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GOIÂNIA
2006
VÂNIA SANTOS DO CARMO
GOIÂNIA
2006
VÂNIA SANTOS DO CARMO
GOIÂNIA, 15/09/2006
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com o aluno que apresenta defasagem de conteúdo ou em outras áreas, na série em curso.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da escola, atualmente, é saber lidar com a criança que
desencadear no aluno mais problemas ainda, e até mesmo agravar os já existentes, reforçando
defesa, como a indisciplina, rebeldia ou agressão, que utiliza para justificar a sua
conhecimentos.
bebê, quando este aprende o que é necessário para garantir a sua sobrevivência, como mamar,
deve ser assim. Caso contrário, alguma coisa deve estar errada.
estudar o processo de aprendizagem em seus diferentes espaços, à partir das relações que o
sujeito estabelece à sua volta, nas interações com os grupos, instituições e cultura.
campos, entre eles é possível citar o campo clínico terapêutico, o institucional e o da pesquisa.
lúdica e sua raiz corporal; seu desdobramento criativo põe-se em jogo através da articulação
corpo, do desejo e da inteligência, pode-se afirmar que toda aprendizagem passa pelo corpo e
Pelo corpo nos apropriamos no nosso EU, da nossa identidade. A estrutura cognitiva
dificuldades de aprendizagem.
aprendizagem, deve-se considerar tanto o ser que aprende como o que ensina, pois a forma de
ainda que os problemas de aprendizagem podem ser abordados sob dois aspectos,
esconde de si mesmo o seu saber e sua possibilidade de aprender. Outra causa interna é a
inibição cognitiva, quando o sujeito evita o pensar e o contato com o objeto de conhecimento,
por representarem para ele um perigo, assim, ele se defende, acreditando que aprender não é
expresso inicialmente pela família, em seguida pela escola, ambos permeados pela sociedade.
Weiss5 ressalta que “a não aprendizagem na escola é uma das causas do fracasso
escolar, e que a compreensão desse fracasso deve ser analisada e estudada sob as perspectivas
secreto, desconhecido pelo próprio sujeito, resultado da articulação de toda história de suas
relações e que, numa dada circunstância, se constitui num sintoma. Com o olhar e a escuta,
numa postura crítica, irá em busca da causa do sintoma, dos motivos que desencadearam a
transforma em suas diversas etapas da vida, como produz conhecimento e como aprende.
Ressalta a autora supra citada, que esse saber requer um respaldo teórico que ampare
estabelece desde o nascimento, uma relação de interação com o meio, e é essa relação da
criança com o mundo físico e social que promove seu desenvolvimento cognitivo.
modo de pensar em potencial, intervindo quatro fatores, que juntos, ajudam a criança a passar
As crianças aprendem em seu próprio ritmo e através de seus próprios interesses, que
Para Vygotsky8, o meio social em que o indivíduo está inserido, influencia nas suas
experiências e aquisição de conceitos a respeito do mundo que o cerca. Ele vai desenvolver-se
e perceber o mundo à sua volta, de acordo com esse aprendizado. O desenvolvimento é visto
como um processo e não depende da maturidade, mas dos resultados dos aprendizados
construídos ao longo da vida dentro do seu grupo cultural. Nesse processo, valorizou as
desenvolvimento.
escola, nas primeiras interações sociais, ainda bebê, quando internaliza significados de objetos
de sua vivência, à partir do significado atribuído pelo adulto àquela situação. Já, na escola, o
potencial, determinado pela solução de problemas sob a mediação de outras pessoas, como os
continuamente, zona de desenvolvimento proximal com a mesma, à partir do real, afim de que
avance para novos estágios em processo, de acordo com suas possibilidades potenciais.
também se faz necessário aos educadores que se propõem ajudá-la no seu processo de
alfabetização.
como ponto inicial de um processo evolutivo e natural que culmina com a aprendizagem do
processo evolutivo. É importante que a escola compreenda esse processo e que repense sua
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metodologia, ensinando o que a criança consegue aprender. Segundo Ferreiro 9, “o êxito da
METODOLOGIA
22/03/2006 à 26/06/2006, em duas sessões semanais, tendo a duração de 40 min cada sessão.
8 anos de idade, cursando a 2ª série, no período matutino, em uma escola pública. É filho
único e seus pais são separados. Mora com a mãe, ficando com ela nos finais de semana,
devido ao seu trabalho e nos outros dias, mora na residência de sua cuidadora, que assume
colegas para se defender das gozações que fazem, devido a um problema físico aparente. A
mãe queixa-se que o filho é muito nervoso na escola, não lê e não escreve direito.
A anamnese foi aplicada para colher dados sobre a história de vida da criança e suas
a criança estabelece com o objeto de conhecimento, mostrando sua maneira de agir para
conhecer, para aprender e para resolver uma situação problema identificada nas diferentes
compreensão a respeito de alguns processos que podem ter levado à instalação de alguma
patologia no aprender”.
que a criança faz dos conhecimentos escolares, familiares e consigo mesma, investigando a
aplicadas as provas projetivas: Par Educativo, que demonstra a relação vincular entre
percebe-se o vínculo da criança com os colegas de classe; Família Educativa, que possibilita
criança faz do que os familiares sabem fazer e o modelo de aprendizagem que os mesmos
possuem e transmitem.
história infantil atraente, com texto ilustrado e adequado à sua idade e escolaridade, para que
pudesse ler o texto completo, e então, segundo Weiss5, “verificar se ao final da leitura, ele
apreendeu o sentido global do texto, se é capaz de sintetizá-lo”. Para avaliar a escrita foi
mesmo citando um relato oral dos objetos constantes na cena. Em seguida foi realizado um
ditado com os nomes desses objetos. Após o ditado escreveu uma frase formulada
previamente por ele, sobre a cena e finalmente produziu uma história oral e escrita dando um
título à sua produção. Na avaliação da matemática usou-se um jogo com desafio lúdico,
subtração.
articula os diferentes conteúdos entre si, como faz uso desses conhecimentos nas diferentes
conhecimentos.” Esclarece a autora, que a análise dessas atividades juntamente com a análise
na vida intra-uterina, devido às agressões físicas do pai à sua mãe, durante toda gestação,
estendendo aos primeiros meses, até a separação do casal. A mãe estava sempre apreensiva e
nervosa, o que certamente interferiu de forma negativa nas suas primeiras interações sociais,
Rejeitou o seio materno, não conseguiu sugar no peito, o que fez com que sua mãe
Seu desenvolvimento ocorreu dentro do esperado. Firmou a cabeça aos quatro meses,
sentou e engatinhou aos seis meses, andou com dez meses e falou com um ano de idade,
Suas primeiras aprendizagens informais foram realizadas com a mãe e sua cuidadora.
Mateus iniciou sua escolaridade aos quatro anos, na creche. Aos seis anos, passou
O estabelecimento de vínculo afetivo por sua mãe e sua cuidadora, foi reduzido e a
novas informações ao seu esquema de ação, e acomoda quando modifica o seu esquema para
incorporar o objeto).
Mateus retrata a aprendizagem numa situação assistemática, em que um colega aprende com o
outro, não há objeto de conhecimento. O relato não é coerente com o que mostra o desenho,
acrescentando que uma criança ensina a outra a fazer uma atividade de matemática. No
desenho há o real, no relato há o ideal, o que gostaria que estivesse acontecendo, mostrando
Na prova Família Educativa, demonstra o que os pais sabem fazer, mas não se
há circulação de conhecimento.
aprender, porém, Mateus não conta com a ajuda da família e nem da escola para concretizar o
seu desejo.
Nas provas pedagógicas, Mateus já opera no nível alfabético inicial. Sua leitura é
mecânica, o que dificulta a apreensão global do que lê; interpreta com coesão, dentro do
contexto, mas ainda de forma restrita. Expressa-se oralmente com clareza. Já na produção
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escrita, que requer sua autoria, ainda não está totalmente compreensível. Apresenta omissões
matemática, apresenta bom raciocínio lógico e já realiza cálculo mental simples. Opera bem
do educando no espaço escolar, verificou-se quanto aos aspectos sociais, que Mateus
apresenta dificuldades de socialização, com poucos contatos e poucos amigos, sendo às vezes
agressivo e rejeitado pelos colegas. Com os professores, não consegue demonstrar um vínculo
afetivo.
Nos jogos e brincadeiras, às vezes tem iniciativa, liderança e espírito esportivo. Não
dos textos.
tempo previsto. Sua letra é legível e as anotações necessárias ao aprendizado da matéria, são
motora fina, lateralidade e noção temporal, mas apresenta dificuldade de orientação espacial,
percepção, discriminação visual e auditiva, esta, quando se encontra mais distante de quem
fala.
estima rebaixada, com sentimentos de menos valia, abandono e rejeição. Apresenta também
formação em uma das orelhas e uma possível deficiência auditiva leve, certamente causaram-
lhe, ao iniciar sua escolarização, a dificuldade de socialização, com respostas agressivas aos
colegas, quando estes o provocam com apelidos relacionados ao seu problema físico, bem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
na sua individualidade e no seu próprio ritmo. Cada ser que se desenvolve tem seu tempo e
O professor deve, portanto, oferecer várias oportunidades para que a criança construa
necessário da família, sugere-se que esta se envolva mais em todo processo educativo do
conhecimento.
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REFERÊNCIAS
1. Pozzo JI. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed;
2002.60.
2. Bossa NA. Dificuldades de Aprendizagem: o que são? Como tratá-las? Porto Alegre:
Artmed; 2000.11.
6. Piaget J. Seis Estudos de Psicologia. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária; 1980.
9. Ferreiro E. Teberosky A. Psicogênese da Língua Escrita. 20ª ed. Porto Alegre: Artmed;
1999.291.