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Maria Luiza Bocci; Mariana de Oliveira Nogueira;

Marina Fonseca Carvalho; Marina Rodrigues de Lima;


Matheus Vilas Boas Oliveira Mota Ferreira; Miguel da Costa Inez Bastos;
Otávio Carvalho Macari; Paolla Neder de Oliveira Carvalho;
Pedro Galo de Carvalho; Rafaella Carvalho Santos;
Sofia Helena Franco Vilhena; Thiago Souza Simão;
Vinicius Alessandri Pereira; Vitor Loyola Barbosa

O USO DO INSTAGRAM NA ADOLESCÊNCIA:


Uma análise das influências e dos modos de consumo

Colégio Sete de Setembro - COC


Poços de Caldas
2021
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Maria Luiza Bocci; Mariana de Oliveira Nogueira;


Marina Fonseca Carvalho; Marina Rodrigues de Lima;
Matheus Vilas Boas Oliveira Mota Ferreira; Miguel da Costa Inez Bastos;
Otávio Carvalho Macari; Paolla Neder de Oliveira Carvalho;
Pedro Galo de Carvalho; Rafaella Carvalho Santos;
Sofia Helena Franco Vilhena; Thiago Souza Simão;
Vinicius Alessandri Pereira; Vitor Loyola Barbosa

O USO DO INSTAGRAM NA ADOLESCÊNCIA:


Uma análise das influências e dos modos de consumo

Trabalho apresentado ao Colégio Sete de


Setembro, como parte do Projeto de Seminário
desenvolvido no 1º ano do Ensino Médio.
Orientação: Profª Rafaela Marra Melo

Colégio Sete de Setembro - COC


Poços de Caldas
2021

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1. INTRODUÇÃO

A adolescência, fase marcada por profundas transformações biológicas e psicológicas,


costuma representar, na cultura ocidental, um rito de passagem para o mundo adulto. De
acordo com o psiquiatra Daniel Siegel (2013), a impulsividade, a rebeldia e a intensidade que
caracterizam o comportamento dos adolescentes resultam de alterações cerebrais profundas e
são necessárias para que os jovens saiam de seu círculo familiar e conheçam o mundo. Nesse
período, as experiências vividas marcam a formação da personalidade e constroem as
habilidades que usarão na vida adulta. As ligações entre os neurônios que não são usados
desaparecem, enquanto os que são usados ficam mais fortes. Este processo é denominado
"poda sináptica" e torna o cérebro mais eficiente. Tudo isso os prepara para os papéis sociais e
culturalmente adequados dos adultos. Por ser uma fase de descobrimentos, o convívio com o
coletivo, colegas de escola, amigos e familiares, é de extrema importância para a construção
da identidade e a inserção social desses indivíduos.

Na década de 2020, as interações e as relações cultivadas pelos adolescentes sofrem


intermediação da presença dominante das redes sociais. Datam de 1969 os primeiros relatos
de serviços com a finalidade de socializar dados. Nos anos seguintes, até o início da década de
90, houve um grande avanço na infraestrutura dos recursos de comunicação. Um dos fatos
mais marcantes desse período foi quando a America Online (AOL), em 1985, passou a
fornecer ferramentas para as pessoas criarem perfis virtuais nos quais podiam descrever a si
mesmas e criar comunidades para troca de informações e discussões sobre os mais variados
assuntos. Anos mais tarde, em 1997, a empresa implementou um sistema de mensagens
instantâneas, o pioneiro entre os chats e a inspiração dos “messengers” utilizados atualmente.
Foi com a popularização da internet a partir dos anos 2000 que outro tipo de serviço de
comunicação e entretenimento começou a ganhar força: as redes sociais — dentre elas, o
Instagram.

No contexto nacional, segundo dados do IBGE (2018), a internet era utilizada em


79,1% dos domicílios brasileiros em 2018, sendo boa parte desse uso voltado para as redes
sociais. A última pesquisa TIC Domicílios (2018), realizada no mesmo ano pelo Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), mostra que
75% dos brasileiros conectados à internet usam redes sociais. Em 2021, não é difícil supor o
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crescimento dessas porcentagens diante da pandemia da COVID-19 e do decorrente


isolamento social imposto à população, que tem na internet o único meio seguro de contato
com amigos e familiares. Nesse panorama, o Instagram é a quarta rede social mais utilizada
no Brasil, com 95 milhões de usuários, segundo reportagem da We are social (Kemp, 2020),
sendo uma das preferidas dos jovens. Segundo a versão mais recente da TIC Kids (2019),
78% dos brasileiros com idades entre 13 e 14 anos utilizam as redes sociais. A porcentagem é
maior ainda na faixa entre 15 a 17 anos, idade considerada altamente influenciável, atingindo
91%, segundo estudo realizado em 2019.

Diante do expressivo envolvimento dos adolescentes com as redes sociais, cabe


investigar os efeitos decorrentes desse uso. No caso do Instagram, a proposta de “menos texto
e mais imagem” tornou-se um verdadeiro fenômeno comportamental. A rede abriga centenas
de influenciadores locais, nacionais e mundiais que, verdadeiras fontes de fortuna, registram
diariamente padrões irreais de beleza e comportamento. A necessidade de aprovação e a busca
pela construção da identidade, características da adolescência, fazem dos jovens alvos ainda
mais fáceis de manipulação e consumidores ideais dos produtos divulgados por grandes
empresas. Para o adolescente, os efeitos podem ser catastróficos. Seguir influenciadores com
estilos de vida caríssimos, consumir fotos editadas de corpos “perfeitos” e frustrar-se com a
não alcançada expectativa de “likes” são algumas das vivências diárias no Instagram.
Problemas como depressão, ansiedade, baixa autoestima e distúrbios alimentares são cada vez
mais comuns entre os jovens. Nos últimos anos, no entanto, verificou-se um movimento
contrário à exposição da “vida perfeita” na rede social: influenciadores negros, gordos, de
baixa renda e pessoas com deficiência, aos poucos, têm consquistado espaço no Instagram,
mas ainda são minoria quando comparados aos grandes influenciadores que reúnem milhões
de seguidores.

Tendo em vista esse contexto, o presente estudo pretende fazer uma análise sobre o
uso do Instagram na adolescência. Neste trabalho, pretendeu-se, portanto, responder aos
seguintes questionamentos: (1) Qual é a frequência do acesso ao Instagram pelos
adolescentes? (2) O que fazem quando conectados à rede social? (3) O uso do Instagram
tornou-se mais frequente com o advento da quarentena? (4) Como os usuários veem as
próprias publicações e as publicações dos outros? (5) Sentem-se confortáveis com a exposição
da própria imagem ou recorrem a artifícios, como filtros e edições de imagem? (6) Utilizam o

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Instagram como fonte de informação sobre beleza e corpo saudável? (7) Como são
influenciados pelo Instagram em relação aos padrões de beleza e “saúde”? (8) Quais são os
efeitos do consumo dos conteúdos da rede social para a autoestima e a autoconfiança dos
adolescentes? (9) Como o Instagram pode influenciar o comportamento da juventude? (10) O
Instagram pode ser um escape da realidade para os adolescentes?

Para atender a esses objetivos, foi desenvolvido um questionário estruturado contendo


20 questões fechadas no aplicativo de gerenciamento de pesquisas Google Forms. O
questionário coletou respostas de 100 adolescentes entre 13 e 18 anos, todos usuários do
Instagram. Adiante, no desenvolvimento deste trabalho, serão apresentadas as perguntas
elaboradas e as respostas obtidas. Por fim, na conclusão, serão traçadas as reflexões
possibilitadas pela análise dos resultados.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Método

2.1.1 Tipo e delineamento

Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo que propõe realizar uma análise sobre
o uso do Instagram pelos adolescentes (13-18 anos) no contexto nacional, visando à
compreensão de como se dão as práticas de acesso, consumo e interação da rede social e à
investigação de como são influenciados por elas.

2.1.2 Contexto da pesquisa: o Instagram

O Instagram foi criado por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger em 2010,
tendo como objetivo resgatar a nostalgia do instantâneo que as câmeras fotográficas modelo
Polaroid possibilitaram ao longo dos anos, revelando fotos no ato do disparo. Poucos meses
depois de sua inauguração, a rede social se tornou um dos aplicativos mais promissores da
App Store e, em apenas um ano, já contava com dez milhões de usuários, segundo
informações do portal Canaltech.

A rede social permite o compartilhamento de fotos e vídeos, bem como a integração


com outros aplicativos. Para obter acesso ao Instagram, basta criar uma conta acessando o site
oficial pelo computador ou fazendo o download do aplicativo por meio dos smartphones.
Feito isso, o usuário poderá compartilhar fotos, vídeos e se relacionar com outros usuários por
meio da opção de “segui-los”, o que lhe possibilitará acompanhar suas publicações e interagir
com elas com “curtidas” e comentários. Há diversas funcionalidades disponíveis, como a
aplicação de filtros, o Boomerang, os Stories, além das gravações e transmissões de vídeos ao
vivo. É relevante ressaltar também que, atualmente, o Instagram é um dos principais veículos
para a publicidade de empresas de todo o mundo.

2.1.3 Participantes

Os participantes deste estudo foram apenas usuários do Instagram, ao todo 100


respondentes, com idades entre 13 e 18 anos, residentes do Brasil. Não foram estabelecidos
critérios de exclusão.

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2.1.4 Instrumentos

Visando, por meio da coleta de dados, atender aos objetivos estabelecidos foi
desenvolvido coletivamente um questionário estruturado contendo 20 questões fechadas.
Todas foram elaboradas no modelo múltipla escolha, sendo que algumas forneciam várias
opções de resposta para perguntas específicas e outras, as opções “Frequentemente ou
sempre”, “Raramente ou às vezes” e “Nunca” para questionamentos referentes ao
comportamento do usuário na rede social.

As questões foram organizadas na plataforma de gerenciamento de pesquisas Google


Forms. Após finalizado o questionário, a plataforma gerou um link que foi compartilhado
para o público-alvo: adolescentes, entre 13 e 18 anos, usuários do Instagram.

2.1.5 Procedimento de coleta de dados

Juntamente com o envio do link solicitando o preenchimento do questionário de


pesquisa, foi assegurado aos participantes que os dados coletados seriam mantidos em sigilo e
esclarecido o propósito acadêmico da coleta de informações proposta. Todos concordaram
com os termos da pesquisa e se prontificaram a respondê-la com seriedade. O questionário,
desenvolvido na plataforma virtual Google Forms, ficou disponível por quatro dias, até
completar o número de 100 respondentes, sendo, então, encerrado para análise e discussão
dos dados coletados, os quais serão descritos no tópico seguinte.

2.2 Descrição dos dados

Diante dos objetivos estabelecidos, os questionamentos iniciais levantam informações


sobre a idade e o gênero dos respondentes; a pergunta um investiga a frequência do acesso ao
Instagram; a pergunta dois sonda o modo de uso do Instagram; a pergunta três indaga se
houve aumento do uso do Instagram durante a quarentena; as perguntas quatro e cinco são
relativas à constatação das diferenças entre o que é vivido e o que é postado por parte dos
usuários em relação às próprias publicações e às publicações de terceiros; a pergunta seis
questiona sobre a utilização de filtros na exposição da própria imagem; a questão sete busca
compreender os efeitos que as postagens dos outros suscitam; as questões de oito a dez
investigam o consumo de informações sobre beleza e corpo saudável na rede social; as
perguntas onze e doze perscrutam a influência do Instagram em relação ao estabelecimento de

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padrões de beleza e “saúde”; as perguntas de treze a dezesseis sondam os efeitos para a


autoestima e a autoconfiança de seus usuários; a pergunta dezoito avalia como o Instagram
pode influenciar comportamentos; as perguntas dezessete e dezenove questionam se o
Instagram pode ser um escape da realidade para seus usuários; por último, a pergunta vinte
propõe uma reflexão sobre os efeitos do Instagram de modo geral.

Analisando as idades dos respondentes, obtivemos o seguinte resultado: 6% dos


respondentes possuem 13 anos; 5%, 14 anos; 48%, 15 anos; 22%, 16 anos; 12%, 17 anos; 7%,
18 anos. Em relação ao gênero, dentre as opções “Masculino”, “Feminino”, “Não-binário”;
“Outro” e “Prefiro não dizer”, 61% dos respondentes declararam-se do gênero feminino, 38%,
do gênero masculino e 1% assinalou a opção “não-binário”.

Em resposta ao questionamento “Quantas vezes por dia você visualiza o seu feed?”,
19% responderam que visualizam mais de 20 vezes por dia, 30% responderam que visualizam
de 10 a 20 vezes por dia, 21% responderam que visualizam de 5 a 10 vezes por dia, 17%
responderam que visualizam de 2 a 5 vezes por dia, 6% visualizam, em média, 1 vez por dia e
7% não visualizam o feed todo dia (Gráfico 1). Depreende-se desses resultados que 70% dos
respondentes, número bastante expressivo, acessam o Instagram mais de 5 vezes por dia, o
que comprova a relevância da rede social no cotidiano dos adolescentes.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Em relação ao questionamento sobre o que fazem quando estão on-line no Instagram,


3% responderam “Postar fotos e vídeos”, 38% responderam “Apenas curtir publicações de
terceiros, 15% responderam “Curtir e comentar postagens de terceiros” e 44% responderam
“Olhar perfis e publicações, mas sem interagir” (Gráfico 2). Percebe-se por esses dados que a
utilização do Instagram é mais passiva que ativa para a maioria dos usuários, sendo que 82%
dos respondentes limitam-se a olhar e curtir publicações. O interesse pela vida de outras
pessoas também é notório, visto que a utilização expressiva (como pudemos averiguar pela
pergunta anterior) da rede social volta-se ao consumo de atualizações dos outros usuários.

Fonte: Dados da pesquisa.

Diante da pergunta “Você passou a utilizar mais o Instagram durante a quarentena?”,


74% responderam que sim, 19% responderam que não e 7% não sabem dizer (Gráfico 3).
Concluímos por esses dados que se o uso do Instagram já era expressivo antes da quarentena,
a situação atual, na qual são poucos os meios seguros de contato com familiares e amigos, é
caracterizada por um aumento bastante significativo da frequência de utilização dessa rede
social.

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Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre a percepção dos usuários quanto às diferenças entre a vida retratada na rede
social e a vida real, foram apresentadas duas perguntas, uma referente às próprias postagens e
outra referente às postagens de terceiros. Em “Sobre as postagens de outros no Instagram,
você considera que…”, 77% afirmam que as pessoas, nas redes sociais, mostram uma vida
melhor do que têm, 21% afirmam que há um pouco de diferença entre o que é postado e o que
é vivido, mas não muita e apenas 2% afirmam que não há diferença entre o que é postado e o
que é vivido (Gráfico 4).

Fonte: Dados da pesquisa.


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Já em “Sobre suas próprias postagens no Instagram, você diria que…”, 42% afirmam
que o que expõem na internet condiz com o que vivenciam, 37% afirmam que há um pouco
de diferença entre o que postam e o que vivenciam, mas não muita, 10% afirmam que o que
expõem na internet é bem diferente do que vivenciam e 11% afirmam não fazer postagens no
Instagram (Gráfico 5). O cotejo desses resultados com os anteriores evidencia uma expressiva
dissonância entre a avaliação alheia e a própria avaliação: enquanto somente 2% acredita não
haver diferença entre o que é postado e o que é vivido pelos outros, 42% afirma ser esse o
caso de suas próprias publicações. A discrepância de tais dados pode ser interpretada pela
tendência social de relacionar facilmente comportamentos negativos aos outros, enquanto
reconhecê-los em si mesmo é uma tarefa difícil.

Fonte: Dados da pesquisa.

Diante do questionamento “Você costuma usar filtros ao expor sua imagem no


Instagram?”, as respostas foram variadas: 40% afirmam usar em alguns momentos, 19%
afirmam não terem o costume de usar filtros; 17% afirmam usar na maioria das vezes; 13%
afirmam usar sempre; 6% afirmam nunca terem usado filtro e 5% afirmam nunca terem
exposto a própria imagem no Instagram (Gráfico 6). Ainda que, à primeira vista, tais números
possam não parecer expressivos, depreende-se deles que 70% dos usuários entrevistados usam
filtros, mesmo que apenas em alguns momentos. Tendo-se em vista que os objetivos de tais
filtros consistem na alteração da aparência e na correção de “imperfeições”, considerando, por
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vezes, “imperfeições” todos os traços que fogem ao padrão de beleza europeu, os dados são
preocupantes. Revelam a insatisfação dos adolescentes com a própria aparência e a busca por
corresponder a padrões irreais de beleza. Com os filtros, a pele pode ser clareada, o nariz,
afinado e os olhos, em questão de um clique, tornam-se azuis. Esses dados revelam ainda uma
inconsistência quando comparados aos anteriores, pois se 70% dos respondentes afirmam usar
filtros, ainda que seja em alguns momentos, a autoavaliação da realidade contida nas próprias
postagens (42% afirmam não haver diferença entre o que postam e a realidade) revela, mais
uma vez, a dificuldade de constatar em si comportamentos indesejados.

Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre as reações suscitadas pelas publicações dos outros, foi questionado: “Você
costuma se sentir mal com você mesmo ao ver perfis e publicações de outras pessoas no
Instagram?”. As respostas foram equilibradas: 30% afirmam que frequentemente ou sempre,
36% afirmam que raramente ou às vezes e 34% afirmam que nunca (Gráfico 7).

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Fonte: Dados da pesquisa.

Há três perguntas que buscam sondar o consumo de informações sobre dieta, prática
de exercícios físicos e estilo de vida “saudável” no Instagram. Ao questionamento “Você
segue perfis no Instagram que falam sobre dieta, alimentação saudável e exercício físico?”,
35% responderam que frequentemente ou sempre, 38% responderam que raramente ou às
vezes e 27% responderam que nunca (Gráfico 8). Nota-se, assim, que se trata de uma prática
comum buscar referências para essas informações na rede social.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Sobre o Instagram ser fonte de informação sobre alimentação e prática de exercícios


físicos, 27% afirmam que frequentemente ou sempre, 43% afirmam que raramente ou às
vezes e 30% afirmam que nunca (Gráfico 9). Quando questionados se seguem perfis no
Instagram por considerá-los referenciais de beleza e corpo saudável, 35% responderam que
frequentemente ou sempre, 33% responderam que raramente ou às vezes e 32% responderam
que nunca (Gráfico 10).

Fonte: Dados da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Após as perguntas sobre o Instagram ser ou não considerado fonte de informações


sobre dieta, prática de exercícios físicos e estilo de vida “saudável”, buscou-se sondar como a
rede social pode influenciar os adolescentes em relação a essas questões. Diante do
questionamento “Você já fez alguma dieta ou seguiu alguma recomendação sobre alimentação
e/ou prática de exercícios físicos vista no Instagram?”, as respostas obtidas foram: 47%
afirmam que nunca, 38% afirmam que raramente ou às vezes e 15% afirmam que
frequentemente ou sempre (Gráfico 11). A maioria dos respondentes, assim, afirma não ser
influenciada por esse tipo de conteúdo.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação à percepção do próprio corpo, a maioria admite ser influenciada pelo


Instagram. 36% afirmam que o Instagram influencia a percepção de seu corpo frequentemente
ou sempre, 31%, às vezes e 33%, raramente ou nunca (Gráfico 12).

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Fonte: Dados da pesquisa.

Após investigar a influência exercida pelas postagens do Instagram na percepção de si


mesmo, o próximo questionamento refere-se à autoestima dos adolescentes: “Você se sente
satisfeito(a) com sua imagem e com seu corpo?”. 33% responderam que frequentemente ou
sempre, 49% responderam que às vezes e 18% responderam que raramente ou nunca (Gráfico
13). Tais dados são consonantes com algumas das informações previamente coletadas, como a
que demonstra a necessidade da utilização de filtros para expor a própria imagem, o que é
indício da insatisfação com a própria aparência.

Fonte: Dados da pesquisa.


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Para sondar o desenvolvimento da autoconfiança nesse meio e a pressão que sentem


ao buscarem se expressar por suas postagens, foram elaborados três questionamentos: “Você
se sente confiante para fazer postagens no Instagram?”; “Você se importa com o que as
pessoas vão pensar sobre suas publicações no feed e nos stories?”; “Você já deixou de postar
algo que queria por medo do que os outros iriam pensar?”. 3% dos respondentes afirmam não
realizar publicações na rede social. 29% afirmam sentir confiança para fazer postagens
frequentemente ou sempre, 49%, às vezes e 19%, raramente ou nunca (Gráfico 14). 38%
afirmam se importar com o que os outros irão pensar de suas publicações, 37%, às vezes e
22%, raramente ou nunca (Gráfico 15). 30% já deixaram de postar algo por medo do que
iriam pensar frequentemente ou sempre, 45%, às vezes e 22%, raramente ou nunca (Gráfico
16). Podemos perceber, por esses dados, a insegurança dos adolescentes diante do que postam
na rede social, pois revelam uma constante preocupação com o que os outros irão pensar de
suas publicações e buscam obter aprovação por meio delas.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Fonte: Dados da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

Para o questionamento “O Instagram já influenciou você a adotar um novo estilo ou a


fazer algo que não fazia antes?”, as respostas obtidas foram: 32% afirmam que
frequentemente ou sempre, 45% afirmam que às vezes e 23% afirmam que raramente ou
nunca (Gráfico 17). Portanto, ter a atitude influenciada por conteúdos vindos do Instagram é
uma possibilidade para 77% dos respondentes. Por estarem frequentemente conectados à rede,
os adolescentes costumam estar a par dos novos estilos de roupa e das tendências divulgadas

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pelos influenciadores, assim acabam sendo influenciados, principalmente por seguirem perfis
que consideram referenciais de moda e beleza.

Fonte: Dados da pesquisa.

A fim de investigar se o mundo virtual do Instagram pode corresponder a uma


realidade alternativa para os adolescentes na qual podem se refugiar do mundo real, foram
feitas duas perguntas: “Você sente que o Instagram e as demais redes sociais são um escape da
realidade?” e “Você prefere interagir com seus amigos virtuais do que com as pessoas do seu
convívio?”. 48% dos entrevistados responderam sentir que as redes sociais são um escape da
realidade frequentemente ou sempre; 41%, às vezes e 11%, raramente ou nunca (Gráfico 18).

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Fonte: Dados da pesquisa.

Sobre a preferência pela interação virtual em detrimento daquela com as pessoas de


seu convívio, 10% responderam preferir as trocas com os amigos virtuais frequentemente ou
sempre, 32% responderam que às vezes e 58% responderam que raramente ou nunca (Gráfico
19). Percebe-se, assim, ser uma constatação geral o escape da realidade que o Instagram
representa, enquanto há uma opção clara pelas relações sociais que ocorrem presencialmente.
De qualquer maneira, é significativo que 42% dos respondentes prefiram, em algum
momento, os companheiros virtuais do que os amigos e os familiares de seu convívio.

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Fonte: Dados da pesquisa.

Por fim, a última pergunta realizada buscava promover no respondente uma reflexão
sobre os efeitos do Instagram e das redes sociais de maneira geral, se predominantemente
positivos ou negativos. Diante do questionamento “Você acha que sem o Instagram e as
demais redes sociais, as pessoas seriam mais felizes?”, 46% responderam não saber dizer,
31% responderam que sim e 23% responderam que não (Gráfico 20). Tirando os indecisos, a
maioria dos entrevistados demonstra acreditar que as consequências da utilização da rede
social, ainda que constante pela maior parte deles, é majoritariamente prejudicial.

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Fonte: Dados da pesquisa.

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CONCLUSÃO

A análise dos dados coletados permitiu compreender melhor o uso do Instagram pelos
adolescentes na contemporaneidade, conforme os objetivos delimitados. Ficou comprovada a
relevância da rede social no cotidiano dos adolescentes, visto que 70% dos respondentes têm
o hábito de acessá-la mais de cinco vezes por dia. No entanto, constatou-se que tais usuários
não têm o costume de publicar conteúdo, apenas de curtir e comentar em publicações de
outros e, por vezes, limitam-se ainda a olhar perfis sem qualquer forma de interação.

Tal utilização da rede, mais passiva que ativa, pode-se justificar pela insegurança
verificada nos entrevistados que fazem uso de filtros para disfarçar imperfeições e revelam-se
preocupados com o julgamento dos outros em relação ao que publicam. A busca por
aprovação e a preocupação em corresponder aos padrões de beleza circulantes impossibilitam
a utilização da rede como expressão livre e autêntica de si próprio. Em vez disso, ela se
transforma no lugar em que você se projeta à medida que acredita corresponder à expectativa
do outro.

Tal utilização do Instagram, mais caracterizada pelo consumo do que por produções de
conteúdo e publicações próprias, revela uma prática confirmada por outros questionamentos:
a rede é constantemente consultada enquanto fonte de referências sobre beleza, corpo, moda e
estilo de vida. Os adolescentes entrevistados assumem essa influência, que é atuante na
percepção que têm de si mesmos. Os dados coletados pela pesquisa assinalam as
consequências decorrentes desse consumo: insatisfação com a aparência, receio em se
expressar e insegurança com a própria identidade. A última pergunta do questionário aponta
que, tirando os indecisos, a maioria dos respondentes acredita que as pessoas seriam mais
felizes sem o Instagram e as demais redes sociais.

Outra constatação permitida pelo estudo diz respeito a aparentes contradições entre
algumas das informações coletadas. Dentre os entrevistados, a maior parte acredita haver
expressiva diferença entre a imagem que os outros divulgam no Instagram e a vida real. No
entanto, a respeito das próprias publicações, não constatam o mesmo, mas afirmam que o que
postam condiz com o que vivenciam. Essa autoavaliação confronta-se ainda com o dado de
que 70% dos respondentes assume usar filtros, ainda que seja em alguns momentos, recurso
que tem como premissa “maquiar” a realidade. Tais incongruências apontam para a
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dificuldade em reconhecer no próprio modo de uso da rede alguns dos seus efeitos
problemáticos e também para a tendência social de relacionar facilmente comportamentos
negativos aos outros.

A escolha por estudar o uso do Instagram na adolescência levou em consideração o


crescente número de usuários e publicações dessa rede, que se alastrou ainda mais com o
advento da pandemia. Espera-se que este estudo possa contribuir para investigações voltadas à
compreensão e aos efeitos das experiências vivenciadas pelos adolescentes nas redes sociais,
em especial no Instagram, para trazer, futuramente, possíveis ações e intervenções ao público
estudado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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imagem corporal de adolescentes brasileiras. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 66, n. 3, p.
164-171, Set. 2017 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852017000300164&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 25 mar. de 2021.
O DILEMA DAS REDES. Direção de Jeff Orlowski. Estados Unidos: Netflix, 2020.
SATLER, Lara Lima; CARRIJO, Ana Júlia de Freitas. O que adolescentes pensam sobre o
compartilhamento de si na internet? Revista Mídia e Cotidiano. Volume 15, Número 1.,
jan./abr. de 2021. Disponível em:
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TEDx TALKS. As redes sociais e a saúde mental. Flávio Milman Shansis. 2017. Disponível
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