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Aula 20.09.19
2.9 Ondas em meios elásticos
Quem nunca observou as ondulações produzidas na superfície de um lago quando
uma gota de água cai sobre o mesmo? Se essas ondulações passam por um objeto que
esteja flutuando vemos que este executa um movimento de subida e descida à medida
que as ondulações passam por ele, indicando que as ondulações transportam energia e
momento linear através do espaço, sem transportar matéria.
Para a Física, onda é uma perturbação periódica que se verifica no espaço vazio
ou num meio material sob a forma de transporte de energia e momento linear, alterando
as condições do meio através do qual se propaga. Uma onda é uma oscilação que é
função tanto do espaço como do tempo, ou seja, uma onda é algo que tem uma
extensão no espaço. As ondas podem ser de três tipos:
1. Ondas mecânicas. São as mais familiares porque as encontramos constantemente. Entre
elas estão as ondas do mar, as ondas sonoras e as ondas sísmicas. Todas essas ondas
possuem duas características: são governadas pelas leis de Newton e existem apenas em
um meio material como a água, o ar ou as rochas.
2. Ondas eletromagnéticas. Podem ser menos familiares, mas estão entre as ondas mais
usadas; exemplos importantes: luz visível, luz ultravioleta, ondas de rádio e de televisão,
micro-ondas, raios X, etc. Estas ondas não precisam de um meio material para existir.
Como exemplo, temos as ondas luminosas provenientes das estrelas que atravessam o
vácuo para chegar até nós. É importante lembrar que todas as ondas eletromagnéticas se
propagam no vácuo com a mesma velocidade 𝑐 = 299792458𝑚⁄𝑠.
3. Ondas de matéria. Embora essas ondas sejam usadas nos laboratórios, provavelmente
você não está familiarizado com elas. Estão associadas a elétrons, prótons e outras
partículas subatômicas e mesmo a átomos e moléculas. Elas são chamadas de ondas de
matéria porque normalmente pensamos nessas partículas como elementos básicos da
matéria.
Como visto, o aspecto central das ondas mecânicas é o fato delas necessitarem de
um meio material para se propagarem.
Outro exemplo mostrando que uma onda transmite energia sem o transporte de
matéria é o famoso “efeito dominó”. Se a primeira peça, de uma fileira de peças, é
derrubada (uma perturbação), todas as outras peças irão cair em sequência. A
perturbação causada na primeira peça de dominó chegou à última apesar da primeira
peça não ter saído da sua posição inicial após cair. A energia aplicada à primeira peça de
dominó chegou até a última peça indicando que a onda transportou somente energia
(movimento na forma de perturbação) e não a matéria (peça de dominó).
Uma onda que se propaga em uma corda esticada é a mais simples das ondas
mecânicas. Quando damos uma sacudidela na ponta da uma corda esticada uma onda
com a forma de um pulso se propaga ao longo da corda, como indicado na Figura 11a.
Este pulso e o seu movimento podem ocorrer porque a corda está sob tensão. Quando a
extremidade da corda é puxada para cima ela puxa para cima a parte vizinha da corda
através da tensão que existe entre as duas partes. Quando a parte vizinha se move para
cima puxa para cima a parte seguinte da corda, e assim por diante como no efeito
dominó. Em seguida, a extremidade da corda é puxada para baixo, enquanto as outras
partes da corda que estão se deslocando para cima começam a ser puxadas de volta para
baixo pelas partes vizinhas, que já se encontram em movimento descendente. Como
resultado geral, temos uma distorção (pulso) na forma de onda que se propaga ao longo
da corda com certa velocidade 𝑣⃗, conforme indicado na Figura 11b.
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Figura 11 - (a) Um pulso isolado é produzido em uma corda esticada. Um elemento típico da corda
(assinalado com um ponto) se desloca para cima e depois para baixo quando o pulso passa por ele. Como
o movimento do elemento é perpendicular à direção de propagação da onda, o pulso é uma onda
transversal. (b) Uma onda transversal é produzida na corda. Um elemento típico da corda se move para
cima e para baixo com a passagem da onda. Esta também é uma onda transversal.
Fonte: Halliday et al, 2016, p.276.
Figura 15 – “Instantâneo” da onda progressiva da equação (2.16) para 𝑡 = 0 e também para um tempo
após, 𝑡 = 𝛥𝑡. Durante este intervalo, a curva inteira desloca-se de uma distância Δ𝑥 para a direita. Fonte:
Halliday et al., 2016, p.283.
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Sabemos que a razão Δ𝑥⁄Δ𝑡 (ou, em forma diferencial, 𝑑𝑥⁄𝑑𝑡) define a velocidade
da onda. Mas como podemos encontrar seu valor? Para isto, vamos nos concentrar numa
parte específica da configuração da onda, talvez num ponto de deslocamento máximo.
Da equação (2.34) podemos definir qualquer deslocamento 𝑦 atribuindo um valor fixo
para a quantidade dentro dos parênteses, que é denominada de fase da onda. Assim, o
termo:
𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (2.42)
onde 𝜇 = 𝑚⁄ℓ é a massa específica linear (ou densidade linear) e representa a inércia
característica de uma corda esticada e 𝜏, representando a elasticidade, é a intensidade
(ou módulo) da força que estica a corda.
A equação (2.45) pode ser obtida a partir das leis de Newton considerando um único
pulso simétrico como o da Figura 16, propagando-se em uma corda da esquerda para
direita com velocidade 𝑣. Por conveniência, escolhemos um referencial no qual o pulso
permanece estacionário, ou seja, move-se juntamente com o pulso, de modo que a
corda parece passar movendo-se da direita para a esquerda com velocidade 𝑣.