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ALTERAÇÕES E ADITIVOS

AOS CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS NA
LEI Nº 8.666/1993 E NA
NOVA LEI DE LICITAÇÕES
Alterações do objeto, prorrogação,
revisão, reajuste e repactuação de acordo
com os entendimentos do TCU

03 a 07 de maio de 2021
Agradecemos sua participação no Zênite Online “ALTERAÇÕES
E ADITIVOS AOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS NA LEI Nº
8.666/1993 E NA NOVA LEI DE LICITAÇÕES”, realizado de 03 a
07 de maio de 2021.

Este material, elaborado em conjunto com a equipe Zênite, reú-


ne o teor da exposição dos Professores Gustavo Henrique Carva-
lho Schiefler, Joel de Menezes Niebuhr e Ricardo Alexandre Sam-
paio, expressando o entendimento sobre a temática abordada e
as questões polêmicas que serão tratadas durante o evento.

Esperamos que o conteúdo aqui exposto e os ensinamentos dos


Palestrantes contribuam para seu aperfeiçoamento profissional,
bem como para a resolução das dificuldades vividas no exercício
de sua atividade.

A revisão linguística do conteúdo desta apostila é realizada de acordo com a norma culta
da Língua Portuguesa. As citações doutrinárias, jurisprudenciais e legislativas são repro-
duzidas conforme o original. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta
apostila sem a permissão expressa da Zênite.
SUMÁRIO

AULA 1

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS,


SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 01.......................................................................................................14
Qual a principal razão para o volume de alterações
nos contratos administrativos? De que forma o
planejamento influencia o sucesso das contratações e
a redução do número de alterações contratuais? Quais
mecanismos previstos na nova Lei que podem contribuir
na redução de aditivos?

QUESTÃO 02.......................................................................................................20
Quem está obrigado à nova Lei de Licitações? Quais leis
serão alteradas e revogadas? Quando entra em vigor?
Teremos uma aplicação concomitante dos regimes da
Lei nº 8.666/1993 e da nova Lei. Como escolher entre
um regime e outro?

QUESTÃO 03.......................................................................................................24
Em quais hipóteses é possível a alteração unilateral e em
quais depende de acordo entre as partes conforme a
Lei nº 8.666/1993 e a nova Lei?
QUESTÃO 04.......................................................................................................29
A Administração pode renegociar seus contratos? O
que pode ser objeto de negociação? Qual a disciplina
da nova Lei sobre os meios alternativos de resolução de
conflitos?

QUESTÃO 05.......................................................................................................32
Qual a diferença entre alterações unilaterais qualitativas
e quantitativas? Toda alteração qualitativa envolve
também uma alteração quantitativa? Quais os limites
para essas alterações e o que é “valor inicial atualizado
do contrato” de acordo com a Lei nº 8.666/1993 e a
nova Lei? Quais entendimentos do TCU devem orientar
a aplicação do novo regime?

QUESTÃO 06.......................................................................................................43
e as quantidades contratadas foram acrescidas e
suprimidas de forma que o valor final não seja alterado,
estará caracterizada uma alteração contratual?
Quais as orientações do TCU sobre a compensação
entre acréscimos e supressões e que devem guiar a
interpretação do novo regime?

QUESTÃO 07.......................................................................................................45
Como deve ser aplicado o percentual de 25% para
acréscimo em contratos de:
a) Serviços contínuos: valor anual, mensal,
remanescente ou a soma de todos os períodos
da contratação?........................................................................ 45
b) Licitação por itens e por lotes? ............................................50
AULA 2

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS,


SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 08.......................................................................................................53
Nas alterações dos contratos de obras de engenharia,
devem ser observados os valores unitários indicados
no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices
da Construção Civil (Sinapi)? Qual a regra e quais os
limites previstos no Decreto nº 7.983/2013?

QUESTÃO 09.......................................................................................................58
Com relação à contratação de obras e serviços de
engenharia e às alterações dos contratos, quais as
novidades da nova Lei sobre:
a) os regimes de execução e os impactos nas
alterações contratuais; .......................................................... 58
b) as falhas nos projetos e a apuração de
responsabilidade;..................................................................... 62
c) a manutenção da diferença percentual entre
o preço global do contrato e o preço de
referência nas alterações contratuais................................. 63

QUESTÃO 10.......................................................................................................64
Qual a disciplina da nova Lei com relação ao direito do
contrato de ser indenizado diante de supressões dos
contratos? Quais as referências e os limites para esse
ressarcimento?
QUESTÃO 11.......................................................................................................65
Sendo necessário o aditamento de serviço ou obra de
itens para os quais não haja valores unitários, qual a
solução prevista na Lei nº 8.666/1993 e na nova Lei? Qual
a diferença entre os regimes

QUESTÃO 12.......................................................................................................67
Uma inovação importante na nova Lei é a previsão de
que a formalização do termo aditivo é condição para a
execução pelo contratado de alterações ao contrato.
Qual o efeito prático dessa disciplina?

QUESTÃO 13.......................................................................................................69
É possível acrescer quantitativamente o objeto da ata
de registro de preços e o contrato decorrente? Qual a
disciplina do Decreto nº 7.892/2013 e da nova Lei sobre
esse tema?

QUESTÃO 14.......................................................................................................72
Os contratos decorrentes de dispensa e de
inexigibilidade de licitação podem ser objeto de
alterações unilaterais quantitativas e qualitativas? Quais
os limites para essas alterações?

QUESTÃO 15.......................................................................................................80
A IN nº 53/2020 passou a prever a possibilidade de
cessão de direitos de créditos decorrentes de contratos
administrativos. Poderá ser prevista nos contratos em
andamento por termo aditivo? Como funcionará essa
cessão e quais os cuidados para a sua implementação?
Essa previsão poderá ser recepcionada pela nova Lei?
AULA 3

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE


EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 16.......................................................................................................85
O que envolve o prazo de execução e o prazo de vigência?

QUESTÃO 17.......................................................................................................87
Quais as regras previstas no art. 57 da Lei nº 8.666/1993
sobre os prazos dos contratos? Em que casos deve ser
ampliado o prazo de execução? Quais os requisitos
legais para a prorrogação excepcional prevista no § 4º
do art. 57 da Lei de Licitações?

QUESTÃO 18.......................................................................................................93
Sobre a duração dos contratos e a disciplina da nova Lei,
pergunta-se:
a) Qual o prazo dos contratos de serviços e
fornecimentos contínuos? Qual o prazo
máximo considerando prorrogações? Quais as
condições para a prorrogação?
b) Quais contratos poderão ter prazo de 10 anos,
15 anos, 35 anos e prazo indeterminado?
c) No art. 105 da nova Lei está prevista a
possibilidade de a Administração extinguir o
contrato sem ônus quando não dispuser de
crédito orçamentário ou o contrato não mais
lhe oferecer vantagem. Em que condições e
situações isso poderá ser aplicado?
d) Qual a disciplina sobre prorrogação dos
contratos por escopo?
QUESTÃO 19.......................................................................................................99
Quais os requisitos previstos na IN nº 05/2017 para
prorrogar o prazo dos contratos de serviços? Deve ser
realizada nova pesquisa de preços? Qual a disciplina da
nova Lei sobre a demonstração da vantajosidade para
prorrogação? Quais os entendimentos do TCU e da AGU?

QUESTÃO 20......................................................................................................106
A ata de registro de preços e os contratos dela
decorrentes podem ser prorrogados? Qual a disciplina
do Decreto nº 7.892/2013 e da nova Lei?

QUESTÃO 21......................................................................................................108
Em contrato de serviços contínuos, a prorrogação
deixou de ser formalizada na data adequada, mas
as partes permaneceram executando o contrato.
Como proceder? É possível sanear esse vício? Qual o
entendimento do TCU? E se o objeto do contrato fosse
uma obra, as consequências relativas à expiração do
prazo de vigência seriam diversas? O regime da nova
Lei altera a solução desse caso?

QUESTÃO 22......................................................................................................111
Com relação à contratação de obras e serviços de
engenharia e à definição do início de execução e dos
prazos contratuais, quais as novidades da nova Lei sobre:
a) antecedência relativa aos licenciamentos ambientais;
b) impedimento ao retardamento da execução;
c) paralisação e suspensão das obras.
AULA 4

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E


REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 23......................................................................................................116
O que são revisão, reajuste e repactuação? Qual a
periodicidade para suas concessões? Qual a disciplina
da Lei nº 8.666/1993 e da nova Lei?

QUESTÃO 24......................................................................................................116
A revisão, o reajuste e a repactuação dependem de
previsão no contrato? Se não previstos, as respectivas
concessões estão vedadas? Devem ser formalizados
por aditivo ao contrato? Qual a disciplina da Lei nº
8.666/1993 e da nova Lei?

QUESTÃO 25......................................................................................................126
Qual o marco inicial de contagem dos prazos do
reajuste e da repactuação e como deve ocorrer a
contagem nos períodos subsequentes?

QUESTÃO 26......................................................................................................128
Nos serviços com dedicação exclusiva de mão
de obra, como deve ser realizada e processada a
repactuação/reajuste referente aos montantes de mão
de obra e de insumos? É possível reajustar por índice
a parcela materiais e insumos? Qual a disciplina da IN
nº 05/2017 e da nova Lei sobre esse tema? Quais os
entendimentos do TCU e da AGU?
QUESTÃO 27......................................................................................................134
Nos contratos de serviços contínuos sem alocação
exclusiva de mão de obra, pode ser previsto reajuste
por índice ou deve ser realizada repactuação? Qual a
disciplina da nova Lei? Como se manifestou o TCU e
qual o entendimento da AGU?

QUESTÃO 28......................................................................................................136
Os direitos ao reajuste, à repactuação e à revisão estão
submetidos à preclusão lógica e temporal? De acordo
com a nova Lei, em que condição opera-se a preclusão
do direito à revisão contratual?

QUESTÃO 29......................................................................................................146
Novos direitos concedidos por meio de convenção
coletiva podem ser incorporados pela repactuação?

QUESTÃO 30......................................................................................................148
De acordo com o Decreto nº 7.892/2013 e a nova Lei,
a ata e o contrato de registro de preços podem ser
reajustados e revisados?
AULA 5
ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E
REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 31......................................................................................................153
A oscilação do dólar é motivo para justificar a revisão
do contrato? Em que condições e quais os cuidados?

QUESTÃO 32......................................................................................................158
Sobre qual montante deve ser aplicado o percentual
de reajuste nas obras: valor inicial ou parcela
remanescente do contrato? E nos períodos
subsequentes, quais os cuidados na aplicação do
índice de reajuste? Qual o entendimento do TCU?

QUESTÃO 33......................................................................................................159
É possível prever a repactuação dos contratos de
obras com base na variação da tabela Sinapi? Qual a
orientação do TCU?

QUESTÃO 34......................................................................................................162
Sobre a matriz de alocação dos riscos e os regimes
de execução nas contratações de obras e serviços
de engenharia de acordo com o regime da nova Lei,
pergunta-se:
a) O que é matriz de riscos? O que deve ser
considerado na alocação dos riscos entre
contratante e contratado?....................................................162
b) Quais riscos serão preferencialmente
transferidos ao contratado?................................................ 164
c) Em quais contratações a definição da matriz
de alocação dos riscos é obrigatória?...............................165
d) Quais os impactos na formação dos preços da
licitação?....................................................................................166
e) O que deve ser previsto em edital sobre os
seguros?.........................................................................167
f) Quais os impactos da definição da matriz de
riscos na revisão dos valores pactuados?........................169

QUESTÃO 35......................................................................................................170
Qual a responsabilidade do fiscal, do gestor do contrato
e da assessoria jurídica com relação aos aditivos dos
contratos? Qual novidade prevista na nova Lei sobre
o apoio dos órgãos de assessoramento jurídico e de
controle interno?

QUESTÃO 36......................................................................................................173
Percebe-se um grande receio por parte dos gestores
públicos na condução e nas escolhas das contratações,
inclusive quanto às alterações contratuais. Quais
cuidados devem orientar essas decisões? Como a
disciplina da LINDB pode auxiliar na motivação segura
delas? A nova Lei trata desse tema?
AULA 1
Alteração do objeto/projeto –
Acréscimos, supressões e alterações
qualitativas (Parte I)

Professor:

Gustavo Henrique Carvalho Schiefler


Advogado. Doutor em Direito do Estado pela Universida-
de de São Paulo (USP). Mestre e graduado em Direito pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesqui-
sador visitante no Max-Planck-Institut für Ausländisches
und Internationales Privatrecht. Educação Executiva pela
Harvard Law School (Program on Negotiation). Integra a
equipe de professores e consultores externos da Zênite
Informação e Consultoria S.A. Foi secretário-adjunto da
Comissão de Licitações e Contratos da OAB/SC. Autor das
obras Procedimento de Manifestação de Interesse – PMI
(Lumen Juris, 2014) e Diálogos público-privados (no prelo).
Coautor da obra Contratação de serviços técnicos especiali-
zados por inexigibilidade de licitação pública (Zênite, 2015).
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 01

Qual a principal razão para o volume de


alterações nos contratos administrativos?
De que forma o planejamento influencia
o sucesso das contratações e a redução do
número de alterações contratuais? Quais
mecanismos previstos na nova Lei que podem
contribuir na redução de aditivos?

Identificação dos
principais problemas e
elaboração de
soluções
Avaliação sistêmica do
órgão ou da entidade e Avaliação da
de seus processos necessidade e da
contratuais melhor solução

PLANEJAMENTO
Avaliação do
Antecedência para ambiente/local (estudos
tomada de decisões geológicos e de subsolo)

Pesquisa de
soluções no
mercado – Diálogos
público-privados

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 302/2016 – Plenário


Enunciado
A realização de licitação com base em projeto básico deficiente,
impreciso e que não contempla todos os elementos necessários e
suficientes para bem caracterizar e orçar a totalidade da obra cons-
titui falha grave ensejadora de aplicação de multa aos responsáveis.
(Relator: Marcos Bemquerer Costa; Data do Julgamento: 17/02/2016)

TCU – Acórdão nº 2.778/2020 – Plenário


Enunciado
O início de execução de obra pública com base em projeto básico
deficiente, que não contempla todos os elementos necessários e su-
ficientes, com o nível de precisão adequado para bem caracterizar o
empreendimento e garantir exatidão na sua orçamentação, constitui
falha grave que enseja aplicação de multa aos responsáveis.
(Relator: Weder de Oliveira; Data do Julgamento: 14/10/2020)

TCU – Acórdão nº 915/2015 – Plenário


Enunciado
A aprovação de projeto básico inadequado, com grandes impli-
cações nos custos e prazos de execução do empreendimento,
reveste-se de gravidade suficiente para justificar a apenação pe-
cuniária do gestor responsável e a sua inabilitação para o exercí-
cio de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública Federal.
(Relator: Augusto Sherman Cavalcanti; Data do Julgamento: 22/04/2015)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 707/2014 – Plenário


Enunciado
Independentemente do regime adotado, se empreitada por pre-
ço unitário ou empreitada por preço global, os projetos básicos
elaborados pela Administração devem possuir os elementos
necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para
caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
objeto da licitação, de forma a possibilitar a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 26/03/2014)

Lei nº 14.133/2021
CAPÍTULO II – DA FASE PREPARATÓRIA
Seção I – Da Instrução do Processo Licitatório
Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada
pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de con-
tratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 des-
ta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem
como abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e
de gestão que podem interferir na contratação, compreendidos:
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em
estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público en-
volvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por
meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou pro-
jeto executivo, conforme o caso;

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

III - a definição das condições de execução e pagamento, das ga-


rantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utili-
zados para sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que
constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços
ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados os
potenciais de economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo
de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação
desses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a ge-
rar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administra-
ção Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais
como justificativa de exigências de qualificação técnica, median-
te indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor
significativo do objeto, e de qualificação econômico-financeira,
justificativa dos critérios de pontuação e julgamento das propos-
tas técnicas, nas licitações com julgamento por melhor técnica ou
técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à participa-
ção de empresas em consórcio;
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da
licitação e a boa execução contratual;

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento


da licitação, observado o art. 24 desta Lei.
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do ca-
put deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a
sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade
técnica e econômica da contratação, e conterá os seguintes ele-
mentos:
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o pro-
blema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público;
II - demonstração da previsão da contratação no plano de con-
tratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu
alinhamento com o planejamento da Administração;
III - requisitos da contratação;
IV - estimativas das quantidades para a contratação, acompanha-
das das memórias de cálculo e dos documentos que lhes dão su-
porte, que considerem interdependências com outras contrata-
ções, de modo a possibilitar economia de escala;
V - levantamento de mercado, que consiste na análise das alter-
nativas possíveis, e justificativa técnica e econômica da escolha
do tipo de solução a contratar;
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços
unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos
que lhe dão suporte, que poderão constar de anexo classificado,
se a Administração optar por preservar o seu sigilo até a conclu-
são da licitação;

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

VII - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências re-


lacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso;
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da contratação;
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de eco-
nomicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos,
materiais e financeiros disponíveis;
X - providências a serem adotadas pela Administração previamente
à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servi-
dores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual;
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes;
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas
medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de
energia e de outros recursos, bem como logística reversa para
desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável;
XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequação da contrata-
ção para o atendimento da necessidade a que se destina.
§ 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os ele-
mentos previstos nos incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º deste artigo
e, quando não contemplar os demais elementos previstos no re-
ferido parágrafo, apresentar as devidas justificativas.
§ 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contrata-
ção de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a
inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempe-
nho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá ser
realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico,
dispensada a elaboração de projetos.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 02
Quem está obrigado à nova Lei de Licitações? Quais
leis serão alteradas e revogadas? Quando entra em
vigor? Teremos uma aplicação concomitante dos
regimes da Lei nº 8.666/1993 e da nova Lei. Como
escolher entre um regime e outro?

INCIDÊNCIA DA NOVA LEI

Lei nº 14.133/2021
Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contrata-
ção para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e funda-
cionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, e abrange:
I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos
Estados e do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos
Municípios, quando no desempenho de função administrativa;
II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta
ou indiretamente pela Administração Pública.
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as so-
ciedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no


art. 178 desta Lei.
§ 2º As contratações realizadas no âmbito das repartições públi-
cas sediadas no exterior obedecerão às peculiaridades locais e
aos princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na forma de regu-
lamentação específica a ser editada por ministro de Estado.
§ 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos prove-
nientes de empréstimo ou doação oriundos de agência oficial de
cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Bra-
sil seja parte, podem ser admitidas:
I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados
pelo Congresso Nacional e ratificados pelo Presidente da Repú-
blica;
II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes de
normas e procedimentos das agências ou dos organismos, desde
que:
a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação;
b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor;
c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou do-
ação e tenham sido objeto de parecer favorável do órgão jurídico
do contratante do financiamento previamente à celebração do
referido contrato;
d) (VETADO).
§ 4º A documentação encaminhada ao Senado Federal para au-
torização do empréstimo de que trata o § 3º deste artigo deverá

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

fazer referência às condições contratuais que incidam na hipótese


do referido parágrafo.
§ 5º As contratações relativas à gestão, direta e indireta, das re-
servas internacionais do País, inclusive as de serviços conexos ou
acessórios a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo
próprio do Banco Central do Brasil, assegurada a observância dos
princípios estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Fe-
deral.

VIGÊNCIA DA LEI Nº 14.133/2021

ENTRADA EM VIGOR DA DATA DA


LEI Nº 14.133/2021 PUBLICAÇÃO

Lei nº 14.133/2021
Art. 194. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

REVOGAÇÃO DE OUTRAS LEIS

Lei nº 14.133/2021
Art. 193. Revogam-se:
I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data
de publicação desta Lei;

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 de


julho de 2002, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto
de 2011, após decorridos 2 (dois) anos da publicação oficial desta
Lei.

CONVIVÊNCIA ENTRE OS DOIS REGIMES



LEI Nº 8.666/1993
2 anos de convivência
LEI Nº 14.133/2021

Nesses dois anos, a escolha do regime


(Lei nº 8.666/1993 ou Nova Lei de Licitações)
deve ocorrer a cada processo de contratação

Lei nº 14.133/2021
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput
do art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar
diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis cita-
das no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada ex-
pressamente no edital ou no aviso ou instrumento de contratação
direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas no
referido inciso.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 03

Em quais hipóteses é possível a alteração


unilateral e em quais depende de acordo
entre as partes conforme a Lei nº 8.666/1993
e a nova Lei?

Lei nº 8.666/1993
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,
para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários;

24
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por


imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor ini-
cial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação
ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra-
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou ser-
viço;
d) para restabelecer a relação que as parte pactuaram inicialmente
entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração
para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, obje-
tivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial
do contrato, na hipótese de sobreviverem fatos imprevisíveis, ou
previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores
ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando área
econômica extraordinária e extracontratual.

Lei nº 14.133/2021
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finali-
dades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;
[...]
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:

25
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,


para melhor adequação técnica a seus objetivos;
b) quando for necessária a modificação do valor contratual em
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo entre as partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
obra ou do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por
imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor ini-
cial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação
ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contra-
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou ser-
viço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe
ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de conse-
quências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato
tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição
objetiva de risco estabelecida no contrato.
§ 1º Se forem decorrentes de falhas de projeto, as alterações de
contratos de obras e serviços de engenharia ensejarão apuração
de responsabilidade do responsável técnico e adoção das provi-

26
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

dências necessárias para o ressarcimento dos danos causados à


Administração.
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso II do caput
deste artigo às contratações de obras e serviços de engenharia,
quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de pro-
cedimentos de desapropriação, desocupação, servidão adminis-
trativa ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias ao
contratado.
Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I do
caput do art. 124 desta Lei, o contratado será obrigado a aceitar,
nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões de
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e,
no caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para
os acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).
Art. 126. As alterações unilaterais a que se refere o inciso I do ca-
put do art. 124 desta Lei não poderão transfigurar o objeto da
contratação.
Art. 127. Se o contrato não contemplar preços unitários para
obras ou serviços cujo aditamento se fizer necessário, esses serão
fixados por meio da aplicação da relação geral entre os valores da
proposta e o do orçamento-base da Administração sobre os pre-
ços referenciais ou de mercado vigentes na data do aditamento,
respeitados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei.
Art. 128. Nas contratações de obras e serviços de engenharia, a
diferença percentual entre o valor global do contrato e o preço

27
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

global de referência não poderá ser reduzida em favor do contra-


tado em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha
orçamentária.
Art. 129. Nas alterações contratuais para supressão de obras, bens
ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e os
colocado no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Ad-
ministração pelos custos de aquisição regularmente comprova-
dos e monetariamente reajustados, podendo caber indenização
por outros danos eventualmente decorrentes da supressão, des-
de que regularmente comprovados.
Art. 130. Caso haja alteração unilateral do contrato que aumente
ou diminua os encargos do contratado, a Administração deverá
restabelecer, no mesmo termo aditivo, o equilíbrio econômico-
-financeiro inicial.

28
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 04

A Administração pode renegociar seus


contratos? O que pode ser objeto de
negociação? Qual a disciplina da nova Lei
sobre os meios alternativos de resolução de
conflitos?

NEGOCIAÇÃO

Partes que dialogam em


Processo busca de uma solução
comunicacional que
melhor do que aquela que
objetiva a formação
poderiam alcançar sem o
de um acordo.
consenso da outra parte.

Lei nº 13.655/2018 – Lei de Introdução às Normas de


Direito Brasileiro – LINDB
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se
decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a ade-
quação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato,

29
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das


possíveis alternativas.
[...]
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situ-
ação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no
caso de expedição de licença, a autoridade administrativa po-
derá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após
realização de consulta pública, e presentes razões de relevan-
te interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a
partir de sua publicação oficial.
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I – buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e
compatível com os interesses gerais;
II – (VETADO);
III – não poderá conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral;
IV – deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo
para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de des-
cumprimento.
§ 2º (VETADO). (Grifo nosso)

30
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Lei nº 14.133/2021
Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utili-
zados meios alternativos de prevenção e resolução de controvér-
sias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolu-
ção de disputas e a arbitragem.
Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo
às controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis,
como as questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, ao inadimplemento de obri-
gações contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo de inde-
nizações.

31
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 05

Qual a diferença entre alterações unilaterais


qualitativas e quantitativas? Toda alteração
qualitativa envolve também uma alteração
quantitativa? Quais os limites para essas
alterações e o que é “valor inicial atualizado
do contrato” de acordo com a Lei nº
8.666/1993 e a nova Lei? Quais entendimentos
do TCU devem orientar a aplicação do novo
regime?

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS

Regime da Lei nº 8.666/1993

Lei nº 8.666/1993
(art. 65)
ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO
QUANTITATIVA QUALITATIVA

Acréscimos/supressões (aumento ou Modificação unilateral dos projetos/do


redução das quantidades do objeto). modo de execução ou do fornecimento.

Imposição unilateral. Ocorrência de fatos supervenientes ou


conhecidos supervenientemente, que
tornam inaplicáveis as condições
originais do contrato.
Limites:
Acréscimos e supressões – Limite máximo de 25%
do valor inicial atualizado do contrato, ou de 50%, Limites:
dessa mesma referência para o caso de reformas. Manutenção do objeto e impossibilidade de
Exceção – Supressões bilaterais (mediante acordo simples inclusão de objeto novo, não previsto
com o particular). por falha no planejamento.

33
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Lei nº 8.666/1993
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,
para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
nos limites permitidos por esta Lei;
[...]
§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor
inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de
edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por
cento) para os seus acréscimos.
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
I - (VETADO);
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contra-
tantes.

34
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Lei nº 14.133/2021
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,
para melhor adequação técnica a seus objetivos;
b) quando for necessária a modificação do valor contratual em
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
[...]
Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I do
caput do art. 124 desta Lei, o contratado será obrigado a aceitar,
nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões de
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e,
no caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para
os acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).

TCU – Acórdão nº 863/2006 – Plenário


Voto
No caso concreto, posteriormente, pretendeu a [...] alterar radi-
calmente o objeto imediato do contrato, mediante modificação
da solução técnica adotada para a fundação da barragem que,
segundo a unidade instrutiva, representava 48% do valor da
obra (fl. 16, vol principal).

35
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Ora, é evidente que alteração de tal naipe configura-se como al-


teração substancial dos serviços licitados, em clara afronta ao
princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Ademais, a
exigência inicial do emprego da técnica complexa afastou lici-
tantes que muito bem poderiam ter participado da licitação e
não o fizeram. Não é, pois, legítimo prever exigências comple-
xas, as quais poucos podem atender, e posteriormente promo-
ver alterações contratuais para realizar obra mais simplificada,
que estaria ao alcance de muitos outros licitantes que, por seus
termos complexos, não participaram da licitação.
Tampouco há similitude em relação a outros processos mencio-
nados nos autos, porquanto a modificação em tela não decorre
de “fatos supervenientes que impliquem dificuldades não previs-
tas ou imprevisíveis por ocasião da contratação inicial” (Decisão
215/99-TCU-Plenário), mas de realização de licitação irregular,
com base em projeto básico ou executivo que nitidamente não
atendia aos requisitos legais.
Também não aproveita à empresa as alegações de prejuízos, su-
portados pela [...]. Foi a própria Administração quem deu causa à
irregularidade, logo não pode ela se favorecer dos prejuízos para
os quais concorreu.
A conveniência administrativa em manter a contratação irregular
não autoriza o descumprimento de princípios fundamentais da
Administração, proporcionando a alteração substancial de con-
tratos, com completa subversão dos princípios normativos cons-
tantes da lei e da Constituição Federal.
Não há razão para que os custos de regularização de licitação ile-
gal sejam considerados como óbice ao fiel cumprimento das dis-

36
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

posições normativas que deveriam ter sido observadas desde o


princípio. (Grifo nosso)
(Relator: Walton Alencar Rodrigues; Data do Julgamento: 07/06/2006)

TCU – Acórdão nº 2.203/2017 – Plenário


Voto
A respeito do segundo achado, que versou sobre a extrapolação
do limite de 25% de alteração contratual, a equipe de auditoria
e a supervisão apresentaram propostas uníssonas no sentido de
dar ciência à universidade de que as alterações promovidas nos
Contratos 6/2015 ocasionaram a celebração de aditivos fora do
limite de 25% previsto no § 1º do art. 65 da Lei 8.666/1993.
Para o citado contrato, cujo valor inicial era de R$ 6.820.717,65, fo-
ram firmados dois aditivos, que ao final resultaram em acréscimos
de 25,64% e supressões de 11,63%. Em razão de o limite legal
de acréscimos ter sido ultrapassado em apenas 0,64%, concor-
do com a proposta apresentada, de forma a apenas dar ciência
desta impropriedade à UFCA. (Grifo nosso)
(Relator: Vital do Rego; Data do Julgamento: 04/10/2017)

TCU – Decisão nº 215/1999 – Plenário


Decisão
8.1. com fundamento no art. 1º, inciso XVII, § 2º da Lei nº 8.443/92,
e no art. 216, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal, res-
ponder à Consulta formulada pelo [...], nos seguintes termos:

37
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

a) tanto as alterações contratuais quantitativas - que modificam


a dimensão do objeto - quanto as unilaterais qualitativas - que
mantêm intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão
sujeitas aos limites preestabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da
Lei nº 8.666/1993, em face do respeito aos direitos do contratado,
prescrito no art. 58, I, da mesma Lei, do princípio da proporciona-
lidade e da necessidade de esses limites serem obrigatoriamente
fixados em lei;
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualita-
tivas e excepcionalíssimas de contratos de obras e serviços, é fa-
cultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no item
anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade
e da proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do contra-
tante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguin-
tes pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais supe-
riores aos oriundos de uma eventual rescisão contratual por ra-
zões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de
um novo procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de ca-
pacidade técnica e econômico-financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificul-
dades não previstas ou imprevisíveis por ocasião da contratação
inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente con-
tratado em outro de natureza e propósito diversos;

38
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

V - ser necessárias à completa execução do objeto original do con-


trato, à otimização do cronograma de execução e à antecipação
dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;
VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o adita-
mento contratual que extrapole os limites legais mencionados
na alínea “a”, supra - que as conseqüências da outra alternativa
(a rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação)
importam sacrifício insuportável ao interesse público primário
(interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja
gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à sua urgência e
emergência;
(Relator: José Antonio B. de Macedo; Data do Julgamento: 12/05/1999)

TCU – Acórdão nº 170/2018 – Plenário


Voto
Julgo que tal alegação seja pontualmente procedente, mas dis-
cordo da afirmação dos defendentes no sentido de que o proje-
to básico da licitação era preciso. Na verdade, as razões de justi-
ficativa demonstram o contrário, ou seja, que o aludido projeto
foi baseado em levantamento geotécnico deficiente, bem como
utilizou solução comprovadamente antieconômica e inadequada
para o local da intervenção. Faço essa intervenção, mas ressalvo
que os responsáveis não foram ouvidos pela deficiência do pro-
jeto, e sim pela mudança do objeto licitado e extrapolação dos
limites legais.

39
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Porém, a justificativa para modificação do projeto demonstra


que não houve, de fato, a ocorrência de circunstância superve-
niente. Na verdade, a alegada necessidade de reassentamento
de 800 famílias seria uma típica condição pré-existente, assim
como a condição do solo no local.
Portanto, não se pode admitir outro argumento dos responsáveis,
no sentido de que a alteração estaria embasada nas condições es-
tabelecidas na Decisão 215/1999-Plenário para a realização de mo-
dificações qualitativas acima do limite legal de 25%, previsto no art.
65, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos. Recordo-me que a referi-
da Decisão, ao apreciar Consulta formulada pelo Ministro de Meio-
-Ambiente, deliberou ser necessário o atendimento cumulativo de
seis condicionantes no caso de alterações contratuais, consensuais
e qualitativas, como requisito para a admissão de aditamentos con-
tratuais acima dos limites legalmente estabelecidos. Um desses
pressupostos seria exatamente que os termos de aditamento
decorressem de causas supervenientes que implicassem dificul-
dades não previstas ou imprevisíveis por ocasião da contratação
inicial, o que não é o caso, por exemplo, da necessidade de re-
assentar as famílias. Permito-me transcrever a intepretação do Sr.
Auditor da Secex-RJ ao examinar a natureza da modificação, com a
qual estou plenamente de acordo: (Grifo nosso)
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 31/01/2018

40
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 3.483/2012 – Plenário


Voto
25. De fato, conforme afirma o recorrente, a legislação estabelece
que o limite de 25% deve ser considerado em relação ao valor
inicial atualizado do contrato.
26. Há que se distinguir, inicialmente, três conceitos: valor inicial
do contrato, valor atual do contrato e valor atualizado do contra-
to.
a) valor inicial do contrato: é o valor nominal, que corresponde ao
valor da proposta do vencedor;
b) valor atual do contrato: é o valor que já foi despendido até o
momento em razão do contrato ou o valor que ainda resta de-
sembolsar, conforme preferir-se convencionar;
c) valor atualizado do contrato: é o valor do contrato para fins de
pagamento, resultante das “atualizações” realizadas.
27. Logo o valor inicial atualizado do contrato é o valor nominal,
com a incidência das atualizações.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 10/12/2012)

41
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Caso prático
Prazo de execução: 24 meses.
Valor contratado: R$ 10.000.000,00.
Decorridos três meses, há acréscimo quantitativo de 10%.
Valor total do contrato: R$ 11.000.000,00.
Depois de 12 meses, há reajuste de 5%. Nesses 12 primeiros
meses, foram executados 50% do objeto, o que consumiu 50% do
valor do contrato, já pago. O reajuste incide sobre o saldo
remanescente do contrato. Portanto, calcula-se 5% sobre R$
5.500.000,00. O valor a ser reajustado será de
R$ 275.000,00. O valor total do contrato é de R$ 11.275.000,00.
Depois de dois meses do reajuste, surge a necessidade de
novo acréscimo. Qual o limite?
Foi realizado acréscimo de 10%. Então, restam 15%, dado que o
limite é 25%. Os 15% devem ser calculados sobre o valor inicial
atualizado do contrato, que é R$ 10.500.000,00.
Explicando: o valor inicial é R$ 10.000.000,00. O valor do reajuste
foi de R$ 275.000,00, porque incidiu 5% sobre 50% do valor inicial
do contrato, além do acréscimo de 10%. Contudo, para atualizar o
valor inicial do contrato, que não se confunde com o reajuste,
precisamos incidir 5% sobre o valor inicial de R$10.000.000,00.
Portanto, o valor inicial atualizado é de R$ 10.500.000,00. O novo
acréscimo poderá ser de até R$1.575.000,00 (15% de
10.500.000,00). Note-se que esta forma de cálculo preserva o
poder de compra de 15% em relação ao objeto inicial, já que,
atualmente, 15% do objeto inicial tem exatamente o valor de
R$1.575.000,00 (atualização de 5% sobre R$1.500.000,00, que
originalmente era 15% do valor do contrato).

42
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 06

Se as quantidades contratadas foram


acrescidas e suprimidas de forma que o valor
final não seja alterado, estará caracterizada
uma alteração contratual? Quais as
orientações do TCU sobre a compensação
entre acréscimos e supressões e que devem
guiar a interpretação do novo regime?

TCU – Acórdão nº 50/2019 – Plenário


Voto
20. A preocupação externada pela então Secex/PE se deve à pos-
sibilidade de que novas modificações de projeto que eventual-
mente se mostrem necessárias acarretem alterações contratuais
superiores ao limite de 25% previsto no art. 65 da Lei 8.666/1993.
21. Com efeito, convém destacar que, de acordo com a jurisprudên-
cia desta Corte, o limite para alteração de 25%, elevado para 50% no
caso de reforma de edifício ou de equipamento, refere-se, indivi-
dualmente, às supressões e aos acréscimos e não comporta com-
pensação entre um e outro percentual para cômputo da máxima
alteração permitida por lei, consoante deixa assente o seguinte
fragmento, extraído do Voto condutor do Acórdão 2.157/2013 – Ple-
nário, de Relatoria da eminente Ministra Ana Arraes: (Grifo nosso)
(Relator: Marcos Bemquerer Costa; Data do Julgamento: 23/01/2019)

43
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 1.498/2015 – Plenário


Enunciado
As reduções ou supressões de quantitativos devem ser conside-
radas de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o con-
junto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor
original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles,
os limites de alteração estabelecidos no art. 65 da Lei 8.666/1993.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 17/06/2015)

TCU – Acórdão nº 66/2021 – Plenário


Enunciado
O restabelecimento total ou parcial de quantitativo de item ante-
riormente suprimido por aditivo contratual amparado no art. 65,
§§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, em razão de restrições orçamentá-
rias, desde que observadas as mesmas condições e preços iniciais
pactuados, não configura a compensação vedada pela jurispru-
dência do TCU, consubstanciada nos acórdãos 1.536/2016-Plená-
rio e 2.554/2017-Plenário, visto que o objeto licitado fica inalte-
rado, sendo possível, portanto, além do restabelecimento, novos
acréscimos sobre o valor original do contrato, observados os limi-
tes estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.
(Relator: Augusto Nardes; Data do Julgamento: 20/01/2021)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

QUESTÃO 07

Como deve ser aplicado o percentual de 25%


para acréscimo em contratos de:
a) Serviços contínuos: valor anual, mensal,
remanescente ou a soma de todos os períodos da
contratação?

TCU – Acórdão nº 448/2011 – Plenário


Relatório
146. [...], o Contrato 77/2007 ainda poderia ser prorrogado por
mais 33 meses, considerando-se o prazo estipulado no art. 57,
II, da Lei de Licitações. Isso porque apesar de ter sido realizado
aditamento que aumentou em 25% o seu quantitativo original,
tal contrato poderia sofrer novas prorrogações desde que fossem
mantidos esses quantitativos já acrescidos em 25%, não caben-
do, isso sim, novos acréscimos. Ou seja, as prorrogações poderiam
ocorrer desde que mantidas as quantidades previstas pela última
alteração por meio de aditivo.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 23/02/2011)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 8.324/2017 – Segunda Câmara


Voto
4. Após as primeiras audiências e análises pertinentes, foram aca-
tadas as justificativas dos responsáveis em relação à suposta ex-
trapolação do limite de 25% de acréscimo de valores previsto no
art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, conforme a análise de mérito rea-
lizada pela unidade técnica à peça 48, da qual permito-me extrair
o seguinte excerto:
19. Não obstante o citado entendimento da Consultoria Jurídica,
considera-se que o mesmo raciocínio utilizado por esta Unidade
Técnica para dizer que os acréscimos resultantes do terceiro e do
quarto termo aditivo não ultrapassaram o limite previsto na norma
também pode ser estendido à alteração quantitativa ocorrida com o
sexto aditivo. Isso porque, durante a vigência da segunda prorro-
gação contratual (quinto aditivo) , o acréscimo de R$ 605.170,00
(sexto aditivo) correspondeu a 25% sobre o valor inicial atualiza-
do do contrato (R$ 2.420.682,96), conforme no art. 65, § 1º, da Lei
8.666/1993. Nesse particular, prevalece a exegese segundo a qual,
nos contratos de duração continuada, a exemplo dos serviços de
manutenção predial, o limite de 25% deve incidir sobre o valor
atualizado do contrato para cada período. “Nesse caso, cada con-
tratação é autônoma entre si. Essa solução tem sido adotada depois
da alteração da redação do art. 57, II, da Lei 8.666/93 e, em especial,
por efeito das regras de responsabilidade fiscal. Considerando-se
que cada contratação deve ser compatível com o conteúdo da lei
orçamentária, tem-se imposto a segregação entre os diversos con-
tratos” (grifamos) (Marçal Justen Filho, Comentários à Lei de Lici-

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ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

tações e Contratos Administrativos, 16ª edição, editora Revista dos


Tribunais, 2014, pág. 1048). (Grifo nosso)
(Relator: Augusto Nardes; Data do Julgamento: 05/09/2017)

TCU – Acórdão nº 1.550/2009 – Plenário


Voto
20. No caso sob exame, os acréscimos de valor se deveram a alte-
rações quantitativas de objeto e não simplesmente a sucessivas
prorrogações de serviços contínuos. Assim, nos termos do art. 65
da Lei de Licitações, o cálculo do limite previsto nos §§ 1º e 2º do
dispositivo, deve tomar como base o valor inicial atualizado do
contrato, sem os acréscimos advindos das prorrogações. (Grifo
nosso)
(Relator: Raimundo Carreiro; Data do Julgamento: 15/07/2009)

TCE/SP – TC- 41780/026/08 – Primeira Câmara


Voto
O ponto controvertido abordado no curso da instrução da ma-
téria diz respeito à base de cálculo para a aplicação do limite
percentual de 25% para os contratos de prestação de serviços,
mais precisamente, quanto ao alcance da expressão valor ini-
cial atualizado do contrato estabelecido no §1º do artigo 65 da
Lei Federal nº 8.666/93.
Defende o DAEE, em síntese, que o contrato de serviços contínu-
os, quando prorrogado, passa a vigorar com um novo valor, que

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

nada mais é que o somatório do valor original mais o valor das


prorrogações.
No caso concreto, não obstante o esforço dos interessados e,
bem assim, os entendimentos doutrinários colacionados à defe-
sa apresentada, igualmente a Assessoria, sob a ótica econômica,
Chefia de ATJ e PFE, entendo que a matéria não comporta juízo
de regularidade.
O Professor Diogenes Gasparini, discorrendo sobre o tema, em
sua obra Direito Administrativo, ressalta que “Na atualização do
valor inicial do contrato somente deve-se levar em conta o acrés-
cimo da correção monetária cabível, isto é, a permitida pela Lei do
Plano Real. Assim, não se prestam para atualizar o valor inicial
do contrato os acréscimos decorrentes de prorrogações.
No mesmo sentido, o entendimento traçado pelo E. Tribunal de
Contas da União, nos autos do TC-1.550/2009, sob a Relatoria do
Ministro Raimundo Carreiro, publicado no DJ, de 15/07/2009, de
que: “[...], nos termos do art. 65 da Lei de Licitações, o cálculo do
limite previsto nos §§ 1º e 2º do dispositivo, deve tomar como
base o valor inicial atualizado do contrato, sem os acréscimos
advindos das prorrogações.” (grifo nosso).
Em suma, o exame da matéria espelha que os acréscimos con-
substanciados nos termos em exame, nos montantes de R$
3.396.500,00 e R$ 1.698.250,00, totalizam 64,99% do inicialmente
pactuado, já consideradas as atualizações monetárias, em disso-
nância com o limite legal imposto pela norma de regência. (Grifo
nosso)
(Relatora: Cristiana de Castro Moraes; Data do Julgamento: 29/10/2014)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Valor total do contrato: R$ 1.000.000,00 / 12 meses

Aditivo de 25%: R$ 1.250.000,00.

Prorrogação para outros 12 meses:

D ou prorroga com o valor de R$ 1.000.000,00, sendo possível


aditar mais 25%;

D ou prorroga com o valor de R$ 1.250.000,00, sendo proibido


aditar mais 25%.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

b) Licitação por itens e por lotes?

LICITAÇÃO DIVIDIDA POR ITENS OU LOTES

Licitação Licitação Licitação


adjudicada por adjudicada por adjudicada por
item lote valor global

Aditivo calculado Aditivo calculado Aditivo calculado


pelo item pelo lote pelo global

Doutrina – Manual do TCU


Serão proporcionais aos itens, etapas ou parcelas os acréscimos
ou supressões de quantitativos que se fizerem necessários nos
contratos. Diante da necessidade de se acrescer ou suprimir quan-
tidade de parte do objeto contratado, deve a Administração con-
siderar o valor inicial atualizado do item, etapa ou parcela para
calcular o acréscimo ou a supressão pretendida. (Grifo nosso)
(TCU – Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos:
orientações e jurisprudência do TCU. 4. ed. rev., atual. e ampl.
Brasília: TCU, Secretaria-Geral da Presidência: Senado Federal,
Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2010. p. 804)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE I)

Revista Zênite ILC


A Lei de Licitações permite a determinação unilateral pela Admi-
nistração, de alteração dos quantitativos contratados em até 25%
do valor inicial atualizado do contrato (art. 65, § 1º).
O valor inicial atualizado de que trata o legislador é o valor pac-
tuado no momento da contratação, atualizado de acordo com
eventuais modificações admitidas pelo ordenamento jurídico, a
exemplo de revisão, reajuste ou repactuação de preços, conforme
o caso. Não se inserem nessa expressão os acréscimos efetuados
em momento anterior à alteração pretendida pela Administração.
No caso em exame, os serviços foram contratados pelo menor
valor global, ou seja, trata-se de um contrato com objeto com-
plexo, composto por mais de um item, porém indissociáveis
para fins de formação do negócio jurídico.
Diferente seria se a contratação derivasse de uma licitação por
itens. Isso porque, nesse caso, cada item constitui, em verdade,
um procedimento licitatório distinto dos demais, porém inseridos
dentro de um único certame. A Administração deflagra uma única
licitação, cindida em vários itens, que são processados e julgados
de forma independente um dos outros. Por essa razão, os contra-
tos decorrentes da licitação por itens são autônomos, mesmo que
eventualmente sejam formalizados em apenas um instrumento.
(Grifo nosso)
(Revista Zênite ILC – Informativo de Licitações e
Contratos nº 164, p. 1.050, out./2017)

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AULA 2
Alteração do objeto/projeto –
Acréscimos, supressões e alterações
qualitativas (Parte II)

Professor:

Gustavo Henrique Carvalho Schiefler


Advogado. Doutor em Direito do Estado pela Universida-
de de São Paulo (USP). Mestre e graduado em Direito pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesqui-
sador visitante no Max-Planck-Institut für Ausländisches
und Internationales Privatrecht. Educação Executiva pela
Harvard Law School (Program on Negotiation). Integra a
equipe de professores e consultores externos da Zênite
Informação e Consultoria S.A. Foi secretário-adjunto da
Comissão de Licitações e Contratos da OAB/SC. Autor das
obras Procedimento de Manifestação de Interesse – PMI
(Lumen Juris, 2014) e Diálogos público-privados (no prelo).
Coautor da obra Contratação de serviços técnicos especiali-
zados por inexigibilidade de licitação pública (Zênite, 2015).
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 08

Nas alterações dos contratos de obras de


engenharia, devem ser observados os valores
unitários indicados no Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção
Civil (Sinapi)? Qual a regra e quais os limites
previstos no Decreto nº 7.983/2013?

Decreto nº 7.983/2013
Art. 3º O custo global de referência de obras e serviços de enge-
nharia, exceto os serviços e obras de infraestrutura de transporte,
será obtido a partir das composições dos custos unitários previs-
tas no projeto que integra o edital de licitação, menores ou iguais
à mediana de seus correspondentes nos custos unitários de re-
ferência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil - Sinapi, excetuados os itens caracterizados como
montagem industrial ou que não possam ser considerados como
de construção civil.
Parágrafo único. O Sinapi deverá ser mantido pela Caixa Econô-
mica Federal - CEF, segundo definições técnicas de engenharia da
CEF e de pesquisa de preço realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Art. 4º O custo global de referência dos serviços e obras de infra-


estrutura de transportes será obtido a partir das composições dos
custos unitários previstas no projeto que integra o edital de licita-
ção, menores ou iguais aos seus correspondentes nos custos uni-
tários de referência do Sistema de Custos Referenciais de Obras
- Sicro, cuja manutenção e divulgação caberá ao Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, excetuados os
itens caracterizados como montagem industrial ou que não pos-
sam ser considerados como de infraestrutura de transportes.
[...]
Art. 9º O preço global de referência será o resultante do custo glo-
bal de referência acrescido do valor correspondente ao BDI, que
deverá evidenciar em sua composição, no mínimo:
I - taxa de rateio da administração central;
II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço,
excluídos aqueles de natureza direta e personalística que oneram
o contratado;
III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; e
IV - taxa de lucro.
§ 1º Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcela-
mento do objeto da licitação, nos termos da legislação em vigor,
os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza
específica que possam ser fornecidos por empresas com especiali-
dades próprias e diversas e que representem percentual significati-
vo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de
BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

§ 2º No caso do fornecimento de equipamentos, sistemas e ma-


teriais em que o contratado não atue como intermediário entre o
fabricante e a administração pública ou que tenham projetos, fa-
bricação e logísticas não padronizados e não enquadrados como
itens de fabricação regular e contínua nos mercados nacional ou
internacional, o BDI poderá ser calculado e justificado com base na
complexidade da aquisição, com exceção à regra prevista no § 1º .
[...]
Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por preço
global e de empreitada integral, deverão ser observadas as se-
guintes disposições para formação e aceitabilidade dos preços:
I - na formação do preço que constará das propostas dos licitantes,
poderão ser utilizados custos unitários diferentes daqueles obtidos
a partir dos sistemas de custos de referência previstos neste Decre-
to, desde que o preço global orçado e o de cada uma das etapas
previstas no cronograma físico-financeiro do contrato, observado o
art. 9º , fiquem iguais ou abaixo dos preços de referência da admi-
nistração pública obtidos na forma do Capítulo II, assegurado aos
órgãos de controle o acesso irrestrito a essas informações; e
II - deverá constar do edital e do contrato cláusula expressa de con-
cordância do contratado com a adequação do projeto que integrar
o edital de licitação e as alterações contratuais sob alegação de fa-
lhas ou omissões em qualquer das peças, orçamentos, plantas, es-
pecificações, memoriais e estudos técnicos preliminares do projeto
não poderão ultrapassar, no seu conjunto, dez por cento do valor
total do contrato, computando-se esse percentual para verificação
do limite previsto no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Parágrafo único. Para o atendimento do art. 11, os critérios de


aceitabilidade de preços serão definidos em relação ao preços
global e de cada uma das etapas previstas no cronograma físico-
-financeiro do contrato, que deverão constar do edital de licitação.
Art. 14. A diferença percentual entre o valor global do contrato
e o preço global de referência não poderá ser reduzida em favor
do contratado em decorrência de aditamentos que modifiquem a
planilha orçamentária.
Parágrafo único. Em caso de adoção dos regimes de empreitada
por preço unitário e tarefa, a diferença a que se refere o caput po-
derá ser reduzida para a preservação do equilíbrio econômico-fi-
nanceiro do contrato em casos excepcionais e justificados, desde
que os custos unitários dos aditivos contratuais não excedam os
custos unitários do sistema de referência utilizado na forma des-
te Decreto, assegurada a manutenção da vantagem da proposta
vencedora ante a da segunda colocada na licitação.
Art. 15. A formação do preço dos aditivos contratuais contará com
orçamento específico detalhado em planilhas elaboradas pelo ór-
gão ou entidade responsável pela licitação, na forma prevista no
Capítulo II, observado o disposto no art. 14 e mantidos os limites
do previsto no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

TCU – Acórdão nº 2.196/2017 – Plenário


Voto
11. É certo que a jurisprudência desta Corte admite a existência
de preços unitários situados acima dos valores referenciais, des-

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

de que o preço global fique dentro de limites aceitáveis. Em tais


situações, contudo, é necessária atenção para que a existência de
eventuais termos aditivos não alterem o equilíbrio econômico-
-financeiro do contrato (Acórdãos 183/2014 – Plenário, Relator
MinistroSubstituto Augusto Sherman Cavalcanti, 1064/2009 –
Plenário, Relator Ministro Augusto Nardes, 1.219/2014, Relato-
ra Ministra Ana Arraes, entre outros) . Nesse sentido, o Decreto
7.983/2013 prevê, em seu artigo 14, que “a diferença percentual
entre o valor do contrato e o preço global de referência não po-
derá ser reduzida em favor do contratado em decorrência de adi-
tamentos que modifiquem a planilha orçamentária”. (Grifo nosso)
(Relator: José Múcio Monteiro; Data do Julgamento: 04/10/2017)

TCU – Acórdão nº 1.727/2018 – Primeira Câmara


Enunciado
Para a apuração de sobrepreço em obras já contratadas, o méto-
do adequado é o da limitação do preço global (MLPG) , que prevê
a compensação entre os preços superavaliados e os subavaliados,
só havendo sobrepreço ou superfaturamento se a soma dos valo-
res superavaliados superar os subavaliados, imputando-se o so-
brepreço pela diferença global. Para serviços incluídos mediante
termo de aditamento contratual, a avaliação de superfaturamen-
to é mais indicada pelo método da limitação dos preços unitários
(MLPU) , que considera apenas os serviços com preço unitário aci-
ma do referencial, sem compensação com itens subavaliados.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 06/03/2018)

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 09
Com relação à contratação de obras e serviços
de engenharia e às alterações dos contratos,
quais as novidades da nova Lei sobre:
a) os regimes de execução e os impactos nas
alterações contratuais

Empreitada
por preço
unitário
Empreitada
por preço
Fornecimento e global
prestação de
serviço associado

REGIMES DE EXECUÇÃO
PARA OBRAS E SERVIÇOS Empreitada
integral
DE ENGENHARIA
Contratação
semi-integrada

Contratação
Contratação por tarefa
integrada

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Lei nº 14.133/2021
Art. 46. Na execução indireta de obras e serviços de engenharia,
são admitidos os seguintes regimes:
I - empreitada por preço unitário;
II - empreitada por preço global;
III - empreitada integral;
IV - contratação por tarefa;
V - contratação integrada;
VI - contratação semi-integrada;
VII - fornecimento e prestação de serviço associado.
§ 1º É vedada a realização de obras e serviços de engenharia sem
projeto executivo, ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 18
desta Lei.
§ 2º A Administração é dispensada da elaboração de projeto bá-
sico nos casos de contratação integrada, hipótese em que deverá
ser elaborado anteprojeto de acordo com metodologia definida
em ato do órgão competente, observados os requisitos estabele-
cidos no inciso XXIV do art. 6º desta Lei.
§ 3º Na contratação integrada, após a elaboração do projeto bá-
sico pelo contratado, o conjunto de desenhos, especificações,
memoriais e cronograma físico-financeiro deverá ser submetido
à aprovação da Administração, que avaliará sua adequação em
relação aos parâmetros definidos no edital e conformidade com
as normas técnicas, vedadas alterações que reduzam a qualidade
ou a vida útil do empreendimento e mantida a responsabilidade
integral do contratado pelos riscos associados ao projeto básico.
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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

§ 4º Nos regimes de contratação integrada e semi-integrada, o


edital e o contrato, sempre que for o caso, deverão prever as pro-
vidências necessárias para a efetivação de desapropriação autori-
zada pelo poder público, bem como:
I - o responsável por cada fase do procedimento expropriatório;
II - a responsabilidade pelo pagamento das indenizações devidas;
III - a estimativa do valor a ser pago a título de indenização pelos
bens expropriados, inclusive de custos correlatos;
IV - a distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o risco
pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa de
valor e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso
na disponibilização dos bens expropriados;
V - em nome de quem deverá ser promovido o registro de imissão
provisória na posse e o registro de propriedade dos bens a serem
desapropriados.
§ 5º Na contratação semi-integrada, mediante prévia autorização
da Administração, o projeto básico poderá ser alterado, desde
que demonstrada a superioridade das inovações propostas pelo
contratado em termos de redução de custos, de aumento da qua-
lidade, de redução do prazo de execução ou de facilidade de ma-
nutenção ou operação, assumindo o contratado a responsabilida-
de integral pelos riscos associados à alteração do projeto básico.
§ 6º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida
da conclusão e da aprovação, pela autoridade competente, dos
trabalhos relativos às etapas anteriores.
§ 7º (VETADO).

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

§ 8º (VETADO).
§ 9º Os regimes de execução a que se referem os incisos II, III, IV, V
e VI do caput deste artigo serão licitados por preço global e ado-
tarão sistemática de medição e pagamento associada à execução
de etapas do cronograma físico-financeiro vinculadas ao cumpri-
mento de metas de resultado, vedada a adoção de sistemática de
remuneração orientada por preços unitários ou referenciada pela
execução de quantidades de itens unitários.
[...]
Art. 133. Nas hipóteses em que for adotada a contratação inte-
grada ou semi-integrada, é vedada a alteração dos valores contra-
tuais, exceto nos seguintes casos:
I - para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro de-
corrente de caso fortuito ou força maior;
II - por necessidade de alteração do projeto ou das especificações
para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, a
pedido da Administração, desde que não decorrente de erros ou
omissões por parte do contratado, observados os limites estabe-
lecidos no art. 125 desta Lei;
III - por necessidade de alteração do projeto nas contratações se-
mi-integradas, nos termos do § 5º do art. 46 desta Lei;
IV - por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz de
riscos como de responsabilidade da Administração.

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ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

b) as falhas nos projetos e a apuração de


responsabilidade

Lei nº 14.133/2021
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
[...]
§ 1º Se forem decorrentes de falhas de projeto, as alterações de
contratos de obras e serviços de engenharia ensejarão apuração
de responsabilidade do responsável técnico e adoção das provi-
dências necessárias para o ressarcimento dos danos causados à
Administração.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

c) a manutenção da diferença percentual entre o


preço global do contrato e o preço de referência
nas alterações contratuais

Lei nº 14.133/2021
Art. 128. Nas contratações de obras e serviços de engenharia, a
diferença percentual entre o valor global do contrato e o preço
global de referência não poderá ser reduzida em favor do contra-
tado em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha
orçamentária.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 10

Qual a disciplina da nova Lei com relação


ao direito do contrato de ser indenizado
diante de supressões dos contratos?
Quais as referências e os limites para esse
ressarcimento?

Lei nº 14.133/2021
Art. 129. Nas alterações contratuais para supressão de obras, bens
ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e os
colocado no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Ad-
ministração pelos custos de aquisição regularmente comprova-
dos e monetariamente reajustados, podendo caber indenização
por outros danos eventualmente decorrentes da supressão, des-
de que regularmente comprovados.

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 11

Sendo necessário o aditamento de serviço ou


obra de itens para os quais não haja valores
unitários, qual a solução prevista na Lei nº
8.666/1993 e na nova Lei? Qual a diferença
entre os regimes?

Lei nº 8.666/1993
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
[...]
§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor
inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de
edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por
cento) para os seus acréscimos.
[...]
§ 3º Se no contrato não houverem sido contemplados preços uni-
tários para obras ou serviços, esses serão fixados mediante acordo
entre as partes, respeitados os limites estabelecidos no § 1o deste
artigo.

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ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Lei nº 14.133/2021
Art. 127. Se o contrato não contemplar preços unitários para
obras ou serviços cujo aditamento se fizer necessário, esses serão
fixados por meio da aplicação da relação geral entre os valores da
proposta e o do orçamento-base da Administração sobre os pre-
ços referenciais ou de mercado vigentes na data do aditamento,
respeitados os limites estabelecidos no art. 125 desta Lei.

66
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 12

Uma inovação importante na nova Lei é a


previsão de que a formalização do termo
aditivo é condição para a execução pelo
contratado de alterações ao contrato. Qual o
efeito prático dessa disciplina?

Formalização Condição para


do termo aditivo execução
contratual

E os casos Implicações
urgentes? jurídicas

67
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Lei nº 14.133/2021
Art. 132. A formalização do termo aditivo é condição para a exe-
cução, pelo contratado, das prestações determinadas pela Admi-
nistração no curso da execução do contrato, salvo nos casos de
justificada necessidade de antecipação de seus efeitos, hipótese
em que a formalização deverá ocorrer no prazo máximo de 1 (um)
mês.

68
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 13

É possível acrescer quantitativamente


o objeto da ata de registro de preços e o
contrato decorrente? Qual a disciplina do
Decreto nº 7.892/2013 e da nova Lei sobre
esse tema?

Decreto nº 7.892/2013
Art. 12. O prazo de validade da ata de registro de preços não será
superior a doze meses, incluídas eventuais prorrogações, confor-
-me o inciso III do § 3º do art. 15 da Lei nº 8.666, de 1993.
§ 1º É vedado efetuar acréscimos nos quantitativos fixados pela
ata de registro de preços, inclusive o acréscimo de que trata o § 1º
do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
[...]
§ 3º Os contratos decorrentes do Sistema de Registro de Preços
poderão ser alterados, observado o disposto no art. 65 da Lei nº
8.666, de 1993.

69
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

HIPÓTESE VEDADA – ART. 12, § 1º, DO DECRETO Nº


7.892/2013

Ata assinada em 1º de novembro de 2020

Quantidade registrada: 100 unidades

CONTRATO 1 CONTRATO 2 CONTRATO 3 CONTRATO 4


40 UNIDADES 10 UNIDADES 30 UNIDADES 45 UNIDADES

HIPÓTESE AUTORIZADA – ART. 12, § 3º, DO DECRETO Nº


7.892/2013

Ata assinada em 1º de novembro de 2020

Quantidade registrada: 100 unidades

CONTRATO 1 CONTRATO 2 CONTRATO 3 CONTRATO 4


40 UNIDADES 10 UNIDADES 30 UNIDADES 45 UNIDADES

Acréscimo de 25%
Art. 65, § 1º, da
Lei nº 8.666/1993

70
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 39


Acórdão 1391/2014 Plenário (Representação, Relatora Minis-
tra Ana Arraes)
Licitação. Registro de preços. Serviços contínuos.
Aplicam-se aos contratos decorrentes de ata de registro de pre-
ços os limites de alterações contratuais previstos no art. 65 da Lei
8.666/93, de forma que não há possibilidade de utilização deste
sistema para viabilizar alterações ilimitadas de quantitativo de
serviço constante no contrato celebrado com base na respectiva
ata.

71
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 14

Os contratos decorrentes de dispensa e de


inexigibilidade de licitação podem ser objeto
de alterações unilaterais quantitativas e
qualitativas? Quais os limites para essas
alterações?

Lei nº 8.666/1993
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,
para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face

72
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais


originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por
imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor ini-
cial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação
ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra-
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou ser-
viço;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmen-
te entre os encargos do contratado e a retribuição da administra-
ção para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis,
ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardado-
res ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso
de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
álea econômica extraordinária e extracontratual. (Grifo nosso)

Lei nº 14.133/2021
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações,
para melhor adequação técnica a seus objetivos;

73
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

b) quando for necessária a modificação do valor contratual em


decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo entre as partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da
obra ou do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por
imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor ini-
cial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação
ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contra-
prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou ser-
viço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe
ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de conse-
quências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato
tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição
objetiva de risco estabelecida no contrato. (Grifo nosso)

74
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

TCU – Acórdão nº 213/2017 – Plenário


Voto
28. Assim, eventuais efeitos do Acórdão 1.800/2016-TCU-Plenário
sobre os contratos atualmente em vigor e aqueles em vias de se-
rem firmados pela ECT refogem ao presente processo, devendo
ser avaliados caso a caso, até porque é bastante previsível que in-
finitas situações deverão surgir, cada uma apresentando suas par-
ticularidades, sendo possível até mesmo a existência de circuns-
tância em que, por exemplo, ocorra inviabilidade de competição
e seja justificada a contratação direta pela hipótese de inexigibili-
dade, nos termos do art. 25 da Lei 8.666/1993.
29. De todo modo, não é demais relembrar que, nos termos da ju-
risprudência do Tribunal, cada ato de prorrogação equivale a uma
renovação contratual (p.ex., Acórdãos 6.286/2010-TCU-1ª Câmara
e 1.029/2009-TCU-2ª Câmara) . Assim, a decisão pela prorroga-
ção de uma contratação direta deve ser devidamente planejada e
motivada, principalmente mediante a indicação da hipótese legal
ensejadora da dispensa ou inexigibilidade de licitação, que, por
óbvio, deve ser válida no momento do ato de prorrogação con-
tratual. Resta evidente que, não sendo mais cabível a contratação
direta, o órgão ou entidade contratante deve realizar o devido
procedimento licitatório."
(Relator: Bruno Dantas; Data do Julgamento: 15/02/2017)

75
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

Caso prático
A Secretaria de Saúde do Estado XY adquiriu dez equipamentos
com fundamento no art. 25, inc. I, da Lei nº 8.666/93, já que são
fornecidos exclusivamente pela empresa “Z”. Esse contrato tem o
custo de R$ 1.000.000,00.

Quando da entrega do oitavo equipamento, atendido pontual-


mente o cronograma contratual, o agente público da Secretaria
avisa que haverá necessidade de mais sete equipamentos.

Indaga-se:
a É possível esse acréscimo que importará em mais

R$ 500.000,00?

b Caso positivo, deve ser celebrado termo aditivo ao contrato?


c E se esse contrato fosse fruto de pregão, a resposta seria
diferente?

76
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

AGU – Orientação Normativa NAJ-MG nº 03/2009


TERMO ADITIVO DE CONTRATO VISANDO ACRÉSCIMO SUPE-
RIOR A 25% (Art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/1993). Em caso de con-
tratação direta fundada em INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO (Art.
25 da Lei nº 8.666/1993), respeitado o art. 3º da Lei 8666/1993, é
possível o acréscimo, desde que conste justificativa expressa, ob-
servando-se os princípios da economicidade e da eficiência. Face
à inviabilidade de competição, é desnecessária a realização de
novo procedimento de inexigibilidade de licitação idêntico ao
que deu origem à contratação que se pretende aditar, alteran-
do-se apenas o valor do objeto da contratação. (Grifo nosso)

TCU – Acórdão nº 448/2011 – Plenário


Relatório
182. Ante toda a análise realizada, têm-se os seguintes entendi-
mentos:
a) o Termo Aditivo 01/2010, que extrapolou o limite de alteração
contratual disposto art. 65, § 1º da Lei de Licitações, não atende
cumulativamente aos pressupostos da Decisão 215/1999-TCU-
-Plenário, tendo inserido novo objeto ao Contrato 22/2007 - fra-
cionamento do plasma -, que transfigura a sua natureza original;
[...]
b) inobstante o citado na alínea anterior, sopesadas as vantagens
e os riscos de eventual anulação do mencionado termo aditi-
vo para que nova licitação e novo contrato fossem realizados,
entende-se que não haveria efeitos práticos nessa solução, uma
vez que é provável que o próprio LFB fosse contratado pela via

77
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

de inexigibilidade, bem como há o perigo inverso de, com a anu-


lação do aditivo já em execução, gerar entraves ao fornecimento
do plasma fracionado, prejudicando, com isso, a população que
é beneficiada pelo serviço, exposta, como se sabe, à situação de
risco caso faltem tais produtos hemoderivados.
[...]
184. Deve-se frisar que essa proposta não constitui precedente
para que casos de extrapolação dos limites legais para aditamento
de contratos sejam validados, tendo sido considerada, para a atual
proposta, a peculiaridade e excepcionalidade do caso em análise.
[...]
Voto
3. Quanto ao mérito, manifesto, desde já, minha concordância
com as conclusões alcançadas pela unidade técnica no sentido de
que as informações encaminhadas pela Hemobrás e pelo LFB em
resposta aos questionamentos suscitados nestes autos podem ser
consideradas, de modo geral, suficientes para o esclarecimento
de dúvidas e para melhor entendimento da celebração do termo
aditivo 01/2010 ao contrato 22/2007, aditivo este que ensejou in-
cremento de aproximadamente 2.700% ao valor inicialmente
pactuado, [...] ao prever que o LFB passaria a se encarregar não só
da transferência de tecnologia referente ao processo de produção
de hemoderivados, mas também da própria execução dos servi-
ços de fracionamento de plasma captado no Brasil.
4. A exemplo do que concluiu a Secex/4, entendo que, embora a
assinatura do aditivo 01/2010 não se coadune com a decisão
215/1999-Plenário e, por conseguinte, tenha representado, a

78
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

princípio, afronta ao art. 65, § 1º, da Lei 8.666, de 21/6/1993, [...]


o resultado prático da realização de processo licitatório distinto
possivelmente seria o mesmo, qual seja, a contratação do Labora-
toire Français du Fractionnement et des Biotechnologies, uma vez
que este laboratório foi o único a participar da concorrência in-
ternacional que precedeu o contrato 22/2007. (Grifo nosso)
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 23/02/2011)

SÍNTESE DO RACIOCÍNIO

Quando uma alteração contratual pretendida pela Administra-


ção Pública ultrapassa o limite legal estabelecido, a solução para
satisfazer aquela necessidade é realizar uma nova contratação, o
que requer, em regra, uma nova licitação pública.

Ocorre que alguns contratos administrativos não foram precedi-


dos de licitação, seja porque houve a sua dispensa ou a inexigibili-
dade. Logo, caso seja necessário promover uma nova contratação
em virtude de uma alteração pretendida que supera os limites le-
gais, é possível que a pessoa a ser contratada seja exatamente a
mesma que celebrou o contrato administrativo em primeiro lugar.

Nesse caso, se o atual contratado seria exatamente a mesma pes-


soa a ser contratada por ocasião do novo contrato administrativo,
não é razoável impedir que se promova a simples alteração do
contrato. Lembre-se que o novo contrato somente seria celebra-
do para conformar o conteúdo contratual que, embora pudesse
ser inserido no atual contrato administrativo, superaria os limites
legais da alteração.

79
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

QUESTÃO 15

A IN nº 53/2020 passou a prever a


possibilidade de cessão de direitos de créditos
decorrentes de contratos administrativos.
Poderá ser prevista nos contratos em
andamento por termo aditivo? Como
funcionará essa cessão e quais os cuidados
para a sua implementação? Essa previsão
poderá ser recepcionada pela nova Lei?

(Disponível em: https://www.gov.br/compras/pt-br/antecipagov)

80
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

(BRASIL. Ministério da Economia. Fornecedores poderão fazer empréstimos e


financiamentos utilizando contratos administrativos. 9 jul. 2020. Disponível
em: https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/noticias/2020/
julho/fornecedores-poderao-fazer-emprestimos-e-financiamentos-
utilizando-contratos-administrativos. Acesso em: 13 out. 2020)

IN nº 53/2020
Regra de Transição
Art. 19. Os contratos em andamento poderão ser objeto de ope-
ração de crédito nos temos desta Instrução Normativa, desde que
celebrado termo aditivo, conforme disposto na alínea "c" do inci-
so II do art. 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

81
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
PLATAFORMAS FINANCEIRAS
FORNECEDOR ADMINISTRAÇÃO

(Vídeo explicativo em: https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-


a-informacao/noticias/fornecedores-poderao-fazer-emprestimos-
e-financiamentos-utilizando-contratos-administrativos)

Portaria nº 21.332/2020
Dispõe sobre o Termo de Adesão para acesso ao Portal de Crédito
Digital pelas instituições gestoras das plataformas e as institui-
ções financeiras tipo I de que trata a Instrução Normativa nº 53,
de 8 de julho de 2020.

Portaria SEGES/ME nº 382/2021


Divulga percentual que deverá ser observado pelas instituições
financeiras tipo I e pelas gestoras das plataformas na utilização de
ambientes de tecnologia da informação e comunicação do gover-
no federal, de que trata a Instrução Normativa nº 53, de 8 de julho
de 2020.

82
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO OBJETO/PROJETO – ACRÉSCIMOS, SUPRESSÕES E ALTERAÇÕES QUALITATIVAS (PARTE II)

AntecipaGov – Perguntas e Respostas


Janeiro de 2021
1. O que é o AntecipaGov?
O AntecipaGov é uma iniciativa de fomento ao mercado instituída
pelo Ministério da Economia, vinculada ao Sistema de Compras
do Governo Federal (ComprasNet 4.0). Permite que fornecedores
utilizem seus contratos administrativos como garantia para soli-
citar empréstimos e financiamentos em instituições financeiras
credenciadas pelo Ministério da Economia (ME). As operações são
realizadas por meio do Portal de Crédito AntecipaGov de maneira
ágil, padronizada, transparente e segura. O portal de Crédito é a
plataforma que realizará as operações de crédito de antecipação
de recebíveis. O portal traz informações sobre os contratos, faz
conexão entre o mercado fornecedor, a Administração Pública e
as instituições financeiras
(Disponível em: https://www.gov.br/compras/pt-br/antecipagov/
midia/perguntas-e-respostas-antecipagov.pdf )

83
AULA 3
Alteração de prazo – Prorrogação
dos prazos de execução e de
vigência

Professor:
Joel de Menezes Niebuhr
Advogado inscrito na OAB/SC sob o nº 12.639. Doutor em Di-
reito Administrativo pela PUC/SP. Mestre em Direito pela UFSC.
Professor Convidado de cursos de especialização em Direito
Administrativo. Autor dos livros: Princípio da isonomia na licita-
ção pública (Florianópolis: Obra Jurídica, 2000); O novo regime
constitucional da medida provisória (São Paulo: Dialética, 2001);
Dispensa e inexigibilidade de licitação pública (3. ed. Belo Hori-
zonte: Fórum, 2011); Pregão presencial e eletrônico (8. ed. Belo
Horizonte: Fórum, 2020); Registro de preços: aspectos práticos e
jurídicos (2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013, em coautoria com
Edgar Guimarães); Licitação pública e contrato administrativo
(4. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2015); Licitações e contratos das
estatais (Belo Horizonte: Fórum, 2018, em coautoria com Pedro
de Menezes Niebuhr); e Regime emergencial de contratação
pública para o enfrentamento à pandemia do covid-19 (Belo
Horizonte: Fórum, 2020), além de diversos artigos e ensaios
publicados em revistas especializadas.
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 16

O que envolve o prazo de execução e o prazo


de vigência?

PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

VALIDADE VIGÊNCIA EFICÁCIA

Devidamente assinado
Aptidão para
pelas partes e de Se produz efeitos
produzir efeitos
acordo com a ordem
legal

PRAZO DE EXECUÇÃO E PRAZO DE VIGÊNCIA

Prazo de execução – Prazo que o contratado tem para executar o


objeto do contrato

Prazo de vigência – Prazo em que o contrato permanece apto a


produzir efeitos

85
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO E CONTRATO DE


ESCOPO

Contrato por prazo determinado: o tempo extingue a obrigação


principal do contratado

Contrato de escopo: o tempo não extingue a obrigação principal


do contratado

86
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 17

Quais as regras previstas no art. 57 da Lei nº


8.666/1993 sobre os prazos dos contratos?
Em que casos deve ser ampliado o prazo de
execução? Quais os requisitos legais para a
prorrogação excepcional prevista no § 4º do
art. 57 da Lei de Licitações?

Lei nº 8.666/1993
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará ads-
trita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas
estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorroga-
dos se houver interesse da Administração e desde que isso tenha
sido previsto no ato convocatório;
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua,
que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos
períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais van-
tajosas para a administração, limitada a sessenta meses;
III - (VETADO)

87
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de


informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48
(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art.
24, cujos contratos poderão ter vigência por até 120 (cento e vin-
te) meses, caso haja interesse da administração.
§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas
do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econô-
mico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho
à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
ções de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra-
to, nos limites permitidos por esta Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de ter-
ceiro reconhecido pela Administração em documento contempo-
râneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração,
inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, direta-
mente, impedimento ou retardamento na execução do contrato,
sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

88
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito


e previamente autorizada pela autoridade competente para cele-
brar o contrato.
§ 3º É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.
§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante
autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o inciso II
do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses.
[...]
Art. 79. [...]
§ 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação do contra-
to, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente
por igual tempo. (Grifo nosso)

TCU – Súmula nº 191


Torna-se, em princípio, indispensável a fixação limites de vigência
dos contratos administrativos, de forma que o tempo não compro-
meta as condições originais da avença, não havendo, entretanto,
obstáculo jurídico à devolução de prazo, quando a Administração
mesma concorre, em virtude da própria natureza do avençado,
para interrupção da sua execução pelo contratante.
(DOU de 09/11/1982)

89
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

TCU – Acórdão nº 178/2019 – Plenário


Voto
10. Outro caso são os atrasos ocorridos unicamente em decor-
rência da incapacidade da contratada em cumprir o prazo ajus-
tado. Mesmo quando a má avaliação provenha do projeto – e isso
é recorrente –, se não existir modificação do cenário inicialmente
pactuado, a empresa não faz jus à revisão do valor contratado;
e nem, imediatamente, à dilação do prazo. O fato não encon-
tra enquadramento nos ditames do art. 65 da Lei 8.666/93. Não
houve situação imprevista ou agressão às das condições primei-
ramente avençadas que motivem a recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
11. Ademais, aquele prazo inicialmente previsto era exigência uni-
forme a todas as licitantes, que estimaram equipamentos e mão
de obra para formarem seus preços. O relaxamento desta obriga-
ção, portanto, é altamente anti-isonômica.
12. Nessas situações, portanto, a Administração poderia, sim, re-
compor o prazo; mas não sem antes aplicar as multas contratuais
pelo adimplemento das obrigações avençadas. E jamais recom-
poria o valor do empreendimento em razão dos custos aumenta-
dos com administração e canteiro. (Grifo nosso)
(Relator: Walton Alencar Rodrigues; Data do Julgamento: 06/02/2019)

90
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

TCU – Acórdão nº 2.066/2012 – Plenário


Relatório
137. Quanto à prorrogação de prazo de execução do Contrato nº
110/2009 por mais 73 dias, a partir da análise do contexto da obra,
constatou-se a existência de eventos provocados pela Admi-
nistração (deficiência do projeto básico) e de fato de terceiro
(dificuldade com fornecedores de formas e concreto; impossi-
bilidade de planejamento até a liberação do canteiro) que jus-
tificavam a alteração, em observância ao disposto no art. 57,
§1º, da Lei 8.666/93. (Grifo nosso)
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 08/08/2012)

Lei nº 8.666/1993
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará ads-
trita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
quanto aos relativos:
[...]
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua,
que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos
períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais van-
tajosas para a administração, limitada a sessenta meses;
[...]
§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante
autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o inciso II
do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze meses.

91
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

Excepcionalidade

PRORROGAÇÃO Justificativa em
interesse público
EXCEPCIONAL (vantajosidade)

Autorização da
Competência
autoridade
discricionária
superior

TCU – Acórdão nº 1.159/2008 – Plenário


[...]
9.2. determinar à [...] que:
9.2.1. utilize a faculdade prevista no § 4º do art. 57 da Lei nº
8.666/1993 somente em caráter excepcional ou imprevisível,
para atender fato estranho à vontade das partes, abstendo-se
de realizá-la apenas com a justificativa de preços mais vantajo-
sos à Administração; (Grifo nosso)
(Relator: Marcos Vinicios Vilaça; Data do Julgamento: 18/06/2008)

92
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 18

Sobre a duração dos contratos e a disciplina


da nova Lei, pergunta-se:
a) Qual o prazo dos contratos de serviços e
fornecimentos contínuos? Qual o prazo máximo
considerando prorrogações? Quais as condições
para a prorrogação?
b) Quais contratos poderão ter prazo de 10 anos,
15 anos, 35 anos e prazo indeterminado?
c) No art. 105 da nova Lei está prevista a
possibilidade de a Administração extinguir o
contrato sem ônus quando não dispuser de
crédito orçamentário ou o contrato não mais
lhe oferecer vantagem. Em que condições e
situações isso poderá ser aplicado?
d) Qual a disciplina sobre prorrogação dos
contratos por escopo?

93
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

SERVIÇOS CONTÍNUOS E EXTINÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE


CRÉDITO ORÇAMENTÁRIO

Lei nº 14.133/2021
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a pre-
vista em edital, e deverão ser observadas, no momento da contra-
tação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos
orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual, quan-
do ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.
Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com prazo
de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços e fornecimentos
contínuos, observadas as seguintes diretrizes:
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante
deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em ra-
zão da contratação plurianual;
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de
cada exercício, a existência de créditos orçamentários vinculados
à contratação e a vantagem em sua manutenção;
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem
ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários para sua
continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe
oferece vantagem.
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo
ocorrerá apenas na próxima data de aniversário do contrato e

94
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado


da referida data.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos
e à utilização de programas de informática.
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos po-
derão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência má-
xima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autorida-
de competente ateste que as condições e os preços permanecem
vantajosos para a Administração, permitida a negociação com o
contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das
partes.
[...]
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual
deverá ser formalmente motivada nos autos do processo, asse-
gurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações:
[...]
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade má-
xima do órgão ou da entidade contratante;
Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, ex-
ceto no caso de descumprimento decorrente de sua própria con-
duta;
II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por
mediação ou por comitê de resolução de disputas, desde que haja
interesse da Administração;

95
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula


compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.
§ 1º A extinção determinada por ato unilateral da Administração
e a extinção consensual deverão ser precedidas de autorização
escrita e fundamentada da autoridade competente e reduzidas a
termo no respectivo processo.
§ 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da
Administração, o contratado será ressarcido pelos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido e terá direito a:
I - devolução da garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de
extinção;
III - pagamento do custo da desmobilização.

PRAZOS

Lei nº 14.133/2021
Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo
de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas nas alíneas “f” e “g” do
inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por pra-
zo indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço
público oferecido em regime de monopólio, desde que compro-
vada, a cada exercício financeiro, a existência de créditos orça-
mentários vinculados à contratação.

96
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de efici-


ência que gere economia para a Administração, os prazos serão
de:
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento,
assim considerados aqueles que impliquem a elaboração de ben-
feitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do
contratado, que serão revertidas ao patrimônio da Administração
Pública ao término do contrato.
[...]
Art. 113. O contrato firmado sob o regime de fornecimento e
prestação de serviço associado terá sua vigência máxima definida
pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega
da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manuten-
ção, este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebi-
mento do objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma do
art. 107 desta Lei.
Art. 114. O contrato que previr a operação continuada de siste-
mas estruturantes de tecnologia da informação poderá ter vigên-
cia máxima de 15 (quinze) anos.

97
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

ESCOPO

Lei nº 14.133/2021
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo pre-
definido, o prazo de vigência será automaticamente prorrogado
quando seu objeto não for concluído no período firmado no con-
trato.
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do
contratado:
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as res-
pectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nes-
se caso, adotará as medidas admitidas em lei para a continuidade
da execução contratual.

98
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 19

Quais os requisitos previstos na IN nº 05/2017


para prorrogar o prazo dos contratos de
serviços? Deve ser realizada nova pesquisa
de preços? Qual a disciplina da nova Lei
sobre a demonstração da vantajosidade para
prorrogação? Quais os entendimentos do TCU
e da AGU?

IN nº 05/2017 – ANEXO IX
3. Nas contratações de serviços continuados, o contratado não tem
direito subjetivo à prorrogação contratual que objetiva a obtenção
de preços e condições mais vantajosas para a Administração, po-
dendo ser prorrogados, a cada 12 (doze) meses, até o limite de 60
(sessenta) meses, desde que a instrução processual contemple:
a) estar formalmente demonstrado que a forma de prestação dos
serviços tem natureza continuada;
b) relatório que discorra sobre a execução do contrato, com
informações de que os serviços tenham sido prestados regular-
mente;
c) justificativa e motivo, por escrito, de que a Administração
mantém interesse na realização do serviço;

99
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

d) comprovação de que o valor do contrato permanece economi-


camente vantajoso para a Administração;
e) manifestação expressa da contratada informando o interesse
na prorrogação; e
f) comprovação de que o contratado mantém as condições ini-
ciais de habilitação.
4. A comprovação de que trata a alínea “d” do item 3 acima deve
ser precedida de análise entre os preços contratados e aqueles
praticados no mercado de modo a concluir que a continuidade
da contratação é mais vantajosa que a realização de uma nova
licitação, sem prejuízo de eventual negociação com a contratada
para adequação dos valores àqueles encontrados na pesquisa de
mercado.
5. A prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e pre-
viamente autorizada pela autoridade competente do setor de
licitações, devendo ser promovida mediante celebração de termo
aditivo, o qual deverá ser submetido à aprovação da consultoria
jurídica do órgão ou entidade contratante.
6. Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante
autorização da autoridade competente do setor de licitações, o
prazo de sessenta meses de que trata o item 3 deste Anexo poderá
ser prorrogado por até doze meses.
7. A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos
com mão de obra exclusiva estará assegurada, sendo dispensada
a realização de pesquisa de mercado, nas seguintes hipóteses:

100
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

a) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos


itens envolvendo a folha de salários serão efetuados com base
em Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou em
decorrência de lei;
b) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorren-
tes de Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho e de lei) e
materiais serão efetuados com base em índices oficiais, previamen-
te definidos no contrato, que guardem a maior correlação possível
com 108 o segmento econômico em que estejam inseridos tais in-
sumos ou materiais ou, na falta de qualquer índice setorial, o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE); e
c) no caso dos serviços continuados de limpeza, conservação,
higienização e de vigilância, os valores de contratação ao longo
do tempo e a cada prorrogação serão iguais ou inferiores aos li-
mites estabelecidos em ato normativo da Secretaria de Gestão do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
8. No caso da alínea “c” do item 7 acima se os valores forem su-
periores aos fixados pela Secretaria de Gestão do Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, caberá negociação ob-
jetivando a redução de preços de modo a viabilizar economica-
mente as prorrogações de contrato.
9. A Administração deverá realizar negociação contratual para
a redução e/ou eliminação dos custos fixos ou variáveis não
renováveis que já tenham sido amortizados ou pagos no primeiro
ano da contratação.

101
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

10. Nos contratos cuja duração, ou previsão de duração, ultrapas-


se um exercício financeiro, deverá ser indicado o crédito e respec-
tivo empenho para atender à despesa no exercício em curso, bem
como cada parcela da despesa relativa à parte a ser executada em
exercício futuro, com a declaração de que, em termos aditivos ou
apostilamentos, indicar-se-ão os créditos e empenhos para sua
cobertura.
11. A Administração não poderá prorrogar o contrato quando:
a) os preços contratados estiverem superiores aos estabeleci-
dos como limites em ato normativo da Secretaria de Gestão do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, admitin-
do-se a negociação para redução de preços; ou
b) a contratada tiver sido penalizada nas sanções de declaração
de inidoneidade, suspensão temporária ou impedimento de lici-
tar e contratar com poder público, observadas as abrangências de
aplicação.
12. Nos contratos de prestação de serviços de natureza continua-
da, deve-se observar que:
a) o prazo de vigência originário, de regra, é de 12 (doze) meses;
b) excepcionalmente, este prazo poderá ser fixado por período
superior a 12 meses, nos casos em que, diante da peculiaridade e/
ou complexidade do objeto, fique tecnicamente demonstrado o
benefício advindo para a Administração; e
c) é juridicamente possível a prorrogação do Contrato por prazo
diverso do contratado originalmente.

102
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

TCU – Acórdão nº 1.464/2019 – Plenário


Enunciado
A demonstração da vantagem de renovação de contrato de ser-
viços de natureza continuada deve ser realizada mediante ampla
pesquisa de preços, priorizando-se consultas a portais de com-
pras governamentais e a contratações similares de outros entes
públicos, utilizando-se apenas subsidiariamente a pesquisa com
fornecedor.
Voto
Acolho a proposta de aplicação de multa aos gestores responsá-
veis pela prorrogação do contrato referente ao fornecimento de
refeições, dada a gravidade de sua conduta negligente.
Vasta jurisprudência do Tribunal dispõe que a demonstração da
vantagem de renovação de contrato de serviços de natureza con-
tinuada, deve ser realizada com ampla pesquisa de preços, priori-
zando-se consultas a portais de compras governamentais e a con-
tratações similares de outros entes públicos, utilizando-se apenas
subsidiariamente a pesquisa com fornecedores. Nesse sentido
são os acórdãos 713/2019, 1548/2018, 1604/2017, 718/2018 e
2787/2017, 403/2013, 1002/2015-Plenário.
No presente caso, a pesquisa de preço foi dissonante da jurispru-
dência e dos normativos vigentes, pois realizada com apenas três
fornecedores, entre eles a própria contratada. Os outros dois va-
lores apresentados foram muito díspares, de R$ 21,80 e R$ 11,09.
Ademais, restou cristalino que os responsáveis desconsideraram
contratação recente da própria UFS, de seu amplo conhecimento,

103
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

com preço de R$ 8,11 por refeição, aproximadamente 40% infe-


rior ao ajustado na prorrogação.
As razões de justificativa apresentadas não foram capazes de sa-
nar ou atenuar a irregularidade praticada, pois além de não de-
monstrarem as peculiaridades alegadas, a equipe de fiscalização
demonstrou a similaridade dos objetos, a demanda cinco vezes
maior do contrato prorrogado, capaz de motivar preços menores,
bem como a possibilidade de realização de pesquisas em portais
de compras governamentais e outros órgãos.
Consulta ao painel de preços do Governo Federal revelou preço
médio praticado em outras instituições federais de ensino su-
perior sediadas na região Nordeste de R$ 7,83 por refeição, com
desvio padrão de R$1,11, enquanto o valor pactuado no ajuste
prorrogado foi de R$ 11,47.
A fiscal de contrato [omissis 1], mediante Acórdão 2692/2019-TCU-
-Plenário, foi multada por sua participação na elaboração do ter-
mo de referência do pregão eletrônico que originou o contrato
151/2014. A responsável, ao participar da prorrogação da avença,
cometeu irregularidade da mesma natureza da praticada na ela-
boração do termo de referência do certame, a definição de preço-
-base insuficientemente motivado, o que demonstra sua contínua
atuação negligente.
O diretor do restaurante universitário, [omissis 2], manifestou-se
pela existência de vantagem econômica no preço do contrato
151/2014, com base em pesquisa de preços claramente irregular.
Também era de conhecimento desse gestor a contratação da UFS

104
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

para o campus de Lagarto. Assim, pertinente aplicar-lhe a multa


prevista no artigo 58 da Lei 8.443/1992.
(Relator: Walton Alencar Rodrigues; Data do Julgamento: 26/06/2019)

Lei nº 14.133/2021
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos po-
derão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência má-
xima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autorida-
de competente ateste que as condições e os preços permanecem
vantajosos para a Administração, permitida a negociação com o
contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das
partes.

105
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 20

A ata de registro de preços e os contratos dela


decorrentes podem ser prorrogados? Qual a
disciplina do Decreto nº 7.892/2013 e da nova Lei?

Lei nº 8.666/1993
Art. 15. [...]
§ 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por de-
creto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se-
guintes condições:
[...]
III - validade do registro não superior a um ano.

Decreto nº 7.892/2013
Art. 12. O prazo de validade da ata de registro de preços não será
superior a doze meses, incluídas eventuais prorrogações, confor-
me o inciso III do § 3º do art. 15 da Lei nº 8.666, de 1993.
[...]
§ 2º A vigência dos contratos decorrentes do Sistema de Registro
de Preços será definida nos instrumentos convocatórios, observa-
do o disposto no art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.

106
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

TCU – Acórdão nº 3.231/2011 – Plenário


Relatório
67. Por outro lado, há que se considerar que, uma vez assinado
um contrato, ainda que decorrente da utilização de uma ata de re-
gistro de preços, este passa a ser amparado pelo art. 57, inciso II, §
4º, da Lei 8.666/1993, no que se refere a prazo contratual e prorro-
gações. Dessa forma, olhando para a questão da prorrogação em
si, há sustentação legal para a sua admissão, embora não se possa
dizer o mesmo para a sua celebração, ocorrida no ano anterior.
68. Assim, considerando que se trata de contrato administrativo
que formalmente aceita prorrogação, entende-se por elidida a ir-
regularidade.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 07/12/2011)

Lei nº 14.133/2021
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de 1
(um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que
comprovado o preço vantajoso.
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de pre-
ços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis-
posições nela contidas.

107
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 21

Em contrato de serviços contínuos, a


prorrogação deixou de ser formalizada
na data adequada, mas as partes per-
maneceram executando o contrato. Como
proceder? É possível sanear esse vício? Qual
o entendimento do TCU? E se o objeto do
contrato fosse uma obra, as consequências
relativas à expiração do prazo de vigência
seriam diversas? O regime da nova Lei altera a
solução desse caso?

AGU – Orientação Normativa nº 03/2009


Na análise dos processos relativos à prorrogação de prazo, cum-
pre aos órgãos jurídicos verificar se não há extrapolação do atual
prazo de vigência, bem como eventual ocorrência de solução de
continuidade nos aditivos precedentes, hipóteses que configu-
ram a extinção do ajuste, impedindo a sua prorrogação.
(DOU de 07/04/2009)

108
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

TCU – Acórdão nº 1.622/2012 – Plenário


Voto
Com relação ao terceiro achado de auditoria, ou seja, a assina-
tura de Termo Aditivo após o término da vigência do contrato,
a Unidade Técnica constatou que a Seinfra/AL prorrogou o Con-
trato 1/1993 após a expiração de seu prazo de vigência e permi-
tiu a realização de serviços sem cobertura do aludido contrato,
em desobediência aos arts. 2º, 3º e 60, Parágrafo único da Lei
8.666/1993 e à jurisprudência do TCU.
Conforme relatado, houve descumprimento dos dispositivos le-
gais vigentes, vez que o contrato original encontrava-se formal-
mente extinto, tendo sido firmado o 10º Termo Aditivo, quase dez
meses após a expiração da avença. Além disso, a reforçar o des-
cumprimento dos mandamentos legais está a jurisprudência des-
ta Corte, que considera ilegal a celebração de aditivos em contra-
tos já extintos, configurando-se, nestes casos, nova contratação
sem o devido processo licitatório. (Grifo nosso)
(Relator: Raimundo Carreiro; Data do Julgamento: 27/06/2012)

TCU – Acórdão nº 1.423/2015 – Plenário


Acórdão
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos
em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. Dar ciência à prefeitura Municipal de Sapiranga/RS e à Supe-
rintendência Estadual da Funasa no Rio Grande do Sul (Suest/RS)

109
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

sobre as seguintes irregularidades nos Convênios 1065/2004 e


2330/2005:
9.1.1. assinatura de termo aditivo em 13/2/2012, após o término
da vigência do Contrato 064/2008, celebrado com a empresa Do-
bil Engenharia Ltda., ocorrido em 31/12/2010, revelando uma se-
vera deficiência dos controles internos da prefeitura e afronta ao
art. 57 da Lei 8.666/1993;
(Relator: Benajamin Zymler; Data do Julgamento: 10/06/2015)

Lei nº 14.133/2021
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo pre-
definido, o prazo de vigência será automaticamente prorrogado
quando seu objeto não for concluído no período firmado no con-
trato.
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do
contratado:
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as res-
pectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nes-
se caso, adotará as medidas admitidas em lei para a continuidade
da execução contratual.

110
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

QUESTÃO 22

Com relação à contratação de obras e serviços


de engenharia e à definição do início de
execução e dos prazos contratuais, quais as
novidades da nova Lei sobre:
a) antecedência relativa aos licenciamentos
ambientais;
b) impedimento ao retardamento da execução;
c) paralisação e suspensão das obras.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Lei nº 14.133/2021
Art. 25. [...]
§ 5º O edital poderá prever a responsabilidade do contratado pela:
I - obtenção do licenciamento ambiental;
II - realização da desapropriação autorizada pelo poder público.
§ 6º Os licenciamentos ambientais de obras e serviços de enge-
nharia licitados e contratados nos termos desta Lei terão priorida-
de de tramitação nos órgãos e entidades integrantes do Sistema

111
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e deverão ser orientados


pelos princípios da celeridade, da cooperação, da economicidade
e da eficiência.
[...]
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
[...]
II - por acordo entre as partes:
[...]
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe
ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de conse-
quências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato
tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição
objetiva de risco estabelecida no contrato.
[...]
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso II do caput
deste artigo às contratações de obras e serviços de engenharia,
quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de pro-
cedimentos de desapropriação, desocupação, servidão adminis-
trativa ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias ao
contratado.
[...]

112
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

Art. 137. [...]


§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas seguin-
tes hipóteses:
[...]
V - não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de
área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou forneci-
mento, e de fontes de materiais naturais especificadas no proje-
to, inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações
atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapro-
priação, a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento am-
biental.

IMPEDIMENTO OU RETARDAMENTO, PARALISAÇÃO OU


SUSPENSÃO

Lei nº 14.133/2021
Art. 115. O contrato deverá ser executado fielmente pelas par-
tes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,
e cada parte responderá pelas consequências de sua inexecução
total ou parcial.
§ 1º É proibido à Administração retardar imotivadamente a
execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, inclusive na
hipótese de posse do respectivo chefe do Poder Executivo ou de
novo titular no órgão ou entidade contratante.
[...]

113
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DE PRAZO – PRORROGAÇÃO DOS PRAZOS DE EXECUÇÃO E DE VIGÊNCIA

§ 5º Em caso de impedimento, ordem de paralisação ou suspensão


do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
automaticamente pelo tempo correspondente, anotadas tais
circunstâncias mediante simples apostila.
§ 6º Nas contratações de obras, verificada a ocorrência do disposto
no § 5º deste artigo por mais de 1 (um) mês, a Administração
deverá divulgar, em sítio eletrônico oficial e em placa a ser afixada
em local da obra de fácil visualização pelos cidadãos, aviso público
de obra paralisada, com o motivo e o responsável pela inexecução
temporária do objeto do contrato e a data prevista para o reinício
da sua execução.
§ 7º Os textos com as informações de que trata o § 6º deste artigo
deverão ser elaborados pela Administração.

114
AULA 4
Alteração do valor – Reajuste,
repactuação e revisão (Parte I)

Professor:

Ricardo Alexandre Sampaio


Advogado. Consultor na área de licita-
ções e contratos. Foi Diretor Técnico da
Consultoria Zênite. Integrante da Equipe
de Redação da Revista Zênite ILC – In-
formativo de Licitações e Contratos e da
Equipe de Consultores Zênite. Colabora-
dor da obra Lei de licitações e contratos
anotada (6. ed. Zênite, 2005). Autor de
diversos artigos jurídicos.
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 23

O que são revisão, reajuste e repactuação?


Qual a periodicidade para suas concessões?
Qual a disciplina da Lei nº 8.666/1993 e da
nova Lei?

QUESTÃO 24

A revisão, o reajuste e a repactuação


dependem de previsão no contrato? Se não
previstos, as respectivas concessões estão
vedadas? Devem ser formalizados por aditivo
ao contrato? Qual a disciplina da Lei nº
8.666/1993 e da nova Lei?

116
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

DIFERENÇA ENTRE REVISÃO, REAJUSTE E REPACTUAÇÃO –


PERIODICIDADE

E=R
(art. 37, inc. XXI da CR)

ÁLEAS EXTRAORDINÁRIAS ÁLEAS ORDINÁRIAS

Eventos imprevisíveis ou, se Variação dos custos de


previsíveis, de consequências produção provocada
incalculáveis ou, ainda, por especialmente pelo
força maior, caso fortuito ou processo inflacionário (art.
fato do príncipe 3º da Lei nº 10.192/2001)

Reequilíbrio
Revisão de preços Reajuste lato sensu

Repactuação
Reajuste Variação de preços
Índice financeiro demonstrada
analiticamente

117
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DE PREVISÃO E DE


PERIODICIDADE MÍNIMA PARA REVISÃO

TCU – Acórdão nº 1.563/2004 – Plenário


Relatório
Do reequilíbrio econômico-financeiro
[...]
24. O reequilíbrio econômico-financeiro pode se dar a qualquer
tempo; conseqüentemente não há que se falar em periodicidade
mínima para o seu reconhecimento e respectiva concessão. Com
efeito, se decorre de eventos supervenientes imprevisíveis na
ocorrência e (ou) nos efeitos, não faria sentido determinar tem-
po certo para a sua concessão. Na mesma linha de raciocínio, não
pede previsão em edital ou contrato, visto que encontra respaldo
na lei e na própria Constituição Federal, sendo devida desde que
presentes os pressupostos.
(Relator: Augusto Sherman Cavalcanti; Data do Julgamento: 06/10/2004)

AGU – Orientação Normativa nº 22/2009


O reequilíbrio econômico-financeiro pode ser concedido a qual-
quer tempo, independentemente de previsão contratual, desde
que verificadas as circunstâncias elencadas na letra “d” do inc. II
do art. 65, da Lei nº 8.666, de 1993.
(DOU de 07/04/2009)

118
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

PERIODICIDADE ANUAL PARA O REAJUSTE

Lei nº 10.192/2001
Art. 2º É admitida estipulação de correção monetária ou de reajus-
te por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação
dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos
de prazo de duração igual ou superior a um ano.
§ 1º É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou
correção monetária de periodicidade inferior a um ano.
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Ad-
ministração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou corrigidos
monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no
que com ela não conflitarem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput des-
te artigo será contada a partir da data limite para apresentação da
proposta ou do orçamento a que essa se referir.

119
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

NOS CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O direito ao reajuste surge


12 meses depois:

da data-limite para a da data do orçamento a que


apresentação da
proposta, indicada no
edital da licitação
OU essa proposta se referir, assim
entendida a data do acordo,
da convenção ou do dissídio
coletivo que estipular o
salário vigente à época da
apresentação da proposta

TCU – Acórdão nº 73/2010 – Plenário


Acórdão
9.2. determinar à Prefeitura Municipal de [...] que:
9.2.1. em licitações que envolvam recursos federais, faça constar
nos editais e nos respectivos contratos, mesmo quando o prazo
de duração do ajuste for inferior a 12 (doze) meses, cláusula que
estabeleça o critério de reajustamento dos preços, indicando ex-
pressamente no referido instrumento o índice de reajuste contra-
tual a ser adotado, nos termos do disposto nos arts. 40, inc. XI, e
55, inc. III, da Lei nº 8.666/93;
(Relator: José Múcio Monteiro; Data do Julgamento: 27/01/2010)

120
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 474/2005 – Plenário


Acórdão
9.1. conhecer da presente consulta e responder aos quesitos apre-
sentados da seguinte forma:
9.1.1. a interpretação sistemática do inciso XXI do art. 37 da Cons-
tituição Federal, do art. 3º, § 1º, da Lei 10.192 e do art. 40, inci-
so XI, da Lei 8.666/93 indica que o marco inicial, a partir do qual
se computa o período de um ano para a aplicação de índices de
reajustamento previstos em edital, é a data da apresentação da
proposta ou a do orçamento a que a proposta se referir, de acordo
com o previsto no edital.
(Relator: Augusto Sherman Cavalcanti; Data do Julgamento: 27/04/2005)

TCU – Acórdão nº 567/2015 – Plenário


Acórdão
9.3. determinar à Ceron que, no prazo de trinta dias a contar da
ciência, assegurado o contraditório, retifique a minuta de contra-
to ou então, se este já tiver sido celebrado, promova nele altera-
ção de forma a contemplar a orientação deste Tribunal no sentido
de que o marco inicial, a partir do qual se computa o período de
um ano para a aplicação de índices de reajustamento, é a data
da apresentação da proposta ou a do orçamento a que a pro-
posta se referir, de acordo com o previsto no edital (Acórdão nº
474/2005-Plenário);
(Relator: Vital do Rêgo; Data do Julgamento: 18/03/2015)

121
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

DEVER DE PREVER CLÁUSULA DE REAJUSTE

Lei nº 8.666/1993
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em
série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a
modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção
de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebi-
mento da documentação e proposta, bem como para início da
abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
[...]
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do
custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou
setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou
do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adim-
plemento de cada parcela;
[...]
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que esta-
beleçam:
[...]
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base
e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atua-
lização monetária entre a data do adimplemento das obrigações
e a do efetivo pagamento;

122
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

Lei nº 14.133/2021
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
[...]
LVIII – reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na
aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato,
que deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admi-
tida a adoção de índices específicos ou setoriais;
LIX – repactuação: forma de manutenção do equilíbrio econômi-
co-financeiro de contrato utilizada para serviços contínuos com
regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância
de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos con-
tratuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à
apresentação das propostas, para os custos decorrentes do mer-
cado, e com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou
ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os
custos decorrentes da mão de obra;
[...]
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabe-
leçam:
[...]
V – o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base
e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de
atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga-
ções e a do efetivo pagamento;
[...]

123
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

§ 3º Independentemente do prazo de duração, o contrato deve-


rá conter cláusula que estabeleça o índice de reajustamento de
preço, com data-base vinculada à data do orçamento estimado, e
poderá ser estabelecido mais de um índice específico ou setorial,
em conformidade com a realidade de mercado dos respectivos
insumos.
§ 4º Nos contratos de serviços contínuos, observado o interregno
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento de preços será
por:
I – reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
II – repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
monstração analítica da variação dos custos.

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 142


Acórdão 2205/2016 Plenário (Auditoria, Relator Ministra Ana
Arraes)
Contrato Administrativo. Formalização do contrato. Cláusula obri-
gatória. Reajuste. Vigência. Edital de licitação.
O estabelecimento dos critérios de reajuste dos preços, tanto no
edital quanto no instrumento contratual, não constitui discricio-
nariedade conferida ao gestor, mas sim verdadeira imposição, ante
o disposto nos arts. 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei 8.666/1993,
ainda que a vigência prevista para o contrato não supere doze
meses.
124
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

FORMALIZAÇÃO POR TERMO ADITIVO X APOSTILAMENTO

Lei nº 14.133/2021
Art. 136. Registros que não caracterizam alteração do contrato
podem ser realizados por simples apostila, dispensada a celebra-
ção de termo aditivo, como nas seguintes situações:
I – variação do valor contratual para fazer face ao reajuste ou à
repactuação de preços previstos no próprio contrato;
II – atualizações, compensações ou penalizações financeiras de-
correntes das condições de pagamento previstas no contrato;
III – alterações na razão ou na denominação social do contratado;
IV – empenho de dotações orçamentárias.

125
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 25

Qual o marco inicial de contagem dos


prazos do reajuste e da repactuação e como
deve ocorrer a contagem nos períodos
subsequentes?

Lei nº 10.192/2001
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Ad-
ministração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou corrigidos
monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no
que com ela não conflitarem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput des-
te artigo será contada a partir da data limite para apresentação da
proposta ou do orçamento a que essa se referir.

Lei nº 14.133/2021
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos
e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato,
à entrega do objeto e às condições de pagamento.
[...]

126
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

§ 7º Independentemente do prazo de duração do contrato, será


obrigatória a previsão no edital de índice de reajustamento de
preço, com data-base vinculada à data do orçamento estimado e
com a possibilidade de ser estabelecido mais de um índice espe-
cífico ou setorial, em conformidade com a realidade de mercado
dos respectivos insumos.
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o interregno
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento será por:
I – reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
II – repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
monstração analítica da variação dos custos.

127
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 26

Nos serviços com dedicação exclusiva de


mão de obra, como deve ser realizada e
processada a repactuação/reajuste referente
aos montantes de mão de obra e de insumos?
É possível reajustar por índice a parcela
materiais e insumos? Qual a disciplina da IN nº
05/2017 e da nova Lei sobre esse tema? Quais
os entendimentos do TCU e da AGU?

IN nº 05/2017
Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de reajuste con-
tratual, deverá ser utilizada nas contratações de serviços continu-
ados com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, desde
que seja observado o interregno mínimo de um ano das datas dos
orçamentos aos quais a proposta se referir.
[...]
§ 2º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quanto
forem necessárias, em respeito ao princípio da anualidade do re-
ajuste dos preços da contratação, podendo ser realizada em mo-
mentos distintos para discutir a variação de custos que tenham
sua anualidade resultante em datas diferenciadas, tais como os
custos decorrentes da mão de obra e os custos decorrentes dos
insumos necessários à execução do serviço.
[...]
128
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 1.214/2013 – Plenário Art. 55. O interregno mínimo de


Acórdão
um ano para a primeira repac-
9.1 recomendar à Secretaria de Logística
e Tecnologia da Informação do Ministé- tuação será contado a partir:
rio do Planejamento que incorpore os
seguintes aspectos à IN/MP 2/2008: I - da data limite para apresen-
[...]
9.1.17 a vantajosidade econômica para
tação das propostas constante
a prorrogação dos contratos de serviço do ato convocatório, em relação
continuada estará assegurada, dispensan-
do a realização de pesquisa de mercado, aos custos com a execução do
quando:
serviço decorrentes do merca-
9.1.17.1 houver previsão contratual de que
os reajustes dos itens envolvendo a folha do, tais como o custo dos mate-
de salários serão efetuados com base em
convenção, acordo coletivo de trabalho
riais e equipamentos necessá-
ou em decorrência da lei; rios à execução do serviço; ou
9.1.17.2 houver previsão contratual de que
os reajustes dos itens envolvendo insu- II - da data do Acordo, Conven-
mos (exceto quanto a obrigações decor-
rentes de acordo ou convenção coletiva ção, Dissídio Coletivo de Traba-
de trabalho e de Lei) e materiais serão
lho ou equivalente vigente à
efetuados com base em índices oficiais,
previamente definidos no contrato, que época da apresentação da pro-
guardem a maior correlação possível com
o segmento econômico em que estejam
posta quando a variação dos
inseridos tais insumos ou materiais; custos for decorrente da mão
9.1.17.3 no caso de serviços continuados
de limpeza, conservação, higienização e de obra e estiver vinculada às
de vigilância, os valores de contratação
datas-bases destes instrumen-
ao longo do tempo e a cada prorrogação
forem inferiores aos limites estabelecidos tos.
em ato normativo da Secretaria de Logísti-
ca e Tecnologia da Informação do Ministé- Art. 56. Nas repactuações sub-
rio do Planejamento, Orçamento e Gestão
– SLTI/MP. Se os valores forem superiores
sequentes à primeira, a anua-
aos fixados pela SLTI/MP, caberá nego- lidade será contada a partir da
ciação objetivando a redução dos preços
de modo a viabilizar economicamente as data do fato gerador que deu
prorrogações de contrato; ensejo à última repactuação.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julga-
mento: 22/05/2013)

129
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

+ = $
Custos
Custo da
dos
mão
demais
de obra
insumos

REPACTUAÇÃO REAJUSTE

IN nº 05/2017
ANEXO IX – DA VIGÊNCIA E DA PRORROGAÇÃO
7. A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos
com mão de obra exclusiva estará assegurada, sendo dispensada
a realização de pesquisa de mercado, nas seguintes hipóteses:
a) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo a folha de salários serão efetuados com base em
Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou em decor-
rência de lei;
b) quando o contrato contiver previsões de que os reajustes dos
itens envolvendo insumos (exceto quanto a obrigações decorren-
tes de Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho e de lei)
e materiais serão efetuados com base em índices oficiais, previa-
mente definidos no contrato, que guardem a maior correlação
possível com o segmento econômico em que estejam inseridos
tais insumos ou materiais ou, na falta de qualquer índice setorial,
o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE); e

130
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

+ = $ + =
1 ano da
Mão Insumos Nova data de Novo
de obra gerais CCT apresentação $
da proposta

Data do Data da
orçamento a apresentação
que a proposta da proposta
se refere

Lei nº 14.133/2021
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos
e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato,
à entrega do objeto e às condições de pagamento.
[...]
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o interregno
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento será por:
I – reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;

131
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

II – repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva


de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
monstração analítica da variação dos custos.
[...]
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabe-
leçam:
[...]
§ 4º Nos contratos de serviços contínuos, observado o interregno
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento de preços será
por:
I – reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
II – repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
monstração analítica da variação dos custos.
[...]
Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos com
regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou com predomi-
nância de mão de obra serão repactuados para manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro, mediante demonstração analíti-
ca da variação dos custos contratuais, com data vinculada:
I – à da apresentação da proposta, para custos decorrentes do
mercado;

132
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

II – ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual


a proposta esteja vinculada, para os custos de mão de obra.
[...]
§ 3º A repactuação deverá observar o interregno mínimo de 1
(um) ano, contado da data da apresentação da proposta ou da
data da última repactuação.
§ 4º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quan-
tas forem necessárias, observado o princípio da anualidade do
reajuste de preços da contratação, podendo ser realizada em mo-
mentos distintos para discutir a variação de custos que tenham
sua anualidade resultante em datas diferenciadas, como os de-
correntes de mão de obra e os decorrentes dos insumos necessá-
rios à execução dos serviços.

133
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 27

Nos contratos de serviços contínuos sem


alocação exclusiva de mão de obra, pode
ser previsto reajuste por índice ou deve ser
realizada repactuação? Qual a disciplina da
nova Lei? Como se manifestou o TCU e qual o
entendimento da AGU?

REAJUSTE NOS CONTRATOS SEM ALOCAÇÃO EXCLUSIVA DE


MÃO DE OBRA

IN nº 05/2017
Art. 61. O reajuste em sentido estrito, como espécie de reajuste
contratual, consiste na aplicação de índice de correção monetária
previsto no contrato, que deverá retratar a variação efetiva do custo
de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.
§ 1º É admitida estipulação de reajuste em sentido estrito nos
contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano, desde
que não haja regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade igual ou su-
perior a um ano, sendo o termo inicial do período de correção
monetária ou reajuste, a data prevista para apresentação da pro-

134
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

posta ou do orçamento a que essa proposta se referir, ou, no caso


de novo reajuste, a data a que o anterior tiver se referido.

AGU – Orientação Normativa nº 24/2009


O contrato de serviço continuado sem dedicação exclusiva de
mão de obra deve indicar que o reajuste dar-se-á após decorrido
o interregno de um ano contado da data limite para a apresenta-
ção da proposta.
(DOU de 07/04/2009, com redação dada pela Portaria
AGU nº 572, publicada no DOU de 14/12/2011)

Lei nº 14.133/2021
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos
e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato,
à entrega do objeto e às condições de pagamento.
[...]
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o interregno
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento será por:
I – reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais;
II – repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante de-
monstração analítica da variação dos custos.

135
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 28

Os direitos ao reajuste, à repactuação e à


revisão estão submetidos à preclusão lógica e
temporal? De acordo com a nova Lei, em que
condição opera-se a preclusão do direito à
revisão contratual?

Silêncio da Lei nº 14.133/2021 sobre preclusão do direito ao rea-


juste, à repactuação e à revisão

Possibilidade de aplicar a mesma racionalidade formada durante


a vigência da Lei nº 8.666/1993

A preclusão pode ser entendida como o impedimento de se usar


determinada faculdade processual, seja pela não utilização dela
na ordem legal, seja por ter-se realizado uma atividade que lhe é
incompatível, seja por ela já ter sido exercida.

136
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

Consumativa

PRECLUSÃO Temporal

Competência
Lógica
discricionária

PRECLUSÃO DO DIREITO À REPACTUAÇÃO

IN nº 05/2017
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da con-
tratada, acompanhada de demonstração analítica da alteração
dos custos, por meio de apresentação da planilha de custos e for-
mação de preços ou do novo Acordo, Convenção ou Dissídio Co-
letivo de Trabalho que fundamenta a repactuação, conforme for a
variação de custos objeto da repactuação.
[...]
§ 7º As repactuações a que o contratado fizer jus e que não fo-
rem solicitadas durante a vigência do contrato serão objeto de
preclusão com a assinatura da prorrogação contratual ou com o
encerramento do contrato.
137
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

SÍNTESE DO ENTENDIMENTO DO TCU – ACÓRDÃOS Nº 1.827/2008 E Nº 1.828/2008 – PLENÁRIO

≠$
CCT Data-base Depósito CCT Pedido de repactuação
01/01/2020 01/01/2021 01/03/2021 mão de obra 01/05/2021
relativo a 01/01/2021

Contrato Prorrogação Termo aditivo


01/04/2020 01/04/2021 repactuação
01/07/2021

=$

138
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 1.827/2008 – Plenário


Acórdão
9.4. recomendar à [...] que, em seus editais de licitação e/ou mi-
nutas de contrato referentes à prestação de serviços executados
de forma contínua, deixe claro o prazo dentro do qual poderá o
contratado exercer, perante a Administração, seu direito à repac-
tuação contratual, qual seja, da data da homologação da conven-
ção ou acordo coletivo que fixar o novo salário normativo da ca-
tegoria profissional abrangida pelo contrato administrativo a ser
repactuado até a data da prorrogação contratual subseqüente,
sendo que se não o fizer de forma tempestiva e, por via de conse-
qüência, prorrogar o contrato sem pleitear a respectiva repactua-
ção, ocorrerá a preclusão do seu direito a repactuar;
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 27/08/2008)

AGU – Parecer nº JT-02, de 26 de fevereiro de 2009


Aprovo. Em 26-11-2009.
PROCESSO Nº 00400.010482/2008-69
[...]
VI. Da Conclusão
Diante do caso concreto em comento e tendo em conta que o
tema da repactuação é complexo e gera divergências, entende-se
conveniente adotar, na matéria, orientações de uniformização de
entendimentos da área consultiva da Advocacia-Geral da União
em nome da eficiência e segurança jurídica no assessoramento e

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AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

orientação dos dirigentes do Poder Executivo Federal, suas autar-


quias e fundações públicas.
Assim, por tudo o que se expôs, pode-se concluir que:
[...]
e) quanto ao termo final para o contratado requerer a repactua-
ção, tem-se que a repactuação deverá ser pleiteada até a data da
prorrogação contratual subseqüente, sendo certo que, se não o
for de forma tempestiva, haverá a preclusão do direito do contra-
tado de repactuar.
(DOU de 06/03/2009)

Para o TCU, a extinção do contrato sem exercício do direito à


repactuação determina a preclusão

TCU – Informativo de Jurisprudência nº 16


Marco inicial e data limite para a contratada pleitear repactua-
ção de preços
No âmbito da tomada de contas da Diretoria de Gestão Interna do
Ministério da Cultura, relativa ao exercício de 2003, ao tratar de
matéria referente ao Contrato n.o 15/2000, cujo objeto envolvia a
prestação de serviços de natureza continuada, a unidade técnica
suscitou questão acerca da necessidade de fixação de um prazo
limite para a contratada pleitear a repactuação de preços. Ao ci-
tar trechos do voto que subsidiou o Acórdão n.o 1.827/2008-Ple-
nário, a unidade instrutiva registrou o entendimento do TCU de
que não há definição, em lei, acerca do prazo para solicitação de

140
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

repactuação de preços, “podendo essa ser solicitada a partir ‘da


data da homologação da convenção ou acordo coletivo que fixar
o novo salário normativo da categoria profissional abrangida pelo
contrato administrativo a ser repactuado, até a data da prorroga-
ção contratual subsequente, sendo que, se não o fizer, de forma
tempestiva e, por via de consequência, prorrogar o contrato sem
pleitear a respectiva repactuação, ocorrerá a preclusão do seu di-
reito a repactuar’.”. A partir desse entendimento, a unidade técnica
inferiu que, nos casos em que não for celebrado aditivo e o con-
trato for encerrado, a contratada poderia pleitear a repactuação
“até o fim do prazo prescricional”. Nesses casos, não raros, “esta-
ria a Administração sujeita, durante alguns anos, após expirada
a vigência do contrato, a ter de reconhecer os efeitos retroativos
financeiros de contratos e efetuar pagamentos de exercícios an-
teriores. Tal fato poderia gerar desarranjos e comprometer a pro-
gramação financeira e orçamentária dos exercícios subsequentes,
além de se ter de reconhecer a despesa e inscrevê-la como ‘des-
pesas de exercícios anteriores’.”. O relator ponderou que, naquele
mesmo decisum, restou assente que, não obstante se tratar de
direito intangível da contratada, a repactuação corresponde, de
todo modo, a direito disponível, e, como tal, sujeito à preclusão.
Destacou o relator que a preocupação da unidade técnica envol-
ve situação não delineada naquela assentada, qual seja, “contra-
to com vigência encerrada, sem prorrogação, tendo ocorrido au-
mento dos custos (convenção ou acordo coletivo de trabalho) do
contrato ainda no período de vigência, e que reste configurado
o direito à repactuação, no caso de transcorrido o interregno mí-

141
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

nimo de um ano, contado na forma prevista no edital”. O relator


não vislumbrou necessidade de alteração do entendimento já fir-
mado pelo Tribunal sobre a matéria, devendo a “data limite para
a contratada pleitear a repactuação” ser “a da prorrogação ou do
encerramento do contrato, conforme o caso, na mesma linha de
raciocínio desenvolvida no Acórdão 1827/2008. A expiração do
prazo de vigência do contrato fulmina o direito à repactuação por
preclusão”. Nesse mesmo sentido, o Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão editou a Instrução Normativa n.º 3/2009, a
qual altera a Instrução Normativa n.º 2/2008, prevendo, em seu
art. 40, § 7º, que “As repactuações a que o contratado fizer jus e
não forem solicitadas durante a vigência do contrato, serão ob-
jeto de preclusão com a assinatura da prorrogação contratual ou
com o encerramento do contrato.”. Ao final, o relator propôs e a
Segunda Câmara decidiu “recomendar à Secretaria Executiva do
Ministério da Cultura que, em seus editais de licitação e/ou mi-
nutas de contrato referentes à prestação de serviços executados
de forma contínua, inclua alerta acerca do prazo dentro do qual
poderá o contratado exercer, perante a Administração, seu direito
à repactuação contratual, nos termos previstos no art. 5º do De-
creto nº 2.271, de 1997, qual seja, da data do evento que ensejar
a repactuação até a data da prorrogação contratual subsequente,
se for o caso, ou do encerramento do contrato, sendo que se não o
fizer de forma tempestiva e, por via de consequência, prorrogar o
contrato ou deixar transcorrer in albis o prazo de vigência, ocorre-
rá a preclusão do seu direito a repactuar.”. Acórdão nº 2.094/2010
– Segudna Câmara, TC-007.040/2004-0, Rel. Min-Subst. André
Luís de Carvalho, 11/05/2010.

142
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

PRECLUSÃO DO DIREITO À REVISÃO

Revisão = Teoria da imprevisão – Álea extraordinária

Prorrogação/renovação depende exclusivamente da vontade das


partes e, uma vez celebrada, determina a formação de novo con-
trato, de acordo com as bases do contrato anterior.

Logo, se não foi exercido o direito à revisão e, por consequência,


foram mantidas as condições até então vigentes, inclusive o pre-
ço, ocorrerá a preclusão do direito à revisão.

PRECLUSÃO DO DIREITO AO REAJUSTE POR ÍNDICE

AGU – Parecer nº 02/2016 – Processo nº


00407.007116/2016-72
III - CONCLUSÃO
Desse modo, ante tudo o que foi exposto acima, conclui-se que:
a) o reajuste em sentido estrito dos preços contratados, previsto
em edital e contrato, deve ser automática e periodicamente reali-
zado, de ofício, pela Administração contratante;
b) não se fixou em lei, tampouco na regulamentação infra legai
do instituto, a exigência de prévia solicitação formal como condi-
ção para a concessão do reajuste, muito menos se estabeleceu um
prazo específico para que o contratado exercesse esse seu direito,
ao contrário do que se passa quanto à repactuação de preços;

143
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

c) se o requerimento do reajuste por índice pelo contratado não é


uma condição para a fruição do direito, o fato de o particular não
solicitar o reajuste previamente à renovação do contrato ou ao
seu encerramento não pode ser equiparado à aceitação dos pre-
ços contratados ou à renúncia tácita ao direito de reajuste, não se
configurando a preclusão lógica neste caso;
d) o direito ao reajuste de preços é de natureza patrimonial e dis-
ponível, admitindo a renúncia pelo contratado, desde que realiza-
da de forma expressa e inequívoca, preferencialmente por meio
de disposição específica no termo aditivo de prorrogação contra-
tual a ser firmado entre as partes;
e) a Administração deve evitar a previsão, nos editais e contra-
tos, de disposições que atribuam ao contratado o ônus de plei-
tear, num determinado prazo, o reajuste por índices dos preços
contratados, já que esse tipo de exigência não se coaduna com a
natureza deste instituto;
f) caso o contrato administrativo contenha cláusula que condi-
cione a concessão do reajuste ao pedido expresso do contratado,
fixando-lhe prazo para tanto, deve ser assegurada, excepcional-
mente, a observância dessa regra contratual, sendo possível, nes-
se caso, postular a ocorrência da preclusão lógica do direito ao
reajuste;
g) admite-se a possibilidade de os contratantes convencionarem,
por meio de termo aditivo, com efeitos ex nunc, a alteração de
disposições contratuais que atribuam ao contratado a iniciativa
para o reajuste;

144
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

h) o contratado dispõe do prazo prescricional geral de 05 (cinco)


anos, contados desde o momento em que se completam os doze
meses a partir da data limite para a apresentação da proposta na
licitação (ou do último reajuste), para postular o direito de reajus-
te perante a Administração, salvo no caso de excepcional previsão
de prazos para o exercício desse direito no instrumento contratu-
al.
(Proc. Fed.: Caroline Marinho Boaventura Santos; Data: 17/03/2016)

PREVISÃO DE PRAZO PARA SOLICITAR A REPACTUAÇÃO E O


REAJUSTE

TCU – Acórdão nº 1.827/2008 – Plenário


Voto
26. Destarte, reputo pertinente e oportuno recomendar ao Mi-
nistério dos Transportes que siga o modelo adotado pelo MTE no
que tange à repactuação, limitando a retroação de efeitos finan-
ceiros aos casos em que a contratada tenha formalizado o pedido
dentro de um prazo previamente estipulado no edital de licitação
e/ou na minuta de contrato que o acompanha.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 27/08/2008)

145
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 29
Novos direitos concedidos por meio de
convenção coletiva podem ser incorporados
pela repactuação?

IN nº 05/2017
Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de reajuste con-
tratual, deverá ser utilizada nas contratações de serviços continu-
ados com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, desde
que seja observado o interregno mínimo de um ano das datas dos
orçamentos aos quais a proposta se referir.
[...]
§ 4º A repactuação para reajuste do contrato em razão de novo
Acordo, Convenção ou Dissídio Coletivo de Trabalho deve repas-
sar integralmente o aumento de custos da mão de obra decorren-
te desses instrumentos.
Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da con-
tratada, acompanhada de demonstração analítica da alteração
dos custos, por meio de apresentação da planilha de custos e for-
mação de preços ou do novo Acordo, Convenção ou Dissídio Co-
letivo de Trabalho que fundamenta a repactuação, conforme for a
variação de custos objeto da repactuação.

146
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

§ 1º É vedada a inclusão, por ocasião da repactuação, de benefí-


cios não previstos na proposta inicial, exceto quando se tornarem
obrigatórios por força de instrumento legal, Acordo, Convenção
ou Dissídio Coletivo de Trabalho, observado o disposto no art. 6º
desta Instrução Normativa.

147
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

QUESTÃO 30
De acordo com o Decreto nº 7.892/2013 e a
nova Lei, a ata e o contrato de registro de
preços podem ser reajustados e revisados?

DIREITO À REVISÃO/AO REEQUILÍBRIO DE PREÇOS PARA MAIS


E PARA MENOS

Decreto nº 7.892/2013
Art. 17. Os preços registrados poderão ser revistos em decorrên-
cia de eventual redução dos preços praticados no mercado ou de
fato que eleve o custo dos serviços ou bens registrados, cabendo
ao órgão gerenciador promover as negociações junto aos forne-
cedores, observadas as disposições contidas na alínea “d” do inci-
so II do caput do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

DISCIPLINA REGULAMENTAR – PREÇO REGISTRADO TORNA-


SE SUPERIOR AO PREÇO DE MERCADO

Decreto nº 7.892/2013
Art. 18. Quando o preço registrado tornar-se superior ao preço
praticado no mercado por motivo superveniente, o órgão geren-
ciador convocará os fornecedores para negociarem a redução dos
preços aos valores praticados pelo mercado.

148
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

§ 1º Os fornecedores que não aceitarem reduzir seus preços aos


valores praticados pelo mercado serão liberados do compromisso
assumido, sem aplicação de penalidade.
§ 2º A ordem de classificação dos fornecedores que aceitarem re-
duzir seus preços aos valores de mercado observará a classifica-
ção original.

DISCIPLINA REGULAMENTAR – PREÇO DE MERCADO TORNA-


SE SUPERIOR AO PREÇO REGISTRADO

Decreto nº 7.892/2013
Divergência doutrinária
1) Entendimento com base Art. 19. Quando o preço de mercado tor-
na interpretação literal do
nar-se superior aos preços registrados e o
art. 19, inc. I do Decreto nº
7.892/13, pela impossibilida- fornecedor não puder cumprir o compro-
de de se promover a revisão
misso, o órgão gerenciador poderá:
a maior do preço registrado
em ata;
I - liberar o fornecedor do compromis-
2) Entendimento com base
na interpretação sistemática so assumido, caso a comunicação ocorra
dos arts. 17 e 19 do Decreto
antes do pedido de fornecimento, e sem
nº 7.892/13, pela possibilida-
de de revisar a maior o preço aplicação da penalidade se confirmada a
registrado em ata.
Lei nº 8.666/93
veracidade dos motivos e comprovantes
Art. 15. [...] apresentados; e
§ 3º O sistema de registro de
preços será regulamentado II - convocar os demais fornecedores para as-
por decreto, atendidas as
peculiaridades regionais,
segurar igual oportunidade de negociação.
observadas as seguintes
Parágrafo único. Não havendo êxito nas
condições:
[...] negociações, o órgão gerenciador deverá
II - estipulação prévia do sis-
proceder à revogação da ata de registro de
tema de controle e atualiza-
ção dos preços registrados; preços, adotando as medidas cabíveis para
obtenção da contratação mais vantajosa.

149
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

TCU – Acórdão nº 2.861/2009 – Primeira Câmara


Sumário
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. REVISÃO IRREGULAR DE PREÇO
REGISTRADO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.
1. A revisão de preço registrado, prevista no art. 12, § 1º, do Decre-
to 3.931/2001, decorrente da elevação anormal no custo de insu-
mos, exige a apresentação de planilhas de composição do preço
do produto, com todos os seus insumos, assim como dos critérios
de apropriação dos custos indiretos, que comprovem o desequilí-
brio da equação econômico-financeira da proposta.
2. É irregular a revisão de preço registrado quando sua evolução
mostra-se compatível com o cenário existente à época da formu-
lação da proposta.
3. É irregular a revisão de preço registrado que desconsidere o
desconto oferecido por ocasião do certame licitatório.
4. Somente se admite a revisão de preço registrado após a com-
provação do desequilíbrio da equação econômico-financeira da
proposta e da efetiva negociação com os demais fornecedores.
(Relator: Walton Alencar Rodrigues; Data do Julgamento: 02/06/2009)

150
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE I)

DISCIPLINA LEGAL SOBRE REAJUSTE

Lei nº 10.192/2001
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Ad-
ministração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou corrigidos
monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no
que com ela não conflitarem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput des-
te artigo será contada a partir da data limite para apresentação da
proposta ou do orçamento a que essa se referir.
§ 2º O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.

Proposta apresentada Ata de SRP 1 ano da data da Término da vigência da


na licitação assinada proposta ata de SRP
01/10/2020 14/11/2020 01/10/2021 14/11/2021

Direito ao
reajuste

151
AULA 5
Alteração do valor – Reajuste,
repactuação e revisão (Parte II)

Professor:

Ricardo Alexandre Sampaio


Advogado. Consultor na área de licita-
ções e contratos. Foi Diretor Técnico da
Consultoria Zênite. Integrante da Equipe
de Redação da Revista Zênite ILC – In-
formativo de Licitações e Contratos e da
Equipe de Consultores Zênite. Colabora-
dor da obra Lei de licitações e contratos
anotada (6. ed. Zênite, 2005). Autor de
diversos artigos jurídicos.
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 31

A oscilação do dólar é motivo para justificar a revisão


do contrato? Em que condições e quais os cuidados?

CONCESSÃO DA REVISÃO

Independe de Comprovação dos


Processo dialético
previsão legal requisitos legais

Configuração da álea
extraordinária e
extracontratual

TCU – Acórdão nº 167/2015 – Segunda Câmara


Enunciado
Para que possa ser promovido o reequilíbrio econômico-financei-
ro, de um contrato é necessária a ocorrência de fatos imprevisí-
veis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retar-
dadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, força
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, que configure álea eco-
nômica extraordinária e extracontratual.
(Relator: Raimundo Carreiro; Data do Julgamento: 03/02/2015)
153
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Acórdão nº 1.431/2017 – Plenário


Enunciado
A variação da taxa cambial, para mais ou para menos, não pode
ser considerada suficiente para, isoladamente, fundamentar a
necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Para que a variação do câmbio seja considerada um fato apto a
ocasionar uma recomposição nos contratos, considerando se tra-
tar de fato previsível, deve culminar consequências incalculáveis
(consequências cuja previsão não seja possível pelo gestor médio
quando da vinculação contratual), fugir à normalidade, ou seja,
à flutuação cambial típica do regime de câmbio flutuante e, so-
bretudo, acarretar onerosidade excessiva no contrato a ponto de
ocasionar um rompimento na equação econômico-financeira, nos
termos previstos no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993.
(Relator: Vital do Rêgo; Data do Julgamento: 05/07/2017)

TCU – Acórdão nº 4.125/2019 – Primeira Câmara


Enunciado
A variação cambial, em regime de câmbio flutuante, não pode ser
considerada suficiente para, isoladamente, embasar a necessidade
de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato com fulcro no art.
65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993. Para que a variação do câm-
bio possa justificar o pagamento de valores à contratada a título de
recomposição do equilíbrio econômico-financeiro, faz-se necessário
que ela seja imprevisível ou de consequências incalculáveis.
(Relator: Bruno Dantas; Data do Julgamento: 04/06/2019)

154
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Acórdão nº 1.431/2017 – Plenário


Enunciado
Cabe ao gestor, ao aplicar o reequilíbrio econômico-financeiro por
meio da recomposição, fazer constar do processo análise que de-
monstre, inequivocamente, os seus pressupostos, de acordo com
a teoria da imprevisão, juntamente com análise global dos custos
da avença, incluindo todos os insumos relevantes e não somente
aqueles sobre os quais tenha havido a incidência da elevação da
moeda estrangeira, de forma que reste comprovado que as alte-
rações nos custos estejam acarretando o retardamento ou a ine-
xecução do ajustado na avença, além da comprovação de que,
para cada item de serviço ou insumo, a contratada contraiu a cor-
respondente obrigação em moeda estrangeira, no exterior, mas
recebeu o respectivo pagamento em moeda nacional, no Brasil,
tendo sofrido, assim, o efetivo impacto da imprevisível ou inevitá-
vel álea econômica pela referida variação cambial.
(Relator: Vital do Rêgo; Data do Julgamento: 05/07/2017)

TCU – Acórdão nº 624/2007 – Plenário


Enunciado
Argumento de que o mercado pratica, na atualidade, preços su-
periores àqueles inicialmente contratados, não basta para justifi-
car o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 18/04/2007)

155
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Acórdão nº 12.460/2016 – Segunda Câmara


Enunciado
O reequilíbrio econômico-financeiro de contrato deve estar lastre-
ado em documentação que comprove, de forma inequívoca, que
a alteração dos custos dos insumos do contrato tenha sido de tal
ordem que inviabilize sua execução. Além disso, deve a alteração
ter sido causada pela ocorrência de uma das hipóteses previstas
expressamente no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei 8.666/1993.
(Relator: Vital do Rêgo; Data do Julgamento: 16/11/2016)

TCU – Acórdão nº 7.249/2016 – Segunda Câmara


Enunciado
Notas fiscais de fornecedores da contratada são insuficientes, por
si sós, para caracterizar qualquer uma das hipóteses legais para
o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato (fatos imprevisí-
veis ou previsíveis, mas de consequências incalculáveis, retarda-
dores ou impeditivos da execução ou, ainda, caso de força maior,
caso fortuito ou fato de príncipe) , que deve estar demonstrada
por meio da quantificação dos efeitos que extrapolaram as condi-
ções normais de execução e prejudicaram o equilíbrio global do
contrato.
(Relatora: Ana Arraes; Data do Julgamento: 14/06/2016)

156
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

Lei nº 14.133/2021
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
[...]
II – por acordo entre as partes:
[...]
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe
ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de conse-
quências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato
tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição
objetiva de risco estabelecida no contrato.

157
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 32

Sobre qual montante deve ser aplicado o


percentual de reajuste nas obras: valor inicial
ou parcela remanescente do contrato? E nos
períodos subsequentes, quais os cuidados
na aplicação do índice de reajuste? Qual o
entendimento do TCU?

Portaria TCU nº 544/2018


Art. 38. O reajuste do preço global, dos preços unitários, dos pre-
ços dos insumos de serviços ou do saldo contratual, conforme o
caso, será efetuado com base na variação de índices oficiais de
preços, específicos ou setoriais, previamente definidos no edital
e no contrato, que guardem a maior correlação possível com o
segmento econômico em que estejam inseridos tais insumos.
§ 1º O saldo contratual sobre o qual incidirá o reajuste, nos con-
tratos de serviços por escopo e nos contratos de serviços de natu-
reza não continuada, deverá ser informado pela unidade gestora
ou pelo fiscal técnico do contrato.
§ 2º Na apuração do saldo contratual para incidência do reajuste
serão deduzidos, além dos serviços medidos e pagos até o mo-
mento de aquisição do direito ao reajuste, os serviços previstos
em cronograma físico-financeiro, mas não executados por culpa
exclusiva da contratada.
158
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 33

É possível prever a repactuação dos contratos


de obras com base na variação da tabela
Sinapi? Qual a orientação do TCU?

TCU – Informativo de Jurisprudência nº 290


1. O instituto da repactuação de preços aplica-se apenas a con-
tratos de serviços continuados prestados com dedicação exclu-
siva da mão de obra.
O Plenário apreciou monitoramento do Acórdão 1.677/2015 Ple-
nário, proferido em processo de Representação que apontara pos-
síveis irregularidades em edital de pregão eletrônico promovido
pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), desti-
nado à contratação de serviço de monitoramento eletrônico de
veículos mediante sistema de leitura automática de placas, utili-
zando tecnologia de Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR).
Dentre outras questões tratadas nos autos, dissentiu parcialmen-
te o relator da proposta formulada pelo titular da unidade técni-
ca de determinação ao DPRF para condicionar a adjudicação do
certame ao fornecimento pela licitante de planilha detalhada de
quantitativos e preços unitários relativos à sua proposta, “inserin-
do-a nos autos do procedimento licitatório para fins de subsidiar
eventuais repactuações e reajustes futuros”. Mais especificamen-

159
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

te, um dos pontos da divergência referiu-se à menção ao institu-


to da repactuação. Observou o relator que, no voto condutor do
Acórdão 1.574/2015 Plenário, restou consignado que o instituto
da repactuação “só se aplica a serviços continuados prestados
com dedicação exclusiva da mão de obra, isto é, mediante cessão
da mão de obra, o que não corresponde ao objeto da contratação
a ser realizada pelo DPRF, eis que se trata de serviços contínuos
que não serão prestados mediante dedicação exclusiva da mão
de obra”. Nesse sentido, transcreveu excerto da fundamentação
do citado precedente, no qual se afirma que “a repactuação de
preços, como espécie de reajuste contratual, deverá ser utilizada
apenas nas contratações de serviços continuados com dedica-
ção exclusiva de mão de obra, desde que seja observado o inter-
regno mínimo de um ano das datas dos orçamentos aos quais a
proposta se referir, conforme estabelece o art. 5º do Decreto nº
2.271, de 1997”, e, explicando os institutos, se esclarece que “o re-
ajuste de preços é a reposição da perda do poder aquisitivo da
moeda por meio do emprego de índices de preços prefixados no
contrato administrativo. Por sua vez, a repactuação, referente a
contratos de serviços contínuos, ocorre a partir da variação dos
componentes dos custos do contrato, devendo ser demonstrada
analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos e Formação
de Preços”. Destacou ainda o relator que o edital da contratação
sob exame fez expressa alusão ao instituto do reajuste de preços e
não ao da repactuação. Ademais, finalizou, “a Lei 8.666/1993 pre-
vê a possibilidade de readequar a equação econômico-financeira
dos contratos nas hipóteses de álea ordinária e extraordinária. Na

160
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

situação em tela, a primeira será efetuada por meio do reajuste


de preços. A segunda será realizada via reequilíbrio econômico-
-financeiro insculpido na alínea d do inciso II do art. 65 (instituto
da revisão ou do realinhamento de preços)”. Assim, ajustou a pro-
posta de determinação ao DPRF, no sentido de que a mencionada
planilha fosse inserida nos autos do processo licitatório e utilizada
“como parâmetro para subsidiar futuros reajustes e/ou revisões
de preço”, o que foi acolhido pelo Colegiado. Acórdão 1488/2016
Plenário, Monitoramento, Relator Ministro Vital do Rêgo.

Lei nº 14.133/2021
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
[...]
LVIII – reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na
aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato,
que deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admi-
tida a adoção de índices específicos ou setoriais;
LIX – repactuação: forma de manutenção do equilíbrio econômi-
co-financeiro de contrato utilizada para serviços contínuos com
regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância
de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos con-
tratuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à
apresentação das propostas, para os custos decorrentes do mer-
cado, e com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou
ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os
custos decorrentes da mão de obra;

161
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 34

Sobre a matriz de alocação dos riscos e os


regimes de execução nas contratações de
obras e serviços de engenharia de acordo com
o regime da nova Lei, pergunta-se:
a. O que é matriz de riscos? O que deve ser
considerado na alocação dos riscos entre
contratante e contratado?

Lei nº 14.133/2021
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se:
[...]
XXVII – matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e
de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilí-
brio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus
financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação,
contendo, no mínimo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do
contrato que possam causar impacto em seu equilíbrio econômi-
co-financeiro e previsão de eventual necessidade de prolação de
termo aditivo por ocasião de sua ocorrência;

162
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das fra-


ções do objeto com relação às quais haverá liberdade para os con-
tratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas,
em termos de modificação das soluções previamente delineadas
no anteprojeto ou no projeto básico;
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das
frações do objeto com relação às quais não haverá liberdade para
os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnoló-
gicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a
solução predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, conside-
radas as características do regime de execução no caso de obras e
serviços de engenharia;
[...]
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais pre-
vistos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alocan-
do-os entre contratante e contratado, mediante indicação daque-
les a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou
daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo consi-
derará, em compatibilidade com as obrigações e os encargos atri-
buídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário
das prestações a que se vincula e a capacidade de cada setor para
melhor gerenciá-lo.

163
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

b. Quais riscos serão preferencialmente


transferidos ao contratado?

Lei nº 14.133/2021
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos en-
tre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do valor
estimado da contratação poderá considerar taxa de risco compatí-
vel com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos ao contra-
tado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente federativo.
[...]
§ 4º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos
decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à
escolha da solução de projeto básico pelo contratado deverão ser
alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.
[...]
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais pre-
vistos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alocan-
do-os entre contratante e contratado, mediante indicação daque-
les a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou
daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo consi-
derará, em compatibilidade com as obrigações e os encargos atri-
buídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário
das prestações a que se vincula e a capacidade de cada setor para
melhor gerenciá-lo.
§ 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras
serão preferencialmente transferidos ao contratado.
164
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

c. Em quais contratações a definição da matriz de


alocação dos riscos é obrigatória?

Lei nº 14.133/2021
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos
entre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do
valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco
compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos
ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.
[...]
§ 3º Quando a contratação se referir a obras e serviços de grande
vulto ou forem adotados os regimes de contratação integrada e
semi-integrada, o edital obrigatoriamente contemplará matriz de
alocação de riscos entre o contratante e o contratado.

165
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

d. Quais os impactos na formação dos preços da


licitação?

Lei nº 14.133/2021
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos
entre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do
valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco
compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos
ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.
[...]
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos contratuais pre-
vistos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alocan-
do-os entre contratante e contratado, mediante indicação daque-
les a serem assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou
daqueles a serem compartilhados.
[...]
§ 3º A alocação dos riscos contratuais será quantificada para fins
de projeção dos reflexos de seus custos no valor estimado da con-
tratação.

166
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

e. O que deve ser previsto em edital sobre os


seguros?

Lei nº 14.133/2021
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos
entre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do
valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco
compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos
ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.
[...]
§ 2º O contrato deverá refletir a alocação realizada pela matriz de
riscos, especialmente quanto:
[...]
III – à contratação de seguros obrigatórios previamente definidos
no contrato, integrado o custo de contratação ao preço ofertado.
[...]
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o
edital poderá exigir a prestação da garantia na modalidade se-
guro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de
inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e concluir
o objeto do contrato, hipótese em que:
I – a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos,
como interveniente anuente e poderá:

167
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato


principal;
b) acompanhar a execução do contrato principal;
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou
pelo fornecimento;
II – a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem
ela indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde
que demonstrada sua regularidade fiscal;
III – a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato,
total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado,
serão observadas as seguintes disposições:
I – caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, es-
tará isenta da obrigação de pagar a importância segurada indica-
da na apólice;
II – caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará
a integralidade da importância segurada indicada na apólice.

168
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

f. Quais os impactos da definição da matriz de


riscos na revisão dos valores pactuados?

Lei nº 14.133/2021
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos
entre o contratante e o contratado, hipótese em que o cálculo do
valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco
compatível com o objeto da licitação e com os riscos atribuídos
ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.
[...]
§ 4º Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos
decorrentes de fatos supervenientes à contratação associados à
escolha da solução de projeto básico pelo contratado deverão ser
alocados como de sua responsabilidade na matriz de riscos.

169
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 35

Qual a responsabilidade do fiscal, do gestor do


contrato e da assessoria jurídica com relação
aos aditivos dos contratos? Qual novidade
prevista na nova Lei sobre o apoio dos órgãos
de assessoramento jurídico e de controle
interno?

Lei nº 14.133/2021
Art. 53. Ao final da fase preparatória, o processo licitatório seguirá
para o órgão de assessoramento jurídico da Administração, que
realizará controle prévio de legalidade mediante análise jurídica
da contratação.
[...]
§ 4º Na forma deste artigo, o órgão de assessoramento jurídico da
Administração também realizará controle prévio de legalidade de
contratações diretas, acordos, termos de cooperação, convênios,
ajustes, adesões a atas de registro de preços, outros instrumentos
congêneres e de seus termos aditivos.
[...]
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fis-
calizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da

170
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

Administração especialmente designados conforme requisitos es-


tabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos,
permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los
com informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as
ocorrências relacionadas à execução do contrato, determinando
o que for necessário para a regularização das faltas ou dos defei-
tos observados.
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo
hábil para a adoção das medidas convenientes, a situação que de-
mandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência.

APOIO DOS ÓRGÃOS DE ASSESSORAMENTO JURÍDICO E DE


CONTROLE INTERNO

Lei nº 14.133/2021
Art. 8º A licitação será conduzida por agente de contratação, pes-
soa designada pela autoridade competente, entre servidores efe-
tivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Ad-
ministração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite
da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar
quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do
certame até a homologação.
[...]

171
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

§ 3º As regras relativas à atuação do agente de contratação e da


equipe de apoio, ao funcionamento da comissão de contratação
e à atuação de fiscais e gestores de contratos de que trata esta
Lei serão estabelecidas em regulamento, e deverá ser prevista a
possibilidade de eles contarem com o apoio dos órgãos de asses-
soramento jurídico e de controle interno para o desempenho das
funções essenciais à execução do disposto nesta Lei.
[...]
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fis-
calizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da
Administração especialmente designados conforme requisitos es-
tabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos,
permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los
com informações pertinentes a essa atribuição.
[...]
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessora-
mento jurídico e de controle interno da Administração, que deve-
rão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para
prevenir riscos na execução contratual.

172
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

QUESTÃO 36
Percebe-se um grande receio por parte
dos gestores públicos na condução e nas
escolhas das contratações, inclusive quanto às
alterações contratuais. Quais cuidados devem
orientar essas decisões? Como a disciplina
da LINDB pode auxiliar na motivação segura
delas? A nova Lei trata desse tema?

RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO AGENTE PÚBLICO –


PRESSUPOSTOS PARA A RESPONSABILIZAÇÃO:

Ato ilícito na
gestão dos
recursos
públicos

RESPONSABILIZAÇÃO Conduta dolosa


AGENTE PÚBLICO ou culposa

Nexo de
causalidade
Competência
entre o dano e o
discricionária
comportamento
do agente
173
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Acórdão nº 2.420/2015 – Plenário


Enunciado
No âmbito dos processos de controle externo, a responsabilida-
de dos gestores de recursos públicos é de natureza subjetiva. São
exigidos simultaneamente três pressupostos para a responsabili-
zação: (i) o ato ilícito na gestão dos recursos públicos; (ii) a con-
duta dolosa ou culposa; e (iii) o nexo de causalidade entre o dano
e o comportamento do agente. Admite-se a ocorrência de exclu-
dentes de culpabilidade, tal como a inexigibilidade de conduta
diversa ou a ausência de potencial conhecimento da ilicitude.
(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 30/09/2015)

TCU – Acórdão nº 362/2015 – Plenário


Enunciado
Faz-se necessário que o agente público participe da cadeia causal
apta a gerar o dano, para que possa efetivamente ser responsabi-
lizado.
(Relator: Marcos Bemquerer Costa; Data do Julgamento: 04/03/2015)

Decreto-Lei nº 4.657/1942 – LINDB


Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas de-
cisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. (In-
cluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

174
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

Decreto nº 9.830/2019
Responsabilização na hipótese de dolo ou erro grosseiro
Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado
por suas decisões ou opiniões técnicas se agir ou se omitir com
dolo, direto ou eventual, ou cometer erro grosseiro, no desempe-
nho de suas funções.
§ 1º Considera-se erro grosseiro aquele manifesto, evidente e ines-
cusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação ou omis-
são com elevado grau de negligência, imprudência ou imperícia.
§ 2º Não será configurado dolo ou erro grosseiro do agente públi-
co se não restar comprovada, nos autos do processo de responsa-
bilização, situação ou circunstância fática capaz de caracterizar o
dolo ou o erro grosseiro.
§ 3º O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
danoso não implica responsabilização, exceto se comprovado o
dolo ou o erro grosseiro do agente público.
§ 4º A complexidade da matéria e das atribuições exercidas pelo
agente público serão consideradas em eventual responsabiliza-
ção do agente público.
§ 5º O montante do dano ao erário, ainda que expressivo, não pode-
rá, por si só, ser elemento para caracterizar o erro grosseiro ou o dolo.
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de
forma automática ao decisor que a adotou como fundamento de
decidir e somente se configurará se estiverem presentes elemen-
tos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro grosseiro da
opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes.

175
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

CULPA

Doutrina – Sérgio Cavalieri Filho


Culpa – conduta voluntária contrária ao dever de cuidado impos-
to pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntá-
rio, porém previsto ou previsível.
(CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade
civil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 50.)

Graus de culpa
Falta de uma atenção extraordinária,
que apenas um agente diligentíssimo,
CULPA LEVE especialmente cuidadoso e
atento, poderia empregar.
Falta de atenção média, que deveria
CULPA MÉDIA ser empregada por um agente na
condição de “homem médio”.
Falta de atenção substancialmente
CULPA GRAVE elevada, extraordinária e grosseira.
CULPA GRAVÍSSIMA OU
Culpa grave é equiparada ao dolo.
LATA DOLO AEQUIPARATUR

176
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 228


Acórdão 1628/2018 Plenário
Responsabilidade. Culpa. Erro grosseiro. Conduta.
A conduta culposa do responsável que foge ao referencial do “ad-
ministrador médio” utilizado pelo TCU para avaliar a razoabilidade
dos atos submetidos a sua apreciação caracteriza o “erro grosseiro”
a que alude o art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942 (Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro), incluído pela Lei 13.655/2018.

TCU – Acórdão nº 10.642/2015 – Segunda Câmara


Enunciado
A responsabilização do gestor que age com base em parecer téc-
nico deve estar fundamentada em prova concreta e objetiva de
que o parecer apresentava falhas perceptíveis por qualquer ad-
ministrador de conhecimento mediano, especialmente quando
emitido no exercício regular das funções do técnico e não por de-
legação de competência.
(Relatora: Ana Arraes; Data do Julgamento: 17/11/2015)

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 272


Acórdão 1529/2019 Plenário (Pedido de Reexame, Relator Mi-
nistro Benjamin Zymler)
Responsabilidade. Culpa. Supervisão. Culpa in vigilando. Culpa in
eligendo. Gestor.

177
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

Não cabe a responsabilização de dirigente de órgão ou entidade


por irregularidade que só poderia ser detectada mediante com-
pleta e minuciosa revisão dos atos praticados pelos subordina-
dos, sobretudo na presença de pareceres técnico e jurídico reco-
mendando a prática do negócio jurídico, salvo quando se tratar
de falha grosseira ou situação recorrente, que impede o reconhe-
cimento da irregularidade como caso isolado.

TCU – Acórdão nº 4.447/2020 – Segunda Câmara


Enunciado
Para fins de responsabilização perante o TCU, considera-se erro
grosseiro (art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942 - Lindb) aquele que
pode ser percebido por pessoa com diligência abaixo do normal
ou que pode ser evitado por pessoa com nível de atenção aquém
do ordinário, decorrente de grave inobservância de dever de cui-
dado.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 30/04/2020)

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 302


Acórdão 615/2020 Plenário
Responsabilidade. Licitação. Parecer jurídico. Erro grosseiro. Obras
e serviços de engenharia. Preço unitário. Critério.
A ausência de critério de aceitabilidade dos preços unitários em
edital de licitação para contratação de obra, em complemento ao
critério de aceitabilidade do preço global, configura erro grossei-
ro que atrai a responsabilidade do parecerista jurídico que não

178
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

apontou a falha no exame da minuta do ato convocatório, pois


deveria saber, como esperado do pareceristas médio, quando as
disposições editalícias não estão aderentes aos normativos legais
e à jurisprudência.

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 293


Acórdão 13053/2019 Segunda Câmara
Responsabilidade. Culpa. Erro grosseiro. Serviços contínuos. Pa-
gamento. Contrato verbal.
Para fins do exercício do poder sancionatório do TCU, pode ser
tipificado como erro grosseiro (art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942
– Lindb) o pagamento de serviços de natureza continuada pres-
tados sem respaldo contratual, em afronta ao art. 60, parágrafo
único, da Lei 8.666/1993.

TCU – Boletim de Jurisprudência nº 268


Acórdão 1264/2019 Plenário
Responsabilidade. Culpa. Erro grosseiro. Lei de Introdução às Nor-
mas do Direito Brasileiro. Licitação. Marca. Indicação. Justificativa.
Ausência.
Para fins do exercício do poder sancionatório do TCU, pode ser
tipificado como erro grosseiro (art. 28 do Decreto-lei 4.657/1942
– Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) o direciona-
mento de licitação para marca específica sem a devida justificati-
va técnica.

179
AULA 1 AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5

ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

TCU – Informativo de Jurisprudência nº 340


O parecerista jurídico pode ser responsabilizado solidariamen-
te com o gestor quando, por dolo, culpa ou erro grosseiro, in-
duz o administrador público à prática de ato grave irregular ou
ilegal.
Ao apreciar a prestação de contas da Companhia Docas do Esta-
do da Bahia (Codeba) relativa ao exercício de 2005, o Plenário do
TCU, mediante o Acórdão 3193/2014, decidiu julgar irregulares
as contas do Diretor-Presidente e da Coordenadora do Departa-
mento Jurídico à época dos fatos, além de aplicar-lhes multa em
face da contratação de uma fundação, por dispensa de licitação
com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, para a presta-
ção de serviços técnico-administrativos especializados "visando
à implantação do Sistema de Gestão Integrada de Meio Ambien-
te, Segurança e Saúde Ocupacional (SGA) e à criação do Núcleo
Ambiental da Codeba, integrado com outras iniciativas conver-
gentes da comunidade portuária", sem que a referida fundação
dispusesse, em seus quadros, de corpo técnico qualificado para
a execução desses serviços. Inconformada, a então Coordenado-
ra do Departamento Jurídico interpôs recurso de reconsideração,
aduzindo, em síntese, "a natureza opinativa e facultativa do pa-
recer jurídico emitido favoravelmente à contratação, a inocor-
rência de culpa ou erro grosseiro na emissão desse parecer e o
rigorismo da apenação". Ao apreciar o recurso, o relator ressaltou
ter restado configurada a prática de erro grosseiro por parte da
parecerista jurídica ao se manifestar favoravelmente à contrata-
ção, faltando-lhe "aprofundamento das investigações acerca do

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ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

preenchimento pela fundação dos requisitos previstos no art. 24,


inciso XIII, da Lei nº 8.666/1993, o que, caso promovido, teria le-
vado à constatação de que tal fundação não atendia aos requi-
sitos legais cabíveis". Para o relator, a recorrente manifestou-se
favoravelmente à contratação direta "não obstante a proposta de
preços apresentada pela própria fundação denotar que ela não
dispunha, em seus quadros, de corpo técnico qualificado para a
execução do serviço a ser contratado, e que, em função disso, iria
agregar conhecimento técnico de outras instituições". Além disso,
o condutor do processo consignou que "a exigência contida no
art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/1993 de a entidade contrata-
da por dispensa de licitação, com fundamento nesse dispositivo,
comprovar a capacidade de execução do objeto pactuado com
meios próprios e de acordo com as suas finalidades institucionais
visa evitar que tal permissivo legal seja utilizado para contratação
direta de empresa que atuará meramente como intermediária
na prestação dos serviços. Busca, ainda, evitar a fuga ao regular
certame licitatório, uma vez que a empresa de fato executora do
objeto não preencheria os requisitos subjetivos e objetivos para
que fosse contratada com fulcro nessa hipótese de dispensa de li-
citação". Ao deixar assente que a responsabilização dos pareceris-
tas jurídicos por culpa ou erro grosseiro na emissão de pareceres
que induzam o administrador público à prática de irregularidades
restou devidamente fundamentada no acórdão recorrido, o rela-
tor destacou a pacífica jurisprudência do Tribunal sobre a matéria,
a exemplo do Acórdão 1801/2007-TCU-Plenário, transcrevendo o
seguinte excerto do voto condutor daquela deliberação: "No que

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ALTERAÇÃO DO VALOR – REAJUSTE, REPACTUAÇÃO E REVISÃO (PARTE II)

concerne à isenção de pareceristas e à independência profissional


inerentes à advocacia, a questão encontra-se pacificada junto a
este Tribunal, bem assim junto ao Supremo Tribunal Federal, que
evoluiu no sentido de que os pareceristas, de forma genérica, só
terão afastada a responsabilidade a eles eventualmente questio-
nada, se seus pareceres estiverem devidamente fundamentados,
albergados por tese aceitável da doutrina ou jurisprudência, de
forma que guardem forte respeito aos limites definidos pelos
princípios da moralidade, legalidade, publicidade, dentre outros.
Ao contrário, se houver parecer que induza o administrador pú-
blico à prática de irregularidade, ilegalidade ou quaisquer outros
atos que possam ferir princípios como o da moralidade, da lega-
lidade ou da publicidade, só para citar alguns exemplos, ou que,
por dolo ou culpa, tenham concorrido para a prática de graves
irregularidades ou ilegalidades, haverá de existir solidariedade
entre gestores e pareceristas, já que deverão ser considerados
os responsáveis pela prática desses atos inquinados". Com base
no posicionamento externado pelo relator, o colegiado decidiu
conhecer do recurso e, no mérito, negar provimento, mantendo
inalterado o acórdão recorrido. Acórdão 362/2018 Plenário, Re-
curso de Reconsideração, Relator Ministro Augusto Nardes.

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TCU – Boletim de Jurisprudência nº 90


Acórdão 1656/2015 Plenário
Responsabilidade. Contrato. Parecerista jurídico.
Ainda que a natureza opinativa do parecer jurídico afaste, em re-
gra, a responsabilidade de seu emitente, essa subsiste, caso se de-
monstre culpa ou erro grosseiro.

TCU – Acórdão nº 7.181/2018 – Segunda Câmara


Enunciado
Nos casos em que o parecer técnico, por dolo ou culpa, induzir
o gestor à prática de irregularidade, ilegalidade ou qualquer ato
que fira princípios da Administração Pública, haverá responsabili-
dade solidária entre o gestor e o parecerista.
(Relator: Aroldo Cedraz; Data do Julgamento: 07/08/2018)

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