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resultado de um processo evolutivo e surgiram num período histórico da psicologia que reconheceu
o papel importante que as avaliações cognitivas desempenham na forma como as pessoas reagem
aos acontecimentos.
Uma primeira tradição surgiu no campo da terapia comportamental, quando se tornou claro que a
abordagem não mediacional não conseguia explicar todo o comportamento humano. Surgiram vários
trabalhos de investigação a sublinhar que não eram as consequências ou o reforço de um
comportamento que influenciavam o comportamento do individuo, mas antes a perceção do
individuo da relação entre o seu comportamento e acontecimentos críticos.
De forma geral, as TCC podem organizar-se em três grandes classes, segundo os diferentes objetivos
de mudança:
A reestruturação cognitiva;
O treino de competências de confronto;
O treino de resolução de problemas ( Dobson & Dozois, 2010);
Os trabalhos pioneiros de Aaron Beck e Albert Ellis, cuja formação inicial tinha sido de natureza
psicodinâmica, desenvolveram variantes da terapia cognitiva que enfatizam a reestruturação
cognitiva e a necessidade de analisar e potenciar a mudança de crenças mais persistentes ou
esquemas.
O modelo cognitivo presente nos seus trabalhos parte de duas ideias principais intimamente
relacionadas: a modulação cognitiva das emoções e comportamentos, conhecida como modelo ABC
pressupondo que os antecedentes situacionais são modulados por crenças que levam a
determinadas consequências emocionais e comportamentais; e a natureza construtivista do
significado, ou seja, a noção de que as pessoas dotam as situações de significado próprio,
estruturando a realidade de forma ativa.
Durante as décadas de 50 e 60 do século XX, Aaron Beck tenta explicar os processos psicológicos da
depressão, procurando comprovar empiricamente as teorias psicanalíticas de que esta perturbação
resulta de uma hostilidade reprimida, voltada contra o próprio.
Nos seus primeiros estudos sobre a depressão não encontra evidencias para validar a explicação
psicanalítica, mas percebe que os sujeitos depressivos partilham, invariavelmenete, uma carga de
pensamentos negativos que produz uma leitura irrealista e desaptada da realidade., reforçando o
seu sofrimento. Beck observa também que estes pensamentos depressivos são experimentados
pelos sujeitos como respostas automáticas, involuntárias, e, influenciado pelo conceito de
processamento automático de informação (conceito proveniente da ciência e da psicologia
cognitivas), afirma que os processos cognitivos podem ser explicados em termos de automatismo.
Segundo a teoria de terapia cognitiva (beck, 1976, 2005; beck &Haigh, 2014), os esquemas ou modos
formam-se desde a infância, a partir do modo como o individuo conhece e interpreta os eventos
fundamentais da sua experiencia. Estes esquemas constituirão redes integradas que incluem
componentes cognitivos, afetivos, motivacionais e comportamentais, desenvolvidos inicialmente
como estratégias ou crenças protetoras, em reposta a experiencias de vida traumáticas ou a
situações-limite.
De forma geral, cada individuo desenvolve uma teoria acerca de si mesmo e do mundo, baseada num
conjunto de significados construídos, que lhe permite ordenar, assimilar, prever e modificar o mundo
( beck &haigh, 2014). O individuo constrói, assim, representações da realidade objetiva, organizando-
as de forma muito pessoal nos seus esquemas. Perante um estimulo que se encontra associado a
uma detrerminada experiencia, um esquema irá influenciar a recuperação da informação
armazenada que resultará num padrão automático de ativação do sistema de seleção, codificação,
categorização e interpretação, e que ter+a manifestações emocionais, fisiológicas, comportamentais
e cognitivas.
Segundo Beck, embora fenómenos como pensamentos, sentimentos e desejos possam surgir de
forma breve na nossa consciência, as estruturas subjacentes responsáveis por estas experiencias,
embora não conscientes, são relativamente estáveis e duráveis.
Beck (2005; beck &Cllark, 1997) defende, assim, que a psicopatologia tem origem num
processamento da informação distorcido, que influencia de foram sistemática a interpretação que o
individuo faz das suas experiencias. Esta distorção terá origem na presença de crenças centrais e
intermedias disfuncionais que se manisfestam habitualmente através dos pensamento automáticos.
Uma das grandes contribuições desta perspetiva (beck, rush, shaw & emery, 1979) foi a identificação
de Distorções Cognitivas (p. ex. pensamento dicotómico, inferência arbitraria) que, de forma análoga
ás crenças irracionais de Ellis, enviesam a visão que o individuo tem do mundo e conduzem a recção
emocionais adversas, dificuldades comportamentais e respostas fisiológicas desadaptadas.
O modelo de Beck introduz a hipótese da especialidade do conteúdo, onde defende que as várias
perturbações psicológicas se diferenciam pelo conteúdo cognitivo dos seus esquemas e pelas
distorções especificas no processamento da informação, sendo possível identificar perfis cognitivos
específicos. Assim, a título de exemplo, teríamos para a ansiedade um conteúdo que inclui a
perceção de ameaça, de vulnerabilidade e receio face ao futuro; para a depressão a percepção de
perda e de fracasso pessoal no passado; e para o sentimento de raiva a agressão alheia percecionada
como intencional e deliberada (beck &clark, 1988; beck & haigh, 2014).
Para Beck, estes esquemas disfuncionais podem ser modificados em resposta a novas informações
consideradas relevantes, eficazes e convincentes (tal como as intervenções terapêuticas), e uma vez
transformados desativam os anteriores, resultando numa redução dos sintomas.
Também o treino de autocontrolo nasce do trabalho de clínicos, como Marvin Goldfried (1971), que
defendem a introdução de processos cognitivos nas conceptualizações do comportamento humano,
o que pressupunha a possibilidade de ensinar ás pessoas competências de confronto que pudessem
ser aplicadas em diferentes situações e tipos de problemas, como a dessensibilização sistemática
para eliminar a ansiedade. Na mesma linha, Rehm (1971). Neste modelo da depressão, os sintomas
são vistos como consequência de défices, num ou vários componentes, do processo de autocontrolo
que se desenrola em três fases: automonitorização, autoavaliação e autorreforço.