedagogia via a participação de acadêmicos em um projeto pibidiano.
8
O curso de Pedagogia da UNESPAR/UV e o programa de iniciação à
docência
9
referido projeto, constitui-se em uma grande oportunidade de formação
profissional.
Considera-se, então, que a proposta pibidiana corrobora com um
processo formativo voltado especialmente à prática pedagógica de futuros
professores, tornando-se algo essencial na profissão docente.
10
“Bom” “Regular” “Péssimo” assinalando um “X”). O gráfico 01 apresenta os dados
sistematizados:
Gráfico 1
19;63%-
08;27%
0;0% 0;0% 0;0% 03;10%
E
Excelente Ótimo
Bom Regular
Péssimo Respondeu em branco
12
realidade do discente. Diante disto, Vasconcellos (2011, p.13), fundamenta uma
análise possível sobre a compreensão dos respondentes sobre a importância do
desenvolvimento profissional, ao afirmar que:
13
Com base nas categorias de análises, fica evidenciado uma grande
preocupação dos respondentes em relação aos desafios em se elaborar um
planejamento e, por conseguinte, a construção de um plano de aula. Neste
sentido, Vagula (2011, p.117), ensinam que “o professor, ao repensar seu próprio
fazer pedagógico, pode vir a (re) construir novos saberes, que possibilitem uma
prática pedagógica baseada na autonomia e na mobilização”. Com isso, “planeja-
se para buscar eficiência naquilo que se quer realizar” (GANDIN, 1995, p.16).
Talvez, os respondentes destaquem a preocupação em planejar como uma ação
desafiadora devido à consciência de que é de grande responsabilidade fazê-lo,
uma vez que é visto “como fundamento de toda ação educacional, como forma de
gerenciar as mudanças” (VAGULA, 2011, p.118).
Neste sentido, com base nas categorias de análise da Quadro 2, se pode
deduzir que com um bom planejamento é possível verificar dados fundamentais
em sala de aula, como por exemplo, a maneira como cada aluno aprende, as
dificuldades expostas por cada um, a metodologia e a didática que deve ser
utilizada e assim formular um plano de aula que atenda as necessidades dos
aprendizes em sala de aula.
Outro desafio e/ou receios apontados tem a ver com a realização de
pesquisas e a busca por novos conhecimentos, pois o projeto pibidiano, em sua
variável conceitual busca a construção do professor pesquisador, estabelecendo
o vínculo entre teoria e prática (ANSAI, 2013). Neste tocante, também se destaca
a importância da formação do professor pesquisador, pois, segundo recomenda
Demo (2001, p.39), “Quem não pesquisa apenas reproduz ou apenas escuta.
Quem pesquisa é capaz de produzir instrumentos e procedimentos de
comunicação. Quem não pesquisa assiste à comunicação dos outros”. Assim,
evidenciamos que é visível a importância em se pesquisar dentro de projetos de
formação docente inicial, já que somente por meio da pesquisa é possível aliar a
teoria com a prática e permanecer em constante aprendizado.
Outro desafio apontado pelos respondentes diz respeito às atitudes
observadoras, tais como observar o aprendizado do aluno e suas defasagens
anteriores. Assim, ressaltamos que é indiscutível o fato de que conhecer a
realidade do aluno contribui para o bom andamento e execução de um bom
14
planejamento, por isso a observação dentro da sala de aula, é de suma
importância, segundo ensina Freire (2007, p.14):
15
Quadro 3 -
Categorias Frequência
Elaborar um planejamento/plano de aula estratégico 11
Usar a criatividade e o lúdico para motivar os alunos 8
Realizar pesquisas buscando melhorar os métodos 3
Ter empatia, entender dificuldades e limites 2
Formular tarefas e objetivos a serem seguidos 1
Enxergar o aluno como um todo 1
Ter um bom relacionamento com a comunidade escolar 1
O professor deve ser comprometido com o trabalho e educação 1
O professor deve ser inovador 1
Ser professor é ter paciência, conhecer o aluno e ter afetividade 1
Ser ético 1
Total 31
Fonte: Autoria própria (2018).
Na Quadro 3 se observa todo o dilema em se buscar ser um professor,
pois se percebe o quanto o projeto influencia na formação docente inicial dos
acadêmicos, uma vez que destacaram pontos cruciais sobre as experiências
adquiridas enquanto bolsistas apontando para as aprendizagens construídas
como características de um bom professor: ser inovador, ético, criativo, afetivo,
bem relacionado, empático, pesquisador, entre outras.
Neste viés, nossas análises se voltam para os fundamentos de Nóvoa
(2009, p.45) quando ensina que há “cinco facetas que definem o “bom professor”:
“conhecimento, cultura profissional, tacto pedagógico, trabalho em equipe e
compromisso social”.
Considerações Finais
Referências
17
FREIRE. P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 2007.
18
DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES DE
ENSINO MÉDIO NOS CONTEÚDOS CURRICULARES
Resumo
O estudo da democracia é um dos conteúdos na disciplina de Sociologia no Ensino Médio. É
significativo, pois se vive em um Estado Democrático, que por sua vez, exige de seus cidadãos
uma cultura política que entenda e defenda os valores do que é ser e viver sob esse sistema
político. Visto isso, o objetivo deste trabalho é apresentar reflexões sobre o ensino desse conteúdo
em sala de aula. Para tanto, apresenta-se um projeto de ação sobre o poder legislativo, realizado
no segundo semestre de 2017, durante o curso Missão Pedagógica no Parlamento, intitulado
Conhecendo a democracia e registrando nossas experiências; este ano de 2018, continua-se com
algumas reflexões sobre a prática pedagógica produzida em sala no primeiro trimestre,
envolvendo o tema do voto dos adolescentes e participação dos jovens na vida política. Neste
sentido, o estudo da democracia envolveria dois aspectos: a educação para a democracia, isto é,
primeiro educar para se compreender e viver num regime político de caráter democrático e,
segundo, pensar a educação formal dentro de um ambiente democrático com a participação dos
estudantes. Por isso, em relação às teorias pedagógicas, parte-se do princípio da necessidade de
que os educandos tenham uma ação mais ativa, não só na escola em si, mas nos próprios
conteúdos curriculares, com o objetivo de conseguirem associar de forma mais eficaz os temas
das respectivas disciplinas com a vivência e experiência que cada um possui. Caso contrário,
como se demonstra neste trabalho, quando apenas se trabalha com a teoria sobre a democracia
os resultados não são considerados satisfatórios.
Introdução
11
Município: Itaperuçu, Paraná. Área de atuação: Professor de Sociologia no Colégio Estadual
José Pioli – Ensino Fundamental e Médio; professor na FASBAM e UNIANDRADE. Formação:
graduação em Ciências Sociais e Mestrado e Doutorado em Sociologia. Contato:
alessandrocavassin@gmail.com
19
Daí a necessidade de se pensar e concretizar formas de participação
mais ativa dos estudantes na escola e nas respectivas disciplinas científicas a que
devem cursar, tendo como referência o currículo escolar. Isto porque se acredita
numa concepção interacionista de escola que envolve de forma ativa todos os
seus participantes (estudantes, professores, equipes diretiva e pedagógica,
agentes educacionais, comunidade), e que tende a ser mais produtiva, eficaz e
significativa para todos, além de contribuir para formação de novos tipos de
subjetividades, de caráter democrático, crítico, solidário e respeitoso. Além disso,
objetiva-se repensar as práticas educativas que envolvam a importância da
experiência para o ato educativo como um dos pilares da aprendizagem
significativa, como defendida, por exemplo, por Carl Rogers e John Dewey, para a
qual se aprende tendo como referência as suas próprias experiências, fonte de
sentido para toda aprendizagem humana (MOGILKA, 2003, p.70).
E quando se pensa um processo participativo e democrático de ensino,
algumas questões se tornam clássicas: “Como produzir uma sociedade
democrática vivendo práticas não-democráticas, por exemplo dentro da escola?”;
“Como contribuir na formação de sujeitos democráticos se o processo de ensino
não é democrático?”. Assim, o professor Maurício Mogilka, utilizando de autores
como Dewey, Apple e Beane, define o modo de vida em uma escola democrática.
20
Enfim, como é possível, então, fazer com que os estudantes participem
de forma mais ativa do processo do conhecimento, conseguindo relacionar suas
experiências com os conteúdos científicos propostos no currículo de cada
disciplina? E, assim, como fazer deste processo uma aprendizagem significativa?
De maneira geral, todas as escolas, públicas ou privadas, defendem um
protagonismo maior dos estudantes dentro da educação formal na qual estão
inseridos. E, da mesma forma, professores em suas mais diversas disciplinas
devem estar voltados para promoção de interdisciplinaridade e interação dos
alunos com a proposta curricular.
Acrescenta-se a característica de se viver em um Estado Democrático,
como apontado no preâmbulo da Constituição Federal do Brasil de 1988:
1
Os artigos 205 e 206 da Constituição Federal destacam princípios bases do ensino no Brasil que
refletem o caráter democrático de sua concepção, como: igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola; a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a
arte e o saber; o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; a gratuidade do ensino
público em estabelecimentos oficiais; a valorização dos profissionais da educação escolar; a
gestão democrática do ensino público, na forma da lei; a garantia de padrão de qualidade; piso
salarial profissional para os profissionais da educação escolar pública (BRASIL, [1988] 2016).
21
Educação para a democracia – Missão Pedagógica no Parlamento
1
BRASIL, Câmara dos Deputados. Missão Pedagógica no Parlamento. Ano de 2017. Disponível
em: https://escolavirtualdecidadania.camara.leg.br/site/850/missao-pedagogica-no-parlamento/.
Acesso em 26/05/2018.
22
Aqui se destaca uma noção proposta pela democracia de caráter liberal
representativa que valoriza a questão da meritocracia e da representatividade
(DAHL, 2001, p.118).
Por fim, o terceiro momento do curso Missão Pedagógica, denominado de
fase à distância ou módulo de aplicação, os professores participantes em Brasília
desenvolvem e aplicam um projeto de educação para democracia em sua
comunidade escolar, com certificação de mais 50h. E, destaca-se, para esse
artigo, o projeto de educação para a democracia realizado no segundo semestre
de 2017 no Colégio Estadual José Pioli, em Itaperuçu, com alunos do 3º ano do
Ensino Médio, com o seguinte título: Conhecendo a democracia e registrando
nossas experiências (ALVES, 2018).
O objetivo foi aproximar estudantes do 3º ano do Ensino Médio do poder
legislativo municipal e estadual. E de forma interdisciplinar, contando com o apoio
e ajuda de outros professores, equipe diretiva e pedagógica da escola. Ao mesmo
tempo, o cuidado para que os alunos fossem protagonistas dessa aproximação.
Os estudantes, assim, conseguiram a presença de dois vereadores do
município de Itaperuçu para conversarem no horário da aula de Sociologia sobre
o trabalho do poder legislativo municipal; e também, acompanharam algumas
sessões da Câmara de Itaperuçu, que aconteceu nas quintas-feiras, às 18h,
portanto, fora do horário de aula; outra atividade foi uma visita guiada na
Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, no dia 12/09/2017, em que, além
de conhecerem essa casa legislativa proporcionou uma aula sobre o papel do
legislativo estadual, suas atividades de fiscalização do poder executivo e sobre o
processo de elaboração de leis1.
E, ao longo das etapas, os estudantes registravam suas experiências em
textos, posteriormente discutidos e corrigidos.
Conhecer teoricamente o significado de democracia é algo que está
presente no conteúdo pré-definido do livro didático de Sociologia que os
estudantes possuem (VÁRIOS AUTORES, 2016, cap.7 – Democracia, cidadania
e direitos humanos, p.170-193). A leitura e discussão do mesmo, a princípio,
supririam de forma consistente saber o que é democracia. Mas, a aprendizagem
1
PARANÁ, Assembleia Legislativa do Paraná. Visita de alunos do Colégio Estadual José Pioli –
Itaperuçu. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/legislativopr/albums/72157685114602972.
Acesso em 12/07/2018.
23
se tornou significativa quando os alunos interagiram com o projeto e com o
conteúdo a ser estudado.
24
TABELA 1 - IMPRESSÕES SOBRE AS RESPOSTAS SOBRE O DIREITO AO VOTO DOS
ADOLESCENTES E PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NA VIDA POLÍTICA
Desinteresse pelo tema 94 respostas 78,6%
Interesse pelo tema 26 respostas 21,6%
25
A seguir, duas respostas selecionadas, para ilustrar a reflexão dos
estudantes do 3º ano do Ensino Médio em 2018.
Para muitos adolescentes o direito a voto deve ser confuso, pois, você
terá de fazer uma importante escolha a favor do país. Contudo, com todo
este pequeno poder nas mãos nos deixa confuso, por mais que seja um
bom “direito”, saber que se votar errado pode estar colocando a todos
em uma enrascada, nos deixa com medo; cada vez mais há jovens se
interessando pela “arte” da política, estudar seus conceitos e participar.
Mesmo os mais novos não tendo muita voz dentre isto, estão sempre
alertas sobre necessidades, debates, críticas e manifestações a favor de
nosso país (Resposta, avaliação de Sociologia no 3º ano do Ensino
Médio, aplicada em 10/05/2018).
26
tema do voto do adolescente e participação do jovem na vida política em
vésperas de uma importante eleição nacional em outubro de 2018.
Conclusões
27
regime político. Outras características, apontadas por Dahl, para esta cultura
política seria da defesa da igualdade política como objetivos desejáveis, de que o
controle de militares e polícia deve estar inteiramente nas mãos dos líderes
eleitos, e que as instituições democráticas básicas devem continuar existindo,
como eleições livres, justas e frequentes, a defesa da livre expressão, por fontes
alternativas e independentes de informação, pela formação de associações e
partidos independentes e, finalmente, por uma constante cidadania inclusiva
(DAHL, 2001, p.174); tudo isto contribui para que o país continue a ser uma
democracia, enquanto uma forma ideal de governo e participação cidadã.
Maria Victória Benevides, citando Norberto Bobbio, salienta que a “apatia
política dos cidadãos compromete o futuro da democracia” e, recorrendo às teses
de Stuart Mill, reforça a:
Referências
28
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da Educação. 3ªed. São Paulo:
Moderna, 2006.
BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita. Educação para a democracia. Lua
Nova: Revista de cultura e política, n.38, p.223-237, 1996.
SILVA, Otavio Henrique Ferreira da. & DINIZ, Mariana Murphy. (org.). Educação
para a democracia: projetos inspiradores das professoras e dos professores
do Brasil. São Paulo: LiberArs, 2018.
29
DESENVOLVENDO APLICATIVOS POR MEIO DE UM TRABALHO
INTERDISCIPLINAR EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO
Resumo
Este trabalho apresenta uma proposta interdisciplinar entre as disciplinas de Matemática
Financeira e Programação de Computadores em um curso de graduação em Engenharia Elétrica
de uma instituição privada de ensino superior de Curitiba. Ao todo foram seis participantes na
pesquisa. Para viabilizar a abordagem interdisciplinar utilizamos o software App Inventor. Num
primeiro momento disponibilizamos um aplicativo que, enquanto pesquisadores, desenvolvemos
para o cálculo de juros simples. Depois sugerimos aos estudantes que construíssem um aplicativo
de juros compostos, no software apresentado, para resolver situações problemas, as quais eles
inicialmente tiveram de resolver no papel, sem o auxílio de qualquer recurso diferente do lápis e
borracha. O software App Inventor possui uma programação intuitiva, ou seja, a construção de
aplicativos a partir dele se dá por meio de peças que se assemelham a um quebra-cabeça. Dois
questionários foram respondidos pelos estudantes um no início e um no fim da pesquisa. O intuito
da aplicação desses questionários era fazer um comparativo entre as respostas dadas pelos
estudantes antes da aplicação da do trabalho e, ao final da mesma. Apresentamos aqui como foi
cada um dos cinco momentos dessa pesquisa e, apresentamos também, uma reflexão a partir das
respostas aos questionários dadas pelos participantes da pesquisa. Foi perceptível a receptividade
dos alunos em relação ao trabalho interdisciplinar. A integração das duas disciplinas ao longo
desse trabalho possibilitou uma construção efetiva do conhecimento, especialmente em relação ao
conteúdo abordado pela disciplina de Matemática Financeira. Indicamos neste, a importância de
desenvolver trabalhos interdisciplinares em cursos de graduação.
Introdução
1
Curitiba. Professora dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática no Centro
Universitário Internacional Uninter. Mestranda em Formação Científica Educacional e Tecnológica
pela Universidade Federal do Paraná. Contato: anapjanz777@gmail.com.
2
Curitiba. Professora do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica Educacional e
Tecnológica pela Universidade Federal do Paraná. Pós-doutora pelo Institut de Chimie Minérale et
Analytique da Université de Lausanne. Contato: fabianah108@gmail.com.
3
Curitiba. Professor do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica Educacional e
Tecnológica pela Universidade Federal do Paraná. Doutor em Ensino de Ciências e Matemática.
Contato: marcelomotta@utfpr.edu.br.
30
O uso das tecnologias pode proporcionar um ambiente diferenciado para
a aprendizagem de conteúdos e ainda pode possibilitar o trabalho a partir de uma
perspectiva interdisciplinar. Faria (2015) aponta que a interdisciplinaridade
promove um espaço de produção intensa do conhecimento e a esta resulta da
interação entre as disciplinas. Acreditamos que essa produção intensa deve ser
um dos focos de cursos de graduação. Percebemos também que o trabalho por
meio da relação efetiva entre duas ou mais disciplinas pode ser possibilitado pelo
uso das TD dentro do ambiente educacional.
Aponta-se no software App Inventor, a possibilidade de integrar diferentes
disciplinas no curso de graduação em Engenharia Elétrica de forma
interdisciplinar, até mesmo as disciplinas de Programação de Computadores e
Matemática Financeira. O App Inventor tem programação intuitiva e funciona
como a construção de peças de um jogo de quebra-cabeça. Por isso, é proposto
nessa pesquisa um trabalho interdisciplinar desenvolvido em um curso de Ensino
Superior a partir do software citado anteriormente.
31
disciplina. Contudo, essas opções já estão programadas e, apesar de facilitar o
trabalho com os cálculos propostos, não levam os estudantes a refletirem sobre
sua programação.
Levar o estudante a pensar sobre seu conhecimento e sobre a construção
do mesmo é também uma proposta presente dentro do contexto interdisciplinar. A
própria integração entre as disciplinas do currículo vem a partir de trabalhos
interdisciplinares (Fortes, 2009). Essa integração pode ser possibilitada por
professores de cursos superiores ao abordar as disciplinas de Programação de
Computadores e Matemática Financeira.
Para realizar um trabalho que seja de fato interdisciplinar, Fazenda et al.
(2013) citam que existem cinco situações de prática docente que são base para o
mesmo: a humildade, a coerência, a espera, o respeito e o desapego. Ou seja, o
professor deve ter a humildade de buscar conhecimentos de outras áreas,
diferentes daquelas com as quais está habituado a trabalhar. Ele precisa verificar
a possibilidade de integrar duas disciplinas de forma coerente, sem “forçar” um
trabalho que não tenha relação efetiva. Cabe ainda a este profissional esperar o
tempo de aprendizado do aluno, dando a este, espaço para a construção de seu
próprio conhecimento. E, o respeito pelos conteúdos abordados por outras
disciplinas bem como o desapego em relação a sua área do conhecimento são
essenciais para que o trabalho de forma integrada aconteça.
Para Japiassu (1994) o trabalho interdisciplinar gera medo, gera recusa
pois, ele é constituído de inovação e, para o autor, o novo incomoda. Acredita-se
que esse trabalho é algo novo no contexto do Ensino Superior pois, observam-se
poucas pesquisas que abordam esse assunto. A mudança dentro desse ambiente
pode gerar medo e recusa, contudo, percebe-se que o trabalho interdisciplinar em
cursos de graduação é viável, tanto quanto na Educação Básica. Faria (2015)
pontua que a interdisciplinaridade surgiu para responder a problemas e desafios
novos que apareceram tanto na ciência, quanto na filosofia e na tecnologia.
Acredita-se que essas respostas a esses novos problemas e desafios, apontam
para diferentes caminhos, possivelmente nunca percorridos anteriormente,
beneficiando assim o sistema educacional.
32
Matemática Financeira
33
Metodologia de Pesquisa
34
auxílio de nenhum aplicativo ou ferramenta de cálculo. No terceiro momento
apresentamos um aplicativo de Juros Simples desenvolvido no software App
Inventor pelos pesquisadores. Os estudantes tiveram a possibilidade de resolver
novamente os exercícios que envolviam o cálculo de juros simples propostos
anteriormente, agora com a utilização deste aplicativo apresentado.
No quarto momento os estudantes tiveram a possibilidade de desenvolver
um aplicativo para o cálculo de juros compostos utilizando o App Inventor. Esse
desenvolvimento se deu de forma individual no período entre as duas aulas nas
quais a pesquisa foi desenvolvida. Vale salientar que a programação realizada
pelos estudantes aconteceu fora do espaço de sala de aula.
O último momento ocorreu através de nova aplicação do questionário (o
mesmo respondido inicialmente), porém, a última questão deste questionário
diferenciava-se do aplicado anteriormente. É apresentado no Quadro 1 as
perguntas propostas.
35
NÚMERO
DA QUESTÃO QUESTIONÁRIO 1 QUESTIONÁRIO 2
QUESTÃO
Agora que você conhece o App
Inventor, qual seu conceito em
6 relação às possibilidades de X
programação que ele oferece?
Fonte: Arquivo próprio (2018).
Programação intuitiva
36
O aplicativo para o cálculo de juros simples foi apresentado aos
estudantes no terceiro momento e, eles exploraram este em seus aparelhos
smartphones, realizando os exercícios propostos anteriormente, mostrando mais
interesse ao responder os exercícios que foram propostos anteriormente.
Acredita-se que este interesse maior se deu pela disponibilidade de utilizar o
aplicativo desenvolvido para o cálculo de juros simples, com ele a resolução dos
exercícios que contemplavam este conteúdo foi mais rápida em relação a
resolução que fizeram inicialmente no papel.
A agilidade e a possibilidade de criar um novo aplicativo, para o cálculo de
juros compostos, de forma intuitiva, trouxe uma motivação por parte dos
estudantes. Eles demonstraram interesse em programar um aplicativo que
poderia ser utilizado a partir de seus aparelhos smartphones e ainda, o uso de
uma ferramenta que proporciona uma programação diferente daquelas com as
quais estavam comumente trabalhando nas aulas de Programação de
Computadores foi um ponto positivo para a aceitabilidade dessa proposta de
trabalho.
Para poder explorar o software, os estudantes foram levados a conhecer
um pouco mais dele, eles fizeram o cadastro na plataforma do App Inventor pois,
a programação nele é feita inicialmente de forma online e é necessário estar
registrado para desenvolver programas. Ao longo das duas semanas que
estavam entre a primeira e a segunda aula, disponibilizados aos estudantes, por
meio de grupo criado no aplicativo WhatsApp, a programação que foi realizada
para o aplicativo de cálculo de juros simples, bem como alguns vídeos tutoriais,
disponíveis na internet, sobre como desenvolver programas no software App
Inventor. Os estudantes demonstraram interesse e passaram a desenvolver a
programação de um aplicativo para o cálculo de juros compostos.
Na segunda aula, foi possibilitado aos estudantes/programadores que
apresentassem a programação desenvolvida, bem como o layout de seus
programas. Foi possível perceber que haviam semelhanças na programação
desenvolvida pelos estudantes pois, além de se basearem nos tutoriais
disponíveis na internet, eles trocaram informações no grupo do WhatsApp. Eles
comentaram sobre essas semelhanças e apontaram que isso possivelmente
ocorreu pelo pouco tempo que disponibilizaram para essa atividade, já que
37
estavam em semanas de provas na faculdade, o que demandou um grande
tempo de estudo dos mesmos.
Abaixo é apresentada a imagem de um layout e uma programação para o
cálculo de juros compostos, desenvolvido por um dos participantes dessa
pesquisa.
FIGURA 1 – Layout e programação desenvolvidos pelo aluno A
38
Em relação ao segundo questionário respondido ao final da proposta de
trabalho, todos os estudantes pontuaram na questão 4, “do seu ponto de vista é
possível fazer um “casamento” entre matemática financeira e a programação de
computadores? Se possível, cite um exemplo”, a possibilidade de fazer uma
integração entre as disciplinas de Matemática Financeira e Programação de
Computadores. Na questão 5 os estudantes apontaram diferentes possibilidades,
inclusive a de continuar estudando as programações que podem ser
desenvolvidas a partir do App Inventor envolvendo outras disciplinas do curso.
Os estudantes se envolveram efetivamente com o trabalho de Matemática
Financeira por conta das possibilidades que foram apresentadas a eles na
disciplina de Programação de Computadores. Uma intensa produção de
conhecimento aconteceu durante todo esse processo, caracterizando também o
trabalho interdisciplinar.
Considerações Finais
39
Referências
40
PROJETO CONECTADOS 2.0 – UMA ABORDAGEM DE INSERÇÃO
TECNOLÓGICA
Resumo
A educação está sempre evoluindo, as metodologias e também a forma de aprender. Neste meio
temos a tecnologia, a cultura digital como um ponto norteador e também que influencia os
processos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, programas de incentivo a inserção da
tecnologia nos ambientes escolares como o Projeto Conectados 2.0 tornou-se realidade. Sendo
assim, evidenciou-se a necessidade de apresentar os resultados de crescimento e inserção da
tecnologia nos processos educativos por meio da implantação do Projeto Conectados em uma
escola estadual do município de Pinhais/PR. O objetivo geral desta pesquisa proporcionou a
oportunidade de verificar a aplicação da formação recebida pelos docentes na realidade escolar e
também compreender como o docente se sente em relação a aplicação das tecnologias em sala
de aula, propiciadas pelo projeto da SEED/PR Conectados 2.0. Foi aplicado um questionário
semiestruturada com questões abertas e fechadas aos professores que participaram do projeto na
escola de estudo. Ao total foram 15 professores que participaram do projeto e 10 responderam ao
questionário. Verificou-se que o uso das tecnologias digitais nos ambientes escolares favorece o
aprendizado e também movimenta a prática didática, fazendo com que o docente busque novas
formas e meios de ensinar e também de adquirir conhecimento. A possibilidade da aprendizagem
ubíqua pelos estudantes e o que se agrega quando se insere tecnologia no ensino é um dos
pontos fortes do projeto Conectados.
Introdução
41
resultados do estudo foram obtidos através de coleta de dados na instituição de
ensino, base de pesquisa, e também a aplicação de survey (questionário pelo
Google Forms) aos professores participantes do projeto (apenas 25% dos
participantes da escola foram entrevistados). A partir da compreensão da
fundamentação teórica e levantamento de dados, os procedimentos
metodológicos utilizados para a construção foi pesquisa qualitativa, a qual não se
preocupa com a representação numérica, mas o aprofundamento da
compreensão de um grupo de um tema.
Com base nisso o questionário aplicado era composto por 10 questões, sendo
05 de múltipla escolha e 05 de respostas abertas. As perguntas permeavam sobre o
número de módulos de formação foram realizados, número de projetos que participou
durante a implantação do Projeto Conectados. Também questionou-se sobre o aspecto
qualitativo da formação e também do impacto na prática docente. Com a análise dos
resultados obteve-se uma visão sobre o resultado do projeto na escola analisada. A
instituição base da pesquisa foi escolhida para participar do projeto Conectados, dentro
da proposta das 500 escolas em 2017, devido à participação e resultado do questionário
do Guia Edutec. E também por não possuir laboratório de informática, nem rede de wi-fi
para os alunos e professores, além de alcançar nas 03 dimensões propostas no
questionário do Guia os seguintes resultados: Visão - nível intermediário, Competências -
nível básico, Conteúdos e recursos digitais e infraestrutura – nível básico.
42
A presença inegável da tecnologia em nossa sociedade constitui a
primeira base para que haja necessidade de sua presença na escola. A
tecnologia é, como a escrita, na definição de Lévy (1993), uma
tecnologia da inteligência, fruto do trabalho do homem em transformar o
mundo, e é também ferramenta desta transformação. Apesar da
produção das tecnologias estar a serviço dos interesses de lucro do
sistema capitalista, a sua utilização ganha o mundo e acontece também
de acordo com as necessidades, desejos e objetivos dos usuários
(LEITE, 2003, p.11).
43
Cultura Digital e Aprendizagem Ubíqua
44
Aprendizagem ubíqua e o tipo de aprendizado que se desenvolve é
aberto, individual ou grupal, podendo ser obtido em quaisquer ocasiões,
eventualidades, circunstâncias e contextos. Sua característica mais
marcante encontra--se na espontaneidade. Em qualquer lugar que o
usuário esteja brotando uma curiosidade ocasional, esta pode ser
instantaneamente saciada e, se surgir uma dúvida a respeito de alguma
informação, não faltam contatos pessoais também instantâneos para
resolvê-la, criando-se assim um processo de aprendizagem colaborativa
(SANTAELLA, 2014, p.19).
45
Projeto Conectados
46
divididos em: laboratório de produção, laboratório móvel, rede Wi-Fi, projetor
multimídia. Esses kits dentro do processo de escolha tinham uma pontuação,
cada escola poderia fechar 100 pontos, portanto poderia mesclar alguns kits, por
exemplo, laboratório móvel e projetor multimídia.
Dentro da proposta de formação continuada os professores foram
submetidos a 03 blocos de formação ao longo do ano do projeto. A formação era
na modalidade à distância com atividades a serem realizadas na escola e também
de modo online. Os cursos ofertados foram: Aprender na Cultura Digital,
Ampliando Práticas em Rede, Disciplinas Curriculares. Essas formações tinham
como proposta capacitar os professores no processo de inclusão digital e também
utilização da tecnologia nas práticas didáticas e metodológicas nas suas
respectivas disciplinas.
A fase subsequente compreende avaliação do projeto. A avaliação do
projeto foi desenvolvida através do desenvolvimento do Plano de Ação Coletiva
para o uso de Tecnologias – PLACTEC. Este plano consiste na apresentação das
ações desenvolvidas na escola durante o ano de formação do projeto. É feito uma
trajetória das atividades desenvolvidas, juntamente com um portfólio que
demonstre os resultados das atividades e também um planejamento futuro sobre
a proposta e objetivo da instituição de ensino no que tange a educação
tecnológica e a cultura digital. Neste plano também são postos os textos retirados
do Projeto Político Pedagógico, o qual deve conter como a instituição vê a cultura
digital e a inserção das práticas tecnológicas no contexto didático, sendo essa
uma das premissas para a participação do projeto. Na sequência de acordo com
as homologações e processos legais serão distribuídos os Kits de equipamentos
para as escolas participantes.
Desenvolvimento
47
As atividades realizadas na disciplina de língua inglesa com os alunos do
ensino fundamental II (8º e 9º ano) tiveram um enfoque maior na tecnologia e na
comunicação, pois propôs aos alunos que desenvolvessem blogs para discutir
temas que fossem interessantes a eles, praticando uma segunda língua (inglês).
Os alunos receberam uma formação de como produzir um blog através de sites
que possibilitam essa produção sem custo e passaram por um processo de
alfabetização digital, pois não tinham conhecimento de como desenvolver tal
atividade. A proposta da atividade para os 8º anos (produção fílmica) também
coaduna com o letramento digital do estudante, pois os mesmos tiveram que
aprender como editar o vídeo, inserir sons, imagens, legendas. Nas aulas de
sociologia os alunos também dentro de um processo reflexivo sobre a
comunicação de massa e a tecnologia, produziram vídeos discutindo essa
exposição da comunicação de massa e a sua atuação na sociedade.
Durante o ano de formação dos professores houve um amadurecimento
no entender e compreender a necessidade da inserção da cultura digital nas
metodologias e práticas de ensino. Vislumbrou-se a tecnologia como mediação
pedagógica para o desenvolvimento da aprendizagem de forma mais crítica e
também produtiva. Apesar da infraestrutura tecnológica da instituição, base da
pesquisa, ser nula, pois a escola na fase do projeto não apresentava rede de
internet Wi-Fi, nem computadores para utilização dos estudantes e professores.
Para uma compreensão maior da visão dos educadores frente as formações
recebidas no ano de 2017 pelo projeto Conectados 2.0, foi aplicado um
questionário, com o qual obteve-se os resultados que seguem.
Os dados obtidos com a aplicação do questionário permitiram
compreender de forma breve como os professores avaliaram o projeto e também
como a formação oferecida impactou nas suas práticas didáticas. Os professores
participantes da pesquisa são 40% da área de ciências humanas, 30% da área de
linguagens, 20% de ciências naturais e 10% da área de exatas. Na primeira
pergunta, foi questionado aos entrevistados quantos módulos de formação do
projeto haviam participado, 80% respondeu ter participado dos 03 módulos de
formação, apenas 20% participou de apenas 01 módulo de formação. Isso
demonstra o interesse na formação para melhor atuação e desenvolvimento
pedagógico no que tange a inserção de tecnologias nos processos educativos, já
que na questão 02 foi questionado se o professor tinha alguma formação na área
48
de tecnologia e 50% afirma ter e 50% afirma não ter formação na área de
tecnologia, ou seja, a formação fornecida pelo projeto favoreceu a parcela que
não tinha nenhuma formação na área e também proporcionou novas informações
aos que já possuíam.
Quando questionados sobre a influência da formação na prática didática
80% responderam que sua prática foi influenciada, isso pode ser visto pelos
projetos desenvolvidos ao longo do ano de 2017, e isso leva a questão seguinte
que questionava o número de projetos que o docente participou, os quais
relacionavam a inserção da cultura digital no ambiente escolar, 60% afirma ter
participado de 1-3 projetos e 30% de 3-5 projetos e 10% de mais de 05 projetos.
Os professores também foram questionados se costumam inserir
tecnologias em suas práticas didáticas, dentre as respostas, percebe-se que a
utilização do celular é recorrente, como fonte de pesquisa e para imagens e fotos.
“Sim, através de pesquisas em sala de aula nos celulares dos alunos”. “Sim,
utilizando celulares para foto e vídeo, edição de imagem e organização de blogs
de determinados assuntos”. Mas além da utilização ainda muito simplista do
celular, como fonte de pesquisa apenas, tem-se ainda aqueles que utilizam a
tecnologia apenas como suporte ou ilustração dentro das práticas didáticas:
Conclusões
50
aprendizagem ubíqua. Ações governamentais para a inserção de aportes
tecnológicos nas escolas e também capacitação dos docentes são métodos
eficientes no desenvolvimento educativo na era digital.
Referências
JUNIOR, Jose Murilo. Por uma cultura digital participativa. Cultura digital.br.
Organização Rodrigo Savazoni, Segio Cohn. Azougue Editorial, 2009.
51
PIGNATARI, Décio. Informação, Linguagem, Comunicação. 2ª Ed.
Perspectiva: São Paulo, 1968.
52
FISIOLOGIA DO ESTRESSE EM AULAS DE BIOLOGIA: ESTUDO DE CASO.
Anita Nishiyama1
Ari Langrafe Junior2
Resumo
O estudo “Fisiologia do estresse em aulas de biologia: estudo de caso” propôs investigar como as
aulas de biologia, ministradas presencialmente pelo professor, por meio de metodologias de
aprendizagem ativa, podem ajudar no entendimento e enfrentamento de situações de estresse em
alunos do ensino médio que fazem parte do programa do Serviço de Atendimento à Rede de
Escolarização Hospitalar (SAREH). Para realizar este estudo foram abordados os conteúdos
básicos relacionados ao tema "Fisiologia do Estresse, empregando-se metodologias ativas
focadas na empatia e solução de problemas: PBL (Problem Based Learning/Aprendizado Baseado
em Problemas). Por meio dos conteúdos propostos da matriz curricular para o ensino médio,
foram explorados nas aulas, os parâmetros fisiológicos em resposta ao estímulo estressante tais
como: modificações cardiovasculares, respiratórias e hormonais. Estas respostas fisiológicas
foram correlacionadas com o comportamento social dos indivíduos, num contexto integrativo,
sendo a base para a compreensão biológica do comportamento moral, com reflexões sobre
qualidade de vida e cidadania. Para avaliar o impacto dessas aulas foi avaliado o progresso
escolar de um aluno em atendimento domiciliar que estava há dois anos afastado da escola. Após
a aplicação das referidas metodologias ativas para a inserção de assuntos relacionados ao
estresse dentro dos conteúdos de fisiologia, observou-se que a intervenção ajudou o aluno a
relacionar os conteúdos de fisiologia à sua realidade. Por meio de metodologias ativas o aluno
pode investigar e correlacionar os estudos de fisiologia a situações de estresse, capacitando-o a
conscientização e autopercepção do próprio estresse, para posteriormente possibilitar o aumento
da resiliência diante dos desafios tão comuns nessa fase escolar.
Introdução
1
Professora Associada nível IV, da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência nas áreas
de Fisiologia, Imunologia e Nutrição. Principais subáreas de pesquisa: fisiologia celular e
metabolismo, inflamação sistêmica, bioquímica da nutrição. Atualmente, desenvolvendo projetos
de pesquisa e ensino em biopsicofisiogia de comportamentos emocionais com alunos de nutrição,
informática biomédica e biomedicina. Orientadora de alunos de mestrado e doutorado nos
Programas de Pós-Graduação: 1) Fisiologia e 2) PROFBIO: Mestrado Profissional em Ensino de
Biologia – Curitiba.
2
Bolsista pela CAPES. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do
Paraná e pós-graduação em Saúde Mental pela Universidade Espírita. Atualmente pertence ao
quadro próprio do magistério da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Faz parte do
programa de Mestrado Profissional em ensino de Biologia (PROFBIO) da UFPR e é doutorando
pelo Dallas Theological Seminary em Dallas no Texas (EUA) na área de Burnout profissional –
Curitiba.
53
comportamentais, que rompe a homeostase do organismo e exige assim um
esforço de adaptação”. Quando as condições ambientais excedem a capacidade
de adaptação dos processos fisiológicos ou psicológicos, sejam no campos
cognitivo, emocional ou comportamental, há o risco de desenvolvimento de
doenças e baixa na qualidade de vida. (Machado, 2014).
O conceito clássico de homeostase prevê o funcionamento do organismo
em condições basais, independentemente da demanda a qual o organismo está
sujeito. McEwen e Wingfield (2003) propuseram a teoria da alostase
acrescentando que os organismos podem funcionar em diferentes condições de
ajustes, desde que estas novas condições possibilitem melhor adaptação dos
organismos ao meio. McEwen e Wingfield (2003) usaram o equilíbrio entre
entrada de energia e despesa como base para a aplicação do conceito de
alostase, propondo dois tipos de sobrecarga alostática. A sobrecarga alostática de
tipo 1 ocorre quando a demanda de energia excede a oferta, resultando na
ativação do estágio da vida útil da emergência. A sobrecarga alostática de tipo 2
começa quando há um consumo de energia suficiente ou mesmo excessivo,
acompanhado de conflitos sociais e outros tipos de disfunção social. Este é o
caso da sociedade humana e de certas situações que afetam animais em
cativeiro. Enquanto na sobrecarga alostática do tipo 1 o ciclo de vida normal pode
ser retomado quando a perturbação passa, a sobrecarga alostática de tipo 2 não
desencadeia uma resposta de fuga, e só pode ser combatida por meio do
aprendizado e mudanças na estrutura social. O emprego do termo alostase reflete
uma alternativa mais flexível tanto do ponto de vista do estudo do comportamento
quanto da fisiologia.
Em todas as fases da vida, indivíduos estão suscetíveis a situações de
estresse tanto no ambiente físico como social. Dentre os fatores que podem
desencadear estresse, podem ser citados o trabalho, estudo, finanças e família e
cada tipo contribui para o estresse de forma geral. (Barrington, Ceballos, Bishop,
McGregor, & Beresford, 2012).
A demanda cognitiva durante a fase escolar é um fator de estresse na vida
dos estudantes, o que poderia representar uma sobrecarga alostática com
importantes consequências fisiológicas e comportamentais. De fato, passamos
uma parte de nossa vida e várias fases dela dentro do ambiente escolar. Acredita-
se que a vida estudantil e o próprio processo de ensino e aprendizagem é
54
estressante para muitos indivíduos, especialmente entre adolescentes. Lipp,
(2004) aponta que “só recentemente foi possível detectar que muitas crianças que
apresentam uma série de problemas psicológicos e físicos, que fracassam na
escola, estão na verdade sofrendo de estresse”. Dentre o período escolar, é na
adolescência que o estresse tende a se intensificar. Tricoli (2010) em seu livro
“Estresse na adolescência: Problema e Solução: A possibilidade de jovens
estressados se tornarem adultos saudáveis” afirma que o estresse é um dos
principais fatores de risco nessa faixa etária.
No Brasil, a legislação vigente – o Estatuto da Criança e do Adolescente –
demarca a adolescência como o período que vai dos 12 aos 18 anos e prevê a
extensão de algumas de suas medidas até os 21 anos, idade que se encontram a
maioria dos alunos cursando o ensino médio. (Neufeld, 2017)
Uma vez que a adolescência é uma fase de novas experiências e
responsabilidades, muitas vezes, os jovens encontram dificuldades em lidar com
essas diferentes vivências, e a desregulação pode se intensificar (Neufeld, 2017).
O impacto causado por um agente estressor, ou seja, a intensidade e a
duração da ativação dos sistemas alostáticos de um organismo são determinadas
em parte por características do próprio estímulo (natureza, tempo de exposição,
previsibilidade), e em parte pela habilidade que o organismo possui em lidar com
a situação (Wingfield, & McEwen, 2005), ou seja, da plasticidade fenotípica. Essa
resposta está diretamente correlacionada a fatores individuais (sexo, idade,
temperamento, controlabilidade sobre o agente estressor) e sociais (posto e/ou
suporte sociais). Decorrente deste fato, algumas pessoas apresentam a
capacidade de enfrentamento diante de dificuldades, conhecido como resiliência
(Charmandari et al., 2005; Sapolsky, 2000) enquanto outros indivíduos são mais
vulneráveis a desenvolver patologias físicas ou mentais decorrentes da resposta
crônica aos agentes estressores.
Segundo a American Phycological Association (2013), A resiliência é o
processo de adaptação em face da adversidade, traumas, tragédia, ameaças ou
fontes significativas de estresse - como problemas de família e relacionamento,
sérios problemas de saúde ou fatores de estresse no local de trabalho e
financeiros. Isso trás a ideia de "se fortalecer" por meio de experiências difíceis.
Pessoas resilientes, que aprenderam a lidar com estresse, dificilmente
desenvolvem patologias associadas ao estresse crônico.
55
Wu et al. (2013) conceituam resiliência ao mesmo tempo como “uma
capacidade e um processo dinâmico”, logo, passível de modificação. Sendo
assim, percebe-se que a habilidade em lidar com situações de estresse é
determinada por uma série de complexos mecanismos genéticos e que os
mesmos são fortemente influenciados por fatores individuais, sexo, idade e
temperamento, assim como pela ação do ambiente social (Sapolsky 1994).
Sabe-se que indivíduos que não possuem boa habilidade em lidar com
situações desafiadoras são vulneráveis, ativam de forma inadequada os sistemas
alostáticos e sofrem a desestabilização destes sistemas, gerando uma sobrecarga
ou falha alostática, que pode desencadear desequilíbrios no funcionamento de
vários outros sistemas fisiológicos (McEwen & Wingfield, 2010).
Na adolescência existem muitas transformações expressadas pela
fragilidade socioemocional. As características físicas do adolescente e a variação
na sua maturação, que pode ser precoce ou tardia, são capazes de influenciar no
autoconceito do jovem, assim como na sua adaptação emocional e social
(Neufeld, 2017). As emoções são entendidas como respostas comportamentais,
experienciais e fisiológicas aos estímulos ambientais que as antecedem
(McLaughlin, Garrad, & Somerville, 2015) levando a mudanças diante de
situações consideradas difíceis e ao mesmo tempo reforçando situações que
refletem bem-estar,
A sociedade contemporânea e suas instituições, incluindo a escola, tem
contribuído para sintomas de ansiedade e estresse nos indivíduos. Brito e
Rodrigues (2011) entendem que as pressões dos setores cotidianos (finanças,
trabalho e família), para que se adquiram com urgência diferentes habilidades e
recursos, em uma cultura na qual o consumismo e competição são valorizados,
têm caracterizado um ambiente hostil para o ser humano.
Como consequência do estresse, há alta probabilidade de o adolescente
tornar-se vulnerável e vir a ser um adulto estressado e despreparado para o
mundo adulto. Por isso, ressalta-se a importância dos programas de prevenção
de estresse e de promoção da saúde, inclusive no ambiente escolar (Neufeld,
2017).
A escola tem papel importante na formação dos indivíduos e deve
contribuir para a formação de cidadãos críticos e protagonistas na sociedade. O
objetivo educacional geral de se desenvolver a curiosidade e o gosto de aprender,
56
praticando efetivamente o questionamento e a investigação, pode ser promovido
num programa de aprendizado escolar. Por exemplo, nos estudos das relações
entre forma, função e ambiente, que levam a critérios objetivos, por meio dos
quais os seres vivos podem ser agrupados. Ao estudar o indivíduo, estar-se-á
estudando o grupo ao qual ele pertence e vice-versa; o estudo aprofundado de
determinados grupos de seres vivos em particular – anatomia, fisiologia e
comportamentos – pode se constituir em projetos educativos, procurando verificar
hipóteses sobre a as relações nele contidas.
O combate ao estresse associado a uma melhor qualidade de vida é dever
de todos os segmentos da sociedade, procurando estabelecer uma pedagogia
que não enfoque somente os conteúdos de biologia, limitando-os à esfera
estritamente biológica, pois percebe-se uma tendência restritiva de desligamento
dos assuntos abordados em relação às questões sociais mais amplas.
Teixeira, (2009) fez várias entrevistas com docentes da disciplina de
Biologia e apontou dentre outros problemas, a ausência de análise reflexiva sobre
as ações pedagógicas e a falta de contextualização dos assuntos ministrados. Ele
descreve um exemplo do pensamento comum de muitos professores de
biologia: "O professor de Biologia tem condições de dar a educação fisiológica, ou
seja, dizer para o aluno onde fica determinado órgão, o que tem dentro desse
órgão e como funciona esse órgão. Agora, discutir aspectos sociais, psicológicos
e afetivos, isso aí, é por conta de outros profissionais”. Portanto, eliminar as
debilidades presentes no ensino da área é uma necessidade premente, condição
essencial para colocação da biologia como disciplina que contribua realmente
para uma melhor qualidade de vida associado ao combate ao estresse.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) trazem uma reflexão sobre
as limitações de um tipo de abordagem restritiva, como mencionado acima, e
reconhecem a busca por novas alternativas visando dar maior significado ao
conhecimento escolar, evitando a compartimentalização e promovendo a
interdisciplinaridade. Assim, acredita-se que a escola tem condições de atuar
como disseminadora de conhecimento relacionado a vida e a cidadania,
contribuindo para o desenvolvimento da consciência do compromisso coletivo e
da necessidade de se construir um mundo melhor para usufruto de todos (Brasil,
1999).
57
Nas aulas de biologia podem ser abordados os conteúdos sem perder a
contextualização que promova experiências de vida saudáveis, que estimulem os
adolescentes a selecionar experiências positivas para seu desenvolvimento nos
diferentes contextos em que estão inseridos.
Desenvolvimento
1
O Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar objetiva o atendimento
educacional aos estudantes que se encontram impossibilitados de frequentar a escola, em virtude
de situação de internamento hospitalar ou tratamento de saúde, permitindo-lhes a continuidade do
processo de escolarização, a inserção ou a reinserção em seu ambiente escolar.
58
colados no contorno humano. Em seguida foi pedido que apresentasse ao
professor seu cartaz, comentando sua produção.
Na segunda aula foi proposto uma discussão sobre fisiologia do estresse
utilizando o aplicativo prezi.1 Este aplicativo é uma ferramenta para apresentação
de conteudo de forma não linear e permitiu o aluno aprender de forma intuitiva se
atendo as dúvidas e fazendo comentários.
Depois da aula foram feitas algumas questões para avaliar e aprofundar o que
havia sido aprendido. As questões foram:
1
Fisiologia do estresse, disponível em:
http://prezi.com/5z47ait2hmuy/?utm_campaign=share&utm_medium=copy, acessado em junho de
2018.
59
A aluno percebeu que o estresse nem sempre é ruim, mas pode ser muito
prejudicial quando não se sabe lidar com ele. Ao mesmo tempo o aluno conseguiu
identificar as situações de estresse mais comuns em sua vida.
Na terceira aula foi explicado para o aluno os fatores que desencadeiam o
estresse. Esses fatores serviam originalmente para preparar o organismo para
uma resposta rápida frente a uma situação ambiental: ataque ou fuga instintiva
(isso desde o homem primitivo).Para dar essa resposta imediata e possibilitar a
sobrevivência, o organismo apresenta reações como:
• Liberação abrupta do hormônio adrenalina;
• Aumento da pressão arterial pela mudança na atividade do coração;
• Dilatação dos brônquios e maior atividade respiratória;
• Aumento da glicemia por meio da gliconeogênese (produção de glicose)
no fígado e músculos;
• Aumento da temperatura corporal;
• Diminuição da atividade do trato digestivo.
Estudiosos afirmam que, em situação de estresse, participam dois
hormônios importantes produzidos pelas glândulas supra-renais: a adrenalina e o
cortisol. Assim podem ser identificados dois “tipos de indivíduos” para o
ESTRESSE: o tipo 1 (Tipo ADRENALINA – ativo, impaciente, com risco de
desenvolver doenças cardiovasculares) e o tipo 2 (Tipo CORTISOL – indefeso,
sujeito a infecções e desenvolvimento de câncer).
Ficou claro ao fim da aula que quem consegue identificar em si próprio um
“tipo” de estresse, pode desenvolver formas pessoais para combatê-lo, como por
exemplo: gerenciar melhor o seu tempo (para o tipo Adrenalina) ou praticar um
esporte (para o tipo – Cortisol).
Na quarta aula foi pedido o aluno que realizasse as pesquisas sobre os
hormônios adrenalina e cortisol, destacando os seguintes pontos:
60
Fonte: Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de
Janeiro (CECIERJ)
61
O aluno interagiu com o conteúdo proposto e fez comentários pertinentes.
O fato que o conteúdo é interativo possibilitou que ele pudesse fixar as áreas que
mais se relacionavam com situações de estresse que ele havia percebido nele
mesmo anteriormente.
Na quinta e última aula foi proposto que o aluno realizasse um teste
semanal de estresse. O objetivo desta aula foi fazer o aluno perceber situações
de estresse fora do ambiente de sala de aula. Para isso foi realizado um teste
simples que se encontra no portal do professor.
Para cada dia da semana o aluno consideraria 15 itens de uma lista e marcaria “X” em uma tabela
para aqueles que estiverem sentindo. Cada marca valeria um ponto. Ao final de uma semana
deverão somar todos os pontos e verificar o resultado.
Resultados:
1 – 20 pontos: Parabéns! Mas em que planeta você vive para ter tão pouco estresse? Ou talvez
você nem percebe que está em uma situação de estresse. Talvez ainda um pouco de estresse
possa melhorar seu desempenho.
21 – 44 pontos: Comparando com muitas outras pessoas você desenvolve relativamente pouco
estresse. Cuidado para essa situação não piorar.
45 – 64 pontos: Atenção! Você já deve procurar reduzir o estresse, senão há grande chance de
ficar doente.
Mais de 65 pontos: Cuidado! Você já está bem afetado pelo estresse. Mude logo seu estilo de
vida. Com certeza existem fatores de estresse na tabela que você deve conseguir reduzir ou
eliminar. Se você já se sente doente deveria buscar ajuda médica logo.
Fonte: Unterricht Biologie – abril de 2002 disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?pagina=espaco%2Fvisualizar_aula&aul
a=7137&secao=espaco&request_locale=es. Acesso em julho de 2018
REFERÊNCIAS
63
Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.
64
. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413294X201500020007
2&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 03 Fev. 2018.
SOUSA, Maria Bernardete Cordeiro de; SILVA, Hélderes Peregrino A.; GALVAO-
COELHO, Nicole Leite. Resposta ao estresse: I. Homeostase e teoria da
alostase. Estud. psicol. (Natal), Natal, v. 20, n. 1, p. 2-11,
Mar. 2015. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413294X201500010000
2&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 05 Fev. 2018.
WU, G., Feder, A., COHEN, H., KIM, J. J., CALDERON, S., CHARNEY, D. S., &
MATHE, A. A. (2013).Understanding resilience. Frontiers in Behavioral
Neuroscience, 7, 1-15. doi:10.3389/fnbeh.2013.00010 In Estudos de Psicologia,
20(2), abril a junho de 2015, 72-81
ZIMPEL R.R. Aprendendo a lidar com o estresse. São Leopoldo: Sinodal; 2005.
65
OBJETOS DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE ESTATÍSTICA NO
CURSO DE PEDAGOGIA
Resumo
O artigo aqui apresentado mostra verificações obtidas a partir de uma pesquisa feita durante um
mestrado acadêmico que buscou analisar como a utilização de Objetos de Aprendizagem na
disciplina de “Estatística Aplicada à Educação” ministrada em um curso de Pedagogia pode
contribuir para a prática pedagógica em Matemática dos futuros acadêmicos. A pesquisa foi
desenvolvida no segundo semestre do ano de 2016 com estudantes de Pedagogia matriculados
no sexto período em uma faculdade particular na cidade de Curitiba. Foi realizada pesquisa teórica
nas áreas de Educação Matemática, Pedagogia, Formação de professores, Tecnologias e
sociedade, Tecnologias e Educação e Objetos de Aprendizagem. O trabalho feito foi com
abordagem qualitativa, utilizando Objetos de Aprendizagem para o ensino de conceitos
estatísticos a serem trabalhados com alunos da Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino
Fundamental. No início da pesquisa, os acadêmicos exploraram os Objetos de Aprendizagem e,
na etapa seguinte, formaram equipes e com o recurso digital selecionado de acordo com o tema
de Estatística a ser apresentado deram aula aos demais colegas de turma. Após as aulas dadas
foram feitas discussões das mesmas entre os alunos. Os resultados finais mostram que os OA
podem proporcionar a realização de futuras intervenções transformadoras pelos pedagogos nas
escolas nas quais venham a lecionar, indicando a possibilidade de mudanças significativas no
processo de produção e difusão do conhecimento matemático como um todo e da estatística. Os
futuros pedagogos tiveram a possibilidade de encontrar elementos para que na sua atuação
profissional futura possam ser formadores de indivíduos capazes de utilizar recursos digitais e
ferramentas estatísticas para tomar decisões com amparo em dados matemáticos e compreensão
do mundo.
Introdução
1
Curitiba. Coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Nossa Sra. de Sion. Mestre
em Educação Matemática pela UFPR. Contato: cinrenaux@yahoo.com.br.
2
Curitiba. Diretora de escala pública. Mestre em Educação Matemática pela UFPR. Contato:
beazoppo@hotmail.com.
3
Curitiba. Professora de Matemática do Colégio Nossa Sra. de Sion . Mestre em Educação
Matemática pela UFPR. Contato: tatimeireles@terra.com.br.
66
Este apresenta uma pesquisa realizada no âmbito da Educação
Matemática e da Educação Estatística Básica e procura mostrar constatações
obtidas sobre os impactos das tecnologias digitais na educação. O trabalho é o
resultado de uma pesquisa de mestrado feita durante o 2º semestre de 2016,
orientada pelo Dr. Marco Aurélio Kalinke, durante as aulas de Estatística com
acadêmicos de Pedagogia em uma faculdade privada de Curitiba na qual a
professora da disciplina Cinthia Renaux é, também, a pesquisadora em questão.
O objetivo da pesquisa foi analisar de que maneira Objetos de
Aprendizagem na disciplina de Estatística na Graduação de Pedagogia podem
contribuir para a formação dos futuros professores.
A pesquisa procurou responder a seguinte questão: Como a utilização de
Objetos de Aprendizagem de Matemática na disciplina de Estatística num Curso
de Pedagogia pode contribuir para a formação dos futuros professores?
Tendo isso em vista fez-se, também, pesquisa teórica nas áreas de
Educação Matemática, Formação de professores, Tecnologias e Educação,
Tecnologias e sociedade e Objetos de Aprendizagem.
Vê-se que no universo acadêmico os futuros professores da Educação
Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, futuros pedagogos, apresentam
diversos questionamentos e inseguranças a respeito de conteúdos matemáticos.
Isto, normalmente está ligado a dificuldades com os fundamentos dos conteúdos
matemáticos curriculares. É comum encontrar acadêmicos de Pedagogia que
tenham um histórico negativo com a Matemática, o que resulta em “bloqueios
para aprender e ensinar” (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2014, p. 23).
Diversas das dificuldades apresentadas pelos acadêmicos de Pedagogia
na aprendizagem da Matemática podem ter sido causadas pelas práticas
pedagógicas realizadas por seus professores de Ensino Fundamental e Médio,
que muitas vezes se restringiam somente à transmissão de informações. A
disciplina de Matemática pode ter se tornado, para esses, sem significado e não
relacionada com situações reais, o que coloca o aluno num papel passivo e,
consequentemente, desinteressante.
É muito importante destacar que os professores que ensinam Matemática
na Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental desenvolvem o
seu trabalho pedagógico de modo a considerar o universo da criança e o lúdico
como fator essencial. Estes professores são os pedagogos e iniciam o processo
67
de alfabetização de estudantes das Séries Iniciais. E nessas séries, em geral,
esses profissionais são professores de distintas áreas do conhecimento, sendo
que na Educação Básica e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, são
construídas as bases para a formação Matemática.
Assim sendo, torna-se necessário que este profissional tenha uma
formação que o possibilite adquirir conhecimentos sólidos, que possam lhe
proporcionar aprendizagens mais significativas junto às áreas de conhecimento
em que atua. O professor precisa se sentir seguro ao ensinar, no caso
Matemática nos anos Iniciais do Ensino Fundamental, sendo preciso uma
formação que contenha os conteúdos matemáticos abordados nos anos iniciais
da escolarização básica indo além daquilo que irá ensinar nas diferentes etapas
escolares.
Pode-se ver que, como relatado por Guimarães (2014), que a
aprendizagem da Estatística vem sendo proposta desde o Ensino Fundamental
como um reflexo das demandas sociais e da complexidade da sociedade que
impulsionam o indivíduo na direção de um melhor entendimento de sua realidade.
E, também que, o ensino de Matemática tem o compromisso de não só ensinar o
domínio dos números, mas também a organização de dados e a leitura de
gráficos, que se faz cada vez mais necessária (JACOBI; FLORA; KESSLER,
2011, p. 169). A compreensão de dados estatísticos pode ser uma importante
ferramenta para a formação de cidadãos que possam posicionar-se de modo
crítico perante a realidade e que usem o conhecimento como base para poder
entendê-la e em poder mudar.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
68
recursos digitais na alfabetização matemática e estatística por meio da utilização
de Objetos de Aprendizagem.
Como acertadamente destaca Kenski (2012), atributos das novas
tecnologias tornam possível o uso das capacidades humanas em processos
diferenciados de aprendizagem e novas habilidades de aprendizagem.
Na busca por compreender como o ser humano se desenvolve social e
tecnologicamente é possível encontrar suporte para fundamentar o uso de
Tecnologias Digitais (TD).
Lévy (1993), defende que a história das tecnologias da inteligência está
intimamente ligada à história da humanidade e sugere uma proposta para
compreender a técnica, um dos principais agentes de transformação das
sociedades atuais. Também, ajuda na compreensão de como o ser humano se
desenvolve social e tecnologicamente. Para o autor, o ser humano é tratado como
um agente moral e de comunicação de mensagens (LÉVY, 1993).
Kenski (2012), relata sobre o que as tecnologias são e porque são
essenciais, destacando que elas são resultantes do conhecimento derivado do
uso do raciocínio humano. Para Kenski (2003), os atributos das novas
tecnologias tornam possível o uso das capacidades humanas em diferentes
processos na educação, permitindo a realização de várias atividades que visam
ao desenvolvimento da aprendizagem, valores pessoais e sociais. Assim, as
mudanças ocorridas na sociedade devido, principalmente, às tecnologias digitais,
afetam também a educação.
De acordo com Tikhomirov (1981), para quem o computador reorganiza a
atividade cognitiva do ser humano, as pessoas pensam e resolvem problemas de
maneiras diferentes quando fazem uso das TD.
Levando isto em consideração, pode-se dizer que as tecnologias exigem
novas metodologias de ensino e uma “nova pedagogia”, que pressupõe a
participação dos envolvidos nos processos de ensino e de aprendizagem
(KENSKI, 2003). Novas práticas pedagógicas precisam ser organizadas para que
seja possível ter a introdução e utilização das inovações no âmbito escolar.
Dentre os recursos digitais que se tem à disposição da educação pode-se
citar os Objetos de Aprendizagem (OA). Existem várias definições para OA e a
utilizada neste trabalho foi formulada a partir dos estudos e discussões realizadas
pelo Grupo de Pesquisa sobre Tecnologias na Educação Matemática (GPTEM),
69
que os entende como “quaisquer recursos virtuais multimídia, que podem ser
usados e reutilizados com o intuito de dar suporte à aprendizagem de um
conteúdo específico, por meio de atividade interativa, apresentada na forma de
animação ou simulação” (KALINKE; BALBINO, 2016, p. 25).
Mesmo existindo diversas definições para Objetos de Aprendizagem
distintas, vários autores concordam que os OA apresentam características em
comum. Segundo Castro Filho (2007), as mais marcantes delas são:
a) Ser digitais: podem ser acessados através do computador,
preferencialmente pela internet.
b) Ser pequenos: podem ser aprendidos e utilizados no tempo de uma ou
duas aulas. Um objeto de aprendizagem é como um pequeno software, com
recursos de interatividade, voltado para a aprendizagem de um conteúdo
específico.
c) Focalizar em um objetivo de aprendizagem único: cada objeto deve
ajudar os usuários a alcançar o objetivo especificado.
Outros pesquisadores, como Longmire (2001), Sá Filho e Machado (2004),
Prata e Nascimento (2007), indicam fatores que favorecem o uso de OA em
atividades educacionais. Os fatores mais citados por estes autores são:
a) Flexibilidade: os OA são construídos de forma simples e podem ser
reutilizáveis sem custos com sua manutenção.
b) Facilidade para atualização: a atualização pode se dar em tempo real e
de forma relativamente simples.
c) Customização: como são independentes, a ideia da sua utilização em
um ou em vários cursos simultaneamente torna-se real. Cada instituição ou
professor pode utilizá-los e arranjá-los da maneira que melhor lhe convier.
d) Interoperabilidade: podem ser utilizados em qualquer plataforma de
ensino.
e) Indexação e procura: a organização dos OA por padrões de meta
dados facilita a procura por um determinado objeto. Esses padrões têm como
intenção organizar o armazenamento e a distribuição dos OA, que normalmente
estão disponibilizados em repositórios.
Os repositórios podem ser compreendidos como depósitos virtuais nos
quais ficam armazenados os OA. Também podem ser entendidos como banco de
dados por meio dos quais é possível localizar e obter recursos educacionais para
70
diferentes níveis de ensino e disciplinas. O repositório utilizado neste trabalho foi
o criado pelo Núcleo de Desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem
Significativa (NOAS1). Este grupo desenvolve aplicativos, jogos e simulações de
fenômenos diversos para serem utilizados com a educação infantil, Ensino
Fundamental, médio e superior.
No repositório NOAS estavam disponibilizados, na época da realização da
pesquisa, cinquenta Objetos de Aprendizagem para a educação infantil, sendo
dezenove deles relativos a conteúdos de Matemática e cento e dez objetos
direcionados para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental, dos quais quarenta e
um abordam conteúdos relativos à Matemática.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1
NOAS – Núcleo de Desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem Significativa
www.noas.com.br vinculado ao Sistema de Ensino CNEC – www.cnec.com.br
71
Tendo sido escolhido o repositório, partiu-se para a etapa seguinte,
realizada de forma exploratória, na qual se possibilitou o contato dos participantes
com os objetos. Após este contato inicial os participantes se organizaram em
grupos, sendo três deles compostos por três estudantes e um grupo composto de
quatro participantes. Foram distribuídos os temas com os quais os grupos
deveriam preparar uma aula sobre o assunto indicado, utilizando um dos objetos
pré-selecionados.
De posse do conteúdo e do objeto de aprendizagem selecionado, os
grupos deveriam preparar um plano de aula contendo: o tema, o conteúdo a ser
trabalhado, os objetivos, o público e a metodologia a ser utilizada. Na etapa final
cada grupo apresentou o plano de aula e a ministrou, simulando o que realizaria
com alunos da Educação Básica. Nesta aula eles mostraram como fariam para
trabalhar com o conteúdo matemático específico utilizando os Objetos de
Aprendizagem escolhidos.
Grupo 1: OA “É o bicho”.
Este objeto utiliza um ambiente que simula a floresta amazônica e o
usuário deve caminhar por ela para salvar animais em extinção. É solicitado aos
usuários que façam cálculos de adição e subtração e interpretação de gráficos.
No decorrer da atividade percebeu-se que os participantes estavam
realizando a construção dos gráficos e, ao mesmo tempo, debatendo,
1
Disponível em: <http://www.noas.com.br/ensino-fundamental-1/matematica/e-o-bicho/>. Acesso
em 10 de mar de 2017.
2
Disponível em: <http://www.noas.com.br/ensino-fundamental-2/matematica/tabela-defracoes-e-
porcentagem/>. Acesso em 10 de mar de 2017.
3
Disponível em: <http://www.noas.com.br/educacao-infantil/matematica/brincando-eaprendendo-
com-graficos-e-tabelas/>. Acesso em 10 de mar de 2017.
4
Disponível em: <http://www.noas.com.br/educacao-infantil/ciencias/animaisdomesticose-
silvestres/>. Acesso em 10 de mar de 2017.
72
perguntando, questionando, e, depois, analisando os resultados apresentados.
Houve a necessidade de buscar formas diferentes de resolver os exercícios, pois
as estratégias utilizadas para a resolução no papel foram diferentes daquelas
empregadas no OA, o que os trouxe dados interessantes para análises
posteriores.
73
interpretação dos dados de uma tabela e de um gráfico, e ainda as relações entre
a tabela e o gráfico.
CONCLUSÕES
74
Durante o processo discutiram as estratégias utilizadas com os colegas e o
pesquisador, o que estimulou uma reflexão sobre suas práticas pedagógicas e a
possibilidade de integração das TD em suas aulas. Os futuros pedagogos
puderam aproveitar o potencial que a tecnologia oferece para o trabalho com
estatística. Isso se ampliou e aplicou também para o aperfeiçoamento de suas
práticas profissionais, criando possibilidades de desenvolvimento de situações
interessantes nos processos de ensino que eles vierem a desenvolver com suas
turmas. Foi também observada a preocupação em estudar antecipadamente tanto
os conteúdos, quanto os Objetos de Aprendizagem escolhidos, para que fosse
possível realizar as apresentações com maior segurança.
Ao final de cada apresentação, nas discussões realizadas, foi relatada
pelos futuros pedagogos a importância de compreender o que estavam fazendo e
como foi mais fácil, segundo eles, aprender os conteúdos de estatística com os
OA. A maioria dos acadêmicos relatou que passou a compreender com mais
clareza os conteúdos que haviam sido trabalhados anteriormente, nas aulas
expositivas.
Finalmente, foi possível perceber que os acadêmicos trabalharam
colaborativamente, ajudando-se, discutindo os resultados e as ideias centrais.
Notou-se a evidência da construção de um conhecimento coletivo, com os
participantes envolvidos na busca pelas resoluções dos problemas. Houve
interação constante entre os participantes, favorecendo a construção coletiva do
conhecimento por meio das TD. A possível construção de um conhecimento
coletivo concorda com a existência de um coletivo pensante, defendido por Lévy
(1993) e Borba (2005).
Mesmo com alguns obstáculos físicos, como o mau funcionamento da
internet, a diferença de idade entre os alunos, muitos não acostumados às
tecnologias digitais, viu-se o movimento dos mesmos de saída da “zona de
conforto” em direção à “zona de risco” para a apresentação das aulas. Acredita-se
que os acadêmicos de pedagogia participantes desta pesquisa têm a
possibilidade de, por meio de novas experiências e do aprendizado que as
atividades lhes proporcionaram, realizar uma intervenção transformadora nas
escolas nas quais venham a atuar.
75
REFERÊNCIAS
76
KALINKE, M. A.; BALBINO, R. O. Lousas Digitais e Objetos de Aprendizagem.
Em: KENSKI, V. M. Aprendizagem mediada pela tecnologia. Revista Diálogo
Educacional, Curitiba, v.4, n.10, p.47-56, set./dez.2003.
____________. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8 ed. São
Paulo: Papirus, 2012.
77
PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA COM PROFESSORES
QUE ENSINAM MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS
Resumo
Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de mestrado acadêmico iniciado no primeiro
semestre do ano de 2017 que tem como objetivo investigar possibilidades de aprendizagem da
docência de professores que ensinam matemática nos anos iniciais, no contexto da constituição
de um grupo de professores no interior da escola, adotando-se a coletividade como princípio
formativo. Para atingir esse objetivo, o estudo se propõe responder a seguinte questão de
investigação: Como a constituição de um grupo de professoras na escola, em situação de
formação continuada, pode favorecer a organização de atividades de ensino de matemática? O
referencial teórico, o desenvolvimento das ações bem como a análise dos dados da pesquisa está
fundamentado na Teoria Histórico-Cultural e da Teoria na Atividade, tendo a Atividade Orientadora
de Ensino como atividade de formação e a coletividade como princípio formativo. Como
instrumentos de captação dos dados e para o acompanhamento do fenômeno em estudo adotou-
se questionário aberto de caráter exploratório para a constituição do grupo, diário de campo,
gravações em áudio e vídeo e, sessões reflexivas. Organizou-se com o grupo encontros
quinzenais com duas horas de duração entre os meses de junho e dezembro do ano de dois mil e
dezessete. Para a análise desses dados, nos apoiaremos, principalmente, na ideia de isolados,
episódios e cenas, proposta por Moura (2004), como princípio teórico-metodológico, para a
compreensão do fenômeno em movimento. Busca-se desvelar a necessidade de se repensar
sobre as práticas de formação continuadas dos professores, demonstrando que é possível novos
caminhos, novas formas de organizar as aprendizagens docentes.
Introdução
1
Piraquara. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática
– UFPR. É professora da rede estadual e municipal no município de Piraquara, contato:
clauparralego@hotmail.com
2
Curitiba. Doutora em Educação pela USP. É professora adjunta do Departamento de Educação
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Desenvolve pesquisas na área de
Educação Matemática, especialmente sobre formação de professores que ensinam Matemática,
contato: flaviad@utfpr.edu.pr
78
formação centrada em processos metodológicos, desconsiderando os
fundamentos da matemática. Isso implicava em uma formação com muitas
lacunas conceituais nessa área do conhecimento” (p. 8). Para essas autoras, o
desafio para a formação do professor dos anos iniciais está em criar contextos
para a apropriação dos fundamentos da Matemática de forma integrada às
questões pedagógicas.
Neste sentido, para além da formação continuada reduzida a momentos
estanques de formação (cursos, palestras, semanas de formação), almeja-se a
ideia de envolver os professores em processos formativos que exigem espaços
de reflexão compartilhada, considerando-se os múltiplos contextos socioculturais
dos sujeitos desse processo.
Diante do exposto foi se colocando a necessidade de pensar em um
processo formativo na escola que oferecesse aos docentes, tempo e condições
para refletir, se reorganizar em situações coletivas para além de um tempo
específico de um curso.
Assim, esta investigação tem como problemática de pesquisa a seguinte
questão: como a constituição de um grupo de estudos de professoras em situação
de formação continuada pode favorecer a organização de atividades de ensino de
matemática? O estudo tem como objetivo investigar possibilidades de
aprendizagem da docência de professores que ensinam matemática nos anos
iniciais, no contexto da constituição de um grupo no interior da escola, adotando-
se a coletividade como princípio formativo.
Para o presente artigo, definiram-se como recorte três pressupostos
teóricos que nortearam a pesquisa: possibilidades e espaços no campo da
formação continuada de professores, o professor em atividade, a coletividade no
processo de formação. Como percurso metodológico discorreram-se sobre o
processo de produção dos dados de pesquisa, os instrumentos de captação do
fenômeno e do método de investigação. Por fim, foram traçadas algumas
considerações acerca deste estudo.
79
que visa a transformação da sociedade por meio da aquisição dos conhecimentos
culturais produzidos historicamente e reelaborados em forma de conhecimento
científico.
A produção do conhecimento necessário à formação dos sujeitos nas
últimas décadas vem tomando outros sentidos e significados, tanto nos espaços
de formação formal quanto no não formal, isto porque é através do conhecimento
que se amplia e se aprofunda a atividade pedagógica desenvolvida pelo
professor, decorrentes aos processos de aprendizagens compartilhados ao longo
de sua atividade profissional. Logo, ao se falar de espaços de formação, pode-se
salientar a diversidade de possibilidades da construção do conhecimento durante
a formação de professores inicial e continuada. É possível destacar os espaços
formais e não formais nesse campo, estes espaços são fundamentais para a
reflexão e o desenvolvimento de práticas formativas e pedagógicas.
A articulação entre o sistema formal e não formal tem como objetivo
principal contribuir para a melhoria da formação de profissionais da educação.
Esta qualidade envolve a constante ação-reflexão. Para Prada, Vieira e Longarezi
(2009) “o conhecimento prático do professor, colocando-o na condição de
investigador da sua própria prática e a formação como sendo esse processo de
investigação” (p.4).
A busca pelo professor neste espaço formativo acaba por desencadear
novas ações e reflexões, agregando a sua prática experiências. Segundo a autora
Pivetta (2009) a formação “parte do próprio sujeito, ou seja, este se forma por
seus próprios meios, a partir de si mesmo” e ainda acrescenta que o professor
seria capaz de “refletir sobre o que tem feito, como tem feito e, assim, buscar
outras maneiras de ser e fazer” (p. 3).
Masetto (2003) aponta a possibilidades de se estabelecer um espaço de
formação pedagógica por meio de grupos de professores, que buscam
implementar ou transformar práticas em sala de aula.
Garcia (1999) coloca que a formação continuada
80
tendentes a melhorar a competência profissional dos professores [grifos
do autor]. (GARCIA, 1999, p. 193)
O professor em atividade
81
Nesta perspectiva a organização do ensino deve possibilitar que o
professor se coloque em atividade, nesse movimento surge situações
desencadeadas por necessidades e motivos que segundo Ribeiro (2011) são
“geradoras de ações e operações vinculadas ao objeto, ao motivo, que dão conta
das tais necessidades” (p.48).
Para a autora, a
APRENDIZAGEM DA
DOCÊNCIA
NECESSIDADES MOTIVOS –
– aprender e ATIVIDADE possibilitar que o
ensinar estudante
aprenda
82
primordiais no processo coletivo, conforme explicita Rubtsov (1996) o
desenvolvimento se dá do coletivo para o individual.
A atividade, segundo Leontiev, citado por Nuñez (2009), é “o modo,
especificamente humano, pelo qual o homem se relaciona com o mundo. É um
processo no qual se reproduz e se transforma, de modo criativo, a natureza, a
sociedade e o próprio sujeito” (p. 64).
Moretti, destaca que:
83
de ensino do professor deve gerar e promover a atividade do estudante. Ele deve
criar nele um motivo especial para a sua atividade: estudar e aprender
teoricamente sobre a realidade” (p.90).
Nuñez, ao se referir à atividade de aprendizagem menciona que:
84
“os membros se envolvem em atividades conjuntas e discussões, auxiliando uns
aos outros e compartilhando informações. Para tanto, constroem relações que
lhes permitem aprender uns com os outros” (p. 472).
No mesmo sentido Moura (2016) argumenta a necessidade da
composição de comunidades de aprendizagem nas escolas, tendo como
estratégia a interlocução e a colaboração, através do discurso - diálogo - entre os
sujeitos do processo educativo.
A partir destes pressupostos ainda resta dizer que a escola representa um
território em que os sujeitos se apresentam em movimento, em atividade coletiva
de aprendizagem. Deste modo a escola e o coletivo que a forma promove a
participação dos profissionais que lá atuam, possibilitando que estes discutam,
negociem, elaborem propostas, reflitam e ressignifiquem suas práticas.
Logo, os professores num trabalho coletivo, compartilhado, poderão
refletir sobre o desenvolvimento de uma atividade quando se colocarem em
movimento de análise do trabalho. Assim, o trabalho coletivo revela-se como um
acordo entre os pares, um compromisso que exige a troca de experiências, o
compartilhamento de ideias e a construção de ações coletivas. Assim Rubtsov
apresenta alguns elementos essenciais na atividade coletiva:
85
Segundo Petrovski (1986) as necessidades formam-se no processo de
educação. “En el hombre el proceso de satisfacción de las necesidades se
manifiesta como un proceso activo, como un fin determinado y como un proceso
que posee una forma de actvidad desarrollada socialmente” (p.95).
O autor revela que as necessidades humanas possuem um caráter social,
elencando três elementos que contribuem para a satisfação das necessidades:
caráter pessoal; meios e mecanismos e; exigências coletivas. O quadro a seguir
apresenta uma síntese dessas necessidades, segundo Petrovski.
Dimensão Como?
É utilizado a partir da divisão do
Caráter pessoal
trabalho
São utilizados meios e mecanismos
desenvolvidos historicamente no meio
Meios e mecanismos
social que requeiram determinadas
condições
É utilizada a partir da necessidade de
Exigências coletivas
um grupo, da sociedade
86
aprendam a lidar com as informações de modo consciente na resolução
de problemas. A medida da mudança no referencial do professor está
nas suas ações. Assim, o que precisamos é estabelecer em qual sentido
o sujeito deve ir para, daí estabelecer-se se ele está se desenvolvendo
ou não. A interação entre os sujeitos é que vai desencadear o processo
de negociação dos valores em jogo e que chegará na busca da
concretização do projeto pedagógico. (MOURA, 2000, p.46)
FORMAÇÃO
87
valioso y personalmente significativo de la actividad conjunta” (PETROVSKI, 1984,
p.37).
Diante destes pressupostos é possível refletir sobre a importância da
coletividade na formação de professores, no campo do compartilhamento e da
organização do ensino.
Do método de investigação
88
uma concepção de realidade, de ciência e de conhecimento que darão conteúdo
e forma à pesquisa.
Nesta perspectiva e à luz da Teoria Histórico-Cultural, o objetivo é
compreender que não se pode apenas analisar dados, mas sim, compreender o
processo, ir à gênese dos fatos a fim de entender a sua natureza e a sua
significação.
Para compreender os movimentos do desenvolvimento do professor é
necessário identificar se a ação deste profissional está mudando, transformando e
como se dão essas transformações. Para Moura (2004) só é possível entender
esta mudança quando existe um acompanhamento, que possibilite que o
professor se perceba neste processo de aprendizagem, construindo assim uma
autonomia. O autor ainda revela que o professor deve se mobilizar para uma
“contínua necessidade de aprimorar os seus meios de produzir o seu objeto:
atividade de ensino, motivos para que também se mobilizem para aprender” (p.
260).
Neste sentido a pesquisa sobre a formação de professores é pautada na
análise dos dados a partir do isolado, como bem justifica Moura:
89
uma ação formadora” (p.276) o qual servirá de contexto para compreender a
formação continuada na perspectiva histórico-cultural.
Nesse sentido, para a análise dos dados, nos apoiaremos,
principalmente, na ideia de isolados, episódios e cenas, proposta por Moura
(2004), como princípio teórico-metodológico, para a compreensão do fenômeno
em movimento.
Conclusões
90
na coletividade, possam organizar sua atividade primordial e, quando agem tendo
como referência o trabalho em grupo, estão em processo de significação de sua
formação.
Tem-se a consciência dos limites desta pesquisa, no mesmo sentido que
a formação do grupo de professores na escola deve estar em constante
aprimoramento. Os procedimentos metodológicos, o desenvolvimento e os
possíveis resultados desta pesquisa, buscam desvelar a necessidade de se
repensar sobre as práticas de formação continuadas dos professores,
demonstrando que é possível novos caminhos, novas formas de organizar as
aprendizagens docentes.
REFERÊNCIAS
91
MOURA, M. O. O educador matemático na coletividade de formação: uma
experiência com a escola pública. 2000. Tese (Livre-Docência) -Universidade de
São Paulo, São Paulo, SP, 2000
92
ENSINO DE QUÍMICA: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Resumo
O ensino de Química precisa ser contextualizado, problematizado e interdisciplinar, visando formar
o cidadão reflexivo e crítico. Para tanto, é importante que o professor planeje as aulas e atividades
por meio de temas sociocientíficos. O tema alimentação saudável pode ser abordado no ensino da
Química. A alimentação saudável é aquela preparada com cuidados de higiene e oferece todos os
nutrientes em quantidades adequadas a cada pessoa. O consumo de alimentos industrializados
pode levar a população a desenvolver a obesidade, doença que pode acarretar no surgimento de
outras doenças tais como a diabetes, hipertensão e colesterol alto. No espaço escolar observa-se
o consumo de muitos alimentos industrializados e o desconhecimento dos riscos dos maus hábitos
alimentares para a saúde. Este trabalho teve por objetivo trabalhar a alimentação saudável e os
elementos químicos essenciais para a saúde. O projeto alimentação saudável foi elaborado na
disciplina de Prática de Docência em Química I e desenvolvido em um Centro Estadual de
Educação Básica de Jovens e Adultos na cidade de Curitiba, no 2º semestre de 2017. O tema
alimentação saudável e os conteúdos foram abordados em aulas expositivas dialogadas
contextualizadas e problematizadas. Como estratégias de ensino e aprendizagem foram
desenvolvidas duas atividades: o jogo de tabuleiro intitulado “Corrida saudável” e a construção da
pirâmide alimentar interativa. Os educandos relataram que as aulas foram dinâmicas,
interessantes e significativas, pois possibilitaram a compreensão da importância dos elementos
químicos e da alimentação saudável para a preservação da saúde.
Introdução
1
Curitiba. Química. Licencianda em Química da UFPR. Contato: janaschulis@hotmail.com
2
Curitiba. Química. Licencianda em Química da UFPR. Contato: bia_2511@hotmail.com
3
Curitiba. Química. Licencianda em Química da UFPR. Contato: kelsantosg@gmail.com
4
Curitiba. Química. Orientadora. Prof.ª Doutora em Tecnologia de Alimentos. Contato:
lianemvb@ufpr.br
93
A Ciência Química precisa ser ensinada de forma contextualizada,
problematizada e interdisciplinar, visando formar o cidadão reflexivo e crítico. Para
tanto, é importante que o professor planeje as aulas e atividades por meio de
temas sociocientíficos.
94
substâncias químicas que fazem parte dos alimentos e que são absorvidas pelo
organismo, sendo indispensáveis para o seu funcionamento”.
A pirâmide alimentar no processo de educação alimentar e
nutricional, apresenta-se como um guia eficaz para o cumprimento destas
recomendações (PHILIPPI, et al. 1999, p. 4).
O guia alimentar para população brasileira descreve que:
95
Metodologia
96
Química, as suas aplicações e implicações e demonstram como o cidadão pode
aplicar o conhecimento na sua vida diária”.
Ao problematizar os conteúdos o professor possibilita que o aluno
participe ativamente do processo de ensino e aprendizagem, pois promove a
reflexão para propor soluções para um problema da vida real.
As estratégias de ensino e aprendizagem foram: o levantamento dos
conhecimentos prévios sobre o tema, os nutrientes, a qualidade dos alimentos, a
importância da atividade física para a saúde; e o desenvolvimento e aplicação de
dois materiais didático-pedagógicos.
O tema foi abordado por 3 estagiárias do Curso de Licenciatura em
Química noturno da Universidade Federal do Paraná, matriculadas na disciplina
de Prática de Docência em Química I.
Resultados e Discussão
97
bebiam entre 1 e 2 litros de água por dia, 12% bebiam 2 litros de água e 18%
alunos responderam que bebiam mais de 2 litros por dia.
Com base nos resultados da pesquisa dos hábitos alimentares dos
educandos foram definidos os alimentos para trabalhar com os estudantes.
O tema alimentação saudável foi trabalhado em seis aulas a partir da
abordagem dos alimentos: reguladores, construtores, energéticos e energéticos
extras. Os alimentos reguladores foram trabalhados em duas aulas geminadas.
Com base na composição química dos alimentos reguladores foi explicada a
história da Tabela Periódica. Os alimentos construtores foram trabalhados em
duas aulas, sendo explicado o conteúdo de distribuição eletrônica dos elementos
químicos presentes na composição dos alimentos. Os alimentos energéticos e
energéticos extras foram abordados com base na sensibilização dos educandos
sobre o consumo moderado destes alimentos, para manutenção da saúde. Na
sequência foi trabalhada a distribuição eletrônica dos nutrientes minerais destes
alimentos.
Ao início de cada aula eram levantados os conhecimentos prévios dos
estudantes. Esta estratégia estimulou os educandos a participarem das aulas.
Paulo Freire (2011, p. 100) afirma que “a educação problematizadora se
faz assim, um esforço permanente através do qual os homens vão percebendo,
criticamente, como estão sendo no mundo com que e em que se acham”.
A estratégia da problematização também foi contemplada nos materiais
didático pedagógicos produzidos. Os materiais didático pedagógicos
desenvolvidos e aplicados foram o jogo de tabuleiro intitulado “Corrida saudável”
e a construção da Pirâmide alimentar interativa. O desenvolvimento das
atividades com os materiais exigiu a consulta da Tabela Periódica, a leitura, a
escrita e a fala. Para socializar os conhecimentos produzidos no desenvolvimento
da temática foram elaborados um folder e uma página no Facebook sobre a
alimentação saudável.
As atividades desenvolvidas com o jogo corrida saudável e da construção
da Pirâmide alimentar estimulou a socialização, a participação ativa dos
estudantes e aprendizagem dos conteúdos de Química.
De acordo com Marcia Borin da Cunha (2012, p. 96) “no ensino de
ciências e, mais especificamente, no ensino de química, os jogos didáticos podem
e devem ser utilizados como recurso didático na aprendizagem de conceitos”.
98
Para tanto, é importante que o jogo didático proporcione a diversão e a
ação educativa. Segundo Tizuko Morchida Kishimoto (1996), “a função lúdica
está relacionada ao caráter de diversão e prazer que um jogo propicia. A
educativa se refere à apreensão de conhecimentos, habilidade e saberes”.
99
As estratégias da contextualização e da problematização dos elementos
químicos presentes nos alimentos mais consumidos pelos educandos,
proporcionaram a aprendizagem significativa da distribuição eletrônica dos
elementos químicos e da estrutura da Tabela Periódica.
Os educandos compreenderam que a Tabela Periódica não deve ser
memorizada e que é importante entender como os elementos químicos são
organizados na Tabela.
Segundo Wildson Luiz Pereira dos Santos e Roseli Schnetzler (2010, p.
120) “o ensino para a cidadania caracteriza-se por uma apresentação inicial de
um tema social, a partir do qual se introduzem os conteúdos científicos”.
Os educandos apontaram que as aulas de Química foram mais
interessantes, pois foi possível entender a presença dos elementos químicos nos
alimentos e a importância dos mesmos para a saúde.
Os educandos informaram que começaram selecionar os alimentos com
mais atenção e lerem os rótulos dos alimentos industrializados. Alguns educandos
afirmaram que os conhecimentos trabalhados em sala de aula sobre a
alimentação saudável foram explicados para suas famílias.
O conhecimento sobre alimentação saudável é um direito de todo
cidadão. A temática da alimentação saudável deve ser inserida no currículo
escolar, visando educar os estudantes sobre a importância dos nutrientes para a
saúde e do direito à alimentação adequada.
A metodologia da pesquisa-ação possibilitou a reflexão crítica das
licenciandas nas ações planejadas, desenvolvidas e avaliadas.
O desenvolvimento do estágio com os educandos da EJA possibilitou
compreender a importância de planejar as aulas contextualizadas,
problematizadas, de trabalhar com materiais didático pedagógicos criativos,
visando ensinar a Química a todos os educandos, respeitando o nível de
aprendizagem e a socialização.
100
Conclusões
Referências
101
CUNHA, Marcia Borin da. Jogos no ensino de Química: considerações teóricas
para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 34,
n. 2, p. 92-98, maio 2012. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf>. Acesso em: 29 maio
2018.
GOMES, Helen Mara dos Santos.; TEIXEIRA, Estelamar Maria Borges.. Pirâmide
alimentar: guia para alimentação saudável Boletim Técnico IFTM, Uberaba, ano
2, n.3, p.10-15, set./dez., 2016.
102
______.; ______. Educação em química: compromisso com a cidadania. 4.ed.
Ijuí: UNIJUÍ, 2010.
103
ANÁLISE DE UM OBJETO DE APRENDIZAGEM SOB O VIÉS DA TEORIA
HISTÓRICO CULTURAL
Resumo
A presença nas salas de aula de recursos tecnológicos, associados com propostas
contextualizadas, pode oferecer resultados que potencializem o aprendizado dos estudantes,
desde que sejam selecionados de forma adequada. Tais recursos são derivados das Tecnologias
de Informação e Comunicação e podem ser apresentados sob a forma de recursos educacionais,
entre eles os Objetos de Aprendizagem. Por meio da utilização de Objetos de Aprendizagem, o
professor exerce um papel relevante na mediação do conhecimento ao seu estudante. Para tanto,
é importante que o professor esteja familiarizado com o potencial desses recursos, considerando-
os como instrumentos pedagógicos na preparação de suas aulas. Principalmente estar ciente
quanto a seleção do Objeto de Aprendizagem, a qual é tarefa a ser fundamentada teoricamente,
para que esse possa contribuir para a construção do conhecimento do estudante. A partir da
leitura de textos da teoria materialista histórico-dialético de Karl Marx e Friedrich Engels e da teoria
histórico-cultural criada por Vigotsky e seus seguidores - entre eles Davydov, compreende-se que
o processo de ensino deve ser organizado em um ambiente que valorize a interação e o trabalho
coletivo entre os estudantes, objetivando o desenvolvimento do conhecimento teórico. Diante
desses fatos, o presente artigo analisou a aplicação do Objeto de Aprendizagem denominado
‘Calculando Trigonometria’, para estudantes do segundo ano do Ensino Médio de uma escola
pública da rede municipal de Curitiba, com base no par dialético empírico e teórico e da teoria
histórico-cultural. Observou-se que a organização do Objeto de Aprendizagem em fases apresenta
características da condução do pensamento empírico nos estudantes.
1. Introdução
1
Curitiba. Matemática – Mestranda pelo Programa de Formação Científica, Tecnológica e
Educacional da UTFPR, Professora de Matemática da rede pública da Prefeitura Municipal de
Curitiba: josyleine.silva@gmail.com
2
Curitiba. Educação Matemática. Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo.
Professora do Departamento Acadêmico de Matemática da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.mlpanossian@utfpr.edu.br
104
Para Audino e Nascimento (2010), a cada dia as escolas procuram aderir
a realidade da era do computador e da internet, apoiando-se em recursos
oriundos das TIC, para complementar o processo de ensino e aprendizagem.
Como exemplo desses recursos que o professor pode ter a sua disposição,
encontramos os Objetos de Aprendizagem (OA).
Frente a esse cenário, em que as TIC são consideradas instrumentos
pedagógicos no ambiente escolar, o presente artigo por meio de uma abordagem
qualitativa, apresenta a análise de uma aula de matemática para estudantes do
segundo ano do Ensino Médio de uma escola pública da rede estadual que
envolve o ensino da trigonometria no triângulo retângulo, e utiliza OA ‘Calculando
Trigonometria’1. Com o intuito de revelar se as ações necessárias para resolver
suas situações problemas os conduzem estudante a construir o pensamento
teórico.
1
Disponível em: https://scratch.mit.edu/projects/155682650/#fullscreen Acesso em: 28 mar 2018.
105
sofrem modificações com a utilização das novas tecnologias (JANEGITZ,
2016, p. 34).
Sua definição surge de acordo com uma concepção própria dos autores
acerca da utilidade e importância do Objeto para o ensino e a
aprendizagem e varia de acordo com a abordagem proposta e os
aspectos que estão associados ao seu uso educacional (AGUIAR.
FLORES, 2014, p. 13).
106
Segundo Sabbatini (2012), os OA apresentam na sua estrutura algumas
características que os distinguem dos demais recursos didáticos por
características como:
1) Reusabilidade: o OA pode ter a possibilidade de uso em diferentes
contextos educativos, proporcionando eficiência econômica em sua preparação e
desenvolvimento, ao reduzir custos associados ao desenvolvimento de futuros
cursos e materiais didáticos;
2) Portabilidade: permite o uso por meio de diferentes plataformas
técnicas;
3) Modularidade: o OA pode conter ou estar contido em outros objetos,
com a perspectiva de combiná-los;
4) Autossuficiência: na finalidade de ter sentido, não necessita depender
de outros OA;
5) Descrição de metadados: são registros de informações dos OA, tais
como: autor, palavra-chave, criador/autor idioma e objetivos educacionais. Os
metadados facilitam a busca do OA, no repositório, e devem ser escritos em uma
linguagem clara e padronizada.
Tais elementos podem ser observados no objeto ‘Calculando
Trigonometria’ desenvolvido dentro do software Scratch e, portanto, esse foi
considerado objeto de aprendizagem para análise neste artigo.
107
objetiva, coincide por conteúdo com o objeto que fora dele se encontra porque ele
mesmo se movimenta segundo as leis do objeto.” (KOPNIN, 1978, p. 55). As leis
do materialismo histórico-dialético só se revelam em seus pares dialéticos com
propósitos contrários, mas que não podem existir um sem a presença do outro.
Estabelecem a lógica do pensamento científico teórico, ou seja, a criação do
movimento de um conceito a outro com mais propriedade em relação ao objeto
em estudo. (KOPNIN, 1978). Todos os pares dialéticos estão relacionados entre
si. Como exemplos, encontramos os pares dialéticos empírico/teórico,
lógico/histórico, concreto/abstrato, forma/conteúdo etc (MARTINS; SOUZA;
MORETTI, 2016).
Neste artigo o objeto de aprendizagem será analisado considerando os
processos de pensamento empírico e teórico.
O pensamento é uma atividade intelectual teórica do homem à sua
consciência, logo, ele unifica o sujeito e o objeto. Dessa forma, o objeto deve
estar em sintonia com a atividade do sujeito. O homem a partir do pensamento
produz conceitos partindo de pares de contrários que se fazem como unidade de
opostos. (KOPNIN, 1978).
O pensamento empírico, segundo Davydov (1990), é decorrência de
interpretações sensoriais, que se revelam por repetições externas, analogias, ou
seja, uma generalização formada por um princípio de concordância abstrata e
formal, que assentarão a base para a construção do conteúdo concreto. As
“relações empíricas podem ser expressadas verbalmente como os resultados das
observações sensoriais.” (IBIDEM, 1990, p. 119, tradução nossa).
Conforme Davydov (1990), o pensamento teórico é composto pelo ser
mediado e é resultado da atividade prática por objetos e pela reprodução destes
objetos na atividade do trabalho, pela suas leis e medidas, como uma experiência
de caráter objeto sensorial. Por conseguinte, essa experiência “adquire cada vez
mais um caráter cognitivo, permitindo às pessoas, com o tempo, passar a uma
experimentação mental, a mentalmente atribuir uma certa interação, uma forma
definida do movimento, a objetos.” (DAVYDOV, 1990, p. 116, tradução nossa).
Mas, tanto o conhecimento empírico quanto o conhecimento teórico têm
como referência comum a percepção dos objetos. No entanto, o conhecimento
teórico vai além da externalidade, que expõe apenas as propriedades individuais
do objeto, e procura construir o conceito através de relações entre suas
108
propriedades nos mais diversificados meios de atividade intelectual (PANOSSIAN,
2008).
Vigotsky ao realizar seus estudos sobre o processo de construção do
pensamento e da linguagem não cita os termos empírico e teórico, mas apoderou-
se do âmago do marxismo para fundamentar sua pesquisa e compreender as
contradições pertinentes às funções psíquicas superiores.
Cabe ressaltar a importância da escola, dos professores e dos ambientes
de aprendizagem para incentivar o desenvolvimento psicológico dos estudantes,
considerando as funções psíquicas superiores.
109
Entre o machado de pedra do homem primitivo e o complexo
computador eletrônico moderno há uma enorme distância. No entanto há
certa afinidade entre eles: ambos são instrumentos de trabalho humano,
em qualquer parte o homem usa as propriedades físicas e mecânicas
dos objetos como instrumentos de sua atividade. Mas o machado
primitivo de pedra e suas propriedades reforçavam a mão do homem
para sua atuação sobre os objetos do mundo exterior no processo do
trabalho físico, enquanto que o computador eletrônico moderno reforça o
cérebro do homem em sua atividade intelectual cognitiva. São as
condições de uma civilização desenvolvida, de uma ciência e técnica
madura, o pensamento é suprido de instrumentos que ajudam
imediatamente o homem a pensar, refletir o objeto (KOPNIN, 1978, p.
137).
110
conhecimento, poderá adquirir conhecimentos compartilhados entre seu meio
social (interpsíquicos) e na sequência ter a oportunidade de internalizá-los
(intrapsíquicos).
4. Metodologia
1
O Scratch é um software idealizado pelo grupo Lifelong Kindergarten no Media Lab do
Massachusetts Institute of Technology (MIT), criado em 2003 e disponibilizado para uso em 2007.
O Scratch se utiliza de blocos lógicos e itens de imagem e som, que permitem ao usuário a
criação e o compartilhamento de jogos, histórias e animações interativas. O software possibilita
aos seus usuários experimentar e conhecer projetos desenvolvidos por outras pessoas e,
principalmente, ter a opção de reutilizá-los e adaptá-los de acordo com as suas necessidades. Ele
foi desenvolvido para ser usado pela faixa etária dos oito a dezesseis anos, mas é amplamente
utilizado por pais e professores em geral.
111
pública da rede estadual, pelo viés da teoria histórico-cultural e considerando
indícios do pensamento empírico e teórico.
FONTE: https://scratch.mit.edu/projects/155682650/#fullscreen
112
estudantes foi dividida em duas partes. Os primeiros vinte estudantes acessaram
o software em duplas, enquanto os demais onze estudantes restantes
aguardavam o término do uso pelos primeiros estudantes para na sequência
interagirem com o jogo (FIGURA 2).
113
A cada resposta correta os estudantes ganhavam um ponto e se
empolgavam, demonstrando interesse para dar continuidade as fases seguintes
do jogo, o que os conduzia a construir o conhecimento da trigonometria no
triângulo retângulo. Quando a resposta estava errada, automaticamente as duplas
perdiam um ponto e ficavam um pouco frustradas, pois queriam retornar e refazer
a questão que erraram. Desse modo, o uso de OA se caracteriza como um
instrumento pedagógico, que contém signos, que incorporam o conhecimento
passado pelo objeto e potencializam os processos psíquicos superiores do
estudante (OLIVEIRA, 1997).
FONTE: FONTE:
https://scratch.mit.edu/projects/155682650/#full https://scratch.mit.edu/projects/155682650/#full
screen screen
114
Ao realizar a análise do OA quanto a presença de elementos do
pensamento teórico, observou-se que as atividades do jogo apresentado pelo
objeto, não exigiam dos estudantes nexos entre os conceitos trigonométricos.
Logo, revelou-se primordialmente elementos do pensamento empírico, a medida
que, o estudante não precisou externalizar seu conhecimento, ou seja, como
afirma Panossian (2008), não lhe será exigido que utilize de relações entre as
propriedades da trigonometria para articular seus conceitos científicos,
proporcionando o pensamento teórico.
6. Considerações finais
115
conhecimento real do estudante por meio do compartilhamento da situação com a
qual estão envolvidos.
Mas a análise do OA ‘Calculando Trigonometria’ tem características que
conduzem à formação do pensamento empírico, por ser uma sequência de
perguntas e respostas, que conduzem o estudante à classificação de lados e
ângulos do triângulo retângulo, indicando um modelo geral de resolução e
aplicando à situação de cálculo da altura da árvore. Nesta situação o conceito de
seno, como sendo a razão entre dois lados do triângulo que se mantém para o
mesmo ângulo, independente do tamanho dos lados, não se apresenta.
Não se desconsidera a importância da forma de pensamento empírico no
processo de construção do conhecimento científico, entretanto ele é insuficiente
para a formação do conceito.
Desse modo, espera-se que a conclusão desse artigo possa contribuir
para o ensino e a aprendizagem em ambiente escolar. Que a análise desse OA
‘Calculando trigonometria’ sob à luz da teoria histórico-cultural, possa oferecer
subsídios pedagógicos aos professores para que estes possam ter um referencial
teórico no momento de aplicar um OA como recurso pedagógico.
Referências
116
Educação Matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999,
p. 129- 136.
117
SABBATINI, M. Reflexões críticas sobre o conceito de Objeto de Aprendizagem
aplicado ao ensino de ciências e matemática. Revista de Educação Matemática
e Tecnologia Iberoamericana. v.3, n.3. p 1-36. 2012.
118
UMA PROPOSTA INVESTIGATIVA NO ENSINO DE FÍSICA: EXPERIMENTOS
UTILIZANDO UM FORNO MICRO-ONDAS
Karine Karsten1
Dilcléia Dobrowolski2
Resumo
Autores como Carvalho (2010), Soares (2010) e Belluco (2014) apontam a abordagem
investigativa como um caminho interessante para o ensino de ciências. Portanto pautado nesses
autores, esse trabalho apresenta a construção, implementação e o apontamento de alguns
resultados de uma pesquisa-ação baseada em uma proposta do ensino de Física, que se
constituiu utilizando o modelo de uma aula investigativa, com a exploração de experimentos em
um forno de micro-ondas. O projeto foi implementado com uma turma do terceiro ano do Ensino
Médio de uma escola pública. A metodologia utilizada na proposta se resume na seguinte ordem:
a) sondagem de conhecimentos prévios; b) implementação de cinco experimentos problema; c)
escrita das primeiras hipóteses por parte dos estudantes para responder aos problemas; d)
explicação dialógica sobre o forno micro-ondas e seus princípios funcionais; e) debate sobre as
hipóteses levantadas pelos estudantes e reescritas das mesmas. Os experimentos utilizados
tinham os seguintes nomes: CD que se auto desenha, esponja com espuma dançante, lâmpadas
que se acendem sem estarem conectadas a um fio de energia elétrica, marshmallow que não
derrete por igual, balão explosivo. Dessa forma, buscamos explorar a relação de alguns conceitos
físicos com a tecnologia presente no cotidiano, ondas eletromagnéticas, comportamentos das
moléculas, conservação e transformação de energia, reflexão das ondas física moderna e
contemporânea ao abordar esses específicos assuntos; a arte de problematizar, resolver
situações problemas a partir da construção de hipóteses e aquisição da linguagem científica. De
maneira geral, adiantam-se alguns resultados observados no caso em estudo: a abordagem
investigativa tende a despertar a imaginação dos estudantes e a ser mais construtiva quando eles
trabalham em grupo; ainda há a necessidade de mais atividades para desenvolver a linguagem
científica deles e a maioria dos estudantes apresentou um avanço conceitual em suas escritas e
falas.
Introdução
1
Jaraguá do Sul-SC. Cursa atualmente o mestrado acadêmico em educação na Universidade
Federal do Paraná (UFPR), se formou em Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação
em Física pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), se formou no magistério pela Escola
Estadual de Ensino Básico Heleodoro Borges. Além dos processos formais de formação teve
várias experiências práticas com o ensino durante nove anos. Contato: karstenkarine@gmail.com
2
Jaraguá do Sul-SC. Atualmente é professora do curso de Licenciatura em Física no Instituto
Federal de Santa Catarina. Possui graduação em Física pela Universidade Federal do Paraná, nas
modalidades licenciatura e bacharelado e mestrado em Física pela Universidade Federal do
Paraná. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física dos Fluídos, Teoria cinética dos
gases e Ensino de Física. Contato: dilcleiado@gmail.com
119
de forma interdisciplinar e epistemológica, procurou-se criar uma sequência
didática que contribuísse para minimizar essa lacuna. Portanto, neste trabalho,
procura-se expor a implementação de uma pesquisa-ação por meio de uma
sequência didática experimental investigativa sobre o forno micro-ondas.
Esta proposta tenta superar as concepções tradicionais de ensino de
ciências através da sensibilização dos estudantes para um aumento de sua
argumentação, de transposição do novo conhecimento para a vida social que vise
a enculturação científica dos estudantes trabalhando com graus de liberdade
intelectual que são mais complexos de se ter na escola de acordo com Carvalho
(2010). Existem diversos enfoques de utilização da abordagem investigativa e
diferentes consequências no processo de ensino e aprendizagem. Assim sendo,
se traz alguns autores para referenciar a proposta que será apresentada.
Para Carvalho (2010) o ensino por investigação pode se constituir em
diferentes graus de liberdade intelectual (de acordo com a metodologia escolhida)
e a autora estabelece cinco diferenciações entre eles. A tabela a seguir
exemplifica os possíveis graus de acordo com a liberdade que se dá ao estudante
no processo de investigação. Nessa tabela, a letra A representa a participação do
aluno e a letra P a participação do professor no processo de construção e
execução de experimentos.
Relação dos graus de liberdade intelectual dado aos estudantes durante uma investigação
de acordo com a metodologia empregada.
Grau I Grau II Grau III Grau VI Grau V
Problema P P P P A
Hipóteses P P P A A
Plano de trabalho P P A A A
Obtenção de dados A A A A A
Conclusões P A A A A
Fonte: Adaptada de Carvalho 2010, p. 55. (Data:11 de junho de 2018).
120
decida como ele vai fazer para resolver algum problema, traçando assim o seu
plano de trabalho. O grau VI é ganho quando além da obtenção de dados,
conclusão e plano de trabalho se viabiliza ao estudante construir suas próprias
hipóteses sobre determinado problema, para depois testa-las. Por fim, o grau V é
alcançado quando até o problema de investigação parte do estudante.
Diante desses graus (do menor para o maior) conforme a liberdade
cedida aos estudantes em um experimento, estimula-se que ele se torne:
repetidor de ideias, pacífico, crítico e questionador, criativo ou autônomo, crítico e
criativo. E os graus de liberdade almejadas neste trabalho se encaixam no
terceiro e quarto citados pela autora que são os de produção de hipóteses,
obtenção de dados, e conclusões.
O problema por traz das cinco partes de toda investigação era “ Quais são
os princípios de funcionamento do forno micro-ondas para que ele tenha
resultados finais diferentes de acordo com o que se coloca nele? ”, logo este e o
plano de trabalho foram gerados pela pesquisadora. “Porque somente a
implementação de experimentos para comprovar a veracidade de um fato não
traz aprendizado, e pouco estimula as pessoas a serem seres pensantes”
(ALVES, 2000, p. 256).
Soares (2010) utiliza aulas investigativas experimentais apoiadas na
utilização de material alternativo com a finalidade de analisar a existência de
interações lúdicas nessas atividades no ensino Médio. Essa aula tem um
estudante que discute ideias, elabora hipóteses e usa da experimentação para
compreender os fenômenos que ocorrem. A participação do professor é dada na
mediação do conhecimento e na provocação para a aquisição do conhecimento.
Em relação a isso, Belluco (2014) enfatiza que a preocupação com o
ensino investigativo existe desde o 1950 após o lançamento do primeiro satélite
artificial no espaço, durante o período da Guerra Fria. Sendo assim, o autor
também elaborou um roteiro para descrever uma sequência didática experimental
investigativa dentro do assunto de quantidade de movimento, sua conservação e
as leis de Newton. Dessa forma ele traz algumas referências essenciais para
preparação de aulas mais interessantes e motivadoras para os estudantes e
também para os professores.
Diante desse contexto escolheu-se o forno micro-ondas como objeto de
estudo para elaborar a abordagem investigativa por vários motivos, dentre os
121
quais podem-se citar: a) a grande quantidade de conceitos físicos nele envolvido;
b) no contexto que se realizou a pesquisa a maior parte dos estudantes possuía
esse aparelho em sua casa, ou seja ela fará ou faz parte da vida desses sujeitos;
c) a história de seu desenvolvimento possibilita outras questões, como os males e
benefícios do uso do forno (Dvorsky, 2012, p. 1) e d) pela origem controversa do
aparelho micro-ondas (inicialmente utilizado para a guerra). Para o estudo do
forno micro-ondas em si utilizou-se o trabalho de May (2008), no qual ela aborda
a utilização desse aparelho para o experimento com um disco rígido de
computador e Barbosa (2001) que fala sobre os princípios de funcionamento
desse aparelho. Já os experimentos, quatro deles foram adaptados de Pelizer
(2018) e Rosini, Nóbrega, Nascentes (2004) o outro experimento foi criado pelas
autoras.
122
uma prévia da zona de desenvolvimento real 1 dos estudantes, e indicaram
caminhos de onde partir para atingir a zona de desenvolvimento proximal2. Isso
concorda com Piaget que afirma: “Para que um novo instrumento lógico se
construa, é preciso sempre instrumentos lógicos preliminares; quer dizer que a
construção de uma nova noção suporá sempre substratos, subestruturas
anteriores " (1983, p. 2015).
Tendo em vista esses conhecimentos prévios, elaborou-se um primeiro
questionário de diagnóstico e a primeira pergunta do questionário foi: Você sabe
utilizar o forno micro-ondas? Ela servia para constatar se realmente o forno micro-
ondas participava do cotidiano do estudante. Se sim, era uma oportunidade do
estudante de ver com um olhar diferente esse aparelho, induzindo-o a aprofundar
seu conhecimento sobre o tema e verificando mais sobre os devidos cuidados e
possibilidades que o mesmo exige. Se não, esse projeto também era uma
oportunidade de oferecer ao estudante uma experiência útil futuramente, já que
se está em uma época de avanço tecnológico. As respostas obtidas nessa
primeira pergunta era de que todos os vinte e seis estudantes sabiam utilizar o
forno micro-ondas para o aquecimento de alimentos.
A segunda pergunta foi: Você conhece os processos produzidos pelo
forno micro-ondas para gerar o aquecimento da substância água? Essa pergunta
visava averiguar qual a noção do funcionamento do forno micro-ondas que os
estudantes tinham, mesmo se não o utilizavam. Cinco estudantes afirmaram
conhecer os processos produzidos pelo forno para gerar o aquecimento, porém,
eles não demonstraram nenhum conhecimento pertinente às propriedades de
aquecimento utilizadas pelo forno.
A terceira e última pergunta foi: você poderia indicar os fenômenos físicos
responsáveis pelo funcionamento do forno micro-ondas? Essa pergunta buscava
perceber se o estudante conseguia relacionar os conceitos físicos com o
funcionamento desse eletrodoméstico, e por isso pedia para citá-los de forma
descritiva. Diferente da questão anterior, ela procurou examinar o nível de
profundidade dos conceitos que o estudante já possuía. Apenas dois estudantes
1
Esse conceito é construído por Vigotski (1998) e significa as habilidades e competências já apropriados do
educando.
2
Como professores sempre se objetiva a zona de desenvolvimento proximal (habilidades e competências
que visavam ser construídas, mas que os estudantes ainda não possuíam), portanto se trabalha nela até
torná-la real. Sendo assim um constante ciclo de formação (Vigostski, 1998).
123
relacionaram o forno micro-ondas com os conceitos físicos, porém, a forma na
qual essa foi expressa apresentou baixos graus de profundidade, sendo utilizado
por eles no máximo cinco caracteres para a descrição de um processo rico em
detalhes1.
Realizou-se a obtenção desses dados a partir do questionário respondido
pelos estudantes e analisados com uma semana de antecedência da
implementação do projeto. De acordo com as respostas apresentadas, foi
possível traçar levemente um perfil dos estudantes e dos seus conhecimentos
prévios acerca do objeto de estudo. Então, iniciou-se a implementação do projeto
com o nível de conceitos técnicos considerados cabíveis pela pesquisadora, já
que de nada adianta reunir informações se elas não auxiliarem a orientar as
atividades, agrupamentos e intervenções. Cabe ao bom senso do professor
utilizar o projeto num grau maior de complexidade, para assim, explorar mais o
potencial dos estudantes.
Implementação do projeto.
1
Utilizou-se o trabalho de May (2008) e Barbosa (2001) para entender o processo de funcionamento do
forno micro-ondas e seus princípios físicos, nesses trabalhos se encontra uma gama de detalhes acerca do
mesmo.
2
O processo de execução do experimento está disponível em PELIZER (2018).
3
O experimento foi modificado do trabalho DUARTE (2014).
4
O processo de execução do experimento está disponível em PELIZER (2018).
5
O experimento foi modificado do trabalho de ROSINI, NASCENTES e NOBREGA (2004).
124
balões cheios de ar e uma vela para o experimento do “Balão explosivo” 1 . O
quadro a seguir traz imagens de cada um destes experimentos utilizados.
1
Experimento criado pelas autoras.
125
As formas de avaliação foram constituídas pela participação nas aulas,
envolvimento na apresentação e a evolução conceitual das primeiras até a última
hipótese criada.
Resultados
126
Após o forno ser ligado por dez segundos, observou-se que alguns derreteram e
outros não. Os estudantes foram questionados do porquê de os marshmallows
derreterem de forma desigual. A seguir então mostramos um quadro com os
resultados quantitativos e qualitativos das primeiras até as últimas hipóteses
elaboradas pelos estudantes, bem como as perguntas suscitadas para sua
discussão.
127
micro-ondas. A energia é emitida em só um lado, ela não consegue atingir todos os lados. E o
prato giratório justamente é para ajudar”
Fonte: Arquivo próprio (Data: 11 de julho de 2018).
Conclusão:
Tem-se certeza que este projeto poderia ser melhor explorado, porém
para isso seria necessário mais tempo para a sua implementação. Ela trouxe
resultados positivos para a turma escolhida, porém apontamento de condições de
trabalho mínimos que o professor precisa ter para sua execução como tempo de
planejamento (se necessitou um esforço muito grande para ler e conhecer um
pouco de cada um dos alunos, no total foram lidas 260 hipóteses, isso somente
em uma turma). O trabalho de comparar, e pensar em qual etapa do
conhecimento de física que o aluno está é lento, além do preparo de material,
pesquisa e conteúdo. Logo, se vê essa proposta como um ideal de educação, não
impossível de ser realizada, porém, trabalhosa e que muitas vezes o estado não
propicia as condições para sua realização. São necessárias políticas
governamentais para dar espaço abordagens trabalhosas como essa em que se
pensa no desenvolvimento do sujeito, do seu ponto de partida, não homogêneo.
128
Sobre o conhecimento que os alunos demostraram, acreditamos que
ainda há um abismo entre a teoria e a prática nas significações que eles
conseguem estabelecer. Eles até conseguem reproduzir contas de física e utilizar
algumas palavras do âmbito desse conhecimento, porém não conseguem ter
clareza sobre o significado real das contas e das palavras que eles mesmo
utilizam. Esse aspecto se observou nas primeiras hipóteses, por exemplo: eles
utilizaram a palavra raio para se dirigir as ondas eletromagnéticas, a palavra raio
tem como sentido uma descarga elétrica aérea, acompanhada de estrondo
(trovão) e de luz (relâmpago). É visível que o aluno não teve essa percepção ao
utiliza-la para criar uma hipótese. O mesmo se observou em várias perguntas,
palavras e ações dos alunos.
De forma geral percebeu-se um interesse dos alunos nos experimentos,
participação efetiva na criação de hipóteses e melhoria considerável na reescrita
das hipóteses com o uso da linguagem científica. Das discussões com a turma ou
nos grupos ficou evidente a evolução do conhecimento adquirido no que concerne
a linguagem científica e sua aplicação na explicação dos fenômenos.
Sugere-se que em outras implementações se utilize apenas dois
experimentos de cada vez e os trabalhe de forma mais aprofundada com relação
ao forno micro-ondas ou demais conceitos físicos. Afinal, aquilo que não se
conseguiu trabalhar se manteve nas hipóteses, em uma escolha de experimentos
concentrada otimizam-se o tempo e o espaço escolar como local de
desconstrução e reconstrução. Além disso, uma construção de hipóteses em
grupos de até quatro pessoas normalmente tende a trazer conversas mais
enriquecedoras para a reflexão acerca dos conhecimentos científicos.
Agradecimentos e apoios
129
Referências
MAI, Ivo; BALZARETTI, Naira Maria; SCHMIDT, João Edgar. Textos de apoio ao
professor de física: Utilizando um forno de micro-ondas e um disco rígido
de um computador como laboratório de física. Rio Grande do Sul, 2008.
Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Física), Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
130
PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética/Sabedoria e Ilusões da
Filosofia/Problemas de Psicologia Genética. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural,
1983.
131
MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS: ÓPTICA, ARTE E TECNOLOGIA
Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar uma sequência didática que une Óptica, Arte e
Tecnologia, propondo o ensino dos conceitos introdutórios básicos de Óptica mediados pelas telas
de Joseph Wright (1734-1797) e pela plataforma de mídia social Edmodo. Na Física, utilizam-se
muitas imagens para explicar, exemplificar, imaginar fenômenos. A imagem e seus significados
sempre foram importantes para as Ciências. A internet faz uso das linguagens escrita e
audiovisual. As telas de Joseph Wright trazem a possibilidade de pensar a Física e seus conceitos
a partir de uma perspectiva diferente que contempla também Arte, História, Sociologia, Filosofia,
Química, Biologia, justamente porque foi produzida em uma época de revoluções e mudanças no
pensamento com a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e o Iluminismo. Três atividades
foram propostas: descrição de telas de Joseph Wright, questionário sobre o contexto histórico e
fotografias contextualizadas. Esta é uma pesquisa qualitativa com procedimentos metodológicos
de pesquisa-ação e coleta de dados por observação sistemática e participante. Concluiu-se que o
conjunto Óptica, Arte e Tecnologia consegue potencializar o ensino de conceitos de Óptica.
Considerando a complexidade dos elementos envolvidos na pesquisa - as telas de Joseph Wright
e o Edmodo - a postura dialógica nas práticas mostrou que os grupos de estudantes são
potencialmente colaborativos quando estes elementos novos são introduzidos junto com os
conteúdos da disciplina. Entender os significados atribuídos pelo grupo, às atividades e
discussões, é muito importante para verificar se mudanças ocorreram na apropriação da
linguagem e nos usos do conteúdo. Existe uma resistência ao uso da tecnologia para fins
educativos por parte dos alunos, contudo analisar e produzir imagens desperta o aluno para o
aprendizado de Física e a apropriação da linguagem da disciplina.
Introdução
1
Pinhais. Docente de Física do Ensino Médio (SEED-PR). Licenciatura em Física (UFSC),
Bacharelado em Administração (UFSC), Especialista em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares
(FACVEST), Tecnologias em EaD (UNICID), Especialista em Educação à distância com ênfase na
formação de tutores (FSB), Mestra em Ciências (UTFPR). Contato: perez.kelly@gmail.com
132
O professor deve tentar a construção de significados partindo de sua
disciplina levando a um nível de entendimento gradativamente maior e que se
estenda por questões diversas, escolares e sociais. Para isso, pode lançar mão
de vários materiais (livros, textos, artigos...) e tecnologias (imagens, sons,
softwares, computadores,...), bastando criar maneiras diferentes de usá-los.
As plataformas de mídia social desenvolvidas para fins educativos
fornecem mais uma possibilidade de ação educativa, que acrescentada às
metodologias existentes podem auxiliar no processo de apropriação dos
conhecimentos científicos relevantes ao entendimento dos fenômenos cotidianos
e na construção de uma leitura cidadã e crítica de mundo. Esta leitura é
favorecida quando o indivíduo é capaz de fazer uso conjugado da escrita,
imagens, sons que aparecem em meios de comunicação diversos.
Este artigo é resultado de uma dissertação de mestrado1 que tratou do
uso da plataforma Edmodo e das telas do pintor Joseph Wright (1734-1797) como
instrumentos mediadores para o ensino de conceitos introdutórios de Óptica. Na
pesquisa foram utilizadas as telas de Joseph Wright para tentar promover a
percepção, compreensão e utilização dos conceitos introdutórios e princípios
básicos no estudo de Óptica Geométrica. A plataforma Edmodo proporcionou o
espaço virtual para realização de atividades direcionadas que conduziram os
alunos a produção de uma fotografia contextualizada.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar o resultado desta
sequência didática que resultou na produção de fotografias contextualizadas
pelos alunos unindo Óptica, Arte (e seu contexto histórico) e Tecnologia
(Edmodo). Esta pesquisa qualitativa utilizou como método de coleta de dados a
observação sistemática (categorias atividades, participação e relacionamentos) e
a observação participante (fotografias contextualizadas).
1
(COSTA, 2016).
133
resistência tanto por parte de estudantes que não possuem postura autônoma e
madura (FABRI; PEREIRA; RANGEL, 2012), como por parte de professores
(WEBER; BEHRENS, 2010) em usar as TIC para fins educativos. Os primeiros
buscam entretenimento e os outros fazem preferencialmente pesquisas.
Corrêa et al. (2009, p. 20) consideraram que o principal desafio está “[...]
na constante avaliação e redirecionamento destas tecnologias no uso cotidiano
pelos profissionais da educação, pelo governo e pela sociedade”. Braga (2013)
considerou que o letramento digital é fundamental no momento atual e que a
internet destaca-se como um espaço social que atua como fonte de informação,
construção de conhecimento, manifestações culturais e interações sociais
diversas. E colocou ainda que “[...] há uma tendência de ampliação do uso das
TIC pelos diferentes grupos sociais, mesmo aqueles classificados como
economicamente desfavorecidos. As práticas educacionais não podem ficar
alheias a essa tendência” (BRAGA, 2013, p.20).
Podem-se encontrar cursos dos mais variados de curta duração online
para capacitação e atualização tanto de profissionais da educação como para
profissionais de outras áreas. O estudante de Ensino Médio, quando entra no
mundo do trabalho, precisa adequar-se a novos modelos de aprendizagem e que
envolvem justamente cursos online através de plataformas virtuais. As
universidades fazem uso de ambientes virtuais para parte das atividades e
avaliações. E assim, “[...] o uso da internet, [...] passa a ser uma demanda social e
não uma mera “opção” colocada para os indivíduos” (BRAGA, 2013, p.40, grifo do
autor). Braga (2013) lembrou o papel do professor neste contexto escrevendo
que:
134
meio da compreensão da complexidade de suas tarefas entendê-las e
estabelecer uma relação de parceria com os estudantes.
Essa parceria pode ser exercitada em Ambientes Virtuais de Ensino-
Aprendizagem (AVEA), pois estes, segundo De Bastos, Alberti e Mazzardo (2005,
p.3), são definidos como “[...] um ambiente que possui uma interface para
navegação hipertextual que agrega múltiplas mídias, ferramentas de
comunicação, síncrona e assíncrona, com proposta pedagógica, localizado em
um único sítio”. E, por isso, são ideais para estes experimentos e pesquisas na
ação pedagógica.
O Edmodo é um destes ambientes, é uma plataforma de mídia social
educativa e gratuita. Foi escolhido pela semelhança de algumas de suas
ferramentas com as do Facebook, mas apenas informações sobre a disciplina são
disponíveis. Permite formar grupo para cada turma e fazer enquetes, fora as
ferramentas específicas dos AVEA.
135
O pintor Joseph Wright (1734 – 1797), nascido em Derby, Inglaterra, teve
uma relação interessante com a Química e a Física em uma época de revoluções
e mudanças no pensamento com a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e
o Iluminismo. Ele demonstra isso em algumas de suas telas da série “À luz de
velas” que retrata cenas noturnas representando questões científicas e
industriais. Nestas telas a Ciência é o tema principal, e Wright retrata, também, as
reações que a Ciência provocava na sociedade da época. Percebem-se, entre
tantas coisas em suas telas, exemplos dos conceitos de Óptica (luz, sombra,
formação da imagem, reflexão e princípio da propagação retilínea da luz).
A diversidade de atividades que podem ser pensadas, que envolvam
Física (especificamente Óptica), Arte, História, Sociologia, Filosofia, Química,
Biologia, em telas de Joseph Wright demandam tempo de estudo por parte do
professor, contudo suas telas podem potencializar o ensino destas disciplinas e,
também, trazem esta possibilidade de pensar a Física e seus conceitos a partir de
uma perspectiva diferente.
A visão é a forma mais básica e universal de comunicação. Ela também é
um conceito introdutório de Óptica Geométrica. Quando se observam
imagens/fotografias de um local ou pessoa em momentos diferentes, pode-se
verificar as mudanças que ocorreram e se ocorreram, e perceber detalhes que
uma descrição por escrito não daria conta. Tem-se na visão e nas imagens
possibilidades variadas de interação tanto com o outro como com o mundo ao
redor. As telas de Joseph Wright têm este potencial no ensino de Física - o de
promover este encontro do passado e do presente do desenvolvimento das
Ciências.
A internet faz uso da linguagem escrita e audiovisual. A percepção do real
passa pela leitura de imagens e a construção de significados baseados nelas. Por
isso, a observação é algo natural para o ser humano. Com a observação
acontece a atribuição de significados que depende de processos cognitivos e dos
aspectos do contexto cultural do indivíduo. Utilizamos a observação e noção que
temos da realidade para fazer interpretações das imagens e para expressar ideias
em termos de imagens.
Quanto mais se busca entender as formas de expressão da sociedade,
melhor é o posicionamento diante dela. Os indivíduos fazem escolhas melhores e
136
aproveitam oportunidades que estão camufladas num mar de informações
escritas e visuais.
Costa (2013) advertiu ainda que se espera da escola uma participação
maior na formação dos indivíduos e apoio às difíceis condições de vida que
enfrentam no mundo contemporâneo. E que: “Desenhos, pinturas e esculturas
permitem que compartilhemos com os outros as emoções e sentimentos
despertados na nossa relação com o mundo” (COSTA, p.29, 2013). A autora
explica que o processo de conhecimento da realidade implica em obter de
imagens informações diversas e, por reflexão sobre o observado, construir outras
imagens que expressarão o movimento interno, mental e subjetivo criados pelo
indivíduo. Concordando com Costa (2013), Zanetic (2006) afirmou que a Física
deve participar da formação cultural do cidadão contemporâneo tentando atingir
os estudantes que no ensino tradicional não se motivam a estudá-la utilizando a
Arte.
Procedimentos metodológicos
137
considera a possibilidade de continuar os estudos após o ensino médio.
Independente das opções futuras, em conversa informal com algumas das
turmas, todos concordam que a tecnologia faz parte de suas vidas e que as redes
sociais facilitam a comunicação no seu cotidiano.
Quanto às atitudes e comportamento, as turmas são colaborativas,
apesar de terem muitos estudantes. Parte dos estudantes tem o hábito de realizar
perguntas e participar em aula. As turmas estão dentro do que se espera para sua
idade e quantidade de estudantes.
138
observação participante, que possibilita perceber as intenções e explorar as
explicações dos estudantes.
A sequência didática foi:
1) Iniciação á Óptica, utilizando mapas conceituais, reprodução de
experimento pelos estudantes em grupo (câmara escura) e fotografias realizadas
pelos estudantes contendo exemplos de reflexão regular e difusa. Esta primeira
sequência de ações promoveu a iniciação do estudante nas dinâmicas de
pesquisa e de representação da Física por meio de fotografias, necessárias nas
atividades seguintes.
2) Aula dialogada com a apresentação do pintor Joseph Wright,
contexto histórico e algumas de suas obras. Textos sobre História e referências
de links para outras imagens foram disponibilizados por meio do Edmodo.
Entretanto, o estudante já estava fazendo uso do Edmodo com as atividades de
introdução à Óptica citadas. A sua ambientação no Edmodo aconteceu antes da
apresentação da sequência de atividades exclusivas da pesquisa.
3) A primeira atividade foi observação e descrição das telas ‘A
Caverna’. As observações feitas pelos estudantes foram postadas no Edmodo e
serviram para entrar em contato com a linguagem e expressões linguísticas
utilizadas pelo estudante para descrever suas percepções, bem como, com as
palavras utilizadas pelo estudante para explicar fenômenos físicos quando
consegue percebê-los.
4) A segunda atividade foi o questionário de História sobre Revolução
Industrial e Iluminismo. Com os mesmos objetivos do primeiro ciclo de pesquisa:
colocar o estudante novamente em contato com as ferramentas do Edmodo para
compartilhar suas pesquisas e fazê-los pesquisar utilizando a internet.
5) A terceira e última atividade foi a realização em grupo de uma
fotografia ou par de fotografias contextualizadas. O estudante poderia escolher
entre um objeto ou um lugar que tivesse representação dentro de Ciência,
Tecnologia ou História local. E, novamente, as produções seriam compartilhadas
com os colegas por meio do Edmodo, em apresentação oral em sala de aula e
acrescentou-se a exposição dos trabalhos no hall do colégio. Estes trabalhos
ficaram expostos durante duas semanas.
139
Entendeu-se que, com esta sequência descrita acima, as categorias
atividades, participação e relacionamentos, poderiam ser analisadas numa coleta
de dados por observação.
Resultados e conclusões
140
as noções no sistema do professor. Considerando isso, percebe-se que quando o
professor propõe algo que alia outras áreas – História e Arte, por exemplo – a
natureza e os objetivos da atividade serão compreendidos ao longo do processo,
pois é algo novo e é, também, um exercício diferente de reflexão considerando
que em outras áreas o domínio é limitado.
O trabalho com fotografias sobre reflexão especular e difusa foi realizado
porque durante as explicações orais dos estudantes sobre a confecção da câmara
escura a palavra reflexão apareceu no lugar da propagação retilínea da luz
mostrando ser uma palavra que precisaria ser entendida com um conceito físico
específico e, não uma palavra genérica quando não se tem outra coisa para
utilizar na explicação.
Os mapas conceituais realizados pelos grupos para o trabalho da câmara
escura, apesar de se aproximarem pouco das características de mapa conceitual
propriamente dito, serviram como instrumento de aprendizagem e fixação das
relações entre a câmara escura e as aplicações tecnológicas associadas a ela.
Disso, os estudantes passaram por um processo de aquisição de conceitos físicos
e o entendimento deles foi trabalhado continuamente.
Na Atividade 1, o texto descritivo das telas ‘A Caverna’, verifica-se que os
aspectos que mais chamaram a atenção destas turmas foram: os horários
diferentes (manhã e tarde), a reflexão em certas partes da imagem retratada e os
próprios objetos/estruturas/detalhes na paisagem retratada. A Tabela 1 apresenta
os termos, palavras e expressões utilizadas pelos estudantes para explicar as
telas. Trinta e um estudantes postaram esta Atividade 1.
141
Usou ‘posicionamento do pintor’ 2
Usou ‘movimento do Sol, sombra por causa
2
da luz solar’
Usou imagens de locais diferentes, tinta à
óleo da profundidade, feixe de raios de luz,
superfície irregular para definir paredes da 1 estudante para cada um dos termos
caverna, propagação retilínea da luz, corpos
iluminados
142
Fonte: Autoria própria (2015)
143
As fotografias produzidas foram realizadas buscando colocar o objeto no
centro da fotografia e condições de iluminação natural que favorecessem a
explicitação do objeto (Figura 3). Nas outras produções: uma utilizou a reflexão
para realçar o objeto, uma luz artificial para produzir realce, uma fotografou em
ângulos de visão diferentes, uma usou enquadramento diferente, outra tentou
provocar um efeito tirando a fotografia do objeto (uma geladeira) refletido na tela
de um celular.
144
aplicar conceitos de Óptica para realçar a imagem produzida (sombra,
propagação retilínea da luz, reflexão).
Entender os significados atribuídos pelo grupo, às atividades e
discussões, é muito importante para verificar se mudanças ocorreram na
apropriação da linguagem e nos usos do conteúdo. Estas mudanças foram
observadas e, por isso, considera-se que a sequência de atividades propostas
potencializou o ensino de Óptica utilizando as telas de Joseph Wright e a
plataforma Edmodo.
Referências
145
FABRI, Ana S.; PEREIRA, Isabele C. V. F.; RANGEL, Eliane F. M.. As tecnologias
e seu uso em sala de aula. XVI Jornada Nacional da Educação. 20 a 23 de
agosto de 2012. Disponível em: http://www.jne.unifra.br/artigos/4928.pdf . Acesso
em: 01 nov. 2015.
ZANETIC, João. Física e Arte: uma ponte entre duas culturas. Pro-Posições,
Campinas, v. 17, n. 1, p. 39-57, 2006. Disponível em: http://files.espaco-da-
fisica.webnode.com/200000015-8602986f05/artigo%20fisica%202.pdf. Acesso
em: 26 jan. 2016.
146
A AÇÃO DO PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
SABERES, FAZERES E PRÁTICAS
Resumo
Este artigo apresenta resultados de pesquisa realizada junto aos pedagogos que atuam na
Educação de Jovens e Adultos (EJA/Fase I), em escolas públicas da Região Metropolitana de
Curitiba (RMC). A pesquisa pretendeu responder a seguinte questão de pesquisa: Quais são os
saberes, fazeres e práticas do pedagogo que atua na EJA – Fase I? A partir das percepções deste
profissional, buscou-se analisar e caracterizar o processo de atuação do pedagogo nessa
modalidade e, a partir daí, identificar seus saberes, fazeres e práticas. A pesquisa se inscreve
numa abordagem qualitativa (ANDRÉ, 1995; OLIVEIRA, 2012), com aplicação de questionários e
entrevista semiestruturada junto aos pedagogos. A investigação procurou descrever as ações
previstas para a atuação do pedagogo nos municípios pesquisados que ofertam a Educação de
Jovens e Adultos na RMC. Os autores Haddad (2000, 2001), Di Pierro; Jóia; Ribeiro (2001)
respaldaram a revisão sobre a EJA. Os autores Sá (1997,2012), Libâneo (2002,2008), Pimenta
(1993, 2002), Franco (2002,2003) fundamentaram os estudos sobre a Pedagogia e o papel do
pedagogo. Os resultados apontaram que a atuação na EJA/Fase I demanda do pedagogo saberes
pedagógicos e científicos que atendam as especificidades da modalidade, sendo que os
pedagogos entrevistados apontam a existência de lacunas no trato de tais especificidades tanto
em sua formação inicial e continuada quanto na dos docentes iniciantes na EJA. Tal situação tem
demandado do pedagogo uma ação pedagógica articuladora, mediadora e formativa na EJA de
forma a promover: a reflexibilidade crítica sobre as práticas pedagógicas no processo de ensino e
aprendizagem de adultos, uma organização do trabalho pedagógico que transite por diferentes
segmentos e espaços do contexto escolar, uma ação de direção e sentido à prática pedagógica, a
partir do coletivo, de forma a tecer uma prática emancipatória de jovens e adultos.
Introdução
147
compreensão do trabalho desenvolvido pelos pedagogos na EJA, a propósito das
percepções destes profissionais, sobre seus saberes, fazeres e práticas na EJA –
Fase I, a partir de uma abordagem metodológica qualitativa que embasa a
pesquisa. O estudo desenvolvido de 2017 a 2018 procurou contextualizar a
complexidade, o cenário e o contexto no qual se constituem as práticas
pedagógicas desenvolvidas pelos pedagogos na EJA.
148
A ação pedagógica possibilita empreender uma direção, um rumo às
práticas educativas que a configurará como prática social emancipatória dirigida
pedagogicamente e que a diferenciará dos demais processos educativos,
produzindo conhecimento pedagógico (LIBÂNEO, 2002).
Desta forma, o pedagogo escolar é, portanto, um especialista em
educação escolarizada que direciona sua ação educativa à articulação do
contexto escolar; à unidade do trabalho escolar e aos seus processos político-
pedagógicos. Profissional que apresenta uma atuação diferenciada do professor
ainda que vinculado às práticas docentes.
149
jovens e adultos sem acesso aos sistemas de educação pública, persistindo a
distribuição desigual e não equitativa de oportunidades educativas. Dados que
representam mais de 12,9 milhões de brasileiros analfabetos, jovens e adultos,
em situação de exclusão educacional.
Tal cenário torna-se agravado quando observado o percurso educacional
dos jovens e adultos, o qual apresenta alarmante situação de descontinuidade. Se
somados, analfabetos absolutos e funcionais, estes compreendidos pelas
pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de estudo, apontado
em 17,1% em 2015, totaliza-se aproximadamente 41 milhões de pessoas (IBGE,
2015).
Inegavelmente, a constituição histórica da EJA aponta que parte desse
delineamento resulta da perspectiva de EJA abordada a partir de programas
emergenciais e campanhas, realizadas de maneira marginal, isolada, desvincula
do sistema educacional em sua totalidade, ainda que tenha apresentado
momentos importantes de protagonismo com os movimentos sociais se
mobilizando na busca pela justiça social, equidade e democracia.
Dentre as diversas conceitualizações sobre a EJA apontadas em
documentos legais e/ou delineadas por alguns pesquisadores a Educação de
Jovens e Adultos tem sido compreendida ora relacionada à perspectiva de
modalidade escolar ora num entendimento de educação ao longo da vida. Muito
dessa ampliação do conceito de educação de jovens e adultos para além da
escola parte do reconhecimento da dimensão educativa de outros espaços de
convívio social e pode ser percebida em alguns dispositivos legais: nos artigos 1º
e 34 da LDB n. 9.394/96 e no Parecer n. 5/97 (BRASIL, 1997) do Conselho
Nacional de Educação, que dispõe sobre a Educação Fundamental.
Tal compreensão parte de um princípio de abertura e aprendizagem
permanentes cuja referência é a vida, as necessidades sociais, as aprendizagens
contínuas envolvendo linguagem, tecnologias da informação e da comunicação, o
fazer ético, dentre outros. Não estariam simplificadas às necessidades e
possibilidades de aprendizagem produtivas, mas consolidadas para uma
educação integral. Coadunada com uma visão mais ampla de Educação, direito
fundamental, universal e inalienável de todo ser humano, compreendida no
conjunto dos processos, influências, estruturas, ações, que intervêm no
desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na relação ativa com o meio
150
natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes
sociais, visando a formação do ser humano (LIBÂNEO, 2002).
Decorre, portanto, a compreensão de que os processos de aprendizagens
não devem se situar na preparação para as exigências do mundo do trabalho e,
sim, no enriquecimento intelecto-cultural do indivíduo, sujeito de experiências,
pensamentos, desejos e afetos. A educação situada no processo de constituição
do sujeito ativo e consciente das possibilidades de interpretação, criação e
transformação de uma realidade a cada dia mais complexa.
Embora a Educação de Jovens e Adultos se integre à visão ampliada de
educação ao longo da vida, no Brasil, consta preconizada na LDB n. 9.394/96
como uma modalidade de ensino que prioriza ações de escolarização formal
voltada àqueles que não concluíram a educação básica ou sequer se
alfabetizaram. Nela são indicadas também o atendimento à complexidade
diferencial com que devem ser tratadas as estratégias pedagógicas, a formação
docente específica para a EJA, um trabalho pedagógico e processos que
considerem as particularidades do ensino de jovens e adultos, tanto da
diversidade cultural, do mundo de trabalho, quanto da necessidade de
metodologias e currículos adequados.
Assim, as conceitualizações são complementares na medida em que se
percebe que a educação de jovens e adultos exige um equacionamento que vai
além de uma perspectiva puramente educacional. A perspectiva da aprendizagem
ao longo da vida pode representar esse caminho em direção ao desenvolvimento
humano e da construção de uma sociedade mais justa e democrática.
151
organizar para o processo de interação com o entrevistado. Por meio da análise
dos depoimentos das entrevistas, o significado atribuído pelos pedagogos à sua
própria prática, aos seus fazeres e saberes serão tomados como objeto de
estudo. Na análise da experiência pessoal e profissional apontada como parte
cotidiana de sua ação, buscou-se reconhecer e anunciar como os pedagogos
percebem e declaram sua atuação na modalidade EJA, com o intuito de identificar
seus saberes, fazeres e práticas.
O foco das entrevistas pautou-se nos saberes, fazeres e práticas, na
visão dos pedagogos, atuantes na Educação de Jovens e Adultos – Fase I em
escolas públicas da região metropolitana de Curitiba. Pretendeu-se nesta etapa,
apreender os elementos que abarcam o objeto de pesquisa: saberes, fazeres e
práticas dos pedagogos, explicitando o que estes declaram desenvolver em sua
atuação segundo sua representação e sua percepção, bem como, identificando o
trabalho pedagógico desenvolvido por estes profissionais no cotidiano da
Educação de Jovens e Adultos.
152
significativos dos saberes, fazeres e práticas dos pedagogos no trabalho
pedagógico com a EJA – Fase I.
Indubitavelmente nos fazeres cotidianos se efetiva a prática pedagógica
do pedagogo escolar. Esta prática é construída de fazeres que se revelam na/da
reflexão, na/da tomada de decisão e na postura crítica ante seu trabalho; prática
articulada no diálogo com a equipe escolar e voltado à busca de “soluções” para
os dilemas enfrentados na atividade pedagógica e na organização do trabalho
educativo no contexto escolar; pratica que transita por diferentes segmentos e
espaços da escola, com marcas de mediação e orientação às quais lhe exige
diversos e multifacetados conhecimentos e saberes. Saberes que tem como base
tanto a teoria apreendida nos cursos de formação inicial e continuada, quanto nos
saberes adquiridos na experiência, nas vivências e nos compartilhamentos no
cotidiano do ser Pedagogo. Sua ação contempla uma prática coletiva,
colaborativa e de dialogicidade com os demais agentes educativos, com os pais,
com os educandos e com a comunidade.
Para o desempenho profissional e atendimento às demandas
apresentadas pelo contexto escolar da EJA de forma a atender as atribuições a
ele designadas, os (as) pedagogos (as) entrevistados (as) evidenciaram perceber
a existência de um conjunto de saberes profissionais indissociáveis, ainda que
distintos, os quais são mobilizados pelos pedagogos em suas atividades nas
escolas e considerados necessários à atuação na EJA. Saberes constituídos por
um complexo campo de conhecimentos que envolvem teorias já sistematizadas e
constituídas cientificamente, pelos saberes da experiência pessoal, aprimorados
na formação continuada e na relação com o outro.
Apontaram que muitos de seus saberes resultaram de diversas vivências,
experiências, ao longo de sua carreira profissional, o que pressupõe uma
compreensão de que o desenvolvimento profissional se apresenta evolutivo, em
continuidade, como resultado processual. Segundo apontado pelos pedagogos
entrevistados não basta concluir o curso de Pedagogia para que o pedagogo seja
capaz de colocar em prática todos os saberes específicos, teorias e
procedimentos profissionais adequados.
Evidenciaram um posicionamento de que a atuação do pedagogo é de
articulação e mobilização dos saberes os quais entendem necessários a serem
empreendidos na organização do trabalho pedagógico
153
Para Pimenta (1993), a ação pedagógica requer competências
específicas e ainda que a ciência pedagógica não seja exclusiva dos pedagogos,
os conhecimentos pedagógicos têm sido desenvolvidos explícita, intencional e
sistematicamente nos cursos de Pedagogia auxiliando o pedagogo a perceber
como utilizar esse conhecimento nas diferentes situações, imprevistos e dilemas
do cotidiano escolar na EJA.
O pedagogo atuante na EJA mobiliza conhecimentos e um saber-fazer
próprios, saberes curriculares, teóricos e disciplinares da formação profissional
inicial, saberes da própria experiência e saberes tácitos, íntimos e pessoais.
Este entendimento aparece perspectivado pelos pedagogos quando
denotam que muitos de seus conhecimentos e saberes resultam da mobilização
reflexiva em face à complexidade das situações e problemas que vão
enfrentando, nos contextos e nas intervenções nas quais interage, enfim, no
enfrentamento e na prática profissional.
Na EJA o pedagogo constrói os seus saberes na experiência, porém,
denota-se que para o pleno exercício de seu papel de: mediador, articulador,
formador e organizador do trabalho pedagógico, dependem predominantemente
de domínio teórico-didático mais aprofundado das questões educacionais e
pedagógicas.
O pedagogo escolar deve necessariamente pautar sua ação a partir de
uma formação pedagógica que lhe dê suporte, que sustente e respalde usa
intervenção sem perder o foco que é a ação educativa, a prática pedagógica
promovendo o processo de ensino e de aprendizagem. Do que decorre o domínio
dos procedimentos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem às
demais atividades educativas que ocorrem na escola, estejam ligadas ou não
diretamente com as da sala de aula. Sua atuação prescinde, portanto, de uma
sustentação teórica tanto na prática calcada nos saberes constituídos, quanto
numa base teórica-científica.
O cotidiano escolar demanda do pedagogo da EJA saberes pedagógicos
e científicos em diferentes situações educativas. Situações que exigem deste
profissional conhecimento prático, da experiência, teórico e científico e do
contexto educativo.
154
Formação inicial e permanente dos pedagogos da EJA
155
Papel formativo do pedagogo na EJA
156
Apontaram que seu desenvolvimento profissional tem ocorrido de forma
insuficiente, assistemática, ocasional e descontinuada ou que tem sido elaborada
de forma generalizada e distanciada das reais necessidades do pedagogo atuante
na modalidade da EJA. Isto tem reflexos na sua ação pedagógica no sentido de
gerar “impotência” por não se constituir acreditada ou capaz de intervir como
prática articuladora profissional.
Torná-los participantes ativos, aumenta o estabelecimento de relações
interpessoais mais profícuas nas formações continuadas propostas pelos
municípios aos profissionais da Educação de Jovens e Adultos. No contexto geral,
as colocações remetem à compreensão de desenvolvimento profissional e não
apenas de formação pontual.
Dentre as preocupações e dificuldades evidenciadas indicaram a questão
da evasão escolar na EJA. Ainda que não tenham estabelecido relação direta
entre as dificuldades apontadas, uma possibilidade que se entrecruza com a
evasão trata da fragilidade pedagógica evidenciada pelos pedagogos
entrevistados quando apontaram a dificuldade em considerarem os códigos
culturais do aluno adulto, da cultura popular nas práticas educativas.
Aparentemente, a mediação entre os saberes científicos e o de senso
comum deva ser um enfrentamento a ser realizado pelo pedagogo na mediação
que realiza junto ao docente na EJA. Nas falas apenas apresentaram a situação
preocupante da evasão, sem contundo indicarem qualquer ação diagnóstica que
os permita identificar os possíveis motivos que tem gerado a evasão.
Denota-se uma compreensão de que seu papel compreende atuar como
elo de articulação, aproximação e integração entre escola/comunidade.
Em razão da natureza do trabalho pedagógico que realizam na escola,
evidenciaram uma clara percepção que a confiança em seu trabalho vincula-se ao
aspecto relacional, à disposição e ao conhecimento que demonstram quanto às
demandas da EJA na contemporaneidade. Consideram tal reconhecimento
pautado em ações permeadas pelo diálogo, pelo estabelecimento de relações
éticas, afetivas e de confiança. Ao considerarem a cultura, crenças, valores,
recursos e exigências desse grupo atuam em prol de implementação de projeto
educativo que atenda às necessidades comunitárias.
157
Conclusões
158
de que sejam planejados espaços e ações institucionais, oportunizados pela
Secretaria de Educação, que discutam o trabalho realizado, os estudos e
pesquisas realizados na academia e as próprias questões cotidianas desafiadoras
e instigantes vivenciadas pelos profissionais.
Observou-se que sua prática se apresenta de fato voltada a atender às
necessidades educacionais e culturais dos sujeitos educandos da EJA – Fase I,
atentos às suas especificidades e particularidades. Que sua ação é pautada na
reflexão crítica e que pode contribuir na perspectiva de uma sociedade com
desenvolvimento e justiça social, fundada num mundo mais digno, justo,
democrático e humano para todos.
Referências
159
HADDAD, S. A Educação continuada e as políticas públicas no Brasil. In:
RIBEIRO, V. M. M. Educação de jovens e adultos: novos leitores, novas
leituras. Campinas: Mercado das Letras: Ação Educativa, 2001, p. 191-199
LIBÂNEO. J.C. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 10. ed. São Paulo: Cortez,
2008.
160
PERCEPÇÕES QUANTO AO USO DO SCRATCH EM TABLETS E
COMPUTADORES PELOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Resumo
Neste artigo, relatamos uma experiência com o uso do software Scratch por estudantes do terceiro
ano do Ensino Médio, de uma escola estadual pública de Curitiba, no decorrer de duas aulas de
Matemática, apresentando as diferenças percebidas entre o uso no tablet e o uso no computador.
O objetivo dessa experiência foi observar as diferentes formas de utilização desses recursos no
uso do software para posteriormente dar sequência ao desenvolvimento de projetos de
Matemática que abordem o estudo de Estatística. Diante da proposta, nossa pesquisa se dá em
caráter qualitativo. Os estudantes trabalharam em grupos de no máximo três pessoas, e foram
orientados a elaborarem relatórios sobre suas experiências e percepções a respeito da exploração
do software por meio do tablet e do computador. Primeiramente foi disponibilizado o tablet em uma
aula, e em outro momento, o computador. Após coletar os dados, analisamos as observações
realizadas no decorrer da prática e os relatórios produzidos pelos grupos e verificamos que os
estudantes participantes dessa experiência apresentaram mais facilidade de explorar o Scratch
por meio do computador que do tablet. Neste, os estudantes tiveram mais dificuldades em
manipular ícones devido ao tamanho reduzido da tela e precisão de toque, diferente do
computador, em que a experimentação se tornou mais atrativa. Portanto, diante dos resultados
com esse grupo de estudantes, percebemos que a construção de projetos por meio do Scratch
pode tornar-se mais interessante com a aplicação do computador, em que eles podem perceber
de forma mais visível os ícones e comandos do software, além da utilização do mouse para maior
precisão nos cliques, entre outras vantagens. Podemos concluir que ao realizar a experiência,
constatamos que o Scratch pode ofertar um ambiente Construcionista aos envolvidos,
oportunizando a construção de conhecimentos e a comunicação por meio das Tecnologias
Digitais.
Introdução
Visto que nossa sociedade está inserida na era digital, faz-se importante
que na área da Educação, professores e estudantes possam integrar ferramentas
tecnológicas nos processos de ensino e de aprendizagem, possibilitando aos
mesmos modos diferentes para ensinar e construir conhecimentos.
1
1 Curitiba. Professora de Matemática do Quadro Próprio do Magistério do Estado do Paraná.
Mestre em Educação Matemática, UFPR. Contato: rebalbino@yahoo.com.br.
2 Curitiba. Professora de Matemática da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba e do
Centro Universitário Uninter. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica,
Educacional e Tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Contato:
tani_loss@hotmail.com.
3 Curitiba. Professora de Matemática do Ensino Médio da rede particular. Mestre em Educação
Matemática, UFPR. Contato: bruna.derossi@yahoo.com.br.
161
A prática de metodologias diferenciadas que façam uso de Tecnologias
Digitais (TD) no ambiente educacional já vem sendo aplicada há algum tempo.
Desde que os computadores foram introduzidos na área da Educação surgiu a
possibilidade, por exemplo, do estudante aprender geometria por meio da
programação computacional. Essa ação teve início com Seymour Papert (1985)
no final da década de 1960, por meio da linguagem LOGO, desenvolvida pela sua
equipe no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), tendo como base a teoria
Construcionista, em que o estudante constrói o que é relevante para ele por meio
da tecnologia.
Como nossos estudantes estão habituados a utilizarem as TD na busca
de informação, na comunicação e diversão, buscamos em Marc Prensky (2001) o
perfil do “nativo digital” o qual integra as tecnologias em sua rotina cotidiana,
utilizando-as das mais diversas formas, tais como: pesquisas na web, interação
nas redes sociais, busca de vídeos, jogos online com outros participantes, entre
outras atividades. O pesquisador sugere aproveitar essas habilidades no contexto
educacional por meio de ofertas de materiais que as explorem, ensinando, por
exemplo, por intermédio de jogos digitais, pois este é um modo de alcançar os
nativos digitais em sua “língua nativa”.
Visando utilizar práticas educacionais que atendam a teoria
Construcionista de Seymour Papert (1985, 2008) e o uso de tecnologias
defendidas por Marc Prensky (2001), percebemos no software Scratch
possibilidades de os “nativos digitais” construírem conhecimentos matemáticos
expressando suas ideias por meio de projetos (RESNICK, 2009).
Desta forma, optamos por ofertar o Scratch mediante o uso de tablet e
computador, com o objetivo de identificar as diferentes formas de utilização
desses recursos no uso do software, para posteriormente dar sequência com os
estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola estadual pública em
Curitiba, Paraná, o desenvolvimento e criação de projetos matemáticos sobre o
estudo de Estatística.
162
1. As Tecnologias Digitais no contexto educacional
4 O autor usa o termo computador, porém em nosso artigo, entendemos que não só o computador, mas
todas as Tecnologias Digitais reorganizam o pensamento humano.
163
Outra interferência das tecnologias está relacionada a inteligência coletiva,
proposta por Pierre Lévy (2010). Para ele, a inteligência coletiva é distribuída por
toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta
em uma mobilização de competências. Ela visa ao reconhecimento das
habilidades que se distribuem nos indivíduos, a fim de coordená-las para serem
usadas em prol da coletividade. A coordenação dos inteligentes coletivos ocorre
com a utilização das tecnologias da informação e comunicação.
Além disso, Pierre Lévy (2010) trata das relações existentes entre
tecnologia e sociedade. Ou seja, defende que a sociedade é influenciada pelas
tecnologias do seu tempo e que a transmissão de conhecimento está ligada às
tecnologias disponíveis em cada época.
Apesar de tratarem da influência das tecnologias no pensamento humano e
na sociedade, Tikhomirov e Lévy não analisam essas influências na Educação.
Esse estudo foi feito por Marcelo de Carvalho Borba e Monica E. Vilarreal (2005)
que propõem o coletivo seres-humanos-com-mídias.
Esses autores acreditam que o conhecimento não é produzido por uma
determinada mídia ou tecnologia da inteligência ou por um coletivo formado
apenas de humanos e sim produzido por um coletivo seres-humanos-com-mídias
ou seres-humanos-com-tecnologias, que deve ser visto como uma unidade básica
de produção de conhecimento.
Essa noção de seres-humanos-com-mídias se mostra então, importante
para analisarmos como o pensamento se reorganiza com a presença das
tecnologias da informação e comunicação e que tipos de problemas são
resolvidos ou gerados por esse coletivo. Para Marcelo de Carvalho Borba (1999),
de forma geral, a presença de uma tecnologia modifica significativamente a forma
como o conhecimento é produzido em ambientes educacionais. Em suas palavras,
164
Sendo assim, nesse atual momento da sociedade, acreditamos que o
desenvolvimento de novas práticas pedagógicas é necessário para que os
estudantes tenham acesso à novas formas de linguagem e aprendizagem,
propiciadas, por exemplo, pelo Scratch, que abordaremos a seguir.
165
Palco: mostra e executa o projeto criado.
166
2. Metodologia
167
experiências no uso dos mesmos. Na sequência apontaremos as percepções a
respeito dessa experiência.
168
momento, um total de 78 estudantes. Cada turma em aulas distintas. Duas
pesquisadoras acompanharam os estudantes durante a utilização do aplicativo,
sendo uma delas, a professora das turmas.
As equipes de estudantes foram orientadas a ligar o aparelho e iniciar o
aplicativo do software. Os estudantes não conheciam o programa e estavam
empolgados por usarem pela primeira vez os tablets que haviam chego na escola
em março de 2016 e até o momento não haviam sido utilizados por eles.
Foi sugerido as equipes que explorassem os comandos do Scratch e
anotassem em seus relatórios suas percepções e opiniões quanto ao primeiro
contato com o aplicativo utilizando o tablet, a fim de diagnosticar potencialidades
para a utilização desta ferramenta para a programação.
Durante a experimentação, dois tablets ficaram sem bateria já na primeira
aula do dia, sendo necessário uma das pesquisadoras buscar alguns
carregadores no laboratório de informática e utilizar as duas únicas tomadas
disponíveis na sala de aula. No decorrer das aulas seguintes, este problema
persistiu com um número maior de aparelhos e o mesmo foi resolvido com o uso
de uma régua com extensão elétrica disponibilizada pela técnica do laboratório de
informática.
Durante este primeiro contato com o Scratch, os estudantes tiveram a
oportunidade de explorar o software verificando as variedades de elementos
disponíveis e as possibilidades para a produção de materiais como desenhos,
vídeos, sons, movimentos de personagens e criação de cenários, entre outras.
Alguns apontamentos foram realizados na maioria dos relatórios, e dão indícios
de como os estudantes perceberam o Scratch pelo uso do tablet. São eles:
Quanto a velocidade do software: como os tablets possuíam telas
pequenas, de 7 polegadas, os mesmos não tinham capacidade de
armazenamento para uso adequado do programa. Dessa forma as respostas
eram lentas, o que promoveu um certo incômodo nos estudantes.
Quanto a tela inicial: visto que os estudantes estão habituados aos
jogos digitais mais avançados (produzidos por empresas especializadas em
games), algumas equipes tiveram a percepção de que o software era antigo e
consideraram a sua apresentação obsoleta.
Quanto aos ícones: houve queixas no sentido de que ao tentar clicar
em um ícone, acabavam encostando em outro e não obtinham a resposta
169
esperada. Isso ocorreu devido à restrição do tamanho da tela do tablet, o que
dificultou a exploração de outros comandos ofertados pelo Scratch.
Quanto ao idioma: como o ícone “selecionar idioma” estava reduzido
devido ao tamanho da tela, muitos demoraram em conseguir mudar o idioma do
inglês para o português. Diante a essa situação, alguns grupos trabalharem com a
língua inglesa o que prejudicou na exploração de certos comandos por não
dominarem ou não traduzirem adequadamente o idioma inglês.
Explorando desenhos e imagens: após a mudança do idioma, muitos
realizaram desenhos na tela principal, explorando mudanças de cores e
movimentos. Além desse comando, conseguiram realizar capturas de imagens e
áudios, levando a exploração e possíveis criações de histórias.
O personagem Gato: todos os grupos perceberam e comentaram
quanto ao personagem do Gato. A maioria não notou a existência de outros
personagens, nem a possibilidade de trocas de trajes para simular os seus
movimentos.
Durante este primeiro contato com o Scratch por meio do tablet,
conseguimos observar que os grupos trabalharam coletivamente na exploração
do mesmo, o que levou a quererem buscar mais informações sobre este. Como
nas salas de aula o sinal da internet estava “fraco”, não foi possível realizar
pesquisas sobre o software. Poucos estudantes tinham smartphones com acesso
à internet e conseguiram visualizar alguns tutoriais de projetos com o Scratch, tais
como jogos e animações. Nessa situação, as pesquisadoras sugeriram aos
interessados a explorarem sobre o Scratch em suas casas ou locais com acesso
à internet.
Diante desse fato, percebemos que os “nativos digitais” (PRENSKY,
2001) utilizam recursos tecnológicos para buscar informações que sejam
importantes para eles, pesquisando assuntos pertinentes para determinada
situação. Caso não consigam, buscam outras formas ou assuntos.
Perante os relatórios dos grupos e nossas observações, pode-se
perceber que a exploração do Scratch por meio do tablet evidenciou algumas
restrições quanto aos estudantes clicarem nos ícones, limitando a exploração de
alguns comandos como já justificado anteriormente. Isso nos levou a perceber
que nas três turmas houve um grande interesse e curiosidade quanto ao que
poderia ser explorado com o Scratch.
170
Diante disso, percebemos que a exploração do Scratch por meio do uso
do tablet, pode ofertar um ambiente Construcionista (PAPERT, 1985, 2008) para
a utilização de tecnologias na construção dos conhecimentos, indicando que o
“nativo digital” (PRENSKY, 2001) gosta de ser desafiado, buscando soluções e
trabalhando em equipes, podendo comunicar-se por meio da fluência tecnológica
(RESNICK, 2017).
171
muitos estudantes já estavam ensaiando programações utilizando comandos
disponíveis, como por exemplo, imagens da internet como fundo de palco.
Diante das nossas observações e pelo levantamento dos relatórios das
equipes, pode-se constatar que os estudantes se sentiram mais à vontade em
trabalhar com o computador, já que apresentava uma tela maior que a do tablet.
Assim sendo, os estudantes ao utilizarem o mouse encontrarem respostas mais
rápidas aos cliques, sendo precisos sobre os ícones desejados, o que não
ocorrera com êxito durante o uso com o tablet. Essa precisão entusiasmou os
mesmos a investigarem diferentes estratégias para a programação, levando a
formulação de hipóteses e tentativas de programação da linguagem gráfica do
Scratch.
Notamos também que os estudantes mudaram rapidamente o idioma do
inglês para o português, não apresentando dificuldades quanto a localização do
ícone “selecionar idioma”, pois o mesmo encontrava-se mais nítido. O gato deixou
de ser o único personagem conhecido para a sondagem de outros personagens e
cenários, vindo a incluir nos futuros projetos imagens da internet ou pessoais.
Por fim, os estudantes perceberam que o programa não se limita apenas
para a criação de desenhos e mudança de cores, mas por meio dele poderiam
criar histórias, jogos, animações e outros projetos que expressem seus interesses
(PRESNKY, 2001). Situações que vem ao encontro das pesquisas de Mitchel
Resnick (2017), em que o jovem ao utilizar o Scratch tem a oportunidade de
expressar suas ideias de forma criativa e colaborativa, experimentando práticas
Construcionistas (PAPERT, 1985, 2008).
Conclusões
172
além do acesso à internet o que facilitou a busca de materiais para auxiliá-los
durante a programação.
Já com a utilização do tablet nem todas essas vantagens foram visíveis.
Não havia acesso à internet pela ferramenta, a tela era de menor tamanho
dificultando a precisão dos comandos pelos cliques e localização de comandos,
entre outros apontamentos. Um dos pontos favoráveis do uso do tablet é que os
estudantes puderam manusear este recurso apoiando-o sob a carteira ou
segurando nas mãos, além de sentarem-se em diferentes locais da sala de aula.
O que difere do uso do computador, que fica fixo sob a mesa, restringindo a forma
e local para o estudante utilizá-lo.
Observamos que ambos os recursos ofertaram um ambiente
Construcionista, oportunizando aos estudantes, participantes deste experimento,
construir seus saberes por meio de recursos tecnológicos, criando projetos que
façam sentido para eles (PAPERT, 1985, 2008) por meio da codificação
(RESNICK, 2017) e gerando experiências para que os “nativos digitais” trabalhem
coletivamente e construam conhecimentos por meio das tecnologias (PRENSKY,
2001).
Para fins desta pesquisa, o software Scratch mostrou-se mais
interessante, neste experimento, ao ser explorado pelo computador e propenso
para uma metodologia com TD na qual os estudantes podem usar a linguagem de
programação no desenvolvimento de projetos. Surge então novos
questionamentos, tais como: Caso fosse ofertado aos estudantes primeiramente a
exploração do Scratch por meio do uso do computador, depois com o tablet,
teríamos os mesmos resultados de pesquisa? Há outros recursos tecnológicos
em que o software Scratch pode ser ofertado na Educação Matemática? Essas,
entre outras inquietações podem ser investigadas a fim de contribuir com estudos
acerca do uso das TD, especificamente o Scratch, nos processos educacionais de
Matemática.
REFERÊNCIAS
173
educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP,
1999.
BORBA, Marcelo C.; VILLARREAL, Mônica E. Humans – with – Media and the
Reorganization of Mathematical Thinking: Information and Communication
Technologies, Modeling, Experimentation and Visualization. New York: Springer,
2005.
MARJI, Majed. Aprenda a programar com Scratch. São Paulo: Novatec, 2014.
284p.
RESNICK, Mitchel. Dez dicas para criar um ambiente fértil para a criatividade e o
crescimento das crianças. MindShift (trecho do Kindergarten Lifelong). 2017.
Disponível em <https://translate.google.com/translate?depth=1&hl=pt-
BR&prev=search&rurl=translate.google.com.br&sl=en&sp=nmt4&u=http://web.me
dia.mit.edu/~mres/papers.html>. Acesso em: 20 maio 2018.
174
GESTÃO DEMOCRÁTICA EM DUAS ESCOLAS MUNICIPAIS DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA-PR NO ANO DE 2017
RESUMO
Este artigo aborda o tema da gestão democrática, considerando que este é um princípio da escola
pública previsto na Constituição Federal de 1988 (art. 206), na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional nº 9.394/1996 (art. 3º e 14) e no Plano Nacional de Educação nº 13.005/2014
(meta 19), pressupondo a participação de todos os segmentos da comunidade escolar no
processo de tomada de decisões. Porém, a maneira como esta gestão se efetiva varia em todo o
país, pois as normas não são bem definidas na mencionada legislação e se diferem nas redes e
sistemas de ensino, assim sendo, a forma de provimento do diretor também se diferencia. Nesse
sentido, questiona-se: a gestão escolar tende a ser mais democrática na escola em que o
mecanismo de provimento de cargo para direção acontece por meio de indicação ou mediante
eleição? Para responder a esta problemática realizou-se um estudo em duas escolas municipais
da região metropolitana de Curitiba-PR no ano de 2017, com aplicação de dez questionários a
gestores, professores, funcionários e pais, procurando evidenciar a existência ou inexistência de
gestão democrática nos estabelecimentos analisados. Para subsidiar a análise de dados foi
necessário realizar pesquisa documental e bibliográfica, como base metodológica utilizou-se uma
abordagem eminentemente qualitativa. Frente à pesquisa empírica realizada foi possível validar a
hipótese defendida neste estudo, de que a escola na qual há processo eletivo para o cargo de
diretor tende a ser mais democrática do que aquela em que o diretor é indicado pelo gestor
municipal, em virtude da cultura democrática e participativa instituída.
1 INTRODUÇÃO
1
Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Campina Grande do Sul-PR – FACSUL.
Contato:sandramodas58@hotmail.com
2
Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Campina Grande do Sul-PR – FACSUL. Contato:
vilmalarasantos@gmail.com
3
Graduada em Pedagogia, Especialista em Educação Especial e Inclusiva, Mestre e Doutoranda
em Educação (UFPR), Professora Adjunta da Faculdade de Campina Grande do Sul-PR –
FACSUL. Contato: denize_fabio@hotmail.com
175
democrática na escola em que o mecanismo de provimento de cargo para diretor
acontece por meio de indicação ou mediante eleição.
Tendo em vista que a gestão democrática visa a participação de todos os
segmentos da comunidade escolar no processo de tomada de decisões, a
hipótese deste trabalho é de que a escola em que há processo eletivo para o
cargo de diretor tende a ser mais democrática do que aquela na qual o diretor é
indicado pelo gestor municipal, em virtude da cultura democrática e participativa
instituída.
A metodologia utilizada pautou-se na abordagem qualitativa, na qual não
se tem a intenção de enumerar ou medir eventos, nem fazer análises estatísticas,
todavia, este tipo de abordagem proporciona uma interação entre o objeto de
pesquisa e o pesquisador, possibilitando assim uma grande riqueza de detalhes
no decorrer do trabalho. Este estudo também recorreu a técnicas da pesquisa
documental e bibliográfica para subsidiar a construção do referencial teórico.
Fez-se necessário conhecer as normatizações acerca da gestão
democrática da escola pública na legislação e na literatura especializada, elencar
as formas de provimento para o cargo de direção e ponderar acerca do papel das
instâncias colegiadas enquanto mecanismos de participação para viabilizar a
efetivação dos princípios democráticos na escola.
176
Federal, também não trouxe mais avanços na questão da democratização da
gestão, por não ter normas bem definidas. A LDB estabelece em seu art. 3º,
inciso VIII, que um dos princípios que deve reger o ensino é a gestão
democrática, assegurando no artigo 14 que:
Os sistemas de ensino definirão com as normas de gestão democrática
de ensino público na educação básica, de acordo com as suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. Participação dos profissionais de educação na elaboração do projeto
político pedagógico da escola;
II. Participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares
ou equivalentes (BRASIL, 1988).
Paro (2001) afirma que tal dispositivo é pífio, pois o legislador menciona no
primeiro princípio que a construção e ampliação do projeto político pedagógico
ficam limitadas à responsabilidade apenas dos profissionais de educação, e no
segundo princípio, limita-se à participação da comunidade somente aos conselhos
escolares ou equivalentes.
Todavia, o fato da legislação estabelecer que a gestão democrática seja
um princípio do ensino público representa avanço significativo, pois conforme
Adrião e Camargo (2001, p.72) “o termo princípio é empregado para designar, nas
normas jurídicas escritas, os postulados básicos e fundamentais presentes em
todos os Estados de direito”, são princípios que norteiam as leis que regem a
gestão democrática escolar, isto é, as normatizações de cada sistema não podem
desprezar um princípio constitucional.
Outro documento relevante é o Plano Nacional de Educação (PNE),
estabelecido pela Lei Federal nº 13.005/2014 (BRASIL, 2014), o qual tem duração
decenal, é um importante documento para definição de políticas públicas no país,
possui 20 metas que versam sobre problemas educacionais do país e traz
inúmeras estratégias visando sua resolução. Para Carvalho (2015, p.02) o novo
PNE (2014-2024), “surge com a expectativa de, se não corrigir, pelo menos
amenizar diversos problemas na educação brasileira”.
Em relação à gestão democrática, a meta 19 do atual PNE assegura
condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da gestão democrática da
educação, “associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta
pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos
e apoio técnico da União para tanto” (BRASIL, 2014); para atingi-la o documento
estabelece oito estratégias, dentre elas destacam-se a 19.1, a qual propõe que a
177
nomeação dos diretores deve levar em consideração um conjunto como critérios
técnicos de desempenho, bem como a participação da comunidade escolar; e a
estratégia 19.6, na qual afirma-se a necessidade da participação dos profissionais
da educação, alunos e seus familiares na formulação do projeto político
pedagógico.
Segundo Fernandes (2017) na meta 19 do atual PNE a gestão democrática
da educação pública está associada à meritocracia, a autora faz uma crítica ao
termo, por entender que o mesmo está vinculado à competição e ao
individualismo, descaracterizando e deslegitimando o princípio da gestão
democrática enquanto processo coletivo de tomada de decisões. Nesta
perspectiva, Paro (2001) defende que a nomeação de diretores escolares pautada
em critérios técnicos de méritos próprios, voltada para uma gestão administrativa
burocrática, constitui-se como um retrocesso na democracia, que não condiz com
o contexto atual.
Diante do exposto, é possível perceber que a legislação estabelece a
gestão democrática como um princípio da educação pública, todavia a sua
normatização fica a encargo dos sistemas de ensino, o que gera diferentes
interpretações quanto à forma de implementação. Nesse sentido, buscou-se na
literatura educacional discussões pertinentes quanto à sua importância e às
formas de efetivação da participação e democracia na gestão escolar.
178
escola ou gestão da educação aparece no discurso educacional após a década
de 1990, até então era tratada como administração da escola ou administração da
educação, essa substituição aconteceu para tentar retirar o aspecto técnico e
burocratizado do caráter administrativo.
O conceito de democracia surgiu na Grécia, “na antiguidade a palavra
democracia representava a participação popular nas decisões de pólis (Cidade, a
origem da palavra democracia vem do termo demokratia (demos = povo e kratos
= governar), significando “governo do povo” (BARTNIK, 2011, p. 95).
179
Veiga (2007) destaca que a Associação de Pais, Mestres e Funcionários
(APMF), o Grêmio Estudantil, o Conselho Escolar e o Conselho de Classe4 são de
extrema importância para o processo educativo e para a democracia no interior
das escolas. Para a referida autora, as instâncias colegiadas têm por objetivo a
participação conjunta de vários segmentos da comunidade escolar na gestão
escolar, sendo eles: professores, funcionários, pais e comunidade, tendo como
pano de fundo a concepção do projeto político pedagógico, alicerçada no princípio
da construção coletiva, sendo fundamental para o exercício de cidadania e para a
compreensão do processo democrático.
Quanto à escolha dos gestores, de acordo com a pesquisa de Paro (1996),
existem variadas formas de provimento de diretores das escolas públicas no país,
que podem ser resumidas nas três formas a seguir:
180
eminentemente político dos problemas administrativos que afetam a escola
pública.
Paro (1996, p. 26) assegura que a “defesa da eleição como critério para a
escolha de diretores escolares está fundamentada em seu caráter democrático”.
Sendo assim, é necessário que a sociedade tenha comprometimento político,
desta forma, a eleição torna-se um instrumento democrático que possibilita a
participação de todos os envolvidos no processo de democratização, porém com
consciência que não se trata da única forma de garantia de democratização
escolar.
Nessa perspectiva, Fernandes (2017, p. 46) afirma que é fato que “a
gestão democrática do ensino não se resume a eleição para o provimento de
cargo de diretor de escola. Mas não se pode negar que sem este componente, a
gestão democrática do ensino nunca será aquela que desafia o poder
historicamente construído”, assim sendo, a autora entende que a eleição para
diretor é um primeiro passo na busca pela democratização da gestão escolar, que
não se encerra na forma apenas do mecanismo de provimento para diretor, mas
se consolida ao longo do processo.
Diante do exposto, nota-se a necessidade da criação de uma nova cultura,
voltada à natureza política da escola, na qual se possibilite formar cidadão com
consciência política participativa na sociedade, mas só será possível construir
essa cultura por meio da prática, para isso a escola precisa de autonomia nas
tomadas de decisões.
4 PESQUISA EMPÍRICA
181
em cada município). Segundo os microdados do Censo Escolar (INEP, 2016), a
Escola 1 (Município 1) possuía 673 alunos, representando 12,3% de um total de
5.450 alunos matriculados na referida rede municipal; e a Escola 2 (Município 2)
tinha 575 alunos, esta representa 5,1% de um total de 11.192 alunos matriculados
na referida rede.
A coleta de dados ocorreu por meio de 10 questionários destinados aos
seguintes sujeitos: 02 gestores, 04 professores (02 não membros de instância
colegiada e 02 integrantes da APMF), 02 funcionários integrantes da APMF e 02
pais, um deles é membro do Conselho Escolar e outro da APMF. Convém
destacar que não há Grêmio Estudantil nas duas escolas, ambas atendem os
anos iniciais do Ensino Fundamental.
Considerando que a LDB (art. 14, inciso II) prevê que a gestão democrática
pressupõe a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
político pedagógico (PPP) da escola, buscou-se saber junto às diretoras como e
quando foi organizado o mencionado documento. Na escola 1 o PPP foi
organizado em 2010 e 2011, ou seja, não há discussão acerca do seu PPP há
mais de 5 anos, em contrapartida, a diretora da escola 2 menciona que todos os
anos o documento é organizado.
Em outra questão se pedia que as diretoras esboçassem quais instâncias
colegiadas existem na instituição, a escola 1 possui apenas a APMF e a escola 2
possui APMF e Conselho Escolar. Foi solicitado então que as diretoras
descrevessem como se dá o funcionamento do Conselho Escolar:
182
situações extraordinárias, diferentemente da escola 2 que apresenta o Conselho
Escolar como mais um espaço promotor de participação na gestão escolar.
Foram aplicados questionários a dois professores que não participam de
nenhuma instância colegiada e a dois professores que atuam em instância
colegiada. Ao questionar se a escola promovia mecanismos de participação da
comunidade na gestão escolar e caso existisse, pediu-se que citassem exemplos,
obtiveram-se as seguintes respostas:
“Sim, reuniões bimestrais, feiras semestrais, participação na APPF,
conselho escolar” (PROFESSORA MEMBRO DA APMF DA ESCOLA
1).
183
Foram aplicados questionários a dois funcionários membros da APMF nas
duas escolas, questionou-se acerca da existência de mecanismos promovidos
pela escola para viabilizar a participação da comunidade na gestão escolar no
processo de decisão, o funcionário da escola 1 também afirmou que a instituição
realmente não promove mecanismos de participação, assim como a professora
que não é membro de instância colegiada que afirmou não ter conhecimento da
escola promover mecanismos de participação. Na escola 2, conforme afirma o
funcionário, a escola promove mecanismos de participação, por meio da previsão
para compras e em geral, bem como de prestação de contas, dessa forma,
entende-se que a escola 2 delibera quanto à definição de planejamento de
compras.
Questionados sobre como e quando foi organizado o projeto político
pedagógico (PPP) da escola e se o funcionário participou da sua elaboração e/ou
reformulação, a funcionária da escola 1 respondeu que não participou da
elaboração do PPP, enquanto que o funcionário da escola 2 afirma ter participado
no início dos anos letivos.
Por fim, aplicou-se questionários a dois pais que fazem parte de alguma
instância colegiada, nas respostas percebe-se que o pai da escola 1 foi indicado
pela diretora, sendo convocado uma única vez, e ainda para tratar de um assunto
extraordinário que ocorreu na escola, ainda afirmou não saber qual a sua função
enquanto membro do Conselho Escolar, o que demonstra que a mencionada
instância não é atuante. O pai representante da APMF do município 2 destaca
que é suplente há dois anos e foi escolhido em reunião de pais, afirmando que as
decisões são tomadas em conjunto.
Sobre a relação do membro da instância colegiada com os demais
membros da comunidade escolar (direção, funcionários, pais e alunos), os
entrevistados avaliam da seguinte forma:
“Na minha opinião como membro do conselho, achei que não resolvo
nada fazer parte do conselho, pois as decisões são tomadas sempre
pela direção sem sermos consultados”. (PAI REPRESENTANTE DO
CONSELHO ESCOLAR DA ESCOLA 1).
“Eu acredito que tenho uma boa relação, com todos os membros, pois
consigo dar as minhas opiniões e as mesmas serão aceitas”. (PAI
REPRESENTANTE DA APMF DA ESCOLA 2).
184
Percebe-se que o pai da escola 1 não tem vez e voz em relação à
representatividade no Conselho Escolar, pois não é convocado para tratar de
assuntos escolares, evidenciando uma instância colegiada sem função efetiva na
realidade escolar, apenas cumprindo formalidade burocrática; em oposição, o pai
representante da APMF da escola 2, cita que sua análise e opinião são
consideradas no processo de tomada de decisão.
Indagou-se aos pais se a escola possui ou recebe recursos financeiros e se
os mesmos sabiam qual a fonte da verba e como era decidido o seu gasto,
também se questionou quanto à forma de provimento do diretor; o pai
representante do conselho da escola 1 não sabe como acontece a escolha do
gestor, nem se a escola recebe verba e como esta é utilizada; no entanto o pai da
escola 2, representante da APMF, sabe que o provimento de cargo de diretor
acontece mediante eleição, citou que a verba vem da prefeitura e o gasto é
decidido com os integrantes do conselho escolar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
185
De acordo com as informações coletadas foi possível perceber que na
escola 1, na qual o gestor é indicado, há falta de mecanismos de participação da
comunidade escolar, percebe-se nas falas dos sujeitos participantes da pesquisa
que a gestão se centra na figura do diretor sem deliberações coletivas, numa
prática hierarquizada, verticalizada e burocratizada; além disso, as instâncias
colegiadas se mostram como instituições que apenas cumprem formalidades
burocráticas.
A pesquisa de campo evidenciou que, entre as escolas pesquisadas, a
gestão é mais democrática na escola 2, na qual o gestor é escolhido por processo
eletivo, esta apresentou maior participação dos diferentes segmentos que
constituem a comunidade escolar numa perspectiva democrática; tal evidência
sinaliza que a cultura da participação é construída, uma vez que a gestão
democrática é um processo de aprendizado e de luta, portanto, não se encerra na
forma do mecanismo de provimento para diretor, mas se consolida ao longo do
processo (DOURADO, 1998), o que indica a possibilidade desta construção
também por parte da escola 1, tendo como ponto de partida o processo
democrático de escolha do gestor, considerando que este processo torna-se
relevante na politização da comunidade.
REFERÊNCIAS
186
______. Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014. Disponível em
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-
publicacaooriginal-144468-pl.html. Acesso em 15 jul. 2017.
187
A (RE)EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES
RESUMO
Este artigo é fruto das reflexões acerca de leituras realizadas a partir do ingresso no curso de
mestrado em Educação Diversidade Diferença e Desigualdade Social, oferecido pela Universidade
Federal do Paraná. A finalidade deste texto é apresentar algumas considerações a respeito da
educação das relações étnico-raciais, afirmadas aqui mais como uma forma de reeducação
propriamente dita, uma vez que aquelas já existentes se baseiam em relações desiguais de poder
estabelecidas entre negros e brancos. Para a realização desta produção adotou-se como ação
metodológica a leitura e análise de diferentes referenciais sobre o assunto: livros, artigos
resultantes de pesquisas e documentos oficiais. Pautada em diferentes autores (MUNANGA, 2003;
GOMES, 2005; CAVALLEIRO, 2006; JACCOUD, 2009; ASANTE, 2009) e legislações específicas
(10639/2003; 11645/2008; Parecer 003/2004), a discussão acerca de termos como etnia, raça,
racismo, relações raciais, discriminação racial, afrocentricidade, dentre outros, ganha sentido e
tornam visíveis as desigualdades raciais pungentes nas diversas relações étnico-raciais
vivenciadas por diferentes povos em nossa sociedade, chamando atenção aqui especificamente
para o povo negro. O racismo está presente e permeia a sociedade brasileira trazendo
consequências perversas para quem deste é vítima. Nesta conjuntura, o trabalho com a
reeducação das relações étnico-raciais encontra respaldo. O papel da escola frente a esta
educação também ganha enfoque, sendo alicerçado sob a perspectiva das propostas
apresentadas por políticas de ações afirmativas, enfatizando a história e cultura dos povos
africanos e afro-brasileiros. Como resultados das leituras e reflexões suscitadas neste estudo,
ficam as descobertas de que reeducar para as relações étnico-raciais, corrobora para a
construção de uma identidade positiva, combate o racismo e a discriminação e auxilia na
construção de práticas promotoras de igualdade racial, dentro e fora do contexto escolar.
1 Introdução
1
São José dos Pinhais. Gestora no Centro Municipal de Educação Infantil Flor-de-Lis; mestranda em
Educação: Diversidade, Diferença e Desigualdade Social, pela Universidade Federal do Paraná; graduada em
Pedagogia pela Unicesumar e em Letras Português/Espanhol e demais literaturas pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa; especialista em Educação Especial, Psicopedagogia Clínica e Institucional,
Psicomotricidade e em Mídias Integradas na Educação. Contato: sarabrownsummer@gmail.com.
2
Curitiba. Professora da Universidade Federal do Paraná e Coordenadora de Estudos e Pesquisas
Inovadoras na Graduação (CEPIGRAD); doutora em Educação pela Faculdade de Educação da USP; mestrado
em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; graduada em Licenciatura Plena em
Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Contato: lucimardias1966@gmail.com.
188
análise de: documentos oficiais, como leis e pareceres que se relacionam com o
assunto das relações étnico-raciais; livros de diferentes autores e artigos
científicos resultantes de pesquisas.
As diferentes leituras mostram que a existência comprovada do racismo
na sociedade brasileira impede avanços por parte do povo negro, ainda que se
mantenha o discurso do racismo cordial e o mito da democracia racial que impera
no Brasil. O racismo, manifestado através da discriminação racial, mostra sua
face obscura, deixando sérias consequências para as vítimas. É por estas e
outras razões que ele precisa ser combatido na sociedade. Sendo assim, cabe
analisar o papel da escola na (re)educação das relações étnico-raciais entre as
pessoas, visando a construção de uma sociedade mais igualitária, onde se
estabeleçam relações mais solidárias e de respeito entre todos.
A busca por uma educação antirracista passa pela (re)educação das
relações étnico-raciais que neste trabalho é pensada a partir da ampliação do
conhecimento sobre a África e sua cultura, rica e ainda pouco conhecida pela
maioria das pessoas, uma vez que foi silenciada nos materiais didáticos e
mistificada por muito tempo.
Estas e outras questões serão tratadas nestas breves páginas,
formulando considerações a respeito da temática das relações étnico-raciais.
2 Desenvolvimento
189
São relações imersas na alteridade e construídas historicamente nos
contextos de poder e das hierarquias raciais brasileiras, nos quais a raça
opera como forma de classificação social, demarcação de diferenças e
interpretação política e identitária. Trata-se, portanto, de relações
construídas no processo histórico, social, político, econômico e cultural.
(GOMES, 2010, P. 22)
Outra reflexão possível é pensar que questões como estas dizem respeito
a toda sociedade brasileira, pois debater relações raciais compreende falar sobre
negros e brancos na tentativa de entender e ressignificar o papel relegado a cada
um na história, desconstruindo estereótipos.
Para iniciar esta discussão, propõe-se a análise do tensionamento
existente entre raça e etnia. Neste trabalho, o termo raça está sendo usado para
demarcar a existência perversa do racismo na sociedade brasileira, atribuindo à
raça uma dimensão política e social.
De acordo com Munanga (2003, p. 10),
190
umas às outras, ainda que optem pelo uso do termo etnia para referir-se a todos
aqueles que são considerados povos diferentes física e culturalmente, como é o
caso dos negros e indígenas. Ao se depararem com a diferença, muitos, acabam
por comparar, rotular e estigmatizar o outro, rechaçando particularidades físicas e
culturais que não sejam semelhantes às suas. Este fator faz com que, na
sociedade, haja tratamento desigual entre as pessoas, constituindo uma
hierarquização das relações sociais.
E como conceituar e caracterizar o racismo que permeia as relações na
sociedade brasileira?
Gomes (2005), alerta que o racismo é uma questão estudada por vários
pesquisadores, estando presente na história da humanidade e se manifestando
em diferentes situações e das mais diversas formas.
Além dessa falsa ideia de igualdade racial existem pessoas sem nenhuma
empatia, uma vez que não se colocam no lugar do outro e/ou não querem perder
191
seu lugar de privilégio e por isso sustentam a falácia da igualdade
desconsiderando o sofrimento impingido aos negros, ou seja, na sociedade
brasileira, o racismo apresenta-se de uma maneira muito peculiar e através de um
discurso muito bem ensaiado. O fato é que, tanto o mito do racismo cordial quanto
o da democracia racial mantém a invisibilidade deste problema, mascarando a
sua existência, de acordo com Silva (2009).
Ao mesmo tempo em que se nega a existência de racismo, acaba-se por
naturalizar diversos estereótipos construídos acerca dos negros, uma vez que
muitas pessoas defendem que os grupos étnico-raciais vivem em situação de
igualdade, tanto de oportunidades quanto de tratamento. Se assim fosse, como
explicar o fato da falta de representatividade dos negros na política, na mídia, nos
cargos de chefia, nas camadas mais privilegiadas social e financeiramente? Será
que esta ausência não é resultado do modo como as relações raciais operam no
Brasil? De acordo com Gomes (2001, p. 92), o racismo está mais do que presente
na sociedade brasileira, ainda que as pessoas neguem veementemente.
192
O prefixo /RE/ será utilizado aqui para suscitar a ideia de que as pessoas
já estabelecem relações étnico-raciais entre si. Contudo, as mesmas são
baseadas em relações de poder, muitas vezes, determinadas por ideias
preconcebidas.
Pensar na (re)educação das relações étnico-raciais requer conhecimentos
específicos para trabalhar com a temática em sala de aula, perpassando desde o
reconhecimento da diversidade étnico-racial que permeia a sociedade brasileira à
percepção da ideologia presente nos materiais didáticos utilizados na formação
acadêmica das crianças. Então, por que delegar à escola esta tarefa?
Jaccoud (2009, p. 95), chama a atenção para o fato de que é na escola
que a discriminação se faz presente na vida das pessoas.
193
Em relação ao povo negro é perceptível que, no Brasil, existiu um
silenciamento de sua história nos currículos escolares que ressaltam muito do
passado escravocrata e pouco das lutas de resistência. Asante (2009, p. 98),
chama atenção para o fato de que “[...] muitos intelectuais e escritores do
passado desprezaram as criações africanas, fossem elas na música ou na arte,
fossem na ciência, como algo diferente do restante da humanidade (ASANTE,
2009, p. 98)”. Essas criações também foram formas de resistência à opressão e à
situação que os negros viviam.
Cavalleiro (2005, p. 13), também mostra que a imagem do negro retratada
por muitos materiais didáticos aparece ligada ao período escravista, o que
corrobora para a naturalização e interiorização de preconceitos e discriminações
em relação ao povo negro.
Até bem pouco tempo atrás (antes da alteração da LDB pelas leis
10.639/03 e 11.645/08), não havia espaço institucional e legal na escola para a
discussão sobre relações de poder e reprodução de desigualdades baseadas no
racismo. Talvez, por isso, tenha sido necessário o clamor de tantas vozes negras,
solicitando continuamente o direito a uma educação antirracista. Para
compreender e reconhecer a contribuição dos negros na formação da sociedade
brasileira e valorizar sua identidade étnico-racial é necessário pensar: como a
história está sendo contada? Qual visão tem prevalecido: a do suposto
conquistado ou a do colonizador? Qual a ideologia reproduzida pelos materiais ao
retratar a história do povo negro?
Não se trata de fugir do passado e relegar o período de escravidão ao
esquecimento ou até mesmo negá-lo, mas sim de posicionar um novo olhar para
a história do povo negro, humanizando-a e reconhecendo que este também
produziu conhecimento.
194
Gomes (2017), ao escrever sobre os saberes construídos pelos negros
nas lutas por emancipação, evidencia um importante ator político e grande
educador responsável por muitas conquistas: o Movimento Negro Brasileiro. A
pesquisadora destaca a importância das realizações desse Movimento já na
primeira metade do século XX, destacando: a imprensa negra; o papel da Frente
Negra Brasileira, na década de 1930; o Teatro Experimental dos Negros,
formando profissionais negros a partir da década de 1940; a ressignificação do
conceito de raça, na década de 1990, dentre outras ações desencadeadas pelo
Movimento até hoje.
O que se percebe é que, como consequência das conquistas advindas
das lutas impulsionadas pelo Movimento Negro Brasileiro, houve a abertura do
debate a respeito do racismo, possibilitando a elaboração e implementação de
algumas políticas de ações afirmativas, no sentido de reparação e
reconhecimento do papel fundante deste grupo para a formação da população
brasileira. Consequentemente, houve a possibilidade da juventude negra
contemporânea ter outra postura em relação ao racismo, denunciando, resistindo
e ocupando novos espaços.
Conceição Evaristo (2008), ao tecer o poema “Vozes-mulheres”, retrata
este fato histórico de maneira singela e profunda, enunciando a condição vivida
por muitos negros brasileiros. O poema é a expressão da ruptura com uma
narrativa que retratava o povo negro sob a perspectiva da escravidão, mostrando
através de versos que a força da resistência negra está ancorada na sua
ancestralidade, denunciando o sofrimento e a opressão e demarcando como
característica identitária negra a busca pela liberdade através da coletividade e da
resistência.
Vozes-Mulheres
195
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
196
conscientemente nos modos de vida, nas formas de luta por sobrevivência e nas
experiências vividas pelos africanos continentais e pelos povos das diásporas. É
impregnar-se da cultura e filosofia africana para explicar o mundo.
De acordo com M’Bow (2010), são evidentes as marcas da herança
africana nos modos de pensar, agir e sentir de algumas nações do hemisfério
ocidental e em vários países -como o Brasil- são visíveis os conhecimentos
herdados da África, seja nas tecnologias de produção alimentares ou na produção
da espiritualidade brasileira. Então, o que leva a crer que o único povo que não
possa produzir uma relação com o sagrado seja o povo negro? A desumanização?
O racismo? Por que, ao negro, é negada a condição de sujeito do conhecimento?
Acreditando que as respostas completas para tais questionamentos estão
longe de ser elucidadas, busca-se investigar como o racismo se apresenta nas
suas múltiplas facetas. Contudo, o simples fato de pensar sobre estas questões
leva à procura de novos referenciais, como é o caso do Parecer 003/2004, que
orienta para outra prática educacional, na qual se considera fundamental educar
para as relações étnico-raciais rompendo com as relações de poder entre os
conteúdos que tratam da herança africana e da europeia. Logo, a determinação
política não veio para mudar o enfoque de um currículo etnocêntrico para um
africano, mas para garantir a aprendizagem de ambos, sem hierarquização.
Parece óbvio que esta mudança de paradigma não se dará somente pela
força da lei, pois não será assim que se elucidará a temática das relações étnico-
raciais na escola. Por conseguinte, o conhecimento dos documentos orientadores
de uma educação antirracista, a reflexão por parte dos profissionais da escola
acerca de como estão sendo estabelecidas as relações no ambiente escolar e o
reconhecimento dos conflitos raciais existentes neste ambiente, é fundamental
para dar início a esse trabalho. Seguidos, é claro, de muito estudo.
O próprio Parecer ressalta que o sucesso das políticas públicas depende
de vários fatores: “trabalho conjunto de articulação entre processos educativos
escolares, políticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas,
culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais, não se limitam à
escola.” (BRASIL, 2004, p. 5). Assim, nota-se que tais mudanças requerem
mobilização por parte de toda a sociedade brasileira.
O que foi defendido até o presente momento neste texto, vem ao encontro
das pesquisas realizadas por Dias (2007), que mostram experiências positivas de
197
educadoras da etapa da educação infantil de Mato Grosso do Sul no âmbito das
relações étnico-raciais, destacando o trabalho com: a literatura envolvendo
personagens negros em situação de protagonismo, a confecção de bonecas
negras, confecção de cartazes considerando a diversidade étnico-racial existente,
a apreciação de obras de arte produzidas por grupos étnico-raciais, dentre outras
atividades que contribuíram para que crianças brancas e negras melhorassem
sua relação e autoestima. As crianças brancas passaram a perceber e valorizar a
beleza do colega negro, tratando-o com mais carinho e respeito e as crianças
negras passaram a se sentir representadas e valorizadas sempre que viam livros,
obras e imagens que retratavam personagens negros.
3 Conclusões
198
afro-brasileiro. Contudo, é preciso reconhecer a situação de privilégio –
notadamente da população branca – em detrimento de outros – os negros –
questionando relações baseadas no preconceito e na discriminação, pois o fato
das condições não serem tão favoráveis não justifica a omissão para os
problemas raciais.
A escola torna-se um espaço privilegiado para a (re)educação das
relações étnico-raciais. No entanto, não é o único lugar para que este trabalho se
desenvolva. Políticas de ação afirmativa são importantes para correção das
desigualdades e manutenção dos privilégios e também para assegurar mobilidade
social, tratamento e acesso igualitário a bens culturais, promovendo uma
verdadeira igualdade racial, ou seja, agindo para que o mito seja um dia a
democracia racial para a qual a população negra tanto luta e faz jus.
Referências
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar. In:
Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. Elisa Larkin
Nascimento (Org.). São Paulo: Selo Negro, 2009.
199
DIAS, Lucimar Rosa. No fio do horizonte: educadoras da primeira infância e o
combate ao racismo. 2007. 319 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós -
Graduação em Educação. Área de concentração: Didática, Teorias de Ensino e
Práticas Escolares. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São
Paulo, 2007.
200
BENDITA ESCREVIVÊNCIA! CONCEIÇÃO EVARISTO A SERVIÇO DA
EDIFICAÇÃO DA LITERATURA NEGRA BRASILEIRA
RESUMO
Levando-se em consideração o projeto identitário da escritora negra - emergido pela construção
social, abrangendo os recursos culturais e normas estabelecidas pelo senso comum e
temporalidade relativa ao passado, ao presente e ao futuro – observa-se que a própria escritora se
define em sua prática social discursiva. No universo literário, ocorre o vínculo indissociável entre
sociedade, contexto, comportamento e atividades humanas, em que o escritor, invariavelmente,
permeia sua escrita com singularidade única conforme a exposição emblemática de suas
vivências. A partir desse esclarecimento, o trabalho em questão tem o objetivo de refletir sobre a
construção poética de Conceição Evaristo quando esta faz da escrevivência uma particularidade
significativa na composição do universo ficcional que a legitima, principalmente, como uma voz
negra acadêmica e, sobretudo, comprometida com a edificação da literatura negra brasileira.
Nesse sentido, enriquece com suas autorias a discussão a respeito das relações raciais,
fortalecendo, assim, a resistência cultural dos afrodescendentes que passam, na escritura dela, de
objeto a sujeito do discurso. É pertinente observar também, na voz poética de Conceição Evaristo,
a construção de um movimento de resgate da ancestralidade em busca dos fragmentos de vida
que dão conta da composição da identidade que a representa. O procedimento metodológico para
esta pesquisa consiste em leitura, discussão e análise de obras de autores afro-brasileiros a partir
de teorias dos estudos culturais e críticos que se debruçaram sobre o tema, com a finalidade de
orientar professores da rede pública e outros educadores interessados em trabalhar nesse
sentido, procurando sempre instrumentalizar a ação pedagógica, possibilitando a existência de
uma educação comprometida com a diversidade racial e cultural do País.
INTRODUÇÃO
Antes de detalhar os elementos norteadores desta investigação,
entendemos ser necessário um rápido retrospecto da construção desse objeto de
pesquisa. Importante é assinalar o nosso próprio processo de conversão de
literatas para os temas da cultura e as motivações que nos levaram a empreender
esta viagem pelo discurso das acadêmicas negras, invadindo território palmilhado
preferencialmente pelos sociólogos da cultura. Nesse processo, vários temas
1
Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal do Paraná, Mestrado em Literatura
Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina / UFSC. Doutorado em Teoria Literária na
área de Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina / UFSC e Pós-
Doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ainda nesta
Universidade realiza o segundo Pós-Doutorado, desta vez em Literatura Afro- Brasileira e participa
também como pesquisadora externa do projeto: Literatura afro-brasileira e sua divulgação em
rede. Possui experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira e Literatura
Portuguesa, atuando, principalmente, nos seguintes temas: crítica literária, com destaque para o
envolvimento desta com a produção de Dalton Trevisan. Outras áreas de interesse: textos,
contextos, análise do discurso e tessitura poética.
201
foram se apresentando e a questão dessas intelectuais, a princípio só sonhada,
emergiu vigorosamente. Foi como se uma porta se abrisse, desvelando um
mundo de luz, cores e formas e descortinasse uma variedade de escritoras,
temas e questões, ligadas tanto ao espaço restrito da literatura como aos outros
aspectos do mundo cultural, social e político.
Tendo consciência de que o recorte a que submetemos tal investigação
não se restringia apenas ao universo do preconceito racial, pressupomos que
estudar as trajetórias das intelectuais negras, em seus vínculos de classe e
inserções em correntes de pensamentos era condição fundamental para
compreender como essas personagens constituíam-se como geração. E mais, o
quê, por que e como produziam os mecanismos de disseminação de suas obras e
se tais conteúdos estariam contribuindo, ainda que indiretamente, para
construção de uma identidade afro-brasileira. Logo, tal escolha impunha trabalhar
teoricamente questões como "modernidade", "posição e situação de classe"
dessas personagens e "campo" a que se vinculam, articuladas às principais
discussões no terreno do pensamento social brasileiro.
O estudo sobre a produção intelectual tem sido preocupação em diversas
áreas do conhecimento. No Brasil, historiadores, cientistas políticos e sociólogos
buscam uma maior compreensão da produção intelectual em si e das relações
entre esses autores e a sociedade mais ampla – o mundo político, com os
diversos grupos e frações de classe, posições de classe etc. –, bem como as
possíveis interpretações que dão à identidade nacional.
Os intelectuais cumprem tal papel ao realizarem, pela interpretação da
realidade, a mediação simbólica entre os fenômenos popular (plural) e nacional,
ligando o particular e o universal. Dessa maneira, "... identidade é o resultado das
relações apreendidas por cada autor", segundo Ortiz (1994, p. 139), a partir de
sua forma de inserção no mundo e sua visão particular da realidade.
Partimos do pressuposto de que a literatura negra sobre uma fatia da qual
nos propusemos dialogar neste texto, atentando para gênero ou tendência, é
considerada aqui como manifestação das lutas que são travadas no interior do
campo intelectual, literário no sentido estrito, pela busca do capital de
reconhecimento e de legitimidade, vinculadas às questões do contexto histórico-
social em que se inserem. A literatura afro-brasileira merece, portanto, ser
avaliada como um dos elementos constitutivos do campo literário brasileiro, não
202
como uma literatura “menor” (denominação desrespeitosa a que vem se
submetendo), tendo como lente a leitura filosófica e sociológica como suporte
para a base literária, fornecida pelos textos em análise. Nesse sentido, foram
utilizados os seguintes pressupostos metodológicos: leituras específicas e
discussões procedentes, seguidas de orientação dos professores da rede pública
e de outros educadores interessados em trabalhar nesse sentido, procurando
sempre instrumentalizar a ação pedagógica, possibilitando a existência de uma
educação comprometida com a diversidade racial e cultural do País.
Ora, sempre se considerou a imagem uma espécie de “duplo” de alguma
outra coisa preexistente, um simples reflexo desta coisa. Desde Platão, pelo
menos, a imagem carrega consigo o estigma da mimese e parece condenada a
cumprir o destino simbólico do espelho, “refletindo” um mundo que a antecede e
que existe à sua revelia. Seria de se perguntar se esse pressuposto especular
ainda se sustenta na contemporaneidade. E a resposta não parece ser algo
simples, uma vez que pressupõe a complexidade própria da existência humana e,
por conseguinte, a elaboração da cultura.
A literatura, como um recorte dessa cultura elaborada pelo agir humano,
tem sido pensada e discutida com toda a complexidade que a pressupõe, mas
que exige uma limitação própria do alcance de cada um dos inúmeros recortes
feitos pelo homem na tentativa de compreender seu próprio fazer. Ser, ao mesmo
tempo, um sujeito consciente e alguém a ser conhecido pode ser a explicação
para tanta complexidade, própria desse par empírico-transcendental2.
Gilles Deleuze, no ensaio teórico A Literatura e a Vida, texto presente na
obra Crítica e Clínica3, orienta seus leitores para uma abordagem da obra
artística mais livre das amarras que a prendem a um sujeito que a determina. Na
abertura do texto, propõe um alargamento para a definição da escrita que,
segundo ele, está muito longe de impor uma forma a uma matéria vivida, pois não
é atributo de um escritor escrever sobre suas próprias neuroses. “A neurose, a
psicose não são passagens de vida”, afirma Gilles Deleuze3. São interrupções,
impedimentos desse processo. Por isso, o escritor não escreve porque está
doente. Escreve sobre a doença, podendo curar a si e aos outros. O escritor é
2
Expressão utilizada por Foucault, na obra FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. São
Paulo: Martins Fontes, 2002.
3
DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica. São Paulo: Editora 34, 1997, p. 13.
203
aquele que por sua sensibilidade maior é capaz de suportar, mesmo através das
vidas e das psicologias das várias personagens que cria o peso dos problemas,
dos desafios, das alegrias e das frustrações evidenciadas pelos outros. É aquele
que tem uma audição mais ampla que lhe possibilita escutar o outro. É aquele
que possui olhos atentos para ver campos distantes de sua retina. Nesta relação
estará mais para o médico do que para o paciente. Esta metáfora é usada por
Gilles Deleuze para desatrelar a vinculação estreita da subjetividade máxima
atribuída ao escritor de determinada obra literária à sua escritura.
Para maior compreensão de tudo isso, Conceição Evaristo registra em
Insubmissas lágrimas de mulheres:
Gosto de ouvir, mas não sei se sou hábil conselheira. Ouço muito. Da
voz outra, faço a minha, as histórias também. E, no quase gozo da
escuta, seco os olhos. Não os meus, mas de quem conta. E, quando de
mim uma lágrima se faz mais rápida do que o gesto de minha mão a
correr sobre o meu próprio rosto, deixo o choro viver. E, depois confesso
a quem me conta que emocionada estou por uma história que nunca
ouvi e nunca imaginei para nenhuma personagem encarnar. Portanto,
estas histórias não são totalmente minhas, mas quase que me
pertencem, na medida em que, às vezes, se (con) fundem com as
minhas. Invento? Sim, invento sem o menor pudor. Então as histórias
não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio
alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e
a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O
real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento
(ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o
fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no
premeditado ato de traçar uma escrevivência. (EVARISTO, 2011, p.10)
204
deslocamento, do inacabamento que um texto proporciona aos que dele se
aproximam em grande número e de várias maneiras. Em A Literatura e a Vida,
Gilles Deleuze registra essa complexidade da escrita que não cessa de dizer
nunca o que tem a dizer, que não é finito o seu campo de atuação, que faz
transbordar o vivido e o vivível. Isso vai ao encontro das palavras de Conceição
Evaristo:
205
demarcadas pelo conflito enfrentado na busca de uma independência acadêmica,
literária, provando, a princípio, a hipótese da impossibilidade de separação entre
vivência e discurso da escritora negra acadêmica.
Para início da demanda temos Conceição Evaristo por Conceição Evaristo:
206
é sempre um dessilenciamento de vozes invisíveis, por isso mesmo
interrompidas.
É de real importância considerar também que a produção literária de
Conceição Evaristo firma-se num engajamento lírico e busca recuperar a
identidade negra e da ancestralidade que a constitui por meio da recuperação de
narrativas de vidas ignoradas, promovendo uma situação de denúncia racial e de
gênero. É essencial comprovar no poema Meia Lágrima, da poeta em questão.
Não,
a água não me escorre
entre os dedos,
tenho as mãos em concha
e no côncavo de minhas palmas
meia gota me basta.
Das lágrimas em meus olhos secos,
basta o meio tom do soluço
para dizer o pranto inteiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
207
como verdadeiramente o é.
A valoração desse discurso se deve a dificuldade de se escrever por um
povo que não pode escrever, a quem não se concede a voz, escreve-se por “um
povo que falta”. Não se trata, no entanto, de se inventar uma nova língua, um
dialeto, mas, novamente Gilles Deleuze insiste na possibilidade de um “devir-
outro” da língua, que inaugura um leque de desdobramentos crítico-reflexivo
sobre o literário.
Em consequência, o sentido só existe na proposição, abrangendo tanto
coisas quanto palavras, porque o acontecimento da superfície acontece às coisas
e subsiste nas palavras, na linguagem, na superfície dos incorpóreos. O sentido é
pululante, deslocando-se por entre as coisas e as palavras. Ele pode ser atributo
do estado das coisas, um extra-ser. Ele pode ser expresso pela proposição, mas
é um inexistente. Ele é presente contínuo, mas também não é presente nunca,
sendo passado e futuro, ao mesmo tempo.
Conceição Evaristo demonstra em seus discursos um sentido que deve ser
buscado. São inequívocos os excessos de sentidos, articulando ideias,
comunicando sentimentos e emoções, coexistindo e ramificando-se em cada
frase e em cada estrofe. Seus devires se arrastam entre um e outro, sempre em
fuga, ansiando por um devir existencialista em velocidade e intensidade
referenciais diferentes conforme as próprias experiências vivenciais.
A arte ou a literatura realizam-se como a expressão da visão de mundo
humana e, portanto, nada mais é que aquilo que está contido na base material
humana e que se exterioriza numa mescla de objetividade/subjetividade,
trabalhados pela consciência histórica do ser social. Dessa forma, herdada a
cultura, extrai-se da arte aquilo que cada momento da humanidade busca para si.
REFERÊNCIAS
208
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato (org.).
Pierre Bourdieu – Sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 46-81.
CULLER, Jonathan. Teoria Literária: uma introdução. São Paulo: BECA, 1999.
209
Negro, 2004.
SILVA, Ana Rita Santiago da. Literatura de autoria feminina negra: (des)
silenciamentos e ressignificações. Fólio Revista de Letras, Vitória da Conquista,
UESB, v.2, n.1, p.20-37, 2010.
210
SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE O LIXO ELETRÔNICO NA EDUCAÇÃO
BÁSICA COM ENFOQUE EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Talita Fraguas1
Carlos Eduardo Fortes Gonzalez2
Alisson Antonio Martins3
Resumo
Este artigo apresenta uma proposta de sequência didática para os alunos da Educação Básica
sobre Lixo Eletrônico, com enfoque em Educação Ambiental. Sua proposição tem por objetivo
apresentar aos estudantes a importância do descarte ambientalmente correto dos resíduos
eletroeletrônicos e discutir as consequências deste descarte de maneira irresponsável para o meio
ambiente e para a saúde. Parte-se da problemática de descarte de materiais e se os estudantes
sabem as consequências, ao meio ambiente e à saúde, do descarte do lixo eletrônico de maneira
irresponsável. Para o seu desenvolvimento propõe-se um questionário inicial anônimo para
investigar os conhecimentos e percepções, interrogando-os sobre o conceito de lixo eletrônico;
exemplos de lixo eletrônico; o tempo de duração média de seus equipamentos eletroeletrônicos;
se eles sabem o que é feito com este lixo eletrônico quando descartado; se eles conhecem a
logística reversa e se eles sabem quais os malefícios do lixo eletrônico à saúde e ao meio
ambiente. Logo após, é exibido o filme Wall-E (2008) com a solicitação de um relato do filme, com
enfoque em lixo eletrônico e Educação Ambiental; na sequência encaminha-se a turma à sala de
informática para que possam pesquisar sobre os elementos químicos presentes nos equipamentos
eletroeletrônicos e, com estes dados obtidos, solicita-se a construção de uma tabela relativa a
estes componentes e aos malefícios que causam à saúde e ao meio ambiente. Para verificar o
conteúdo assimilado, é proposta a realização de uma roda de conversa. Espera-se que haja assim
uma melhoria na aprendizagem, no interesse e que os estudantes vejam sentido no que estão
estudando.
Introdução
1
Curitiba. Mestranda UTFPR. Professora na Rede Estadual de Educação de Curitiba. Contato:
tafraguas@hotmail.com
2
Curitiba. Doutor em Educação. Docente da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do PR,
Campus Curitiba. Contato: cefortes@yahoo.com
3
Curitiba. Doutor em Educação. Docente da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do PR,
Campus Curitiba. Contato: alimartins@gmail.com
211
Outra categoria classifica também, em forma de conceito o que
entendemos como lixo eletrônico, obedece por outro lado não apenas a
nomenclatura conceitual, mas também a constituição pela qual o objeto é
composto.
212
ambiente produziram-se a partir das eras pré-industrial e industrial, a
partir da necessidade de aumento no consumo dos recursos naturais e
da produção de dejetos além da capacidade de reciclagem da natureza
(MORELLI, 2003, p. 31 - 32).
213
queda dos preços dos eletrônicos faz com que haja um consumo maior e,
consequentemente, maior descarte dos dispositivos velhos” (GLOBO, 2017).
Com o crescimento excessivo da população surge então a crise ecológica
e, por consequência, muitos problemas ambientais, devido ao avanço tecnológico,
à industrialização e ao consumismo. Situações como fome, pobreza e injustiça
são consequências da crise ecológica de cunho social e o paradigma ecológico
surgiu para fazer frente a essa crise.
214
O despertar da consciência
215
A toxicidade parece ser comum a muitas formas de resíduos
considerados lixo eletrônico. Isso provoca ao meio ambiente danos e a diferentes
formas de vida. Lidar com esse problema requer cuidados para evitar qualquer
tipo de poluição, daí a importância do descarte de forma adequada. No Brasil,
muitos aterros sanitários não são confiáveis podendo assim infiltrar chorume no
solo e por consequência contaminar a água que futuramente poderemos vir a
utilizar.
216
Mudar para transformar, do negativo para o positivo, deve ser a tônica
deste nosso compromisso. Os estudantes e jovens, por natureza de sua
constituição e faixa etária, constituem uma força que precisa ser orientada no
sentido de construir o universo que desejamos. Assim, faremos uma interação
vigorosa e produtiva que favoreça a vida e o meio, sem deteriorar, sem agredir a
natureza e seus ecossistemas.
217
Uma das formas de minimizar os resíduos sólidos e, especificamente
também, os eletroeletrônicos, é a logística reversa.
218
modo que, ou preservamos o meio ambiente, ou haverá grandes prejuízos para a
biosfera.
Na sala de informática, faz-se uma pesquisa dos elementos químicos
presentes nos componentes eletroeletrônicos e os problemas relacionados à
saúde, construindo, a partir desta pesquisa, uma tabela ou história em quadrinhos
com os elementos químicos presentes no lixo eletrônico e os malefícios que estes
causam à saúde e ao meio ambiente, para que, estes sejam expostos na escola,
em três horas-aula.
Para finalizar, faz-se uma roda de conversa abordando a importância do
descarte ambientalmente correto dos resíduos eletrônicos, a logística reversa e os
malefícios desde descarte de maneira irresponsável, verificando assim o
conteúdo assimilado pelos estudantes, em duas horas-aula. Resultando no total
de dez horas-aula. Segundo Gatti (2005), as rodas de conversa permitem
compreender processos de construção da realidade por determinados grupos
sociais, compreender práticas cotidianas, ações e reações a fatos e eventos,
comportamentos e atitudes, constituindo-se uma técnica importante para o
conhecimento das representações, percepções, crenças, hábitos, valores,
restrições, preconceitos, linguagens e simbologias prevalentes no trato de uma
dada questão por pessoas que partilham alguns traços em comum, relevantes
para o estudo do problema visado. Cabe em todas as disciplinas a discussão dos
assuntos socioambientais para que todos, num esforço concentrado, apontem as
questões e as possíveis soluções para as variadas problemáticas sociais e
ambientais.
Resultados
219
É muito mais fácil aprender quando se tem como ponto de partida um
referencial seguro e adequado, ou seja, com o auxílio de um referencial
metodológico. Esta aprendizagem cria na mente do estudante uma espécie de
marca que pode permanecer ao longo de sua história. Serão estes alunos, mais
tarde, multiplicadores desta mesma consciência ambiental. Por isso, o
compromisso precisa ser da escola e não deve se restringir a uma disciplina. “A
partir daí, não há como não nos convencermos de que está na hora de
encararmos alguns desafios, entre eles, o de repensar não só nossa forma de
produção, mas também nossos costumes, consumo, saúde e paradigmas de
felicidade” (MORELLI, 2003, p. 36).
Espera-se que, demonstrada a relação do cotidiano com o conteúdo, haja
uma melhoria na aprendizagem e no interesse da disciplina estudada, pois, para
os estudantes se aplicarem às disciplinas escolares é necessário que eles
constatem sentido no que estão estudando. De algum modo, é necessário que
estejamos atentos à construção de uma consciência crítica no que se refere à
relevância do ambiente preservado, para a qualidade de vida e o equilíbrio da
biosfera.
Conclusões
220
conservação e cuidado com o ambiente, do qual todos os seres vivos e a
humanidade dependem.
O homem não tem demonstrado ter compreendido esta necessidade
premente. Antes de tentar conservar é preciso eliminar as causas que levam a
essa aceleração da destruição da natureza, educando as pessoas sobre a
importância de preservar e conservar o meio ambiente. Deste modo, precisamos
pensar nos elementos naturais como extensão complementar de nossos corpos.
Perceber que estamos unidos ao Planeta e não apenas situados sobre a Terra,
isso ajuda a entender que a Educação é, necessariamente, ambiental.
Cabe aos educadores preparar o cidadão de amanhã, orientando,
ensinando e conscientizando sobre a preservação do Planeta. Para isso, é
importante que se desenvolvam metodologias no desenvolvimento de atividades
que levem a efetivas intervenções sociais ambientais, isto é, que transformem
comportamentos e também as relações sociais no que concerne ao meio
ambiente.
Referências
DÍAZ, Alberto Pardo. Educação ambiental como projeto. Porto Alegre: Artmed,
2002.
221
GATTI, Bernadete Angelina. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e
Humanas. Brasília: Liber Livros, 2005.
MORELLI, Leonardo. O Grito das Águas. Joinville: Editora Letra d’água, 2003.
WALL-E. Direção: Andrew Staton, produção: Jim Morris. EUA. Pixar Animation
Studios, 2008. 1 DVD, 1h37min.
222
PEDAGOGO: SEUS DIREITOS, DEVERES E FORMAÇÃO
Thiana Maria Becker1.
Márcia Regina Mocelin2.
Sueli P. Donato3.
Resumo
1. INTRODUÇÃO
A profissão de pedagogo está crescendo e tomando espaço fora do
ambiente escolar. Têm-se profissionais exercendo funções em empresas,
hospitais, indústrias de brinquedo, museus, ongs, e saber quais são suas funções,
seus direitos e deveres são de extrema importância. O tema pesquisado decorre
de questões levantadas ao longo do processo de formação acadêmica em
Pedagogia e da observação a partir dos estágios realizados durante o curso de
graduação. Dessa forma, a pesquisa visou colaborar com os leitores em geral,
sobre a atuação do profissional pedagogo e o espaço que vêm sendo conquistado
por ele nas últimas décadas. O objetivo principal desse artigo foi o de identificar
1
Aluna do curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. Membro do
Grupo de Pesquisa: Entre O EaD E Presencial: Vários Cenários De Docência, Aprendizagem E
Políticas Públicas.
2
Profª. PhD Coordenadora dos Cursos de Segunda Licenciatura e Formação Pedagógica do
Centro Universitário Internacional UNINTER. Membro do Grupo de Pesquisa: Entre O EaD E
Presencial: Vários Cenários De Docência, Aprendizagem E Políticas Públicas.
3
Profª. Dra. do Curso de Segunda Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário
Internacional UNINTER. Membro de Grupo de Pesquisa Entre O EaD E Presencial: Vários
Cenários De Docência, Aprendizagem E Políticas Públicas.
223
por meio de uma pesquisa bibliográfica quais são as funções do pedagogo,
direitos e deveres dentro e fora do ambiente escolar, e de que forma esse
profissional pode contribuir com a educação.
Saviani (2007) refere a Pedagogia como detentora de dupla referência e
que merece ser analisada desde sua história na Grécia antiga até sua concepção
atual, desenvolvendo assim uma estreita reflexão envolvendo a filosofia, apoiada
na ética que conduz o ato educacional estudando a experiência e a prática,
reforçando a metodologia que sustenta os procedimentos nas práticas escolares.
Da mesma forma, é importante referenciar que Franco (2008), ao esclarecer o
percurso histórico da pedagogia teoriza que ela é tratada como arte, metodologia,
ciência da arte educativa e recentemente com expressiva ênfase na atuação
docente.
Diante do exposto, é inegável que existe uma indefinição do papel atribuído
ao pedagogo e a Pedagogia como fator educativo em detrimento da sua
complexidade. Essa é uma questão que merece atenção, pois, tradicionalmente,
a Pedagogia é conceituada como sendo uma área de conhecimento que tem
como principal foco a educação, o estudo e a análise.
Segundo Libâneo (2001, p.160):
224
e não menos importante, a terceira, que traça uma breve linha histórica sobre a
formação de pedagogos para atuação em espaços não formais.
Segundo Gohn (apud FRISON, 2006, p. 13), a educação não formal, até a
década de 90, “era vista como um conjunto de processos delineados para
alcançar a participação de indivíduos e de grupos em áreas de extensão rural,
treinamento vocacional, técnico, educação básica e planejamento familiar”.
A busca por trabalhadores com boa qualificação para atuarem dentro das
empresas começa a exigir novos requisitos como o bom atendimento aos clientes
e a uma boa relação entre os funcionários. E é nesse ínterim, que a pedagogia flui
do interior do espaço físico escola, para atingir novos nichos no mercado.
Gohn (1999, p. 92 apud Frison 2006, p. 14) diz:
225
O pedagogo, para trabalhar no âmbito não-formal, deve ainda ser capaz
de articular com valores humanos, com os sistemas de comunicação,
com as relações interpessoais, com currículos, práticas pedagógicas,
avaliação e planejamento em contextos diversos. Deverá estar
capacitado para trabalhar com as mudanças tecnológicas e de mercado
econômico, bem como com a gestão do conhecimento.
226
Sabe-se dessa forma, que tanto em espaços formais quanto não formais, a
educação pode existir e transformar. Habilitar, imputar conhecimento são
contribuições do pedagogo na formação integral do indivíduo.
227
de qualidade. No entanto, é imprescindível nesse momento, a boa verbalização, a
comunicação em si, pois somente quem consegue expressar-se, é capaz de
perpassar cultura ou ensinamentos.
O terceiro pilar consta em aprender a conviver. Ensinar as regras de
tolerância, do respeito, da boa convivência são princípios básicos ensinados
desde a educação infantil, em espaços de convivência coletiva. E isso não se
perde com o passar dos anos. Promover discussões, grupos de estudos, fazer
estudos de casos, colocando aos alunos sobre a realidade cruel que muitos seres
humanos, excluídos socialmente por alguma razão, sofrem e entender o quão
ínfimo são essas atitudes perante o respeito, a aceitação das diferenças, e como
o mundo pode ser melhor com a erradicação desses sentimentos vis, é muito
importante.
Para finalizar, o quarto pilar da educação trata do aprender a ser. É o que
os pedagogos, de forma multidisciplinar trabalham hodiernamente. Retrata a
formação do indivíduo de maneira integral, não somente detentor de
conhecimentos conteudistas da educação tradicional, mas autores possuidores de
criticidade, com pensamentos autônomos e não mecanizados, proprietários de
uma identidade única capazes de enfrentar problemas, modificar sua sociedade e
transformar milhares de vidas, respaldados pelos ensinamentos reflexivos
transmitidos pelo professor.
Baseados nesses quatro pilares da educação se constrói uma educação
concreta, real, motivadora, capaz de transformar vidas, independentemente do
espaço em que ela ocorra, seja em um espaço formal ou não formal.
228
Seguindo a linha histórico temporal referente a educação no Brasil, é
notório a percepção de muitos avanços mas também retrocessos desde a época
do Brasil colônia, o que veio culminar na precariedade do sistema (SILVA, 2014).
A formação profissional dos docentes nesse período, não era reconhecida
por sua devida importância, não era prioritária no país. Os rebentos, oriundos de
famílias ricas, eram enviados ao exterior para estudar e se formar, já os filhos de
famílias menos favorecidas, com todas as mazelas sociais que os afligiam, pouco
pensavam em estudos ou qualquer outro tipo de formação (SILVA, 2014).
O reconhecimento do curso de Pedagogia passou por inúmeros problemas
identitários e de caracterização. O curso em seu encetamento formava apenas
profissionais capacitados a doutrinar aulas.(CATANI e OLIVEIRA, 2002).
Como se lê em Berezinski (1996, p. 42): “o professor assim formado
passava a dominar métodos e técnicas adequados à prática docente, mas não
aprofundava em estudos da pedagogia como área de saber”.
Berezinski ressalta ainda:
229
pedagogo”, ou seja, uma educação com falta de comprometimento, mecanizada,
reprodutora de técnicas e métodos adquiridos durante o curso que era gerenciado
se assim pode-se dizer, pelo governo que mostrava-se apático com ideias do
surgimento de seres pensantes e transformadores sociais.
Foi somente em 2006, respaldos pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), n. 9.394/96, e com a definição das Diretrizes
Curriculares para o curso de Pedagogia, que o curso ganhou reconhecimento em
nível superior, e que a partir de então, o profissional passou a ser respeitado pela
sua formação mostrando-se capaz de atuar em diferentes áreas que necessitem
do conhecimento em pedagogia.
No artigo 4º das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia
(2006) se encontra a finalidade do curso de Licenciatura em Pedagogia, a saber:
Desde então, percebe-se que há uma grande luta por parte dos cursos de
formação de pedagogos em conseguir manter seu acadêmico ativo, participativo,
atualizado e engajado em todas as disciplinas formativas do curso de Pedagogia,
ainda mais nesse momento em que o campo de atuação do profissional se
expandiu, acrescentando ainda mais conhecimentos a serem adquiridos pelos
futuros profissionais.
A educação não formal teve seu início com a criação do Estatuto da
Criança e do Adolescente) em 13 de julho de 1990 pela Lei 8.069, que ampliou a
atuação dos profissionais de dentro das escolas para os espaços sócios-
educativos, ou não formais. Desde então, muitas discussões e debates sobre a
área de atuação, seus direitos e deveres, acometem os futuros pedagogos e são
constantes nos cursos de formação docente.
Do ano de 2005 em diante, segundo Brasil (2006, p.02), têm-se como
objetivo geral na formação de profissionais pedagogos:
230
escolas; e, ainda planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar
projetos e experiências educativas não escolares.
5. METODOLOGIA
231
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem,
porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo
de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a
respeito do qual se procura a resposta.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
232
com as mais variadas pessoas e, por trazer conhecimentos diversos aliados à
competência para desenvolver atividades nos mais variados espaços.
Em se tratando de espaços não formais, o percentual de atuação do
pedagogo está em uma crescente constante. Pressupõe-se que com a atuação
desse profissional no mercado, haverá uma melhoria na qualidade dos serviços
prestados. Por isso, como cita Frison (2006, p.16): “urge a constante atualização:
o aperfeiçoamento é fundamental para acompanhar as exigentes demandas
profissionais”.
Transmitir valores, ensinar, estimular a aprendizagem, visando a autonomia
de um indivíduo é uma profissão nobre, por isso o pedagogo está em evidência
sobressalto no mercado, e sua necessidade é sentida dentro de ambientes não
escolares.
Como enfatiza Gohn (2006, p. 29):
233
Referências
CERVO, Amado Luiz. Metodologia Científica / Amado Luiz Cervo, Pedro Alcino
Bervian, Roberto da Silva. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
Disponível em:
http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/97885760504/pages/_5.
Acessado em 04/07/2017.
234
___________. Educação Não formal, participação da sociedade civil e
estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de
Janeiro, vol. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.
235
O SABER AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Resumo
Este artigo consitui-se de uma revisão bibliográfica que busca abordar a compreensão da
educação ambiental com base no conceito de saber ambiental proposto pelo sociólogo
ambientalista latino-americano Enrique Leff, a partir da leitura e fichamento do livro “Epistemologia
Ambiental”. Com base na análise, selecionamos as categorias: problemática ambiental,
racionalidade ambiental e saber ambiental, as quais nortearam as pesquisas em outros trabalhos
de Leff, em periódicos da Revista Brasileira de Educação Ambiental e em textos de livros
desenvolvidos pelo Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, com parceria entre
o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Ao abordar a
problemática ambiental, como uma crise da civilização, Leff nos leva à reflexão acerca dos
interesses econômicos e tecnológicos que mobilizam a sociedade, assim como a relevância de
tratarmos estes aspectos no âmbito escolar, principalmente no que refere-se à sustentabilidade do
planeta e a gestão dos recursos naturais. Ao refletir sobre a racionalidade ambiental proposta por
Leff, é fundamental analisar as racionalidades que originaram a crise ambiental. Leff aponta que
com base em uma educação ambiental estabelecida na interdisciplinaridade das ciências naturais
e sociais, encaminhou-se para uma visão da complexidade ambiental aberta a diversas
interpretações do ambiente e um diálogo dos saberes.
Introdução
1
Curitiba - PR. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional
e Tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Professora de Ciências
da Rede Estadual do Paraná Contato: vanda.dobranski@gmail.com
2
Curitiba – PR. Docente do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e
Tecnológica da UTFPR. Contato: tamara.van.kaick@gmail.com
3
Curitiba – PR. Docente do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e
Tecnológica da UTFPR. Contato: marcelolambach@utfpr.edu.br
236
relação à crise socioambiental. O autor afirma que a educação ambiental numa
perspectiva de transformação de hábitos e práticas sociais, a qual preconiza a
formação de uma cidadania ambiental, proporciona aos alunos a compreensão da
questão da sustentabilidade, no seu significado mais abrangente.
Na década de 1970, houve o primeiro movimento mundial para discutir os
problemas ambientais. O encontro entre os líderes dos principais países
industrializados na Suécia, em Estocolmo (1972), promoveu um debate sobre
educar os cidadãos para a solução dos problemas ambientais e nesse cenário,
surgia a educação ambiental. No Brasil, seguindo as recomendações da
Conferência de Estocolmo, foi criado a Secretaria Especial do Meio Ambiente. No
entanto, é nas décadas de 1980 e 1990 que a educação ambiental brasileira é
fortalecida com o crescimento da consciência ambiental e é inserida nas políticas
públicas e nos movimentos sociais (TOZONI-REIS, 2004).
A educação ambiental tem como propósito superar a falta de
conhecimento a respeito das relações com a natureza, e desta forma pode
contribuir à tomada de consciência acerca do meio ambiente e dialogar com as
questões ambientais (JACOBI, 2005). Em seu percurso, a educação ambiental
busca principalmente a relação do ser humano com a natureza e as correlações
com a ciência, tecnologia, cultura, política, economia e ética. Leff (2001) afirma
que a crise ambiental problematiza os paradigmas estabelecidos do
conhecimento e busca novas metodologias para orientar a reconstrução do saber
que efetive uma análise integrada da realidade.
Nesta perspectiva, este artigo busca abordar a compreensão da
educação ambiental a partir do conceito de saber ambiental proposto pelo
sociólogo ambientalista latino-americano Enrique Leff. O pensamento de Leff é
voltado à epistemologia ambiental e está sob a égide da crise ambiental. A
proposta de Leff busca a implementação de um saber ambiental com base na
reflexão acerca dos problemas do conhecimento no âmbito das questões
ambientais. Não pretende-se aqui realizar uma discussão ampla e detalhada a
respeito da educação ambiental, no entanto, o intuito será abordar alguns
aspectos conceituais da epistemologia ambiental de Leff na concepção da
educação ambiental no contexto brasileiro.
E então, realizou-se uma revisão bibliográfica a partir da leitura e
fichamento do livro: Epistemologia Ambiental, de Enrique Leff. Com base na
237
investigação da epistemologia ambiental de Leff, selecionamos as categorias, a
partir de aspectos da análise de conteúdo de Bardin (2004), que compreendem a:
problemática ambiental; racionalidade ambiental e saber ambiental, as quais
nortearam as pesquisas em outros trabalhos de Leff, em periódicos da Revista
Brasileira de Educação Ambiental e em textos de livros desenvolvidos pelo Órgão
Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, com parceria entre o
Ministério da Educação (MEC) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A seguir serão analisadas cada uma das categorias citadas
anteriormente.
Problemática ambiental
238
econômica, o qual impactou as esferas econômica, ecológica e cultural de forma
desigual na população em diversas regiões, classes e grupos sociais. Nesse
sentido, como aponta Leff (2001), a complexidade dos problemas ambientais
gerados pela racionalidade econômica dominante demandou uma análise acerca
dos sistemas socioambientais complexos, os quais exigiam uma integração ao
seu estudo, um conjunto de conhecimentos de diversos campos do saber. No
entanto,
239
ano de 1994. Dentre os princípios fundamentais abordados nesta carta, no que se
aproxima à abordagem de Leff, destaca-se :
Racionalidade Ambiental
240
interdisciplinares e de indicadores interprocessuais apropriados à construção e
avaliação de um paradigma ambiental em desenvolvimento (LEFF, 2001).
De acordo com Leff (2001), a racionalidade ambiental representa um
processo político e social, o qual demanda a superação de interesses opostos,
reorientação de tendências, ruptura de obstáculos epistemológicos e barreiras
institucionais, criação de novas formas de organização produtiva, inovação de
novos métodos de pesquisa e produção de conceitos e conhecimentos. Leff
baseia-se no conceito de racionalidade em Max Weber (definido pelas
racionalidades: teórico-formal, instrumental e substantiva), as quais representam
perspectivas para a análise da problemática ambiental, visto que promovem um
pensamento integrado dos diferentes processos sociais e dos valores culturais
que organizam uma formação social ambientalmente sustentável.
A racionalidade ambiental, como propõe Leff (2001), representa uma
crítica à racionalidade da civilização moderna, a qual propaga a integração de
novos princípios e valores que impedem que suas estratégias possam ser
avaliadas em termos do modelo de racionalidade gerada pelo capitalismo. “A
racionalidade da modernidade pretende por à prova a realidade, colocando-a fora
do mundo que percebemos com os sentidos e de um saber gerado na forja do
mundo da vida”. (LEFF, 2009, p. 18). Neste âmbito, Leff sugere que,
241
para uma compreensão mais abrangente, e assim, a racionalidade indicada por
Toulmin e Maturana contempla muitas teorias e sistemas conceituados.
Ao refletir sobre a racionalidade ambiental proposta por Leff, é
fundamental analisar as racionalidades que originaram a crise ambiental. Para o
autor, a sociedade moderna baseia-se na insustentabilidade, e assim, uma nova
racionalidade ambiental propicia um novo posicionamento frente às questões
ambientais, o qual preconiza um diálogo entre os seres e saberes, a fim de
promover a reconstrução de um saber, que envolve diversas racionalidades
culturais e amplia a visão de mundo.
242
fundamental para um processo educativo articulado e compromissado com a
sustentabilidade e a participação, o qual privilegia o diálogo e a interdependência
de diferentes áreas do saber, assim como o questionamento de valores e
premissas que conduzem às mudanças na forma de pensar, promovendo
transformações no conhecimento e nas práticas educativas.
Leff (2009) ressalta que a complexidade ambiental pressupõe uma nova
pedagogia, a qual envolve a “reapropriação do conhecimento desde o ser do
mundo e do ser no mundo, a partir do saber e da identidade que se forjam e se
incorporam ao ser de cada indivíduo e cada cultura” (LEFF, 2009, p. 20). No
âmbito de uma pedagogia da complexidade, Jacobi (2004) destaca que nas
escolas, o exercício reflexivo acerca da realidade das nossas salas de aula e da
análise intrínseca da problemática ambiental em cada espaço, é essencial para
delinear uma pedagogia da complexidade. Para Leff, a pedagogia ambiental é
caracterizada por uma :
243
diante dos problemas causados ao meio ambiente (BRASIL, 1999, p. 1). O saber
ambiental, como propõem Leff (2009), muda o olhar do conhecimento e desta
forma transforma as possibilidades do saber no mundo na relação com o ser e
com o pensar e o saber, com o conhecer e o atuar no mundo. “O saber ambiental
é uma ética para acarinhar a vida, motivada por um desejo de vida, pela pulsão
epistemofílica que erotiza o saber na existência humana” (LEFF, 2009, p.18).
Para Sorrentino et al (2005), a educação ambiental surge conforme o
processo educativo que leva a um saber ambiental materializado nos valores
éticos e nas regras políticas das relações sociais e de mercado refletem nas
relações com a natureza, a fim da apreensão das causas estruturais e
conjunturais dos problemas ambientais. Jacobi (2005) reitera que o saber
ambiental demanda uma problematização dos paradigmas do conhecimento, das
práticas de pesquisa e das ideologias da teoria e da prática.
A emergência de um saber ambiental foi impulsionada a partir da
necessidade de gerar métodos interdisciplinares para analisar os sistemas
socioambientais complexos e da exigência de democratizar o conhecimento como
base de um processo auto gestionário de desenvolvimento sustentável (LEFF,
2011). O avanço da tecnologia e o crescimento econômico no cenário
contemporâneo, faz-se necessário à sensibilização e conscientização em relação
a sustentabilidade. É necessária uma mudança cultural que enfatize a
sustentabilidade e a relação dos seres humanos com a natureza.
Para Leff (2011, p. 237), a educação ambiental é pautada em dois
princípios básicos, (a) uma nova ética que orienta os valores e comportamentos
sociais para os objetivos de sustentabilidade ecológica e equidade social; (b) uma
nova concepção do mundo como um sistema complexo levando a uma
reformulação do saber e a uma reconstituição do conhecimento.
Nesta perspectiva, Leff (2011) aponta a interdisciplinaridade como um
princípio metodológico importante da educação ambiental, o qual demanda a
construção de novos saberes, técnicas e conhecimentos e sua integração com
conteúdos aos processos de formação. Destarte, requer um processo de
capacitação coletiva da equipe e professores acerca de variadas temáticas
ambientais, elaboração de estratégias de ensino e definição e novas estruturas
curriculares.
244
A interdisciplinaridade proposta pelo saber ambiental de Leff (2001),
demanda a integração de processos naturais e sociais de diferentes ordens de
materialidade e esferas de racionalidade. Para Japiassu (1991), a
interdisciplinaridade é um método de pesquisa e de ensino passível à duas ou
mais disciplinas para que interajam mutuamente, seja na comunicação das ideias
e na integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da
metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa.
Fazenda (2008), ressalta que a interdisciplinaridade no âmbito escolar é
educativa, portanto, as noções, finalidades, habilidades e técnicas preconizam
principalmente o processo de aprendizagem, respeitando os saberes dos alunos e
sua integração.
Dentre os grandes desafios para os educadores ambientais apontados
por Sorrentino (1998), está a abordagem interdisciplinar, a qual promove um
resgate e a construção de saberes. Tristão (2004) reitera que a escola tem que ter
autonomia para efetivar a educação ambiental numa perspectiva interdisciplinar.
Leff (1999) afirma que a educação ambiental numa abordagem interdisciplinar, foi
reduzida a fim de integrar uma consciência ecológica no currículo tradicional.
No Brasil, conforme a Lei 9795/99, a educação ambiental não deve estar
presente no currículo escolar como uma disciplina, deve estar relacionada nas
atividades escolares e inserida no cotidiano dos estudantes. Os PCNs orientam
para que seja trabalhada de forma interdisciplinar nas escolas. Loureiro et al
(2007) afirmam que a consolidação da educação ambiental depende da formação
de professores em educação ambiental, da ampliação do envolvimento dos
professores, no avanço da organização curricular e deliberação sobre o que a
transversalização e a interdisciplinaridade na educação ambiental pretende no
contexto educacional brasileiro. Corroborando, Oliveira (2007) afirma a
necessidade de inserir a dimensão ambiental como um tema transversal no
currículo, com a abordagem inter e transdisciplinar a fim de integrar as disciplinas,
bem como seus conteúdos e outros saberes, mesmo com os desafios do âmbito
escolar.
O saber ambiental emerge a partir da reflexão de uma nova racionalidade
ambiental, com a pretensão de superar o conhecimento objetivo da ciência. É um
saber, que integra o conhecimento racional e as percepções do ser e o conhecer
no mundo. Para Leff, o saber ambiental é uma epistemologia política com o
245
propósito de tornar as relações do homem com a natureza, mais sustentável. O
encontro dos saberes e o diálogo entre os seres, leva à uma complexidade
ambiental, a qual perpassa e integra diversos campos do conhecimento.
Conclusões
246
A educação ambiental é um processo contínuo de aprendizagem em
busca da sustentabilidade, a qual procura afirmar valores e ações que contribuem
para a preservação ecológica e transformação humana e social.
Referências
247
______. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade,
poder. Petrópolis: Vozes, 2011.
OLIVEIRA, H. T. de. Educação ambiental – ser ou não ser uma disciplina: essa é
a principal questão?! In: MELLO, S.S.; TRAJBER, R. (Org.) Vamos cuidar do
Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Ministério da
Educação/MEC – Departamento de Educação Ambiental. Brasília: UNESCO,
2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf.
Acesso em: 03 jul. 2017.
248
FOTOGRAFIA, POESIA E VALORIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO:
UMA EXPERIÊNCIA UTILIZANDO A INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS
Resumo
Pesquisa empírica realizada com 21 profissionais da educação entre elas educadoras, professoras
e atendentes do Centro Municipal de Educação Infantil Flor-de-Lis, utilizando as mídias fotografia
e poesia, com o objetivo de verificar a percepção de valorização do trabalho que realizam dentro
da unidade. Propõe mostrar a importância da fotografia nesse contexto educacional. E utilizar a
poesia como releitura da fotografia, como forma de estimular a reflexão e valorização do trabalho
docente. Proporcionar uma autoanálise as práticas realizadas pelas profissionais envolvidas, por
meio da integração das duas mídias, fotografia e poesia. A pesquisa foi realizada entre os meses
de agosto a dezembro do ano de dois mil e dezessete. E teve como primeiro instrumento de
analise um questionário respondido pelas profissionais, com questões referente a importância do
trabalho desenvolvido pela profissionais da unidade. Em seguida foi elaborada uma poesia com
base na observação de fotografias feitas por elas. E para finalizar responderam outro questionário
com algumas questões semelhantes ao do primeiro e outras especificas. O que percebeu-se foi
que as profissionais precisam ser estimuladas para perceber de fato, o valor que tem o trabalho
que realizam. O uso da fotografia e da poesia facilitou esse processo, porém é necessário mais
práticas que sensibilize para essa autoanálise.
Introdução
1
São José dos Pinhais. Educação Infantil. Pedagoga no Centro Municipal de Educação Infantil
Flor- de- Lis. Contato: vanessa.senia@outlook.com.
249
observação mais aprofundada dos registros fotográficos que elas realizam
durante sua rotina diária.
Objetivou-se ampliar e aprofundar esse olhar proporcionando um momento
de criação e admiração desses registros fotográficos, transformando essa
observação em poesia. Com o propósito de mostrar a importância do trabalho
docente na educação infantil, levando as profissionais a analisar a importância de
sua prática, utilizando como ferramenta a integração de duas mídias, a fotografia
e a poesia. Consequentemente fomentar o protagonismo docente, valorizando as
práticas realizadas na unidade pelas profissionais e incentivar uma reflexão sobre
o seu trabalho.
Foi realizada por meio da coleta e observação dos registros fotográficos
que são feitos durante a realização das atividades diárias das crianças, registros
estes, feitos pelas próprias professoras/ educadoras. Num segundo momento,
elas tiveram a oportunidade de escrever o que observaram na imagem em forma
de poesia, com isso tiveram o momento de realizar uma análise de sua prática.
250
Os Centros Municipais de Educação Infantil no município de São José dos
Pinhais/PR
251
rotina e sequências de atividades, deve contemplar formações
complementares, com o objetivo de facilitar a atuação dos
educadores/professores. (PINHAIS, 2016, p. 57)
A fotografia
2
VIGOTSKI, L. S., LEONTIEV, A. N.; LURIA, A. R. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001b.
252
acordo com Carrieri, (2005) a fotografia é uma maneira de memorizar o que se
precisa, com intencionalidade e planejamento por parte do professor.
A fotografia tem sido muito utilizada na unidade para registro e uma mostra
para os pais, tem sido muito positiva essa prática, pois por meio das imagens os
pais conseguem perceber que seus filhos não vão para o CMEI apenas para
passar o tempo.
De acordo com Oliveira (2003, p.154), “A oralidade traz a espontaneidade,
a fotografia traz o detalhe, o cheiro, a cor, o som, acionados com o trabalho da
memória que acaba, muitas vezes, precisando de fatos, acontecimentos, datas,
até então ‘esquecidos’”.
Uma das vantagens do professor trabalhar com a fotografia em sala, é que
durante as atividades muitas vezes não dá tempo de observar os detalhes, devido
à pressa e preocupação em concluí-la. Dessa forma o registro fotográfico
possibilita essa análise posterior ao fato com mais atenção.
A fotografia é capaz de nos provocar, mobiliza as emoções, sentimentos.
Barthes3 (1984 p. 15 apud Telles) cita que “perceber o significado fotográfico não
é impossível (isso é feito por profissionais), mas exige um ato segundo de saber
ou de reflexão”. Ou seja, a análise de uma fotografia exige sensibilidade e
competência de quem o faz.
Essa reflexão se utiliza de alguns apontamentos apresentados por Barthes
com relação à fotografia. Barthes4 (1984, apud Telles p. 82), diz: “No fundo, a
fotografia é subversiva, não quando aterroriza, perturba ou mesmo estigmatiza,
mas quando é pensativa”. Ou seja, para Barthes a fotografia pode ser um
instrumento reflexivo. .
Mais do que um instrumento de analise a fotografia pode servir como um
estímulo as profissionais para perceberem a importância de seu trabalho, pois são
muitas as dificuldades para ter essa valorização como está descrito abaixo, mas
um começo é as profissionais começarem a valorizar o que fazem.
3
BARTHES, R. A câmera clara. Rio de Janeiro; Nova Fronteira. 1984
4
BARTHES, R. A câmera clara. Rio de Janeiro; Nova Fronteira. 1984
253
Sobre a formação dos professores para bem utilizarem as tecnologias,
“Vários estudos apontam para a necessidade de formar professores capazes de
fazer um bom uso das tecnologias e de prepará-los para assumirem um novo
papel na sociedade do conhecimento.” (GUIMARÃES, 2004. p. 5)
Não basta ensinar o professor a fazer uso de uma tecnologia que está na
moda, mas a questão é tornar o professor habilitado para utilizar, mas também o
tornar reflexivo quanto a sua prática, e de que forma essa tecnologia poderá ser
útil em sua prática.
Para que gere mudanças duradouras, essa pressão deverá vir
acompanhada de uma política voltada para a formação de professores, que
invista na preparação destes não para introduzir um programa específico, mas
permitindo-os repensar sua prática. (GUIMARÃES, 2004. p. 6)
O professor também precisa se preocupar em sempre buscar
conhecimentos para aperfeiçoar a sua prática. Para Santos e Carbonera (2016) a
tarefa do professor de ensinar exige dele esforço de aprender a estudar.
Não basta se formar professor, o que é necessário focar é na atualização
do saber docente, investindo na formação continuada, “trata-se, sim, de
abandonar a ideia de que a profissão docente se define, primordialmente, pela
capacidade de transmitir um determinado saber.” (NOVOA, 2009 p. 33).
A questão vai além de apenas saber ensinar, o processo necessita de
análise antes de tudo, para que se efetive e permaneça, o professor necessita ser
reflexivo quanto a sua prática.
A formação deve criar no professor o hábito de reflexão sobre sua prática.
Não tem como falar de melhoria na qualidade de ensino sem mencionar a
valorização do trabalho docente. A fotografia pode auxiliar nesse processo de
valorização do trabalho docente, pois por meio dela é possível perceber a riqueza
do trabalho realizado por estes profissionais. Todavia, é importante perceber que,
para, além disso, é necessário articular com as condições de trabalho, salário e
formação.
254
continuem a assegurar o seu serviço, pelo menos em tempo parcial
(UNESCO, 2001, p.159 apud CARISSIMI e TROJAN, 2011, p.58).
255
O que se percebe é que muito se tem avançado na questão de valorização
profissional do docente, porém ainda há um caminho longo para desmistificar a
questão da ligação da maternidade com as professoras de educação infantil. Esse
processo exige um esforço que começa pelas próprias profissionais de
perceberem a importância do seu trabalho, e quanto uma profissional precisa
estudar para compreender as fases da infância na sua totalidade.
Essa valorização do próprio trabalho é um processo que não acontecerá
imediatamente, porém atividades como a que a pesquisa realizada aponta, facilita
com que esse processo de tomada de consciência do trabalho ocorra.
Quando se proporciona uma análise do nosso trabalho, temos a chance de
perceber quão grandioso ele é, e quantas vidas estão sendo afetadas pelas
nossas atitudes.
Por tal razão, neste trabalho será analisado o uso integrado de duas
mídias, imagem e texto, para provocar uma reflexão crítica acerca da importância
da atividade docente no quotidiano do CMEI Flor-de-Lis. A junção do uso da
fotografia que já é uma prática na unidade, com a poesia, um gênero nem tão
utilizado por elas, mas que devido as suas características possibilitou uma
reflexão da prática por parte das profissionais, encontra respaldo na reflexão
abaixo:
5
NOVAES, Adauto. Muito além do espetáculo. São Paulo. Editora Senac. 2005.
256
principalmente dessa sua capacidade de reproduzir, de forma bem convincente, o
instante.” FONSECA E SOUZA (2008 p. 155).
Como afirma Fonseca, (2008) a fotografia proporciona uma experiência
única, justamente pela sua capacidade poética. A junção dessas duas artes
permitiu as profissionais uma reflexão de sua prática.
Metodologia
257
As questões foram elaboradas utilizando como base de análise a escala de
Likert, que sugere que as afirmações deem a possibilidade de concordar ou
discordar atribuindo um grau, o que possibilita uma aproximação maior no
resultado desejado, ou seja, uma coerência no resultado final.
258
de três perguntas com múltipla escolha e uma dissertativa. As perguntas foram as
seguintes:
SEGUNDO QUESTIONÁRIO
1- O meu trabalho é importante dentro da instituição em que atuo.
2- Meu trabalho contribui para o desenvolvimento das crianças.
3- O professor é o mediador no processo ensino aprendizagem.
4- O meu papel é fundamental para o andamento das atividades dentro da
5- A ação docente é fundamental para mediar o processo ensino
aprendizagem.
6- Considero o registro fotográfico essencial em minha prática.
7- A fotografia auxilia minha prática pedagógica.
8- A fotografia serve somente para registro avaliativo.
9- A fotografia auxilia no processo avaliativo.
10- Considero a fotografia um instrumento que permite uma reflexão de minha
prática em sala.
11 – Ao observar mais detalhadamente a fotografia durante a atividade, percebi
que
minha prática em sala é muito significativa no processo ensino aprendizagem.
12- Ao elaborar a poesia percebi a relevância do meu trabalho dentro da
instituição que trabalho.
13- O trabalho com a fotografia e a poesia me auxiliou a perceber a importância
do meu papel dentro da unidade.
14- Faça um breve relato de como você se sentiu ao realizar a atividade de
observação da fotografia e criação da poesia.
260
de sua prática, e como sua prática é importante para o desenvolvimento das
crianças.
Muitas colocaram que foi um desafio escrever a poesia, pois não tem o
hábito de fazer ou não gostam de utilizar esse gênero. Outras relataram que a
fotografia, também auxilia no processo de avaliação e três optaram por não
responder essa questão.
O que ficou claro que é nem todas conseguiram realizar a análise de sua
prática integrando as duas mídias, a maioria conseguiu por meio da fotografia,
devido ao fato de já se utilizarem dela em sua prática, enquanto que a poesia não
é tão utilizada, sendo assim tiveram mais dificuldade em expor a importância do
seu trabalho por meio da poesia.
Considerações finais
261
REFERÊNCIAS
262
OLIVEIRA, V. M. F. De. Et al. Imagens na pesquisa com professores: o oral e a
fotografia. Educar, Curitiba, especial, p. 151-174, 2003. Editora UFPR. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/er/nspe_/nspea08.pdf>. Acesso em 06 out 2017.
263
PÔSTERES
MODELO DIDÁTICO PARA ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: PROCESSO
DE DIVISÃO CELULAR.
Resumo
A possibilidade de produzir e utilizar uma ferramenta tridimensional contribui para que o aluno se
aproprie de conteúdos e ao mesmo tempo permite que esse elemento diferente na rotina escolar
promova uma maior interação entre o aluno e a disciplina ministrada. O presente projeto tem
como proposta a confecção de uma ferramenta pedagógica para o ensino na área da genética.
Considerando que o ensino da genética pode se tornar complexo por conter a descrição de vários
processos e em que muitas vezes depende apenas da visualização de ilustrações de livros
fornecidos pela instituição, a utilização de um modelo seria uma alternativa para auxiliar
aos alunos e também auxiliar no processo de aprendizagem de processos biológicos, como por
exemplo: a divisão celular. O tema proposto para a produção do material didático foi
a divisão celular. A confecção foi fundamentada em ilustrações observadas em alguns livros
didáticos utilizados nos ensino médio e graduação. Esta ferramenta consiste em um material de
apoio que necessita de uma aula teórica introdutória antes da sua aplicação. Os materiais
utilizados para confecção são de baixo custo e fácil acesso e dessa forma possibilita a confecção
do modelo pelo professor ou até mesmo pelos alunos. Para a construção do modelo foram
produzidos quatro pares de cromossomos nas cores rosa e cinza (representam cromossomos
materno e paterno) e quatro círculos de EVA (representação da célula nas diferentes fases da
divisão celular). Um tutorial acompanha o material para auxiliar o professor de sua utilização e
os resultados alcançados até o momento foram: a produção do material e
posteriormente a aplicabilidade do modelo foi realizada com alunos de graduação.
INTRODUÇÃO
264
permitir que o professor perceba as explicações e as dúvidas manifestadas por
seus alunos (PARANÁ, 2008).
Visando essa prática o desenvolvimento de materiais que possibilitem a
manipulação do aluno se torna uma estratégia interessante, levando em
consideração que não é possível para o aluno visualizar de forma lúdica os
processos moleculares que ocorrem no DNA.
Estudos mostram que a Biologia, e principalmente a Genética, é
considerada pelos alunos como assuntos bastante abstratos e de difícil
compreensão, assim, os professores enfrentam inúmeros problemas ao buscar
ensiná-las (KOVALESKI e ARAUJO, 2013).
Em um ambiente cheio de novas informações uma questão pertinente aos
professores é como despertar o interesse dos alunos nesse mundo cheio de
tecnologia. Às vezes uma simples mudança na rotina da sala de aula, trazer uma
atividade diferente como um jogo pode tornar o aprendizado mais leve. A
possibilidade de produzir uma ferramenta que contribua para que o aluno
visualize de uma forma tridimensional pode auxiliar no aprendizado.
Os recursos didático-pedagógicos apresentam potencial para motivar os
estudantes no processo de ensino-aprendizagem, representam uma alternativa ao
uso exclusivo do livro didático como material de pesquisa, leitura para o aluno e
planejamento das aulas para professor (CARLAN, 2013).
O ensino de biologia tende a ser complexo para os alunos, tendo em vista
que é uma disciplina que possui várias subdivisões. O uso de recursos didáticos
pode despertar o interesse dos alunos pela Biologia. É de suma importância a
abordagem científica no ensino fundamental e médio, a adoção de recursos
didáticos se torna um meio no qual o educador pode recorrer para trabalhar de
forma mais adequada em sala de aula.
DESENVOLVIMENTO
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1. UTILIZAÇÕES DE FERRAMENTAS PARA APRENDIZADO DE
CIÊNCIA E BIOLOGIA.
265
Atualmente, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do
ensino médio (BRASIL, 2000) a Biologia está incluída na área de Ciências da
Natureza juntamente com Física e Química.
266
Os núcleos das células eucarióticas são um refúgio seguro para o DNA,
que está organizado em estruturas distintas denominadas cromossomos
(SNUSTARD, 2013). A função básica do ciclo celular é duplicar, de forma exata, a
imensa quantidade de DNA nos cromossomos, e então segregar com precisão as
cópias em duas células filhas geneticamente idêntica (ALBERTS, et al., 2010).
Na fase M (mitose), o envelope nuclear materno desaparece, os
cromossomos pares são puxados para os polos opostos da célula, cada conjunto
de cromossomos-filhos é envolto por um envelope nuclear recém-formado e a
citocinese contrai a célula na metade, produzindo duas células-filhas
(LEHNINGER, 2006).
A meiose começa com um ciclo de duplicação dos cromossomos,
chamado de fase S meiótica, seguido de dois ciclos de segregação
cromossômica, chamado de meiose I e meiose II. A meiose I segrega os
homólogos (cada um composto de um par de cromátides-irmãs
firmemente ligadas). A meiose II, como a mitose convencional, segrega
as cromátides-irmãs de cada homólogo (ALBERTS, 2010).
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para auxiliar no aprendizado da divisão celular, mais especificamente na
meiose, foi produzido um material didático que consiste em esquematizar uma
célula em meiose.
O modelo utilizado foi baseado em ilustrações observadas emelivros
didáticos utilizados nos ensino médio (FAVARETTO, 2016) e graduação
(ALBERTS, 2010; SNUSTAD, 2013).
Os materiais utilizados (fig. 1) para confeccionar o modelo didático que
representa o processo da meiose são:
Fio de arame;
Miçangas de duas cores para representar o material genético materno e
paterno;
Imãs para representar os centrômeros;
EVA para representar a célula;
Linha branca representando as fibras do fuso;
267
Miçanga quadrada representando os cinetócoros;
Fig. 2- Montagem do cromossomo, colocação das miçangas e imã no arame. (Fonte: o autor,
2018).
268
Esse modelo pretende que o aluno possa montar de forma tridimensional
os processos de divisão celular. A aplicação do modelo é para alunos do 1º ano
do ensino médio, seguindo os parâmetros das diretrizes curriculares do ensino
médio disponibilizado pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do
Paraná (SEED-PR).
Como utilizar o material produzido:
O professor, após uma aula teórica irá apresentar o modelo aos alunos.
Com auxílio do modelo, o professor vai apresentar as fases da meiose, e explica
algumas características de cada fase.
269
Fig.5 - Representação em modelo tridimensional da Metáfase I (Fonte: o autor, 2018)
270
Fig. 8- Representação em modelo tridimensional da Prófase II (Fonte: o autor, 2018)
Metáfase II (Fig. 9): cromossomos estão na região equatorial da célula.
271
Fig. 11- Representação em modelo tridimensional da Telófase II (Fonte: o autor, 2018)
272
Fig.13- Elementos representados na meiose II.
273
deve ser repetido quantas vezes quanto forem necessárias, nessas outras
repetições não são necessárias seguir a ordem proposta.
O material também pode ser produzido pelos alunos, a mesma divisão de
grupos proposta anteriormente pode ser aplicada para que realizem a confecção
dos cromossomos.
Até o momento foi realizada a confecção do modelo e testes preliminares
com alunos de graduação para verificar a funcionabilidade e aplicabilidade do
modelo, a partir de simulações práticas, realizadas informalmente. Estas
simulações práticas foram importantes para verificar possíveis falhas de
compreensão (o que resultou na elaboração de um roteiro para uso do material) e
confecção do modelo (não foram detectadas falhas nas simulações práticas do
modelo). Durante e após estes testes, foi elaborado o roteiro de como utilizar o
material produzido, conforme mostrado nas figuras de 04 a 13.
3. CONCLUSÃO
A elaboração e produção de modelos didáticos, principalmente os que
envolvem os processos de divisão celular, promovem uma compreensão
tridimensional sobre os processos biológicos e possibilita uma melhor apropriação
destes por parte dos alunos. O aprender passa a ser um processo prazeroso e
gera uma contextualização significativa e eficaz que pode ser transportada para o
cotidiano do aluno. Assim, o modelo tridimensional aqui proposto, é um facilitador,
- modelo manuseável -, das etapas citológicas envolvidas na divisão celular, que
gera interatividade aluno-modelo.
REFERÊNCIAS
ALBERTS, Bruce [et al.]. Biologia molecular da célula. 5ªed. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
274
FAVARETTO, José A. Biologia: unidade e diversidade, 1ºano. 1ªed.São
Paulo:FTD, 2016.
275
A ALIMENTAÇÃO COMO TEMÁTICA PARA A PROMOÇÃO DA
INTERDISCIPLINARIDADE NO ENSINO MÉDIO
Aline Augusto 1
Fabiana Roberta Gonçalves e Silva Hussein 2
Resumo:
Este projeto teve como base a interdisciplinaridade em uma escola do estado, onde primeiramente
os professores de Biologia, Educação Física, Física e Química, cada um em sua área, trabalharam
o tema alimentação, sendo este o eixo central do trabalho. O objetivo principal é verificar como se
da à relação dos professores com um trabalho interdisciplinar em sala de aula, se desta forma
facilita o entendimento por parte dos alunos e de uma forma mais específica o aluno após esta
prática, é capaz, de como ser participante, saber o que está consumindo, e observar criticamente
as notícias e assim se posicionar na busca de soluções. Através desta temática integrada com a
interdisciplinaridade, contextualizou-se para os alunos fatores do seu dia a dia de forma mais
significativa. Observou-se que a complexidade de trabalhar em conjunto é grande, devidoà falta de
tempo para conversa entre os pares, ficando assim cada professor responsável por organizar a
sua forma de trabalho o que causou certa dificuldade, mas que mesmo assim a
interdisciplinaridade em sala facilitou para os alunos a relação dos conteúdos. Consideramos
assim que a interdisciplinaridade quando bem organizada é uma aliada a educação junto aos
professores, precisando ainda uma maior discussão nas escolas, sobre formas de ser abordada,
não sendo algo a ser imposto, mas sim construído na escola entre todos os professores,
pedagogos e comunidade escolar, respeitando a realidade de cada escola.
Introdução
276
normativos elaborados para serem trabalhados no ensino fundamental e médio
em todo o país, e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de
Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de
graduação plena (BRASIL, 2002). Segundo Fazenda (2008), as discussões sobre
a interdisciplinaridade surgiram na Europa, especialmente na França e na Itália,
em meados da década de 1960, num período assinalado pelos movimentos
estudantis que, dentre outras reivindicações, exigiam um ensino mais sintonizado
com as questões de ordem social, política e econômica da época. Diante disso, a
interdisciplinaridade teria sido uma resposta a tal reivindicação, pois os grandes
problemas da época não poderiam ser resolvidos por uma única área do saber
(Feistrel e Maestrelli 2009 p. 156). Observa-se a necessidade de uma abertura,
para uma conversa entre os saberes, que sozinhos não demonstravam estar
dando conta de relacionar os problemas e auxiliar os jovens a tomar decisões que
os ajudassem a resolvê-los.
Segundo Japiassu (94) a hiperespecialização criou, especialistas do
nada, que defendem acima de tudo o seu conhecimento como o mais importante,
como se este não necessitasse conversar com outro, reduzindo ainda mais o
saber e alienando-o, devido a isso segundo ele,decorre o medo de alguns
professores, em relação à interdisciplinaridade, pois esta questiona o
conhecimento, reformulando as estruturas pedagógicas do currículo.
Um saber que não se questiona, constitui um obstáculo ao avanço dos
saberes, nascemos como seres inacabados, necessitando do conhecimento geral
para nos completarmos e a sociedade tenta ocupar o nosso cérebro com
instrução. Por isso o professor que não se questiona que não pesquisa, está
morto, a interdisciplinaridade, faz com que abandonemos nossa zona de conforto,
para procurar novos saberes, novas formas de trabalhar.
Neste contexto a interdisciplinaridade, não será dirigida por uma disciplina
mais forte, ou mais “importante”, mas com uma conversa entre elas, onde cada
uma contribuiu um pouco, e dessa conversa nasce o conhecimento referente à
nutrição, é nesta perspectiva que nasceu este projeto, para auxiliar o jovem
através de fatos reais,a escolher formas mais saudáveis de vida, sem se deixar
influenciar por falsas notícias.
277
A alimentação e o jovem: Um dos grandes problemas dos jovens hoje em dia,
segundo a mídia, é sua alimentação. Segundo os próprios, não sabem diferenciar
na prática o que é uma alimentação saudável.
“O que é uma alimentação rica em calorias; gorduras benéficas e
prejudiciais; evitam determinados tipos de alimentos por outros, não
identificando o motivo que levam a preferência. A informação de
alimentação correta é colocar um pouco de legumes, frutas e verduras
no cardápio”.(Lambach, 2013 p.234)
Também sofrendo influência da mídia, onde vendem um estereótipo, nada
fácil de ser alcançado, fazendo com que os adolescentes, principalmente, sejam
mais influenciados por dietas mirabolantes. A temática é interdisciplinar, uma vez
que inclui conteúdos que podem ser trabalhados em várias áreas do
conhecimento. Devido à facilidade de conectar os conteúdos programáticos de
cada disciplina com ela e da necessidade de formarmos cidadãos atentos e
questionadores, foi escolhido como o tema central, do projeto interdisciplinar.
Fundamentação Teórica
278
cotidiano dos alunos, que acabam por não estabelecer relações, pois os
conhecimentos ensinados não apresentam ligação e nem vinculação com sua
realidade.
Os docentes muitas vezes, encontram dificuldades no desenvolvimento
de projetos de caráter interdisciplinar em função de terem sido formados dentro
de uma visão positivista e fragmentada do conhecimento (KLEIMAN e MORAES,
2002).Consideramos que é de senso comum, que temos uma tendência a repetir
as formas que fomos ensinados.
Trabalhar interdisciplinarmente é buscar a superação dessa visão
fragmentada e linear da produção de conhecimento, possibilitando a articulação
contextualizada desse conhecimento que se encontra disciplinarizado. Os
desafios à prática interdisciplinar presentes na literatura, ainda encontram outras
barreiras no dia a dia do docente, tais como ausência de tempo para discutir com
outros professores, ausência do apoio da equipe pedagógica a tais projetos e
resistência à mudança e principalmente falta de tempo para preparar as aulas,
considerando que a necessidade do estudo neste caso é maior.
Por isso o candidato a ingressar numa aventura interdisciplinar deveria
preencher, entre outros, os seguintes pré-requisitos: ter a coragem de, todo dia,
dizer a seguinte oração, segundo Japiassu:
“Fome nossa de cada dia nos dai hoje”; ter a coragem de devolver, à sua
razão, sua função turbulenta e agressiva; ter a coragem de, no domínio
do pensamento, fazer da imprudência um método; saber colocar
questões, não buscar respostas; · não perguntar ou “pensar” antes de
estudar; estar consciente de que ninguém se educa com ideias
“ensinadas”; não ousar fazer experiências que não sejam iluminadas
pela razão, porque, do contrário, elas não merecem ser tentadas; ter
coragem de sempre fornecer à sua razão, razões para mudar; não
cultivar o gosto pelo “porto seguro” ou pela certeza do sistema, porque
nosso conhecimento nasce da dúvida e se alimenta de incertezas
(Japiassu, 2015 p. 20).
Lendo esta oração, verificamos o quão longe estamos de um trabalho
interdisciplinar, mas temos exemplos de algumas aulas que demonstram o
esforço de vários professores para mudar esta realidade e fazer da
interdisciplinaridade uma rotina nas escolas.
Procedimento Experimental
281
Resultados e Discussões
Considerações Finais
282
que nem sempre a caloria pode ser considerada o único fator na alimentação,
mas que nosso corpo precisa de nutriente.
Com esta experiência percebe-se que há muito ainda a fazer para que a
interdisciplinaridade seja uma realidade em sala, mas como visto no texto, não se
tem duvida que estaseja necessária para uma real aprendizagem dos alunos.
Mas também se sabe que a luta diária dos professores por uma educação
de qualidade, passa por valorização com tempo para estudo e conversa entre os
pares, pois não há interdisciplinaridade se não houver tempo para que os
mesmos possam conversar entre si.
Referências
283
INTERDISCIPLINARIDADE. São Paulo: PUC – Pontifícia Universidade Católica,
2015
284
HORTA ORGÂNICA NAS AULAS DE QUÍMICA
Resumo
Este trabalho tem como objetivo desenvolver aulas diferenciadas na disciplina de química, com a
implantação de uma horta orgânica buscando sensibilizar os alunos para as relações entre a
química e o ambiente. Considerando-se que a escola é um espaço no qual os alunos passam boa
parte do seu dia a dia, a implantação de uma horta orgânica pode ser utilizada na alimentação dos
alunos, funcionários, professores e comunidade em geral, e ainda servir como elemento de
sensibilização para demonstrar as diferentes relações entre os conteúdos curriculares com o ciclo
de vida, que pode ser observado neste ambiente. Desta forma uma horta orgânica na escola, com
a sua produção possibilita gerar discussões a respeito da Educação Ambiental. O projeto foi
desenvolvido na Escola Estadual Chico Mendes do município de São José dos Pinhais/PR, com a
turma do primeiro ano do Ensino Médio. A metodologia foi norteada por meio da aplicação dos três
momentos pedagógicos, a aplicação de atividades participantes. Os materiais utilizados foram o
composto orgânico produzido na escola e mudas de hortaliças de alface e cebolinha. Os primeiros
momentos pedagógicos: aulas teóricas (tabela periódica), pesquisa bibliográfica sobre o ciclo de
nutrientes nitrogênio, fósforo e potássio; no segundo momento: a prática da compostagem
utilizando cascas de frutas e verduras da cantina escolar; e o terceiro momento: o
desenvolvimento da horta orgânica com o preparo dos canteiros, aplicação do composto orgânico
e plantio de mudas. Os resultados alcançados foram: a aplicação de uma prática participativa
como metodologia de ensino-aprendizagem na disciplina de Química; a participação dos alunos na
construção da horta orgânica; a apresentação das relações da química com a ciclagem dos
nutrientes no processo de compostagem; e a observação do desenvolvimento das plantas na
horta. O tema transversal da Educação Ambiental foi: a alimentação saudável.
Introdução
1
São José dos Pinhais. Educação. Professora de Química e mestranda do PPGFCET/UTFPR.
Contato: frigatoc@gmail.com
2
Curitiba. Educação. Doutora em Meio Ambiente e Professora do PPGFCET/UTFPR. Contato:
tamaravankaick@gmail.com.
3
São José dos Pinhais. Educação. Especialista em Educação. Contato: deuzir@hotmail.com.
285
escola e a interação com a comunidade, no sentido de resgatar a importância de
uma horta no espaço escolar e a integração de temas curriculares.
Segundo Freire (1987), conhecer o ambiente auxilia na formação de
cidadãos críticos e reflexivos quanto a sua função “no mundo” e “com o mundo”.
Propor uma educação para alunos que sejam capazes de questionar o presente e
propor um futuro mais justo e solidário faz parte da educação para a cidadania, no
qual a realidade e o conhecer o ambiente fazem muita diferença.
Segundo Vygotsky (1987), o processo de aprendizagem se realiza por
meio do relacionamento interpessoal e intersubjetivo entre o aluno, o professor e
o objeto de conhecimento, que por sua vez gera uma relação de diálogo e
confiança mútuas, o que continuamente produzirá meios para o desenvolvimento
crítico tanto do professor como do aluno. Ainda referenciando Vygotsky (1987), a
construção da relação dialógica entre aluno, professor e objeto do conhecimento,
se dá por meio das dimensões cognitivas, afetivas, psicopedagógicos,
neurológicas, sociais, históricas e culturais, portanto é um processo complexo.
Inserir atividades que possam sensibilizar os alunos nestas diversas dimensões,
seria uma forma de ampliar o processo de aprendizagem, e este foi o objetivo da
inclusão de práticas participativas na disciplina de química, tendo a horta orgânica
como tema.
Muitas vezes as disciplinas curriculares não são contextualizadas, só
sendo ministradas em sala de aula exigindo a memorização de fórmulas e
cálculos. Este tipo de conteúdo não se torna atrativo, e o desinteresse dos alunos
pode ser evidenciado conforme indicam os autores Rocha e Góes (2016), em sua
pesquisa sobre o ensino de Química no Ensino Médio o resultado demonstrou
que faltava a conexão da teoria com a prática. Para que ocorra uma
aprendizagem significativa, na disciplina de química, a contextualização em
atividades do dia a dia do aluno poderia auxiliar na compreensão do conteúdo
curricular.
Desta forma, incluir uma temática ambiental que pode proporcionar uma
atividade prática e contextualizar a disciplina de química, como a implantação de
uma horta orgânica, foi a proposta deste trabalho. Segundo Brandão (2012), são
inúmeras as possibilidades que a atividade da horta podem proporcionar aos
alunos, como um instrumento que possibilite vislumbrar os conceitos da química
aplicados e a manutenção de uma relação positiva com a natureza. Os exemplos
286
da aplicação de conceitos da química na horta são: a ciclagem de nutrientes na
compostagem; a absorção dos nutrientes pelas plantas e a relação da
alimentação saudável nas refeições diárias. Estes são elementos valiosos para
estabelecer a conexão das diferentes dimensões indicadas por Vygotsky (1987),
para que o processo de aprendizagem possa ocorrer de fato.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PPCN (Brasil, 1999),
essa interação dos alunos com as aulas práticas, permite que eles compreendam
situações que não entendiam antes, pelo simples fato de relacionar a aplicação
dos conceitos curriculares em atividades do cotidiano. Isso incentiva o aluno a
querer aprender de uma forma mais significativa para ele, o que repercute
positivamente no processo de aprendizagem.
287
A horta inserida no ambiente escolar é um laboratório vivo que possibilita
o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em Educação Ambiental.
Ela une teoria e prática de forma lúdica, fazendo com que haja uma maior
interação entre os estudantes, o professor e, neste caso, um melhor
aproveitamento da disciplina de Química, corroborando com Ramos et al. (2009),
que comentam que “ a horta não deve ficar apenas restrita ao processo de
produção de alimentos, mas também deve ser trabalhada como um espaço para
desenvolver o processo pedagógico.”
Material e Métodos
288
apresentação dos elementos na Tabela periódica. Também foi explicitada a
definição da Educação Ambiental e a sua importância para que os alunos
compreendessem a questão sistêmica da proposta.
O segundo momento, no qual foram utilizadas três horas-aula, foi
realizada a organização do conhecimento para o estudo da realidade, que se dá a
partir dos temas geradores. Neste momento que se pretende que a aprendizagem
contextualizada aconteça. A compostagem e a horta são elementos fundamentais
para esta etapa, na qual se deve explorar e ativar os conhecimentos prévios e as
experiências dos alunos.
A atividade relacionada ao segundo momento pedagógico foi a fase de
implantação do composto orgânico. Foram usados equipamentos da própria
escola, como enxada, pá e carrinho de mão para preparar e realizar o preparo e a
observação de como se dá o processo de compostagem.
No terceiro momento pedagógico, que ocorreram em três horas-aula, a
aplicação do conhecimento se deu, no qual foi realizado a preparação dos
canteiros para o plantio de cebolinha e alface, ou seja a aplicação dos conteúdos
curriculares também se dão nesta etapa, no qual o resultado será a colheita das
plantas da horta e a utilização das mesmas na produção do alimento na cantina
da escola. A observação do desenvolvimento das plantas, que receberam o
adubo proveniente da compostagem, permite verificar de forma concreta o ciclo
do alimento e a aplicação dos conteúdos curriculares da química. Esta mesma
atividade sensibiliza o aluno para as diversas questões envolvidas como:
gerenciamento de resíduos orgânicos, qualidade do ambiente e alimentação
saudável, transformando a experiência prática da horta em um tema transversal
da Educação Ambiental além dos aspectos curriculares envolvidos.
Os objetivos da inserção do tema relacionado com a Educação Ambiental
nesta atividade foram: a) contextualizar o ensino de química em uma atividade
prática e relacionada com o ambiente; b) desenvolver o composto orgânico para
utilizar na horta orgânica, por meio da reciclagem dos resíduos orgânicos como
cascas de frutas e verduras, como uma prática para o dia a dia; c) observar o
desenvolvimento das plantas com aplicação de húmus/composto orgânico; d)
proporcionar o hábito da alimentação saudável e consumo consciente.
289
Resultados
290
Os alunos conseguiram contextualizar a importância de uma horta orgânica
no espaço escolar e estudar de forma diferenciada a ciclagem de nutrientes na
compostagem, compreendendo os conteúdos da disciplina de química, o que fez
sentido para os mesmos. Os elementos químicos presentes na tabela periódica,
que antes eram vistos como algo abstrato se tornaram elementos concretos e
tiveram significado para o alunos. Com a prática da compostagem e da horta, os
elementos antes abstratos fizeram sentido para o dia a dia dos alunos.
Conclusões
Referências
291
BRASIL. Lei n 12.305/2010-Política Nacional de Resíduos Sólidos.
292
UTILIZANDO MODELAGEM COM ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA
Resumo
Este trabalho consiste na avaliação no desempenho de estudantes do segundo ano do ensino médio
do Colégio Estadual Alfredo Parodi, no estudo da anatomia e fisiologia humana dentro da disciplina
de biologia em um ambiente enriquecido com atividades de construção do conhecimento valendo-se
de massa de modelar por meio de pré e pós-teste. Discute estratégias de melhorar a aprendizagem,
tornando-a significativa e contextualizada. O desafio de sair da mera exposição do conteúdo, seguida
da memorização dos assuntos apenas para realizar provas e utilizar novas técnicas de ensino e
aprendizagem. O uso de materiais didáticos, muitas vezes não é acessível, ou por serem muito caro
ou de difícil execução. Então, faz-se necessário, o uso de materiais alternativos, de baixo custo e de
fácil acesso aos professores e estudantes. As etapas do projeto consistiram em uma parte teórica,
com aulas expositivas e dialogadas sobre sistema circulatório, digestório, endócrino, esquelético,
nervoso, renal e respiratório. Após a apresentação teórica, seguido de avaliação para quantificar os
acertos. Elaboração de desenhos dos sistemas para análise dos conhecimentos prévios dos
estudantes. Depois a pratica, com a confecção dos sistemas fisiológicos citados acima, feitos com
massa de modelar, podendo usar fontes de consulta. Neste momento os estudantes, em grupos,
discutiam, pesquisavam e confeccionavam os órgãos que compunham aquele sistema de acordo com
seu formato e posição. Em seguida, repetindo a mesma avaliação realizada na etapa teórica para
mensurar os acertos comparando as respostas da primeira avaliação com a segunda. O resultado
final confirma o pressuposto que a criação lúdica facilita a aquisição e retenção do saber.
Introdução
Um dos grandes desafios que o professor enfrenta em seu dia a dia, é tornar
a aprendizagem significativa. Cabe a ele, usar de novas estratégias e metodologias
para que desperte no estudante o prazer em aprender. Muitas vezes, o educador
não tem acesso a materiais didáticos prontos devido ao custo muito alto. (Oliveira,
2014). Com essa preocupação, após conversar e ouvir atentamente os alunos foi
desenvolvido esse projeto, que foi aplicado junto aos alunos do 2º ano do ensino
médio com as turmas de 2º A, B e C, totalizando um número de 89 estudantes do
Colégio Estadual Alfredo Parodi em Curitiba – PR, entre os meses de outubro,
novembro e dezembro de 2017, com outra metodologia e outros materiais didático-
1
Curitiba. Professora de Biologia e Ciências no Estado do Paraná. Mestranda no Profbio: Mestrado
Profissional em Biologia. Contato: corinebio@gmail.com.
2
Curitiba. Professor de Neuroanatomia do Departamento de Anatomia da Universidade Federal do
Paraná. Coordenador do Curso de Ciências Biológicas da UFPR. Contato: edsonanta@ufpr.br
293
pedagógicos.
A hipótese levantada é que os alunos terão mais facilidade na aquisição dos
conhecimentos ministrados nas aulas de biologia se, desde os primeiros anos da
escolarização, esses conhecimentos forem apresentados de forma concreta. Dessa
forma é necessário que o conteúdo seja revelador e o estudante precisa estar
disposto a relacioná-lo de forma espontânea (Fernandes, 2011).
Sendo assim, esse estudo se justifica na medida em que traz à luz do
conhecimento a percepção de que entre as dificuldades dos estudantes da escola
básica, incluindo-se o Ensino Médio, é ensino que ainda se pauta na memorização.
A falta de contextualização faz com que os estudantes se sintam desmotivados e
esse conhecimento não passa a fazer parte da vida do indivíduo. (Bacri, 2014). Com
esse olhar, o conteúdo aqui proposto é normalmente ministrado no oitavo ano do
Ensino Fundamental II, na disciplina de Ciências e, com essa percepção, pode-se
dizer que o estudante chega ao Ensino Médio ainda com o conhecimento do assunto
de forma fragmentada. Ao que tudo indica, essa prática não contribui para a
aquisição dos conhecimentos ministrados e, provavelmente, por esse motivo, os
alunos, via de regra, não se lembram de quase nada sobre o que aprenderam em
anos anteriores. No decorrer do tempo vão perdendo até mesmo a noção da
localização dos órgãos em seu corpo e dos sistemas que compõem o corpo
humano.
Identifica-se que estudantes de Ensino Médio apresentam dificuldades em
visualizar as imagens que veem em livros didáticos, bem como, compreender aquilo
que está sendo mostrado numa imagem plana e ilustrativa. Isso pode ser resultado
de um trabalho realizado com poucos recursos didáticos pedagógicos. Em um
significativo número de escolas públicas, os professores ainda trabalham de forma
tradicional. Essa escassez de recursos nas escolas públicas no Brasil contribui para
que o estudante tenha dificuldade em processar o conhecimento que lhe foi
ministrado. Nesse caso, como recurso, o professor passa o conteúdo no quadro de
giz, faz os desenhos, usa algumas imagens e o este somente assiste à aula como
um mero expectador.
294
Bejerano, (2000) dizem que o uso de material didático é um recurso barato que pode
até ser feitos com material reciclado.
295
Após ser apresentado todo o conteúdo das aulas teóricas, foi aplicada uma
avaliação que ocorreu sem auxílio de livros e sem avisá-los para que não
estudassem antes e não comprometessem o objetivo do projeto. Esta consistia num
desenho dos sistemas e um local para que indicassem o nome de cada órgão e qual
era o sistema.
Série1
Série2
296
O gráfico 1 mostra o desempenho dos estudantes na retenção do aprendizado entre
a 1ª avaliação (série 1) e a 2ª avaliação (série 2). Nota-se claramente que com a
aplicação do método e dos recursos propostos obteve-se uma significativa melhora
nos resultados, conforme tabela abaixo.
FIGURA 2 - Modelagem
FIGURA 1 - Modelagem
297
FIGURA 4: Modelagem
FIGURA 3 - Modelagem
298
FIGURA 7 - Atividades aplicadas série 1 e 2 – Sistema
FIGURA 8 – Atividades aplicadas série 1 e 2 – Sistema
digestório e respiratório.
Circulatório e Endócrino.
299
300
FIGURA 17 – Modelagem dos Estudantes
Conclusões
O ensino de biologia pode ser muito rico se tomarmos como base o uso de
materiais didáticos. Quando o estudante tem a oportunidade de explorar os objetos,
como aconteceu com a massa de modelar, o estudo torna-se uma fonte de prazer,
fascínio e observação científica. Funciona como agente de impacto, promovendo
experiências e contemplando a concretização da informação.
Com este projeto ficou claro, através da análise dos resultados, que o uso de
material didático traz um grande benefício para o processo ensino-aprendizagem do
301
estudante e realização profissional do educador. Percebe-se o estudante como
sujeito de sua aprendizagem
Referências
AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto. Biologia Moderna. São Paulo: Editora
Moderna, 2018
302
METODOLOGIA ATIVA PARA O ESTUDO DE HISTOLOGIA – USO DE TIC’S E
PERNA E COXA DE GALINHA
RESUMO
A educação formal é parte do processo educativo, sendo que, durante esse processo, aspectos do
cotidiano devem ser resgatados para dentro da sala de aula, tornando a aprendizagem muito mais
eficaz e prazerosa. O ensino de histologia, estudo dos tecidos que compõe os seres vivos, dentro da
disciplina de Biologia, muitas vezes está associado apenas a demonstração de slides e a utilização
de microscopia voltada para a observação de lâminas histológicas. Entretanto, as unidades
escolares, em sua maioria, não apresentam microscópios de luz em seus laboratórios para
desenvolver aulas práticas, impossibilitando o estudo de células e tecidos por meio de lâminas, seja
por meio de preparados a fresco ou lâminas permanentes, diminuindo assim a interação dos alunos
frente ao conteúdo de biologia celular e tecidual. Para minimizar a ausência dos materiais e desta
tecnologia nas escolas, neste trabalho foi proposta uma nova metodologia ativa para o ensino de
histologia. Por meio da utilização das TIC’S (Tecnologias de Informação e Comunicação) foram
confeccionados cartões histológicos com imagens disponíveis na internet ilustrando cortes
histológicos de diferentes tecidos fundamentais do nosso organismo, os quais foram utilizados para
observação e/ou ilustração de tecidos animais. Ao mesmo tempo, foi apresentado aos estudantes a
possibilidade de estudar os mesmos tecidos de forma macroscópica, por meio da dissecação de coxa
e perna de galinha. Dessa maneira, após a dissecação, os seguintes tecidos foram separados:
epitelial de revestimento, conjuntivo propriamente dito, adiposo amarelo, conjuntivo denso modelado,
muscular estriado esquelético, nervoso periférico, vascular, ósseo, cartilaginoso, medula óssea. O
uso desta nova e inovadora ferramenta didático-metodológica foi fundamental para a compreensão
do tema proposto, já que os estudantes relacionaram o conteúdo formal ao cotidiano, tornando a
aprendizagem mais eficaz e prazerosa.
Palavras-chaves: TICs, histologia, cartões histológicos.
INTRODUÇÃO
A educação formal é parte do processo educativo a qual necessita estar
constantemente articulada com a realidade dos estudantes, além do fato que,
durante o processo de ensino-aprendizagem, aspectos do cotidiano devem ser
resgatados para dentro da sala de aula, tornando assim, o processo proposto muito
mais eficaz e prazeroso. De acordo com BORDENAVE e PEREIRA. (2001, p 310)
para uma melhor aprendizagem, é necessário utilizar uma estratégia pedagógica
que permita selecionar e utilizar meios multissensoriais mais adequados para cada
etapa do processo de ensino. O ensino de histologia, por meio de aulas práticas em
__________________________________________
1
Curitiba – PR. Mestranda PROFBIO/UFPR. Professora no Colégio Estadual Protásio de Carvalho.
*francinivila@yahoo.com.br
2
Guaramirim/Jaraguá do Sul – SC. Mestrando PROFBIO/UFPR. Professor nos Colégios Estaduais Prefeito Lauro
Zimmermann e Julius Karsten. *inverson_rodrigues@hotmail.com
3
Curitiba – PR. Docente PROFBIO/UFPR. Profa Dra Dpto Biologia Celular/UFPR - Projetos em Educação Para o
Ensino de Biologia no Ensino Médio. *marianapiemonte@gmail.com
laboratório, na grande maioria das vezes, está associado à utilização de slides e de
microscopia de luz para observação de lâminas histológicas. Entretanto, as unidades
escolares, em sua maioria, não apresentam microscópios ópticos em seus
laboratórios, para que esse modelo de aula prática possa ser desenvolvido o que
diminui a interação dos estudantes frente ao conteúdo de biologia celular e tecidual.
Para minimizar a ausência dos materiais e tecnologia nas escolas, deve ser pensado
outras práticas pedagógicas para o ensino da histologia.
De acordo com SANTA ROSA (2011, p.290), o uso de Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC’s) estão alterando a forma de estudar a histologia,
revelando que, alguns professores acreditam que o uso de microscópio óptico pode
ser substituído por recursos diferentes dos tradicionais. DOWNING (1995, p. 1695)
enfatizou que a utilização de imagens digitalizadas permite redução expressiva no
tempo laboratorial, facilitando a apresentação da mesma imagem a um grupo maior
de alunos, quando comparada à tentativa de discutir estruturas histológicas com os
alunos por meio da ocular de um microscópio. Outro fator relevante é que nesse
processo as discussões são realizadas em grupos de alunos, geralmente difícil de
promover quando os estudantes visualizam cada um em seu microscópio. Dessa
maneira, este trabalho teve como objetivo principal proporcionar aos alunos e alunas
uma aula prática de histologia com o foco em metodologia ativa, em que o uso de
microscopia de luz foi substituída pelo uso de cartões histológicos (TIC’s), um
material duradouro, de baixo custo e fácil acesso agregado a utilização de coxas e
pernas de galinha para que fosse estabelecida uma correlação macroscópica de
identificação dos tecidos estudados, superando assim as dificuldades normalmente
encontradas nas unidades escolares no estudo dos tecidos do nosso organismo.
Por meio da utilização de tais materiais, aspectos histológicos
importantíssimos puderam ser discutidos, tais como, relações anátomo -
histológicas e histológico-funcionais, além da clareza na identificação dos
tecidos por meio das peças anatômicas da galinha. Sendo assim, esse relato de
experiência pedagógica em sala de aula facilitou a apropriação e assimilação dos
conteúdos de histologia, além do fato que, os estudantes compreendessem a inter-
relação entre as células, tecidos, órgãos e sistemas do organismo.
304
DESENVOLVIMENTO
Esta prática pedagógica foi realizada com estudantes do 1º ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Protásio de Carvalho, situado na cidade de Curitiba-
Paraná e nos Colégios Estaduais Prefeito Lauro Zimmermann e Julius Karsten,
respectivamente nas cidades de Guaramirim e Jaraguá do Sul, ambos em Santa
Catarina. Sob orientação e supervisão do professor, os estudantes fizeram a relação
entre os tecidos e os folhetos embrionários que originaram cada um deles, além de
relacionar aspectos de sua potencialidade e capacidade de diferenciação. Em
seguida, com os cartões histológicos os discentes realizaram a respectiva ilustração
deles e, posteriormente a dissecação de coxa e sobrecoxa de frango, separando e
identificando os seguintes tecidos: epitelial de revestimento, conjuntivo denso
modelado, adiposo amarelo, muscular estriado esquelético, sanguíneo, ósseo,
cartilaginoso, nervoso periférico, medula óssea e vascular. Com os tecidos
separados, identificados e isolados em recipientes os estudantes relacionaram cada
um deles com a ilustração realizada anteriormente e relacionaram características de
cada um dos tecidos com auxílio da pesquisa previamente realizada (Figura 1).
Para fortalecer a aprendizagem, as TICs foram incorporadas na forma de
cartões histológicos, em que, para a confecção desses, foram utilizadas imagens
histológicas disponíveis na internet (Figura 2). Os cartões histológicos foram
utilizados para observação dos aspectos microscópicos dos tecidos, substituindo as
lâminas e/ou pranchas histológicas, enquanto que, nas peças anatômicas
dissecadas da galinha, os estudantes puderam analisar os aspectos macroscópicos
dos tecidos, observando as suas principais características. Com o auxílio do livro
didático os estudantes registraram as principais características histológicas e
funcionais de cada um dos tecidos identificados.
305
Figura 1: Dissecação de coxa e perna de galinha.
1a 1b 1c
1d 1e 1f
1g 1h 1i
306
Figura 2: Cartões Histológicos
2a 2b 2c
2d 2e 2f
2g 2h 2i
RESULTADOS
307
biologia tecidual.
3a 3b
3c 3d 3i
3e 3f
3g 3h 3j
Figura 3: Ilustração da identificação macro e microscópica dos tecidos identificados sobre a mesa
por um grupo de alunos (3i). Correlação tecido, ilustração da representação histológica,
identificação macro e micro e origem embrionária – imagem ilustrativa do tecido adiposo amarelo
(3j)
308
CONCLUSÃO
Referências
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia hoje. Volume I, II, III: 2. ed. São
Paulo: Ática, 2014.
309
APRENDIZAGEM EM NUCLEAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA A
PARTIR DAS MÚLTIPLAS LINGUAGENS
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência pedagógica de Acompanhamento de
Aprendizagem em Núcleo de alunos com dificuldades acentuadas em um ou mais componentes
curriculares constituidores do Núcleo de Linguagens (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira
Moderna, Arte e Educação Física). A experiência se deu com alunos do 8º e 9º anos do Ensino
Fundamental II de uma escola particular confessional da cidade de Curitiba. A metodologia
implementada pelo grupo de professores do Núcleo de Linguagens teve como intencionalidade o
desenvolvimento de meta-habilidades, por meio de um trabalho inter e transdisciplinar, que pudesse
favorecer a aprendizagem dos alunos. Dentre os resultados desta experiência temos que aqueles que
participaram do Acompanhamento de Aprendizagem em Núcleo demonstraram uma melhoria na
autoestima e na participação das aulas; tiveram melhores resultados nas disciplinas específicas;
relataram que essa estratégia favoreceu um contato mais direto e individualizado com o professor;
desenvolveram uma proximidade com os demais colegas que apresentavam dificuldades
semelhantes, propiciando, assim, a aprendizagem colaborativa e o desenvolvimento de meta-
habilidades.
Introdução
1
Curitiba. Mestranda em Educação na UFPR. Vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisa Pedagogia,
Complexidade e Educação da UFPR. Especialização em Educação Física Escolar (UFPR) e
Administração Escolar (UNIFAE). Bacharelado em Educação Física pela UFPR. Professora de
Educação Básica na cidade de Curitiba (PR). Contato: gracielazachar@gmail.com
2
Curitiba. Mestrado em Linguística pela UFPR. Especialização em Educação Jesuítica pela
UNISINOS. Especialização em Literatura Brasileira e Língua Portuguesa pela PUCPR. Bacharelado
em Letras Português/Linguística pela USP. Licenciatura em Português pela USP. Doutorando em
Linguística na UFPR. Professor da Educação Básica na cidade de Curitiba (PR). Contato:
caio.aug@hotmail.com
3
Pensamento complexo - pensamento desprovido de certezas e verdades absolutas e que abre
espaços para a diversidade e é capaz de levar em conta as ideias, as crenças e percepções
divergentes e, aparentemente, antagônicas. (MORAES, 2010, p.8)
310
Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e Educação Física, conforme
documentos oficiais sobre educação.
Tendo em vista que até então uma proposta com este formato não
apresentava um referencial teórico (a não ser algumas sugestões oriundas do MEC
para o Ensino Médio4), o projeto de “Nucleação”, dentro da instituição, foi sendo
elaborado por seu corpo docente. Ao longo de um período de pesquisa bibliográfica,
escrita e análise, esse mesmo grupo de professores concebeu uma maneira de
acompanhamento de aprendizagem pautada no pensamento complexo. O processo
de sistematização da proposta iniciou-se em 2013 e se estendeu até 2015, já a
execução do projeto ocorreu durante o biênio de 2016 e 2017.
4
Contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM).
5
Interdisciplinaridade – diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra.
(NICOLESCU, 1999, p. 45)
6
Transdisciplinaridade – diz respeito àquilo que está, ao mesmo tempo entre as disciplinas, através
das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo
presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.(NICOLESCU, 1999, p. 46)
7
Cabe dizer que as meta-habilidades se desenvolvem por associações intencionalmente
incentivadas, possibilitando agilidade no pensar, no ser e no agir sempre de forma inovadora.
311
esse grupo de alunos na construção de habilidades específicas referentes às
linguagens.
Desenvolvimento
312
FIGURA 01: MÉTODO DO TRABALHO EM NÚCLEO - LINGUAGENS
313
d) A autoria entendida como apreensão da estrutura a partir da capacidade
de reproduzir os elementos da língua/linguagem, retrata o
posicionamento do aluno em relação à realidade, ao contexto.
(DOCUMENTO ESCRITA NÚCLEO DE LINGUAGENS, 2015, p. 19).
314
O terceiro encontro utilizou-se da linguagem artística a partir da análise de
imagem de um quadro de Cândido Portinari sobre Futebol e a sequência didática
constou da: apreciação da imagem; discussão do sentido da imagem – o que ela
retrata?; apresentação do componente da arte visual na cartonera; elaboração da
cartonera propriamente dita.
Resultados
315
pequenos resumos, de identificação de elementos centrais das temáticas
apresentadas, o que comprova a possibilidade do desenvolvimento de meta-
habilidades, conforme apontava a hipótese inicial levantada pelo grupo de
professores que propuseram esta forma de acompanhamento.
A seguir alguns relatos dos próprios alunos ao final do 3º trimestre, sobre
essa experiência. Os textos foram transcritos em sua forma original (escrita do
aluno).
Aluno A: “Antes do AP (acompanhamento presencial) de Núcleo começar,
na minha cabeça eu pensei que não ia acrescentar nada na minha vida. Porém,
depois eu fui vendo que para ter bons desempenhos não apenas na escola e sim em
tudo que eu vou fazer na minha vida é necessária uma organização, assim como no
AP de Núcleo”.
Aluno B: “O AP de Núcleo me ajudou muito para compreender melhor o
conteúdo das aulas regulares, e também me deu ideias para utilizar da ideia da
cartonera no meu dia a dia, para lembrar de coisas mesmo tendo passado longas
datas sem retomar algum assunto. Particularmente achei a ideia de aulas práticas
no AP de Núcleo muito legal”.
Aluno C: “Em meu AP de Núcleo eu aprendi como devo melhorar a minha
forma de estudos, por exemplo fazendo resumos de textos para poder lembrar
depois sem ter que reler todo o texto novamente. A ideia central do AP me ajudou
principalmente nas aulas em horário normal, pois consigo transmitir ideias a partir de
um breve resumo”.
Referências
COLÉGIO NOSSA SENHORA MEDIANEIRA. Documento Núcleo de Linguagens.
Curitiba, Doc. Interno, 2015.
316
OS FUNGOS, UMA PROPOSTA INVESTIGATIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS
COM ENFOQUE CTSA E LETRAMENTO CIENTÍFICO
Karine Karsten1
Fernanda Neja Alves de Lima2
Resumo:
Os fungos estão presentes em todo o planeta. Eles possuem as mais variadas funções, desde
decompositores a produção de alimentos e remédios. Sendo fundamental inserir os estudantes no
contexto cientifico que vivem é importante a disseminação de informações relativas a esse organismo
no ambiente escolar. Portanto, com o objetivo de ampliar o Letramento Cientifico dos nossos
estudantes e ir de encontro de um enfoque de Ciência Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente,
baseados em Santos (2007), Chassot (2000), Krasilchik e Marandino(2004), Shamos (1995), Sá
(2009), Pozo e Crespo (2009) e Sandoval (2005), apresentamos o relato de uma intervenção didática
implementada com duas turmas de sétimo ano do Ensino Fundamental, de duas escolas da rede
municipal de Jaraguá do Sul, no estado de Santa Catarina. A proposta da intervenção didática surgiu
durante o desenvolvimento da unidade curricular de Estágio de Regência no primeiro semestre de
2016, do curso de Licenciatura em Ciências Da Natureza com Habilitação em Física. Nela utilizamos
uma atividade experimental de cunho investigativo para estudar a estrutura e reprodução dos fungos.
Posteriormente com a utilização de slides, vídeos, fotos e outras atividades em equipes, propiciamos
a discussão do tema fungos por meio do Letramento Científico embasado no enfoque em Ciência
Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente. Podemos perceber que ao final da proposta a maioria dos
estudantes era capaz de discutir sobre a importância dos fungos, de associar o crescimento dos
fungos com o ambiente e tipo de matéria orgânica, compreendendo que certos fungos podem ser
benéficos ou maléficos para a saúde humana e que algumas espécies são utilizadas para a
fabricação de remédios, que atividades humanas como as queimadas e o desmatamento levam a
extinção de algumas espécies de fungos.
Introdução
318
(ROSE), Santos (2017) afirma que a educação científica apresenta algumas
dificuldades para ser apreendida pelos estudantes, incluindo países com elevado
grau de escolarização de sua população. Um problema que diz respeito tanto à
compreensão dos conceitos básicos científicos como ao papel social da Ciência.
Neste sentido, Santos (2017) defende que um dos motivos dessa defasagem
é a falta de conteúdos científicos com um valor cultural para o aluno, o que seria
uma ausência de sua contextualização e significação do que tentamos ensinar na
escola. Assim, observamos que muitos conceitos científicos se transformam em
palavras sem um sentido para o sujeito o que pode caracterizar uma analfabetização
científica, em que “uma pessoa alfabetizada, que sabe ler e escrever, pode não ser
letrada, caso não faça uso da prática social de leitura, ou seja, apesar de ler, não é
capaz de compreender o significado de notícias de jornais, avisos [...]” (Santos,
2007, p.478).
Entre várias conceituações até mesmo contraditórias para uma
alfabetização científica (Chassot (2000), Shamos (1995), Krasilchik e
Marandino(2004)), utilizamos a ideia do letramento com seu sentido mais amplo,
como um processo que envolve um conhecimento aprofundado da ciência com a
compreensão dos elementos da investigação científica da sua epistemologia; com o
domínio das linguagens e ferramentas mentais do desenvolvimento científico; isso
tudo de forma que esses saberes interfiram criticamente na vida pessoal e social dos
sujeitos em suas escolhas e entendimento de mundo.
A definição que utilizamos caracteriza também o enfoque CTSA, cujo o
objetivo central, de acordo com Santos (2007) é promover a educação científica e
tecnológica dos cidadãos, auxiliando o aluno a construir conhecimentos, habilidades
e valores necessários para tomar decisões responsáveis. Sandoval (2005) ressalta a
importância de se introduzir uma nova perspectiva para o caráter investigativo com
discussões mais aprofundadas, que incluam um enfoque CTSA. A principal
diferença entre esses enfoques (LC e CTSA) é o nascimento de ambos. O primeiro
nasce de uma necessidade de formação científica para o desenvolvimento mais
acentuado da ciência e o segundo dos impactos ambientais que esse progresso
causou.
Segundo Becker (2001) muitas vezes é necessário refazer essas
assimilações através de outros objetos, por que para o sujeito a construção do
319
conhecimento pode ser muito complexa. Becker ainda revela que a construção do
conhecimento acontece na interação com o meio físico e social. Desta forma, as
condições sociais e físicas do aluno interferem na construção do conhecimento.
Para Zabala o professor deve procurar meios para motivar o aluno, portanto:
320
Na aula seguinte, os estudantes apresentaram os resultados da gelatina e
da ficha de observação, com as discussões e interações os mesmos concluíram que
havia fungos sobre a gelatina. O experimento investigativo, teve como objetivo
principal propiciar aos estudantes a observação do desenvolvimento dos fungos em
diferentes ambientes, sua estrutura, reprodução e definição. No qual os estudantes
participaram ativamente de todas as etapas, de forma autônoma e crítica.
Na aula posterior, a estagiária utilizou slides e vídeos para explorar o tema
dos fungos. Os estudantes utilizaram duas aulas para pesquisar no laboratório de
informática, exemplos de fungos e suas relações com CTSA. Na última aula as
equipes apresentaram suas pesquisas por meio de slides, exploraram os fungos no
meio ambiente por meio de relações benéficas e maléficas, na fabricação de
remédios, na indústria e em aspectos negativos e positivos para a saúde humana,
bem como na alimentação, identificaram em cada exemplo a relação com CTSA.
A seguir apresentamos imagens que retratam os momentos da
implementação da proposta.
Fig. 3: Kit de experimentos montado Fig. 4: Comparação dos Kits Fig. 5: Estudante anotando
com os estudantes. experimentais e discussão sobre informações sobre seu
Fonte: Acervo das autoras. as diferenças e semelhanças experimento
observadas. Fonte: Acervo das autoras.
Fonte: Acervo das autoras
321
De forma semelhante ao descrito da Escola 1, ocorreu a implementação na
Escola 2. Essa escola tinha 23 estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental, sendo
utilizadas 5 aulas para este processo. Foram desenvolvidas as atividades
investigativas em equipes. Cada equipe recebeu um kit (fig.3), contendo seis
elementos diferentes. Quatro deles foram organizados em uma caixa de ovos
cortada, sendo que em cada compartimento encontrávamos um dos alimentos (pão,
mamão, melão ou banana). Os outros dois elementos eram dois copos descartáveis
plásticos contendo gelatina incolor, atentamos para o fato de que um dos copos era
coberto com papel filme e o outro não.
Depois de organizado o experimento, os grupos se distribuíram pela escola
a fim de deixar seu experimento em locais diferentes, predeterminados em sala de
aula (fig. 1,2 e 3). Feito isso, promovemos uma discussão de ideias do que poderia
acontecer, com o material, essas eram as hipóteses dos alunos, muitos deles nem
imaginavam a futura constatação de fungos. Além do material experimental, no kit,
havia uma tabela de acompanhamento do experimento (fig. 5), no qual deveriam
constar as anotações dos estudantes sobre as observações diárias do material.
Passado uma semana, os materiais tinham diferentes fungos, e os
estudantes deviam encontrar a solução para questões como: O resultado dos copos
com filme de PVC foi igual ao ocorrido nos copos sem o filme? Por quê? O resultado
dos fungos nos kits dos colegas foi diferente do seu? Por quê? Se um dos copos
abertos com gelatina fosse colocado no refrigerador, o resultado seria o mesmo? O
que aconteceu com o material da caixa de ovos? Explique. Antes de ingerir um
alimento, qual a importância de se verificar o estado de conservação do alimento ou
o prazo de validade? O que você concluiu com este experimento? Após os
experimentos e as questões discutidas, foram realizadas duas aulas expositivas
dialogadas e para finalizar os estudantes deveriam tirar fotos de fungos encontrados
em casa, procurando classificá-los de acordo com as definições apresentadas em
sala e apresentar suas conclusões.
Ressaltamos a importância dos fungos no nosso dia a dia suas mais
variadas funções como: decompositores, na produção de alimentos e também na
fabricação de remédios. Compreendemos que a disseminação destas informações
no ambiente escolar perpassa um enfoque CTSe propicia um LC. Dessa forma, com
322
uma motivação inicial investigativa, ainda foram exploradas questões relacionadas
aos fungos e seus impactos ambientais, econômicos e com a saúde humana.
323
abordagem CTSA desenvolvidas na presente intervenção, conforme os resultados
apontados e as vivências oportunizadas, permitiram o que Pinheiro et al (2007)
define como um processo no qual o estudante reelabora, amplia e cria suas próprias
possibilidades de ação mediante uma situação problema por meio de um senso
reflexivo.
Pozo e Crespo (2009) salientam que o ensino de ciências é uma das vias
por meio das quais os alunos devem aprender a aprender, adquirir estratégias e
capacidades que permitam transformar e reelaborar os conhecimentos. Sendo
assim, ao se organizar atividades que, mesmo que sejam de uma forma muito
simplificada, promovam a investigação se estará contribuindo nessa direção
construindo assim subsídios para um ensino em que o aluno seja inserido em uma
educação científica, atingindo o LC no seu sentido mais amplo com em um
movimento também de CTSA.
Referências
SHAMOS, Morris Herbert. The myth of scientific literacy. New Brunswick: Rutgers
University Press, 1995.
324
PERRENOUND, Philippe. Construir as competências desde a escola. 1.ed. Porto
Alegre: Artmed, 1999.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed- 1998.
325
JOGO DIDÁTICO, O LÚDICO PARA O ESTUDO E AVALIAÇÃO DE HISTOLOGIA
Luciane de Souza1
Mariana da Rocha Piemonte 2
Resumo
A complexidade dos conteúdos de biologia celular e tecidual faz com que os mesmos sejam vistos
pelos alunos do Ensino Médio como temas de difícil assimilação. No entanto, existem algumas
estratégias que podem ser usadas para facilitar a abordagem desses, como as atividades lúdicas, as
quais podem ser consideradas aliadas no processo de ensino-aprendizagem, já que, propiciam uma
forma agradável, motivadora, prazerosa e enriquecedora de ensinar e aprender. Com a estimulação
do lado lúdico, os alunos e alunas têm o processo de construção do conhecimento facilitado por
ferramentas específicas as quais fazem com que esse processo se dê de maneira gradual e contínua.
Uma dessas ferramentas são os jogos, os quais permitem aos estudantes uma compreensão mais
fácil e rápida de conteúdos muitas vezes considerados complexos. Este trabalho tem como objetivo
principal apresentar um relato de experiência em sala de aula, desenvolvido e aplicado durante o
Mestrado Profissional de Ensino de Biologia em Rede Nacional PROFBIO/UFPR. Com a proposta de
trabalhar os conteúdos de histologia, um tema trabalhado no PROFBIO, desenvolveu-se e aplicou-se
uma proposta de atividade lúdica na forma de jogo didático para o estudo e a avaliação de conteúdos
de histologia, facilitando o processo de ensino-aprendizagem. O público-alvo foram alunos do 3º ano
do ensino técnico de Recursos Humanos, no Colégio Estadual Presidente Lamenha Lins, situado em
Curitiba – PR. O jogo desenvolvido para esta pesquisa foi um bingo composto por cartelas que, ao
invés de possuírem números, possuíam as respostas do conteúdo de biologia tecidual previamente
ministrado pela professora, sendo portanto o jogo uma forma de avaliar a apropriação do
conhecimento sobre o tema. Os resultados mostraram ser uma opção instrutiva e dinâmica que, além
de possibilitar uma grande assimilação da matéria propiciou uma maior interação entre o professor e
os alunos.
Introdução
11
Curitiba. Mestranda PROFBIO/UFPR. Professora no Colégio Estadual Presidente Lamenha Lins.
Contato luciane_2@yahoo.com.br
22
Curitiba – PR. Docente PROFBIO/UFPR. Profª Dr Dpto Biologia Celular/UFPR - Projetos em
Educação Para o Ensino de Biologia no Ensino Médio. Contato: *marianapiemonte@gmail.com
326
conteúdo da Biologia. De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino
Médio (BRASIL, 2006);
Desenvolvimento
327
exercícios. Os jogos trazem situações similares, porém mais simples, do que as
situações reais que os alunos vão encontrar Ressalta-se ainda que, a simples
aplicação do jogo não garante a aprendizagem, dessa forma, para que os jogos
didáticos de fato atinjam seus reais potenciais didáticos, especialmente nas Ciências
Naturais, eles não devem ser apenas “lúdicos”, mas também “educativo”.
Considerando este aspecto, na primeira etapa deste trabalho foi proposto pela
professora uma exposição teórica dos conteúdos de histologia, onde cada um dos
tecidos foi descrito e onde suas respectivas funções, estrutura e locais de ocorrência
foram amplamente abordados.
Neste trabalho o jogo didático foi apresentado na forma de um bingo, o qual
foi utilizado como uma forma de atividade avaliativa e ferramenta para fixação do
conteúdo de histologia previamente ministrado pela professora. O jogo consistiu de
perguntas e respostas (Tabela 1) e foi realizado em rodadas consecutivas com os
estudantes organizados em grupos, os quais receberam cartelas (Figura 1) para
jogar cada uma das rodadas. Os critérios para identificar o grupo vencedor foram
definidos pela professora (linha, coluna, diagonal ou cartela cheia). Cada grupo
recebeu uma cartela com 25 campos para respostas, as perguntas foram sorteadas
aleatoriamente. Com o objetivo de promover uma maior interação entre os grupos e
entre os estudantes e a professora, durante a realização do jogo, a professora pode
sugerir dicas, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem ao longo das rodadas
do bingo. O grupo que fechasse o critério combinado previamente a cada rodada
seria o vencedor da mesma.
O processo avaliativo com o jogo proposto neste trabalho ocorreu de forma
processual e contínua, sendo que para a mesma foram consideradas desde as aulas
ministradas anteriormente a aplicação do jogo. A participação dos estudantes
durante a aplicação do jogo didático na forma de bingo para abordar conteúdos de
biologia tecidual, foi muito relevante e permitiu a verificação pontual da apropriação
conteúdos, salientando ainda que, durante as rodadas os alunos e alunas puderam
sanar possíveis dúvidas. Como componente curricular os conteúdos foram
posteriormente abordados na avaliação bimestral, onde os estudantes mostraram
um excelente desempenho.
Deve-se sempre considerar que os jogos pedagógicos sejam utilizados como
instrumentos de apoio, constituindo elementos úteis no reforço de conteúdos já
328
apreendidos anteriormente. Em contrapartida, essa ferramenta de ensino deve ser
instrutiva, transformada numa disputa divertida, e, que consiga, de forma sutil,
desenvolver um caminho correto ao aluno. É muito importante que sempre a relação do
jogo didático com o processo de ensino-aprendizagem seja estabelecida e marcada pelo
envolvimento de ambos, professor e aluno, considerando ainda que o marcante do processo
de “jogar” seja o fato de experimentar o prazer propiciado pelo jogo relacionando-o com a
apropriação e construção do conhecimento.
Resultados
330
Figura 1: Modelo de cartela do bingo
H I S T O
T. E. DE T. E. TECIDO
TECIDO ÓSSEO OSTEÓCITOS
REVESTIMENTO GLANDULAR HEMATOPOIÉTICO
TECIDO TECIDO M. E.
CONDROBLASTOS SANGUE EXÓCRINA
MUSCULAR LISO ESQUELÉTICO
TECIDO M. E. TECIDO
HEMÁCIA PLAQUETA ENDÓCRINA
CARDÍACO MUSCULAR
Conclusão
Referências
LOPES, Sônia; ROSSO, Sérgio. Bio. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
332
A PERCEPÇÃO DO LUGAR NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM: UMA
ABORDAGEM
Resumo
Esta pesquisa foi desenvolvida com professores da Secretaria Municipal da cidade de Curitiba/PR,
localizada na região sul do Brasil e teve como objetivo observar a percepção dos professores e
alunos sobre a cidade onde vivem, baseada na fenomenologia, pautando - se na subjetividade e no
conceito de lugar. Por meio de oficinas ministradas foi trabalhado com os professores e alunos o
tema: “Curitiba que cidade é esta?”. As representações ocorreram por meio de desenhos onde os
professores representaram as escolas e, os alunos, parques turísticos, pontos de ônibus lotados e a
cidade acolhedora. Poucos professores representaram problemas sociais, os que mostraram
chamaram atenção para a questão dos resíduos. Os alunos, representaram a questão dos aspectos
naturais da cidade, ou seja, áreas verdes e pontos turísticos da cidade, como shoppings e zoológico,
no entanto, a maioria chamou atenção para a questão da violência urbana, das drogas e até da
morte. Foi evidenciado nas falas dos professores, por meio das apresentações, as diferenças entre
os que nasceram em Curitiba, e dos professores que vieram morar na capital, provindos do interior do
Estado, ou de outros Estados. De forma geral, a maioria que nasceu na cidade, a percebe de forma
amorosa, relevando topofilia pelo ambiente, enquanto os professores que vieram de outras cidades,
mostraram se mais críticos em suas percepções, apontaram para uma cidade com oportunidades,
mas também com desigualdades sociais e violência. Percebe-se que existe a necessidade de muitos
professores, conforme esta pesquisa na compreensão sobre a realidade vivenciada pelos alunos para
que o conteúdo trabalhado em aula volte-se para questões vividas no cotidiano dos alunos. Onde a
construção do conhecimento seja em conjunto com as experiencias adquiridas na realidade de onde
se vive, podendo utilizar a habilidade de ensino voltada na compreensão da escala local
primeiramente, para depois ir expandido até a escala global.
Introdução
O termo “lugar” em seu sentido geral significa uma porção ou parte do espaço
terrestre. Na ciência geográfica, o lugar constitui-se em um dos seus conceitos-
1
Município: Curitiba. Área de Atuação: Professora do Ensino Superior na Escola Superior de
Educação do Centro Universitário Internacional Uninter. Breve resumo da autora: Graduação,
Mestrado e Doutorado em Geografia pela UFPR e pós-doutorado em Educação pela UNISINOS.
Contato: marcia.o@uninter.com
2
Município: Curitiba. Área de Atuação: Educação Infantil. Graduando de Licenciatura em Letras e em
Pedagogia, Bolsista do Programa de Iniciação Científica pelo Centro Universitário Internacional
Uninter. Contato: gabrielmarsilva@gmail.com
3
Município: Curitiba. Área de atuação. Educação Superior. Breve resumo do autor. Bacharel em
administração, Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Contato:
fagnertitoferreira@gmail.com
333
chave, voltado para variadas análises. Aqui nesta pesquisa optamos em utilizar esta
temática direcionada para a compreensão das percepções de professores e alunos
sobre Curitiba, cidade onde vivem.
Curitiba, capital do Estado do Paraná, localiza - se na região sul do Brasil,
conforme figura 1.
Foi trabalhado com professores da Secretaria Municipal de Educação de
Curitiba e alunos do ensino médio também de escolas municipais da cidade, oficinas
sobre a percepção da cidade de Curitiba. O intuito foi de compreender se existe
aproximação sobre os conteúdos ministrados em aula e o contexto da realidade
vivida pelos alunos na cidade.
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Localizacao-do-sitio-urbano-de-Curitiba-em-
relacao-aos-municipios-vizinhos_fig1_261658330
O termo de lugar até o início do século XX, era utilizado para definir a
localização no espaço. São muitos os conceitos de lugares que existem, sobretudo
na ciência geográfica, no campo da Geografia Humanística, que teve seu início na
década de 1970. Dentre as discussões veio à tona um conceito de Lugar que
permanece muito forte até hoje, caracterizado pela valorização das relações de
afetividade desenvolvidas pelas pessoas em relação ao seu ambiente.
Neste viés, é valorizado a experiência do indivíduo ou da comunidade,
visando na compreensão do comportamento e nas formas de sentir das pessoas em
335
relação aos lugares. Subjetivamente, para cada pessoa ou para cada grupo, há uma
visão de mundo, que se configura, por meio da cultura, das atitudes e valores para
com o ambiente. Destacam - se como estudiosos desta temática, Anne Buttimer, Yi-
Fu Tuan, Edward Relph, dentre outros. Neste contexto, via abordagem humanístico-
cultural, a Fenomenologia, segundo Barbosa e Andrade (2014) é onde são
realizadas análises das ações e das percepções, a partir da decodificação das
simbologias que transformam os espaços em lugares, onde as experiências e
vivências do lugar e a afetividade pela terra desempenham um papel fundamental na
construção e identidade de uma nova paisagem.
Tuan, destaca a relevância da vivência do sujeito para a fundamentação do
conceito de lugar. “O lugar é segurança e o espaço é liberdade: estamos ligados ao
primeiro e desejamos o outro.” TUAN (1983, p. 03).
Nesta pesquisa, optou - se pelo pensamento de Y - Fu Tuan, geógrafo que
valoriza a experiência das pessoas com enfoque no espaço e sobretudo no lugar.
Segundo Tuan (1983, op. cit. p.04), “o que começa como espaço indiferenciado
transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor”.
A presente pesquisa teve por objetivo, tentar compreender a percepção de
professores e alunos do lugar onde vivem, observando também se as compreensões
dos mesmos são similares ou não, visto que no processo de ensino aprendizagem é
importante entender como os alunos estão compreendendo o que é ensinado.
Lembrando sempre que a percepção é subjetiva.
O Espaço vivido, baseia - se na espacialidade e na percepção vista como
significação. “O Espaço Vivido é uma experiência contínua, egocêntrica e social, um
espaço de movimento e um espaço-tempo vivido que se refere ao afetivo, ao
mágico, ao imaginário” (CORRÊA, 1995, p.32).
Segundo Cavalcanti (2001, p. 148) “É do confronto dessa dimensão do vivido
com o concebido socialmente – os conceitos científicos - que se tem a possibilidade
da reelaborarão e maior compreensão do vivido, pela internalização consciente do
concebido.”
336
Representação dos professores da Secretaria Municipal de Curitiba/PR
337
Figura 4. Curitiba que cidade é esta?
338
Figura 6. Curitiba que cidade é esta?
339
Figura 8. Curitiba que cidade é esta?
340
Figura 10. Curitiba que cidade é esta?
341
de acolher, e alguns professores, no geral poucos, mostraram problemas sociais,
sobretudo no que diz respeito a questão dos resíduos, o número de carrinheiros, e
até a procura por alimentos entre os resíduos que são descartados.
Os alunos representaram pontos turísticos da cidade, dando ênfase aos
shoppings e zoológico, algumas áreas verdes da cidade, mas a maioria chamou a
atenção para a questão da violência, das drogas e da morte.
Conclusões
342
desconforto entre os participantes, no entanto a discussão foi sempre muito
proveitosa.
Os professores que vieram para Curitiba de outras cidades, do mesmo ou de
outros Estados, foram mais críticos em suas percepções, frisaram mais a questão
das desigualdades sociais, da violência e até mesmo da dificuldade em se adaptar
por conta do clima da região. Também salientaram a acolhida, e houveram casos
em que alguns disseram que assim que possível irão embora por não se adaptarem.
Os alunos, trouxeram mais cores nas representações, e também trouxeram
mais preocupações, por um lado apontaram para locais turísticos e por aspectos
naturais e por outro apontaram para a questão das drogas, da violência e da morte,
segundo muitos alunos, a cidade é muito violenta, é uma cidade de crimes. Muitos
afirmaram que gostam de Curitiba, mas que tem vontade de morarem em outras
cidades, como Florianópolis e Rio de Janeiro.
Sem dúvida, muitas vezes notamos a diferença marcante da realidade
percebida por professores e alunos. Sobretudo no que diz respeito a drogas e
crimes na fala dos alunos, com destaque aqui para a figura 10, onde pode ser visto
uma divisão, de um lado uma representação colorida e feliz e do outro uma triste,
inclusive com revolver e o velório.
Percebe - se que é grande a necessidade de compreensão dos professores
sobre a realidade, a vivência de seus alunos para que o conteúdo trabalhado em
aula, seja mais efetivo, voltado para questões provenientes do cotidiano dos alunos.
Segundo Cavalcanti (2001), no momento em que se valoriza a realidade
resgata-se a história e a identidade. Discutindo um espaço que bem conhecem,
dessa forma, podem construir conceitos mais amplos, facilitando o seu aprendizado,
o que pode levá-los a uma maior compreensão do seu papel como sujeitos ativos na
construção do espaço em que vivem.
Neste sentido a construção do conhecimento deve ser em conjunto, buscando
sempre compreender a realidade atual do entorno de onde se vive, visto que uma
das habilidades de ensino baseia - se primeiramente na compreensão da escala
local para depois a escala ir aumentando para a regional, nacional, até chegar na
global.
343
Referências
http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404053553_ARQUIVO_Artigo_C
BG_Final.pdf
344
NOVA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA O ESTUDO DOS ÓRGÃOS E
SISTEMAS HUMANOS – RELATO DE EXPRIÊNCIA PEDAGÓGICA
Resumo
Este trabalho foi realizado no Colégio Estadual Carolina Lupion, situado no munícipio de
Carlópolis/PR e apresentará os resultados alcançados durante a proposta de estudo dos
conteúdos de Biologia inseridos no tópico “Órgãos e Sistemas Humanos”, os quais abrangem
aspectos da Anatomia e Fisiologia Humanas. A proposta pedagógica aqui relatada foi
desenvolvida e aplicada durante uma das etapas do Mestrado Profissional de Ensino de Biologia
em Rede Nacional PROFBIO/UFPR. O objetivo principal foi estimular os alunos a pesquisa e o
desenvolvimento de estudos sobre o organismo humano, além de instigar o processo de
aprendizagem sobre os conteúdos do funcionamento do nosso organismo, pelo reconhecimento
das ações realizadas pelo homem e de como estas podem afetar de forma positiva ou não, o
nosso organismo. Para isso, foram realizadas aulas teóricas, exposição e avaliação, onde, por fim,
as turmas envolvidas puderam trabalhar juntas, reconhecendo a importância do trabalho em
equipe para a construção do conhecimento. Na primeira etapa, o foco foi a organização, onde, os
grupos de estudantes, escolheram o tema a ser pesquisado. Na segunda etapa, os grupos
trabalharam na construção da gincana e na e organização da exposição. Neste momento, os
estudantes contaram com a colaboração de profissionais de saúde convidados pela professora,
que contribuíram com seus conhecimentos, trazendo informações importantes. Na terceira e
última etapa, quando foi realizada a avaliação do trabalho desenvolvido por meio de uma novo
método, conclui-se que, os estudantes estabeleceram correlações interdisciplinares entre os
conteúdos de anatomia e fisiologia. Os discentes perceberam ainda que, as ações que
desenvolvemos ao longo da vida podem impactar de forma positiva ou negativa não apenas a nós
mesmos, mas à sociedade. Dessa forma, quando em uma proposta pedagógica o estudante é
protagonista do próprio aprendizado criam-se possibilidades para a produção de conhecimento, o
que é fundamental no processo de ensino-aprendizagem.
Introdução
11
Curitiba – PR. Mestranda PROFBIO/UFPR. Professora no Colégio Estadual Carolina Lupion – Carlópolis, PR.
monicasallesazevezo@gmail.com
22
Curitiba – PR. Docente PROFBIO/UFPR. Profa Dra Dpto Biologia Celular/UFPR - Projetos em Educação Para
o Ensino de Biologia no Ensino Médio. marianapiemonte@gmail.com
345
da Universidade Federal do Paraná. Nesta etapa, os mestrandos escolhem um
dos temas estudados ao longo do semestre letivo para que seja aplicado em seu
local de trabalho como uma nova abordagem didático-metodológica, sendo essa
portanto, uma nova proposta de ministrar conteúdos curriculares. Dessa maneira,
o tema escolhido foi Órgãos e Sistemas Humanos, com relevância para as
possíveis ações do homem que possam vir a afetar o funcionamento do
organismo humano de maneira benéfica ou não. Novas propostas de ensino são
importantes já que, os métodos de ensino que obedecem os antigos padrões,
como o uso apenas de quadro de giz e a apresentação de slides, os quais
avaliam todos de forma igualitária exigindo resultados previsíveis, não consideram
que o conhecimento é baseado em aspectos pessoais, competências cognitivas e
sociais individuais, adquiridos em experiências únicas que exigem pró-atividade,
colaboração e personalização (MORÁN, 2015).
Fornaziero e colaboradores (2010) descrevem que, a constante evolução
educacional leva a necessidade de possíveis adaptações dos métodos de ensino-
aprendizagem, sendo que, segundo o autor, acredita-se que, modificações das
práticas pedagógicas já estão inseridas no dia a dia dos estudantes. E exploração
de práticas pedagógicas que capacitem os alunos a crescerem e transformarem
em relação ao seu desempenho dentro da sala de aula são importantes.
Sendo assim, precisamos estar atentos as mudanças relacionadas a
educação, onde o modelo curricular, aquele predominante disciplinar é mantido,
porém, prioriza-se o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas além
de sua participação em projetos interdisciplinares. Considerando a importância do
estudo da anatomia e da fisiologia no Ensino Médio e, a necessidade de se
abordar o tema de forma interdisciplinar, foi proposto aos estudantes a realização
de pesquisas bibliográficas sobre tópicos pré-selecionados que abrangessem
anatomia e fisiologia humana. Foi proposto ainda que, a pesquisa bibliográfica
relacionasse aspectos que pudessem interferir com o funcionamento no nosso
organismo, ou seja, possíveis ações que, nós viéssemos a realizar e que,
afetassem o funcionamento do nosso organismo, sejam resultando em respostas
positivas ou negativas. Segundo Morán (2015), o papel do professor é mais o de
curador e de orientador. Este autor descreve que curador é aquele que escolhe
346
assuntos relevantes, ou seja, aqueles mais importantes mediante a imensa
quantidade de informações disponíveis, ajudando assim os estudantes a delinear
seu estudo e assim traçar seu aprendizado. Outro sentido para curador, abordado
pelo autor, é o atribuído para cuidador, uma vez que, o professor cuida de cada
um de seus alunos e alunas, acolhendo, estimulando, valorizando suas
qualidades, orientando e inspirando.
Com essa proposta didático-metodológica os objetivos propostos seriam
alcançados, já que pretendíamos que os discentes desenvolvessem capacidades
relacionadas a pró-atividade, pois teriam que tomar decisões em conjunto desde a
escolha do tema a ser trabalhado até a forma de apresentação destes na
Exposição Cultural, onde avaliariam e teriam suas atividades avaliadas pelos
colegas e professores. Se queremos que nossos alunos e alunas sejam criativos
devemos, como professores, proporcionar novas experiências de ensino-
aprendizagem com quais eles possam demonstrar suas iniciativas, atuando como
articuladores, como colocado por Móran (2015) quando diz que o professor deve
conseguir articular em etapas do processo de ensino-aprendizagem individuais ou
em grupos. Sendo que, para isso o professor deve utilizar sua capacidade de
acompanhar, analisar e mediar processos e resultados.
É importante que os projetos estejam ligados à vida dos estudantes, as
suas motivações profundas e que o professor saiba gerenciar essas atividades,
envolvendo os estudantes e na melhor forma de realização do projeto,
valorizando cada etapa e principalmente a apresentação deste para além do
grupo e da classe (MORÁN, 2015). Dessa maneira, esta nova proposta didático-
metodológica foi realizada com estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio do
Colégio Estadual Carolina Lupion, situado no município de Carlópolis/PR. Sendo
que, a proposta foi realizada em etapas diferentes, aulas expositivas dialogadas,
gincana e exposição cultural e avaliação. Todo o conteúdo trabalhado foi baseado
em pesquisa bibliográfica previamente definida e orientada pela professora.
Considerando que, na educação formal, existem projetos pedagógicos que
enfatizam à aprendizagem colaborativa, enquanto outros à aprendizagem
individualizada, sendo ambos importantes, consideramos que, esses dois
mecanismos de ensino-aprendizagem precisam ser integrados para dar conta da
347
complexidade de aprender na nossa sociedade, uma vez que, um bom projeto
pedagógico prevê o equilíbrio entre tempos de aprendizagem pessoal e tempos
de aprendizagem colaborativa. Aprendemos com os demais e aprendemos
sozinhos (MORÁN, 2015).
Desenvolvimento
348
um mediador do conhecimento, o professor precisa ter uma prática docente que
estimule ações investigativas por seus educandos, desenvolvendo neles o espírito
crítico, investigativo e autônomo. Uma das funções do professor, aquela de quem
participa da elaboração do traçado da caminhada estudantil de seus alunos, tanto
de forma individual, quanto quando o professor exerce essa função com grupos
de estudantes, é decisivo na vida destes, sendo portanto um diferencial relevante.
O professor se torna cada vez mais um gestor e orientador de caminhos coletivos
e individuais, previsíveis e imprevisíveis, em uma construção mais aberta e
criativa . Professores podem organizar, com seus alunos e alunas, dentro de suas
disciplinas, no mínimo um projeto importante, que integre os principais assuntos
da matéria e que utilize pesquisa, entrevistas, narrativas e/ou jogos como parte
importante do processo. (MORÁN, 2015).
Observou-se que os alunos e alunas necessitavam desse tipo de estímulo,
para que tornassem o trabalho proposto ainda mais interessante, uma vez que,
eles já haviam se tornado sujeitos ativos do processo de ensino-aprendizagem,
além de estarem desenvolvendo ferramentas metodológicas dinâmicas.
Esta proposta foi aplicada em grupos de alunos e alunas dos 2º e 3º anos do
Ensino Médio do Colégio Estadual Carolina Lupion situado no município de
Carlópolis - PR. Sendo que para a realização a proposta foi dividida em três
etapas de realização. Na primeira etapa o foco principal era a dinâmica e a
organização da proposta, na qual após as aulas expositivas dialogadas sobre o
conteúdo a ser abordado, os estudantes organizados em grupos escolheram três
temas, os quais seriam trabalhados para serem apresentados durante e
Exposição Cultural do Colégio. Os temas escolhidos foram: Doação de Sangue e
Órgãos, Drogas e Gravidez Precoce. Os alunos foram divididos em seis grupos,
onde três grupos ficariam responsáveis pela organização das palestras e três
apresentações relacionadas aos órgãos humanos.
Na segunda etapa, foi proposto aos estudantes a realização de um debate,
para que os assuntos pesquisados fossem abordados de forma mais profunda,
reforçando o conteúdo, uma vez que, com isso as informações pesquisadas
seriam debatidas por todos, desenvolvendo, dessa forma, uma visão crítica pela
qual um processo de construção do conhecimento adquirido fosse atingida, já
349
que, diversas opiniões seriam acrescidas, possibilitando o crescimento do
processo de ensino- aprendizagem. Nesta etapa, a professora forneceu as
seguintes instruções: a) pesquisar sobre os temas em sites, centros de saúde,
hemocentro, centros de apoio a usuários de drogas e outras fontes; b) elaborar
entrevistas; c) construir questionários; d) produzir textos para as palestras sobre o
assunto pesquisado; e) estudar de forma aprofundada cada órgão (origem,
anatomia e fisiologia).
A terceira etapa da proposta foi construída a demonstração do conhecimento
adquirido pelos alunos por meio da Exposição Cultural (Figua 1). Nesta, todas as
informações coletadas pelos alunos e alunas, as apresentações em salas
temáticas, como a realizada pelos alunos onde foram explicados aspectos
anatômicos e funcionais de vários órgãos dos diferentes sistemas do nosso
organismo utilizando banners, peças anatômicas humanas, data-show para
palestras, entre outros instrumentos foram utilizadas (Figuras 1a, 1b e 1c).
Durante a Exposição Cultural houve a colaboração de uma equipe de
profissionais de saúde especializados para a coleta de sangue, um dos temas
abordados e escolhidos pelos alunos durante o processo de elaboração das
apresentações da exposição. Além disso, estes profissionais, juntamente com os
estudantes, apresentaram informações importantes sobre o quão essencial é a
doação de sangue e órgãos. Dessa forma, foram disponibilizados locais para
doação de sangue voluntária tanto de estudantes, quanto de professores e
visitantes da comunidade, sempre maiores de 18 anos de idade (Figuras 1d e 1e).
Outras profissionais da área da saúde também colaboraram com a proposta
didático-metodológica deste trabalho durante a Exposição Cultural, dentre eles,
uma médica ginecologista, a qual ministrou uma palestra sobre “Saúde da Mulher”
abordando de forma mais específica a gravidez precoce (Figura 1f), uma
nutricionista, e enfermeiros, os quais ministraram palestras importantes sobre o
uso de drogas (Figura 1b), temas escolhidos pelos alunos durante a elaboração
dos trabalhos. Vale ressaltar que as palestras estavam disponíveis para os alunos
e alunas da escola e para a comunidade.
350
Figura 1: Imagens da Exposição Cultural
1b
1a
1c
1d 1e 1f
351
para o sucesso da aprendizagem. Foi considerado que os estudantes deveriam,
ao final da aplicação desta nova proposta didático-metodológica: (1) conhecer e
compreender a morfologia e anatomia dos órgãos e sistemas do corpo humano;
(2) estabelecer relações entre os diversos órgãos do corpo humano; (3)
compreender a fisiologia humana como um todo e não de forma fragmentada e;
(4) participar ativamente de todas as etapas do trabalho. Com as propostas de
avaliação utilizadas, pode-se verificar que tais objetivos foram atingidos, visto que,
todos os quatro tópicos acima mencionados foram cumpridos, o que foi observado
pelo desempenho positivo dos estudantes nas avaliações realizadas
bimestralmente sobre os assuntos abordados. Ressalta-se ainda que os
estudantes que participaram deste trabalho tiveram um melhor desempenho que
aqueles que, em semestres anteriores, os quais tiveram o conteúdo de forma
tradicional. Dessa maneira, considera-se que os resultados alcançados foram
totalmente satisfatórios.
Freiberger (2014) afirma que, educar pela pesquisa, justifica-se pela
necessidade de uma educação que contemple a articulação entre teoria e prática,
voltada para a reconstrução de conhecimentos e que vá além da instrução, a qual
se fundamenta pela era em que vivemos, onde a tecnologia nos traz informações
advindas de diversos meios de comunicação.
À escola cabe, portanto, formar os educandos para que estes sejam
capazes de atuar no processo de ensino-aprendizagem, socializando assim, o
conhecimento adquirido, dentro da perspectiva histórico-crítica.
Conclusão
352
sistemas, os discentes mostraram interesse em buscar novas fontes e a
perceberam que, a ciência está em suas vidas. Percebendo ainda que,
determinadas atitudes do rotineiras podem interferir no funcionamento complexo
do nosso organismo, acrescentando ainda a importância social do projeto, o qual
envolveu discentes, docentes, professores, comunidade e profissionais de outras
áreas. Dessa forma, nossa proposta está de acordo com o descrito por Morán,
(2015) que diz que, sozinhos vamos até um certo ponto, porém juntos também.
Essa interconexão entre a aprendizagem pessoal e a colaborativa, num
movimento contínuo e ritmado, nos ajuda a avançar muito além do que o faríamos
sozinhos. Os projetos pedagógicos inovadores conciliam, na organização
curricular, espaços, tempos e projetos que equilibram a comunicação pessoal e a
colaborativa.
Referências
353
content/uploads/sites/67/2016/06/Mudando-a-Educacao-com-Metodologias-
Ativas.pdf>. Acesso em: 05/06/18.
354
USO DE APARELHOS MÓVEIS NAS AULAS DE BOTÂNICA
Resumo
Um desafio nas aulas de botânica é encontrar metodologias que facilitem o interesse dos estudantes
e sua assimilação dos conteúdos desta área da Biologia no ensino médio. A estratégia metodológica
a ser discutida é o uso de aparelhos móveis na captura de imagens de plantas pelos estudantes,
sendo aplicadas como recurso visual nos encaminhamentos das atividades nas aulas, ao
trabalharmos o conteúdo de botânica durante as aulas de Biologia no ensino médio. As imagens
capturadas servirão de subsídios para a inserção do universo botânico e seus desdobramentos, tais
como: classificação evolutiva das plantas, estudo das suas estruturas anatômicas, relação destas em
sua classificação biológica em grupos de acordo com as estruturas visíveis e observadas através de
ilustrações didáticas, também as que utilizam o recurso da microscopia para amplificar o que é de
interesse de estudo. Ao longo do período de experiência que a docência proporciona, a utilização
desta metodologia, tem sido muito apropriada para orientar atividades que consiste na captura de
imagens de plantas realizada pelos estudantes nos espaços escolares formais a exemplo a própria
sala de aula e quando disponível, o laboratório de Biologia, bem como visitações a espaços não
formais de aprendizagem como praças ou ao Jardim Botânico de Curitiba. A atividade consiste em
inicialmente serem feitos os encaminhamentos acerca dos aspectos gerais para o estudo das plantas,
seguido de um roteiro descritivo para a coleta das imagens, com ênfase na utilização destas para
elaboração de uma apresentação em forma oral com recurso visual digital que apresente
resumidamente as principais características de cada grupo de plantas, seguida da imagem que ilustre
tais características observadas.
Introdução
1
Colombo. Docente de Biologia na Rede Pública Estadual de Ensino – SEED/PR, graduada em
Ciências Biológicas pela UFPR (2004), Pós graduação em Gestão escolar (2012), mestranda ProfBio
- UFPR. Contato: taysa.bedak@gmail.com
2
Curitiba, Professora na UFPR, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São
Paulo(1999), mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo(2002), doutorado
em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (2007) e pós-doutorado pelo
Instituto de Botânica (2007). Contato: erika.amano@gmail.com
355
natural ou em uma imagem que apresente outros elementos que a constituam, é
comum mencionarem a presença de animais, é a cegueira botânica.
356
O Jardim Botânico de Curitiba, possui espécies botânicas que são referência
para estudos, destacando-se também o jardim das sensações com placas de
identificação científica das plantas, inclusive em braile, a estufa metálica de três
abóbadas que abriga espécies que servem neste trabalho, para os estudos das
plantas.
357
Desenvolvimento
358
da população, de habilidades intelectuais mais complexas, da
capacidade de manejar informações e de se organizar nas relações de
trabalho de modo mais autônomo. Na era das chamadas “sociedades do
conhecimento”, a educação passa a ser considerada fundamental para
alimentar as forças do mercado e, portanto, para criar melhores
condições de competitividade. (Barretto, 2006, p. 06).
Conclusões
Referências
MOUL, Renato Araújo Torres de Melo, SILVA, Flávia Carolina Lins. A construção de
conceitos em botânica a partir de uma sequência didática interativa: proposições para o
ensino de Ciências. Revista Exitus, Santarém/PA, Vol. 7, N° 2, p. 262-282, Maio/Ago 2017.
Disponível em: http://www.ufopa.edu.br/portaldeperiodicos/index.php/revistaexitus/article/
view/313/261 Acesso em 26 maio de 2018.
360
http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1637/1637.pdf Acesso em
02 de maio de 2018.
361