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1Produção de berinjela a partir de mudas produzidas em diferentes ambientes

2protegidos e substratos
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4RESUMO
5Buscando ampliar a oferta de hortaliças de qualidade no Estado de Mato Grosso do Sul realizou-se
6experimento na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Aquidauana, MS, com a
7produção de berinjela, cv Comprida Roxa, sob condições de campo, de outubro de 2008 a março de
82009. As mudas foram produzidas em três ambientes de cultivo: A1- estufa agrícola coberta com
9filme polietileno difusor de luz de 150 micra; A2- viveiro agrícola com tela de sombreamento,
10malha para 50% de sombreamento e A3- viveiro agrícola com tela termorrefletora aluminizada,
11malha para 50% de sombreamento. Utilizou-se bandejas de poliestireno expandido de 72 células
12preenchidas com os substratos: S1- 86% de substrato comercial HT + 14% de composto orgânico;
13S2- 86% de solo + 14% de composto orgânico e S3- 86% de fibra de coco + 14% de composto
14orgânico. Para avaliação dos nove tratamentos a campo (interação entre três ambientes e três
15substratos), utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com 10 repetições. A combinação
16de “ambientes e substrato comercial HT + composto orgânico” proporciona as maiores
17produtividades a campo.
18PALAVRAS-CHAVE: Solanum melongena, ambiente protegido, substratos.
19ABSTRACT
20Production of eggplant fruit from seedlings produced in greenhouses and substrates
21Seeking to expand the supply of quality vegetables in the State of Mato Grosso do Sul it was
22realized an experiment at State University of Mato Grosso do Sul, Aquidauana Unit, with eggplant
23fruits production, from October 2008 to March 2009. The seedlings were produced in three
24protected environments: A1- greenhouse covered with light diffuser polyethylene film of 150 micra;
25A2- nursery with monofilament screen (Sombrite®), mesh to 50% of shading, and A3- nursery with
26reflector thermal aluminum screen (Aluminet®), mesh to 50% of shading. The seedling were grown
27in polystyrene trays with 72 cells filled with substrates: S1- 86% of commercial substrate HT +
2814% of organic compound (C.O); S2- 86% of soil + 14% of organic compound and S3- 86% of
29coconut fiber + 14% of organic compound, and then were transplanted for field to averaged your
30productivity. For nine treatments by 3 environment and 3 substrates interactions it was used a
31completely randomized, with 10 replications. The combination of Aluminet and Substrato
32comercial HT + organic compound promotes higher productivity in the field.
33Keywords: Solanum melongena, greenhouse, substrates.
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1Anais 50o Congresso Brasileiro de Olericultura (CD ROM), julho 2010


35A produção anual de hortaliças no Brasil é superior a 16 milhões de toneladas, em uma área
36superior a 700 mil hectares. Para obtenção em larga escala da produção de hortaliças é preciso
37utilizar-se de técnicas modernas e eficientes, para que possam ser aplicadas em diferentes etapas da
38produção dessas espécies (GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO 2004).
39A berinjela (Solanum melongena L.) é uma solanácea de origem oriental, cultivada há séculos na
40China e Índia. Esta solanácea é adaptada as nossas condições climáticas e obteve um grande
41crescimento de cultivo e consumo no Brasil a partir do final dos anos 90. O fruto da berinjela
42confere boas quantidades de vitaminas e minerais, além de propriedades medicinais, capazes de
43reduzir os níveis de colesterol (FILGUEIRA 2000). Para se obter grandes produtividades e controle
44da produção, o uso de ambientes protegidos é uma moderna e eficiente solução. Com esse sistema
45de produção de hortaliças é possível obter além da maior produtividade, também o menor uso de
46sementes (FILGUEIRA 2003).
47Segundo Andriolo et al. (2000) a produção de hortaliças a partir de substratos possui muitas
48vantagens em relação ao plantio diretamente no solo, pois é possível obter o controle mais adequado
49do uso de água, através da irrigação ou fertirrigação, controle nutricional da planta, menores riscos
50com salinização e problemas fitossanitários, ou seja, é possível oferecer melhores condições para o
51desenvolvimento e produtividade da planta. (seria bom incluir algo que ligasse ao objetivo)
52Este trabalho teve como objetivo a avaliação da produtividade de frutos de berinjela a partir da
53produção de mudas em diferentes tipos de ambientes protegidos e substratos.
54MATERIAL E MÉTODOS
55O experimento com a berinjela (Solanum melongena L.), cv Comprida Roxa (Agristar®), foi
56conduzido na UEMS/Aquidauana/MS, de outubro de 2008 a março de 2009. As mudas foram
57formadas em bandejas de poliestireno expandido de 72 células, em três ambientes protegidos: 1-
58(Estufa agrícola) estufa agrícola em arcos, possuindo 6,40 m de largura por 18,00 m de
59comprimento, com altura sob a calha de 4,00 m, coberta com filme polietileno de 150 micra; 2-
60(Viveiro agrícola com tela de sombreamento) viveiro agrícola, de estrutura de aço galvanizado com
61dimensões de 6,40 m de largura por 18,00 m de comprimento com 3,50 m de altura, fechamento em
6245º, com tela de monofilamento e malha para 50% de sombra 3- (Viveiro agrícola com tela
63termorefletora aluminizada) viveiro agrícola, de estrutura de aço galvanizado com dimensões de
646,40 m de largura por 18,00 m de comprimento com 3,50 m de altura, fechamento em 45º, com tela
65termorefletora aluminizada e malha para 50% de sombra. As bandejas foram preenchidas com três
66substratos: 1- (HT+C.O.) 86% de substrato comercial HT + 14% de composto orgânico; 2-
67(Solo+C.O.) 86% de solo + 14% de composto orgânico e 3- (Fibra-de-coco+C.O.) 86% de fibra de
68coco + 14% de composto orgânico. As características do composto orgânico foram: pH = 6,51;
69Carbono orgânico = 26,2%; Umidade = 4,56%; Nitrogênio = 1,83%; Fósforo = 0,96%; Potássio =

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700,35%; Cálcio = 6,24%; Magnésio = 0,88%; Sódio = 0,23% (Fonte: Laboratório da Embrapa
71Agropecuária Oeste, Dourados-MS). A semeadura ocorreu em 25 de outubro de 2008 e o
72transplante, a campo, no dia 05 de dezembro. Utilizou-se espaçamento de 1,2m entre linhas e de
730,8m entre plantas. Os nove tratamentos oriundos da formação das mudas (3 ambientes x 3
74substratos) foram avaliados a campo num delineamento inteiramente casualizado, com 10
75repetições, onde a planta foi a unidade experimental (cada planta uma repetição). Foi mensurada a
76altura da planta (APC) aos 90 dias após transplante (DAT). Foram realizadas três colheitas dos
77frutos até aos 104 DAT. No total de frutos colhidos foi mensurado o comprimento (CF), o diâmetro
78(DF), o número de frutos por planta (NFP), o peso (PF) e a produção por planta (PP). Realizou-se
79análise química do solo para o local de produção (Tabela 1) e a irrigação utilizada foi por aspersão.
80Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias ao teste de Tukey, ao
81nível de 5% de probabilidade, utilizando o software Estat (1994).
82RESULTADOS E DISCUSSÃO
83No presente trabalho, com relação à altura da planta, os resultados foram similares, praticamente,
84em todos os tratamentos, onde apenas o tratamento ET./Solo+C.O. (40,70 cm) apresentou plantas
85menores que o tratamento TA./HT+C.O. (45,90 cm) (Tabela 2). Com relação aos frutos, estes
86apresentaram dimensões de classe 11 (menor que 14 cm) e subclasses 4 e 5 (diâmetro menor que 5 e
87entre 5 e 6 cm, respectivamente) (Tabela 2) de acordo com a classificação comercial da berinjela do
88Programa Horti & Fruti Padrão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
89Paulo. Apesar de ter encontrado fatores adversos no campo (altas temperaturas e necessidade de
90irrigação), os tratamentos TA./HT+C.O. (14,1 cm), TA./Solo+C.O. (13,5 cm), TS./HT+C.O. (13,1
91cm) e ET./Fibra-coco+C.O. (13,1), apresentaram frutos com maior comprimento. Já os tratamentos
92TA./HT+C.O. (5,7 cm), TA./Solo+C.O. (5,2 cm) e TS./HT+C.O. (5,2 cm), obtiveram os maiores
93diâmetros de frutos (Tabela 2). Em outros trabalhos com a berinjela comprida roxa obtiveram-se
94resultados superiores para as dimensões do fruto (ANTONINI et al., 2002), cabendo ressaltar que
95houve a utilização de adubação de cobertura e irrigação para que se atingisse este padrão de fruto.
96Mesmo sem utilizar adubação de cobertura, os valores de comprimento e diâmetro de fruto obtidos
97neste trabalho (Tabela 2) encontram-se dentro da faixa dos limites de mínimo e máximo de frutos
98comerciais de berinjela (RIBEIRO et al., 1998). O número de frutos por planta (NFP) foi
99praticamente similar nos noves tratamentos (Tabela 2), onde apenas o tratamento TS./Solo+C.O.
100(7,5) apresentou médias estatísticas menores que os tratamentos TS./HT+C.O (9,0), TA./HT+C.O
101(8,7) e TA./Solo+C.O. (8,6). Amaral Junior et al. (1997) mencionam que plantas mais altas
102produzem maior número de frutos, mesma característica observada neste experimento. Quanto ao
103peso de frutos (PF) e produtividade (PP), os tratamentos TA./HT+C.O., ET./HT+C.O e
104TS./HT+C.O., obtiveram as maiores médias, tanto para PF quanto para PP, (Tabela 2). Com isso

3Anais 50o Congresso Brasileiro de Olericultura (CD ROM), julho 2010


105observa-se que os melhores resultados foram obtidos com substrato Comercial HT, independente do
106ambiente em que as mudas foram produzidas. Observa-se também o nítido efeito do substrato
107utilizado na formação da muda sobre a produção no campo de cultivo, onde o melhor substrato
108resultou em maior produtividade. Este resultado reflete a relação direta entre boa origem fisiológica
109da muda e desempenho no campo, destacando que o sucesso da produção de berinjelas começa pela
110produção de mudas vigorosas e sadias (Souza et al. 2009). As mudas provenientes dos diversos
111tratamentos, combinando ambientes e substratos, mesmo apresentando vigor diferente,
112apresentaram produção a campo satisfatória. Considerando a ausência de adubação de cobertura, os
113níveis produtivos alcançados neste trabalho, de certa forma, confirmam a afirmativa de Hegde
114(1997) que, entre as solanáceas, a berinjela é a mais eficaz na utilização de nutrientes disponíveis no
115solo, e se houver mudas de alta qualidade e sanidade, a adaptação devido ao estresse pós-transplante
116e o rendimento produtivo em campo será maior quando comparadas com mudas mal desenvolvidas.
117Em síntese, a combinação de “ambientes e Substrato comercial HT+composto orgânico”
118proporciona as maiores produtividades a campo.
119REFERÊNCIAS
120AMARAL JÚNIOR AT; CASALI VWD; CRUZ CD; FINGER FL. 1997. Correlações simples e
121canônicas entre caracteres morfológicos, agronômicos e de qualidade em frutos de tomateiro.
122Horticultura Brasileira 15, n.1:49-52.
123ANDRIOLO JL. 2000. Fisiologia da produção de hortaliças em ambiente protegido. Horticultura
124Brasileira 18, suplemento:26-33.
125ANTONINI ACC; ROBLES WGR; KLUGE RA. Capacidade produtiva de cultivares de berinjela.
126Horticultura Brasileira, Brasília-DF, v. 20, p. 646-648, 2002.
127ESTAT. Sistema para análises estatísticas (v. 2.0). 1994. Jaboticabal-SP: Departamento de ciências
128exatas, FCAV-UNESP.
129FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e
130comercialização de hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 402 p.
131FILGUEIRA FA R. 2003. Solanáceas: agrotecnologia moderna na produção de tomate, batata,
132pimentão, pimenta, berinjela e jiló. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 333 p.
133GRANGEIRO LC; CECÍLIO FILHO AB. 2004. Exportação de nutrientes pelos frutos de melancia
134em função de épocas de cultivo, fontes e doses de potássio. Horticultura Brasileira 22, n.4:740-743
135HEGDE DM. 1997. Nutrient requirements of solanaceous vegetable crops. Food & Fertilizer
136Technology Center 441, v.1:9-10. Disponível em:<http://www.agnet.org>. Acesso em: 10 de abril
137de 2010.
138RIBEIRO CSC; BRUNE S; REIFCHNEIDER FJB. 1998. Cultivo da berinjela. Brasília: Embrapa
139Hortaliças, 23 p. (Instrução Técnica, 15).

4Anais 50o Congresso Brasileiro de Olericultura (CD ROM), julho 2010


140Tabela 1. Análise química do solo dos canteiros de cultivo.
* pH M.O. K Ca Mg H + Al SB CTC V
_______________________
CaCl2 % cmolc dm-3________________________ %

6,1 3,3 0,5 5,4 2,3 3,3 8,2 11,5 71,3


141* Laboratório de Análises do Solo da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de MS (IAGRO).
142
143
144Tabela 2. Altura de plantas (AP) aos 90 DAT. Comprimento do fruto (CF), diâmetro do fruto (DF),
145número de frutos por planta (NFP), peso dos frutos (PF) e produtividade por planta (PP) dos frutos
146colhidos de 90 a 104 DAT. Aquidauana - MS, 2008.
Tratamentos APC CF DF NFP PF PP
(cm) (cm) (cm) (g/fruto) (g/planta)
ET./HT+C.O. 43,7 ab* 12,5 b 4,8 bc 8,2 ab* 168,8 ab 1385,4 abc
ET./Solo+C.O. 40,7 b 12,3 b 4,8 bc 8,3 ab 136,4 cd 1135,6 cd
ET./Fibra-coco+C.O. 41,2 ab 13,1 ab 5,1 bc 8,3 ab 147,3 bcd 1217,7 bcd
TS./HT+C.O. 44,8 ab 13,1 ab 5,2 ab 9,0 a 161,1 abc 1449,9 ab
TS./Solo+C.O. 42,9 ab 12,4 b 4,7 c 7,5 b 133,1 d 1006,2 d
TS./Fibra-coco+C.O. 42,1 ab 12,6 b 5,0 bc 8,3 ab 151,5 bcd 1255,6 bcd
TA./HT+C.O. 45,9 a 14,1a 5,7 a 8,7 a 187,4 a 1631,6 a
TA./Solo+C.O. 44,8 ab 13,5 ab 5,2 ab 8,6 a 142,6 bcd 1224,9 bcd
TA./Fibra-coco+C.O. 43,3 ab 12,7 b 4,8 bc 8,5 ab 139,9 cd 1187,4 bcd
CV (%) 8,3 6,5 7,5 8,5 12,7 15,9
147*Letras iguais nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade;
148* ET = estufa agrícola; TS = viveiro com tela de sombreamento; TA= viveiro com tela termorefletora aluminizada; C.O.
149= composto orgânico; HT = substrato comercial.

5Anais 50o Congresso Brasileiro de Olericultura (CD ROM), julho 2010

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