Você está na página 1de 9

lOMoARcPSD|9667712

Os Maias
Capítulo V

De regresso a casa, após uma visita à sua primeira doente, uma bela rapariga de
origem alsaciana, casada com um padeiro do bairro (Marcelino), que tinha sido atingida por
uma pneumonia, Carlos ainda veio encontrar o avô envolvido numa partida de whist com os
seus amigos. Afonso sentia-se grato para com esta doente, que possibilitava o
reconhecimento de Carlos como médico, tendo por isso chegado a enviar-lhe seis garrafas
de Chânteau-Margaux (doente deu a Carlos9. A noite era gelada, Vilaça lembra-se de uma
noite ainda mais gelada no inverno de 64.
Carlos pediu informações acerca de Ega, que andava desaparecido, e, entretanto,
Vilaça esclareceu que ele tinha aparecido no escritório, indagando sobre os preços da
decoração do consultório de Carlos. Constava-se que Ega pretendia montar casa e, na opinião
de Vilaça, ele vinha talvez meter-se na política, mas, segundo D. Diogo, a ocupação de Ega
relacionava-se com uma mulher, “Essas coisas nunca se sabiam, e era preferível não se
saberem”.
No Ramalhete jogava-se também bilhar (Conde de Steinbroken e Marquês-ganhou) e
discutia-se política. No fundo da sala encontrava-se o Eusebiozinho, viúvo sempre
macambuzio. Eusebiozinho e o Marquês discutiam um negócio de uma parelha de éguas na
ordem dos 1500 reís. Cruges alegrou o ambiente com a sua música, tocando piano e o Conde
de Steinbroken a cantar (cantou-se a Primavera e toucou-se o Hino da Carta). Os escudeiros
serviam bebidas (St Emilion, Porto, ponche quente), croquetes e sanduíches. Falou-se da
queda de Mac-Mahon e a eleição de Grevy, de Gambetta, da tosse de D. Diogo, de cavalos,
do duelo do Azevedo da “opinião” como Sá Nunes, autor de “El-Rei Bolacha”.
É feita uma descrição da sala, referindo-se o seu luxo, a sua decoração, estilo Luís XV,
as tapearias, as poltronas, etc.
Vilaça confidenciou com Eusebiozinho acerca das extravagâncias dos Maias, referindo
o facto de Carlos ter “tomado uma frisa de assinatura “, em S. Carlos, quando afinal ia tão
poucas vezes ao teatro, acabando a frisa por ser mais frequentemente ocupada pelos
amigos. Gastava-se muito em esmolas, pensões, empréstimos que nunca mais eram pagos,
não se fazendo reservas de dinheiro, embora a casa tivesse rendimentos bastantes para
suportar todas as despesas.
Conversando-se sobre ópera (Morelli estreia nova, dama
nova), Taveira fez alusão ao conde Gouvarinho, par do reino, e à D. Diogo chamado
sua mulher, condessa de Gouvarinho. Este casal também tinha “Lindo Diogo” pelas
tomado uma frisa de assinatura no teatro, ao lado da de Carlos Damas, Margarida sua
(Carlos não conhecia). Respondendo a uma pergunta de Carlos cozinheira sua paixão
sobre o seu amigo Ega, Taveira esclareceu ainda que o tinha visto
na frisa dos Cohens e fizeram-se comentários sobre a possível
aventura de Ega com Raquel Cohen, mulher do banqueiro Cohen.
Os convivas foram, entretanto, abandonando o Ramalhete.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

O laboratório de Carlos estava finalmente pronto, mas Carlos não tinha tempo para ir
lá, dizia a Afonso que deixaria a Deus mais umas semanas o privilégio exclusivo de saber o
segredo das coisas. Carlos tinha, entretanto, ganho alguma fama de médico, devido à cura
de Marcelina, a mulher do padeiro. Tinha, assim, alguns doentes no bairro e recebia algumas
visitas no consultório. Os colegas que, a princípio, lhe atribuíam algum reconhecimento
devido à sua riqueza, começaram a considerá-lo “um asno “, devido à sua reduzida clientela.
Carlos pouco mais fazia do que ocupar-se dos seus cavalos, do seu luxo e do seu bricabraque
(objetos de arte / antiguidades). Para além disto, tinha escrito dois artigos para a “ Gazeta
Médica “, planeava escrever um livro com o título “ Medicina Antiga e Moderna “ e sentia-se,
ainda, atraído pela ideia de criar uma revista, proposta por Ega, que entretanto se esquivava
a discutir este plano, pois andava sempre fugido, sendo visto no teatro na companhia dos
Cohen, Dâmaso Salcede e um primo dos Cohen mocinho imberbe.
Ega dizia que andava muito ocupado a procurar casa, mas era visto a deambular
constantemente pelo Chiado e pelo Loreto, em jeito de aventura. O romance do Ega já
começava a ser comentado no “Grémio “e na “Casa Havanesa “.

Taveira e o Marquês achavam-a deliciosa

Crugues chamava-lhe uma "lambisgóia relambória"

Alta, 30 ano, pálida, delicada, ar de romance


Raquel Cohen

Ega certo dia acompanhado Carlos até ao Ramalhete encontrava-se apaixonado


elogiando um certo Hugo que antes odiava (chamava-lhe saco-roto de espiritualismo...)
Outro dia Ega irrompeu pelo consultório de Carlos depois deste ter dispensado um
doente chamado Viegas, para lhe ler um excerto do seu livro, “Memórias de um Átomo “, um
capítulo que remetia para a Idade Média (séc. XV) chamado de “A Hebreia”, sobre os amores
contrariados de uma judia, Ester, por um cavaleiro/poeta Franck (bastardo do imperador
Maximiliano). Carlos percebeu perfeitamente, nessa judia, a representação da amada Raquel
Cohen. Uns dias depois, Carlos encontrou num jornal uma referência à leitura deste capítulo
das “Memórias de um Átomo “, em casa dos Cohen, num artigo que causou a indignação de
Ega, que não gostou das apreciações dos jornalistas.
Ega falou a Carlos no interesse que a família Gouvarinho tinha manifestado em
conhecê-lo, sobretudo a condessa, ficando marcado um encontro para terça. Carlos foi então
essa noite a S. Carlos (teatro), mas a saída revelou-se inútil, porque esse dia não estavam
presentes nem Ega nem os Cohen nem os Gouvarinho, apenas Cruges.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Olhares entre Carlos e a Condessa de Gouvarinho

Carlos achava-a picante com os cabelos ruivos

Condessa Gouvarinho

Ao deitar-se, em conversa com Baptista, o seu


criado de quarto, Carlos procurou obter informações sobre Batista conhecido como “tista”
a família dos Gouvarinhos, já que Baptista conhecia o criado devido à sua vasta ligação à família
Maia era um confidente, era fino.
de quarto do conde (Manuel Pimenta). Carlos soube então
que o conde era um sovina, que tinha oferecido ao criado Anos atras, em Coimbra Baptista
um fato já em tão mau estado que o criado o tinha deitado acompanha Carlos até Lamego onde
fora (chamava de Romão a Pimenta pois era o nome do ajudava-o a saltar um muro do
antigo criado). Além disso o casal também não se dava bem, senhor escrivão de Fazenda - aquele
tendo o criado presenciado uma cena em que madame que tinha uma mulher tão garota
Gouvarinho tinha partido a loiça, durante uma discussão.
Baptista também soube que Tompson era o pai da condessa
do Porto que não emprestava dinheiro ao genro e que a
condessa tinha uma criada de confiança escocesa.
Em seguida Carlos escreve a Madame Rughel (senhora linda, que Carlos conheceu na
Holanda). Ficou a pensar na Condessa de Gouvarinho.
Terça chegou e Ega faltou.
Carlos foi finalmente apresentado aos Gouvarinho, uma noite, em S. Carlos. A
condessa observou a Carlos que o tinha visto, no verão, em Paris. Falou-se de política, Lisboa
e Porto, ópera, memória. No final do espetáculo, o conde mostrou-se honrado por conhecer
um homem com a distinção de Carlos, e a condessa informou-o que recebiam às terças-feiras.

Os maias
Capítulo VI

Carlos decidiu ir visitar Vila Balzac, a casa do Ega,


alugada na Penha de França (casa isolada, que serve de retiro Cozinheira de Ega- Srª Josefa
estudioso daí seu nome). Ninguém o veio receber, embora lhe Beberam na Vila Balzac um
parecesse ter ouvido barulhos vindos do interior da casa. vinho que o Jacob Cohen
Conforme sugestão do Ega, no dia seguinte Carlos voltou deu a Ega
e Ega já o esperava, tendo-o recebido com todas as cerimónias.
A casa possui livros filosóficos sendo sóbria e simples, como
convinha a um filósofo.
Entretanto Carlos tinha estado na casa de Madame Gouvarinho e os dois amigos falaram sobre
isso. Carlos tinha experimentado algum interesse por esta mulher, mas acabou por confessar a Ega, que
a Madame Gouvarinho logo perdeu para ele o encanto falando-se sobre Inglaterra e política. Este era um
grande defeito de Carlos, que o tornava incapaz de se fixar numa mulher, acabando apenas por ficar
amigo de todas.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Ega disse a Carlos que ele era como D. Juan, eternamente à procura do amor e, quando julgava
encontrá-lo (Gouvarinho/Coronela de Hussardos da Hungria/Madame Rughel), verificava que se tinha
enganado, decidindo continuar à procura, aproximando-se de outras mulheres. Ega lança aqui um
prognóstico, dizendo a Carlos que ele pode vir a acabar como D. Juan (outro indício de fatalidade). Ega
cantava “Barcarola” de Gounod.
Saíram e, no caminho, encontraram Craft, colecionador de bricabraque, que tinha uma bonita casa
nos Olivais. Ega ainda quis voltar a casa para oferecer uma bebida, mas Craft libertou-o, dizendo que
aproveitava o facto de estar ali para visitar um amigo, o velho Shelgen (alemão que vivia na Penha de
França). Ega apresentou Carlos.
Entretanto Ega convidou-os para um jantar no Hotel Central, no dia seguinte às seis. Entretanto o
jantar foi sendo adiado, pois Ega foi incluindo mais pessoas e acabou por transformá-lo numa
homenagem ao seu amigo Cohen

O Jantar foi adiado pois Ega convertera-o num jantar em honra dos Cohen.

O Marquês partira para Golegâ

Steinbroken estava doente

Cruges era demasiado desleixado segundo Ega

Teixeira não foi pois tinha discudindo com dois compnheiros Jantar no Hotel Central
intimos de Cohen

Ega garantiu que houvesse um prato à la Cohen, surgindo a ideia: tomates farcies à la Cohen
No dia do jantar, Carlos veio a encontrar Craft numa loja de bricabraque do tio Abraão. Carlos
comprou um quadro de uma espanhola que não valia nada por 10 tostões. Falaram sobre a casa de Craft
nos Olivais e da sua preciosa coleção de bricabraque, mas Craft confessou que queria desfazer-se de tudo
aquilo e começar uma coleção homogénea de arte do século XVII numa quinta no Porto.
Entraram então no Hotel Central e nesse momento viram chegar um coupée. De dentro saiu uma
senhora loira com uma cadelinha escocesa, muito bonita, que deixou Carlos e Craft num estado de
atração e admiração e arrancou de Craft o elogio em Francês “três chic “.
Em cima, Ega já estava presente, conversando com Dâmaso Salcede, representante do novo-
riquismo da época.
Craft comentou o facto de terem visto à entrada do hotel uma mulher bonita, com uma cadelinha
ao colo, e Dâmaso, que estava a conversar com Ega, decidiu vangloriar-se de a conhecer. Tratava-se da
família dos Castros Gomes com quem tinha viajado de comboio, vindos de Bordéus. Dâmaso falou na
família Gomes que conhecera no Hotel Nantes em Paris, também falou no seu interesse por Paris e
referiu o seu tio anarquista, chamado de Guimarães, íntimo de Gambetta e de Mac-Mahon, que vivia na
capital francesa. Apareceu em seguida o poeta Tomás Alencar, a quem Ega também apresentou Carlos.
Alencar ficou emocionado, por conhecer o filho do seu grande amigo Pedro.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Alencar explicou a Carlos que ele tinha tido alguma influência na escolha do seu nome, pois a
mãe não tinha querido dar-lhe o nome Afonso, do avô, e então, como ela andava a ler um romance cuja
personagem principal era Carlos Eduardo, o último dos Stuarts, Alencar sugeriu-lhe que desse esse nome
ao filho. Apareceu por fim Cohen, o grande convidado do jantar.
Falou-se então de crimes na Mouraria, entre fadistas (rapariga foi esfaqueada, amante do Visconde
da Ermidinha). Carlos achava que esses crimes mereciam um romance, o que levou à discussão sobre o
realismo. Alencar, poeta romântico, era contra o realismo, por mostrar os aspetos feios da realidade.
Alencar achava que não se devia mencionar o “excremento “-realismo, enquanto comiam. Craft estava
do lado de Alencar, sendo contra o realismo e o naturalismo. Achava que a arte devia ser uma idealização,
mostrando as formas mais belas da vida e não as feias. Carlos achava que o mais intolerável no realismo
eram os “ares científicos”, a ideia do positivismo e do experimentalismo. Ega então achava que o
realismo ainda devia ser mais científico e dar-se menos à fantasia.

Alencar e Contra o realismo e naturalismo, arte deveria ser uma idealização, favor do
Craft romantismo, Patriota
Ega Favor do realismo e experimentalismo, contra o romantismo
Carlos O mais intolerável do realismo era o experimentalismo

A conversa desviou-se para uma pergunta feita a Cohen, a propósito de empréstimos e Cohen disse
mesmo que as grandes fontes de receitas no país eram os empréstimos e os impostos. Carlos então
achava que assim o país ia para a bancarrota e Cohen disse que essa bancarrota já ninguém a podia evitar.
Então Ega achava que o melhor era a bancarrota e depois uma revolução que acabasse com a
monarquia. Portugal livrava-se depois da dívida e das velhas pessoas. Cohen dizia a Ega para não ser tão
radical, já que havia homens de talento no país. Cohen era o diretor do Banco Nacional e não queria ver
assim enxovalhados os homens de talento em Portugal, mas reconhecia que o país precisava de
reformas.
Ega então achava que era preciso a invasão espanhola para haver o renascer do espírito público e
do génio português e Dâmaso disse que fugiria logo para Paris. Ega riu-se e criticou a cobardia de alguns
portugueses enquanto Carlos e Cohen defendiam o espírito português, mas Alencar defendia sempre o
patriotismo. Já se falava das armas, dos generais estrangeiros, das espadas... onde Cohen admitiu que
achava que os espanhóis mais tarde ou mais cedo iriam invadir Portugal.
Os empregados serviram um prato à Cohen, que Ega tinha encomendado em honra do amigo,
onde em seguida saudou-se os Cohen. Por fim serviu-se o café e levantaram-se da mesa. Craft e Carlos
falaram sobre a coleção de Olivias e em seguida todos começaram a falar outra vez sobre literatura e Ega
criticava o romantismo. Finalmente Ega discutia com Alencar (autor de “Elvira”) e quase que haveria
pancadaria se os outros não os separassem (conflitos de interesses, Ega gostava de Simão Craveiro lendo
“Morte de Satanás” e Alencar que odiava o realismo e tinha más relações com este escritor). Aquele hotel
tão chique estava a ganhar um ambiente de taverna, à maneira portuguesa.
A discussão acabou com os dois a fazerem as pazes e a elogiarem-se um ao outro. No final Ega saiu
com Cohen e Carlos foi com Dâmaso e Alencar a pé pelo Aterro. Dâmaso não parava de fazer elogios a
Carlos, que ao mesmo tempo ia sabendo informações sobre a tal senhora brasileira que tinha visto à
entrada do hotel e que Dâmaso disse que conhecia. Dâmaso, filho do velho Silva, partiu e Carlos
continuou acompanhado de Alencar, que lhe falava do tempo alegre em que era amigo de Pedro. Alencar
e Pedro foram beber um copo na taberna, onde Alencar refere que Raquel Cohen era a sua paixão
platónica e que aqueles que ajudou no passado viram-lhe a cara. Afastaram-se à porta do Ramalhete.
Já no quarto, Carlos fumava o péssimo charuto de Alencar (tinha dito que era bom a este), que
tinha sempre o cuidado de não prenunciar o nome de Maria Monforte. Lembrou-se da história dos pais,
que Ega (sabia pelos tios) um dia lhe tinha contado, durante uma bebedeira, a mãe que tinha fugido com
outro e o suicídio do pai. Carlos não sabia de nada da história como pedido de Pedro da Maia, mas ao
questionar Afonso da Maia soube tudo. Assim que adormeceu começou a sonhar com a senhora que
tinha visto à entrada do hotel. Ela passava e o Craft dizia “ Trés chic “.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Os Maias
Capítulo VII

A ação narrada no capítulo VII inicia-se no Ramalhete, com Afonso e Craft a jogarem uma partida
de xadrez depois do almoço. Craft torna-se assim íntimo da casa dos Maias companheiro de Afonso
e, à sua semelhança, também Dâmaso começa a frequentar esta casa, seguindo Carlos para todo o lado
e procurando imitá-lo em tudo.
Carlos, que tem poucos doentes, deixa de investir tanto no consultório e, face aos boatos
lançados por médicos ‘rivais’ de que ele fazia horríveis experiências com os doentes, abandona um pouco
a investigação no laboratório. Assim, dedica então os seus dias a escrever o seu livro.

Perguntava a Carlos se era chique ter um cab inglês

Perguntava a Carlos qual era a cidade mais chique Nice ou


Trouville
Perseguição de Dâmaso por Carlos,
seguia-o por todo lado e imitava-lo

Imitava a barba de Carlos e até a forma dos sapatos

Se Carlos aparece-se no Teatro, Dâmaso imediatamente


arrancava-se da sua cadeira para ficar ao lado de Carlos

Certo dia Taveira conta, que um Gomes, num grupo onde se comentavam os Maias, erguera a
voz, exclamando que Carlos era um asno. Dâmaso ao ouvir isto levantara-se logo declarando que tendo
honra ao seu amigo Sr. Carlos da Maia quebrava a cara com a bengala ao Sr. Gomes se este ousasse
babujar outra vez esse cavalheiro. Afonso da Maia achou este feito brilhante e foi por seu desejo que
Carlos trouxe o Sr. Salcede uma tarde a jantar no Ramalhete. A partir de aí a proximidade de Carlos e
Dâmaso aumentou onde Dâmaso começou a desempenhar funções para Carlos como ir levantar
encomendas à Alfândega, ofereceu a sua letra para copiar um artigo da “Gazeta Médica” ...
Enquanto faziam tempo para ir às Colchas, Dâmaso falava de Susana que aparecera no Fígaro
(jornal), uma namorada que teve em Paris (as meninas olhavam para Dâmaso com um olhar doce pois
este era rico e estimado, entre essas temos a Viscondessa de Gafanha já gasta por todos os homens, uma
atriz do Príncipe Real que engoliu uma caixa de fósforos – segundo Carlos demasiado drama)
Os Castro Gomes regressam a Lisboa, depois de uma ida ao Porto e Dâmaso Salcede criticava-
os imenso uma vez que não respondiam os seus telegramas de sentimento quando a mulher partiu o
braço e não agradeciam as suas visitas e seus bilhetes.
Ega, que anda ocupado com a organização de um baile de máscaras na casa dos Cohen, vai ao
Ramalhete pedir dinheiro emprestado a Carlos, para pagar uma dívida que tem com Eusebiozinho e uma
letra de noventa libras que se vencia no dia a seguir. Falou-se do livro que Ega e Carlos escreviam, do
facto de Carlos não se divertir na casa dos Gouvarinhos, da demanda do Banco Nacional que Ega ouvira,
sobre o baile de máscaras decidindo se vão e como vão mascarados ao acontecimento na casa dos Cohen
(de modo a comemorar o aniversário de Raquel Cohen), sobre o Gouvarinho.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Carlos vai de domino preto

Ega guarda segredo

Dâmaso de Selvagem

Vestimentas do baile de máscaras


Craft não chegava a ir
dos Cohen

Com toda a demora, Carlos e Dâmaso não foram ao Lumiar ver as Colchas. Dâmaso foi praticar
esgrima com Craft e Carlos, mas este cada vez odiava mais.
Dâmaso apesar de ter marcado no Ramalhete um jantar com o Marquês, deixa de aparecer no
Ramalhete por uns tempos e ninguém sabe dele. Apesar da sua procura no Grémio, no tio Abrão e na
própria casa de Dâmaso nunca o encontrou.
Carlos avista uma deusa pisando a Terra, num dia em que passeia pelo Aterro, na companhia de
Steinbroken que já se encontrava recuperado. Para Steinbroken, o Aterro estava particularmente
monótono e triste naquele dia, mas, contrariamente, Carlos considerou-o lindo, puro e perfeito, depois
de ter visto a sua musa. Nesse dia Steinbroken foi comer ao Ramalhete.
Numa segunda visita ao Aterro, Carlos vê novamente Maria Eduarda, acompanhada do marido,
esta não se encontrava tão bonita. A partir dessa altura desloca-se várias vezes, durante a semana, ao
Aterro, na esperança de ver novamente Maria Eduarda, ignorando o seu trabalho e a queimar tempo a
ajeitar a gravata.

A condessa Gouvarinho, com a desculpa de que o filho, A existência de solteirões no


chamado Charlie, se encontra doente, procura Carlos no Ramalhete impedia, a Carlos
consultório. Carlos examina o menino e percebe que este está bem e seu Avô, de receberem
de saúde, tendo apenas uma borbulhinha no pescoço. Carlos senhoras
mostra à condessa o luxo do consultório. A visita ao consultório é,
portanto, apenas um pretexto de madame Gouvarinho para se
aproximar de Carlos e ter um romance com ele.
À saída do consultório, Carlos vê Dâmaso num coupé. Dâmaso diz-lhe, de passagem, que anda
a ter um romance com uma linda mulher.
Ao serão, no Ramalhete, joga-se dominó introduzido por Taveira (que ganhou os jogos desse
dia), ouve-se música e conversa-se. No meio da conversa, a partir de Taveira, Carlos fica a saber que a
mulher com quem Dâmaso diz ter por aí um romance é a Sra. Castro Gomes. Carlos, indignado com a
falta de fidelidade de Dâmaso, por este ter criticado e repugnado dias antes a família Castro Gomes, fica
furioso. Também se descobre que João da Ega escrevera um artigo na Gazeta Ilustrada sobre os Cohen,
sendo algo que não foi bem aceite pelo Craft e Carlos, mas bem aceite pelo Marquês. Cruges encontrava-
se no piano e Steinbroken a cantar a “Balada”.
Carlos convida então Cruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por
intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu marido e de Dâmaso.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

Os Maias
Capítulo VIII

Numa manhã, por volta das oito horas, pontualmente, Carlos parava o break (coche) na rua
das Flores, diante da casa do Cruges (conhecido no Ramalhete como “o maestro “), mas o senhor
Cruges já não morava ali. Cruges é descrito por ser um génio, pois tinha escrito uma obra melhor que
a de Chopin chamada Meditação de Outono
Carlos foi então informado por uma criada que o senhor Cruges tinha ido viver para a rua de S.
Francisco, vivendo com sua mãe viúva. Durante um momento, desesperado como estava, Carlos
chegou a pensar em partir sozinho para Sintra.
Já na rua de S. Francisco, Carlos esperou durante um quarto de hora, até que por fim o maestro
desceu a correr, sendo admoestado, de cima, pela voz da mãe, que lhe pedia para não se “esquecer
das queijadas “.
Cruges subiu precipitadamente para a almofada, ao lado de Carlos. Estava uma manhã muito
fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia. Carlos não contou o
verdadeiro motivo da ida a Sintra dizendo que é necessário ir a esta cidade para respirar seus ares. O
maestro desde os nove anos que não ia a Sintra.
Pouco a pouco o sol elevava-se e eles iam vencendo a estrada, acabando por chegar à Porcalhota,
onde o maestro ansiava banquetear-se com o famoso coelho guisado, mas como era cedo comeu uma
bela pratada de ovos com chouriço. Carlos, para lhe fazer companhia, aceitou apenas beber uma
chávena de café. Cruges pagou a conta e saíram.
Carlos só pensava no motivo que o levara a Sintra. Havia algum tempo que ele não avistava uma
certa figura e que não encontrava o negro profundo dos seus olhos, que se tinham fixado nos dele.
Supunha ele que ela estava em Sintra e não esperava nem desejava nada, apenas querendo cruzar-se
com ela e que Dâmaso apresentá-la-ia ao seu bom amigo Carlos da Maia.
Depois de algum tempo de viagem chegaram às primeiras casas de Sintra. Cruges estava desejoso
de ficar no hotel Lawrence, mas Carlos, imaginando que aí estaria hospedada a mulher dos seus sonhos
e para não dar a entender que andava a segui-la, defendeu que era preferível irem para o hotel Nunes,
onde se comia muito bem.
À porta do Nunes, Carlos precipitou-se para a entrada, perguntando ao criado se ele conhecia o
senhor Dâmaso Salcede, tendo o criado respondido que ele estaria no hotel Lawrence.
No hotel Nunes, Carlos e Cruges surpreenderam Eusebiozinho e o diretor do jornal “Corneta do
Diabo”, Palma, acompanhados de duas prostitutas espanholas, Lola, que conhecia Cruges e la
senhorita Concha, um mulherão. Eusebiozinho chegou a mostrar-se envergonhado, inventando
desculpas para justificar o facto de estar ali. Falou-se de Encarnación (antiga namorada de Carlos) que
estava agora com Saldanha mas foi quando Cruges perguntou qual das senhoras era a esposa de
Eusebiozinho que a ação começou. Eusebiozinho respondeu que as duas mulheres pertenciam a Palma
e Concha ao ouvir isto bateu com a mão na mesa perguntando a Dâmaso se este tinha vergonha dela
chamando-o de tudo e mais alguma coisa, saindo da sala de Jantar.
Palma e Lola repreenderam Dâmaso e em seguida Lolita foi chamar Concha enquanto Palma
dava conselhos a Eusébio sobre o tratamento de espanholas. Como Lola não voltava Eusebiozinho foi
pedir perdão de joelhos a Concha.

Às duas horas Carlos e Cruges saíram do hotel para fazerem um passeio a Seteais. Alimentando a
secreta esperança de vislumbrar Maria Eduarda, em frente do Lawrence, Carlos retardou o passo, para
mostrar o hotel a Cruges.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)


lOMoARcPSD|9667712

À média em que iam caminhando, observavam as belíssimas paisagens de Sintra. Durante o


passeio, cruzaram-se com o poeta Alencar que viajava numa caleche e que se encontrava em Sintra
pois deu-lhe um ataque de garganta com uma ponta de febre e o bom Melo recomendara-lhe uma
mudança de ares, vindo no dia anterior de ónibus ficando em Lawrence. Alencar acompanhou Carlos
e Cruges a Seteais.
Ao chegar a Seteais Cruges achou uma desilusão, mas ao encontar os penedos, entre eles o
Penedo da Saudade sentiu-se triunfante. Falaram-se sobre situação de Eusebiozinho e Alencar afirmou
que não gostava nem de Eusebiozinho nem de Palma. Alencar declamou um poema de “Flores e
Martírios” chamado “6 de Agosto”. Pensaram em ir a Pena e Alencar em visitar sei amigo Carvalhosa,
mas Carlos teve ainda o cuidado de voltar à Lawrence, tendo aí obtido a informação de que os Castro
Gomes, acompanhados de Dâmaso, tinham partido para Mafra e de lá iriam para Lisboa, pois a senhora
estava em cuidados com a filha. Então o espaço idílico de Sintra perdeu repentinamente o interesse
para Carlos (espaço psicológico), que se mostrou saturado do passeio, querendo regressar
rapidamente a Lisboa.
Quando Carlos e Cruges entraram no Nunes para pagar a conta, encontram Palma, Eusébio e as
espanholas já reconciliados a jogar às cartas. Palma ganhava a Eusébio e a Cruges que ainda chegou a
jogar. Jantaram bacalhau no Lawrence com Alencar, parecendo que este se tinha esquecido das suas
desilusões de vida
No caminho de regresso enquanto Alencar recitava um poema, soou a voz de Cruges, que
lamentava o facto de se ter esquecido das queijadas apesar de se ter lembrado destas várias vezes
pelo caminho.

Downloaded by Bea Neiva (beaneiva2005@gmail.com)

Você também pode gostar