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Ana Pinto

Língua Portuguesa
Maria Aurélia Carneiro 3.° ano Ensino Básico

P
Aos nossos colegas

A importância da Língua Materna no desenvolvimento harmonioso e integral da


criança exige uma atenção especial no processo ensino-aprendizagem desta área.
Apresentamos um projecto que julgamos capaz de impulsionar momentos
mobilizadores de compreensão e expressão oral e escrita.
Mensagens de valores, magia, humor, fantasia, aventura são características dos
textos apresentados.
Pela sua riqueza de conteúdo, qualidade literária e linguística e pela diversidade
de temas, a articulação com as outras áreas está facilitada e implícita ao longo das
nove unidades que compõem o Livro de Leitura.
Num ambiente de relação interactiva com aprendizagens significativas e dife-
renciadas, a educação global vai-se formando desde o primeiro ano de escolari-
dade.
Atrair para a leitura e através dela para a arte e para a ciência parece-nos o
caminho certo para os nossos meninos aprenderem a ler no Livro e no Mundo
que os rodeia.
Mensagens integradas, conversas sobre o texto e Livro de Fichas completam e
enriquecem o Livro de Leitura.
As Autoras

ISBN 972-0-11208-5
Índice • Planificação
PÁGINAS PÁGINAS
REGRESSO À ESCOLA… LIVRO DE
LEITURA
LIVRO DE
FICHAS
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola no “Regresso à escola”. 6e7
• Trabalhar no Livro de Fichas – Ler, interpretar e completar frases, escrever respostas e assinalar
frases sobre a estrutura do Livro de Leitura. 3e4
• Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas das figuras. 5
• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – prosa, poesia, prosa poética, canções tradicio-
nais... – Dia de festa, Livro, Devagarinho..., O coração e o livro, Foi sem querer..., A semente curiosa,
Tomba-Lobos vai à escola, Um segredo, Canções (Alecrim, Josezito, Papagaio loiro, À oliveira da serra).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, mimar, cantar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar sobre o texto”. 8 a 21
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, jogos de palavras, introdução ao dicionário, funcionamento da língua (antóni-
mos e sinónimos, divisão silábica). 6 a 15
Avaliação Formativa 16 e 17
Tradição – Recolha de canções tradicionais. 18

É OUTONO…
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola, no recreio, no Outono. 22 e 23
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas
das figuras. 19
• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – prosa, poesia, prosa poética, jogos tradicio-
nais... – Até à Primavera…, João Sebastião, A menina e o caracol, O que será?, Se..., O mistério da
lagarta, Ao telefone, A lousa e o giz, Os tamanquinhos, Os biscoitos da avó, Jogos tradicionais
(O gato e o rato, Cabra-cega).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, mimar, jogar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar sobre o texto”. 24 a 37
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, introdução ao dicionário, funcionamento da
língua (antónimos e sinónimos, divisão silábica, acentuação, nomes colectivos). 20 a 31
Avaliação Formativa 32 e 33
Tradição – Recolha de jogos tradicionais. 34

NATAL, TEMPO DE AMOR…


• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na
sua escola, no Natal. 38 e 39
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas
das figuras. 35
• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – prosa, poesia, prosa poética, canções de
Natal... – Natal, tempo de amor, Estrelinha, Brinquedo, O pinheiro, Dia de Natal, Natal na aldeia,
Canções de Natal (Burriquito, Toca o sino, Natal).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, mimar, cantar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar sobre o texto”. 40 a 49
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, com-
posição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, funcionamento da língua (acentuação,
nomes comuns, nomes próprios, nomes colectivos). 36 a 43
Avaliação Formativa 44 e 45
Tradição – Recolha de jogos tradicionais. 46
PÁGINAS PÁGINAS
É INVERNO... LIVRO DE
LEITURA
LIVRO DE
FICHAS
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola no Inverno. 50 e 51
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas
das figuras. 47

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – Chegou o Inverno, A paz, Ponto final, O pre-
sente ausente, O comboio e o menino, Uma história para imaginar e contar, O boneco de neve,
Tocar, A galinha ruiva, Tradições (lengalengas, adivinhas, trava-línguas).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, mimar, dizer trava-línguas, lengalengas e adivinhas. Realizar os exercícios propostos – “Con-
versar sobre o texto”. 52 a 67
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, banda desenhada, funcionamento da língua
(sinais de pontuação, graus dos nomes, frases afirmativas e negativas, adjectivos). 48 a 59
Avaliação Formativa 60 e 61
Tradição – Recolha de trava-línguas, lengalengas e adivinhas. 62

CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…


• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola, no Carnaval. 68 e 69
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas das
figuras. 63

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – Alegria para todos, Mimosas floridas, Conversas
sobre o mar e sobre o campo, O helicóptero amarelo, No circo, O computador, O palhaço Jasmim,
A história que Joana escreveu, Canções tradicionais (Larau, larau, larito, O nosso galo, Zé Pereira).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe- 70 a 83
sias, fazer diálogos, mimar, fazer teatro, cantar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar
sobre o texto”.
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, banda desenhada, peça de teatro, funciona-
mento da língua (adjectivos, verbos, nomes, grupo nominal, grupo verbal, tipos de texto, vogais). 64 e 73
Avaliação Formativa 74 e 75
Tradição – Recolher canções tradicionais. 76

É PRIMAVERA...
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na
sua escola, na Primavera. 84 e 85
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas
das figuras. 77

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – É Primavera…, A fada e a borboleta, Desco-
bertas de meninos, A casa de Jucelino, Boneca de trapos, Na cidade…, O que diz a água, Balancé,
O lápis e a borracha, As duas rãzinhas, Jogos tradicionais (Às escondidas).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, fazer diálogos, mimar, fazer teatro, jogar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar
sobre o texto”. 86 a 103
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, com-
posição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, banda desenhada, funcionamento da lín-
gua (sílaba átona, acentuação gráfica, género e número dos nomes, grupos nominal e verbal). 78 a 91
Avaliação Formativa 92 e 93
Tradição – Recolha de jogos tradicionais. 94
PÁGINAS PÁGINAS
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA… LIVRO DE
LEITURA
LIVRO DE
FICHAS
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola, na Páscoa. 104 e 105
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas das
figuras. 95

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – Amêndoas da Páscoa, O menino-pintor, Outra
história da Carochinha, Estrelinha, Sofia e o Caracol, A prima do Anacleto, O rinoceronte, Tradições
(lengalengas, provérbios, anedotas).
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, fazer diálogos, mimar, dizer lengalengas, provérbios, anedotas. Realizar os exercícios pro-
postos – “Conversar sobre o texto”. 106 a 119
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, funcionamento da língua (mobilidade de ele-
mentos da frase, famílias de palavras, pronomes pessoais). 96 a 105
Avaliação Formativa 106 e 107
Tradição – Recolha de lengalengas, adivinhas e anedotas. 108

A NATUREZA EM FESTA…
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na sua
escola, durante a época da “Natureza em festa”. 120 e 121
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas das
figuras. 109

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – As cores, Passeio, Deveres, História da rosa,
Que bicho será?, A árvore, Para a minha mãe, O Espanta-Pardais, O rio, Natureza, Os castelos de
areia, Canções de roda (A machadinha, Que linda falua, A caminho de Viseu, Eu fui ao Jardim
Celeste). 122 a 139
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções. Realizar os exer-
cícios propostos – “Conversar sobre o texto”.
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, compo-
sição, caligrafia, ditados mudos, jogos de palavras, funcionamento da língua (pronomes pessoais,
adjectivos, grupo nominal, divisão silábica). 110 a 125
Avaliação Formativa 126 e 127
Tradição – Recolha de canções de roda. 128

É VERÃO…
• Ler e interpretar a poesia “Os sons da escola”.
• Conversar sobre a mensagem da poesia e descobrir a ligação que tem com o que acontece na
sua escola, no Verão. 140 e 141
• Trabalhar no Livro de Fichas – Observar figuras. Retirar e colar autocolantes com as legendas
das figuras. 129

• Observar e dialogar sobre a ilustração dos textos – Um passeio de barco, O segredo do rio,
O grilo verde, Formiguinha rabiga, Era o Sol!, A menina Gotinha de Água, Estrela-do-mar, Como
nos sonhos, Noite de S. João, Meninos de todas as cores, Viajar…
• Ler, interpretar, adquirir vocabulário, identificar e recriar personagens e acções, memorizar poe-
sias, mimar... Realizar os exercícios propostos – “Conversar sobre o texto”. 142 a 160
• Trabalhar no Livro de Fichas – Interpretação escrita, aplicação de vocabulário, ortografia, com-
posição, caligrafia, ditados mudos, banda desenhada, jogos de palavras, funcionamento da lín-
gua (pronomes pessoais, número e género dos nomes, verbos, grupo nominal, grupo verbal). 130 a 144
• Que sons se ouvirão na escola no primeiro dia de aulas?
* Uns meninos contam novidades, outros escutam.
• Que novidades ouvem?
• Na tua escola, que sons se ouvem quando os meninos voltam de férias?

Hoje na escola é dia de festa


Os primeiros sons já estão no ar
Nunca uma manhã será como esta
Braços abertos, braços a abraçar.

Os sons parecem ainda nervosos


Falam os olhos a apagar saudades
Colegas novos estão curiosos
Os outros prontos para novidades.

6
* Dentro da sala, o som vai aumentando. • Que sons se podem ouvir?
* O professor começa a aula a deixar falar, a deixar dizer, a deixar contar.
• Quem fala? • O que dizem? • O que contam? • E, na tua sala, o que acontece?

Pouco a pouco o som vai aumentando


Todos se vão ocupar
A abrir pastas e a tirar
Os livros já encapados,
Os lápis bem afiados,
Os cadernos preparados...
E o professor vai observando
Caras queimadas de sol e de ar,
Olhar atento, carinhoso olhar
Começa a aula a deixar falar,
A deixar dizer, a deixar contar
Coisas tão lindas, tanto imaginar...
Sons que parecem uma melodia
No regresso à escola
Ao começar o dia!…

7
REGRESSO À ESCOLA…

Cinco; quatro; três; dois; um…


Chegou o dia!

Dia de festa
O raio de Sol entrava pela janela. Um braço brilhante de luz, muito
direito, a apontar para a almofada da cama. Bruno estava acordado.
O dedo indicador daquele raio de Sol tocara-lhe nos olhos ainda
fechados, fechados sobre os sonhos, e chamara-o de mansinho.
“Já é dia; olha que bonito!”
Era dia. Não. Era mais do que isso. Era o dia. O dia do regresso às
aulas. Um dia muito, muito importante.
Bruno contara, um a um, os dias da última semana. Faltam cinco;
quatro; três; dois; é amanhã... Hoje!…
E é a festa de quem regressa. O Bruno tem muitos amigos da sua
idade a quem quer perguntar muitas coisas.
Como tens passado? Como foram as férias? O que é que fizeste,
aonde foste? Foi divertido? És meu companheiro de sala? Tantas
coisas...
8
1

A aventura vai recomeçar. O Bruno corre a escola toda, revê sítios


e companheiros, prepara com eles as novidades do ano.
Ali está a Mafalda, o João e a Rita. O Tiago, também... e o Pedro,
o Tozé, a Celeste.
Alexandre Honrado, A Cor do Cheiro, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Verdadeiro (V) ou falso (F)?
• Estava um dia de chuva.
• Um raio de Sol acordou o Bruno.
• O Bruno estava ansioso que começassem as aulas.
• O Bruno tinha poucos amigos.
* Transformo em verdadeiras as frases que considerei falsas.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 6-7.

9
Livro
O livro ensina e diverte. Livro
É um amigo que está um amigo
sempre ao nosso lado. para falar comigo
um navio
para viajar
um jardim
para brincar
uma escola
para levar
debaixo do braço.
Livro
um abraço
para além do tempo
e do espaço.
Luísa Ducla Soares, Antologia para Jovens,
sel. Natércia Rocha, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e ligo.
Quando lemos um livro… O livro é…
podemos viajar sem sair do lugar. • • um jardim.

podemos brincar. • • um navio.

podemos conversar com ele. • • um amigo.

aprendemos muitas coisas. • • uma escola.

* Trabalho no Livro de Fichas, p. 8.

10
1
REGRESSO À ESCOLA…

Devagarinho…
Devagarinho, a folha voou, Devagarinho, muito
poisou no chão, tornou a voar devagarinho, a folha soltou-se
e voltou a poisar. do ramo da árvore.
Tinha acabado o Verão. Devagarinho, muito
devagarinho, a folha voou sem
saber muito bem o caminho
que havia de seguir.
Devagarinho, muito
devagarinho, a folha poisou no
chão sem fazer barulho.
Devagarinho, muito
devagarinho, aquela folha
acastanhada chamou pelo vento.
Rápido, muito rápido, o
vento apareceu e deu-lhe uma
sopradela.
E a folha voltou a voar mais
um bocadinho e depois caiu
em cima da bota de um velho
que estava sentado num banco
de jardim.
O velho pegou na folha e
pensou:
– Acabou o Verão! Ai, o
tempo passa tão depressa!
António Mota, Segredos, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo. • Em que época do ano se passa a história?
Justifico a minha resposta com uma frase
O que fez:
do texto.
• a folha? • o vento?
• o velho? * Trabalho no Livro de Fichas, p. 9.

11
O coração e o livro
A escritora escrevia uma história de verdade ou de mentira?…

Uma escritora escrevia histórias numa folha de papel branco.


A folha perguntou-lhe:
– Vais fazer um livro grande ou um livro pequeno?
– Assim-assim.
– Assim-assim dá muito trabalho a ler?
– Não, porque no meio das palavras o ilustrador vai pintar desenhos
muito bonitos.
– As palavras são grandes?
– Assim-assim.
– Assim-assim é capaz de ser complicado. Escreve palavras
pequenas. Com letras grandes porque se lê mais depressa e os
meninos podem logo ir brincar.
A escritora continuava a encher folhas de papel.
– Porque escreves tanto? Se fazes histórias compridas, os meninos
olham só para os desenhos e pronto! Fecham o livro e lá vou eu para
as estantes encher-me de pó.
– Mas os meninos gostam das minhas histórias.
12
1
REGRESSO À ESCOLA…

– São verdadeiras?
– Um bocadinho a fingir, também.
– É tudo mentira, não?
– E que mal faz?
Maria Rosa Colaço, O Coração e o Livro, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Assinalo o que é certo e justifico.
As personagens deste texto são: A folha queria palavras:
• duas pessoas. • grandes. • pequenas.
• uma pessoa e uma folha.
A folha era: A folha queria letras:
• de papel. • da árvore. • grandes. • pequenas.
Um tamanho assim-assim é um tamanho:
• grande. • pequeno.
• nem grande nem pequeno. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 10-11.

13
Foi sem querer...
A delicadeza Estava no jardim da Estrela, sentado no meu banco
é um valor. do costume, com o livro sobre os joelhos, quando uma
O menino soube bola desalmada pumba!... em plena testa.
ser delicado… Pumba ou zás? Já nem me lembro. De qualquer
forma, a sorte foi que, naquele momento, tinha tirado
os óculos para limpá-los, senão...
Pus os óculos, esfreguei a testa magoada e logo um
miúdo se acercou de mim, muito comprometido, com
as desculpas da praxe, mas mordiscando os lábios, a
conter o riso.
– Foi sem querer. Desculpe...
Claro que desculpei.
António Torrado, O Rei Menino, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A história passa-se: Nesta história:
• em casa. • no jardim. • o autor também entra na história.
Na história entram: • o autor é só narrador.
• duas personagens.
• três personagens. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 12.

14
1
REGRESSO À ESCOLA…

A semente curiosa
A sementinha fazia
muitas perguntas. Era uma sementinha pequena mas
Era curiosa. a sua curiosidade era grande. Fazia
Gostava de aprender… muitas perguntas à sua companheira:
– Eu fui trazida pelo vento, e tu?
– Eu vim agarrada às patas de uma
pomba branca.
– E quando vamos ser árvores?
– Não sei. Com a chuva sairemos da
terra com hastes fininhas. Só anos
depois seremos árvores.
– Vamos ter flores e frutos?
– Sim, quando formos grandes.
– E ninhos, vamos ter ninhos?
– Sim, amiguinha, vamos ter ninhos
e os pássaros cantarão para nós anos e
anos.
– Anos e anos? Quanto dura uma
árvore?
– Pode durar mais que cem anos.
– Mais que cem anos é muito
tempo. Cem anos é um século, não é?
– É, cem anos é um século.
Sidónio Muralha, Sete Cavalos na Berlinda, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo. * Digo:
A sementinha fazia muitas perguntas. • O nome do autor do texto.
• A quem? • O título do texto.
• O que perguntava? • As personagens do texto.
• O que lhe respondiam? * Trabalho no Livro de Fichas, p. 13.

15
Tomba-Lobos vai à escola
O Tomba-Lobos era um cão muito esperto…
Até assistia às aulas…

A escola é quente.
O pátio, pequenino.
Tomba-Lobos deve ser o único cão do mundo que assiste às aulas.
No primeiro dia de escola bem o quis mandar embora: fiz de conta
que saía da sala. Ele veio atrás de mim. A seguir, entrei à pressa e
fechei a porta rapidamente. Ele, então, pôs-se de pé, com a pata abriu
a aldraba, entrou e encostou o seu grande corpo para que a porta
ficasse fechada. Depois, em passo muito lento atravessou a sala e
deitou-se ao lado da minha carteira. Puxámos, puxámos: pelas patas,
pelo rabo. Eu estava quase a chorar com medo que me mandassem
embora. E cheia de vergonha! Logo no primeiro dia de aulas! Ora isto!
Vai-te embora, Tomba-Lobos! E ele nada. Parecia que estava a dormir e
nem olhava. Como se estivesse surdo ou não me conhecesse a voz.
Depois eu disse à Carmelita: finge que me agarras! Então ele
levantou-se, pôs-lhe as patas nos ombros e ela caiu com o rabo no
chão. Foi uma gargalhada. E o Tomba-Lobos já era o melhor da escola,
valia mais que o livro novo, a pasta dos passarinhos bordados, melhor
que uma fita de cinema. Nessa altura a professora disse:
16
1
REGRESSO À ESCOLA…

– Deixem lá! Talvez ele queira aprender coisas novas, como vocês.
Eu nem queria acreditar no que ouvia. Foi uma festa nos olhos de
todos.
A professora sorriu-me.
Eu sorri-lhe.
O Tomba-Lobos abriu os olhos e, vejam este maroto, também a sorrir!
Maria Rosa Colaço, Maria Tonta como Eu, Rumo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. Nesta história a autora:
A história passa-se: • também entra na história.
• na rua. • na escola. • é só narradora.
A história aconteceu: A história é sobre:
• no início do ano lectivo. • um cão. • um gato.
• no fim do ano lectivo. * Justifico as minhas respostas com
O cão era: frases do texto.
• pequenino. • grande. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 14.
B3LP-02
17
Um segredo
Um segredo é para ser guardado.
Mas como se guarda um segredo?
E se ele foge?...

Acontece-me cada uma! Ia eu, descansadinho, pela rua abaixo,


quando a Ana chegou ao pé de mim e disse:
– Vou contar-te um segredo. Mas tens de o saber guardar.
– Onde? Nunca guardei nenhum – disse eu, preocupado.
– Onde tu quiseres. Tens é de o guardar bem guardado – respondeu
a Ana. Depois encostou a boca ao meu ouvido direito e contou o tal
segredo.
– Ah! – disse eu. Mas não disse o segredo.
A Ana logo a seguir foi-se embora e eu também voltei para casa. Pelo
caminho, pensei: “Onde é que o hei-de guardar? É melhor comprar um
mealheiro, daqueles que têm chave, fechadura e tudo.”
18
1
REGRESSO À ESCOLA…

Mas estava tão cansado nesse dia que, depois do jantar, adormeci.
Acho que deixei o segredo em cima da mesinha-de-cabeceira, mas
quando acordei, de manhã, ele já lá não estava. Nem lá nem em
qualquer sítio da casa.
“Deve ter fugido”, pensei eu.
Álvaro Magalhães, O Homem Que Não Queria Sonhar e Outras Histórias, ASA

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A história começou: Nesta história:
• em casa. • na rua. • o autor também entra na história.
Na história entram: • o autor é só narrador.
• duas personagens.
• três personagens. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 15.

19
Há canções que não se esquecem.
Passam de boca em boca, de geração em geração…

Alecrim
Alecrim, alecrim doirado
bis
Que nasce no monte sem ser semeado.
Ai meu amor, quem te disse a ti
bis
Que a flor do campo era o alecrim?
Alecrim, alecrim aos molhos,
bis
Por causa de ti choram os meus olhos.
Ai meu amor, etc.

Josezito
Josezito,
Já te tenho dito
bis
Que não é bonito
Andares m’enganar!

Chora agora,
Josezito, chora,
bis
Que me vou embora
Pra não mais voltar!

20
Papagaio loiro
Papagaio loiro,
De bico doirado,
Leva-me esta carta
Ao meu namorado!

Ele não é frade,


Nem homem casado.
É rapaz solteiro,
Lindo como um cravo!

À oliveira da serra
À oliveira da serra
bis
O vento leva a flor.

Ó-i-ó-ai, só a mim ninguém me leva,


bis
Ó-i-ó-ai, para o pé do meu amor!

À oliveira da serra
bis
O vento leva a ramada.

Ó-i-ó-ai, só a mim ninguém me leva,


bis
Ó-i-ó-ai, para o pé da minha amada.
Cantar, Brincar e Aprender, sel. de Clara Abreu, Porto Editora

21
* A hora do recreio começou. Há vários sons no ar. • Quem os provoca?
* Os professores vêem os alunos e escutam-nos.
• Como se sentem? • Porquê? * Os pais pensam nos filhos que estão
no recreio. • Como se sentem? • Porquê?

A hora do recreio começou


São corridas, são risos e conversas
Há brincadeiras livres e travessas
Ouvem-se sons fortes de alegria
Que assustam pardais desprevenidos
E fazem tremer bichinhos escondidos.

Mas os professores ouvem a sorrir


Os alunos no recreio a brincar
E os pais lá longe a trabalhar
Adivinham os filhos a sentir
A alegria de juntos conversar,
Cantar, rodar, escorregar, cair…
22
* Acabou o recreio. Os meninos voltam para a sala. O som fica baixinho. • Porquê?
• Quando trabalhas também falas baixinho? • Porquê?

Som de alegria sobe e enche o ar


Envolve a escola, entra pelas janelas
Os olhos brilham nas carinhas belas
Bocas rosadas a saborear
A merenda arranjada com carinho
Que tão bem cheira dentro do cestinho.

Depois à sala vão voltar


O som fica baixinho
São horas de estudar...

23
É OUTONO…
É uma história de amizade passada entre animais.
Como é bom ter amigos!

Até à Primavera…
O Coelho Bravo, que saíra numa corrida para comer umas ervitas,
teve de regressar à toca. Num instante ficou enxuto, com as patas
quentes, o focinho quente, as orelhas quentes: enfim, um consolo!
Bem aninhado, ouvia a água das chuvas correr por cima do tecto da
sua casa e pensava:
“– Ainda bem que todos os bichos do bosque fizeram tocas
abrigadas onde a enxurrada não entra...”
Estava ele assim muito satisfeito, quando viu entrar pela lura
adentro o Ouriço-Cacheiro, encharcado e cheio de frio. Tão miserável
ele vinha, com o nariz a tremer e a pingar, que o Coelho se levantou
de um pulo para o agarrar pelo cachaço (com picos e tudo...). Levou-o
para uma cama de palhas, tapou-o com um pano de lã, friccionou-lhe
as patas e as orelhas, e por fim fê-lo engolir sumo de limão.
24
2
Com um tratamento destes, o Ouriço-
-Cacheiro arrebitou o suficiente para
contar o que lhe tinha acontecido. Fora a
água das chuvas que lhe inundara a casa,
estragando a cama de folhas onde ele
deveria dormir todo o Inverno.
– Ai, ajuda-me, Coelho Bravo, arranja-
-me depressa uma toca nova!
O Coelho ia lançar-se à chuva para
ajudar o amigo Ouriço quando o viu ficar
quieto, a ressonar baixinho.
– Já deve estar a hibernar... – calculou
o Coelho Bravo. Com cuidado, levou-o
aconchegado no pano de lã para o canto
mais escuro da lura, um sítio morno e
sossegado, próprio para sonhos felizes.
– Adeus, Ouricinho! – disse-lhe ao
ouvido. – Dorme bem, até à próxima
Primavera!
Violeta Figueiredo, A Casa da Floresta, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Verdadeiro (V) ou falso (F)?
• A toca do Coelho era quente e confortável.
• A enxurrada não entrou em nenhuma toca.
• O Ouriço foi ter à toca do Coelho.
• O Coelho não tratou bem o Ouriço.
• O Coelho saiu para arranjar uma toca nova para o Ouriço.
• O Ouriço ficou na toca do Coelho a dormir durante o Inverno.
• O Coelho foi um bom amigo para o Ouriço.

* Torno verdadeiras as frases que considerei falsas.


* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 20-21.

25
João Sebastião
A amizade é um valor sem preço.
Nunca se está só quando se tem
um amigo.

Joana-Ana gostava de trabalhar.


Para além do trabalho da escola, gostava de trabalhar em casa a
ajudar a mãe e a avó. E muitas vezes ia ajudar os vizinhos. Sobretudo
um vizinho da rua (umas cinco casas adiante da sua), que tinha tido
uma doença, quando pequenino, e só se podia deslocar numa
cadeirinha de rodas.
Na verdade era tão bom poder andar, correr, saltar.
Esse vizinho era um grande amigo. Claro que Joana-Ana não o
considerava assim por ele estar preso a uma cadeira de rodas, por pena.
Considerava-o assim porque ele – João Sebastião – era verdadeiramente
um amigo. Uma pessoa verdadeira.
Ia para a escola numa cadeira de rodas, estudava como os outros
companheiros, era capaz de sonhar tão livremente como Joana.
Matilde Rosa Araújo, Joana-Ana, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. A casa de Joana-Ana e a casa de João
Joana-Ana era: Sebastião ficavam:
• preguiçosa. • perto. • longe.
• gostava de trabalhar. João Sebastião:
João Sebastião: • ia à escola. • ficava em casa.
• corria e saltava. • não podia andar. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 22.

26
2
É OUTONO…

A menina e o caracol
Era um caracol teimoso e maroto!
Mas fez a vontade à menina.

“Caracol, caracol
Põe os pauzinhos ao sol.”
Mas o caracol não queria
Nem ao sol
Nem à chuva,
E menos à ventania...
Não punha os pauzinhos ao sol
E a menina sofria.
Mas sem nunca desistir,
Ela lá ia dizendo:
“Caracol, caracol
Põe os pauzinhos ao sol.”
E ele continuava escondido...
“Caracol, meu amigo,
Anda! Sai do teu abrigo,
Que eu quero conhecer-te.
Já te considero meu!”
E o caracol devagar,
Com um sorriso maroto,
Finalmente apareceu!
Luísa Ducla Soares, Rua Sésamo, n.° 84

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e procuro as respostas nos • A menina não desistiu.
versos. Como fez o pedido ao caracol para o
convencer a sair?
• A menina fez um pedido ao caracol.
Como lhe fez o pedido? • O caracol:
continuou escondido.
• O caracol:
finalmente apareceu.
saiu de casa.
continuou escondido. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 23.

27
O que será?
Até um grande e
grosso castanheiro
foi pequenino
antes de crescer.

Há muitos, muitos anos, um menino da tua idade viu à beira do


caminho uma haste, quase tão fina como um cabelo, que nascia entre
duas pedras.
“O que será?”, pensou o menino, que não sabia que arvorezinha era
aquela, tão fina e sem folhas, porque era tempo de Inverno.
“Deixa ver o que vai dar!”, disse de si para si, enquanto espetava
uma estaca junto da haste.
Passou aquele Inverno. E quando a Primavera chegou, a haste
encheu-se de folhas.
“É um castanheiro!”, descobriu o menino, que de vez em quando ia
visitá-lo.
Depois dessa Primavera vieram muitas outras Primaveras. E a haste
foi subindo e engrossando. E o menino crescendo.
Já era homem quando o castanheiro encheu a primeira cesta de
gordas e perfeitas castanhas!
Esse menino era o meu avô.
António Mota, Segredos, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Procuro no texto expressões com um sentido semelhante às indicadas.
• O menino tinha mais ou menos 9 anos quando viu a haste que nascia entre duas pedras.
• Era Inverno quando a encontrou.
• O menino e a árvore foram crescendo juntos.
• A árvore demorou muitos anos para dar os primeiros frutos.
• Os frutos eram grandes e bonitos.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 24.

28
2
É OUTONO…

Se...
Conhecer o que está longe só depois de Se eu tivesse um carro
conhecermos o que está perto de nós... havia de conhecer
toda a Terra.

Se eu tivesse um barco
havia de conhecer
todo o mar.

Se eu tivesse um avião
havia de conhecer
todo o céu.

Tens duas pernas


e ainda não conheces
a gente da tua rua.
Luísa Ducla Soares,
Poemas da Mentira e da Verdade,
Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Justifico as afirmações com versos * Assinalo o que é certo.
do texto. O texto está escrito em:
• Para conhecermos bem a Terra, o mar e • prosa.
o céu precisamos de diferentes meios
• verso.
de transporte.
• banda desenhada.
• Não necessitamos de meios de transporte
para conhecermos aquilo que nos rodeia. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 25.

29
O mistério da lagarta
Grande surpresa teve o caracol! Era já tempo de frio, pois o Outono
A lagarta feia e preguiçosa chegava, mas nem assim o caracol
transformou-se numa linda arredava pé. Muito impaciente e
borboleta. cansado de tanto esperar, bateu no
casulo e, abanando-o com alguma
insistência, disse numa risada:
– Oh lagarta dorminhoca,
oh distraída, vê se consegues
aparecer à janela que te esqueceste
de construir!
Tanto gritou e abanou o casulo
que este, de repente, como que
dando de si, mexeu-se. De imediato,
uma porta rompeu-se. Alguém se
preparava para sair!
– Finalmente – disse o caracol –,
irei tornar a ver a lagarta preguiçosa.
Já preparadinho para a chamar
e recomeçar a maltratá-la, olhou,
tornou a olhar, abriu bem os olhos
e... grande surpresa!... Nem queria
acreditar no que via. É que
misteriosamente, como por encanto,
a lagarta tinha-se transformado
numa linda borboleta.
José Francisco Rica, O Mistério da Lagarta, Porto Editora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo.
• O caracol troçava da lagarta. O que lhe dizia?
• A casa da lagarta não tinha porta nem janela. Porquê?
• A lagarta finalmente estava pronta para sair de casa. Por onde?
• O caracol não queria acreditar no que estava a ver. O que tinha acontecido?
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 26.

30
2
É OUTONO…

Ao telefone
Vantagens da comunicação – estamos longe
e ficamos perto… Trrim! Trrim!…

Trrim! Trrim! Trrim! Que tal o tempo, aí?


É comigo... Chove muito?... Não, não!
Não pára de tocar! Aqui parece Verão!
Está-me a chamar, Olhe, dê lá
o telefone amigo. um abraço à Rita!
Estou, sim,
Está?... Está lá? Estou, sim! Tio Joaquim!
É o tio Joaquim? Beijos da minha irmã!
Como está a tia Anita? Adeus,
E a prima Rita? e... até amanhã!
Esther de Lemos, Primeira Aventura das Magias Quotidianas, Verbo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio, penso e respondo.
• O que quer dizer o telefone quando toca?
• O que se diz quando se atende o telefone?
• O telefone é amigo. Porquê?
• A pessoa que atendeu o telefone fez perguntas sobre familiares e sobre o tempo.
O que perguntou? Que respostas teria recebido?
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 27.
31
A lousa e o giz
Parece um jogo de branco e preto ou um jogo
de preto e branco, mas não é...

– Se a lousa fosse branca, o giz tinha de ser preto – disse um menino


negro a um menino branco, na sala de aula, ambos trocando
impressões em voz baixa.
– Sim, lá isso é verdade... – disse o menino branco. – Mas penso que
isso não é problema que nos deva preocupar. As coisas são mesmo
assim: a lousa é preta e o giz é branco.
– Bem – tornou o menino branco – o que interessa é escrever com
giz branco na lousa preta palavras que cada vez nos tornem mais
amigos. Se assim fizermos...
– Se assim fizermos – atalhou o menino negro – o giz mistura-se na
lousa, a lousa mistura-se no giz, e tudo fica bem, nada fica mal. Ou
não será assim?
Ambos se foram até à lousa negra – e, com o giz branco,
misturaram-se até mais não, ora escrevendo isto, ora escrevendo
aquilo. Quando saíram da aula, e se foram sem zanga de nada, a lousa
parecia mesmo uma noite toda estrelada...
Pedro Alvim, Os Filhos dos Outros, Europa-América

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. Os meninos conversavam sobre:
As personagens do texto são: • o valor da amizade.
• a lousa e o giz. • o valor do trabalho.
• o menino negro e o menino branco. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 28.
32
2
É OUTONO…

Os tamanquinhos
A poetisa pôs os tamanquinhos a andar,
a bater, a cantar e a fazer sonhar!
Quem me dera ser poeta!

Troc... troc... troc... troc...


ligeirinhos, ligeirinhos,
troc... troc... troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...

Madrugada. Troc... troc...


pelas portas dos vizinhos
vão batendo, troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...

Chove. Troc... troc... troc...


no silêncio dos caminhos
alagados, troc... troc...
vão cantando os tamanquinhos...

E até mesmo, troc... troc...


os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc... troc... troc...
com seu par de tamanquinhos...
Cecília Meireles, Obras Completas

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* O que querem dizer as palavras sublinhadas? Assinalo.
Os tamanquinhos vão ligeirinhos…: No silêncio dos caminhos…:
• rápidos • lentos • sossego • barulho
Madrugada. Troc… Troc…:
Nos caminhos alagados…:
• de manhã muito cedo
• à noite • secos • encharcados

* Trabalho no Livro de Fichas, p. 29.


B3LP-03
33
Os biscoitos da avó
A avó fez os biscoitos como os netos pediram.
Pareciam mesmo os bicharocos. As avós são assim...

À chegada do Outono, com as aulas quase a começarem, os cinco


netos da avó Genoveva viam cair as folhas amarelecidas de um velho
plátano que havia no quintal e assistiram à partida dos bandos de
pássaros e de patos para as terras mais quentes do Sul.
– Eu sou capaz – gabou-se a avó Genoveva, num dia cinzento de
Setembro – de dar aos meus biscoitos a forma de todos os bichos de
que vocês gostam, mesmo dos mais fantásticos.
– Se calhar não és! – duvidou o neto mais velho da avó Genoveva.
– Ah, não sou? – exclamou ela. – Então digam-me lá os que querem
e eu esta noite já os tenho prontos.
Eles ficaram uns instantes a pensar, lembrando-se de todas as
fotografias e desenhos que tinham visto nos compêndios de Zoologia
e História Natural e começaram a pedir:
– Eu quero um crocodilo!
– E eu um dinossauro!
– Eu um elefante!
– E eu um golfinho!
– E eu um leão!
A avó Genoveva escreveu com letra miudinha os nomes dos animais
num pequeno caderno quadriculado que costumava trazer no bolso
34
2
É OUTONO…

do avental para fazer as contas do talho e da mercearia e, quando


começou a anoitecer, chamou os netos e mostrou-lhes a obra acabada.
Os bichos eram tão perfeitos que até pareciam verdadeiros. A Joana
quase jurava que tinha ouvido o leão a rugir, o Miguel que ouvira o
elefante a urrar e o André que tinha sido salpicado pelo golfinho ao
mergulhar. A avó Genoveva sorriu e não chegou a explicar-lhes se
tudo aquilo fora ou não imaginação deles. Era essa a sua parte no jogo.
José Jorge Letria, História do Sono e do Sonho, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
O Outono estava a chegar porque:
• as aulas iam começar.
• as aulas iam terminar.
• as folhas amarelecidas caíam do plátano.
• as folhas verdinhas nasciam na árvore.
• bandos de pássaros e de patos partiam para terras mais quentes.
• bandos de pássaros e de patos regressavam dos países quentes.
* Procuro as expressões do texto que mostram que os biscoitos da avó
pareciam animais verdadeiros.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 30-31.

35
Já no tempo dos nossos avós se jogava o “gato e o rato”
e a “cabra-cega”! São jogos tradicionais.

O gato e o rato
– Um, dois, três. É agora!
O “ratinho” partiu como um verdadeiro rato. Corria, deslizava,
por baixo das mãos dadas dos componentes da roda. O gato
seguia-o de perto, furava pelos mesmos espaços, às vezes quase
desatava as mãos dos rapazes que as entrelaçavam com força,
gritando para o incitar, saltando de entusiasmo – a única maneira
de tomarem parte no jogo.
Quando o rato fosse apanhado, o gato passava a ser rato e algum
deles iria fazer a caçada.
E assim foi, daí a algum tempo.
Sem se fatigarem nem desanimarem, aqueles vinte e cinco
rapazes da terceira classe passaram um bom bocado. Até que a
campainha tocou e foram para dentro.
Alice Gomes

36
Cabra-cega!
Cabra-cega! Cabra-cega!
Tudo ri!
Mãos no ar,
a apalpar,
tactear,
por aqui
por ali...
Tudo ri!

Cabra-cega! Cabra-cega!
Mãos no ar,
apalpando,
tacteando,
por aqui,
por ali,
agarrando o ar!...
Tudo ri...
Afonso Lopes Vieira

37
* É Natal!... É Natal!... Os sons da escola são muitos e diferentes nesta época.
• Que sons podemos ouvir?
• De onde vêm esses sons?

É Natal!... É Natal!...

O céu anuncia e nós cantamos


A ternura, a paz e o amor
Os sons da escola afinamos
Em versos cantados ao Senhor.

Canções populares
Ferrinhos, tambores
Anjos e meninos
Juntam seus louvores.
38
* Os meninos enfeitam o pinheiro e fazem o presépio.
• Que sons se poderão ouvir durante esses momentos?
• Imagina e diz que sons poderiam vir do pinheiro e do presépio.

A sala de aula enfeitamos


Com estrelas, sinos e balões
Colocamos bolas no pinheiro
No presépio mensagens em cartões.

Estrelas não param de luzir


As luzes não param de brilhar
Há sons que se esquecem de dormir
Para o Menino Deus embalar
Durante uma noite especial
Noite fria, noite de encantar
Noite de amor, noite de Natal!...
39
NATAL, TEMPO DE AMOR…

Em casa de Joana o presépio


e o pinheiro brilhavam
como estrelas!
Era Natal!…

Joana tinha nove anos e já tinha visto nove vezes a árvore do Natal.
Mas era sempre como se fosse a primeira vez.
Da árvore nascia um brilhar maravilhoso que pousava sobre todas as
coisas. Era como se o brilho de uma estrela se tivesse aproximado da
Terra. Era o Natal. E por isso uma árvore se cobria de luzes e os seus
ramos se carregavam de extraordinários frutos em memória da alegria
que, numa noite muito antiga, se tinha espalhado sobre a Terra.
E no presépio as figuras de barro, o Menino, a Virgem, São José,
a vaca e o burro pareciam continuar uma doce conversa que se via
e não se ouvia.
Joana olhava, olhava, olhava.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Noite de Natal, Figueirinhas

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Justifico a afirmação com uma
frase do texto.
A árvore enfeitada lembrava:
• As figuras do presépio não falam mas
• a alegria do nascimento do cada uma delas lembra-nos o que
Menino Jesus. aconteceu em Belém.
• o aniversário da Joana. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 36.

40
No ar havia um cheiro de canela e de pinheiro.
3
As pessoas diziam “Bom Natal.”

Tinha começado a festa do Natal. Havia no ar um cheiro de canela


e de pinheiro. Em cima da mesa tudo brilhava: as velas, as facas,
os copos, as bolas de vidro, as pinhas doiradas. E as pessoas riam
e diziam umas às outras: “Bom Natal”. Os copos tilintavam com
um barulho de alegria e de festa.
(...) O jantar do Natal era igual ao de todos os anos.
Primeiro veio a canja, depois o bacalhau assado, depois os perus,
depois os pudins de ovos, depois as rabanadas, depois os ananases.
No fim do jantar levantaram-se todos, abriu-se de par em par a porta
e entraram na sala.
As luzes eléctricas estavam apagadas. Só ardiam as velas do pinheiro.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Noite de Natal, Figueirinhas

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo o que, na festa do Natal, se podia: cheirar, ver, ouvir, saborear.
* Ligo de acordo com o jantar do Natal.
prato de peixe • • peru
prato de carne • • rabanadas e pudins
doces • • bacalhau assado
fruta • • ananases
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 37.

41
Estrelinha
A Estrelinha do céu brinca ao jogo das estátuas
com outras estrelinhas. E não foram ensinadas!

Uma vez, há muito tempo – no tempo em que as estrelas falavam –,


nasceu uma Estrelinha lá no céu. Uma Estrelinha toda feita de luz.
Mas o céu já é tão cheio de estrelas que ninguém reparou na Estrelinha
nova que nasceu. E o tempo foi passando.
A Estrelinha aprendeu a brincar de constelação, com as outras
estrelas. Se vocês não sabem como é, eu vou contar: constelação é a
brincadeira de estátua das estrelas.
Cada uma fica no seu lugar e todas as estrelas juntas fazem no céu
o desenho de um cachorrinho ou de um ursinho, de um touro, de uma
cruz ou de um leão. Parecido com a brincadeira de estátua das crianças.
Ilka Rocha Pacheco

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Procuro no texto frases que têm um significado semelhante às apresentadas.
• A Estrelinha era muito brilhante.
• O céu tem muitas estrelas.
• Ninguém deu conta que havia no céu uma Estrelinha nova.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 38.

42
3
NATAL, TEMPO DE AMOR…

Brinquedo
No sonho, a estrela subiu tão alto
que o menino...

Foi um sonho que tive:


Era uma grande estrela de papel,
um cordel
e um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela


com ar de quem semeia uma ilusão;
e a estrela ia subindo, azul e amarela,
presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu,


que deixou de ser estrela de papel,
e o menino, ao vê-la assim, sorriu
e cortou-lhe o cordel...
Miguel Torga, Diário I, ed. do Autor

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Ordeno de acordo com o que * Assinalo o que é certo.
aconteceu no sonho.
O texto é:
O menino lançou a estrela. • em prosa.
O menino cortou o cordel. • em poesia.
A estrela foi subindo, sempre presa • de teatro.
pelo cordel à mão do menino.
A estrela subiu muito alto. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 39.

43
O pinheiro
O pinheiro era elegante. Nasci na encosta de um outeiro. Fiquei,
Servia para árvore de Natal… dentro em pouco, um pinheiro delgado e
mas os anos passaram e… elegante. Tão elegante que uma senhora,
passando com seus filhos por perto de mim,
desejou-me para árvore de Natal.
– “Como ficará lindo carregadinho de
presentes e de doces, com as velinhas de
cores!” – exclamou uma das meninas que
acompanhavam a senhora.
Estremeci até às raízes, pensando que
logo me haviam de arrancar para, no grande
e festivo dia das crianças, ir adornar o salão
de uma escola ou de uma casa abastada.
Passaram-se, porém, muitos anos e
ninguém veio buscar-me para a festa do
Natal. As minhas raízes aprofundaram-se
mais; o meu tronco tornou-se alto e forte;
estendi para o céu ramaria possante, que as
tempestades não puderam derrubar. Todos
os anos as pinhas enfeitavam os meus
galhos; e, quando amadureciam, aves,
animais e homens vinham à minha sombra
colher os frutos, que se espalhavam pelo
chão. Eu era a maior e a mais bela de todas
as árvores daquela região.
Erasmo Braga, Leituras III

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo verdadeiro (V) ou falso (F), de acordo com o texto. Justifico.
• O pinheiro era muito elegante. • O pinheiro nunca foi um pinheiro
• Nasceu na encosta do monte. de Natal.
• O pinheiro tinha poucos ramos. • Todos os anos se cobria de pinhas.
• O pinheiro cresceu muito e era belo.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 40.

44
3
NATAL, TEMPO DE AMOR…

Dia de Natal
Os Reis Magos ofereceram ao
Menino Jesus ouro, incenso e mirra.
E qual foi o presente da menina?

Hoje é dia de Natal Os reis de longe lhe trazem


Mas o Menino Jesus Tesouros, incenso e mirra.
Nem sequer tem uma cama, Se me dessem tais presentes,
Dorme na palha onde o pus. Eu cá fazia uma birra.

Recebi cinco brinquedos Às escondidas de todos


Mais um casaco comprido. Vou pegar-lhe pela mão
Pobre Menino Jesus, E sentá-lo no meu colo
Faz anos e está despido. Para ver televisão.
Luísa Ducla Soares, Conto Estrelas em Ti,
coord. José António Gomes, Campo das Letras
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Procuro os versos que dizem:
• que presentes recebeu o Menino Jesus;
• quem lhe ofereceu esses presentes;
• que a autora não gostava de receber os mesmos presentes que recebeu o Menino Jesus;
• que presente a autora ofereceu ao Menino Jesus.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 41.

45
Natal na aldeia
Na aldeia, os meninos cobrem o presépio
com musgo, heras e tufos de erva.

No dia de Consoada o céu fica ainda mais cinzento com o fumo que
foge das chaminés.
A meio da tarde, quando toda a aldeia cheira a canela e a açúcar
queimado, as crianças juntam-se no largo da igreja. E esperam,
impacientes.
Finalmente aparece o sacristão com um grande cesto vazio. Os
miúdos correm a tirar-lho das costas um pouco curvadas.
E, como cabritos, num instante estão empoleirados nos penedos.
Com as mãos retiram das pedras compridos torrões de musgo, tufos
de erva, heras muito verdes.
Quando o cesto fica a transbordar levam-no com custo para dentro
da igreja.
Depois, na sacristia, pegam numa chave muito velha, muito grande,
todo o ano pendurada junto da janela. E abrem a porta de um armário
antigo.
46
3
NATAL, TEMPO DE AMOR…

De repente faz-se um grande silêncio. Com muito cuidado retiram


as velhas figuras de barro e levam-nas para junto do altar-mor.
Pacientemente montam as ripas, pregam-nas. Colocam caixotes e
pedregulhos. E cobrem tudo com musgo, hera e ervas.
E eis que tudo se transforma: lá está ela, a gruta de Belém.
António Mota, Abada de Histórias, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. Os meninos esperam:
Os meninos juntam-se: • pelo padre.
• pelo sacristão.
• de manhã.
Os meninos vão encher o cesto:
• de tarde. • com enfeites para a árvore.
• dentro da igreja. • com musgo para o presépio.
• fora da igreja. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 42-43.

47
São canções tradicionais de Natal. Todos as sabemos cantar.
Se não, perguntamos aos nossos avós...

Burriquito
Arre burriquito
Vamos a Belém
Ver o Deus-Menino
Que a Senhora tem
Que a Senhora tem
Que a Senhora adora
Arre burriquito
Vamo-nos embora

Eu hei-de dar ao Menino


Ai, uma fita prò chapéu
Também Ele me há-de dar
Um lugarzito no Céu

Arre burriquito
Etc... etc... etc...

48
Toca o sino
Toca o sino pequenino
Já nasceu o Deus-Menino
Dlim-dlão-dlim-dlim-dlão
Dlim-dlão-dlim-dlim-dlão
Toca o sino, toca além
Jesus nasceu em Belém
Dlim-dlão-dlim-dlim-dlão

Natal
Alegrem-se os Céus e a Terra
Cantemos com alegria

Que já nasceu o Menino


Filho da Virgem Maria

B3LP-04
49
* Mesmo no Inverno há sons na Natureza. • Que sons se podem ouvir?
* A neve, quando cai, não produz som. • Porquê?
* A música é feita de sons. • E o barulho e o ruído o que causam?

No Inverno a Natureza
Parece que adormeceu
Os sons são de vento, chuva
Granizo a cair do céu.

A neve cai levemente


Não se ouve ao cair
É assim que a Natureza
Nos ensina a distinguir...

O barulho e o ruído
Diferem do que é som
É de sons que se faz música
Os outros são confusão.
50
* É importante falar. Também é importante ouvir.
• Na escola, o que será mais importante? • Porquê?
* O silêncio também é importante. • O que nos ajuda a fazer?

Na escola aprendemos
Sem ninguém nos ensinar
Que é mais importante ouvir
Do que estar sempre a falar.
Até o próprio silêncio
Aprendemos a sentir
Podemos ouvir cá dentro
O que pensa o pensamento
Podemos reflectir!...
51
É INVERNO…

O Inverno traz frio, chuva, vento…


Mas também traz camélias brancas!…

De repente um grande vento varria a terra. Ouvia-se ao longe o


ruído do mar e começava o Inverno.
Chovia sem parar durante uma semana. Quando parava de chover
começava o frio. Apareciam as primeiras camélias muito brancas.
Cada dia era mais curto que o da véspera. As árvores, despidas das
suas folhas, erguiam ao céu os seus galhos nus. Até que a água dos
tanques gelava. E de manhã, quando Isabel ia para a escola, os
caminhos estavam cheios de geada.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Floresta, Figueirinhas

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Completo.
Começava o Inverno. O que acontecia?
• O vento… • As árvores… • Os dias… • A água… • O frio… • Os caminhos…
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 48.

52
O poema fala de paz misturada
4
com crianças de mãos dadas.

A paz é vida sem grades.


É luar
de lua cheia
tocando as casas
e a rua.
São conchas,
búzios na areia
– a paz é minha
e é tua.
A paz
é o oposto da guerra,
é o sol
são as madrugadas,
e todas as crianças
da Terra
de mãos dadas,
de mãos dadas,
de mãos dadas.
Sidónio Muralha,
Todas as Crianças da Terra,
Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A paz é vida sem grades: A paz são todas as crianças da Terra
• a paz é liberdade. de mãos dadas:
• a paz é prisão. • a paz é a amizade.
• a paz não une as pessoas.
A paz é o oposto da guerra:
• a paz é o mesmo que a guerra.
• a paz é o contrário da guerra. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 49.

53
Ponto final
Todos os sinais estavam ocupados.
Só o ponto final andava perdido.
Encontrou o seu lugar mesmo,
mesmo no fim!...

Era uma vez um ponto final desempregado. Tinha caído de um


ponto de exclamação, o pobrezinho.
A linha em que ele estava partira-se ao meio, num daqueles
desastres que acontecem às folhas dos jornais, quando vão para o lixo.
Traço para um lado, ponto para outro... Ele, o ponto, ainda ensaiou
um ai, mas foi um ai que lhe deu, muito débil, sem a intensidade
retumbante de um autêntico ponto de exclamação! Que fazer? Tentou
encostar-se a umas reticências, mas elas mandaram-no logo embora,
com maus modos:
– Nós três chegamos. Não queremos penduras...
Pronto. Ponto final parágrafo.
Perguntou então a um i se precisava de ajuda. Logo calhou com um
i acentuadíssimo. Um i muito importante. O i de príncipe, estão a ver
a responsabilidade.
– Quem me quer? – dizia o ponto, ao lado de um ponto de
interrogação.
– Estou servido – respondeu o ponto de interrogação, o que não é
costume, porque, como se sabe, os pontos de interrogação só perguntam.
54
4
É INVERNO…

O ponto desafortunado foi ter com uma vírgula.


– Chego bem sozinha – disse ela. – A pausa que eu faço não justifica
um ponto e vírgula.
Que azar.
– Ando perdido. Ninguém me quer – choramingou o ponto, à
minha beira.
Condoí-me. Sou muito sensível, em casos destes. Por isso escrevi
esta história. Acrescentei-lhe mais umas tantas e juntei-as num livro.
Tudo de enfiada.
E para dar ao tal ponto a sua grande oportunidade, empreguei-o
aqui. No fim. Ponto final
António Torrado, Da Rua do Contador para a Rua do Ouvidor, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Quem disse? Porquê? • Chego bem sozinha.
• Nós três chegamos. Não queremos • Ando perdido. Ninguém me quer.
penduras… • Tenho pena do ponto. Vou empregá-lo
• Quem me quer? no fim da história. Vai ser o ponto final.
• Estou servido. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 50-51.

55
O Pateta não é tão pateta como a Minie julgava.

56
4
É INVERNO…

Pateta, Edições Morumbi


57
O comboio e o menino
Afinal, quem corria? Num comboio,
Era o comboio em grande disparada,
ou a paisagem? pai e filho corriam.
E ambos que viam?

As montanhas e os montes,
os horizontes,
o matagal cerrado,
os penedos,
os rochedos,
os arvoredos...
Tudo a correr com a rapidez
do vento tresloucado.

E o comboio, que era em verdade o que corria,


parecia estar parado!
A criança, o petiz, cheio de espanto,
aí perguntou: – Pai,
por que é que tudo ao longe está a correr tanto?
Os passageiros riam,
pois sabiam
que o petiz se enganava.

O comboio, que parecia


estar imóvel,
era, de facto, o que corria
e voava...
Catulo da Paixão Cearense

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Justifico as frases.
• O comboio parecia que estava parado, mas afinal era ele que corria.
• As montanhas e os montes pareciam correr muito, mas eram eles que estavam parados.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 54.

58
4
É INVERNO…

Uma história para imaginar e contar

59
O boneco de neve
Os dois irmãos brincaram aos cosmonautas
com um boneco de neve.
Foi sonho ou realidade?

O boneco de neve jogou ao dominó com o Luís e a Marina. Depois


brincaram com o comboio eléctrico. Mas a brincadeira engraçada foi a dos
cosmonautas. Instalaram-se os três dentro de uma caixa de cartão – a nave
espacial. A Marina deu o sinal de partida:
– 6, 5... apertar os cintos... 4, 3... atenção, preparar... 2, 1 e zero!... partida!
A nave arrancou com um barulho tremendo. Agarrem-se! Os três gritavam:
– Já vejo as estrelas mais próximas!
– Eu vejo as crateras da Lua!
– Eu vejo a bandeira americana!
– E eu a bandeira chinesa!
– Que disparate! Os Chineses não
foram à Lua!
Depois da brincadeira, o Luís e a
Marina preparam-se para se deitar.
– Vou arranjar-te uma cama com
almofadas e cobertores... – disse a
Marina ao boneco de neve.
– Isso não! – disse o boneco de
neve. – Acho que está muito calor.
Até já estou a derreter e não quero
molhar o tapete. Prefiro dormir na
cozinha em cima dos ladrilhos. Fico
mais à vontade.
São sete e meia da manhã.
A mãe acorda o Luís e a Marina.
– São horas! Levantem-se, meninos.
Luís suspira e volta-se na cama.
E, de repente, lembra-se do boneco
de neve.
60
4
É INVERNO…

– Oh, mãe, passámos uma noite tão divertida com o boneco de neve!
A mãe ri.
– Continuas a sonhar!
– Nada disso – protestou o Luís.
E corre para a cozinha. A Marina vai atrás dele. Não há boneco de
neve. Apenas uma pocinha de água. Luís e Marina ficam com a certeza
de não terem sonhado.
O boneco de neve deve ter voltado para o bosque logo de
manhãzinha...
Verbo Infantil

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Quem são as personagens principais da história?
* Três dessas personagens vivem uma grande aventura.
• Que personagens? • Que aventura?
* Quem disse?
• Que disparate! Os Chineses não foram à Lua!
• Vou arranjar-te uma cama com almofadas e cobertores.
• Prefiro dormir na cozinha em cima dos ladrilhos.
• São horas! Levantem-se, meninos!
• Oh, mãe, passámos uma noite tão divertida com o boneco de neve!
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 56-57.

61
Tocar
As mãos pequeninas
podem tocar na Lua,
no Sol, nas estrelas,
mas nos pássaros...

A Lua está lá no céu


Quem é que a vai tocar?
São duas mãos pequeninas
Com as luvas do luar
O Sol está lá no céu
Quem é que o vai tocar?
São duas mãos pequeninas
Que não se podem queimar
E as estrelas lá no céu
Quem é que as vai tocar?
São duas mãos com anéis
De brilhantes a brilhar
E os pássaros lá no céu
Quem é que os vai tocar?

Pássaros em liberdade
Ninguém os deve buscar.

Matilde Rosa Araújo, As Fadas Verdes, Civilização

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo: * Respondo.
• O nome da poesia. • O que está no céu e que se pode tocar?
• O nome do livro de onde se tirou este Quem os vai tocar?
texto. • O que está no céu mas que não se deve
• O nome da autora do livro. tocar? Porquê?
• O nome da editora. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 58.

62
4
É INVERNO…

A galinha ruiva
A preguiça é um defeito.
A galinha ruiva deu
uma grande lição
aos seus amigos.

A galinha ruiva achou umas espigas de trigo.


Ela chamou o gato.
Ela chamou o ganso.
Ela chamou o porco.

A galinha ruiva disse:


– Quem me ajuda a semear o trigo?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então semeio eu o trigo – disse a galinha ruiva.
E ela semeou o trigo.

O trigo cresceu.
A galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a ceifar o trigo?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então ceifo eu o trigo – disse a galinha ruiva.
E ela ceifou o trigo.
63
Depois de ceifar o trigo, a galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a levar este saco de trigo?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então levo eu este saco de trigo para o moinho.

Depois de ter já o trigo moído e feito em boa farinha,


a galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a amassar o pão?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então amasso eu o pão.
E ela amassou o pão, que ficou muito bem amassado.

Já tinha o pão amassado, quando a galinha ruiva disse:


– Quem me ajuda a cozer o pão?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então cozo eu o pão – disse a galinha ruiva.
E ela cozeu o pão.
64
4
É INVERNO…

Quem me ajuda a comer o pão?


O gato disse:
– Miau! Miau! Miau! Quero eu, quero eu, quero eu!
O ganso disse:
– Quá! Quá! Quá! Quero eu, quero eu, quero eu!
O porco disse:
– Gurmi! Gurmi! Gurmi! Quero eu, quero eu, quero eu!
A galinha ruiva disse:
– Não me ajudaram a semear o trigo.
– Não me ajudaram a ceifar o trigo.
– Não me ajudaram a levar o trigo.
– Não me ajudaram a amassar o trigo.
– Não me ajudaram a cozer o trigo.
– Não me ajudarão a comer o pão!
– Os meus pintainhos comerão o pão.
A galinha e os pintainhos comeram o pão.
A Galinha Ruiva (história tradicional), adapt. de António Torrado, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Ordeno de acordo com a história.
• A galinha ruiva:
achou umas espigas de trigo. ceifou o trigo.
levou o trigo para o moinho. comeu o pão com os pintainhos.
semeou o trigo. amassou o pão.
cozeu o pão.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 59.
B3LP-05
65
A tradição também nos deixou passatempos engraçados
– trava-línguas, adivinhas...

Que é, que é?
Não vos digo a sua cor
pois iam logo acertar; Qual é a coisa,
digo sim que ainda em flor qual é ela?
vai com a noiva casar...
Sem ela Xavier não existia,
Abunda em terras do Sado, o xadrez ninguém jogava,
mas há quem tenha a mania exames não haveria,
que este fruto arredondado com roxo ninguém pintava,
vem por força da Baía... o mexilhão não mexia
e o peixe na peixaria
Se um cozinheiro é famoso, era coisa que faltava.
e um pato vai cozinhar,
não pode, se é cuidadoso,
este fruto dispensar.
Soledade Martinho Costa,
Qual é a coisa,
Vamos Adivinhar, Europa-América
qual é ela?
Está no meio do caixote,
no princípio do xarope,
quase no fim do repuxo
e anda sempre no táxi...
Que é, que é?
Sou estrela e não sou do céu;
da terra também não sou.
Talvez me encontres na praia,
que algumas vezes lá vou.
Quem sou?
Verbo Infantil

66
Era uma vez
um caçador,
furunfunfor, – Pardal pardo, porque palras?
triunfunfor, – Eu palro e palrarei,
misericuntor; porque sou o pardal pardo,
palrador de el-rei.
e foi à caça,
furunfunfaça,
triunfunfaça,
misericuntaça;

e caçou
Padre Pedro
um coelho,
Prega pregos
furunfunfelho,
Prega pregos
triunfunfelho,
Padre Pedro
misericuntelho;

e levou-o a uma velha,


furunfunfelha,
triunfunfelha,
misericuntelha.
Popular
O tempo perguntou ao Tempo
quanto tempo o Tempo tem.
O Tempo respondeu ao tempo
que o Tempo tem tanto tempo
quanto tempo o Tempo tem.

67
* Todos gostam de se rir. Às vezes o riso até faz chorar.
• Quem faz rir grandes e pequenos na altura do Carnaval?
• Já assististe a algum espectáculo de circo? • Onde?
• De que número gostaste mais?

Todos conhecem o riso


Livre como a gargalhada,
Suave como o sorriso,
Riso de coisa engraçada
Como acontece no circo
Na hora da palhaçada,
Riso que até faz chorar
Quase toda a pequenada.

Estes sons de alegria


Fazem bem no Carnaval
Mas se rirmos noutro dia
Vai-nos fazer algum mal?
68
* Na escola há sons de alegria que se ouvem a qualquer hora.
• De onde vêm esses sons?
• Também sorris e sentes prazer enquanto trabalhas?

Na escola o som do riso


Ouve-se a qualquer hora,
Gargalhada ou sorriso,
Ontem, amanhã ou agora.

É um prazer trabalhar
Reflectir e brincar
Com um sorriso constante
É o som de cada instante
Que se ouve e deve ver
Em cada um dos meninos
Na hora de aprender!...

69
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…
Os palhaços fazem-nos rir e às vezes chorar.
Chorar de alegria...

No Reino das Serpentinas


havia sete meninas
muito lindas, muito finas,
levezinhas como fadas,
que reinavam quatro dias
por ano, muito animadas.

No País dos Papelinhos


eram sete os rapazinhos
alegres e redondinhos
que entravam na reinação,
e nos mesmos quatro dias
andavam em roda-viva
numa dança colorida
pelo ar e pelo chão.

Na Cidade das Caraças


caras de todas as raças
carantonhas e caretas
ou risonhas ou medonhas
ou rubicundas ou pretas,
faziam grandes folias
nesses mesmos quatro dias.

70
5

No Estado dos Estalinhos,


na Terra das Cerragarregas,
na Capital das Bisnagas,
no Domínio das Gaitinhas,
esses dias inteirinhos
que não tinham horas vagas
eram gastos igualmente
em brincadeira contente.
Maria Isabel Mendonça Soares

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo.
• Havia sete meninas.
Onde? Como eram? O que faziam? Como se sentiam?
• Havia sete rapazinhos.
Onde? Como eram? O que faziam? Como se sentiam?
• A festa do Carnaval dura quatro dias.
Quais são esses dias?
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 64-65.

71
Mimosas floridas
O Sol aqueceu os pezinhos das mimosas
e elas deram flores amarelas e fofinhas.

O campo estava forradinho de verde-claro. Aqui e ali flores


pequeninas deitavam a cabeça de fora, cheias de vontade
de crescer.
Uma ovelhinha de meses corria atrás da mãe a balir.
Então as mimosas do bosque disseram entre si:
– São horas de nos vestirmos de amarelo!
– Telefonem para o Senhor Sol e digam-lhe
que não falte, pois é Fevereiro e já chega de
descanso – ordenou a árvore mais velha,
vestida de verde-cinza.
O Senhor Sol veio imediatamente à
velocidade de trezentos mil quilómetros
por segundo.
Deixou escorrer luz e calor pelos
ramos das árvores, aqueceu-lhes
o corpo e os pezinhos e em poucos
dias elas ficaram cheias de bolinhas
fofas e amarelas como oiro.
Fizeram então a festa do amarelo
e ganharam o primeiro prémio no
concurso de beleza.
Orízia Alhinho

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Descubro, no texto, as frases que têm um significado semelhante às indicadas.
• O campo estava verde. • As flores começavam a abrir.
• O sol batia nas árvores e aquecia-as. • As mimosas cobriam-se de flores.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 66

72
5
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…

Conversas...
Será melhor viver no campo ou junto ao mar?
… sobre o mar
Eu moro ao pé do mar e penso em ti, meu
amigo, que nunca o viste.
O mar é lindo. Azul, azul como o céu azul.
Verde, às vezes. Cinzento, quando há nuvens.
O mar e o céu são amigos e combinam
sempre que cor vão usar. Mas não é tudo.
Quem quer dizer mais coisas sobre o mar?
… sobre o campo
Tu vives na cidade e ouves falar do campo, mas não sabes bem como é.
Como é um pomar? E uma horta? E um campo de trigo?
Tens vindo passear ao campo. Mas passas de carro, ou mesmo a pé,
e voltas para casa.
Para saber como é o campo, é preciso viver aqui. O campo de trigo
que te pareceu coberto de ervinhas verdes cresceu e tem agora uma
seara amarelinha a fazer ondas com o vento.
Mas não é tudo.
Quem quer dizer mais coisas sobre o campo?
Élia Pereira de Almeida, Mais Amigos, Texto Editora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Risco as palavras que são “intrusas” … sobre o campo:
em relação às conversas cidade, campo, pomar, horta, videiras, trigo,
… sobre o mar: ervinhas, rio, seara, verdes, amarelinha.
mar, azul, céu, verde, vermelho, cinzento,
nuvens, trigo, amigos, conhecidos. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 67.

73
O helicóptero amarelo
Pela janela do helicóptero os meninos viram
o que de bom e de mau os homens fizeram na Terra...

O helicóptero sobrevoou montes e vales, homens que destruíam


a Natureza e outros que tratavam dela com amor, espaços vazios
e despedaçados, ontem plenos de trigo brincando com o vento,
árvores com os ramos levantados para o céu, como quem quer
acariciar as nuvens.
Este foi um grande dia, um belo dia... – pensavam as crianças.
E depois o helicóptero desceu, desceu lentamente, e pousou no
jardim de Patrícia e de Miguel.
O aviador ajudou as crianças a descer e abraçou-as. Elas
aproximaram-se de casa e ficaram acenando, acenando, sorridentes,
como se as suas mãos fossem lenços de alegria e de esperança.
74
5
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…

As hélices brancas do helicóptero amarelo começaram a girar.


E o aviador, olhando as crianças que sorriam, gritou, sorridente
também, quando partia, mas partia para voltar:
– Não se esqueçam. Nunca se esqueçam!
“A Terra também pertence àqueles que ainda estão por nascer.”
Sidónio Muralha, Terra e Mar Vistos do Ar, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Descubro, no texto, as frases que * Assinalo o que é certo.
têm um significado semelhante às O dia da viagem foi “um grande dia, um
indicadas. belo dia…”, porque os meninos:
• As árvores pareciam querer chegar às • divertiram-se muito.
nuvens. • aprenderam que é necessário
proteger a Natureza.
• A Terra não pertence só aos homens de
hoje. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 68.

75
No circo
Chiquinho e Amor-Perfeito eram palhaços.
Um era janota, o outro trapalhão.
Quando apareceram os palhaços Chiquinho
e Amor-Perfeito, foi um delírio. Nunca mais
acabavam as palmas e as gargalhadas.
O Amor-Perfeito vinha todo janota, com um
fato de cetim, metade verde, metade encarnado,
bordado a ouro e a prata, e um grande amor-
-perfeito de veludo amarelo e roxo pregado no
lado esquerdo. O Chiquinho era mesmo um
trapalhão, com as calças muito largas, todas
remendadas, presas por uns suspensórios feitos
de corda, uma casaca esburacada que arrastava
pelo chão, um colarinho enorme, onde cabiam
três pescoços como o dele e um chapéu tão
pequenino, que mal se via.
Além disso, o Chiquinho trazia um
bengalão maior do que ele, ao passo que o
Amor-Perfeito usava uma bengalinha tão
delgada como um junco muito fininho.
Ambos tinham a cara pintada de branco,
vermelho e azul, e umas cabeleiras tão
esquisitas que nem se percebia se eram de
cabelo ou de estopa.
Falavam português e espanhol misturado
e diziam coisas que era de rebentar a rir.
Maria Lamas, O Vale dos Encantos, Vega

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Procuro, no texto, as frases que mostram que os dois palhaços:
• eram diferentes em muitas coisas. • também tinham muitas semelhanças.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 69.

76
5
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…

O computador
Será melhor jogar no computador ou brincar ao ar livre?
Se souberes fazer as duas coisas...

A menina Leonor
Só quer o computador.
O boneco e a boneca
Eram uma grande seca!
Deitou fora a bicicleta,
Cansa muito ser atleta.
Não sai para qualquer lado,
Nem para comprar gelado.
Anda da mesa para a cama,
Só se veste de pijama.
Vê-se ao espelho de manhã
A olhar para o ecrã.
Já se esqueceu de falar
Só sabe comunicar
Com os dedos no teclado.
Tem agora um namorado
A menina Leonor
Chamado computador.
É fiel, inteligente
Não refila, nunca mente.
E quando se fartar,
Pimba, basta desligar.
Luísa Ducla Soares, Rua Sésamo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo.
• Como se chama o namorado da Leonor?
• Que qualidades possui?
• Quando se cansa do namorado, o que pode fazer a menina?
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 70.

77
O palhaço Jasmim
Jasmim pôs todos os meninos a rir de uma anedota
que não chegou a contar…

JASMIM – Os meninos sabem do que é que eu gosto mais?


MENINOS – De comer bolos.
JASMIM – Não é.
MENINOS – De contar histórias.
JASMIM – Também não é.
MENINOS – De ver televisão.
JASMIM – Ainda não é.
MENINOS – Então de que é?
JASMIM – É de rir, rir, rir muito, rir até desentupir.
Até ser como uma garrafa cheia que de repente
ficou sem rolha.
MENINOS – Então ri…
JASMIM – Rio de quê?
MENINOS – De nada. Ri…
JASMIM – Quem ri sem ter de quê é parvo…
MENINOS – Então ri de alguma coisa.
JASMIM – Que coisa?
MENINOS – Pode ser de uma anedota. Ri de uma anedota…
JASMIM – Está bem. Vou rir de uma anedota…
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ih! Ih! Ih! Ih!
MENINOS – De que te ris!
JASMIM – Da anedota.
MENINOS – Qual anedota?
JASMIM – Da anedota que eu sei e ainda não contei.
MENINOS – Então conta lá…
JASMIM – Era… Era…
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ih! Ih! Ih!
Ah! Ah! Ah!
78
5
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…

MENINOS – Então e nós? Ficamos sem saber?


JASMIM – Não. Eu conto. Eu conto. Era…
Era uma vez…
Ah! Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh!
Eu quero contar, mas não posso.
Ah! Ah! Ah!…
Que vontade tão grande de rir.
Até me dói a barriga...
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ih! Ih! Ih! Ih!
MENINOS – Ah! Ah! Ah! Ah!... – (Vendo a
figura do palhaço a estoirar de
riso.)
JASMIM – Era... Era uma vez – Ah! Ah! Ah!
Era uma vez uma data de meninos
de bocas abertas a rir com prazer
de uma anedota que nem
sequer… nem sequer… nem
sequer chegou a nascer…
TODOS – Ah! Ah! Ah! Ih! Ih! Ih!
Maria Natália Miranda

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Assinalo o tipo deste texto:
O palhaço Jasmim gostava mais de: • Poesia
• comer bolos. • contar histórias. • Prosa
• ver televisão. • rir. • Teatro
Para rir, o palhaço: • Banda desenhada
• precisava de uma boa razão.
• não precisava de nada. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 71.

79
A história que Joana escreveu
A Joana escreveu uma linda história.
O seu cão parecia dizer que gostou muitíssimo.

A história que Joana escreveu tinha cinco personagens: a mãe, um


pardal, um guarda-chuva, uma begónia roxa e uma rosa.
(...) À noite Joana resolveu ler a história a Ali. Estendido ao lado da
sua cama via-se bem que Ali a escutava com atenção, pois fitava as
orelhas e erguia o focinho.
– Que tal?
Ali abanou o rabo e isso, já se vê, queria dizer que gostou. Depois
lambeu as mãos da amiga e ela, boa conhecedora da sua linguagem,
percebeu que ele não só gostou, mas que gostou muitíssimo. Riu-se de
contente, afagou-lhe a cabeça e prometeu:
– Amanhã vou escrever outra história, Ali.
80
5
CARNAVAL, TEMPO DE DISTRACÇÃO…

(...) Oiçam:
“Um pardal empoleirava-se em cima do muro do quintal, à chuva. A
minha mãe, cheia de pena dele, foi buscá-lo e trouxe-o debaixo do guarda-
-chuva para dentro de casa. Pô-lo no peitoril, junto da begónia roxa.
O pardal esperou ali, aninhado, uma hora inteira até que a chuva passasse.
Depois voou para a cozinha onde a minha mãe estava a fazer o almoço.
Chilreou: “Vivivi”. E a mãe disse: “Adeus, e muitas felicidades.”
Na manhã seguinte ela teve uma surpresa: uma linda rosa no peitoril
da janela. Uma rosa de agradecimento.”
Foi assim a história que Joana escreveu.
Ilse Losa, O Rei Rique e Outras Histórias, Porto Editora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Procuro, na história, os nomes de:
• Joana é uma das personagens • uma pessoa.
da história. • duas flores.
• Joana não entra na história. • uma ave.
O amigo da Joana, o Ali, era: • um objecto útil.
• um menino. • um cão. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 72-73.
B3LP-06
81
Mais canções tradicionais que se cantam
e se podem acompanhar com instrumentos musicais.

Larau, larau, larito


Uma vez uma pastora
Larau, larau, larito
Com o leite do seu gado
Mandou fazer um queijito

Mas o gato espreitava


Larau, larau, larito
Mas o gato espreitava
Com sentido no queijito

E aqui metia a pata


Larau, larau, larito
E aqui metia a pata
E além o focinhito

A pastora de zangada
Larau, larau, larito
A pastora de zangada
Foi fechar o seu gatito

E aqui termina a história


Larau, larau, larito
E aqui termina a história
Da pastora e do gatito

82
O nosso galo
O nosso galo é bom cantor
É bom cantor, tem boa voz

Está sempre a cantar


Có-có-ró; có-có-ró
(repete três vezes)

Mas veio um dia e não cantou


Outro e mais outro e não cantou

Nunca mais se ouviu


Có-có-ró; có-có-ró
(bis)

Zé Pereira
Viv’o Zé P’reira
Viv’o Carnaval (bis)
Viv’a alegria
Que a ninguém faz mal

La-la-lá, la-la-lá
La-la-rá, lá-lá
Lá-lá, lá-rá-lá

83
* Na Primavera os sons são muitos e todos diferentes.
• Que sons se ouvem logo de manhã?
* Na sala os meninos estudam e aprendem. Há sons, mas não há barulho.
• De onde vem o barulho?

A Primavera é sonora
Desde manhã, bem cedinho
Com os gorjeios das aves
E passadas no caminho.

Ao silêncio da manhã
Seguem-se sons sem parar
Tudo está em movimento
Começa-se a trabalhar.

Dentro da sala há sons


Os barulhos são de fora
É um ambiente em luta
Contra a poluição sonora.
84
* Os meninos gostariam que a Terra fosse um bom lugar para viver.
• Que sons gostariam de poder ouvir sempre?
• Para isso o que é necessário fazer?

A mensagem das crianças


É fácil de entender
Querem no Planeta Azul
Um lugar para viver
Onde se possa escutar:
As aves a gorjear
A água a murmurar
Os meninos no recreio
A saltar e a cantar,
O vento a sussurrar,
Velhinhos a passear...
Todos os diferentes sons
De uma orquestra a tocar.
E um maestro a dirigir
Como faz o professor
Quando quer baixar o som
Ou quando o som quer subir.
85
É PRIMAVERA…
Se vires as árvores com flores, os campos verdes
e os meninos alegres é porque chegou a Primavera.

Hoje é um dia importante.


Chegou a Primavera,
a prima das flores,
e todos se vestiram de novo para a receber.
E ela ficou tão contente!
Sorriu para as árvores
e encheu-as de flores.
Sorriu para os campos
e encheu-os de verde.
Sorriu para os meninos
e encheu-os de alegria.
E os meninos
vestiram-se de malmequeres,
voaram com as borboletas,
cantaram com os rouxinóis
e juntos, de mãos dadas,
levaram a Primavera
a todas as coisas.
Raquel Delgado, A Bola Amarela, Atlântida Editora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Procuro, nos versos, os nomes de:
Hoje é um dia importante porque: • uma flor.
• chegou a Primavera. • um insecto.
• chegou o Verão. • uma ave.

86
A fada conhece muitas borboletas mas nenhuma
6
é tão bonita como a que viu à beira do regato.

Um dia, ao despontar da Primavera, num maciço de malmequeres


campestres, à beira de um regato, abriu-se uma crisálida, e da crisálida saiu
uma linda borboleta, a desdobrar devagarinho as suas asas brilhantes.
É uma coisa que acontece muitas vezes: milhões de borboletas acordam,
todas as Primaveras, do seu sono de Inverno. Mas o que nem sempre
acontece é aparecerem borboletas lindas como aquela: as grandes asas finas
pareciam tule bordado a fio de prata e gotas de orvalho!
E a borboleta, radiante com o sol e a liberdade, pôs-se a voar sobre o
regato. Ora no regato havia uma fadazinha. E a fadazinha do regato estava
precisamente a pentear os seus cabelos, sentada num nenúfar muito branco,
quando viu passar a borboleta.
Primeiro nem percebeu o que era: qualquer coisa leve, brilhante e fina que
voava!… Ficou de cabecinha no ar, sentada no meio do nenúfar, a seguir as
voltas que a borboleta dava, radiante com o sol e a liberdade.
Esther de Lemos, A Borboleta sem Asas, Verbo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e digo:
• Quem encontrou.
• Onde se passa a história.
• Onde estava a fadazinha.
• Quando aconteceu.
• O que fazia a fadazinha.
• De onde saiu a borboleta.
• Para onde foi. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 78-79.

87
Descobertas de meninos
Os meninos da aldeia foram pelos campos apanhar flores,
ouvir os cucos, mergulhar nas águas do ribeiro...

Dario e os amigos não tinham aulas aos sábados.


Reservavam o dia para os grandes passeios pelos campos. Iam à
descoberta de novos ninhos, de pedrinhas redondas, de troncozinhos
com feitios engraçados, de bolotas, de barro, de flores secas para
pintar. Visitavam, nos ninhos já conhecidos, os passarinhos de papo
amarelo, acocorados. Enfiavam malmequeres brancos em guitas, com
agulhas de albardar, e faziam vistosos colares que punham ao pescoço.
Colhiam pinhas cheirosas, a estalar de secas, nos galhos altos dos
pinheiros mansos. E partiam os pinhões com pedras em cima de
outras pedras, para lhes comer o miolo. Depois conversavam com o
cuco da ramalheira, que vinha das bandas do rio, a cantar todo
satisfeito: cucu cucu cucu cucu cucu…
Mergulhavam com as rãs no ribeiro verde debruado de miosótis.
E a seguir estendiam-se a secar nas ervas verdes.
No tempo das vindimas iam pelos campos colher as pernadas de
uvas maduras que os vindimadores deixavam nas vinhas.
Conversavam muito e por isso sabiam coisas do arco-da-velha.
88
6
É PRIMAVERA…

Conheciam todos os ninhos dos galhos, todas as histórias da ponte


da Pinoca e todas as façanhas do burrinho Prim que bebia vinho.
Falavam com as andorinhas que chegavam, com as que partiam e
com os borrachinhos quase rebentados que apanhavam no chão em
dias de vento.
E subiam a encosta para olhar a vila cheia de cor a brilhar ao sol
como um postal ilustrado.
Maria Natália Miranda, Dario, Sol nos Olhos, Pés no Rio, Didáctica

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e numero as frases pela ordem correcta.
Dario e os amigos davam grandes passeios pelos campos.
Enfiavam malmequeres brancos e faziam colares que punham ao pescoço.
Gostavam de descobrir novos ninhos.
Mergulhavam com as rãs no ribeiro e estendiam-se a secar nas ervas verdes.
Colhiam pinhas cheirosas nos galhos dos pinheiros mansos e partiam os pinhões
com pedras.
Falavam com as andorinhas que chegavam e com as que partiam.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 80-81.

89
A casa de Jucelino
Era uma casinha branca feita com a ajuda de carinho
e amizade.

Jucelino mora numa casa junto ao ribeiro, um ribeiro que corre


cheio no Inverno e fica quase seco no Verão. Esta casa foi feita pelo pai
e pela mãe, pouco depois do Jucelino nascer. O pai, a mãe e ainda um
irmão da mãe e alguns amigos fizeram a casa o melhor que sabiam e
ficou bem feita. Depois caiaram-na e fizeram um jardinzinho à frente,
encostado à estrada, e um quintal na parte de trás, encostado ao
ribeiro. Ali crescem duas laranjeiras, um pessegueiro e uma romãzeira,
que tanto é linda com as flores encarnadas na Primavera, como no
Outono carregada de romãs. E as romãs parecem rainhas, com uma
coroa no alto da cabeça. Também há, ao lado, uma casinha para dois
porcos e outra para coelhos, que não têm ordem de andar cá fora em
liberdade. Só as galinhas andam soltas, por aqui e por ali, mas
sabendo sempre a hora em que voltam para casa, ao anoitecer. É lá
que vive o Jucelino, desde pequenito.
Maria Cecília Correia, Histórias do Ribeiro, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e digo o que acontece: na Primavera.
no Inverno. • à romãzeira: no Outono.
• ao ribeiro: no Verão. • às galinhas.
• aos porcos e aos coelhos. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 82.

90
6
É PRIMAVERA…

Boneca de trapos
A boneca feita pela Menina era de trapos
de muitas cores, cheios de luz e ternura.

Era uma vez uma boneca de trapos.


Feita pelas mãos pequenas de uma
Menina.
Feita de trapos azuis,
vermelhos, verdes,
amarelos, rosas, violetas,
cor-de-laranja...
Feita de trapos, de
espanto à maneira que nascia.
E de flores. Eram flores aquelas cores do arco-íris.
E dois olhos bordados a retrós, com duas contas negras de vidro
a servirem de meninas. As meninas negras dos olhos.
Dois olhos sempre abertos que nunca adormeciam. Sempre à espera
de ver nascer o Sol.
E a Menina, que fizera a boneca por suas mãos, embalava-a. Para a
adormecer.
E sabia que aqueles olhos negros não se fechariam nunca, nunca.
Como se fecham os olhos das bonecas ricas que têm pálpebras
delicadas e pestanas de seda. Subindo e baixando.
E a Menina cantava para a adormecer. Com uma voz fininha feita de
luz e ternura.
Matilde Rosa Araújo, O Sol e o Menino dos Pés Frios, Ática

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo: * Respondo.
A boneca era feita de: • Os olhos da boneca estavam sempre
abertos. Porquê?
• pano. • papelão.
• Os olhos das bonecas ricas abrem e
Os olhos da boneca eram: fecham. Porquê?
• azuis. • negros. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 83.

91
Na cidade...
Nas cidades há muita poluição. Se tivéssemos uma flauta mágica
como a do rapazinho... Mas há outras soluções...

Na cidade, os automóveis estavam por toda a parte.


Noite e dia roncavam, buzinavam, fumegavam, atropelavam.
Na cidade ninguém conseguia dormir.
Os automóveis eram os donos da cidade.
Como ninguém dormia, todos foram perdendo a memória a pouco e
pouco. Começaram por esquecer onde tinham arrumado o carro na
véspera… Mais tarde ninguém se lembrava qual o carro que lhe pertencia…
Certo dia, os habitantes da Cidade dos Automóveis verificaram mesmo
que já não sabiam guiar nem se conheciam uns aos outros.
Era preciso desembaraçarem-se dos automóveis. Era preciso que os
automóveis desaparecessem para sempre…
Foi então que o rapazinho da flauta mágica começou a tocar.
E os automóveis seguiram-no enfeitiçados até à grande montanha da sucata.
E foi assim que a cidade se libertou dos automóveis que noite e dia
roncavam, buzinavam, fumegavam, atropelavam.
Finalmente todos podiam dormir sossegados!
92
6
É PRIMAVERA…

Quando, três dias mais tarde, os habitantes da cidade acordaram,


deram-se conta que tinham recuperado a memória.
Todos se reconheceram.
Todos ficaram amigos.
Todos descobriram como é bom andar a pé.
Maria Cândida Mendonça, A Cidade dos Automóveis, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e numero as frases pela ordem correcta.
Os automóveis tomaram conta da cidade. Apareceu um salvador.
As pessoas não podiam dormir. As pessoas já podiam dormir.
As pessoas descobriram como é bom andar a pé.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 84.

93
O que diz a água
A água faz parte da nossa vida.
É preciso poupá-la...

– Aqui estou, aqui estou!… – canta a água, na sua vozita meiga, mal
sai da fonte ou da nascente.
– Eu sou a água, a maior riqueza que esconde o flanco da terra. Sou
a vida! Sou a que rega os teus campos, a seiva das searas, o sangue que
sobe nas árvores do teu pomar, o sumo doce das frutas que tu comes.
– Sou o melhor licor que podes desejar para matar a tua sede e a dos
animais que te ajudam no trabalho.
– Sou a força que move a nora da tua horta e o moinho de água que
te mói o pão.
– Sou a casa onde habitam os peixes que outros pescam para ti. Sou
o caminho dos grandes e pequenos barcos, que vão de porto em
porto, às terras longínquas, buscar os produtos necessários à tua vida:
os alimentos, os utensílios, os combustíveis, os tecidos e os remédios.
94
6
É PRIMAVERA…

– A minha força é aproveitada para mover os motores das fábricas.


– Sou o banho fresco do teu corpo e o brinquedo nos regatos e nas
praias, em tempo de calor.
– Sou a beleza dos lagos que enfeitam os teus jardins e os teus
parques. Sou a fada que sobe nos repuxos, para regalo dos teus olhos
e dos teus ouvidos.
– Sou ainda o calor do teu caldo no Inverno, sou a limpeza da tua
casa, e sou, depois de santificada, a água do teu baptismo.
Ricardo Alberty, Relógio de Sol, Didáctica

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e digo a razão por que a água diz que é:
• vida. • licor. • força. • casa. • caminho.
• higiene. • brinquedo. • beleza. • baptismo.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 85.

95
Balancé
No balancé baloiçam meninos
e palavras, sim, não, sim, não...

Sim, não, sim, não


Esquerda, direita, no cimo, no chão

Sim, não, sim, não


Grande, pequeno, gigante e anão

Sim, não, sim, não


O Sol e a Noite, a luz e o carvão

Sim, não, sim, não


Aqui, acolá, no cimo, no chão

Sim, não, sim, não


Menino risonho, menino chorão

Sim, não, sim, não


Aqueles que tiram, aqueles que dão

Sim, não, sim, não


Uns comem tudo, outros sem pão

96
6
É PRIMAVERA…

Sim, não, sim, não


Burrinho a trotar e um foguetão

Sim, não, sim, não


Castelo no ar e o Vento Suão

Sim, não, sim, não


Duzentos à hora, carrinhos de mão

Sim, não, sim, não


O rio Nabão, a Serra Marão

Sim, não, sim, não


Pára o balancé, dá-me a tua mão
Vamos acabar com esta confusão.
Patrícia Joyce, Romance da Gata Preta,
Sociedade de Expressão Cultural

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Leio e assinalo o que está certo Burrinho a trotar:
de acordo com os versos. • burrinho a caminhar.
• burrinho a saltar.
Uns comem tudo, outros sem pão:
Vamos acabar com esta confusão:
• uns comem de mais, outros • vamos começar a trabalhar.
não têm o suficiente. • vamos terminar a brincadeira.
• uns trabalham, outros preguiçam. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 86-87.
B3LP-07
97
O lápis e a borracha
O lápis escrevia e a borracha apagava.
Quem resolveu o conflito?

Um lápis de grande bico e barriga enorme chegou a uma folha de


papel e proclamou em letras garrafais.
– Eu sou o Rei dos Lápis! Escrevo, pinto, desenho caras feias e caras
bonitas, conheço o segredo das ideias que escorrem da cabeça para os
dedos, sirvo para as pessoas se entreterem quando estão muito tempo
ao telefone, enfim, sou um objecto muito, muito importante! E não
me aborreçam, porque senão risco tudo à minha volta!… Tenho dito!
Após isto, começou a fazer os desenhos em redor das palavras, umas
palavras cheias de erros, pois pensava colocá-las numa moldura e
pendurá-la em casa à vista de quem entrasse.
Só que, atrás dele, sem fazer o menor ruído, caminhava uma borracha
que apagava tudo o que o Lápis escrevia e desenhava. Quando o Lápis
julgou ter a sua obra completa, olhou para trás e não viu nada do que
tinha escrito e desenhado. A folha estava branca de novo.
Bom, não viu nada, não é bem assim: viu uma borrachita pequenina
e divertida, que toda a sua alegria estava em apagar as palavras dos
lápis que se julgavam importantes. Quando ele a viu fez cara de lápis
zangado, mas ela não se impressionou e disse-lhe:
98
6
É PRIMAVERA…

– Desculpa, amigo Lápis, mas, como tu sabes, a minha função


é apagar tudo o que não está correcto e tu escreves com tantos erros…
Ele, de tão arreliado, partiu o bico e foi deitar-se a um canto com
um ar muito abatido.
“Com borrachas destas não há nada a fazer!” – pensou, enquanto se
esgueirava para o meio de outros lápis, envergonhado com a sua atitude.
Foi então que uma caneta de feltro, que tinha presenciado toda a
cena, pulou do seu lugar e escreveu no topo da folha de papel a
seguinte frase:
PARA CADA LÁPIS, SUA BORRACHA
Ora vejam!
Garcia Barreto, Para Cada Lápis, Sua Borracha, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo os nomes do que é pedido. * Respondo.
• Autor do texto • Título do texto • O que fazia o lápis?
• Editora
• E o que fazia a borracha?
* Assinalo o que é certo. • O que disse a caneta de feltro?
Neste texto entram:
• duas personagens.
• três personagens. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 88-89.

99
As duas rãzinhas
Bibi e Zizi eram duas rãzinhas que num dia de sol passearam,
correram, brincaram e só voltaram à noitinha.
Duas rãzinhas E sem mais demora
Bem bonitinhas Aos pulos, pulinhos
Viviam num charco Aos saltos, saltinhos
Muito fresquinho Saíram do charco
À sombra dum choupo Vão por aí fora.
Muito velhinho.
Correram, brincaram
Ora um belo dia Bichinhos caçaram
Mal o sol rompia Cigarras, abelhas
Acordaram elas. Saltões, centopeias
“Bom dia, Bibi.” E a bicha-cadela.
“Bom dia, Zizi.” Fizeram ramitos
Desajeitaditos
Olharam para o céu Papoilas vermelhas
Todo afogueado E negras candeias
“E se a gente fosse Serralha, macela
Passear ao prado?” E erva-canela
E de braço dado E cardos bravios
E jarros esguios.

100
6
É PRIMAVERA…

O Sol, fatigado, Zizi está mesmo cansada


Já se despedia Responde, a voz arrastada:
Num Céu esbraseado “Pois é, o charco é além,
Quando uma das rãs Mas a nossa mãe nos disse
– É claro, a Zizi Que o bom caminho é assim:
A mais atilada Ir ao penedo da esquerda
Das duas irmãs – Voltar dois pulos atrás
Gritou assustada: À procura do carvalho.
“Ai, mana, que é noite!” Seguir depois prà colina
Da colina prà regueira
“E a noite que tem Da regueira à sebe verde
Se o charco é além?” Da sebe verde à ribeira...”

Ri Bibi, à gargalhada:
“Tanta volta sem proveito!
Mas que grande trapalhada!
Vamos mas é a direito.”
Patrícia Joyce, Romance da Gata Preta,
Sociedade de Expressão Cultural

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo o que fizeram as duas rãzinhas desde que saíram até que voltaram
para o charco.
* Descubro nos versos os nomes dos bichinhos que as rãs caçaram e os
nomes das plantas com que fizeram ramitos.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 90-91.

101
Quem não sabe jogar às escondidas?
Até os avós e os avós dos avós sabiam! Claro, é um jogo tradicional.

Às escondidas
Em primeiro lugar foram escolher quem ficava – tirar à sorte,
porque toda a gente quer ficar de vigia, neste jogo das escondidas.
Era um grupo de irmãos e irmãs, primos e primas que, numa
tarde de Verão, andavam a brincar no extremo da quinta, na mata.
O José Luís, todo expedito, começou:
Chorro.
Morro.
Pinta o forro.
Na balança.
Dá um pincho.
Põe-te em França.
Tocava com a mão na testa de cada um dos
companheiros a cada palavra que dizia.
A Fernanda interrompeu:
– Deixa-me continuar.
E continuou logo, sem esperar autorização:
Os cavalos a correr.
As meninas a aprender.
Aquela que for mais linda
É que se há-de ir esconder.
Os outros recebiam as suas pancadinhas com esperança de que a
última palavra os designasse. Essa última palavra foi ainda
separada em sílabas (es-con-der) e a última sílaba marcou o Edgar.
Todo contente, ele correu para uma árvore na mata, tapou os
olhos com as duas mãos e encostou a testa ao tronco, para maior
certeza de que não espreitaria o esconderijo dos amigos.

102
Edgar começava:
Rou!
Rou!
Galinha choca
Já acordou.
Quantos ovos
Ela pôs,
Como o diabo
Levou.
Já vou!!!
Já vou!!!
Rou!
Rou!
O Edgar ia repetir quando se ouviu, ao longe, uma voz:
– Já pode!!!
Ele voltou-se, muito lépido. Não se via ninguém.
– Para onde iriam eles? – interrogou-se a meia voz.
Um sardão trepava pelo tronco donde ele se desencostara. Rápido,
como se tivesse medo, mas Edgar nem o viu. Os gafanhotos
dançavam por entre as suas pernas. Um coelho saiu correndo de um
buraco e desapareceu por detrás de uma moita de rosmaninho.
Edgar andava de um lado para o outro, auscultando o vazio,
atentamente.
– Cu-cu!... Cu-cu!… – Era uma voz trocista. Parecia um pássaro.
Mas não. Ele sabia como o Rogério imitava bem os cucos.
Ah! Agora era a Manuela, tentando imitar a rola.
Dirigiu-se para aquela voz. A Nela seria fácil de apanhar.
Mas o Alfredo soltou do outro lado o grito áspero do gaio.
– Guá-uu!
– Esperai que já vos apanho – anunciou ele, sem querer revelar o
despeito que o possuía.
Maria Natália Miranda

103
* O sino também tem voz.
• Quando está triste, como é a sua voz?
• Como toca quando está alegre?

O sino também tem voz


E maneiras de falar
Em sons graves ou agudos
De acordo com o seu estar.

Se está triste a voz é grave


E toca com lentidão
A quem ouve assim tocar
Estremece o coração.

Quando é notícia alegre


A voz do sino a tocar
É aguda e sempre rápida
Parece que quer cantar.
104
* Os meninos da escola conhecem bem a voz do sino.
• Quando o som é mais grave, o que nos quer dizer o sino?
• Conheces a voz do sino?
• O que te diz quando a ouves?

Os meninos da escola
Se ouvem a repicar
Já sabem que é baptizado
Ou alguém que vai casar.

Se ouvem o som mais grave


Ficam tristes a pensar
Naqueles que agora sofrem
Por alguém que os vai deixar.

Sabemos o som do rir


Sabemos o do chorar
Já podemos distinguir
Pra sorrir ou consolar.
105
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

Aleluia, aleluia são palavras que lembram a Páscoa


e as amêndoas coloridas e docinhas.

… Quando os sinos calavam o repenicar, era a vez dos foguetes


acordarem as nuvens. Quando acabavam os foguetes, os galos da
aldeia começavam as cantorias, bastante zangados.
Logo a seguir começava a Visita Pascal.
… Entrávamos em todas as casas, que nos esperavam com um tapete
de camélias e alecrim à porta.
– Aleluia, aleluia! Boas festas, aleluia, aleluia! – dizíamos em coro.
À volta da sala estava a família. E o Tio Paulino dava-lhes a Cruz a
beijar, engalanada com fitas coloridas.
Em cima da mesa, sobre a toalha de linho branco, havia amêndoas,
camélias vermelhas e bolos.
Em cada casa eu só pegava em duas amêndoas. E rilhava-as num
instantinho. Depois ficava farto de tanta doçura.
Mas continuava a pegar em duas amêndoas!…
106
7

Quando terminava a Visita Pascal eu, cansado e com os pés doridos,


entrava em casa. E guardava as amêndoas num cestinho.
Por isso, um mês depois, os meus colegas da escola ainda
disputavam a vez para me levarem e trazerem a mala dos livros
e o saco da merenda.
É que eu era o único que ainda tinha amêndoas!
António Mota, Abada de Histórias, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo os nomes: O menino guardava as amêndoas para:
• do autor. • as comer mais tarde.
• do livro. • as dar aos companheiros.
• do editor. Ele dava as amêndoas:
* Assinalo o que é certo. • por amizade.
• O autor é só narrador. • por interesse.
• O autor entra na história. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 96-97.

107
O menino-pintor
Era menino, mas era um grande pintor.
Sabem que pintou o vento? Como o teria feito?

… Então o menino desesperou-se.


E, enquanto corria atrás da folha, gritava:
– Ó Vento, isto é coisa que se faça? Não podias estar quieto para me
deixares pintar?
E o Vento respondeu, num grande uivo:
– Escuta, escuta… Eu deixo-te pintar, mas só com uma condição!…
É fazeres o meu retrato!
– Isso não sei! – exclamou o menino.
– Ai, não sabes?… Fizeste o retrato do moinho, o retrato do burro,
e do monte, e até do céu, com as nuvens… Só o meu retrato é que não
sabes fazer?… Pois garanto-te que não te deixo estar sossegado,
enquanto não pintares o meu retrato, e que fique bem parecido!…
– e o Vento tornou a uivar com toda a fúria.
– Ó Vento, como queres que te pinte, se não tens forma nem cor?
Como queres que te pinte, se não te vejo?…
– Não me vês… – murmurou o Vento. – Então como sabes que eu
existo?…
108
7
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

E de repente o menino percebeu o que o Vento queria e deu um


pulo de contente:
– É isso, Vento, é isso! Não te vejo, mas sei que tu existes, pelas
coisas que tu fazes! Aí está, assim é que eu sei que tu existes!…
– Vês, vês? – disse o Vento, rindo. – Vês que era fácil o que eu queria?
– Ó Vento – tornou o menino-pintor, radiante –, que lindo retrato que
te vou fazer! Há-de ser um quadro grande, todo dividido em
quadradinhos; e num vêem-se girar os moinhos, e noutro vêem-se bailar
as folhas, e noutro andar os barcos à vela, e noutro drapejar a roupa na
corda… E o quadro grande chama-se “O Vento” e é o teu retrato!
Esther de Lemos, O Balão Cor de Laranja, Verbo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. O menino fez um lindo retrato do vento:
O menino-pintor desesperou-se porque: • num quadro grande.
• o vento fazia barulho. • numa tela.
• o vento distraía-o. • numa folha de papel.
• o vento não estava quieto. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 98.

109
Outra história da Carochinha
A menina não queria que a história acabasse com o João Ratão
cozido e assado no caldeirão.
Conseguiu?

Quem quer casar com a Carochinha


Que é formosa e bonitinha?
– “Quero eu, quero eu!” – tinham dito um cão, um gato, um galo,
um boi, um burro...
Mas a Carochinha não tinha gostado da voz de nenhum deles e
todos se tinham ido embora. Até que apareceu um ratinho: “Quero eu,
quero eu!”
– Oh, como és engraçado! Ora fala um bocadinho, para eu ouvir
bem a tua voz!
– Chi... chi... chi...
– Que linda fala! Vamos já casar! Vamos já casar!
E assim foi. No dia da boda, já iam a caminho da igreja para o
casório, quando a Carochinha deu por falta de uma luva que tinha
esquecido na cozinha, ao mexer o panelão que fervia ao lume.
– Vou já buscar a luva! – disse o ratinho, muito amável.
– Tem cuidado, não te debruces no caldeirão!!! – avisou a noiva.
– Bem – continuou a avó –, o ratinho foi até à cozinha e...
A neta, que ouvia a história com muita atenção, disse de repente:
– Mas a porta estava fechada!!!
A avó continuou:
– Pronto, a porta estava fechada e então o ratinho foi logo a ver da
chave...
110
7
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

– Mas não a encontrou!!! – disse muito depressa a Mariana.


– Bem – continuou a avó –, o ratinho então subiu ao postigo de
grades que havia ao alto da porta da cozinha e...
– Viu que não cabia por entre as grades!!! – acudiu muito aflita a
Mariana.
A avó não desistiu:
– Bem, então o ratinho, que era muito esperto e queria ir buscar lá
dentro da cozinha a luva da Carochinha, pôs-se à procura de um
buraquinho na porta pelo qual pudesse entrar...
– Mas não o encontrou!!! A porta era nova! – interrompeu a
Mariana.
– Bem, então não pôde ir buscar a luva da Carochinha à cozinha e
voltou muito triste para junto da sua noiva, que...
– Ó avó, escusa de dizer agora que ela lhe deu a chave da cozinha,
porque eu sei que não deu nada!!! – exclamou a neta.
– Por acaso era isso mesmo que eu ia dizer... – riu a avó.
E as duas, avó e neta, ali ficaram a rir e a brincar à beira do lume e à
beira de uma velha história da Carochinha que a neta não queria, por
nada deste mundo, que acabasse
“com João Ratão
cozido e assado
dentro do caldeirão”.
Maria Alberta Menéres,
Histórias de Tempo Vai, Tempo Vem,
Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A neta interrompia a história que a avó contava, porque não queria que o fim da
história fosse o João Ratão:
• a casar com a Carochinha. • a comer do caldeirão.
• a sair do caldeirão. • a cair no caldeirão.

* Invento outro título para a história.


* Trabalho no Livro de Fichas, p. 99.

111
Estrelinha
A estrelinha gosta de se deitar tarde
mas o Pai Sol não fica contente...

Eu vejo do meu quarto de dormir


uma estrelinha
miudinha
a luzir…

Mas se o Sol é tão grande


e tanto brilha
a estrelinha
miudinha
é certamente sua filha.

E enquanto o Pai Sol


enorme
dorme
ela vai passear
todas as noites…

Quando o Pai Sol acordar


a estrelinha
miudinha
leva açoites
e vai-se logo deitar.
Sidónio Muralha, Bichos,
Bichinhos e Bicharocos, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. O Sol dá açoites na estrelinha quando ela:
A estrelinha miudinha era parecida com • vai passear à noite.
o Pai Sol: • se vai deitar cedo.
• na forma. • no tamanho. • vai brincar com as estrelas.
• no brilho. • na cor. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 100.

112
7
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

Sofia e o Caracol
Acreditam que a Sofia contou ao Caracol
o que fazia na escola?

Sofia, sentada na sua mesa baixinha, fazia a cópia. De vez em quando


olhava para o amigo que, feliz, passeava na planta verde e lhe sorria.
– Ainda ficas aí muito tempo a fazer essas ervinhas pretas?
– Isto não são ervinhas: são letras! É o meu trabalho da escola.
– Gostas de andar na escola?
– Gosto, pois.
– Que fazes lá?
– Aprendo muitas coisas novas, e aprendi a ler e a escrever.
– O que é ler?
– É olhar para estes risquinhos pretos e entender o que eles dizem
como se fosses tu ou a minha avó Margarida a falar.
– Falam, esses riscos?
– Falam, pois. Fartam-se de contar histórias giras.
Maria Rosa Colaço, Sofia e o Caracol, Plátano
C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo. * Assinalo o que é certo.
• Quem são as personagens do texto? É um texto:
• Que título lhe deu a autora? • em verso. • de teatro.
• em prosa.
• A história que conta será verdadeira ou
é só fantasia? Justifico. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 101.
B3LP-08
113
A prima do Anacleto
Era a prima Vera ou a Primavera?
Vamos fazer teatro?

Do lado de fora de um jardim para toda a gente – de um jardim público


– encontraram-se os dois palhaços, que são muito boa gente…
ANACLETO – Tu não estás a ouvir umas pessoas a chegar, Emilinho?
EMILINHO – (de ouvidos à escuta) Sim, parece que sim… Pelos
passos parece apenas uma pessoa.
ANACLETO – (também de ouvido à escuta) Talvez seja! Talvez seja!
E trata-se de uma pessoa muito especial; passinho
à frente do outro, mais outro passinho à frente,
ainda outro…
EMILINHO – Aproxima-se…
ANACLETO – Pois é. Vem para este lado e, pela maneira de andar,
tenho quase a certeza de que são os passinhos da
minha prima.
EMILINHO – Afinal já descobriste se vem só ou acompanhada?
114
7
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

ANACLETO – Se é a minha prima, vem acompanhada. Ela vem sempre


acompanhada. Um passinho que ela dá, e rompe uma
ervinha! Um sopro que só ela sabe, e nasce um passarinho no
meio do ar.
EMILINHO – Não conheço a tua prima.
ANACLETO – Conheces, sim. Toda a gente a conhece. Muitas vezes não
reparamos. Na cidade, principalmente, quase não damos por
ela. Mas é preciso ouvir-lhe os passinhos e ver por onde ela
andou.
EMILINHO – Gostava muito de conhecer a tua prima.
ANACLETO – Não custa nada. Nas bermas da rua, entre duas pedrinhas,
uma erva põe-se em bicos dos pés e diz: “Cá estou! Sou eu,
olhem para mim”.
Numa árvore, de um tronco torcido, rompe uma hastezinha
muito fininha, donde estala uma flor que se põe a gritar, toda,
toda às cores: “Estou aqui! Olhem, não passem sem me ver…
Nasci agora, agora mesmo.”
EMILINHO – E a tua prima que tem a ver com isso?
ANACLETO – Ela é que sabe! Ela é que sabe!
EMILINHO – Como se chama a tua prima?
ANACLETO – Vera! Chama-se Vera. Prima Vera, prima Vera. É a Primavera.
Vem todos os anos, por esta altura. Se queres vê-la, anda daí.
Vamos ter com ela ao jardim.
Maria Alberta Menéres, António Torrado,
Palavras e Botões, Altagráfica
C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Respondo.
É um texto: • Quem escreveu este texto?
• em prosa. • Que nome deram ao texto?
• em verso.
• Como se chamam os dois palhaços?
• de teatro.
* Invento outro título para o texto. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 102-103.

115
O rinoceronte
O rinoceronte pai
e o rinoceronte filho
não se entendiam,
mas a história acaba bem,
acaba em cantiga...

Um dia, um rinoceronte acordou e pensou lá de si para si:


– Parece que me está a apetecer uma pêra!
Como estava com muita preguiça de ir à procura de peras, assim
logo pela manhã, chamou o filho, que era ainda mais preguiçoso do
que ele, e disse-lhe:
– Está a crescer-me água na boca. Tu és capaz de me trazer uma pêra?
O rinoceronte pequenino lá foi. Mas como não encontrou logo ali à
mão uma pêra, pensou:
O meu pai também falou em água! Talvez sirva...
Levou um pucarinho com água ao pai e perguntou:
– Serve?
O pai exclamou:
– Bolotas! Então isso é que é a pêra?! Vai já buscar uma!
O rinoceronte pequenino lá foi. Mas como não encontrou logo ali ao
pé a pêra pedida, pensou:
O meu pai também falou em bolotas! Talvez sirva...
Levou umas bolotas ao pai e perguntou:
– Serve?
O pai enervou-se:
– Macacos me mordam! Então isso é que é uma pêra?! Gira já a
trazer-me uma!
116
7
PÁSCOA, TEMPO DE ALEGRIA…

O rinoceronte pequenino lá foi. Mas como dava muito trabalho


andar à procura das peras, pôs-se a pensar:
O meu pai também falou em macacos! Talvez sirva...
Levou logo uns macaquinhos ao pai e perguntou:
– Serve?
O rinoceronte ficou furioso. Há muito tempo que não lhe dava
assim uma fúria tão grande. Voltou-se para o filho e disse-lhe:
– Se não me trazes uma pêra, quem vai “levar uma pêra” és tu!
Agora é que o rinoceronte pequenino não se podia livrar: o pai só
tinha falado em peras...
E lá foi à procura delas. E trouxe uma ao pai. E o pai ficou todo
contente e até cantarolou:
Pêra, Perinha
Pêra, Perado
muito obrigado
muito obrigado!
Maria Alberta Menéres, Pêra Perinha, Livraria Arnado

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Digo o que o rinoceronte filho
trouxe ao pai antes de lhe trazer
O pai rinoceronte pediu ao rinoceronte
o fruto pedido.
filho que lhe trouxesse:
• uma pêra. * Digo os nomes:
• da autora. • do livro. • da editora.
• uma maçã.
• um ananás. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 104-105.

117
Os provérbios e as lengalengas também passaram de geração
em geração. Os provérbios fazem parte da sabedoria popular.

O casamento da franganita
Diz o galo para a galinha: Responde a abelha do seu corticinho:
– Casaremos a nossa filhinha? – Aqui estou eu com um jarrinho.
– Com quem a havemos de casar, – Mel nós temos já,
se não a vêm perguntar?… agora a amassadeira donde virá?
Responde o pinto de dentro do ovo: Salta a porca do seu lamaçal:
– Aqui estou eu para ser o noivo. – Aqui estou eu para vir amassar.
– Noivo nós temos já, – Amassadeira nós temos já,
agora a madrinha donde virá? agora o tocador donde virá?
Salta a cobra da sua lapinha: Salta o burro do seu espojeiro:
– Se houver calma, serei a madrinha. – Aqui estou eu para tocar o pandeiro.
– Madrinha nós temos já, Trrum… tum… tum…
agora o padrinho donde virá? trrum… tum… tum…
Responde o rato do seu buraquinho: Tradicional

– Prendam lá o gato, serei o padrinho.


– Padrinho nós temos já,
agora a farinha donde virá?
Salta o besouro do seu besoureiro:
– Aqui estou eu com um quilo inteiro.
– Farinha nós temos já,
agora o mel donde virá?

118
Eu fui a Viana
Eu fui a Viana
A cavalo numa cana.
Eu fui ao Porto
A cavalo num burro morto.
Eu fui a Braga
A cavalo numa cabra.
Eu fui ao Douro Provérbios
A cavalo num touro.
Recolha de Luísa Ducla Soares
Não há sábado sem sol,
nem domingo sem missa,
nem segunda sem preguiça.

Amigo verdadeiro
vale mais do que dinheiro.

Mais vale perder um minuto na vida


do que a vida num minuto.

Deitar cedo e cedo erguer,


dá saúde e faz crescer.

Anedota
– Mãe, os soldados quando marcham têm medo de perder os pés?
– Não percebo, filho…
– Eles vão sempre a contar os pés: um, dois; um, dois…

119
* A Natureza está em festa. Nesta época do ano os sons são tantos na
terra e no ar que parece haver uma orquestra que toca sem parar.
• Que animais produzem os sons do ar? • E quais são os que produzem
os sons da terra? • Conheces os sons característicos desta época?

Nesta época do ano


Há orquestras a tocar
A sinfonia dos sons
Longo tempo sem parar.
São tantos os sons da terra
São tantos os sons do ar
Que de dia e de noite
Sempre se ouvem soar.
As andorinhas voltaram
Aos seus ninhos no beiral
Os melros de bico amarelo
Assobiam sem igual.
Os filhotes nos seus ninhos
Refilam, querem comer
Os pais metem no biquinho
Comida até encher...
As cigarras e os grilos
Passam noites a cantar
Sons diferentes mas teimosos
Parecem desafiar.
120
* Na escola os meninos trabalham sem barulho.
• O que acontece quando há muito ruído na sala?
• Já és capaz de trabalhar com alegria, mas sem provocares ruídos desnecessários?

Os meninos na escola
Lêem, calculam, pesquisam
Trocam experiências
Registam conclusões
Compõem, fazem ditado
Com lindas ilustrações
Tudo fazem sem barulho
Pois sabem que os ruídos
Só provocam distracções.

Dentro e fora da escola


Neste tempo de magia
Todos os sons estão em festa
Em perfeita harmonia.
121
A NATUREZA EM FESTA…

As cores enfeitam as coisas.


Sem cor a Terra não seria o Planeta Azul!

As cores criaram a vida…


Um dia, o preto e o branco encontraram-se numa bola de vidro tão
transparente que até parecia invisível. Com eles estava uma borboleta
com muitas cores.
O preto e o branco olharam espantados um para o outro e
perguntaram-lhe como tinha sido pintada.
Na Natureza, o azul, depois de ter criado o céu e o mar, encontrou-se
com o verde, que já tinha criado os campos, as árvores e as ervas.
Tiveram uma longa conversa e o verde resolveu dar as mãos ao
vermelho para nascer o castanho; assim, os troncos das árvores
ficaram todos contentes por terem uma nova cor.
O azul-pai explicou ao céu que não sabia como tinha nascido; ele só
sabia que tinha dois irmãos, o vermelho e o amarelo.
Um dia o sol tinha-lhe contado que a sua cor surgira quando, uma
vez, uma nuvem amarela se cruzara com uma vermelha.
122
8

Depois ele ajudou o verde a colorir os campos e as flores.


O vermelho e o amarelo, de mãos dadas, já tinham pintado todas as
flores e os frutos, mas os animais andavam muito tristes porque eram
todos da mesma cor.
Então a borboleta, como voava muito bem, ajudou-os a vestirem-se
das cores lindas que têm hoje e, como recompensa, todas as cores
deram as mãos e ofereceram à borboleta um bocadinho de cada tom.
– É por isso que nas borboletas tu encontras de certeza todas as
cores do Mundo.
Maria do Rosário Dias, As Cores e a Vida, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Numero as frases por ordem, * Assinalo a frase que tem um sentido
de acordo com a história. semelhante à frase sublinhada.
As flores e os frutos tinham cores As cores criaram a vida.
bonitas. • As cores ajudaram os pintores.
A borboleta ajudou os animais.
• As cores enfeitaram a Natureza.
Os animais andavam tristes.
• As cores apareceram no arco-íris.
As cores ofereceram à borboleta um
bocadinho de cada tom. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 110-111.

123
Passeio
Os chapéus e os colares enfeitam
as meninas que vão passear...
Toma uma papoila
para o teu chapéu.
Fica mais bonito
assim, como o meu.

Ou então com palhas


fazes um colar.
E, todas à moda,
vamos passear.

Pelos campos fora


vamos passear
e fazer sorrir
quem nos vir passar.

Que lindas meninas!


Que lindo chapéu!
Que lindo colar!
É palha? É flor?
Ou sol e luar?
Cristina Barros Queirós, Mais Amigos, Texto Editora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo verdadeiro (V) ou falso (F). * Assinalo e justifico a minha escolha.
As meninas: Quando leio a poesia sinto:
• vão passear de barco. • admiração.
• levam um chapéu. • tristeza.
• fazem um colar de palhas. • alegria.
• fazem sorrir quem as vê.
• parecem o sol e o luar. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 112.

124
8
A NATUREZA EM FESTA…

Deveres
Todos fizeram o seu dever.
A Primavera, o espantalho, a seara
e os pássaros – piu!, piu!, piu!…

O espantalho fez o seu dever: espantou.


A seara fez o seu dever: alourou.
E os pássaros fizeram o seu dever:
Pousaram no chapéu de palha do
espantalho,
Pousaram nos ombros do
casaco velho do espantalho,
Pousaram nos braços do
casaco velho do espantalho,
Pousaram nas mãos de pau
do espantalho.
E cantaram: Piu! Piu! Piu!
Quem tem medo
Já fugiu!
Piu! Piu! Piu!
Quem tem medo
Já fugiu!
E não se calaram:
Piu! Piu! Piu!
Quem tem medo
Já fugiu!…
Matilde Rosa Araújo, Mistérios, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o título que gostava de escolher para o texto. Justifico a escolha.
• Deveres • O espantalho que não espanta
• O espantalho e os pássaros • O espantalho e a seara
• Os pássaros alegram o espantalho

* Trabalho no Livro de Fichas, p. 113.

125
História da rosa
A rosa amarela saiu do roseiral.
Agora, enfeita e perfuma a sala de uma casa.

A rosa veio para a jarra preta. Ela, se calhar, não queria. Gostaria
muito mais de ter ficado lá fora, na roseira, com as outras rosas, no
meio do jardim, mas eu cortei-a e trouxe-a para casa.
A jarra acolheu-a como acolhia todas as rosas, gostava delas e de se
saber enfeitada.
Era uma cantarinha de barro preto, só com uma asa, e tinha uma
água fresquinha. A rosa ficou a um lado, com o pé metido na água,
mas, mesmo assim, não gostou.
Era linda, amarela quase branca, e foi por isso que a sala ficou toda
diferente quando a rosa veio para a cantarinha de barro preto. Mas ela
gostaria mais de ter ficado no jardim, eu sei. Então fui falar com a rosa.
Disse-lhe que a casa tinha muitas coisas lá dentro, tinha Amor, Crianças,
Saudade. Faltava-lhe a Beleza. E foi por isso que a tirei da roseira para a
pôr na cantarinha preta. A rosa então riu-se e gostou de estar ali.
126
8
A NATUREZA EM FESTA…

E nós conversámos como amigas. De manhã aprendeu tudo, à tarde


brincou com o vento que abanava a cortina. E, à noite, adormeceu na
cantarinha de barro preto, como todos lá em casa, pois já fazia parte
da família.
Maria Cecília Correia, História da Minha Rua, Ed. Autora

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Numero as frases por ordem, de acordo com o texto.
A rosa preferia ficar no jardim.
A jarra acolheu bem a rosa amarela.
A sala ficou diferente.
A rosa veio dar a beleza que faltava à sala.
A rosa riu, gostou, conversou, aprendeu, brincou e adormeceu.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 114-115.

127
Que bicho será?
De pergunta em pergunta o Eduardo
adivinhou que animal vinha para o Zoo.
Como ficou contente!

O Jardim Zoológico estava em festa. Ia chegar um animal novo! Mas


ninguém sabia ainda quem ele era. De qualquer forma um bicho novo
era sempre uma alegria. E desta vez seria também uma surpresa, assim
o decidira um dos directores.
Mas precisamente o filho desse director era quem mais se
impacientava; fazia perguntas a toda a gente, se sabia, se não sabia,
se suspeitava, se tinha alguma ideia sobre a espécie de animal que iria
chegar…
– Peça ao seu pai que lhe diga.
– O seu pai é que deve saber.
O Eduardo percebeu que com estas respostas não chegava a nada.
Procurou o pai.
128
8
A NATUREZA EM FESTA…

– O bicho novo voa, pai?


– Não voa, não, meu filho – respondia o Sr. Director.
– Pai, o bicho novo tem cauda? – atirava o Eduardo.
– Sim, meu filho, tem cauda.
– É grande ou pequena?
– Grande, grande – respondia o pai.
– E tem patas?
– Sim – dizia o Sr. Director.
O Eduardo ficou a pensar. Com cauda, com patas, mas não voa…
Na manhã do grande dia, o Eduardo perguntou:
– Dentes, tem dentes?
– Quê?
– O bicho tem dentes?
– Tem muitos dentes e afiados! Já agora também te digo que tem
uma grande cauda e quatro patas pequenas e com unhas fortes.
Os olhos são pequenos.
– É um jacaré, pai, é um jacaré.
– Vamos abrir a caixa e logo vês se é jacaré… ou não é.
Saltou uma tábua… e mais outra. Saiu um focinho comprido: era
um jacaré muito comprido…
Todos os animais quiseram vê-lo.
– É meu primo – dizia o lagarto.
– É meu cunhado – dizia a jibóia.
– É da minha família – dizia a tartaruga.
– Não o conheço, não o conheço – gritava o papagaio.
– Chegou um jacaré, um jacaré – anunciava o Eduardo.
Natércia Rocha, Contos de Agosto, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
O Jardim Zoológico estava em festa O animal que chegou ao Zoológico era:
porque: • um lagarto.
• teve um donativo. • uma jibóia.
• recebeu visitas importantes. • um papagaio.
• ia chegar um animal novo. • um jacaré.
• nasceu um animal. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 116-117.
B3LP-09
129
A árvore
A árvore cresceu, cresceu e é o orgulho
da vila pequena, que ela cobre com
os seus ramos e as suas folhas.

Mesmo no centro da vila e no meio do jardim, perto do rio estreito e


de uma pontezinha, há um ulmeiro. É uma árvore tão alta que pode ser
vista de qualquer sítio da vila, cujas casas mais altas não chegam a ter
metade daquela altura: uma árvore tão grossa e de copa tão larga que a
sua sombra cobre quase todo o jardim, um grande quadrado de terra
com uma moldura de canteiros de flores e de bancos verdes; e tão
velha que o mais velhinho dos velhos da vila conta que já falava dela
seu avô e que lhe tinha dito que já também dela falava o avô dele, e
acrescenta:
– Viu-nos crescer a todos. É tão velha como o mundo e parece
sempre nova. Ora vejam: eu tive o cabelo preto, mais tarde da cor
130
8
A NATUREZA EM FESTA…

das cinzas, depois branco e hoje nenhum. Mas ela tem sempre aquela
linda cabeleira verde…
E toda a gente da vila de Mosqueiro sentia muita satisfação em
possuir na sua terra pequenina uma árvore tão grande.
Leonel Neves, O Cão, o Gato e a Árvore, Ed. ASA

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A árvore era: • grande. • pequena.
• alta. • baixa. • um sobreiro. • um pinheiro.
• grossa. • nova. • um ulmeiro. • um castanheiro.
• velha. • fina. * Trabalho no Livro de Fichas, pp. 118-119.

131
Para a minha mãe
O poeta enviou ao céu
um menino com asas
nos sapatos. Para quê?

Eu queria uns sapatos


Com asas nos saltos.
Batia com eles no chão
Trás, trás…
Eu subia ao céu
Por cima das nuvens
Por cima das serras
Por cima do mar…
Não para lá ficar
Mas para pedir ao céu,
Que tem tantas,
A estrela mais linda
Para dar à minha mãe!
Campos de Oliveira

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Faço perguntas para as respostas dadas.
• Queria uns sapatos com asas nos saltos.
• Para subir ao céu.
• Por cima das nuvens, por cima das serras, por cima do mar…
• Para pedir a estrela mais linda que houvesse no céu.
• Para dar à minha mãe.

* Trabalho no Livro de Fichas, p. 120.

132
8
A NATUREZA EM FESTA…

O Espanta-Pardais
Não podia sair do seu lugar,
mas a Primavera teve uma ideia...

Era um boneco humilde. Tinha


dois grandes braços abertos, um
casaco de remendinhos de todas as
cores, um cachecol e um chapéu preto
com uma flor no alto.
A coisa que o Espanta-Pardais mais
desejava na vida era caminhar na Estrada
Larga.
Uma tarde, farto do quente sol, do gelo,
da chuva e de estar sozinho, gritou numa
voz tão alta que as árvores até estremeceram:
– Estou farto, pronto! Farto de estar
aqui de braços abertos!
Foi nessa altura que ele ouviu esta voz:
– Com quem estás a falar? Não me
conheces? Sou a Primavera e venho aqui
todos os anos.
– Donde vens, Primavera?
– Venho da Estrada Larga.
– Ah!… Eu gostava tanto de ir para lá. Se tu me ajudasses…
A Primavera ficou pensativa. Como poderia o Espanta-Pardais andar
só com uma perna? De repente teve uma ideia…
Maria Rosa Colaço, O Espanta-Pardais, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo.
• Quem são as personagens do texto?
• O Espanta-Pardais era um boneco simples. Como estava vestido?
• Qual era o seu maior desejo?
• A Primavera tentou ajudá-lo. Que ideia teria?
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 121.

133
O rio
Nas águas claras do rio vivem os peixes e nadam os meninos...

A aldeia de Joana-Ana chamava-se Monte d’Além. Ficava no sopé de um


monte, num longo vale atravessado por um rio. Rio com margens muito
verdes, onde cresciam arbustos, árvores, relva fresca humedecida pelas águas.
Joana-Ana e os amigos gostavam muito de ir para uma parte do rio que era
larga e serena, com grandes castanheiros e chorões. Os castanheiros, quando
tinham ouriços, era como se tivessem estrelas vegetais com toda a luz do verde
a brilhar na folhagem. E os chorões, todos inclinados para a água do rio, faziam
o seu longo choro. Pareciam chorar todas as árvores cortadas sem amor.
No rio viviam peixes. Era bom vê-los deslizar nas águas, rápidos e serenos, uns
cinzentos, outros castanhos, outros rosados e outros prateados, quase luminosos.
Na Primavera e no Verão, Joana-Ana e os amigos tomavam banho,
nadavam um pouco nas águas frescas do rio.
Matilde Rosa Araújo, Joana-Ana, Livros Horizonte

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Descrevo a aldeia de Joana-Ana: • como eram as árvores que estavam
• o seu nome; nas margens do rio;
• onde ficava; • em que épocas do ano Joana-Ana e
• como era o rio que a atravessava; os amigos iam para o rio.
• que parte do rio era escolhida por
Joana-Ana e pelos seus amigos; * Trabalho no Livro de Fichas, p. 122.

134
8
A NATUREZA EM FESTA…

Natureza
Conhecer a Natureza é saber observar, ouvir e... filosofar.

Conhecer a Natureza
da qual nós fazemos parte
é um prazer com certeza
que requer engenho e arte.

São os montes e os vales


nós e o mar tão fundo
os bichos, o céu, a terra
e o linguajar do mundo.

E o silêncio dos que gostam


de filosofar calmamente
sem poluição sonora
que incomoda toda a gente.

Com o tal engenho e arte Encontro quase o que quero
parto à procura do belo neste infinito Universo.
seja flor ou pedra ou pão Só que depois quero mais
tuas mãos, o teu cabelo. não fico por este verso.
Fernando Miguel Bernardes, Conto Estrelas em Ti,
coord. José António Gomes, Campo das Letras

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que me parece certo. Neste infinito Universo:
• neste mundo pequenino.
Conhecer a Natureza requer engenho e arte:
• neste mundo enorme.
• é fácil conhecer a Natureza.
• é preciso saber conhecer a Natureza. * Digo os nomes de tudo o que, de
acordo com os versos, faz parte da
O linguajar do mundo: Natureza.
• o barulho do mundo.
• o silêncio do mundo. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 123.

135
Os castelos de areia
Há castelos a sério e castelos a brincar.
Como será o castelo desta história?

Eram castelos grandes e bonitos, com torreões, ameias, seteiras e


fossos fundos em toda a volta. Só não tinham pontes levadiças porque
a areia não dava para isso. De vez em quando lá vinha uma onda
traiçoeira e derrubava os castelos. Eles ficavam desanimados mas, logo
a seguir, recomeçavam a construção.
Em vez de erguer cada um o seu castelo, juntaram os esforços e
construíram um só, maior e mais resistente que todos os outros, longe
da rebentação das ondas e da espuma branca que inundava os fossos
e derrubava as muralhas espessas.
Todos os dias, ao regressarem a casa, tinham pena de abandonar
os castelos, por saberem que, durante a noite, a maré, a subir, os não
pouparia. Sentiram o mesmo com o castelo grande e resistente que
tinham acabado de construir. Quando se preparavam para o deixar
entregue à sua sorte, ouviram uma voz fininha que saía de um dos
torreões e que dizia assim:
– Eu sou o cavaleiro das ondas, rei das águas, comandante supremo
de um exército de cavalos-marinhos. Se me libertarem dou-vos tudo o
que me pedirem: a mão das minhas filhas, pérolas e corais ou galeões
carregados de oiro.
136
8
A NATUREZA EM FESTA…

O Miguel, o Afonso e a Sofia pensaram que estavam a sonhar. Mas


a voz insistia, fininha e aflita:
– Libertem-me e serão recompensados!
Sem perderem tempo, abriram o torreão e tiraram de lá de dentro
um pequeno cavaleiro com armadura e elmo feitos de conchas.
– Em vez daquilo que nos prometeste – pediu o Miguel –,
queríamos três bicicletas.
E as bicicletas não tardaram a chegar, transportadas sobre o dorso
de golfinhos.
José Jorge Letria, Histórias do Sono e do Sonho, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Numero, por ordem, de acordo com o texto.
Os meninos construíram um só castelo, maior e resistente.
As bicicletas chegaram sobre o dorso de golfinhos.
Os meninos construíram castelos grandes e bonitos.
Os castelos, muitas vezes, eram derrubados pelas ondas.
Ouviram uma voz fininha que lhes pedia para o libertarem.
Tiraram o cavaleiro de dentro do torreão.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 124-125.

137
As canções de roda são cantadas, dançadas e mimadas.
Manda a tradição!

A machadinha
Ah, ah, ah, minha machadinha (bis)
Quem te pôs a mão, sabendo que és minha? (bis)

Sabendo que és minha, também eu sou tua. (bis)


Salta machadinha lá prò meio da rua. (bis)

Lá prò meio da rua não hei-de eu saltar. (bis)


Eu hei-de ir à roda escolher o meu par. (bis)

O meu par já eu sei quem é, (bis)


É um rapazinho chamado José. (bis)

Chamado José, chamado João, (bis)


É o rapazinho do meu coração. (bis)

Que linda falua


Que linda falua que lá vem, lá vem,
É uma falua que vem de Belém!

Eu peço ao barqueiro que deixe passar,


Que eu tenho filhinhos, ai, pra sustentar!

Então passará, mas alguém ficará.


Se não for a mãe, ai, um filho será!

138
A caminho de Viseu
Indo eu, indo eu, bis
A caminho de Viseu,

Encontrei o meu amor bis


Ai, Jesus, que lá vou eu!

Ora zus, truz, truz! bis


Ora zás, trás, trás!

Ora chega, chega, chega! bis


Ora arreda lá pra trás!

Eu fui ao Jardim Celeste


Eu fui ao Jardim Celeste, ................. giroflé, giroflá.
Eu fui ao Jardim Celeste, ................. giroflé, flé, flá.

O que foste lá fazer? ......................... giroflé, giroflá.


O que foste lá fazer? ......................... giroflé, flé, flá.

Fui lá buscar uma rosa, .................... giroflé, giroflá.


Fui lá buscar uma rosa, .................... giroflé, flé, flá.

Para quem é essa rosa? ..................... giroflé, giroflá.


Para quem é essa rosa? ..................... giroflé, flé, flá.

É prà menina “…”............................ giroflé, giroflá.


É prà menina “…” ............................ giroflé, flé, flá.

Cantar, Brincar e Aprender, selecção de Clara Abreu, Porto Editora

139
* Chega o Verão, é tempo de mudar... • O que nos lembra o Verão?
* É bom conhecer novas terras. • Que sons novos podemos ouvir?
• E que sons não queremos ouvir?

O Verão lembra o calor


A praia, o campo, a montanha
É tempo de variar
E a vontade é tamanha!...
Ir conhecer novas terras
Ir escutar outros sons
Sons que não sejam de guerra
Mas de paz e de progresso
Com fantasia e esperança
Para que no seu regresso
Os sons de cada criança
Sejam de flores em botão
Perfumados, bem guardados
Dentro do seu coração...

140
* Depois de ouvirem muitos sons, os meninos já os conseguem distinguir.
• Então o que são capazes de fazer?

E depois de tanto ouvir


E de os sons distinguir
Dentro e fora do seu ser
É capaz só pelo bater
Do coração pequenino
Enviar e receber
Mensagens cheias de amor
Mensagens de um menino!...

141
É VERÃO…
Foi um rico passeio para o avô e para os netos.
Os netos brincaram e... o avô descansou?...

Num lindo dia de sol, com passarinhos a cantar e meninos a saltar


foram todos passear no barco do avô.
Foi a Clara que queria nadar.
Foi o João que queria pescar.
Foi a Lena que queria mergulhar.
Foi o Miguel que se queria bronzear.
E ia o avô que só queria descansar.
Entraram no barco. E depois foi assim:
A Clara foi-se despir.
O João pensava em dormir.
A Lena não parava de rir.
O Miguel estava a luzir.
E o avô a sorrir, a sorrir.
Chegaram à praia. E então foi assim:
A Clara disse: A água está fria.
O João gritou: Apanhei uma enguia!
A Lena garantiu que não via.
O Miguel punha o óleo da tia.
E o avô sorria, sorria.
142
Voltaram para o barco. Arrumaram os sacos. E era assim:
9
A Clara estava cansada.
O João trazia uma pescada.
A Lena vinha constipada.
O Miguel olhava a pele queimada.
E o avô dizia: Vamos, pequenada.
E o barco navegou.
Toda a gente cantou
E o avô acompanhou.
Chegaram a casa. Beijinhos para aqui, beijocas para ali.
A Clara lavou-se com sabão.
O João pôs o peixe no chão.
A Lena disse: Mais mergulhos, não.
O Miguel parecia um camarão.
E o avô? Disse adeus com a mão
E foi-se deitar num colchão.
E foi assim o passeio do avô que queria descansar
Com os netos que queriam brincar.
Natércia Rocha, Um Passeio de Barco, Desabrochar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Numero, por ordem, de acordo * Assinalo o que é certo.
com o texto.
A poesia é:
Foram todos passear no barco do avô. • alegre.
Voltaram para o barco.
• triste.
Entraram no barco
• divertida.
Chegaram à praia.
Chegaram a casa. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 130.

143
O segredo do rio
Era um rio, um menino
e um peixe.

Chegou o Verão e os dias lindos continuaram, mas agora com mais


calor. Estava sempre sol, e noites claras de estrelas, e em breve a mãe
do rapaz autorizou-o a passar a tomar banho no rio, porque já não
estava frio. Esses foram os tempos de grande brincadeira entre o rapaz
e o peixe. Juntos, mergulhavam dentro de água, o rapaz agarrado à
cauda do peixe, que nadava à superfície e o arrastava com toda a força,
como se fosse um barco a motor. Às vezes, o peixe parava num ponto
no meio do rio e dizia ao rapaz: “agarra-te ao meu rabo com força que
vamos mergulhar lá no fundo, para eu te mostrar umas pedras muito
bonitas.” E o rapaz agarrava-se com as duas mãos à cauda do peixe,
144
9
É VERÃO…

fechava a boca e, com os olhos muito abertos, descia até ao fundo do


rio e voltava para cima agarrado a ele. Os outros peixes, que os viam
passar assim debaixo de água, olhavam espantados para eles e
paravam no sítio onde estavam, suspensos de admiração e com os
olhos muito abertos, como os das crianças no circo.
Miguel Sousa Tavares, O Segredo do Rio, Relógio d’Água

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Descubro, no texto, frases que * Assinalo o que é certo.
justificam as apresentadas. O texto é:
• A história passa-se no Verão. • uma história inventada.
• O rapaz e o peixe divertiram-se muito. • uma história real.
• Os outros peixes ficavam admirados. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 131.
B3LP-10
145
O grilo verde
Quem terá razão, o grilo verde ou os grilos pretos?
O que assobia ou os que cricrilam?

A notícia espalhou-se, andou de toca em toca, voou de lura em lura.


Todos os grilos ficaram a saber das afrontas do parceiro que morava na
horta do Tio Manuel Liró. Sim, afrontas! Ser-se verde e assobiador não
eram coisas que se fizessem... Resolveram fazer-lhe uma visita para o
convencer a mudar de farda e de música.
Numa tarde de domingo deixaram as luras que tinham nos quintais,
campos, bouças e matas. Entraram na horta do Tio Manuel Liró e
perguntaram ao companheiro:
“Por que não tens uma cor igual à nossa? Por que não cricrilas?”
146
9
É VERÃO…

Então o Grilo Verde respondeu-lhes:


“Se nasci verde, não posso ser preto. E se assobio é porque não sei
fazer outra coisa. E vós – perguntou – por que não sois verdes e não
sabeis assobiar como eu?”
“Porque sempre fomos pretos e só sabemos cricrilar.”
“Então – concluiu o Grilo Verde – estamos empatados: se eu sou
verde – vós sois pretos; se assobio – vós cricrilais. Para quê tanta
preocupação?”
António Mota, O Grilo Verde, Ambar

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo.
A notícia que se espalhou era sobre: O grilo era diferente porque:
• um pássaro. • era azul. • assobiava.
• uma cigarra. • era verde. • cantava.
• um grilo. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 132.

147
Formiguinha rabiga
A formiguinha preta queria ser branca
e depois queria ser outra vez preta, depois...

Era uma vez uma formiguinha rabiga.


Era pretinha e queria ser branca, porque era tolinha.
Viu-se a um espelho e pensou:
– Como eu seria bonita, se fosse branquinha!
E viu farinha no moinho.
A farinha era branquinha.
Formiga Rabiga esfregou-se toda pela farinha.
Então passaram as outras formiguinhas.
Viram aquela coisinha branca e disseram:
– Olha, olha, que belo naco de farinha para o nosso celeiro!
E carregaram a pobrezinha da Rabiga às costas.
– Eu não sou farinha! Eu sou a Formiga Rabiga! – ia dizendo,
coitadinha.
– Tu não és formiga, que as formigas são pretas. Tu és branca e és
farinha! – responderam as outras.
– Mas a farinha não fala e eu falo!
148
9
É VERÃO…

Aqui então é que foi o bom e o bonito! As outras repararam que era
verdade, que a farinha não fala e tiveram tanto medo que desataram a
fugir e atiraram a pobre da Rabiga para o chão.
Muito ferida, muito coxinha, a pobre da Rabiga lá foi andando para
casa. Passou por um alguidarinho de plástico e lavou-se toda para tirar
a farinha. Mas como estava muito frio, ficou constipada.
Esteve de cama muitos dias, e, quando se levantou, nunca mais quis
ser branquinha.
Alice Nicolau, História da Formiga Rabiga, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Respondo.
• A formiga era tolinha. Porquê?
• O que fez para ficar branca?
• O que pensaram as outras formigas quando a viram?
• E o que fizeram?
• A Formiga Rabiga esteve de cama muitos dias. Porquê?
• A formiguinha nunca mais quis ser branquinha. Porquê?

* Trabalho no Livro de Fichas, p. 133.

149
Era o Sol!
Parecia uma imensa bola vermelha.
O que seria?

O garoto nunca tinha visto o céu assim, tão lindo! Sem poder
dominar a sua curiosidade, o pequeno saltou para o chão e foi até
à janela. Que lindeza! A um lado, havia um clarão doirado e cor de
carmim, que se fazia cada vez maior, e iluminava o céu, como se
alguém tivesse acendido uma fogueira encantada sobre as nuvens.
A Lua e as estrelinhas começavam a sumir-se.
O clarão aumentava sempre, a espalhar-se pelo céu e sobre o mar de
nuvens.
De repente, surgiu entre a claridade, que parecia festa de oiro
reluzente, uma bola vermelha como uma brasa viva, uma bola enorme
e com um brilho tão forte que nenhuns olhos o podiam suportar.
A claridade enchia todo o céu! Já não se viam as estrelas, e a Lua
mal se distinguia.
Entretanto, a grande bola luminosa continuava a subir…
Era o Sol! Era o Sol, que acabava de nascer!
Maria Lamas

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que é certo. * Converso sobre o que o menino viu
O menino foi à janela: da sua janela:
• de manhã cedo. • o céu; • a Lua;
• à tarde. • as estrelinhas; • o Sol.
• à noite. * Trabalho no Livro de Fichas, p. 134.

150
9
É VERÃO…

A menina Gotinha de Água


A gotinha deu muitas voltas
até regressar ao mar...
Eu sou torne a ser
a menina nuvem no ar,
Gotinha de Água, chuva
gotinha azul abençoada,
do mar, fonte
que foi a brotar,
nuvem ribeiro
no ar, a saltar
chuva abençoada, rio
fonte a cantar, a correr
ribeiro a saltar, e mar
rio uma vez mais.
a correr Papiniano Carlos,
e que volta A Menina Gotinha
de Água, Ed. ASA
à sua casa
no mar,
onde vai
descansar,
dormir
e sonhar
antes que
de novo

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Ligo com setas o caminho percorrido pela gotinha de água desde que saiu
do mar até voltar ao mar.
• nuvem • • chuva • • fonte •
mar • • rio • • ribeiro •

* O que fez a gotinha, no mar, antes de voltar a ser nuvem do ar?


* Trabalho no Livro de Fichas, p. 135.

151
Estrela-do-mar
Já se viu uma estrela-do-mar ficar estrela do céu?

Era uma vez uma estrela-do-


-mar que queria ser estrela do
céu.
Mas como havia de lá chegar?

– Ajuda-me tu, polvo, que


tens os braços tão compridos –
pediu a estrela-do-mar, que
queria ser estrela do céu.

O polvo desdobrou os
tentáculos, pegou na estrela e
levou-a do fundo do mar até
ao cimo das ondas.

Já não faltava tanto.


Por ali voava um pássaro,
com as asas a raspar as ondas.
– Ajuda-me tu, passarinho,
a chegar até às nuvens – pediu
a estrela-do-mar que queria
ser estrela do céu.
O pássaro fez-lhe a vontade
e levou-a no bico até ao cimo
das nuvens. Quando lá chegou
pousou-a devagarinho.

Nessa noite, a estrela-do-mar,


de tão feliz que estava, brilhou
como as estrelas do céu.

Mas na manhã seguinte começou a chover.


152
9
É VERÃO…

A estrela-do-mar, que estava


pendurada na nuvem,
desequilibrou-se, e caiu com
os pingos da chuva.
E sabem onde foi cair?

Foi cair no fundo do mar,


mesmo no sítio onde esta
viagem tinha começado.
Que aventura!
A estrela-do-mar, que tinha
sido estrela do céu, ainda
ouviu o polvo a dizer:
– Vê-la de volta, menina
estrela, é um prazer…

Mas a estrela-do-mar estava


tão cansada que não ouviu
mais nada.
E adormeceu.
Mafalda de Azevedo,
A Estrela-do-Mar Foi Viajar, Plátano

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Numero, por ordem, de acordo com o texto.
A estrela-do-mar subiu ao céu.
O pássaro levou-a até ao cimo das nuvens.
O polvo levou-a até ao cimo das ondas.

* Assinalo o que é certo.


A estrela-do-mar regressou ao mar:
• caiu com o sopro do vento. • caiu com os pingos da chuva.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 136-137.

153
Como nos sonhos
Os dias da Mariana são feitos de sol e sonho...

É lindo este dia de sol! Diz a Mariana.


E olha em volta.
Nos campos coloridos de pequeninas
flores silvestres,
as borboletas parecem pétalas
que se soltaram das corolas
e começam a dançar.

Deitados em cima de uma grande pedra,


dois lagartos dormitam, regalados
com tão bom calor. Os filhotes, atrevidos,
brincam às escondidas, mais abaixo.
– Devagarinho! – diz-lhes a menina.
– Ai se os vossos pais acordam!

Em casa dos ouriços-cacheiros


vai uma grande confusão:
é dia de varrer as folhas secas para bem longe
e buscar folhas novas
para tornar o chão mais fresquinho e bonito.
– Vá lá, são quase horas de dormir...
– avisa a Mariana.
154
9
É VERÃO…

Uma toupeira espreita, à porta da sua toca.


A Mariana sabe que as toupeiras
vêem muito mal
e acha que devem passar a vida
a chocar umas com as outras
lá na toca escura, tão debaixo da terra.
Então, tem uma ideia luminosa:
“E se eu lhes oferecesse alguns pirilampos?”

Começa a anoitecer.
A menina ainda vê uma sombra que passa,
um pássaro que recolhe ao ninho,
uma rã que vem sentar-se
à beira do chafariz
e desata a pensar alto e bom som.
Maria Alberta Menéres, Sigam a Borboleta!, Bertrand

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Digo os nomes dos animais que a Mariana viu:
• as que pareciam dançar;
• os que estavam deitados em cima de uma pedra;
• os que tinham a casa numa grande confusão;
• a que espreitava à porta da sua toca;
• o que voltava para o ninho;
• a que vinha sentar-se à beira do chafariz.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 138-139.

155
Noite de S. João
Há bandeirinhas, barraquinhas, balões, violões,
brincadeiras e fogueiras. É a festa de São...

É noite de lua
naquela rua
que se enfeita
que se ajeita
com bandeirinhas,
com barraquinhas, A meninada,
fogões e balões, toda enfeitada,
sanfonas e violões, dança quadrilha
muitas brincadeiras na noite que brilha.
e uma grande fogueira. E Maria Bonita,
alegre, catita,
Maria Bonita, dança com graça
de laço de fita, no meio da praça.
de saia rodada,
de manga fofada, A música boa
de franja na testa, se espalha e ecoa
contente da vida, na multidão.
faz bonito na festa. É noite de São João.
Maria Elisa Oliveira

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Assinalo o que já vi ou ouvi na noite de S. João:
• Ruas enfeitadas e arranjadas com bandeirinhas e barraquinhas.
• Balões e violões, brincadeiras e fogueiras.
• A meninada toda enfeitada.
• Música boa que ecoa na multidão.
* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 140-141.

156
9
É VERÃO…

Meninos de todas as cores


Eram de várias cores
mas todos eram meninos.

Era uma vez um menino branco chamado


Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos
e dizia:

É bom ser branco


porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.

Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma
terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga
chamada Flor de Lótus que, como todos os
meninos amarelos, dizia:

É bom ser amarelo


porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia amarela da praia.
157
O menino branco meteu-se num barco para
continuar a sua viagem e parou numa terra onde
todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um
pequeno caçador chamado Lumumba que,
como os outros meninos pretos, dizia:

É bom ser preto


como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião,


que só parou numa terra onde todos os meninos
são vermelhos.
Escolheu, para brincar aos índios, um menino
chamado Pena de Águia. E o menino vermelho
dizia:

É bom ser vermelho


da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma


terra onde todos os meninos são castanhos.
Aí fazia corridas de camelo com um menino
chamado Ali-Babá, que dizia:

É bom ser castanho


como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
158
9
É VERÃO…

Quando o menino branco voltou à


sua terra de meninos brancos, dizia:

É bom ser branco como o açúcar


amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.

Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas


brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com
meninos sorridentes de todas as cores.
Luísa Ducla Soares, O Meio Galo, Ed. ASA

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Ligo o nome de cada menino ao nome da cor da sua pele.
Miguel Flor de Lótus Lumumba Pena de Águia Ali-Babá
• • • • •
• • • • •
amarela branca vermelha castanha preta

* Assinalo os meios de transporte que o Miguel utilizou.


• avião • barco • comboio
• cavalo • camelo

* Trabalho no Livro de Fichas, pp. 142-143.

159
Viajar...
Viajar é conhecer, descobrir,
inventar, sonhar, voar...
Vamos viajar?

Viajar é correr mundo,


voar mais alto que os pássaros
ou pisar o chão da terra
ou as ondas do mar alto…
É ver bichos
de muitas cores e feitios,
montanhas,
rios
e ribeiros
e pessoas
e lugares…
Conhecer e descobrir,
inventar e duvidar,
sabendo cada vez mais,
sem nunca pensar que basta
o mundo que se conhece.
E alargá-lo com amor
dentro de nós e dos outros.
Alves Redol

C o n v e r s a r s o b re o t e x t o
* Comento.
Viajar é:
• correr. • voar. • pisar. • alargar. • conhecer.
• ver. • saber. • descobrir. • inventar.
* Trabalho no Livro de Fichas, p. 144.

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