Você está na página 1de 4

Fúlvio Márcio Nonato Baeta Neves

RESENHA SOBRE O LIVRO CRISTO E CULTURA

Seminário Bíblico Mineiro


Contagem
2014
Fúlvio Márcio Nonato Baeta Neves

RESENHA SOBRE O LIVRO CRISTO E CULTURA

Trabalho apresentado como exigência da


disciplina Missiologia II, ministrada pelo prof.
Marcone Edson Martins de Sousa, do curso de
Bacharel em Teologia – turno noturno.

Contagem
2014
SEMINÁRIO BÍBLICO MINEIRO – Extensão Contagem
Disciplina: Seitas e Apologética II
Professor: Marcone Edson Martins de Sousa
Aluno: Fúlvio Márcio Nonato Baeta Neves
Data: 29 de Outubro de 2014

RESENHA SOBRE O LIVRO CRISTO E CULTURA

H. Richard Niebuhr, nasceu em 03 de Setembro de 1.894 e faleceu em 05 de


Julho de 1.962. Teólogo e mestre, obteve o seu P.H.D. em na Universidade de Yale
em 1.924. Neo-ortodoxo da escola teológica dentro do protestantismo americano.
Considerado um dos mais importantes dentro da teologia cristã ética no século 20
da América. Foi membro e líder evangélico da Igreja Unida de Cristo em Webster,
Groves e Missouri.
Algumas de suas obras foram: As fontes Sociais de Denominacionalismo; O
Reino de Deus na América; O Significado do Apocalipse; Cristo e Cultura; Radical
Monoteísmo e Cultura Ocidental; O Ser Responsável e Fé na Terra: Uma
Investigação Sobre a Estrutura da Fé Humana.
A obra Cristo e cultura, demonstra um grande embaraço que se move através
destes dois polos. A cultura que é o meio em que vivemos e que é composto pela
linguagem, hábitos, ideias, costumes, valores, etc., e Cristo, aquele que direciona o
homem a Deus, relação de Pai e filhos. Esse embaraço apareceu nas lutas entre o
Império e a Igreja, religiões e filosofias, rejeições e aceitações de costumes,
formulação dos credos, surgimento do papado, reforma e a renascença entre outros.
Este conceito sobre o embaraço entre Cristo e Cultura está relacionado a posturas e
resposta de cristãos como Paulo e João, Tertuliano e Agostinho, Tomás de Aquino e
Lutero, entre outros. Cristo, representado pelo cristianismo, que representa a Igreja,
credo, ética ou forma de pensamento. A cultura, representada pelo mundo e tudo o
que é relacionado a ele.
Cristo contra a cultura demonstra que a comunidade é leal a Cristo, mas
rejeita a cultura. O mundo fora do Evangelho é mal e está dominado pelo pecado. A
cultura valoriza tudo o que pode ser bom a seu tempo, mesmo sendo passageiro e
Cristo contem palavras de salvação e vida eterna. O cristão que não pertence a
Cristo, pertence ao mal, ao pecado. Tertuliano foi um dos mais radicais em relação a
Cristo contra a cultura. Ele chega a pensar que o pecado original é transmitido pela
herança cultural. Radicalmente, pede para que os cristãos não participem como
líderes de estado e até mesmo junto ao serviço militar. Tolstoi é outro que radicaliza
e se posicional contra a cultura. Pois ele vai além, pois, para ele, a Lei de Cristo é
mais importante do que o próprio Cristo. Devemos entender que Cristo é o Criador
da natureza e Governador da história. João também deixa o seu posicionamento em
sua carta (I João) contra o amor pelo mundo, sobre as obras do Diabo. A cultura é
“necessária mas inadequada”.
Cristo da cultura coloca o Evangelho e a cultura juntos em harmonia. O
Cristianismo nasceu dentro de uma cultura, e através desta cultura vários pontos
estão inceridos dentro da liturgia cristã. Se entende isso como uma convivência
tranquila. O gnosticismo entende que não há uma tensão entre Cristo e cultura. Esse
movimento não interpreta o cristianismo como uma igreja, “corpo de Cristo”. A
cultura é uma exigência de Cristo, sendo assim, não é nem bom nem má.
Interpretam a cultura através de Jesus, pois Ele é o grande expoente. Ele é mais
que um Deus, um exemplo, e vive com a cultura. Abelardo também fala sobre Cristo
da cultura, a tensão entre igreja e mundo, como se a igreja não conseguisse
compreender Cristo. A acomodação desse ponto deu origem ao protestantismo
cultural, “liberalismo”. Ritshcl coloca que existe um conflito entre a natureza e a
cultura, e não entre Cristo e a cultura, pois a cultura é o esforço do ser humano para
se manter acima da cultura. O problema do “Cristo da cultura” é criar um “cristo” não
autentico.
Cristo acima da cultura rejeita os que são contra a cultura, como os que
compreendem Cristo na cultura. Cristo é autoridade absoluta sobre toda e qualquer
questão relacionada a igreja. Sua soberania é exclusiva. A tensão existe entre Deus
e o homem. Mas o pecado do homem se expressa na cultura, mas a cultura não é
ruim. O Evangelho está acima da cultura. Os sinteticistas compreendem, em sua
origem, a cultura tanto como divina e humana. Não veem oposição entre o
Evangelho e cultura, pois a cultura sempre terá o melhor do Evangelho. Tomás de
Aquino também entende, cristo e cultura, “tanto um quanto o outro”, mas Cristo está
muito acima da cultura. Para ele o problema é mais pessoal entre o que vem de
Deus para o homem e o que vai do homem para Deus, sendo que o homem
depende, plenamente, de Deus. O Deus que vai reinar, reina agora, e precisa
realizar sua obra em conjunto com o não crente.
Cristo e a cultura em paradoxo são duas formas de pensar que estão em
lados diferentes, que não se contradizem, mas sem tensão. Nada é perfeito na
cultura. Os dualistas enxergam corrupção e degradação em toda obra do homem e
toda cultura humana é ímpia e está enferma. Dois paradoxos importantíssimos em
resposta ao Cristo e cultura: o da lei e da graça e o da ira e o da misericórdia. Reino
de Deus e Reino do Mundo, vida em Cristo e Vida na cultura estão relacionados. A
cultura leva o ser humano ao pecado. Ela é maligna e te fará cair ao invés de
mostrar que o homem tem uma forma pecaminosa. A palavra cultura pode ser
substituída por nosso envolvimento no mundo. Paulo e Lutero são caracterizados
como conservadores culturais.
Cristo transformador da cultura mostra que o homem foi criado bom, mas se
corrompeu. Os conversionistas creem na transformação da cultura humana, vida
humana, mediante a graça de Deus. A criação é boa e isso não foi destruído pelo
pecado, mas a natureza humana foi atingida. Agostinho fala que essa humanidade
está com a natureza pervertida e a cultura corrompida e Jesus veio para currar e
renovar aquilo que o pecado havia contaminado. Radicalmente, em sua atitude
defensiva, enfatiza a graça divina e se volta, depois, em defesa da justiça, onde
Deus escolhe os cristãos e rejeita os que não são. Cristo é o transformador da
cultura. F. D. Maurice, pensador Joanino, coloca Cristo soberano sobre todos os
homens. Ele é rei e é necessário que os homens o levassem a sério e não somente
os seus pecados.
Esses pontos demonstram problemas a respostas típicas dos cristãos. Como
próprio Niebuhr coloca ele é “inconclusivo e não conclusivo”. Mas temos que admitir
que somos membros, representantes, da igreja. Reconhecer que Jesus é o cabeça
da igreja, ressurgiu dos mortos, é redentor do mundo e mostra que o mundo da
cultura está inserido dentro do mundo da graça, dentro do seu reino, que “já é e
ainda não”.
Indico essa obra a todo o cristão que, realmente, necessita de uma orientação
sobre Cristo e cultura. Onde poderá entender o que sempre aconteceu e o que está
acontecendo em nossas igrejas e como conviver sem criar uma tensão direta “sobre
o santo e o profano”, o Evangelho e a cultura, o cristão e seu mundo cultural.

Você também pode gostar