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CASCAS
(texto baseado na apostila preparada pelo Prof. João Antonio del Nero)
1. Definição
Cascas são estruturas de superfície delgadas, não planas, que recebem cargas distribuídas e
reagem através de esforços solicitantes predominantemente de tração e compressão. Quando
a espessura da casca é pequena, comparando-se com as outras dimensões, a rigidez a
momento fletor (que é proporcional ao momento de inércia) é muito pequena, e pode ser
considerada igual a zero. Neste casos as cascas podem ser estudadas pela teoria da
membrana, ou seja, as cargas externas (peso próprio, revestimento, carga acidental
distribuída) serão absorvidas através de esforços solicitantes normais de compressão e tração.
Para o objetivo desta disciplina, será apresentada a Teoria de Membrana, para análise de
cascas. Esta teoria é simples e permite razoável aproximação para os casos correntes.
De qualquer modo, sempre que se estudam cascas ou estruturas de superfície curva, como
introdução é apresentada a Teoria de Membrana, para pré-dimensionamento.
Membranas são estruturas de superfície não planas, de pequena espessura, que absorvem as
cargas externas por esforços solicitantes normais às seções transversais de tração ou
compressão.
De fato, sendo h a espessura da casca, sabe-se da Resistência dos Materiais que a rigidez de
flexão, por unidade de largura é proporcional ao momento de inércia:
bh 3
I=
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Para este casos a teoria é exata. A estrutura inflada ou o cabo tracionado (contido num plano)
resistem às solicitações apenas com esforços de tração.
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Exemplo: equilíbrio de forças coplanares aplicada em um fio (analogia com um sistema plano).
Aplicadas as forças, o fio toma uma forma de equilíbrio, resistindo por esforço de tração, e o
sistema torna-se estável.
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Assim, apenas resistindo a esforços normais (o fio não possui resistência a momentos),
consegue-se um sistema estrutural em equilíbrio (linha funicular).
No caso das estruturas de concreto, pode-se adotar uma estrutura em barras com eixos
segundo a poligonal antifunicular da linha de equilíbrio, conseguindo-se, assim, uma estrutura
submetida apenas a esforços de compressão.
Exemplo: cabo sujeito ao peso próprio: havendo n cabos, todos apoiados no círculo de raio r e
passando pelo ponto V, tem-se uma estrutura espacial. Quando n tender para infinito, tem-se
uma estrutura de superfície.
−x
a ax
y= (e +e a )
2
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Invertendo-se a estrutura, passando a parte côncava para o lado de baixo, seria formada uma
casca de concreto armado inteiramente submetida a esforços de compressão.
Esta teoria aplica-se ao concreto armado, desprezada a rigidez à flexão da estrutura, com boa
aproximação.
A teoria de membrana tem como outra hipótese, além daquela da pequena espessura, que os
esforços aplicados sejam de superfície, ou seja, em unidades de força por unidade de
superfície.
Quando existem cargas concentradas (pilares de lanternim, por exemplo), torna-se necessário
a adoção de elemento estrutural de transição pra transformar a carga concentrada em carga
distribuída (anel superior contínuo).
Note-se que as reações das cascas, nos apoios, devem ter a direção da tangente à superfície
no ponto. Quando isto não acontece, são geradas perturbações nas bordas das cascas, dando
origem a esforços de flexão maiores na região próxima às bordas. Estes esforços precisam ser
calculados pela teoria geral das cascas delgadas.
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Direção da
tangente à
superfície, no
apoio.
Momento de
borda Mb
(perturbação
de borda)
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A maioria das superfícies geometricamente definidas, usadas nas estruturas em cascas, são
geradas por um dos provessos básicos: rotação ou translação de uma curva. No primeiro
processo, a curva girando ao redor de um eixo, chamado eixo de rotação, gera as superfícies
de revolução.
Curva geratriz
Curva Diretriz
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Quando o eixo da superfície de revolução é vertical e a curva intercepta este eixo, a casca é
denominada cúpula.
Eixo
Paralelas
Esfera tangente
Qualquer curva pode ser usada como meridiano, gerando diferentes superfícies.
Uma casca é gerada por translação quando a curva 1 se desloca paralelamente a si mesma,
sobre outra curva plana 2, usualmente normal à primeira.
diretriz (2)
geratriz (1)
desloca-se paralelamente a si
mesma, apoiada na curva 2
Grande variedade de superfícies podem ser obtidas por translação face ao número de
combinações possíveis:
1) Superfícies cilíndricas:
2) Parabolóides elípticos:
Transladando-se uma parábola 1 com curvatura interna sobre outra parábola 2, também
com curvatura interna, obtém-se o parabolóide elíptico que tem a propriedade de quando
seccionado por planos horizontais a curva intersecção ser uma elipse.
Elipses
Parábola 2
Parábola 1
3) Parabolóide hiperbólico:
Deslocando-se uma parábola 1 com curvatura para dentro sobre uma parábola 2 com
curvatura para fora, a superfície de casca gerada é um parabolóide hiperbólico.
Parábola 2
Parábola 1
Hipérbole
Hipérbole
Estas superfícies são geradas por reta geratriz que se apoia em curva plana (diretriz) e em uma
reta paralela ao plano da diretriz. A reta geratriz permanece paralela ao plano x,z.
No caso particular da curva diretriz 1 ser uma reta, a superfície gerada será um parabolóide
hiperbólico.
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A resistência das cascas deve-se à sua forma geométrica que gera esforços solicitantes
normais equilibrando as cargas externas.
A intersecção do plano α com a casca define uma curva de equação z = f(x). Por definição, raio
de curvatura Rx no ponto O é o raio de uma circunferência cujo arco substitui a curva de
equação z = f(x) nas proximidades do ponto (analiticamente, de maneira rigorosa, as duas
curvas se confundem no comprimento infinitesimal dx). Do mesmo modo a intersecção do
plano β com a casca define uma curva de equação z = f(y). Ry é o raio do arco de círculo que
se confunde com a curva de equação z = f(x) no entorno do ponto.
α
π
dy
dx
dx
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Visto por cima, em projeção no plano π tangente em O, o elemento de área tem o aspecto
abaixo:
dx
dy
dy
onde Tx e Ty são forças normais à seção da casca medidas por unidade de comprimento que
equilibram as forças externas:
Tx = Nx / dy e Ty = Ny / dx
Nx e Ny são os esforços normais nas direções x e y que equilibram a carga externa Pn = qn·a·b.
Uma vez calculado Tx e Ty, determinam-se as tensões em duas direções ortogonais x e y pela
expressão:
σx = Tx / h e σy = Ty / h, h = espessura da casca.
Do mesmo modo, Sx e Sy são forças tangenciais que equilibram a força externa Pt = qt·a·b.
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Assim:
Sx = Qx / dy e Sy = Qy / dx
Sabe-se do estudo de estado duplo de tensões que existem duas direções ortogonais x1 e y1
que no caso das cascas coincidem com as curvaturas máxima e mínima em torno do ponto O,
tais que definem os eixos principais (como foi visto em estado duplo de tensões em torno de
um ponto). Nas direções principais as tensões normais são máximas e as tensões tangenciais
são nulas.
Tx = T1
Ty = T2
S=0
dy dx
dy dx
ΣV = 0
qx · dx · dy = T1 · dy · sen α/2 + T1 · dy · sen α/2 (I)
qx parcela de qn na direção de x1
qx · dx · dy = 2 T1 · dy · α/2 = T1 · dy · α
Portanto:
qx = T1 / R1 (II)
qy = T2 / R2 (III)
a) Superfícies cilíndricas
qn = T1 / R1 + T2 / R2 = T1 / R1 pois R2 ⇒∞ e T2 / R2 ⇒ 0.
R1
R1
p=T/r
T1 = T2 = T
qn = T ( 1 / R1 + 1 / R2)
onde R1 e R2 são os raios de curvatura nas direções principais no ponto em que atua
qn.
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p = T1 / R1 + T2 / R2
onde:
p = qn (em [F]·[L]-2): esforço atuante normal à superfície por unidade de área.
A carga atuante é resistida como se houvesse, em duas direções ortogonais, dois arcos
passando pelo ponto em cascas de dupla curvatura.
R1 finito
R2 ⇒ ∞
N1 >> N2
A capacidade de resistir cargas de cascas de dupla curvatura é maior que as de simples, sendo
deste modo mais utilizadas para coberturas de grandes espaços.