Ambiental de Edificações
Material Teórico
Contextualização sobre a Questão Ambiental
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Contextualização sobre
a Questão Ambiental
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer um breve resumo da história da problemática ambiental, assim como a
sua caracterização no contexto contemporâneo;
• Discutir as principais visões sobre o conceito de sustentabilidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Talvez por isso tenhamos chegado ao cenário atual, onde a indústria de construção
civil consome cerca de 50% dos recursos naturais, sendo, certamente, responsável
por parte dos maiores impactos que causamos no Planeta (EDWARDS, 2005).
Como você acha que nos relacionamos com o meio que nos cerca? Acredita que é o nosso
Explor
História
Sob a perspectiva das edificações e o meio ambiente, é difícil traçar um marco
inicial dessa relação. Talvez tivéssemos que voltar à sedentarização da espécie
humana, na construção de nossas primeiras casas “artificiais”, ou seja, feitas pela
própria espécie. Ou talvez devêssemos nos ater as questões pertinentes à história
brasileira e analisarmos a relação dos múltiplos povos indígenas de nosso território.
Ou, quem sabe, atermo-nos à perspectiva ocidental, mais bem documentada,
analisando o conceito das “cidades de taipa” das residências brasileiras do século
XVI ao XIX (CIANCIARDI, 2014).
8
Ainda que todas essas sejam abordagens válidas, para melhor entendermos o
contexto das certificações e casas sustentáveis dos dias atuais precisaremos nos
ater aos debates em que o conceito da sustentabilidade emergiu – lembrando que
as nossas referências bibliográficas estão repletas de indicações úteis para maior
aprofundamento sobre tal conteúdo.
impactos. Quando a resiliência é quebrada, significa que, naturalmente, aquele espaço não se
recuperará de um impacto; por exemplo, se algumas árvores caem em uma floresta durante um
vendaval, com o passar do tempo a floresta se recuperará sem nenhuma intervenção humana.
Já quando é feito o corte raso de uma grande porção de floresta, mesmo se abandonarmos a
área, a floresta jamais virá a ter a riqueza e biodiversidade de outrora.
Foi na década de 1980 que o termo sustentável passou a ser utilizado como
um tipo de adjetivo para qualificar o desenvolvimento. Essa abordagem ganhou
força após o relatório intitulado Nosso futuro comum – conhecido também como
Relatório Brundtland –, elaborado por uma comissão da Organização das Nações
Unidas (ONU), o qual afirmou a importância de mantermos equilíbrio no uso dos
recursos naturais de forma a não prejudicar as gerações futuras (VEIGA, 2005).
9
9
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Podemos utilizar a própria história da Cidade de São Paulo para isso: fundada
à beira do rio Piratininga – hoje o canalizado rio Tamanduateí – e de uma colina,
São Paulo sempre teve os seus muitos rios como “corações da Cidade”, seja como
forma de transporte, abastecimento, saneamento, esporte, ou mesmo por aspectos
culturais. No final do século XIX e começo do XX, a Cidade viu, por meio de seus
gestores, a necessidade de priorizar a construção de grandes avenidas e novos
loteamentos em detrimento dos rios. Dessa forma, tais rios foram canalizados,
10
tamponados ou até mesmo tiveram o seu fluxo invertido – como no caso do rio
Pinheiros –, tornando as suas águas o destino final de esgotos. Com o passar do
tempo, esses rios sofreram grande deterioração e se tornaram fontes de estorvo
aos paulistanos (JORGE, 2006).
Em cerca de vinte minutos, o documentário Entre rios mostra bem a relação e deterioração
Explor
dos rios na Cidade de São Paulo nas últimas décadas. Assista-o em: https://goo.gl/ikXUIC
Contexto Atual
Hoje são muitos os desafios relacionados ao contexto ambiental para as edi-
ficações. Precisamos responder a demandas relacionadas à gestão dos recursos
naturais; poluição; às mudanças climáticas; à biodiversidade; ao crescimento da
população urbana etc.
Importante! Importante!
11
11
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Natureza Urbana
A “explosão demográfica” no último século foi, antes de tudo, uma deflagração
urbana. Se por volta de 1900 14% da população mundial habitavam cidades, no
início do século XXI mais de 50% das pessoas passaram a viver em meio urbano, e
esses números são ainda mais impressionantes em países desenvolvidos. Na União
Europeia, por exemplo, as médias de cidadãos que vivem na cidade e no campo
são de 70% e 30%, respectivamente (GAUZIN-MÜLLER, 2011).
Esse cenário gera uma série de demandas urbanas, tais como transporte, sane-
amento, habitação e áreas livres; anseios que muitas vezes são respondidos por
meio de grandes obras artificiais, alienando os seus habitantes do meio em que
estão inseridos.
12
• Nos rios, córregos, lagos e sistemas tamponados, lembrados em momentos
de cheias e alagamentos – mas esquecidos e ignorados no dia a dia – e na
disposição irregular do esgoto em seus leitos;
• No vento e na circulação do ar, condição muitas vezes intensificada nas regiões
centrais em decorrência de cânions artificiais, formados pelas edificações mais altas;
• Na iluminação do Sol, um recurso extremamente democrático, ainda que muitas
edificações tenham sido impedidas de usufrui-la por estarem à sombra de outras;
• No solo, base de sustentação de nossos edifícios, calçadas, ruas e árvores, mas
muitas vezes lembrados apenas nas ocorrências de deslizamentos ou quando
são comprovadamente tóxicos, comumente em função da deposição irregular
de rejeitos industriais;
• Com os animais, sejam domésticos, tais como cães e gatos; pestes, tais como
ratos e baratas; ou silvestres, tais como corujas, pica-paus e beija-flores.
Figura 2 - Querendo ou não, a natureza urbana se faz presente nas cidades. Nos canais de Santos,
por exemplo, vemos um ambiente construído e adaptado para as necessidades da época
Fonte: iStock/Getty Images
A relação dos habitantes para com esses aspectos mais evidentes do meio am-
biente nas cidades, comumente, variará de acordo com o bairro e a faixa de renda.
Infelizmente, os bairros que possuem arquitetura e urbanismo mais integrados,
permitindo conexão mais intensa com os seus habitantes, são os de alta renda
(GOMES; SOARES, 2003).
Esse cenário se torna ainda mais complexo quando começamos a analisar alguns
pormenores históricos: por exemplo, as vegetações dos parques urbanos são, em
sua grande maioria, oriundas de plantios paisagísticos compostos de espécies
exóticas à região – ou seja, que não são nativas; de modo que, como uma de suas
13
13
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Conceito de Sustentabilidade
Apesar de não possuirmos um consenso sobre a definição de sustentabilidade,
especialmente sobre o que seria uma edificação sustentável, a maioria dos autores
concorda que quando trabalhamos com esse tema acabamos por buscar ações
que reduzam a nossa insustentabilidade, ou seja, que diminua os nossos impactos
negativos, potencializando os nossos impactos positivos (GRÜNBERG; MEDEIROS;
TAVARES, 2014).
Entre os pontos em comum destacados pela maioria dos autores, temos a busca
pela transição a uma economia de baixo carbono, mais solidária e compartilhada; ser
inclusiva e socialmente justa; que supere os atuais e pobres paradigmas de desempenho
econômico; e que fortaleça os Direitos Humanos (GAUZIN-MÜLLER, 2011).
Trocando ideias...Importante!
“A adjetivação deveria ser desdobrada em socialmente includente, ambientalmente
sustentável e economicamente sustentado no tempo” (VEIGA, 2005, p. 10).
14
A Comissão Brundtland, no documento Nosso futuro comum, trouxe a definição
mais famosa de desenvolvimento sustentável, “[...] que satisfaz as necessidades do
presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas
próprias necessidades” (WCED, 1987, p. 16).
Ambiental
Econômico Social
15
15
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Importante! Importante!
16
Uma característica interessante dessa ferramenta está na contextualização, con-
siderando que o impacto de um material está associado ao período e local; significa
que a utilização de um material, tal como um móvel de madeira de peroba-rosa,
terá impactos diferentes no Paraná, onde foi fabricado, ou no Ceará, para aonde
será transportado por meio de um caminhão.
cerca de 75%, constituída principalmente por energia hídrica, eólica, de biomassa e solar; já
nos Estados Unidos esse número é de 14%, apenas (ANEEL, 2018; GAUZIN-MÜLLER, 2011).
Dessa maneira, podemos concluir que a energia elétrica brasileira é menos dependente de
recursos naturais não renováveis, logo, menos geradora de poluição atmosférica.
17
17
UNIDADE Contextualização sobre a Questão Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
O Guia Básico para a Sustentabilidade
EDWARDS, B. 2. ed. Barcelona: GG, 2005.
Vídeos
Rio Pinheiros - Sua História e Perspectivas
História Ambiental do Rio Pinheiros, em São Paulo.
https://goo.gl/CnZW2E
Top Vídeos Manual do Mundo
Entenda mais sobre a Produção de Energia Elétrica no Brasil.
https://goo.gl/E8pr21
Forma Urbana e Sustentabilidade: Fausto Nilo at TEDxFortaleza
A Sustentabilidade e as Cidades.
https://goo.gl/kGRgWW
Apocalipse Moderno | Nerdologia
As Cidades e a nossa Relação com as quais.
https://goo.gl/bHBGgQ
Leitura
A Receita de Sucesso
Reportagem sobre o livro “O Triunfo das Cidades”.
https://goo.gl/1hdLeu
18
Referências
CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2010.
GLAESER, E. Triumph of the city: how our invention makes us richer, smarter,
greener, healthier and happier. 2rd ed. [S.l.]: Macmillan, 2011.
JORGE, J. Tietê: o rio que a cidade perdeu. São Paulo: Alameda, 2006.
Sites visitados
ANEEL. Matriz energética brasileira. jun. 2018. Disponível em: <http://www2.
aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 28
jun. 2018.
19
19