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e o Novo Médico
(Resgate Contratado do Oeste 9)
Por: Bellann Summer
****
Dois meses depois
Vou te dar uma hora para tirar sua cabeça da bunda e me enviar
alguns currículos que valham o meu tempo.
Capítulo Dois
Capítulo Três
— Morgan!
Morgan se ajoelhou e estendeu os braços. Nunca em sua vida se
sentiu tão cheio de alegria como quando Kevin o olhou com total confiança e
felicidade. O menino lançou-se no ar. Morgan pegou o garoto de quatro anos
de idade, e balançou-o num círculo. Braços finos abraçaram o pescoço de
Morgan apertado. O amor por aquela criança o encheu de lágrimas, até que a
emoção se tornou quase grande demais, e ele pensou que iria explodir.
Kevin se inclinou para trás e segurou as bochechas de Morgan com
suas pequenas mãos.
— Sra. Peterson diz que posso ficar com você por um par de dias. Eu
quero ficar para sempre.
— Estou trabalhando nisso, amigo. — Morgan fez questão de
encontrar o olhar de Kevin para mostrar que quis dizer o que disse. Adultos
tinham decepcionado aquela criança de muitas maneiras, e Morgan não seria
um deles.
Morgan virou-se para a atual mãe adotiva de Kevin, que estava
andando pela calçada em direção a ele. Ele gostara da mulher de quarenta
anos desde a primeira vez que a conheceu. Ele observou o saco de lixo preto
que ela carregava. Morgan prometeu substituir o saco por uma mochila
ostentando o personagem de desenho animado favorito de Kevin. Em sua
opinião, o menino merecia o melhor.
— Estou feliz que esteja aqui. — Betty Peterson comentou. — Kevin
esteve olhando para fora da janela pela última meia hora. Está tão animado
para passar a noite com você.
Morgan abraçou Kevin.
— A menos que eu seja chamado para um resgate, nunca iria perder
um dos nossos encontros. E, com certeza, não iria perder o nosso primeiro fim
de semana juntos.
— Já teve alguma notícia? Você está mais perto de ser capaz de
mantê-lo? E quanto a sua mãe?
Morgan conheceu Kevin durante um resgate. O menino havia sido
sequestrado de seu jardim da frente, por uma quadrilha de tráfico de criança,
e foi vendido a um pedófilo. Instintos protetores o chutaram no momento que
viu Kevin, e formaram uma conexão instantânea. Kevin falou sobre a mãe,
mas não poderia dar-lhes qualquer informação pertinente para ajudar a
descobrir onde ele morava. Sabia que seu nome era Kevin Jackson e que
estava brincando em seu quintal quando um homem o pegou e jogou-o num
carro. Até agora, seu nome não tinha aparecido em nenhuma pesquisa sobre
crianças desaparecidas. Morgan se perguntou por que não foi ensinado um
endereço básico a Kevin. O garoto era esperto o suficiente.
Quando o Serviço de Bem-Estar da Criança foi chamado para levar
Kevin para longe, Morgan estava pronto para bater cabeças juntas. Ele sabia
quão brutal algumas dessas casas poderia ser. Sob a orientação de Roman,
Morgan solicitou uma licença de assistência social e frequentou aulas de
parentalidade. A fazenda e todos os caras passaram por controles e visitas dos
agentes designados para avaliar se o ambiente era um lugar adequado para
criar filhos. Após mais de um mês de saltar através de aros, Morgan estava
perto de trazer Kevin para casa por mais do que um fim de semana.
— Devo ser nomeado pai adotivo de Kevin e ser capaz de mantê-lo
em Los Héroes dentro da próxima semana ou duas. — Morgan colocou Kevin
no chão. O menino agarrou sua mão. — Ainda estou trabalhando com a polícia
para tentar localizar sua mãe. Até agora todas as pistas que temos acaba por
ser um beco sem saída.
— Bem, boa sorte. — O sorriso da mulher alcançou seus olhos. —
Kevin é um bom menino. Só tem que estar ciente de que ele vagueia durante
a noite. Ele não me diz o que o está incomodando, mas suspeito que sejam
memórias ruins.
— Obrigado. — Morgan quis dizer isso. Ele apreciaria qualquer ideia
que pudesse ajudar Kevin.
Kevin puxou a bainha da camisa de Morgan.
— Podemos ir para a fazenda?
— Claro, pequeno. — Morgan bagunçou o cabelo loiro de Kevin.
Betty se inclinou e estendeu os braços.
— Até logo, Kevin. Divirta-se com Morgan.
— Há gatinhos e cachorros para brincar. — Kevin entrou no abraço da
mulher e disse: — Morgan me deixa montar Goldie. — O menino esticou os
braços acima da cabeça. — Ele é um cavalo grande.
— Parece que vai ser um menino ocupado. — Betty deixou Kevin ir e
olhou para Morgan. — Não acho que vai precisar, mas estou sempre disponível
se tiver qualquer problema.
— Obrigado. — Ele respondeu por cima do ombro quando Kevin
puxou-o pela calçada em direção a sua caminhonete.
Quinze minutos depois, Morgan parou a caminhonete num
estacionamento em frente da fazenda.
— Vou dar ao gato de Carson um biscoito. E vou segurar Bentley com
muito cuidado, porque ele é tão pequeno. Vou jogar a bola para Norman, e
vou...
Morgan assentiu para deixar o menino no banco de trás saber que ele
estava ouvindo sua conversa interminável. Às vezes, ele se perguntava quando
o garoto bonito tomaria folego.
Depois de desligar o motor, ele olhou no espelho retrovisor para a
criança que roubou seu coração. Quem diria que ele tinha um fraquinho por
cabelo loiro ondulado, grandes olhos azuis e sardas? Uma imagem de Tatum
passou por sua mente. Ok, talvez também sentisse algo por alto e loiro, com
olhos castanhos, como uma sombra de chocolate quente.
Kevin chutou seus pés e puxou as correias de seu assento de
criança.
— Vamos, Morgan. Temos coisas para fazer.
Morgan riu.
— Claro, amigo.
A hora seguinte foi um turbilhão de seguir Kevin em torno de Los
Héroes, enquanto cumprimentava cada ser humano e animal no lugar. Morgan
observou Kevin para qualquer sinal de medo em torno dos caras. De acordo
com relatórios do médico, o menino havia sido espancado e abusado
sexualmente. Até agora, Morgan só observou uma criança feliz explorando o
mundo ao seu redor.
— Morgan, venha ver.
Kevin se ajoelhou no chão, inclinou-se, e estava olhando para algo no
lado do celeiro. Morgan foi para trás do menino e viu o que fez Kevin vibrar de
empolgação.
— O que é isso?
Morgan amava o som da voz de Kevin.
— Isso é um camaleão. — Respondeu Morgan. — Ele se meteu em
dificuldades. Ele deve estar escondido em um arbusto para que um pássaro
não possa agarrá-lo para o jantar. — Os grandes olhos azuis de Kevin se
fixaram em Morgan.
— Temos que ajudá-lo.
— Ok, amigo. — Morgan se agachou e guiou a mão de Kevin na frente
do camaleão. — Coloque sua mão aqui e deixe-o arrastar-se para o seu
braço. Seus pés podem picar um pouco, mas ele não vai mordê-lo.
O camaleão de seis centímetros cooperou e se arrastou na mão de
Kevin. Ele não parou descansar até estar no antebraço da criança.
— Morgan, ele está em mim. — Kevin sussurrou e nunca desviou o
olhar do réptil em seu braço.
— Ele está. — Morgan descansou as mãos nos ombros de Kevin. —
Vamos levá-lo até a mata.
O menino andou com passos cuidadosos até um conjunto de
arbustos, durante todo o tempo sem tirar o olhar do camaleão. Depois de se
ajoelhar, Kevin enfiou o braço entre as folhas verdes.
— Olha, ele está se movendo... — Disse Kevin. — Ele está subindo em
uma folha. — Uma pequena ruga apareceu entre suas sobrancelhas, e seu
lábio inferior tremeu. — Ele não vai ser comido, vai?
Morgan se ajoelhou ao lado de Kevin. Ele queria dizer a Kevin que o
camaleão estaria bem, mas a criança merecia mais do que uma mentira
potencial.
— Viu como sua cor mudou de vermelho para verde? — Disse
Morgan. — Esse é o seu truque para ficar escondido. Enquanto os pássaros e
lagartos não o virem, ele vai ficar bem.
Kevin olhou para Morgan com olhos azuis assombrados. Sua apatia
partiu seu coração.
— Às vezes o monstro o encontra mesmo quando você tenta se
esconder.
Morgan sabia que este momento era grande. Kevin estava
começando a se abrir.
Colocou o braço em volta dos ombros de Kevin e apontou para o
inseto.
— Esse cara tem mais um truque para ajudá-lo a permanecer
seguro. Se um pássaro agarra a perna, ele permite que a levem, porque pode
crescer outra. — Morgan deu ao ombro de Kevin um aperto suave. — Monstros
podem nos ferir, mas não podem nos impedir de ser feliz. Podemos ser assim,
como esse animal, e deixá-los comendo poeira.
— Como o Homem-Aranha?
Uma imagem de um super-herói vestido de azul e vermelho
balançando a partir de um fio de teia passou pela mente de Morgan.
Morgan riu e ergueu o menino em seus braços.
— Sim, assim como o Homem-Aranha.
— Garrett faz bons cookies. — Kevin informou a Morgan.
— Sim, ele faz. Acha que devemos ir e ver que tipo ele fez esta
manhã?
Kevin assentiu.
— OK, vamos lá.
Morgan balançou o menino rindo sobre seus ombros e começou a
caminhar para a fazenda.
Mais tarde naquela noite, Morgan acordou de um sono
profundo. Passos suaves ecoaram pelo corredor. Ele estava aliviado que tinha
deixado a porta aberta para o caso de Kevin sair de seu quarto do outro lado
do corredor. Morgan pegou uma camiseta e puxou-a sobre a cabeça, contente
que decidiu usar short para dormir, enquanto Kevin o visitava.
Morgan saiu do quarto. E pelo brilho fraco que as luzes noturnas que
Garrett instalou em torno da fazenda, Morgan viu o menino, vestido de pijama
do Homem Aranha, espreitando ao redor da sala de estar e cozinha. Ele parou
para olhar para fora das portas que davam para o pátio central, onde a piscina
estava localizada. Orgulho preencheu Morgan quando Kevin não tentou abrir a
porta. Ele não era permitido no espaço tropical sem supervisão.
— Ei, amigo... — Morgan falou num tom suave, calmo, não querendo
assustar o rapaz. — Posso te ajudar com alguma coisa?
— Por que Parker está beijando Cayman e Seth na piscina? Eles
deveriam estar dormindo.
Morgan correu e pegou Kevin. Ele se sentou numa cadeira de balanço
de madeira bem longe da porta do pátio e colocou a criança em seu
colo. Agora, teria que achar uma explicação para que um garoto de quatro
anos entendesse e não surtasse.
— Um monte de pessoas vive em Los Héroes, e alguém está sempre
usando a piscina. — Morgan tentou escolher suas palavras com cuidado. —
Parker ama Cayman e Seth. Ele quer nadar com eles sozinho, então escolheu
esta hora, porque todo mundo está na cama.
Um sussurro tremendo rompeu o quarto silencioso e arrancou
pedaços fora do coração de Morgan, seu temperamento subindo.
— A Senhora Thomas diz que o que papai me fez estava errado. — O
menino se referiu a terapeuta que via uma vez por semana.
Os atos desprezíveis de pedofilia com Kevin já eram ruins o
suficiente, mas pedir ao menino para chamá-lo de “papai” era inconcebível e
do mal. Morgan queria cinco minutos com o bastardo. Apenas cinco minutos.
Morgan usou cada gota de seu controle para manter a voz calma.
— Nenhum adulto deve fazer o que o homem fez com você. É por isso
que ele vai para a prisão por um longo tempo.
— À noite, eu o ouvia conversando e rindo em outras salas. — Os
pequenos dedos de Kevin procuraram e encontraram a mão de Morgan. — Isso
significava que iria para o meu quarto.
Morgan piscou, umidade surgiu em seus olhos pelo terror e dor que
Kevin passou. Ele usou o seu dedo do pé para impulsionar a cadeira.
— Aposto que você estava com medo. — Ele não iria desvalorizar a
declaração de Kevin não a reconhecendo, mas tentou minimizar a dor do
garoto.
Kevin balançou a cabeça, mas não disse mais nada.
— Você está seguro agora. — Disse Morgan, tentando confortar o
menino. — Amanhã podemos transportar as esteiras para fora, e vou lhe
mostrar alguns movimentos para defender-se o suficiente para ter uma chance
de ficar longe de alguém tentando te machucar.
Kevin olhou para Morgan.
— Me defender como o camaleão?
— Sim, como o camaleão.
A sala ficou em silêncio. O pequeno corpo em seu colo relaxou
quando Morgan continuou a mover a cadeira num movimento lento. Roncos
breve e suaves mostraram que Kevin tinha adormecido. Ele levou Kevin de
volta para o quarto da criança e colocou-o na cama.
Depois de um momento observando a criança dormir, Morgan tomou
uma decisão. Abaixando seu corpo no chão duro, sentou-se ao lado da cabeça
de Kevin e se encostou na cama. Aquela não seria a primeira vez e
provavelmente não a última que dormia sentado.
Quando Morgan se acomodou, uma mão repousou em seu ombro.
****
A água fresca se agitava sob a força do vento forte. Com suas pernas
balançando na água, Tatum vigiava. Ele balançou seu cabelo para fora do
caminho quando se sentou e esperou a próxima grande onda.
Respirou fundo e deixou o aroma do oceano varrer o último da tensão
de seus músculos do pescoço e ombros. Tatum não poderia mudar o passado,
mas o futuro estava aberto e amplo a sua frente.
À distância, espumas brancas se formaram e começaram a rolar,
ganhando força ao se aproximar. Tatum virou a prancha para a praia e usou as
mãos para remar.
A água inchou e seu coração acelerou. Tatum remou mais duro, não
querendo deixar a oportunidade passar por ele. Em um movimento fluido,
apoiou as mãos na prancha, puxou as pernas para fora da água, e lançou-se
sobre seus pés.
Com movimentos de um surfista clássico, Tatum montou a onda,
deixando as correntes solares e oceânicas quentes levá-lo voando enquanto
durou o passeio.
Enquanto se aproximava da costa, Tatum avistou Reese de pé na
beira da água, o observando. Ao alcançar a areia, Tatum pulou, agarrou a
prancha e caminhou até o loiro bonito.
— Como vai, Reese?
— Muito bem. — Reese olhou para o oceano. — Gostaria de tentar
algumas dessas ondas, mas Lee está reclamando que o oceano está muito
forte hoje.
O acidente vascular cerebral sofrido em seu acidente de carro
enfraqueceu o lado esquerdo do homem. Ele gostava de surfar, mas esforçava-
se para manter o equilíbrio na prancha. Agradou a Tatum ouvir apenas uma
pequena tristeza em seu discurso. Reese parecia melhorar pouco a pouco.
— As ondas estão começando a ficar violentas. — Disse Tatum. —
Acho que vou parar por hoje. Odiaria acabar me ferindo. Tenho uma entrevista
de emprego com o Resgate Contratado do Oeste.
Tatum se esforçava para não usar quaisquer referências a tempo ou
números. A lesão cerebral desde o acidente deixou Reese com nenhum
conceito deles, e as conversas, por vezes, acabavam confusas e frustrantes
para ele.
— Você quer o trabalho?
A pergunta de Reese surpreendeu Tatum. Ele não teria enviado seu
currículo, se não estivesse interessado na posição. Por outro lado, ele tinha
pedido uma posição EMT em uma cidade diferente, sabendo que estava à
procura de algo diferente.
— Quero o suficiente para sair do meu emprego em San Clemente
para ir a entrevista. — Tatum admitiu. — Meu chefe não está louco por mim
por pedir um dia de folga do trabalho.
— Lee me disse que você tem as habilidades para trabalhar na equipe
de salvamento do Resgate. — Reese declarou. — O problema que vai ter é ser
aceito na equipe.
Tatum deixou cair a prancha na areia. Merda. Ele não tinha pensado
nas ramificações de alguém novo substituindo Reese. A reputação do Resgate
ser uma família unida era lendária. Como iria superar o ressentimento natural
de alguém substituir o seu amado companheiro de equipe? Ele apostaria seu
último salário que os caras ainda viam Reese como seu segundo médico.
Ele enfiou os dedos pelos cabelos e olhou o oceano.
— Acho que Lee vai ter que me encontrar um daqueles carrinhos de
cachorro-quente.
— Lee diz que o dinheiro está na praia. Como pode ganhar dinheiro se
estiver em Nevada?
Tatum virou-se para olhar para Reese.
— Se a equipe não puder me aceitar porque ainda querem que você
seja seu médico, não vou durar um mês.
— Não tenho certeza sobre isso de 'mês', mas se não tentar, nunca
vai saber. — Reese pegou a prancha de Tatum.
Tatum se esforçou para fazer uma pergunta que Reese
entendesse. Reese perdeu todas as lembranças de seu passado, mas talvez
pudesse lançar alguma visão sobre a equipe de sua última visita a Los
Héroes. Apesar de seus desafios, a inteligência e perspicácia do homem eram
surpreendentes.
— Alguma sugestão sobre como lidar com os caras?
Reese deu de ombros.
— Perder.
Tatum recuou.
— Perder o quê?
Talvez Reese estivesse confuso.
Reese, ainda carregando a prancha de Tatum, começou a caminhar
até a praia em direção a Lee e seu carrinho de cachorro-quente.
— Eles vão desafiá-lo para uma competição. — Reese continuou
andando.
Tatum trabalhou a ideia de Reese em sua mente. A ideia de que a
equipe iria testá-lo fazia sentido.
— Ei, luz do sol... — Lee gritou quando se aproximaram. — Você já
decidiu confiscar a prancha de Tatum?
— Ele não vai precisar dela quando estiver trabalhando no Resgate
Contratado. — Reese caminhou até Lee com um balanço extra em seus quadris
e recebeu um beijo.
— Oh? — Lee olhou para Tatum.
— Estou voando para uma entrevista na parte da manhã. — Tatum
admitiu.
Um sorriso branco e brilhante se espalhou pelo rosto de Lee.
— Bem, parabéns. Eles vão ter sorte de ter suas habilidades.
Tatum fez uma careta.
— Vamos esperar que a equipe pense assim. O fantasma de Reese
pode fazer os caras se ressentirem com um novo médico.
— Merda. Isso poderia ser um problema.
Ele concordou com Lee.
— Eu lhe disse para perder quando os caras o desafiarem. — Disse
Reese.
Uma ruga apareceu na testa de Lee.
— Você está falando sobre a pista de obstáculos em que estavam
trabalhando? Acha que vão colocar Tatum à prova nessa coisa?
Reese balançou a cabeça e olhou para Tatum.
— Não caia imediatamente. Mostre a Roman que pode lidar com o
percurso. Não caia no final, ou os homens saberão que está jogando. O meio
não seria bom.
— Como? — Tatum pensou que o conselho de Reese era tão claro
como lama.
— Acho que o que ele está dizendo é que deve perder ou tropeçar em
torno do último terço do curso. — Disse Lee.
O olhar sério de Reese se fixou em Tatum.
— Roman vai saber que pode fazê-lo, e vai ficar impressionado que
escolheu não se mostrar aos outros membros da equipe. Sendo uma família,
isso é importante para ele.
— Faz sentido. — Lee apontou.
— Concordo. — Disse Tatum. — Mas só para você saber, larguei meu
emprego de paramédico na cidade. Se as coisas não funcionam em Nevada,
vou voltar e vender cachorros-quentes.
— Anotado e aceito. — Lee respondeu. — Mas tem que escolher uma
praia diferente.
— Feito. — Tatum saudou os dois homens e deixou sua prancha para
trás. Sabia que Reese iria cuidar bem dela e devolvê-la, se fosse forçado a
retornar.
Capítulo Quatro
— Olá, doce.
Os dedos de Morgan doeram sob a força que usou para apertar a
madeira grossa da porta da frente. Ele recusou-se a alargar a abertura. De
jeito nenhum deixaria aquele homem entrar.
— O que está fazendo aqui? — Perguntou.
— Eu o convidei. — Roman deu um passo atrás de Morgan. — Venha,
Tatum.
Morgan apertou os dentes e abriu a porta, dando passagem ao
homem. O aroma fresco e picante de uma colônia popular vagou sobre
Morgan. Ele sempre gostou dessa marca e se ressentia de que cheirasse ainda
melhor em Tatum.
Vestido com um terno de linho de cor clara, e com seu cabelo puxado
para trás num coque na nuca, Tatum Janis apresentava uma imagem de
confiança e estilo.
A irritação de Morgan aumentou quando percebeu que seus dedos
coçaram para explorar a dureza dos músculos sob esse tecido. Droga. Tatum
exalava força e poder enquanto se movia em direção ao escritório de Roman, o
que o fez desejar que o homem se virasse e fosse em sua direção.
A porta se fechou atrás de Tatum. Morgan balançou a cabeça,
tentando afastar as noções indesejadas de tentar um outro
relacionamento. Ele não precisava desse stress. Tinha que comprar animais e
figuras de ação para a cama de Kevin.
O menino estava programado para visitar no próximo fim de semana,
e se toda a papelada estivesse liberada, a criança ficaria indefinidamente, até
que sua mãe ou outros membros da família fossem encontrados. Se ninguém
reclamasse Kevin, Morgan pensava numa adoção.
Morgan passou pelo escritório de Roman, notou o riso abafado vindo
do lugar, e se apressou para seu próprio santuário técnico.
Grandes monitores estavam alinhados em três das paredes. Do chão
ao teto, prateleiras enchiam a quarta parede. Uma mesa de grandes
dimensões estava no meio da sala. Utensílios sem utilidade, metal e plástico
cobriam a maior parte da superfície, circundando um teclado moderno ligado a
um poderoso computador que preenchia o armário no canto e cada tela nas
paredes.
Quando o máximo de privacidade ou sigilo era um problema, Morgan
poderia puxar para cima mais um pequeno monitor de um cubículo em sua
mesa. Caminhos estreitos serpenteavam por toda a sala, manobrando em
torno de caixas e mesas cheias de material e do mais novo equipamento que
obteve para ajudar a equipe no resgate de pessoas.
Quando Morgan não estava criando programas especiais de
computador ou pesquisando na web, participava de conferências técnicas e
assistia vários informativos sobre ordenação e integração do novo software e
equipamentos em seus sistemas. Muitos especialistas no campo solicitavam o
conselho do Morgan. Alguns eram parte de agências que não se podia falar, a
menos que possuísse uma ordem judicial em sua mão.
Enquanto enchia um carrinho virtual com brinquedos e roupas para
Kevin, Morgan manteve uma orelha para fora para a porta do escritório de
Roman. Dois outros homens tinham entrado para entrevistas de emprego,
pensando que eram qualificados para substituir Reese.
Morgan poderia dizer pela carranca no rosto de Roman e seu ar de
desprezo quando os homens deixaram seu escritório que não estariam de
volta.
Uma hora depois, o som de uma maçaneta fez Morgan sentar ereto.
— Você tem tempo para um passeio? Gostaria de ouvir o que acha
das nossas instalações.
O tom morno de Roman fez Morgan endurecer. Ele ignorou a lasca de
prazer proibido que correu em seu peito com o pensamento de Tatum
conseguir a posição médica. Parte dele sentia como se estivesse traindo Reese.
— O meu voo não sairá até esta noite. — Respondeu Tatum. — O que
vi do lugar até agora tem sido magnífico. Gostaria de ver mais.
A voz de Tatum lembrou Morgan de caramelo quente espalhando
sobre uma maçã vermelha crocante. O pensamento dessa voz murmurando
em seu ouvido, enquanto Tatum o segurava para baixo e deslizava
profundamente em seu traseiro, fez seu pulso acelerar e seu pau endurecer.
Passos recuaram e a voz de Roman se afastou. Morgan estava
paralisado. Esperou até que ouviu a porta da frente fechar antes de sair de seu
escritório.
Estava com a mão na maçaneta da porta quando Garrett falou atrás
dele:
— Eu sabia que Roman tinha ficado impressionado com esse cara no
ano passado, quando se conheceram num seminário, mas pela expressão no
rosto do capitão, o homem conseguiu superar todas as expectativas. Diria que
temos o nosso novo médico.
Morgan olhou por cima do ombro para Garrett, que cozinhava todas
as refeições e mantinha a fazenda funcionando como se fosse uma máquina
bem oleada.
— Não sabemos se Roman ofereceu-lhe o trabalho, ou se ele aceitou
o cargo. — Ressaltou.
Os olhos azuis claros de Garrett se estreitaram quando o homem
estudou Morgan.
— Você tem um problema com ele? Se tem, é melhor falar com
Roman. Sabe tão bem quanto eu que Roman não aprova qualquer atrito entre
seus homens. — Garrett levantou uma sobrancelha. — A menos que seja de
natureza sexual.
Morgan teve uma súbita necessidade de obter o inferno longe do
homem demasiadamente observador.
— Vou ver como o curso de obstáculo está indo.
A risada de Garrett seguiu-o para fora da porta e azedou ainda mais
o seu humor.
O curso de obstáculo havia nascido depois que a equipe se tornou
obcecada em assistir a um show de televisão chamado American Ninja Warrior.
As vaias e insultos voaram quando os participantes caíam enquanto tentava
manobrar através de uma sequência fisicamente difícil de desafios.
Quando alguém sugeriu que poderia fazer melhor, começaram a
planejar construir um percurso próprio.
Ao longo dos meses, a dificuldade dos obstáculos cresceu de uma
atividade divertida, para um treino duro, algo que ninguém tinha conquistado.
Até agora, só tiveram um acidente grave, quando Joe, o marido de
Rhys, deslocou o ombro e quebrou o braço.
Morgan pesquisou o curso e contou nove diferentes tarefas. Os caras
tinham adicionado mais uma ao longo da última semana. O início desafiava
uma pessoa a pular através de postes verticais enterrados no chão a uma
distância de 1.80m entre eles. De lá, observou vários aros, paredes e
obstáculos que precisavam ser conquistados até que a pessoa alcançasse uma
enorme parede deformada elevando-se sobre eles. O último obstáculo
desafiava uma pessoa a escalá-lo, chegar a borda superior, e mover seu corpo
por cima da borda para que pudesse pegar uma bandeira que indicava que
tinha terminado o percurso.
Olhando através do gramado, ele viu Roman e Tatum desaparecer
pela porta de trás da parede que se abria para a fazenda de dez
acres. Localizado no outro lado da porta, estava o hangar e outras
dependências que mantinham grandes máquinas. Flyer e Styx tinham
construído uma nova casa ao lado do hangar.
— Vamos, Cayman, você pode fazê-lo. — Parker gritou.
Morgan olhou para o percurso. Ele tinha que dar crédito ao médico
por apoiar um de seus maridos, mas Morgan podia ver que Cayman, tentando
manobrar a partir de uma pequena bola de ténis para a próxima, estava
forçando a massa muscular de seu corpo. De jeito nenhum iria durar muito
tempo segurando todo o seu peso com apenas suas mãos.
Os braços do homem tremiam, e suor acrescentou um brilho a sua
pele bronzeada. Cayman parou e os cotovelos tremeram até que ele desligou,
mole e imóvel. Segundos depois, o corpo do grande homem pousou numa
grossa esteira com um enorme estrondo e uma lufada de ar liberado. Parker
lançou seu corpo muito menor sobre seu marido, e eles rolaram em torno,
rindo e se beijando.
— O que acha, Morgan? — Isaiah subiu ao lado dele. — Já faz um
tempo desde que tentou vencer “a Besta”.
Morgan riu.
— É assim que estão chamando isso agora?
O sorriso branco do homem alto se destacou contra sua pele escura e
um toque de diversão alcançou seus olhos verdes. Morgan respeitava Isaiah e
achava que o homem negro era uma das poucas pessoas que não o irritavam
muito.
— Jimmy e Tristen decidiram que ele precisava de um nome — O
especialista em armas respondeu. — E não vou discutir com aqueles dois.
— Isso é porque é um homem inteligente. — Morgan comentou.
Os dois irmãos eram notórios pelas discussões entre eles. Apenas
Roman poderia exercer qualquer controle sobre a boca de Jimmy. As medidas
utilizadas por Roman incluíam uma grande palmada para deleite de
Jimmy. Morgan nunca duvidou que Jimmy amasse cada segundo da punição.
Tristen era o único que trocava palavras ásperas com Jimmy. Caso
contrário, o homem pequeno e lindo era calmo e só tinha olhos para seu
marido, Santos.
— Vai experimentá-lo, Morgan? — Isaiah estendeu um braço e seu
marido, Carson, deslizou no abraço do homem.
Olhando em volta, Morgan viu que toda a equipe e seus maridos
estavam reunidos em torno do campo.
— Tudo bem. — Morgan tirou a camisa de manga comprida xadrez e
colocou-o sobre as costas de uma cadeira de gramado nas proximidades. —
Acho que posso mostrar-lhes como deve ser feito.
Assobios, gritos e risadas seguiram seu anúncio.
Morgan podia ver que suas botas seriam inúteis nesse percurso. Ele
precisava de alguma tração pesada para enfrentar alguns dos
obstáculos. Sentou-se no chão e tirou o calçado e as meias.
— Uhu, ele vai com os pés descalços. — Flyer brincou. — Morgan está
falando sério.
Morgan ignorou os arrepios cobrindo seus braços. Mesmo com a alta
temperatura, sem sua camisa de flanela, sentia frio, graças a um acidente de
infância envolvendo uma lagoa, um pouco de gelo instável e temperaturas
abaixo de zero. Sua temperatura corporal nunca tinha se recuperado para o
que deveria ser.
Depois de subir uma escada para uma pequena plataforma, Morgan
saudou a multidão e fez uma reverência quando todo mundo aplaudiu. Ele
sabia que o consideravam como um pavio curto e mal-humorado. Por baixo,
ele realmente amava e, mais importante, respeitava cada homem presente.
Depois de tomar uma respiração profunda, Morgan começou sua
tentativa de conquistar cada obstáculo. Ele começou saltando de um poste
vertical para outro até chegar a uma plataforma. Sem parar, se balançou de
anel para anel, até que deixou um total de cinco atrás dele.
Morgan caiu em um poste horizontal de 7,5 centímetros e estendeu
os braços para manter o equilíbrio enquanto manobrava seu corpo. Com
ambas as mãos, ele agarrou uma barra de metal e balançou o corpo para trás
e para frente até que se lançou no ar e pegou outra barra a 1.80 de distância.
Repetiu esta ação mais duas vezes. Ele atacou uma parede de escalada e
deslizou por uma tirolesa.
Fazendo uma pausa, Morgan olhou para cima ao longo do
comprimento de seis metros de rede de carga que precisava subir. Mesmo
tomando seu tempo, suas pernas e coxas doíam e seus antebraços
queimavam. No topo, ele se inclinou e balançou os braços.
Ele se perguntou quanto mais o seu corpo poderia aguentar.
O próximo obstáculo consistiu de pedaços de madeira de cinco
centímetros de espessura e comprimentos diferentes. Eles eram ligados em
diferentes alturas sobre uma parede com cerca de seis metros de
comprimento. Ele precisava usar as pontas dos dedos para atravessar aquelas
minis prateleiras até chegar ao final da parede.
Chegou ao fim de um pedaço de madeira antes que seus dedos
cedessem e caiu quase quatro metros até a esteira.
Morgan estava deitado na esteira, tentando dizer a seus músculos
zumbindo que precisavam começar a trabalhar novamente. Ao redor dele,
todos aplaudiram e o felicitaram até onde tinha ido.
Pronto para se mover fora do tatame, Morgan sentou-se. A sua frente
estava Tatum. Os olhos castanhos do homem brilharam e Morgan endureceu,
com certeza o recém-chegado estava tramando algo.
— Bom trabalho. — Disse Tatum.
Alívio o preencheu que o homem não o chamou de “doce” na frente
dos caras. Por outro lado, uma parte minúscula dentro dele ficou desapontada,
porque o homem não usou o nome especial.
Morgan estava começando a se perguntar se estava indo ou vindo
com todas essas emoções confusas em guerra dentro dele. Graças a Deus o
homem logo estaria saindo e Morgan poderia ter um pouco de paz.
Tatum estendeu a mão.
— Vamos, doce. Vamos tirá-lo do caminho para que a próxima pessoa
possa tentar vencer essa coisa.
Morgan franziu os lábios para o homem exasperante. Sabendo que o
grupo estava observando cada movimento seu, agarrou a mão de Tatum e
deixou o cara puxá-lo de pé. Ele podia jogar bonito.
Uma vez de pé, Morgan se moveu fora do tatame. Ele tentou ser
discreto, enquanto puxava a mão livre. A aderência do polvo não afrouxou.
— Gostaria de fazer um anúncio. — Roman falou, ganhando a atenção
de todos.
Tatum soltou a mão de Morgan. Seu alívio por estar livre foi de curta
duração quando Roman continuou falando.
— Tenho o prazer de anunciar que Tatum aceitou minha oferta da
posição de médico no Resgate Contratado do Oeste.
Ninguém falou ou se moveu. Todos sabiam que esse dia chegaria. A
equipe precisava de dois médicos, e logicamente, perceberam que Reese
nunca seria capaz de voltar.
Isso não significa que ainda não doesse como uma cadela.
Morgan não conseguia evitar a tensão fluindo através de seu corpo. O
estresse derramou de sua boca:
— Sabemos que ele tem sido um paramédico na cidade grande, mas
ele pode lidar com a parte física do nosso trabalho?
— Está questionando a decisão de Roman? — Perguntou Jimmy.
— É uma preocupação justa. — Tatum disse antes que Morgan
pudesse se defender.
— Vamos ver o quão longe você pode ir na “Besta”. — Parker sugeriu.
Todos esperaram pela resposta de Tatum. Morgan podia ver esta
situação terminando de uma série de maneiras diferentes, sendo uma delas
Tatum voltando para San Clemente e nunca retornando. Por que não tinha
vontade de dançar o cha-cha-cha com esse pensamento? Isso deveria fazê-lo
feliz, certo?
O olhar de Tatum flutuou sobre o grupo antes de examinar o
percurso.
Depois de um momento, ele se voltou para os outros homens e disse:
— Tudo bem.
Morgan assistiu Tatum tirar o paletó e colocá-lo sobre a camisa de
flanela de Morgan, ainda deitada na parte de trás da cadeira do
gramado. Dedos ágeis desabotoaram a camisa, que se juntou ao paletó.
Tatum enrolou as pernas da calça até chegarem à altura dos
joelhos. Depois, tirou as meias e os sapatos.
Vestindo apenas a calça e uma fina camiseta branca sem mangas,
Tatum voltou-se para Morgan e sorriu antes de retirar a faixa segurando o
cabelo para trás. Ele pegou a mão esquerda de Morgan e deslizou a faixa no
dedo de Morgan.
— Aqui está, doce. Segure isso para mim.
— Puta merda. — Exclamou Jimmy. — Tatum reivindicou Morgan.
— Não acho que ele é o tipo que se contenta com um arranjo de
amigos-com-benefícios. — Tristen comentou.
— Claro que não. — Jimmy disse. — Tatum pode ser apenas alguns
centímetros mais alto do que Morgan, mas está claro que é um alfa como o
resto dos grandes caras por aqui.
Morgan olhou para os irmãos. Eles poderiam ter sabido sobre Reese e
suas visitas de fim de noite a seu quarto? Ele tinha certeza de que ninguém
sabia. Tinham sido cuidadosos.
Um dedo deslizou sob o queixo de Morgan e correu até sua boca
fechada.
— Não sei por que está tão assustado, mas agora é a hora de ficar
impressionado com os meus movimentos. — O dedo de Tatum deixou o queixo
de Morgan e beliscou sua bochecha.
— Pare com isso. — Morgan passou a mão sobre o local abusado em
seu rosto.
Tatum deu um tapinha no traseiro de Morgan antes de subir para a
primeira plataforma.
Morgan apertou os dentes. Esperava que o homem caísse no primeiro
obstáculo. Direto sobre essa bunda poderosa e redonda. Morgan poderia
consolá-lo por cair sobre sua bunda antes de se afastar.
O pensamento de deixar o homem deitado de costas como se fosse
uma tartaruga presa encheu Morgan com paz e felicidade absoluta.
Todos os seus pensamentos paralisaram. Morgan ficou encantado
com a visão de Tatum atacando o percurso. Santo inferno. Sua pele ouro
bronzeada brilhava com o suor. O sol pegou nas pontas loiras brilhantes de seu
cabelo, e nos músculos flexionados da coxa.
O homem parecia flutuar ao longo dos postes verticais.
— Acho que os homens estão observando como ele está trabalhando
duro para não se machucar ao cair. — Carson comentou.
Morgan olhou para o pequeno loiro. Os olhos azuis do homem se
arregalaram enquanto observava Tatum. Isaiah jogou o braço em volta do
peito de Carson e o puxou de volta contra o seu corpo maior. O pequeno
homem derreteu no abraço de seu marido.
— Ele é quase melhor do que pornografia. — Acrescentou Jimmy.
Tatum tinha atingido os anéis. Ele ficou pendurado no metal curvo e
balançou duro, esticando o braço para o próximo. Morgan não conseguia tirar
os olhos do homem, seus ombros e peito.
— Vamos esperar que ele não caia antes da rede de carga. — Tristen
afirmou.
— Por quê? — Tolliver, o marido de Garrett, perguntou.
— Pode imaginar como seu traseiro irá parecer, enquanto ele está
subindo? — Explicou Jimmy.
O olhar de olhos azuis de Tolliver assistiram a poesia no movimento
de deslizamento para baixo da linha zip.
— Foda. — Ele sussurrou.
Santos deu a Jimmy, Tristen, e Tolliver os apelidos de Flopsy, Mopsy
e Cottontail1, Morgan, porém, não se divertiu com os três coelhos travessos.
— Ele não é um pedaço de carne. — Morgan estalou.
— É verdade. — Jimmy concordou. — Mas com certeza é um grande
colírio para os olhos.
— Punhado... — A advertência na voz de Roman quando ele chamava
Jimmy por seu apelido especial enviou um arrepio na espinha de
Morgan. Roman poderia ser letal em um bom dia, terrível num mau.
Jimmy sorriu, aproximou-se de Roman, e apoiou-se contra o corpo de
seu marido. Morgan pensou que o homem menor tinha bolas maiores do que
jamais teria.
Roman abraçou Jimmy, levantou-o do chão, e roçou os lábios contra
a têmpora do homem menor.
— Apenas um lembrete a quem você pertence. — Roman murmurou
ao ouvido de Jimmy. — Mais tarde vou lhe mostrar com a palma da minha
mão, onde o meu nome está tatuado em sua bunda doce.
A resposta de Jimmy foi um enorme sorriso e um sussurro:
— Mal posso esperar.
Morgan ouviu o comentário, e assim o fez todos a seu redor. Os caras
riram. A bunda de Morgan vibrou com a ideia de ser reivindicada com tal
intensidade.
— Alguém quer apostar que ele faz todo o caminho? — Perguntou
Rhys.
Tatum alcançou a última plataforma e balançou os braços. Com seu
peito musculoso, braços, e coxas esticando as costuras das calças, o homem
1
Flopsy, Mopsy e Cotton-tail , são coelhos que vivem em uma toca que tem cozinha e móveis humanos.
parecia magnífico.
Morgan teve que engolir a saliva extra em sua boca.
— Acho que ele poderia fazê-lo até o fim. — Disse Santos. — Mas será
que vai?
— Não aposte no meu novo funcionário. — Roman afirmou antes que
alguém pudesse perguntar o que Santos queria dizer com essa pergunta.
Tatum atingiu a primeira pequena placa fixada à parede. Morgan não
tinha chegado muito mais longe antes que tivesse caído.
Com movimentos rápidos, eficientes, Tatum mudou da primeira placa
para a próxima. Ele continuou até que alcançou o menor pedaço de madeira no
meio do caminho.
O próximo pedaço estava 90 centímetros acima dele e a 60
centímetros de distância. Tatum firmou os pés na parede e lançou seu corpo
para cima, tentando agarrar a madeira, mas errou e caiu para o tapete.
— Ah, tão perto.
— Impressionante.
— Não foi ruim.
Morgan não se incomodou em acrescentar algo aos comentários. Ele
caminhou até a cadeira de gramado e puxou a camisa de debaixo da pilha de
roupas de Tatum, deixando-as cair no assento.
Depois de pegar os sapatos e as meias, ele foi para a fazenda.
De propósito ou não, Tatum caindo tinha sido o suficiente para
impressionar a equipe. O homem estaria se enturmando.
A lealdade de Morgan para Reese guerreou com a atração que tinha
por Tatum. Seu mundo inteiro ruiu quando pensou em todas as suas tentativas
falhas de relacionamentos.
Se Morgan começasse algo com Tatum e sua falta de sorte no amor
se repetisse, ele não achava que poderia voltar a coexistir na mesma casa. Os
outros tinham facilmente se adaptado depois de jogá-lo fora.
Desta vez com Tatum, Morgan não achou que seria capaz de
permanecer na equipe.
Depois de entrar na fazenda, Morgan entrou em seu escritório e
fechou a porta atrás dele.
****
Tatum sentou-se e ouviu a incrível variedade de homens sentados ao
redor da mesa. Aquela seria sua casa.
Seus sonhos se tornaram realidade.
Depois que Tatum tinha caído sobre a pista de obstáculos, Garrett
anunciou que havia frutas frescas e pão caseiro esperando na cozinha para
fazer um lanche. Ninguém hesitou, e minutos depois eles estavam na sala de
jantar da hacienda.
Ele tinha conhecido a maioria da equipe em Reno no ano anterior,
num seminário sobre treinamento de salvamento, e novamente quando tinha
chamado Roman para ver se um homem sem-teto que vivia na praia era o seu
médico, Reese.
Agora maridos da equipe tinham sido adicionados à mistura, e os
resultados foram surpreendentes. Todo homem presente tinha o tipo de boa
aparência que faria uma pessoa observá-los quando entravam numa sala. Mas
nenhum deles era semelhante, até mesmo os irmãos, Jimmy e Tristen. Jimmy
projetava um pequeno atributo agressivo, com tendência a irritação, enquanto
Tristen tinha a fluidez e magnetismo bonito de uma estrela pornô.
As cicatrizes externas de Tolliver e Carson não diminuíram sua doçura
ou auras frágeis. Joe Beck não poderia ser confundido com qualquer outra
coisa, além do cowboy que era, nem podia o enorme bad-boy Styx Randall ser
qualquer coisa, além de um mecânico de motocicleta. Tatum não podia esperar
para trocar pontos de vista sobre motocicletas com ele.
Cayman e Seth Kent confundiram a mente de Tatum. Ele identificou
os irmãos como fisiculturistas. Apostaria nessa ideia. Mas, eram
encanadores. Quem diria?
— Sua família vive na Califórnia? — Perguntou Jimmy. — Será que
eles têm um problema com você se mudando para Nevada?
— Meus pais são professores de uma universidade em Massachusetts.
— Tatum tentou evitar um sorriso amargo se formando. — Eles nunca me
perdoaram ou a meu irmão por não obter um mestrado e ir para o mundo da
educação como eles.
— Você salva vidas. — Parker comentou. — Acho que se orgulham
disso.
Tatum bufou.
— Mesmo que me tornasse um médico, ainda teriam um ataque. Isto
é, a menos que desse aulas de medicina em alguma universidade.
— Uau, eles são duros. — Comentou Jimmy.
— Só um pouco. — Disse Tatum.
— Você mencionou um irmão. — Flyer encheu seu prato com
frutas. Seu terceiro prato cheio. — O que ele faz para viver?
— Ezra é da Força Aérea, servindo na Alemanha. — Tatum
respondeu. — Ele diz que é um intérprete de computador, seja lá o que isso
signifique.
— Não entendi. — Flyer balançou o garfo no ar enquanto falava. —
Mas entendo tudo o que envolve voar, então adoraria conversar com ele.
— Ele tem sua licença de piloto, mas não tenho certeza do quanto voa
n uma base diária. — Tatum admitiu.
Flyer assentiu e empurrou a metade de um grosso pedaço de pão
com manteiga em sua boca. Tatum nunca tinha visto alguém comer tanto.
A seu lado, Cayman inclinou-se e murmurou:
— A primeira vez que o vi comer, tinha certeza de que ele iria entrar
em coma induzida por alimentos e que íamos ter que arrastá-lo para o
hospital.
Tatum estudou Flyer.
— Eu diria que seu metabolismo está fora do normal.
— Essa compulsão nunca para, exceto quando está voando. — Disse
Seth. — A transformação é surpreendente. Ele se torna o piloto mais calmo e
competente que já vi.
— Bom. — Tatum comentou.
Garrett entrou na sala segurando uma pequena tigela e a colocou na
frente de Flyer.
— Me pergunto se Morgan vai fazer uma aparição. Acredito que ele
está escondido em seu escritório.
Tatum quase perdeu a afirmação de Garrett. Sua atenção estava fixa
na tigela cheia de gelatina verde. Fascinado, assistiu Flyer sorrir e puxar a taça
antes do material verde desaparecer em sua boca. Grande e de aparência
perigosa, Styx colocou o braço ao longo das costas da cadeira do
homem. Flyer escavou uma porção de gelatina em sua colher e alimentou seu
marido, o amor entre os dois era aparente.
Rhys disse:
— Posso ir perguntar a ele.
Tatum desviou o olhar do casal, empurrou a cadeira para trás, e se
levantou.
— Vou ver.
Alguns dos caras limparam as mãos sobre a boca. Outros apenas
riram. Jimmy foi o único que se atreveu a dizer algo em voz alta:
— Bem, acho que precisa fazer algo para obter a sua faixa de cabelo
de volta.
Tatum parou na porta.
— Ou talvez mantê-la em seu dedo.
Riso e assovios o seguiram pelo corredor até o escritório de
Morgan. Não dando ao homem espinhoso a chance de evitá-lo, Tatum não se
preocupou em bater na porta e entrou em uma sala cheia até a borda com
material tecnológico.
— Saia.
Tatum fez questão de manter o passo fácil quando se aproximou e
encostou-se à mesa. Domar aquele homem rabugento era um desafio que
pretendia superar. Ele sentiu que os benefícios resultariam numa vida
maravilhosa.
Morgan estava sentado com os braços cruzados sobre o peito.
— Não amue, doce. — Ordenou.
— Que diabos está falando? — Morgan se inclinou para frente e pôs as
mãos sobre a mesa. — Você é o único que entrou aqui sem ser convidado.
Tatum pegou a mão de Morgan e traçou a faixa de cabelo ainda
envolto em torno de seu dedo anelar. Morgan empurrou a mão dele.
— Vai sair e ter algo para comer com o resto dos caras?
— Você não pode substituir Reese. — Morgan passou a mão sobre o
rosto e olhou para Tatum do canto do olho. — Ele era um em um milhão.
Ok, o homem não era de rodeios.
Tatum admirava essa característica.
— Não sou Reese. Sou Tatum. — Respondeu. — Vou trazer minha
própria maneira de fazer as coisas na posição de médico. — Tatum estudou
Morgan, observando os dedos nervosos movendo porcas, parafusos, e cartões
de memória de um lugar na mesa para outra. — Do que tem medo?
Morgan ficou de pé, fazendo sua cadeira de escritório voar de volta
até que caiu numa das caixas cheias de roupas verde-limão fluorescente.
— Não tenho medo de nada! — Morgan gritou. — Quem pensa que
é? Tem jogado desde que nos conhecemos. Existe uma placa pendurada em
mim que diz: use-me, sou fácil e descartável?
Tatum se levantou, agarrou a frente da camisa de Morgan, e puxou-o
mais perto até que seus rostos estavam a centímetros de distância.
— Não sei de onde no inferno isso veio, meu amigo...
— Amigo? — Morgan cuspiu. — Veja, esse é o problema. Os amigos
não agarram amigos e os ameaçam com danos corporais. Por que diabos é que
todos querem ser meus amigos? Não valho nada mais?
Tatum estudou o rosto corado de Morgan e seus olhos
brilhantes. Havia um monte acontecendo sob a superfície deste homem, e não
tinha tempo para resolver o problema. Isso poderia levar uma vida inteira, e
tinha que pegar um avião.
A boa notícia era que estaria de volta e mais do que disposto a
assumir Morgan.
Com um puxão, a distância que os separava desapareceu. Tatum fez
com que seu beijo deixasse claro suas intenções. Não haveria persuasão ou
provocação. Sua boca trabalhou Morgan em uma clara reivindicação. O homem
tinha um sabor delicioso.
Eles se separaram. Morgan olhou com olhos arregalados para ele.
— Quando eu voltar, vamos terminar esta linha de discussão. Para
registro, não somos amigos. Somos muito mais.
Tatum depositou mais um beijo duro na boca de Morgan e se
afastou. Na porta, ele parou e olhou para trás por cima do ombro.
— Mantenha a faixa em seu dedo. — Tatum piscou para Morgan. —
Parece boa lá.
Capítulo Cinco
Tatum entrou em Los Héroes mais do que pronto para começar seu
novo trabalho e vida. Uma ligação para Garrett tinha confirmado que seu
material tinha chegado e estava empilhado em seu quarto. Agora tudo o que
tinha a fazer era encontrar um determinado especialista em computador e ver
se poderia passar por seu exterior espinhoso. Na realidade, Tatum não se
importava com quão rude Morgan se tornasse. Ele gostava do homem do jeito
que ele era.
Depois de uma leve batida na porta do escritório de Roman, entrou
na sala. Roman estava sentado atrás de sua mesa, escrevendo num laptop.
— Olá, Tatum. — O grande homem fechou o computador. — Espero
que sua mudança para Los Héroes tenha ocorrido bem.
— Sim, acabei de chegar. — Respondeu Tatum e se sentou numa
cadeira em frente a Roman. — Agora tudo o que tenho a fazer é
desempacotar.
— Tire o dia para se ajustar. — Roman juntou as pontas dos dedos. —
Toda manhã, depois do café, a equipe se reúne aqui para passar a
programação diária. Vou esperar que se junte a nós amanhã. O único outro
item que deve estar ciente neste momento é que o horário de refeição de
Garrett está escrito em pedra. Ele é o único que pode fazer qualquer
alteração. Basta lembrar sete, meio-dia e seis. Nunca, não importa o que, se
atrase.
— OK. Vou manter isso em mente. — Tatum não tinha planos para
balançar o barco.
A porta do escritório se abriu. O marido de Roman correu e ficou com
as mãos nos quadris.
— Roman, ele está na piscina novamente. — Jimmy anunciou. — Vai
se machucar ou se afogar. Tristen diz que está nadando sem parar durante a
última hora.
A mandíbula de Roman endureceu.
— Ele está trabalhando através das coisas. Dê-lhe tempo.
Tatum se perguntou de quem eles estavam falando.
— Não. — Jimmy opôs. — Ele não precisa sair correndo pelo campo
até entrar em colapso, e nadar até que não tenha a energia para sair da
piscina. Ele vai ferir alguma coisa e estar fora de combate quando uma
chamada de resgate entrar. Nos últimos dias, mal falou com alguém, e quando
diz algo, puro veneno sai de sua boca. — Jimmy se inclinou para frente, apoiou
a mãos sobre a mesa, e olhou para Roman. — Faça alguma coisa. Você sabe
que os caras estão prontos para intervir e fazê-lo falar sobre o que o está
incomodando. Nada nisso vai ser bonito.
Quem estava tendo problemas? Tatum pensou que soava como se
essa pessoa estivesse muito ruim.
— Estava esperando que Morgan dissesse algo, mas esta noite no
jantar, decidi fazer o anúncio de que Morgan perdeu Kevin.
Kevin? Quem diabos é Kevin?
A boca de Jimmy caiu aberta por um momento, antes que
recuperasse a compostura.
— Do que está falando? Isso é insano. Para onde ele foi?
Tatum não conseguiu segurar um segundo a mais.
— Quem é Kevin?
— Kevin é um menino que encontramos durante um resgate. —
Respondeu Roman. — Ele foi sequestrado e vendido para um pedófilo. Algo
clicou entre Morgan e Kevin. Morgan tornou-se licenciado como um pai adotivo
e deveria trazer Kevin aqui para Los Héroes no último fim de semana, mas
fomos chamados para fora num resgate.
— Como Morgan perdeu Kevin? — Jimmy interrompeu.
— Enquanto estávamos fora no resgate, as autoridades encontraram
a mãe de Kevin e ele retornou para ela. — Disse Roman.
— Puta merda, que droga! — Exclamou Jimmy. — Não é de admirar
que Morgan esteja uma bagunça. Ele adorava aquela criança. — Jimmy
mordeu o lábio e parecia estar pensando antes de dizer: — Droga. Morgan vai
ser um inferno para se viver por um longo tempo.
Tatum se ergueu.
— Com licença. Acho que vou vê-lo.
A cadeira de Roman rangeu quando o grande homem mudou seu
peso. Algo sobre o olhar de Roman fez Tatum parar. Ele esperou e suportou o
escrutínio de Roman. Roman pegou uma caneta e girou em torno de seus
dedos.
— Sei que há uma forte atração entre você e Morgan. — Roman
continuou a brincar com a caneta. — Te aconselho a pensar muito sobre o que
quer. Ninguém aqui lhe permitirá empurrar Morgan ao redor ou usá-lo para
aliviar o tédio. Se for para Morgan agora, é melhor que seja porque quer um
relacionamento sério. Ele está sofrendo por perder mais do que apenas Kevin.
— Sim, como...
— Nem mais uma palavra. — Roman interrompeu Jimmy. — Essa
informação é para Morgan contar.
Tatum suspeitava que Morgan e Reese tinham algum tipo de
relacionamento, mas sentiu que Roman estava falando sobre algo ou alguém
que não Kevin ou Reese.
Para Tatum, o destino tinha selado seu futuro na primeira vez que viu
Morgan. Tatum achou a expressão intensa nos olhos de Morgan e sua postura
de tirar o fôlego.
— Vou manter isso em mente, obrigado. — Tatum assentiu e foi
encontrar Morgan.
Atrás dele, ouviu Jimmy dizer:
— Poderíamos ter dito a ele. Não é como se fosse um grande segredo
por aqui.
— Não. — A firmeza na resposta de Roman disse que o assunto
estava encerrado.
Tatum entrou no pátio com teto de vidro e cheio de plantas. Quem
planejou a fazenda e decidiu colocar o pequeno pedaço de paraíso no centro da
grande casa merecia receber um prêmio.
Seu olhar caiu sobre o homem na piscina, atacando a água. Aquilo
não era um deslizar suave através do líquido cristalino, de qualquer maneira
ou forma. As braçadas furiosas de Morgan e seus pontapés jogavam água em
todas as direções.
Ao lado da piscina estava uma pilha de boias infladas
coloridas. Tatum pegou um golfinho de grandes dimensões e jogou na
piscina. Ele fez com que o mamífero plástico brilhante bloqueasse o caminho
de Morgan.
Sua tentativa de interromper o treino de autodestruição do homem
falhou quando a mão de Morgan encontrou o brinquedo e o tirou fora do
caminho. Suspirando, Tatum tirou a camisa, sua calça favorita de motociclista
e suas sandálias. Vestido com uma cueca azul-escuro, desceu os degraus da
piscina, fazendo uma careta quando o líquido atingiu suas bolas. Não
importava o quão quente estivesse, nunca iria se acostumar com o choque de
submergir seus pedaços sensíveis na água.
Morgan tocou a parede no final da piscina e virou-se para nadar mais
uma volta. O homem estava tão profundamente mergulhado em si mesmo que
nunca abriu os olhos. Tatum agarrou o golfinho, fez seu caminho através da
água até que atingiu sua cintura, e esperou. Quando Morgan alcançasse o
golfinho, desta vez, não iria a lugar nenhum.
Tatum apoiou as pernas para o impacto. O braço de Morgan bateu no
brinquedo. Água espirrou em todas as direções, e Morgan soltou um grito
antes de mergulhar. O homem quebrou a superfície com o cabelo colado à
cabeça, a água escorrendo por seu corpo musculoso e fogo piscando em seus
olhos. Tatum deixou o golfinho flutuar.
— Que diabos está fazendo? — Morgan empurrou seu cabelo e a água
gotejando em seus olhos.
— Olá, doce. — Tatum não teve que esperar muito tempo por uma
reação.
— Não me chame assim.
Os lábios de Morgan estavam azuis e tremiam. Arrepios cobriam a
pele do homem. Morgan cruzou os braços sobre o peito, enquanto ondas de
tremores sacudiram seu corpo.
Tatum nadou mais perto. Morgan se afastou.
— Hora de se aquecer, doce.
— Não me diga o que fazer. Estou sempre frio. Tentar pescar uma
bola de futebol no gelo fino de um lago e cair nele, faz isso com você. Quando
a polícia chegou, a hipotermia havia se estabelecido.
Tatum franziu o cenho e se aproximou.
— Será que a imersão no gelo afetou a temperatura do seu corpo?
Morgan recuou.
— Estou bem. Vá embora.
O avô de Tatum costumava dizer que havia mais de uma maneira de
esfolar um gato. Quando criança, ficou chocado com as palavras grosseiras do
velho. Quando cresceu, percebeu que era apenas uma maneira de afirmar que
havia maneiras diferentes para realizar um objetivo.
Seu avô já havia tirado a pele de um gato? A resposta dele para essa
pergunta tinha sido: “de jeito nenhum; eles são muito magros”.
Tatum tinha adorado o homem.
Agora seguiu o conselho de seu avô e se aproximou de Morgan,
certificando-se de que, quando o homem se afastou, estivesse indo para os
degraus da piscina. Neste ponto Tatum sabia que se dissesse preto, Morgan
diria branco.
— Vejo que eles têm um aquecedor. — Tatum manteve seus
movimentos e tom lento e suave. Morgan o lembrou de um potro arisco que foi
espancado e privado de comida. Ele suspeitava que Morgan havia sido
espancado pela vida, mas do que ele estava carente? — Aposto que uma
toalha quente iria ser boa agora.
O olhar de Morgan correu em volta antes de descansar em Tatum.
— Me deixe em paz. Estou ocupado.
O homem era uma bagunça. Uma massa tremula de miséria. O
desespero em seus olhos quebrou o coração de Tatum.
— O que aconteceu, doce?
Morgan entrou em ação, girando e nadando através da água até
chegar ao lado da piscina. Sem se incomodar em usar a escada, ele apoiou as
mãos no piso de azulejos e impulsionou-se para fora da água. Pelo menos essa
era a sua intenção.
Na realidade, os movimentos de Morgan eram desajeitados, e ele
levou duas tentativas antes de estar ajoelhado na cerâmica turquesa com os
ombros curvados e cabeça baixa. A visão era o epítome da desolação.
Tatum retirou uma grande toalha branca, quente e envolveu em volta
dos ombros de Morgan. Ele recebeu um encolher de ombros indiferente como
objeção por seus esforços. Ele se ajoelhou atrás de Morgan e puxou o homem
exausto, derrotado de volta em seu abraço.
— Deixe-me sozinho. — Morgan sussurrou.
Tatum sorriu para a faísca de rebeldia que ainda brilhava nos olhos
do homem. Atração se transformou em desejo, que se transformou em
necessidade. Finalmente se transformando em posse. A semente do amor
cresceu e formou raízes fortes.
Naquele momento, Tatum soube, sem dúvida que Morgan era o
homem para ele.
Morgan pareceu perder sua força e se apoiou pesadamente contra
Tatum. Ele precisava levar o homem ainda tremendo para cima e ao
chuveiro. Sabendo que Morgan iria tentar lutar com ele por todo o caminho,
Tatum tentou manter as coisas suaves por agora.
— Acho que precisamos lavar o cloro. — Disse Tatum. — Não sei
sobre você, mas estas pedras são duras para os joelhos.
— Não sinto nada. — O homem confessou.
Num movimento discreto, Tatum mudou sua mão e descansou as
pontas dos dedos no pulso de Morgan. Ele encontrou um pulso acelerado. O
paramédico em Tatum queria explodir em ação. Morgan necessitava se
aquecer, agora. Mas, lidando com um parceiro espinhoso, tinha de manter
suas ações de maneira branda.
— Ok, doce, precisamos levantar.
— Não quero.
Tatum puxou Morgan perto e empurrou-se para levantar a
ambos. Apesar das objeções do homem, Morgan colocou algum esforço nisso,
e conseguiram ficar de pé.
— Não me sinto bem. — Morgan sussurrou.
— Um banho quente vai ajudar.
Tatum acabou meio arrastando, meio carregando Morgan para a
porta do pátio que dava para o quarto do homem. Mais uma vez, pensou que o
criador da casa merecia um prêmio pela instalação dos quartos da casa ao lado
do pátio com portas que davam para a linda área. O quarto de Tatum era ao
lado do de Morgan. Por causa da necessidade de desembalar e se instalar,
tomou a decisão de usar o quarto de Morgan.
— Estamos quase lá. — Tatum tentou incentivar, um pouco
ofegante. O homem estava ficando mais pesado a cada segundo. — Só mais
um pouco.
Depois de entrar no quarto, Tatum não perdeu tempo, correu para o
banheiro e ligou o chuveiro. Assim que a água morna jorrou do grande
chuveiro, empurrou Morgan sob os jatos leves e se juntou a ele.
— Pode tentar ficar em pé, enquanto te ensaboo? — Perguntou
Tatum.
— Permanecer de pé é superestimado. — Morgan resmungou.
Tatum desistiu dessa ideia quando Morgan começou a inclinar-se para
o lado. Ele conseguiu pegar o corpo molhado, escorregadio no último
minuto. Depois de espiar o banco de chuveiro, Tatum guiou o homem quase
em coma para o banco, feliz que o local estava quente e cheio do vapor de
água quente. Demorou algumas manobras, mas Tatum conseguiu retirar o
calção de Morgan e sua própria roupa interior e jogar no canto.
Encontrou sabonete e toalhinhas limpas numa prateleira perto de
suas cabeças. Quando deslizou a toalhinha com sabão sobre a pele de Morgan,
o homem sexy gemeu e um sopro de ar quente acariciou o pescoço de Tatum,
que desejou que estivessem numa cena de sexo, em vez de puxando Morgan
de volta de um colapso de saúde.
Assim que tinha Morgan coberto de espuma, Tatum usou a toalhinha
para se lavar. Ele franziu a testa quando Morgan fechou os olhos e caiu de
volta contra a parede de azulejos. Era hora de obter os dois secos e na cama.
— Vamos lá, doce. — Tatum puxou Morgan na vertical antes de tentar
levantá-lo. Braços cercaram os ombros de Tatum, e quando Morgan estava em
pé, seus corpos se uniram.
— Você é um homem sexy. — As palavras de Morgan podem ter sido
arrastadas com fadiga, mas seu pau ficou em linha reta e orgulhoso.
— Vamos nos secar. — Tatum pediu. — Acho que uma soneca é o
próximo passo.
— Uma cama soa como uma grande ideia. — Morgan esfregou seu
corpo contra Tatum, sua pele escorregando e deslizando com água morna e
sabão.
O corpo de Tatum reagiu à provocação, e o sangue subiu em seu
pênis. Ele sabia que a situação poderia ficar fora de controle, se não pusesse
fim as ações de Morgan. Quando tomasse este homem e o fizesse seu, Morgan
estaria ciente do que estava acontecendo, não mergulhado em exaustão e
tristeza.
— Chega. — Ordenou, usando um tom que não admitia discussão.
Morgan congelou por um momento, parecendo desinflar. Ele tentou
se afastar de Tatum, mas Tatum não estava tendo nada disso.
As palavras de Morgan saíram duras, secas, e seus olhos brilharam
com veneno.
— Recue.
Tatum enfrentou a raiva de Morgan com autoridade sólida.
— Não.
Morgan trouxe seus braços para cima e tentou afastar os braços de
Tatum. Num movimento surpresa, Tatum girou Morgan ao redor e empurrou-o
sob o jato de água. Ele segurou o homem, cuspindo e engasgando, até que o
sabão se foi, antes de pisar mais perto, deixando o spray limpar as bolhas de
seu próprio corpo.
Tatum puxou Morgan sem resistência, para fora do chuveiro e o
secou com uma toalha de uma das prateleiras montadas no canto. Morgan
tinha se desligado. Seu rosto era uma parede em branco, e seu corpo moveu
somente quando Tatum se moveu.
— Ninguém pode correr mais que a dor. — Disse Tatum guiando
Morgan para fora do banheiro. — Ela vai pegar você de uma maneira ou de
outra.
— Foda-se.
Tatum piscou, se aproximou da cama, puxou o cobertor e a colcha
antes de incitar Morgan para se deitar. Ele empurrou atrás dele, forçando o
homem a se mover e dar-lhe espaço.
Morgan virou e deu as costas a Tatum. Homem tolo. Tatum deslizou
por trás de Morgan. Ele fez com que seu pênis duro descansasse contra a
bunda apertada de Morgan antes de colocar o braço em volta da cintura do
homem e puxá-lo até que seus corpos se encaixaram como se fossem peças
do puzzle.
— Não o convidei para minha cama. — Morgan quebrou o silêncio.
— Não, não convidou. — Tatum concordou.
— Por que está aqui, se não me quer?
— Quem disse que não o quero? — Tatum correu os dedos ao longo
dos músculos rasgados do abdômen de Morgan.
Morgan tentou se afastar, mas Tatum o segurou mais apertado.
— Você deixou isso claro no chuveiro. — Disse Morgan.
— Deixei o que claro? — Tatum replicou. — Que o respeito o
suficiente para não tirar proveito de sua dor de cabeça e cansaço? Vá dormir,
Morgan.
— Você não sabe nada sobre a minha mágoa. — Morgan murmurou.
— Vá dormir, doce. — Tatum ordenou mais uma vez. — Deixe meus
braços serem a sua segurança. Senão, vou te amarrar para ajudá-lo a se
acalmar.
O corpo de Morgan endureceu.
— Quem você pensa que é?
Tatum teve uma chance e cutucou o que achava ser um ponto
sensível com Morgan. Sua resposta iria dizer a Tatum se ele estava certo ou
não.
— Sou o único que vai lhe mostrar como é um relacionamento real.
— Você não sabe nada sobre mim. — Morgan estalou, em seguida,
voltou ao sarcasmo. — Relação real, certo. Dê o fora da minha cama.
— Não. — Tatum sorriu e aconchegou o corpo fresco do homem mais
perto, tentando aquecê-lo.
Achou a mudança de humor de Morgan fascinante. O homem lutou
contra ele. O fato era que Tatum superava Morgan por cerca de sete
centímetros e talvez seis quilos de músculos. A qualquer momento durante a
última hora, Morgan poderia ter se afastado se realmente quisesse. Era a
natureza de Tatum sempre ganhar a guerra, mas poderia ter sido uma grande
batalha entre eles. Morgan não o fez, o que, mais do que qualquer outra coisa,
mostrou a Tatum que o homem seria dele.
O quarto ficou em silêncio e Tatum relaxou, curtindo o aroma e o
corpo de Morgan. Logo, ele estava dormindo.
Um movimento trouxe Tatum de volta à consciência. Sua consciência
aguçada quando uma gaveta se fechou. Morgan virou e enfrentou
Tatum. Dedos super revestidos com gel deslizaram pelo pênis de Tatum até
seu saco. Uma língua lambia seu mamilo.
Morgan beijou seu caminho sobre o peito de Tatum e arrastou sua
língua pelo pescoço até que seus lábios roçavam a orelha de Tatum.
— Por favor, eu preciso...
Tatum suspeitava que Morgan precisava era de uma maneira de
esquecer. Ele deixaria o homem fazer exigências desta vez. Da maneira que
via, poderia dar o controle a Morgan talvez um punhado de vezes nos
próximos sessenta anos de sua vida em comum. No resto, ele estaria no
comando.
— O que precisa, doce? — Tatum segurou as bochechas de Morgan,
enterrando as pontas dos dedos em sua barba suave. Ele observou que mesmo
através de sua barba, a pele de Morgan permanecia fria.
Seus olhares se encontraram e se fixaram. Morgan soltou o pênis de
Tatum e gemeu de volta. A ingestão rápida de respiração do homem, lhe
mostrou que Morgan tinha violado seu próprio ânus. As pálpebras de Morgan
estavam meio fechadas. Um rubor atingiu seu rosto, e seus lábios se
separaram. O homem era glorioso em sua paixão.
— Estou limpo, mas sempre uso um preservativo. — Disse Tatum.
Morgan abriu os olhos e olhou para baixo. Um momento depois, um
pacote foi rasgado e látex deslizou sobre o pênis de Tatum.
O sorriso que Morgan deu a Tatum nunca alcançou os olhos do
homem.
— Estou limpo, também. — Morgan virou-se e deu as costas para
Tatum. — Agora me fode.
Que homem tolo.
Tatum pegou a garrafa que Morgan deixou cair sobre a cama e
derramou um pouco na mão. Depois de untar o látex cobrindo seu pênis,
alcançou entre as nádegas apertadas de Morgan e pressionou um dedo no
ânus do homem.
— O que está fazendo? — Morgan olhou por cima do ombro. — Já me
preparei.
Satisfeito quando seu dedo deslizou dentro e fora com facilidade,
Tatum acrescentou outro dedo. O estremecer que suas ações causaram
mostrou que Morgan não estava nem perto de pronto para tomar o seu pau.
— Vai aprender a confiar que nunca vou te machucar. — Disse Tatum.
Morgan se afastou de Tatum. O homem estava se escondendo. Tatum
abriu os dedos, esticando a entrada de Morgan. Ele se inclinou e colocou
alguns beijos de boca aberta no lado da garganta de Morgan. O homem
estremeceu e inclinou a cabeça para trás, dando acesso a Tatum para mais
pele.
Esse foi o gesto de submissão que Tatum estava procurando. Depois
de alinhar seu pênis, Tatum empurrou para um paraíso de aperto e calor. No
momento em que seu pênis estava cercado por Morgan, Tatum fechou a boca
de volta para a garganta de Morgan e sugou uma contusão.
A parte de trás da cabeça de Morgan pousou no ombro de Tatum.
— Merda, você está me dando arrepios.
— Vou dar-lhe muito mais do que isso. — Tatum prometeu e começou
uma série de lentas e suaves estocadas.
Morgan pressionou seus quadris para trás, tomando o pau de Tatum
mais profundamente.
— Não faça promessas que não significam nada.
— Se eu disser algo, quero dizer isso. — Tatum prometeu.
Ele acariciou ao redor do corpo de Morgan e explorou os contornos
firmes do homem. Músculos se espremiam em torno do pênis de Tatum.
— Já faz um tempo que fui fodido. — Morgan chiou entre gemidos. —
Se continuar fazendo isso, vou gozar.
— Goze para mim, bebê. — Tatum ordenou e mergulhou nas
profundezas do corpo de Morgan, enquanto acariciava seu pau.
Morgan gritou, e seu corpo ondulou sob as ministrações de prazer de
Tatum. Pré-sêmen jorrou da pequena fenda do homem, tornando o pau de
Morgan sedoso, brilhante, facilitando o caminho.
Tatum moveu seus quadris e pregou o ponto doce de Morgan. Morgan
endureceu e seu pau convulsionou. Sêmen revestiu a mão de Tatum. Queria
pedir a Morgan para lamber sua mão limpa, mas esse tipo de diversão viria
mais tarde.
Ele agarrou o quadril de Morgan para segurar o homem firme e levou
seu prazer com golpes curtos, rápidos, seguidos por golpes mais
profundos. Quando puxou o pênis para fora, os músculos de Morgan o
agarraram, tentando mantê-lo dentro. Quando empurrou, Morgan enfiou a
bunda para trás, engolindo o pau de Tatum.
Os pelos no pescoço de Tatum se arrepiaram, e relâmpagos de
desejo rolaram de suas bolas batendo-se em seu corpo. Sêmen explodiu fora
do seu pau, enchendo o preservativo quando rangeu os dentes e montou o
prazer de seu orgasmo.
Quando não tinha nada mais para dar, Tatum entrou em colapso,
forçando o homem sobre seu estômago. Tatum se abaixou e puxou seu pênis
coberto de preservativo fora do corpo de Morgan. Vendo uma caixa de lenços
sobre uma pequena mesa ao lado da cama, Tatum estendeu a mão e agarrou
alguns para limpar-se. Pegou um pouco mais e limpou Morgan.
— Vamos aconchegar um pouco. — Tatum colou seu corpo a Morgan,
passou os braços em torno do homem, e descansou sua coxa por cima das
pernas dele.
— Não precisa. — Morgan manteve o rosto enterrado debaixo de um
braço. — Sou um menino grande. Conheço o jogo. — O homem começou a
cutucar o temperamento de Tatum com suas próximas palavras. — Talvez hoje
à noite, após todos dormirem, você possa voltar aqui.
Tatum puxou Morgan e o sacudiu. Ele se inclinou até que seus rostos
estavam a apenas alguns centímetros de distância.
— Vamos esclarecer uma coisa agora. — Satisfação o encheu quando
os olhos de Morgan se arregalaram. Sim, estava chateado e era melhor
Morgan aprender rapidamente os sinais para evitar. — Não serei o pequeno
segredo sujo de ninguém.
Morgan balançou a cabeça.
— Não estava pensando nisso. Acho que estava esperando algo como
amigos com benefícios.
A cabeça de Tatum recuou como se tivesse levado um tapa fantasma
no rosto. Ele estreitou seu olhar para o homem e tentou descobrir onde
Morgan tinha tomado uma curva à esquerda em entender seu relacionamento.
O rosto de Reese surgiu em sua cabeça.
— É isso que você e Reese foram? — Perguntou.
Morgan tentou evitar o encontro com o seu olhar. Tatum não iria
permitir.
— Olhe para mim e responda à minha pergunta. — Rosnou.
Os olhos castanhos de Morgan mudaram num tom de marrom.
— Não importa o que Reese e eu fomos. Acabou. Ele escolheu Lee. As
coisas nunca foram realmente sérias entre nós, de qualquer maneira. Sou uma
daquelas pessoas que não podem formar relacionamentos profundos e
duradouros. Eles não são para mim.
O homem estava mentindo. Letras de néon azuis brilhantes e
vermelhas estavam dançando sobre a cabeça do homem e soletrando a
palavra MENTIROSO. Não admira que Morgan era uma bagunça quando Tatum
chegou. Primeiro, perdeu tudo o que pensou que tinha com Reese, depois
aquele garotinho. Por alguma razão, Tatum tinha a sensação de que poderia
haver mais algumas mágoas no passado de Morgan que ainda precisava
descobrir.
— Você está com sorte, doce. — Tatum abraçou Morgan apertado. —
Há muito tempo atrás, tomei a decisão de não desperdiçar meu tempo com
encontros de uma noite e só investir num relacionamento profundo quando
encontrasse a pessoa certa para mim. Você ganha o prêmio, doce.
Morgan empurrou seu peito e se mexeu até Tatum deixá-lo ir. O
homem saiu da cama e ficou de pé, nu em toda a sua glória.
— Já disse que ninguém fica comigo. — Morgan descansou as mãos
nos quadris. — Me recuso a me abrir para terminar machucado novamente.
Tatum se sentou e balançou as pernas para fora da cama.
— Haverá muito tempo para convencê-lo. Sou teimoso. — Ele decidiu
irritar Morgan um pouco para mantê-lo fora de equilíbrio e evitar que se
fechasse. — Você continua seguindo minhas ordens, e nossa vida juntos vai
ser incrível.
Não teve de esperar muito tempo pelo temperamento de Morgan vir
à tona.
— O quê? Está sonhando se acha que vou segui-lo como um
cachorrinho.
Tatum estava cheio e empurrou Morgan contra uma parede. Apoiou a
mão ao lado da cabeça de Morgan e se inclinou até que seus lábios quase se
tocaram.
— Você vai seguir as minhas ordens e amar cada minuto. —
Prometeu.
— Foda-se. — Morgan se moveu sob o braço de Tatum e caminhou
até o banheiro. A porta se fechou atrás dele.
Tatum olhou para o relógio na mesinha ao lado da cama antes de
sorrir e caminhar até a porta do banheiro.
Depois de dar a porta um golpe rápido, gritou:
— Dormimos a noite toda, doce. O café é em dez minutos. Vou
guardar-lhe uma cadeira.
Ele ignorou o rugido de raiva do outro lado da porta e se dirigiu para
seu próprio quarto para ficar limpo e vestido.
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
****
— Eu me casei.
— Você está brincando comigo? Pensei que estava esperando eu
terminar minha missão aqui na Alemanha. Como é que vou te montar e te tirar
de seus pés, se já tiver uma bola e uma corrente pendurada em seu pescoço?
Morgan riu para o amigo. A personalidade do sujeito era
hilariante. Morgan podia admitir que a aparência do soldado não era ruim de
se olhar também.
Cabelo loiro cortado curto, olhos castanhos e um sorriso contagiante
completavam a imagem olhando para ele. Skype era uma grande invenção.
— É certo. — Morgan riu e brincou: — Teria que correr por minha
vida, se todas as mulheres que lambem seus pés descobrirem que
secretamente estava apaixonado por mim.
— Eu jogaria tudo fora por você, meu amor.
Morgan riu do falso sotaque irlandês saindo daquela boca
generosa. Ele fez uma pausa, pensando no motivo que o fez ligar para seu
amigo.
Limpando a garganta, Morgan foi direto ao assunto.
— Você recebeu esse novo programa que te enviei? Penso que vai
ajudar a esclarecer os erros que está enfrentando em seu hardware.
— Tão longe, tão bom. — O homem deu um sorriso brilhante e
levantou uma sobrancelha. — Acha que poderia dar uma olhada em outro
problema em que estou tendo dificuldade?
Morgan riu do duplo sentido da frase.
— Trabalho ou jogo?
— Ha! Você me pegou. — O homem admitiu. — Você vê, tenho esse
cyborg e continuo a explodir...
Mãos repousaram e apertaram os ombros de Morgan. Ele inclinou a
cabeça para trás para ver Tatum atrás dele. A boca do homem estava aberta
quando olhou boquiaberto para o monitor do computador.
— Ezra?
— Tatum?
Confuso, Morgan olhou entre Tatum e o monitor.
— Vocês se conhecem?
O olhar de Tatum voltou a Morgan, e linhas de expressão apareceram
em sua testa.
— Vim aqui para ver com quem você estava flertando. — Tatum
sacudiu a cabeça e olhou para o monitor antes de olhar para Morgan. — Como
conheceu meu irmão?
— Ezra é seu irmão? — Perguntou Morgan.
— Sim. — Tatum olhou para o monitor. — Tenho tentado ligar para
lhe dizer que me casei.
— Morgan, você se casou com meu irmão? — Acusação cobria as
palavras de Ezra.
Ele conhecia o humor do homem e levantou as mãos em sinal de
rendição.
— O que eu deveria fazer? Ele continuou me perseguindo.
Todos os três homens riram.
Quando a sala ficou em silêncio, Morgan notou que os homens
estavam olhando um para o outro. Ele sabia que era hora de deixá-los
sozinhos.
Erguendo-se, beijou o rosto de Tatum, e então virou a cadeira para
ele.
— Divirta-se falando com o seu irmão. — Ele olhou para o monitor. —
Adeus, Ezra.
No momento em que chegou à porta, uma tagarelice animada enchia
a sala.
****
Uma semana depois, Morgan esperou para que todos estivessem
sentados em torno da mesa da sala de jantar. A pilha de sanduíches coloridos
enfeitando o prato no centro da mesa estava seduzindo a todos para entrar. O
Sr. e Sra. Earl fizeram uma aparição hoje. O espírito do homem ainda era
forte, embora seu corpo precisaria de tempo para superar o dano do ataque
cardíaco quase fulminante.
Após seu regresso de Vegas, Morgan e Tatum descobriram que
algumas grandes decisões foram tomadas. O irmão mais velho de Jimmy e
Tristen estava comprando o rancho de seus pais, e os Earl iriam ficar em Los
Héroes definitivamente.
Um aceno de Tatum fez Morgan limpar a garganta à espera de
atenção de todos. Não sabendo como começar, decidiu vomitar tudo.
— Acabei de receber um telefonema de Sheilla Bennington. Houve
uma invasão contra drogas do lado sul da cidade. As autoridades encontraram
quatro crianças que viviam no meio de uma casa de metanfetamina. Seus pais
são viciados e vendem drogas para poderem usar mais drogas.
A Sra. Earl levou a mão à garganta.
— Oh, isso é terrível.
— Sheilla perguntou se eu consideraria tomar uma ou mais das
crianças. — Morgan continuou. — Essas crianças estão com medo e
confusas. Elas têm problemas. Eu queria discutir a possibilidade de trazer
qualquer um deles aqui com vocês para obter suas opiniões sobre o assunto.
— Sabe suas idades e algo sobre seu histórico médico? — Perguntou
Roman. — As crianças podem ter problemas potenciais de saúde que podem
ser agravados em certos tipos de ambientes.
— O mais velho é um menino de doze anos, seu nome é Mason. —
Explicou Morgan. — Ele está limpo, mas perdeu mais dias de escola do que
participou. Fui avisado que ele tem um gênio forte. Os policiais acham que os
pais o usavam para vender drogas na rua. — Morgan olhou ao redor da mesa
para permitir que a informação fosse absorvida antes de continuar. — Joey
tem dez. Mais uma vez, a escola não era uma prioridade em sua vida. Seu
físico não mostrou sinais de abuso, mas acho que foi deixado sozinho para
fazer o que queria. Os outros dois são meninas. Lea tem dois. Ela está
desnutrida, não anda muito, e não começou o treinamento básico. —Morgan
respirou. Algo sobre Lea o tocou. — O bebê é Katie. As autoridades estimam a
idade em dois meses. Ela não tem registro de nascimento. E está em
tratamento para o vício.
— Droga. — Parker comentou.
O resto da sala concordou com a cabeça.
— Quatro crianças é muito, e eles vêm com problemas. — Disse
Tatum.
Morgan amava o homem ainda mais por se manifestar. Era tudo o
que podia fazer para não gritar o que ele queria. Odiou, mas podia ser um
adulto, por um tempo, pelo menos.
— Estou pedindo para darem suas opiniões. — Morgan observou os
rostos ao redor da mesa. — Trazer qualquer uma destas crianças aqui afetará
todos vocês.
— Temos o conhecimento médico para lidar com as meninas. —
Parker apontou.
— E temos músculos necessário para lidar com os meninos. — Disse
Rhys e sorriu.
— O que acontece quando formos chamados para um resgate? —
Perguntou Roman.
— Atuei como babá de uma sobrinha ou sobrinho no meu tempo. —
Disse Garrett. — Tolliver e eu não teremos nenhum problema em cuidar de um
grupo de crianças que não pediram para passar o que passaram.
— Claro que vou ajudar. — Disse a senhora Earl.
— Jimmy e eu também. — Tristen entrou na conversa.
Jimmy olhou para Tristen.
— Eu vou?
— Sim. — Respondeu Tristen.
Jimmy deu de ombros.
— Estou dentro.
— Acho que, como de costume esta casa está se juntando por uma
grande causa. — Joe falou, e todos em volta da mesa se acalmaram, querendo
ouvir o que o cowboy tinha a dizer. — Agora a questão é, quantas dessas
crianças Morgan trará para casa?
Ninguém falou.
Morgan agarrou a parte de trás da cadeira, pronto para saltar para
fora de sua pele. Ele queria falar, mas velhos sentimentos de inadequação
sufocaram suas palavras.
— Você nunca segurou essa língua antes. — Disse Roman. —
Derrame, Morgan.
— Quero ajudar a todos eles. — Desabafou.
— Você tem tempo suficiente para verificá-las, mantendo seu próprio
horário? — Perguntou Roman. — Vou repetir o que já foi mencionado: é um
monte de crianças.
— Com a ajuda de todos, acho que podemos dar a estas crianças uma
chance de lutar por uma boa vida. — Morgan quis dizer cada palavra.
— Tudo bem. — Roman olhou ao redor da mesa. — Objecções a
trazer estas quatro crianças para Los Héroes? Seus comentários são bem-
vindos. Tenho certeza que todos gostaríamos de discuti-los.
Mais uma vez, a sala ficou em silêncio. O coração de Morgan
trovejou. Ele tinha feito isso, e pelos olhares de expectativa no rosto dos
homens, eles estavam prontos para esta nova aventura também.
— Diria que vamos ter uma casa cheia de crianças. — Comentou
Roman.
Morgan virou-se para sair. Um olhar para trás mostrou Tatum o
seguindo.
— Para onde está indo? — Garrett o chamou. — Não vai comer um
lanche?
— Não. — Morgan respondeu de volta. — Tenho algumas crianças
para pegar.
Duas horas depois, Morgan decidiu que a aventura não era tão
fascinante como pensou que seria. Ele não podia esperar para chegar a Los
Héroes. O mais velho, Mason, se enroscou no canto do banco de trás e se
recusou a falar ou responder a qualquer de suas perguntas. Joey não
conseguia parar de remexer ao redor, e Tatum teve que parar a caminhonete
duas vezes para Morgan poder afivelá-lo de volta em sua cadeira infantil. Lea
estava com medo, e não parava de chorar. O bebê juntou-se a ela; seu
pequeno corpo tendo espasmos como resultado das drogas correndo através
de seu sistema.
Tatum estendeu a mão e pegou a mão dele. O sorriso do homem e a
força quente em seu aperto acalmou os nervos de Morgan. Ok, talvez ele
pudesse fazer isso.
Quando chegaram à fazenda, Morgan retirou Lea de seu
assento. Aqueles grandes olhos castanhos se afogando em lágrimas derreteu
seu coração.
— Vamos, bebê. Vamos ver se Garrett tem alguns cookies na cozinha.
A menina parou de chorar e o olhou com os olhos arregalados.
— Eu gosto de biscoitos. — Disse Joey.
— Bem, tenho certeza que Garrett tem o suficiente para todos. —
Morgan disse ao menino.
— Biscoitos não são saudáveis. — Mason comentou.
— Suponho que seja verdade. — Disse Morgan. — Sempre pensei que
uma boa regra na vida é desfrutar das coisas com moderação.
Mason não respondeu, mas não mais estava zombando de Morgan,
então ele decidiu olhar para a conversa como uma vitória.
Com Tatum segurando o bebê e Morgan, Lea, eles levaram os
meninos para a fazenda. Foram recebidos por toda a equipe e seus maridos.
Por um momento, parecia a Morgan que estavam tendo um
impasse. Carson avançou e quebrou a tensão no edifício.
— Que lindo bebê. — Ele exclamou e estendeu as mãos.
Tatum não hesitou e entregou a criança agora choramingando para
Carson. Com um largo sorriso iluminando todo o seu rosto, o pequeno homem
olhou para a pequena menina.
— Olha, Isaiah. — Alegria em sua voz. — Ela se parece com você.
Carson estava certo. O bebê se parecia com Isaiah. Morgan nunca
tinha pensado em perguntar sobre a ascendência das crianças. Não tinha
importância para ele de uma forma ou de outra, quando Sheilla conduziu as
crianças fora de seu escritório e viu que eram negros. Eram crianças que
esperava ajudar.
— Aposto que ela está com fome. — Carson sacudiu o bebê e, para
surpresa de Morgan, ela se acalmou. — Será que enviaram suprimentos junto?
— Aqui está. — Tatum entregou a Isaiah, o saco de fraldas de
grandes dimensões, e os três desapareceram na cozinha.
— Você gosta de carros?
Morgan olhou para ver Mason falando com Styx. O olhar do menino
viajou pelo macacão manchado de graxa do grande homem.
— Gosto de qualquer coisa com um motor. — Respondeu Styx. Sua
voz tinha melhorado desde que chegou a Los Héroes, mas ainda soava como
se tivesse cascalho na garganta.
— Você os conserta ou algo assim? — Perguntou Mason.
Styx assentiu.
— Acho que seria divertido ver isso. — Comentou Mason.
— Quer ver no que estou trabalhando? — Perguntou Styx.
Os olhos do menino se arregalaram.
— Sério?
Styx assentiu.
— Você tem que pedir permissão a Morgan.
Mason olhou para Morgan. Desafio guerreou com uma sombra de
súplica em seus olhos.
— Vá em frente. — Disse Morgan.
— Vou com você. — Flyer levantou e caminhou até Mason. — Posso
mostrar-lhe meus brinquedos. Tenho algumas belezas no hangar.
— Você pilota aviões? — Mason quase tropeçou nos próprios pés
tentando manter-se com Styx, enquanto caminharam para fora da porta.
Morgan olhou para Joey e encontrou-o quase dançando na frente de
Joe, que estava sentado em uma das cadeiras altas perto da porta de entrada.
— Há cavalos, gatos e cachorros no celeiro?
— Há cavalos e alguns gatos. — Respondeu Joe. — Os cães que
temos aqui estão nos quartos de seus donos no momento. Vou apresentá-lo a
eles quando as coisas se acalmarem.
— Posso ver os cavalos? — Agora Joey tinha as mãos sobre os joelhos
de Joe.
— Claro, se Morgan disser que está tudo bem. — Disse Joe.
Joey virou e apertou as mãos. Morgan riu diante da pequena rainha
do drama.
— Posso, Morgan?
— Tudo bem, mas precisa obedecer a tudo o que Joe disser. —
Respondeu Morgan. — Os cavalos são animais bem grandes.
— Oh, eu vou. — A animada criança prometeu.
Joe se levantou e Joey colocou sua mão na do cowboy. Quando se
afastaram da fazenda, Joey começou a contar a Joe sobre alguém que ele
conhecia com um coxear como o seu e como uma bomba explodiu sua perna.
— Diria que as coisas estão tendo num bom começo. — Roman tocou
o rosto de Lea e sorriu.
A menina sorriu de volta antes de enterrar a testa no peito de
Morgan, espreitando de lado para Roman.
— Tenho certeza que vamos ter problemas e eles vão nos desafiar. —
Disse Morgan. — Mas vou levar os bons tempos enquanto durar. — Morgan
olhou para Lea. — Que tal acharmos aquele biscoito que prometi?
— Cookie. — A menina corrigiu.
Morgan riu e se dirigiu para a cozinha.
Capítulo Dez
*****
Uma semana depois, Morgan acordou e lutou para desembaraçar o
corpo dos lençóis e do braço de seu marido. Mais dormindo do que acordado,
tateou em torno do topo da mesa de cabeceira, em busca de seu telefone
tocando. Depois de conseguir agarrar a maldita coisa, a trouxe debaixo das
cobertas com ele.
— Olá.
— Morgan? Aqui é Sheilla Bennington.
Morgan abriu os olhos.
— Olá, Sheilla.
— Pensei que gostaria de saber que houve um incidente com Kevin.
Morgan sentou-se, agora bem acordado.
— O que aconteceu?
— A polícia foi chamada à casa de sua mãe por um distúrbio
doméstico. O namorado da mãe tornou-se irritado e a agrediu. Estou com
medo que ela não sobreviva.
Morgan encontrou-se de pé ao lado da cama. Ele não tinha ideia de
como chegou lá.
— Como está Kevin? Ele está ferido?
— Ele não foi ferido fisicamente, mas está traumatizado. Pensei
imediatamente em você. Kevin te adora, e sei que o teria adotado, se fosse
possível. O problema que estou tendo é com a papelada e logística. Ele está
vivendo num país diferente, e eles têm o seu próprio sistema de adoção.
— Entendo. — Morgan não entendia. Kevin pertencia a ele.
— Só queria que estivesse ciente da situação. Vou fazer o meu
melhor para trabalhar com a agência em seu nome e mantê-lo informado
sobre o meu progresso.
— Obrigado. Falo com você em breve. — Morgan desligou e vestiu um
short.
— O que está acontecendo? — A voz sonolenta de Tatum soou no
quarto.
Morgan fez uma pausa no meio do quarto.
— Tenho que falar com Roman.
Sua mente estava girando, tentando achar uma maneira de trazer
Kevin para Los Héroes, Morgan correu pelo corredor até a parte de trás da
fazenda, onde a suíte de Roman se localizava. Seu chefe tinha grandes
contatos que poderiam trilhar enormes caminhos através da
burocracia. Morgan imaginou que precisaria de uma máquina ceifadeira para
arar através deste problema. Ele orou que seu chefe e amigo pudesse ajudar.
Morgan bateu na porta.
— Capitão, preciso de sua ajuda!
****
Quarenta e oito horas depois, Morgan bateu o pé contra o chão de
azulejos do aeroporto e esperou que as pessoas descessem do avião. Ele
queria que Flyer o levasse para o outro lado do estado para pegar Kevin, mas
o Serviço Infantil insistiu em seguir o protocolo. Apenas a mão quente de
Tatum descansando na parte inferior de suas costas impediu o temperamento
de Morgan de obter o melhor dele.
— Só mais um pouco, doce. — Tatum esfregou as costas de
Morgan. — Nunca vai ter que deixá-lo ir de novo.
Morgan sorriu para o homem que era dono de seu coração.
— Você quer dizer, até que tenha dezoito anos e vá para a faculdade.
Tatum tocou a ponta do nariz de Morgan com a ponta do dedo.
— Você não me engana. Sei que vai ter o GPS de seu telefone ligado
para que possa acompanhar todos os seus movimentos. Estou pensando que
vai haver conversas de Skype entre você todos os dias, e se puder, vai tentar
levá-lo a concordar com um chip inserido em sua pele, assim saberá tudo o
que ele está fazendo.
— Poderíamos simplesmente ir com ele. — Morgan sugeriu.
— Acho que vai estar ocupado com todo o resto das crianças que está
trazendo para a fazenda. — Tatum apontou para o outro lado da sala de
espera. — Lá vem eles.
As mãos de Morgan ficaram frias e molhadas. Quando os passageiros
entraram na sala, ele esfregou seu pescoço, perguntando-se onde Kevin
estava. Talvez perdeu o avião.
Kevin entrou pela porta segurando a mão de uma mulher de meia-
idade. Alegria explodiu dentro de Morgan. Como sentiu saudades daquele
garotinho.
— Morgan! — Kevin largou a mão da senhora e correu para ele.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Morgan pegou Kevin em seus
braços e abraçou-o apertado. Kevin balançou ao redor, inclinou-se para trás, e
tocou seu rosto.
— Por que você está chorando, Morgan?
Morgan sorriu.
— São lágrimas felizes. Estou tão feliz em vê-lo.
O lábio inferior de Kevin tremeu.
— Qual é o problema, pequeno? — Perguntou Morgan.
— Eu deveria chorar também, porque estou tão feliz de vê-lo.
Morgan apertou Kevin e respirou seu cheiro de garotinho. A vida era
tão boa neste momento. A mão nas costas de Morgan lembrou-lhe que havia
mais alguém que Kevin precisava conhecer.
Com Kevin em seus braços, Morgan se virou.
— Kevin, gostaria que conhecesse meu marido, Tatum.
Os grandes olhos azuis de Kevin estudaram Tatum por um
momento. A criança enterrou o rosto no pescoço de Morgan antes de espreitar
Tatum.
— Oi, Kevin. — Tatum sorriu. — Morgan e eu estamos tão felizes que
está aqui. Agora todos podemos ir para casa em Los Héroes, juntos.
Kevin olhou para Morgan.
— Para sempre?
Com o braço de Tatum em torno de seu ombro e Kevin em seus
braços, Morgan respondeu:
— Para sempre, pequeno, para sempre.
Epílogo
FIM