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Metodologias ativas: o que é, como aplicar e

as mais conhecidas | Guia 2021


Metodologia ativa pode englobar diferentes práticas em sala de aula. Seu
principal objetivo é fazer do aluno o protagonista da própria aprendizagem,
participando ativamente de sua jornada educativa.

A ideia é estimular uma maior responsabilidade do estudante pela construção


do próprio saber em instituições de ensino. Assim, ele se envolve no processo
de aprendizado de maneira ativa, superando a ideia de aulas expositivas e
com pouca interação do tradicional processo de ensino.

O que são metodologias ativas?


Primeiramente, existem várias abordagens que podem ser trabalhadas
isoladamente ou em conjunto em sala de aula. Alguns exemplos incluem:

 Sala de aula invertida;


 Aprendizagem baseada em projetos;
 Design thinking.

Confira outros exemplos no fim deste texto.

Em comum, o desafio de transformar o professor em uma espécie de


companheiro da jornada do aluno – e não uma figura isolada e superior,
detentora e repassador de conhecimento.

Seja em aulas 100% presenciais ou em modelos como o ensino a distância


(EAD), a aprendizagem ativa reflete sobre as diferentes maneiras do processo
de ensino e recepção das informações.

A ideia é proporcionar uma imersão em experiências prévias, permitindo que


cada um reconheça as estratégias que melhor funcionam para si. A isso é dado
o nome de metacognição, ação fundamental para a educação contemporânea.

Conhecer a sua própria forma de pensar e aprender faz com que o estudante
fique mais empoderado no ambiente escolar. Desde que o professor
proponha um objetivo claro, aliado a uma proposta metodológica
adequada, o discente terá condições de alcançá-lo ao seu próprio tempo.

Em resumo, isso reforça a importância do aluno, valoriza os saberes prévios


para a construção da própria jornada educacional e identifica os recursos que
melhor funcionam.
As vantagens das metodologias ativas
Pesquisas comparativas entre métodos de ensino, realizadas nos Estados
Unidos e no Brasil, mostram o impacto positivo das metodologias ativas na
aprendizagem.

Um estudo conduzido pelo professor da Universidade de Washington, Scott


Freeman, comparou as taxas de reprovação e a performance em provas e
testes padronizados de estudantes submetidos às metodologias ativas e às
aulas expositivas tradicionais. Em média, a performance do primeiro grupo
foi 6% superior. Já a taxa de reprovação dos estudantes de aulas expositivas
foi 1,5% maior.

No Brasil, um estudo coordenado pelo diretor da +A Educação (antigo Grupo


A), Gustavo Hoffmann, através da Universidade Harvard, mostrou que alunos
submetidos às metodologias ativas aprenderam em média 9% mais do que
aqueles submetidos à exposição de conteúdo. Neste estudo, a metodologia
usada foi a sala de aula invertida.

Cabe lembrar a desvantagem da aula expositiva: duas semanas após uma aula
tradicional, os alunos tendem a lembrar menos de 30% do que foi exposto pelo
professor. Aí reside o grande trunfo das metodologias ativas: ao engajar o
aluno com os objetos de estudo, há uma maior fixação do conhecimento.

Práticas ativas na EAD


Mesmo que pareçam estar em lados opostos, tanto o aprendizado presencial
quanto a EAD podem usar metodologias ativas. Inclusive, as práticas são
ainda mais importantes na experiência de educação remota, já que o modelo
exige grande autonomia e comprometimento dos alunos.

E a pandemia causada pela Covid-19 impulsionou o uso de metodologias


ativas no ensino a distância. Nesse cenário, elas são utilizadas para superar a
mera transposição das aulas expositivas para o ambiente virtual e, assim,
manter o engajamento dos estudantes nas atividades.

Fóruns de discussão, chats e tarefas em grupo são os métodos mais


conhecidos na EAD. Mas não para por aí. Outras estratégias pedagógicas
como o video based learning (VBL) e gamificação também ganharam espaço.
A verdade é que, atualmente, não faltam tecnologias educacionais para usar as
metodologias ativas na EAD.

Naturalmente, essas abordagens têm características colaborativas, que surgem


como solução para a distância física entre professores, alunos e colegas. Essa
interação digital abre caminho para uma aprendizagem mais dinâmica. Nela, o
estudante precisa elaborar ideias e manifestar seus saberes publicamente,
atuando ainda mais como protagonista de sua aprendizagem.
A educação a distância também está ajudando a acelerar mudanças na
sala de aula tradicional. Há uma tendência já consolidada para modelos
híbridos, nos quais o estudante tem atividades a distância, com vídeos e
exercícios interativos, e encontros presenciais.

O movimento abre mais possibilidades para a figura do professor. Ele pode


aproveitar os momentos com a turma para construir atividades mais ricas e
centradas na individualidade dos alunos.

O desafio do EAD
O desafio da EAD do futuro será implementar as metodologias ativas de modo
homogêneo. Para isso, o foco deverá estar menos centrado nas tecnologias e
mais nas competências e saberes de alunos e professores.

No aluno, deve-se preciso estimular a autonomia, a autodisciplina e a


maturidade. Já do professor espera-se que atue como um arquiteto cognitivo,
selecionando os melhores materiais e estratégias para cada momento da trilha
de aprendizagem.

Além disso, nas metodologias ativas, o docente deixa de ser o detentor do


conhecimento em sala de aula. Seu papel passa ser o de companheiro e
mediador da aprendizagem dos alunos. A mudança de postura em alunos e
professores gera uma dinâmica menos conteudista e mais “mão na massa”.

Exemplos de metodologias ativas


Em suma, modelos de educação tradicional têm no professor sua figura central.
É ele quem detém todo o conhecimento. Trata-se da chamada “educação de
bancada”, em que o docente determina sozinho o conteúdo de suas
disciplinas, deixando aos alunos apenas a tarefa de absorver
passivamente as informações.

Com as evoluções social, tecnológica e pedagógica do fim do século 20, o


método tradicional ganhou novos contornos. Abriu-se espaço, então, à
construção de novos modelos, mais centrados nas experiências e saberes
prévios dos estudantes.

É nesse cenário que surgem as metodologias ativas de ensino.

Confira oito exemplos de metodologias


ativas para aplicar em sala de aula
Analise as diferentes abordagens e sinta-se à vontade para adaptá-las ao dia a
dia de seus alunos.
1. Aprendizagem baseada em projetos (ABP)
A metodologia, também chamada de project-based learning (PBL), faz com que
os alunos construam seus saberes de forma colaborativa, por meio da
solução de desafios. Assim, o estudante precisa se esforçar para criar,
explorar e testar as hipóteses a partir de sua própria vivência. Na prática, é
comum o uso de recursos que vão além do livro didático.

Créditos: Eduarda Lazzaretti/Plataforma A

O educador pode incluir tecnologias como vídeos ou fóruns digitais, além de


propor atividades que envolvam elementos concretos –
como cartazes e maquetes. A fim de desenvolver nos alunos um perfil
investigativo e crítico diante das situações propostas.

O ponto principal é permitir que o estudante busque o saber por si mesmo. E


não significa que o professor não deva estar presente: cabe a ele atuar como
orientador de caminhos, dando feedbacks e mostrando erros e acertos ao
longo do processo.

2. Aprendizagem baseada em problemas


Enquanto a ABP exige que os alunos coloquem a mão na massa, a
aprendizagem baseada em problemas (ABP) é focada na parte teórica
da resolução de casos. O método promove a interdisciplinaridade, um dos
focos centrais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Créditos: Eduarda Lazzaretti/Grupo A

Aqui se propõe a construção de conhecimento através


de debates e júris, discutindo em grupo um problema. Na prática, o aluno
estuda um determinado assunto antes da aula. Depois, traz suas dúvidas e
dificuldades para o encontro com o professor e os colegas, debatendo sobre
sua interpretação.

A metodologia quebra o paradigma de aula tradicional, com disciplinas


curriculares distanciadas umas das outras. Assim, a participação de cada um
se torna essencial, incentivando o trabalho em grupo e a comunicação
entre saberes de diferentes áreas do currículo escolar.

3. Gamificação
Pode-se entender como gamificação a utilização de elementos como jogos e
desafios em situações de sala de aula. A metodologia é principalmente
utilizada para gerar maior engajamento, motivar a ação, promover a
aprendizagem ou resolver problemas de modo criativo.

Dessa forma, o professor gamifica aspectos normais de sala de aula, como


aprender sobre ligações químicas. De quebra, conquista-se um maior
engajamento dos alunos.

Por mais simples pareça, a gamificação é uma excelente maneira de ajudar


estudantes a perderem a resistência diante de temas complexos. Por meio de
desafios individuais ou em grupo, é possível promover um maior engajamento
em sala de aula.

Cabe ao professor desenvolver dinâmicas atrativas e inteligentes. Que


sejam capazes de gerar o aprofundamento didático – e não só um momento de
interação coletiva.
4. Sala de aula invertida
A sala de aula invertida, também chamada de flipped classroom, é uma
metodologia ativa amplamente conhecida, derivada do ensino híbrido. Seu
diferencial reside no uso da tecnologia – especialmente a internet, pois mistura
a experiência digital e de sala de aula, potencializando o aprendizado.

LOGO, A SALA DE AULA INVERTIDA FUNCIONA EM DOIS


MOMENTOS:
>> Online: antecede a aula em grupo. É onde o aluno estuda sozinho,
aproveitando materiais da internet.

>> Presencial: é onde o aluno compartilha com o grupo sua compreensão do


tema, trocando saberes com o professor e os colegas.

Para que a sala de aula invertida funcione, é preciso que os alunos apoiem a
proposta, comprometendo-se com o desafio.

Créditos: Eduarda Lazzaretti/Grupo A

No novo cenário, o discente é amplamente responsável pela qualidade do


ensino que irá receber. Já do educador espera-se um bom planejamento de
aula, capaz de conectar de forma dinâmica e didática os conteúdos trazidos
para a classe.

5. Aprendizagem entre pares


Conhecida também como instrução pelos colegas, a metodologia foi
desenvolvida na década de 1990 na Universidade Harvard, nos Estados
Unidos. Com o propósito de apoiar a aprendizagem durante aulas de
Física, utilizando um aplicativo no qual os alunos, divididos em duplas,
respondiam questões.

Promover o trabalho em duplas mostrou-se extremamente benéfico,


tornando mais simples a forma como os conceitos eram explicados. Além
disso, contribui tanto na formação do pensamento crítico, quanto na
capacidade dos alunos de respeitarem opiniões divergentes.

NA APRENDIZAGEM EM PARES SÃO UTILIZADOS OS


SEGUINTES BALIZADORES PARA MENSURAR A
COMPREENSÃO DA TURMA SOBRE O TEMA:
>> apresentação das questões em sala de aula pelo professor, para que os
alunos respondam em duplas;

>> possibilidade de o professor fazer esclarecimentos pontuais a partir dos


questionamentos das duplas;

>> mapeamento das respostas dos alunos à referida questão utilizando o


aplicativo;

>> decisão do professor, com base no resultado, entre:

 em primeiro lugar, explicar a questão, reiniciar o processo de exposição


dialogada e apresentar uma nova questão sobre um novo tópico (se mais de
70% da turma acertar a resposta);
 reagrupar os alunos em pequenos grupos para que tentem explicar o tema uns
aos outros (se o percentual de acertos estiver entre 30% e 70%);
 por fim, optar por explicar oralmente novamente conceito (quando menos de
30% das respostas estiverem corretas).

6. Cultura Maker
Essa ideia do “faça você mesmo” (do it yourself), cada vez mais popular nas
redes sociais e em tutoriais na internet, está na essência da cultura maker.

Na educação, a prática ficou mais conhecida por meio das atividades “mão na
massa”. Estamos falando do enfrentamento de problemas e desafios por
meio da construção de soluções práticas. Mesmo que para isso seja
necessário tentar diversas vezes até acertar.
Um dos grandes entusiastas da cultura maker é ex-presidente norte-
americano Barack Obama. Para ele essa metodologia ativa é uma das chaves
para chegarmos a uma nova revolução industrial.

OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO MAKER EM


INSTITUIÇÕES DE ENSINO VÃO ALÉM, COMO POR
EXEMPLO:
 Desenvolve proatividade;
 Estimula o trabalho em equipe;
 Aperfeiçoa a comunicação;
 Promove a autonomia.

Além de botar a mão na massa, os projetos maker promovem uma interação


construtiva entre alunos e professores. Esses dois fatores favorecem o
desenvolvimento das habilidades socioemocionais. As famosas soft skills.
Entre as principais delas, podemos destacar a liderança e a criatividade.

Instituições interessadas em aplicar a cultura maker podem investir em


espaços e tecnologias para esse fim. Por exemplo, impressoras 3D,
laboratórios de robótica, equipamentos de programação, entre outras
ferramentas que estimulem a curiosidade e a criatividade dos alunos.

Entretanto, outra vantagem dessa metodologia ativa é que ela pode funcionar


sem tanta estrutura. Afinal, qualquer ambiente dentro da instituição e da
comunidade em que ela está inserida pode ser explorado.

Dependendo do curso, é possível, por exemplo, criar hortas comunitárias,


projetos de saneamento e compostagem de lixo, entre outros.

7. Storytelling
De uma maneira geral, storytelling não é nada mais do que a boa e velha
“contação de histórias”. Ou seja, estamos falando de uma das mais longevas
ferramentas pedagógicas que o ser humano criou.

Entretanto, com o passar do tempo, sua aplicação na educação ganhou bases


científicas e, hoje, se configura em uma série de técnicas de criação
narrativa.

Seu ponto forte está em despertar a curiosidade e incentivar a empatia, além


de aumentar os níveis de atividade cerebral. Com isso, o aluno tem muito mais
chances de fixar o conhecimento.

Segundo a Teoria de Ensino de Bruner, o storytelling aumenta em 20


vezes a probabilidade de memorização.
NA PRÁTICA
Do ponto de vista prático, essa metodologia aparece, inclusive, nas aulas
expositivas tradicionais. Atualmente, o desenvolvimento de tecnologias
audiovisuais e de técnicas para criar roteiros mais interessantes para os alunos
faz com que o storytelling vá além. Assim, aumentando a dinâmica da contação
de histórias.

Portanto, inserir o storytelling no contexto das metodologias ativas de


aprendizagem exige dar ao aluno um papel dentro da história. O decorrer da
narrativa irá se adequar às respostas aos desafios que aparecem no percurso.
Isto gera engajamento e prende a atenção do estudante.

8. Estudos do meio
O que os estudos do meio propõem é a transformação das saídas de campo
de um mero passeio em uma verdadeira imersão pedagógica.

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que a concretização dos estudos do


meio como uma metodologia ativa exige planejamento. Afinal, um erro
comum, nesse caso, é apenas reproduzir as aulas expositivas tradicionais
em um local externo.

Os estudos do meio podem ser aplicados mesmo nas cercanias da instituição,


como na própria rua, bairro ou em comunidades próximas.

ENTRE AS VANTAGENS DESSA METODOLOGIA ATIVA


ESTÃO:
 Diálogo entre a teoria e a prática;
 Caráter interdisciplinar das atividades;
 Desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo.

O desenvolvimento de tecnologias educacionais com o uso realidade virtual,


por exemplo, permite levar uma turma inteira em uma viagem sem tirar o pé da
sala de aula. Por fim, a depender do grau de imersividade, os alunos podem,
inclusive, interagir com o ambiente.

Disponível: https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/metodologias-ativas/Acessado:
28.07.2021

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