Você está na página 1de 12

Orientações para Definição da Estratégia Global de Auditoria

Sumário

INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................3
OBJETIVO DO DOCUMENTO..............................................................................................................................................3
CONCEITO DE ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA........................................................................................................3
ESTRUTURA DA ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA......................................................................................................4
Antecedentes da fiscalização........................................................................................................................................5
Características do trabalho..........................................................................................................................................6
Fatores significativos por área/tema...........................................................................................................................7
Abordagem da fiscalização..........................................................................................................................................7
Datas-chave e comunicações com partes interessadas...............................................................................................8
Natureza, época e extensão dos recursos....................................................................................................................8
Riscos do trabalho........................................................................................................................................................9
Alterações na estratégia global de auditoria...............................................................................................................9
RECOMENDAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA.......................................................10
Processo de elaboração..............................................................................................................................................10
Conteúdo da estratégia..............................................................................................................................................10
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................ 12
APÊNDICE – EXEMPLO DE ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA....................................................................................13
Introdução

1. A ISSAI 100 declara que os auditores devem planejar seu trabalho para assegurar que a
auditoria seja conduzida de uma maneira eficiente e eficaz visando reduzir os riscos de auditoria a
um nível aceitavelmente baixo.
2. O planejamento de uma auditoria envolve aspectos estratégicos e operacionais. Do ponto de
vista estratégico, o planejamento deve definir o alcance, a época e a direção da auditoria. Tais
parâmetros irão nortear o planejamento no nível operacional, consubstanciado no plano de auditoria.
3. Muitas vezes, a equipe que recebe a incumbência de realizar uma auditoria defronta-se com
definições preliminares acerca do trabalho que podem não ser suficientes para especificar o que se
busca alcançar, em que pese o fato de o objeto da auditoria ter sido escolhido com base em critérios
de materialidade, risco e relevância e ter sido elaborada previamente uma proposta de fiscalização
que descreve contornos do trabalho.
4. Diante dessa lacuna, considerou-se pertinente instituir no Tribunal o uso da estratégia global
de auditoria, instrumento previsto nas ISSAI, como forma de aprofundar a discussão de cada
fiscalização proposta e melhor especificar seu alcance, época e direção. Pretende-se, com essa
medida, contar com um referencial mais consistente para orientar o desenvolvimento do plano de
auditoria.
5. A definição da estratégia global contribuirá principalmente com a eficácia da auditoria, pois
seu papel é determinar o caminho e os meios mais adequados para alcançar os objetivos da
fiscalização. O plano de auditoria, por sua vez, busca conferir eficiência ao processo e à condução da
auditoria, a fim de se poder concluir, com segurança necessária, sobre os objetivos.

Objetivo do documento
6. O objetivo deste documento é orientar os auditores para a definição e utilização da estratégia
global de auditoria no contexto de trabalhos de fiscalização do Tribunal. Para tanto, apresenta-se uma
estrutura informacional que caracteriza a estratégia global de auditoria, bem como listam-se
recomendações para sua elaboração.

Conceito de estratégia global de auditoria


7. Estratégia global de auditoria é o instrumento que define o alcance, a época e a direção da
auditoria, parâmetros essenciais para orientar o desenvolvimento do plano de auditoria.
8. A definição da estratégia global deve conter as decisões-chaves da auditoria e a indicação dos
temas e fatores mais importantes que, no julgamento profissional dos auditores envolvidos, são
significativos para direcionar os esforços da equipe de auditoria, especialmente durante o
planejamento do trabalho. Entre os auditores envolvidos com a definição da estratégia global podem
estar o dirigente da unidade, o supervisor do trabalho e os membros da equipe.
9. Tanto a estratégia global de auditoria quanto o plano de auditoria devem integrar a
documentação da auditoria (ISSAI 100/42). Ao desenvolver e documentar a estratégia de auditoria,
os auditores precisam (ISSAI 200/81):
a) identificar as características do trabalho para definir o seu alcance (escopo);
b) definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a
natureza das comunicações requeridas;
c) considerar os fatores que, no julgamento profissional do auditor, são significativos para
direcionar os esforços da equipe de trabalho;
d) considerar os resultados das atividades preliminares e, quando aplicável, se o
conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo auditor é relevante para o
trabalho na entidade auditada;
e) determinar a natureza, época e extensão de recursos necessários para realizar o trabalho;
f) considerar os resultados e conhecimentos obtidos das auditorias operacionais e outras
atividades de auditoria relevantes para a entidade auditada, incluindo as implicações de
recomendações anteriores;
g) considerar e avaliar as expectativas do poder legislativo e de outros usuários relevantes do
relatório de auditoria.
10. A estratégia global e o plano de auditoria são intimamente relacionados. Embora a estratégia
global deva ser concluída antes da elaboração do plano de auditoria, ela pode sofrer alterações ao
longo da elaboração do plano de auditoria, principalmente em razão dos procedimentos de avaliação
de riscos, de imprevistos, de mudanças nas condições ou da obtenção de informação que difere
significativamente da informação disponível quando a estratégia global foi definida inicialmente.
Alterações posteriores na estratégia também podem resultar em modificações no plano de auditoria.

Figura 1 – Processo de auditoria com a introdução da estratégia global de auditoria.

11. Para compreender a importância da estratégia global, pode-se dizer que ela norteia e delimita
a elaboração do plano de auditoria, assim como o plano de auditoria norteia e delimita a execução do
trabalho.

Estrutura da estratégia global de auditoria


12. Para que a estratégia global possa cumprir a finalidade de definir adequadamente o alcance, a
época e a direção da auditoria, propõe-se que seja composta pelas informações mostradas no quadro
1.
Quadro 1 – Informações requeridas para a definição da estratégia global de auditoria.

0. ANTECEDENTES
a. Situação-problema e objetos de controle envolvidos
b. Conhecimento relevante obtido em trabalhos anteriores
1. CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO
a. Título
b. Tipo de fiscalização
c. Objetivos da fiscalização
d. Objetos da fiscalização
e. Identificação das partes responsáveis
f. Identificação dos usuários previstos e relatórios
g. Critérios
h. Cobertura da fiscalização
i. Período abrangido
ii. Áreas, funções, atividades
iii. Locais
i. Não escopo
2. FATORES SIGNIFICATIVOS POR ÁREA/TEMA
a. Determinação da materialidade
b. Fatores significativos por cada área/tema considerando a materialidade
quantitativa e/ou qualitativa
3. ABORDAGEM DA FISCALIZAÇÃO
a. Definição da abordagem
b. Natureza dos procedimentos de coleta e análise de dados e considerações quanto à
sua escolha e às suas implicações
4. DATAS-CHAVE E COMUNICAÇÕES COM PARTES INTERESSADAS
a. Data da emissão de portaria de fiscalização
b. Datas do relatório preliminar
i. Envio do relatório preliminar para revisão
ii. Envio do relatório para comentários dos gestores
c. Datas do relatório final
i. Conclusão do relatório final
ii. Despacho do relatório final pela unidade técnica
d. Datas das reuniões com responsáveis pela governança e gestão
e. Datas de outros eventos da auditoria, por exemplo, painéis de referência
5. NATUREZA, ÉPOCA E EXTENSÃO DOS RECURSOS
a. Auditores necessários (com especificação de competências e cronograma de
alocação)
b. Previsão da utilização do trabalho de especialistas
c. Previsão da utilização do trabalho de outras unidades
d. Previsão da utilização do trabalho da auditoria interna
e. Custos estimados
6. RISCOS DO TRABALHO
a. Riscos
b. Medidas de mitigação
7. ALTERAÇÕES NA ESTRATÉGIA GLOBAL DE AUDITORIA

Antecedentes da fiscalização
13. O primeiro elemento da estratégia global de auditoria são os antecedentes que motivaram o
trabalho. Deve ser apresentada uma síntese da situação-problema priorizada durante a seleção de
objetos e ações de controle que deu origem à fiscalização em questão. As informações devem ser
suficientes para contextualizar o leitor acerca do problema para cuja resolução se pretende que a
fiscalização contribua.
14. Também devem ser trazidos conhecimentos relevantes obtidos em trabalhos realizados pelo
TCU que podem afetar o planejamento da fiscalização, tais como achados e resultados do
monitoramento de determinações e recomendações do Tribunal relativos aos objetos envolvidos na
situação-problema.

Características do trabalho
15. Nesta seção, constam as principais informações que caracterizam o alcance, a época e a
direção fiscalização.
16. O título do trabalho deve ser composto pelo concatenação entre o tipo de fiscalização e
indicação de seus objetivos e/ou objetos, de modo a comunicar sinteticamente do que se trata. Por
exemplo:
a) Auditoria de conformidade na concessão dos incentivos fiscais de redução do imposto
sobre a renda administrados pela Sudene e pela Sudam;
b) Auditoria operacional para avaliar a sustentabilidade e a eficácia do Fundo de
Financiamento Estudantil (FIES);
c) Levantamento sobre a segurança de barragens de geração de energia elétrica.
17. Como tipo de fiscalização, utilizar-se da seguinte classificação:
a) auditoria de conformidade;
b) auditoria financeira;
c) auditoria operacional;
d) auditoria financeira integrada com aspectos de conformidade;
e) auditoria operacional integrada com aspectos de conformidade;
f) acompanhamento;
g) levantamento; e
h) monitoramento.
18. Os objetos de controle são elementos da administração pública federal que podem ser
individualizados e controlados. Podem se referir à governança e gestão de órgãos, entidades e
programas de governo; à prestação de serviço público; a atividades de natureza transversal, tais como
obras públicas, tecnologia da informação e gestão de pessoas; ou a qualquer outro elemento que
envolva a aplicação de recursos federais.
19. Usuários previstos são aqueles previamente definidos como aqueles que devem receber e
fazer uso do relatório de fiscalização em razão de suas responsabilidades. São exemplos de usuários
previstos: o ministro-relator do TCU, que utilizará o relatório produzido pela unidade técnica para
formar sua convicção acerca dos exames e conclusões da fiscalização; gestores da unidade
jurisdicionada responsáveis pelo objeto, que deverão tomar conhecimento do relatório tanto para
oferecer seus comentários quanto para, depois da respectiva deliberação pelo Tribunal, orientar suas
ações a fim de cumprir as determinações e recomendações; o Congresso Nacional ou suas comissões,
que podem basear-se no relatório para subsidiar ações legislativas ou solicitar novos trabalhos ao
TCU; entidades da sociedade civil organizada, que podem utilizar resultados de trabalhos do
Tribunal para direcionar ações de melhoria de gestão ou de controle social. Definir previamente
quem são os usuários previstos e reconhecer suas necessidades permite à equipe melhor orientar o
planejamento da fiscalização.
20. Outro item que deve ser definido e que compõe o escopo do trabalho são os critérios que
balizarão os exames. Deve-se listar os critérios de modo a permitir sua compreensão sem ter de
recorrer a outros documentos, o que significa evitar listar normas e padrões sem descrever do que
tratam.
21. A cobertura de fiscalização, que contribui para a delimitação de escopo, envolve definir qual
o período abrangido pela fiscalização, isto é, qual o intervalo de tempo em que estão contidos os atos
de gestão que serão examinados, bem como especificar áreas, funções e atividades a examinar e os
locais onde se desenvolvem.
22. Por fim, sempre que houver risco de equívoco na interpretação da fronteira do escopo da
fiscalização, deve-se enunciar quais áreas, funções, atividades, períodos, locais e critérios não farão
parte do trabalho – o chamado “não escopo”.

Fatores significativos por área/tema


23. A materialidade é relevante em todas as auditorias. Uma questão pode ser julgada
materialmente relevante se o seu conhecimento é suscetível de influenciar as decisões dos usuários
previstos. Determinar a materialidade é uma questão de julgamento profissional e depende da
interpretação do auditor acerca das necessidades dos usuários (ISSAI 100/41).
24. Materialidade possui aspectos quantitativos e qualitativos. Determinar a materialidade do
ponto de vista quantitativo significa definir o valor monetário que auxilia o auditor a exercer
julgamento profissional sobre distorções na condição do objeto em relação à informação registrada
sobre essa condição. Usual em auditorias financeiras, há orientação disponível para sua determinação
no manual de auditoria financeira do Tribunal (BRASIL, 2016).
25. Aspectos ligados a preocupações das partes interessadas, interesse público, exigências
regulatórias e consequências para a sociedade podem tornar uma característica ou parte do objeto
materialmente relevante do ponto de vista qualitativo.
26. As considerações sobre materialidade afetam as decisões relativas a escopo do trabalho, pois
implicam a inclusão de temas considerados materialmente relevantes, bem como a natureza, época e
extensão dos procedimentos de auditoria e a avaliação dos resultados da trabalho.
27. Ao selecionar fatores significativos que podem influenciar decisões acerca de alcance, época
e direção da fiscalização, devem ser considerados (adaptado da NBC TA 300 (R1)):
a) a identificação preliminar de áreas em que pode haver riscos inerentes e de controle mais
elevados;
b) resultados de auditorias anteriores envolvendo a avaliação da efetividade dos controles
internos, inclusive a natureza das fragilidades identificadas e as medidas tomadas em
resposta a essas deficiências;
c) o desenvolvimento de negócios significativos que afetem a entidade, inclusive mudanças
na tecnologia da informação e nos processos organizacionais, e a troca de gestores-chave;
d) desenvolvimentos setoriais significativos, tais como mudanças na regulamentação setorial
e exigência de novos requisitos;
e) mudanças no ambiente jurídico.

Abordagem da fiscalização
28. A abordagem de auditoria determina a natureza do exame a ser realizado e constitui uma
ligação importante entre os objetivos, os critérios e o trabalho a ser feito para coletar evidências
29. Se se tratar de auditoria operacional, a abordagem pode ser orientada a resultado, problema
ou sistema, ou uma combinação dessas (ISSAI, 3000/40). Uma abordagem orientada a sistemas
examina o bom funcionamento dos sistemas de gestão. Uma orientada a resultado avalia se os
objetivos em termos de impactos ou produtos foram atingidos como planejado ou se os programas e
serviços estão funcionando como o pretendido. Já uma abordagem orientada a problema examina,
verifica e analisa as causas de problemas específicos ou de desvios dos critérios de auditoria (ISSAI
3000/42 a 44).
30. Outra forma possível de abordar um problema de auditoria é por meio do arcabouço da
auditoria baseada em riscos, em que, por meio da avaliação de riscos de auditoria gerais e
específicos, a equipe define “a abordagem de testes mais eficaz e eficiente para a auditoria, que pode
ser uma abordagem puramente substantiva ou uma abordagem combinada de procedimentos
substantivos e testes de controle” (TCU, 2018, p.14). Em síntese, se for possível confiar no sistema
de controle interno da entidade auditada, é possível reduzir a extensão dos testes substantivos
testando-se previamente os controles internos; caso contrário, testes de controle não são requeridos, e
pode-se partir para os procedimentos substantivos. O material didático do curso Auditoria Baseada
em Riscos orienta sobre a decisão da abordagem de testes (ibid).
31. Quando se trata de levantamento, deve-se discriminar entre as abordagens denominadas
levantamento de escopo amplo ou restrito. Trata-se de escopo amplo quando o levantamento busca
obter conhecimento sistêmico sobre setores da atividade governamental e compreender a articulação
de programas de governo para alcance dos objetivos de dada política pública, o papel das
organizações públicas e privadas envolvidas e os principais desafios e dificuldades existentes. O
levantamento será de escopo restrito quando seu foco for coletar e analisar dados de objetos de
controle pontuais, como no caso de buscar compreender o processo de trabalho que entrega o
produto mais importante de uma política pública (BRASIL, 2020).
32. A definição da abordagem da fiscalização deve vir acompanhada da especificação de
estratégias de coleta e análise de dados quando isso for um aspecto fundamental para a consecução
dos objetivos do trabalho a ponto de ter de ser feito no âmbito da estratégia global de auditoria. Um
exemplo seria uma estratégia de coleta de dados que depende da alocação de recursos de outra
organização com a qual se necessite estabelecer previamente uma parceria para essa finalidade.
33. A escolha das estratégias de coleta e análise de dados deve ser elucidada por meio de
considerações quanto à sua escolha e às suas implicações.

Datas-chave e comunicações com partes interessadas


34. O estabelecimento das datas-chave da fiscalização, assim como as comunicações que serão
dirigidas às partes interessadas, devem ser previstas para balizar o desenvolvimento do cronograma
da auditoria.
35. As peças essenciais para a comunicação dos resultados da fiscalização são os relatórios.
Quanto ao relatório preliminar, deve-se fixar a data em que a equipe enviará o documento para
revisão do supervisor e a data de seu envio para comentários dos gestores.
36. Quanto ao relatório final, a atenção da equipe, do supervisor e do dirigente deve recair sobre a
data de conclusão prevista para o documento, bem como a data do despacho do relatório pela
unidade técnica.
37. Além das datas referentes a relatórios, devem ser estabelecidas as datas da portaria de
fiscalização, de reuniões com responsáveis pela governança e gestão e de eventos importantes da
auditoria, como painéis de referência.
38. A observância das datas-chave no desenrolar da fiscalização contribui para a confiança das
partes interessadas e é um indicador da eficiência do planejamento.

Natureza, época e extensão dos recursos


39. A natureza, a época e a extensão de recursos necessários para realizar o trabalho são
parâmetros que auxiliarão no planejamento do uso eficiente desses recursos considerando a
necessidade de atingir os objetivos de auditoria.
40. O recursos fundamental em qualquer fiscalização é o capital humano, formado por auditores
com competências suficientes para o trabalho, em especial para lidar com áreas de alto risco do
objeto e para exercer a supervisão, assim como por especialistas que eventualmente sejam
necessários para apoiar a equipe de auditoria em temas complexos.
41. A especificação dos recursos humanos deve ser feita indicando-se quantos auditores e
especialistas serão requeridos juntamente com os perfis de competência necessários e o período em
que cada um deverá ser alocado ao trabalho.
42. Pode ser necessário utilizar o trabalho de outras unidades que prestam serviços especializados
como análise de dados e serviços de inteligência, bem como contar com a cooperação da unidade de
auditoria interna da entidade fiscalizada. Tais informações devem ser indicadas na estratégia global.
43. Devem ser estimados todos os custos com a fiscalização, tais como remuneração dos
auditores, pagamento de diárias, aquisição de passagens e remuneração por serviços profissionais
(treinamento, consultoria ou pesquisa), se for o caso.

Riscos do trabalho
44. A equipe deve gerenciar o risco de auditoria, isto é, o risco de que o relatório de auditoria
possa ser inadequado nas circunstâncias da auditoria (ISSAI 100/40). Para manter o risco de
auditoria em nível aceitável e, assim, obter um nível de asseguração significativo para os propósitos
do trabalho, a equipe deve gerenciar o risco de detecção, o único sob seu controle.
45. O risco de detecção, no caso de uma auditoria de conformidade, concretiza-se quando uma
não conformidade significativa no objeto deixa de ser detectada; no caso de uma auditoria
operacional, quando uma deficiência de desempenho relevante ou suas causas não são captadas pelos
procedimentos; no caso de uma auditoria financeira, quando os procedimentos de auditoria
realizados pela equipe não detectam distorções relevantes entre a informação constante nas
demonstrações financeiras e a condição das transações subjacentes.
46. Os riscos que afetam a auditoria podem ser classificados em riscos gerais, comuns a todos os
trabalhos, e riscos específicos, próprios de cada fiscalização.
47. Os auditores envolvidos com a definição da estratégia global devem prever a adoção de
respostas aos riscos gerais, tais como (ISSAI 1300; NBC TA 300 (R1)):
a) definição de uma estratégia global de auditoria apropriada;
b) obtenção de um adequado entendimento do objeto;
c) alocação de recursos apropriados para o trabalho;
d) definição de prazos razoáveis;
e) cuidadosa supervisão e manutenção de ceticismo profissional; e
f) correta definição e interpretação dos critérios de auditoria.
48. Todos os riscos gerais ou específicos significativos que puderem ser identificados durante a
elaboração da estratégia global devem ser listados, bem como as respostas escolhidas para mitigá-
los.

Alterações na estratégia global de auditoria


49. A elaboração da estratégia global pode ter início semanas ou meses antes da fiscalização
efetivamente ser iniciada e terminar em algum momento da fase de planejamento do trabalho
aprovada em portaria. Durante todo esse período, ela passa por alterações que refletem a obtenção de
novas informações e o amadurecimento da visão dos auditores envolvidos.
50. Sempre que os auditores decidirem alterar a estratégia global, devem registrar o conteúdo, a
data e a razão da alteração. O histórico fundamentado das alterações permite recuperar os eventos
que influenciaram o planejamento e o andamento do trabalho.
Recomendações para a elaboração da estratégia global de auditoria
51. Contar com uma estratégia global de auditoria bem definida contribui para que o plano de
auditoria seja desenvolvido com foco em alcançar os objetivos da fiscalização com uso eficiente dos
recursos. Daí a importância de se investir na elaboração desse instrumento até o ponto em que os
auditores envolvidos estejam convictos de que a estratégia é consistente.

Processo de elaboração
52. Assim que a realização das ações operacionais das unidades técnicas é aprovada pela
Segecex, cada unidade técnica pode instituir um calendário de debates das estratégias globais de cada
fiscalização prevista no seu plano operacional.
53. Auditores com conhecimento e experiência no tema de cada fiscalização poderão, juntamente
com o diretor da área – que provavelmente exercerá a supervisão, desenhar uma versão preliminar da
estratégia global de auditoria para submetê-la a debate com a participação do dirigente da unidade
técnica e de auditores convidados a fim de colher subsídios para aperfeiçoá-la. A critério do
dirigente, representante da Semec poderá ser convidado a auxiliar na verificação da consistência da
estratégia desenhada.
54. A estratégia global assim aperfeiçoada servirá de base para descrever a natureza, a época, o
alcance, a necessidade de recursos e os riscos do trabalho para o ministro relator e o secretário-geral
de controle externo e ouvir suas considerações, ampliando o alinhamento entre essas instâncias
decisórias e a unidade técnica quanto ao que será realizado na fiscalização.
55. Quando a equipe estiver formada para iniciar a fiscalização, a estratégia global de auditoria
deve ser apresentada a ela pelo supervisor ou outro auditor envolvido em sua elaboração. É
importante que a estratégia desenhada esteja clara para toda a equipe. Quando um ou mais auditores
envolvidos na elaboração da estratégia global integra a equipe de fiscalização, o alinhamento da
equipe em torno da estratégia é favorecido.
56. Na medida em que o planejamento da fiscalização avança e a equipe vai construindo o
entendimento do objeto, ela pode sentir a necessidade de ajustar a estratégia de auditoria. Toda
proposta de ajuste da estratégia deve ser discutida com o supervisor, que a aprova ou não. É
responsabilidade do supervisor submeter proposta de ajustes substanciais à aprovação do dirigente da
unidade técnica.

Conteúdo da estratégia
57. A escolha do tipo de fiscalização é um aspecto basilar da estratégia global. A escolha
adequada deve levar em conta a finalidade pretendida com o trabalho. Assim, vale lembrar que se o
objeto da fiscalização são atos de gestão sujeitos a risco significativo que devem ser controlados de
forma concomitante, acompanhamento é o instrumento adequado. Se a finalidade da fiscalização é
ampliar o conhecimento sobre a clientela, identificar objetos e avaliar a viabilidade de futuras ações
de controle, então deve-se realizar um levantamento. Se o que busca obter e avaliar objetivamente
evidência para determinar se a informação ou as condições reais de um objeto estão de acordo com
critérios estabelecidos, o instrumento adequado é a auditoria.
58. Classificar incorretamente o tipo de fiscalização prejudica sua eficácia, pois leva a equipe de
auditoria a planejar um tipo de ação de controle quando outro seria apropriado. É o que ocorre
quando se propõe uma auditoria, em vez de levantamento, sobre um objeto que pouco se conhece; ou
ainda uma auditoria, em vez de acompanhamento, quando o controle concomitante se faz mais
apropriado para averiguar ações em andamento conduzidas pelas unidades jurisd.icionadas.
59. Outro aspecto importante diz respeito à compatibilidade entre escopo, prazo e recursos
alocados. Essas três variáveis devem ser dimensionadas adequadamente para que seja possível
assegurar a qualidade da fiscalização, sendo que podem ser fixadas duas e determinada a terceira em
função das duas primeiras.
60. Supondo que sejam fixados o escopo e os recursos, determina-se o prazo necessário para,
com os recursos disponíveis para a fiscalização, examinar adequadamente o escopo estabelecido. Se
forem dados o escopo e o prazo, estimam-se os recursos necessários para levar a cabo a fiscalização
com qualidade. Se as restrições recaírem sobre o prazo e os recursos, então é o escopo que se deve
moldar a esses limites - modificar o escopo implica alterar um ou mais destes atributos da
fiscalização: objetivos, objetos, cobertura da fiscalização e critérios selecionados. Um erro que deve
ser evitado é estabelecer amplo escopo com prazo e recursos insuficientes.
61. Certamente a prática continuada da elaboração da estratégia global de auditoria gerará
conhecimento acumulado para o aprimoramento do uso desse instrumento no planejamento das
fiscalizações do Tribunal.
Referências
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Manual de auditoria financeira. Brasília, 2016.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Roteiro de levantamento. Portaria-Segecex 24, de 14 de
setembro de 2018. Brasília, 2018.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). NBC TA 300 (R1): Planejamento da
auditoria das demonstrações contábeis. Brasília, 2016.
INTERNATIONAL ORGANIZATION OF SUPREME AUDIT INSTITUTIONS. Princípios
fundamentais de auditoria do setor público (ISSAI 100). Tradução por Tribunal de Contas da União:
Brasília, DF: TCU, 2017.
______. Princípios fundamentais de auditoria financeira (ISSAI 200). Tradução por Tribunal de
Contas da União: Brasília, DF: TCU, 2017.
______. Norma para auditoria operacional (ISSAI 3000). Tradução por Tribunal de Contas da
União: Brasília, DF: TCU, 2017.
Apêndice – Exemplo de estratégia global de auditoria
[incluir a EGA da auditoria integrada das contas anuais de 2019 ou uma adaptação dela]

Você também pode gostar