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1. INTRODUÇÃO
Tendo em vista esse contexto, o presente estudo pretende fazer uma análise sobre o
uso do Instagram na adolescência. Neste trabalho, pretendeu-se, portanto, responder aos
seguintes questionamentos: (1) Qual é a frequência do acesso ao Instagram pelos
adolescentes? (2) O que fazem quando conectados à rede social? (3) O uso do Instagram
tornou-se mais frequente com o advento da quarentena? (4) Como os usuários veem as
próprias publicações e as publicações dos outros? (5) Sentem-se confortáveis com a exposição
da própria imagem ou recorrem a artifícios, como filtros e edições de imagem? (6) Utilizam o
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Instagram como fonte de informação sobre beleza e corpo saudável? (7) Como são
influenciados pelo Instagram em relação aos padrões de beleza e “saúde”? (8) Quais são os
efeitos do consumo dos conteúdos da rede social para a autoestima e a autoconfiança dos
adolescentes? (9) Como o Instagram pode influenciar o comportamento da juventude? (10) O
Instagram pode ser um escape da realidade para os adolescentes?
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Método
Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo que propõe realizar uma análise sobre
o uso do Instagram pelos adolescentes (13-18 anos) no contexto nacional, visando à
compreensão de como se dão as práticas de acesso, consumo e interação da rede social e à
investigação de como são influenciados por elas.
O Instagram foi criado por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger em 2010,
tendo como objetivo resgatar a nostalgia do instantâneo que as câmeras fotográficas modelo
Polaroid possibilitaram ao longo dos anos, revelando fotos no ato do disparo. Poucos meses
depois de sua inauguração, a rede social se tornou um dos aplicativos mais promissores da
App Store e, em apenas um ano, já contava com dez milhões de usuários, segundo
informações do portal Canaltech.
2.1.3 Participantes
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2.1.4 Instrumentos
Visando, por meio da coleta de dados, atender aos objetivos estabelecidos foi
desenvolvido coletivamente um questionário estruturado contendo 20 questões fechadas.
Todas foram elaboradas no modelo múltipla escolha, sendo que algumas forneciam várias
opções de resposta para perguntas específicas e outras, as opções “Frequentemente ou
sempre”, “Raramente ou às vezes” e “Nunca” para questionamentos referentes ao
comportamento do usuário na rede social.
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Em resposta ao questionamento “Quantas vezes por dia você visualiza o seu feed?”,
19% responderam que visualizam mais de 20 vezes por dia, 30% responderam que visualizam
de 10 a 20 vezes por dia, 21% responderam que visualizam de 5 a 10 vezes por dia, 17%
responderam que visualizam de 2 a 5 vezes por dia, 6% visualizam, em média, 1 vez por dia e
7% não visualizam o feed todo dia (Gráfico 1). Depreende-se desses resultados que 70% dos
respondentes, número bastante expressivo, acessam o Instagram mais de 5 vezes por dia, o
que comprova a relevância da rede social no cotidiano dos adolescentes.
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Sobre a percepção dos usuários quanto às diferenças entre a vida retratada na rede
social e a vida real, foram apresentadas duas perguntas, uma referente às próprias postagens e
outra referente às postagens de terceiros. Em “Sobre as postagens de outros no Instagram,
você considera que…”, 77% afirmam que as pessoas, nas redes sociais, mostram uma vida
melhor do que têm, 21% afirmam que há um pouco de diferença entre o que é postado e o que
é vivido, mas não muita e apenas 2% afirmam que não há diferença entre o que é postado e o
que é vivido (Gráfico 4).
Já em “Sobre suas próprias postagens no Instagram, você diria que…”, 42% afirmam
que o que expõem na internet condiz com o que vivenciam, 37% afirmam que há um pouco
de diferença entre o que postam e o que vivenciam, mas não muita, 10% afirmam que o que
expõem na internet é bem diferente do que vivenciam e 11% afirmam não fazer postagens no
Instagram (Gráfico 5). O cotejo desses resultados com os anteriores evidencia uma expressiva
dissonância entre a avaliação alheia e a própria avaliação: enquanto somente 2% acredita não
haver diferença entre o que é postado e o que é vivido pelos outros, 42% afirma ser esse o
caso de suas próprias publicações. A discrepância de tais dados pode ser interpretada pela
tendência social de relacionar facilmente comportamentos negativos aos outros, enquanto
reconhecê-los em si mesmo é uma tarefa difícil.
vezes, “imperfeições” todos os traços que fogem ao padrão de beleza europeu, os dados são
preocupantes. Revelam a insatisfação dos adolescentes com a própria aparência e a busca por
corresponder a padrões irreais de beleza. Com os filtros, a pele pode ser clareada, o nariz,
afinado e os olhos, em questão de um clique, tornam-se azuis. Esses dados revelam ainda uma
inconsistência quando comparados aos anteriores, pois se 70% dos respondentes afirmam usar
filtros, ainda que seja em alguns momentos, a autoavaliação da realidade contida nas próprias
postagens (42% afirmam não haver diferença entre o que postam e a realidade) revela, mais
uma vez, a dificuldade de constatar em si comportamentos indesejados.
Sobre as reações suscitadas pelas publicações dos outros, foi questionado: “Você
costuma se sentir mal com você mesmo ao ver perfis e publicações de outras pessoas no
Instagram?”. As respostas foram equilibradas: 30% afirmam que frequentemente ou sempre,
36% afirmam que raramente ou às vezes e 34% afirmam que nunca (Gráfico 7).
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Há três perguntas que buscam sondar o consumo de informações sobre dieta, prática
de exercícios físicos e estilo de vida “saudável” no Instagram. Ao questionamento “Você
segue perfis no Instagram que falam sobre dieta, alimentação saudável e exercício físico?”,
35% responderam que frequentemente ou sempre, 38% responderam que raramente ou às
vezes e 27% responderam que nunca (Gráfico 8). Nota-se, assim, que se trata de uma prática
comum buscar referências para essas informações na rede social.
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pelos influenciadores, assim acabam sendo influenciados, principalmente por seguirem perfis
que consideram referenciais de moda e beleza.
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Por fim, a última pergunta realizada buscava promover no respondente uma reflexão
sobre os efeitos do Instagram e das redes sociais de maneira geral, se predominantemente
positivos ou negativos. Diante do questionamento “Você acha que sem o Instagram e as
demais redes sociais, as pessoas seriam mais felizes?”, 46% responderam não saber dizer,
31% responderam que sim e 23% responderam que não (Gráfico 20). Tirando os indecisos, a
maioria dos entrevistados demonstra acreditar que as consequências da utilização da rede
social, ainda que constante pela maior parte deles, é majoritariamente prejudicial.
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CONCLUSÃO
A análise dos dados coletados permitiu compreender melhor o uso do Instagram pelos
adolescentes na contemporaneidade, conforme os objetivos delimitados. Ficou comprovada a
relevância da rede social no cotidiano dos adolescentes, visto que 70% dos respondentes têm
o hábito de acessá-la mais de cinco vezes por dia. No entanto, constatou-se que tais usuários
não têm o costume de publicar conteúdo, apenas de curtir e comentar em publicações de
outros e, por vezes, limitam-se ainda a olhar perfis sem qualquer forma de interação.
Tal utilização da rede, mais passiva que ativa, pode-se justificar pela insegurança
verificada nos entrevistados que fazem uso de filtros para disfarçar imperfeições e revelam-se
preocupados com o julgamento dos outros em relação ao que publicam. A busca por
aprovação e a preocupação em corresponder aos padrões de beleza circulantes impossibilitam
a utilização da rede como expressão livre e autêntica de si próprio. Em vez disso, ela se
transforma no lugar em que você se projeta à medida que acredita corresponder à expectativa
do outro.
Tal utilização do Instagram, mais caracterizada pelo consumo do que por produções de
conteúdo e publicações próprias, revela uma prática confirmada por outros questionamentos:
a rede é constantemente consultada enquanto fonte de referências sobre beleza, corpo, moda e
estilo de vida. Os adolescentes entrevistados assumem essa influência, que é atuante na
percepção que têm de si mesmos. Os dados coletados pela pesquisa assinalam as
consequências decorrentes desse consumo: insatisfação com a aparência, receio em se
expressar e insegurança com a própria identidade. A última pergunta do questionário aponta
que, tirando os indecisos, a maioria dos respondentes acredita que as pessoas seriam mais
felizes sem o Instagram e as demais redes sociais.
Outra constatação permitida pelo estudo diz respeito a aparentes contradições entre
algumas das informações coletadas. Dentre os entrevistados, a maior parte acredita haver
expressiva diferença entre a imagem que os outros divulgam no Instagram e a vida real. No
entanto, a respeito das próprias publicações, não constatam o mesmo, mas afirmam que o que
postam condiz com o que vivenciam. Essa autoavaliação confronta-se ainda com o dado de
que 70% dos respondentes assume usar filtros, ainda que seja em alguns momentos, recurso
que tem como premissa “maquiar” a realidade. Tais incongruências apontam para a
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dificuldade em reconhecer no próprio modo de uso da rede alguns dos seus efeitos
problemáticos e também para a tendência social de relacionar facilmente comportamentos
negativos aos outros.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SIEGEL, Daniel J. Brainstorm: The Power and Purpose of the Teenage Brain. NovaYork:
Penguin Putnam, 2013.
TEDx TALKS. As redes sociais e a saúde mental. Flávio Milman Shansis. 2017. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=FId-rZHdP7s&t=43s>. Acesso em: 01 abr. de 2021.
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