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JORGE, Luiza Neto. Op. cit., p. 57. JORGE, Luiza Neto. Op. cit., p. 141.
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O preço de um poema
“É triste constatar que um poeta consegue fazer mais tostões escrevendo ou
falando da sua arte, do que a praticá-la.” O lamento tem décadas e vem assinado
por W.H. Auden, mas serve completamente para hoje. Se aceitássemos sem mais
que o valor intrínseco de um bem é aquele determinado pelo seu potencial eco-
nómico, a poesia já há muito teria desaparecido. Mas na situação atual, onde as
questões da produção artística e cultural são mais ou menos remetidas para um
limbo, não se pode garantir que a extinção não seja uma efetiva ameaça. Sabe-mos
que uma carcaça anda à volta dos vinte cêntimos, que um litro de leite anda
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à roda dos sessenta e por aí fora. São números que muito justamente nos preocu-
pam, enquanto indicadores das linhas de sobrevivência. Mas quanto custa um
poema?
O exemplo que avanço não é o de um poeta obscuro: o seu trabalho tem uma
extensão assinalável e um enorme reconhecimento. Está, além disso, traduzido
em várias línguas, comparece em manuais escolares e vai sendo objeto de um
crescente estudo em artigos e teses, tanto em Portugal, como no Brasil. Pois bem,
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o seu primeiro livro surgiu em edição de autor (quer dizer, inteiramente do seu
bolso). O que obteve dos exemplares vendidos nem chegou para pagar metade
das despesas de tipografia. Editou, depois, vários títulos numa importante chan-
cela de poesia, mas que, por razões de sustentabilidade, propõe o seguinte acordo
aos criadores: não pagam para editar, mas também não recebem direitos em di-
nheiro (ficam com trinta exemplares da sua obra, e é tudo). O primeiro salário
que este autor de primeiro plano recebeu foi o de um livro editado na Imprensa
Nacional Casa da Moeda: quinze contos, em dinheiro da altura. Não pensem que
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se tratou de uma fortuna, pois um volume reúne a produção literária de um ou
dois anos de trabalho. Recentemente viu a sua obra reunida, e um coro de vozes
destacou a sua importância na paisagem da literatura contemporânea. Recebeu
de direitos €500 no primeiro ano, e €1700 no segundo. E estamos a falar de uma
safra de décadas. Quanto custa mesmo um poema?
Quanto é que nos custou o nosso poema nacional, Os Lusíadas, e quanta po-
breza custou a Camões? Quanto custou a obra de Álvaro de Campos, que é tão
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extraordinária como o claustro do mosteiro dos Jerónimos onde jaz o seu cria-
dor? Quanto nos custou “Um adeus português” do Alexandre O’Neill ou “Natu-
reza morta com louva-a-deus”, de Fiama Hasse Pais Brandão? Que preço coletiva-
mente nós pagamos por “A magnólia” de Luiza Neto Jorge ou por “O inominável”
de Eugénio de Andrade? Sentimo-nos em dívida por Armando Silva Carvalho ter
escrito no nosso tempo e a nosso lado um conjunto tão extraordinário de poemas
como o do seu “De Amore”? É claro que podemos remeter a poesia para uma
25 escolha individual, de que mais ninguém pode ser “culpado”. Vão nesse sentido
as palavras de e.e.cummings: “A poesia e a arte em geral foi, é e sempre será, na
forma mais pura e estrita, um problema do indivíduo.” Creio que todos os poetas
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2. Reflete sobre o plano de texto do artigo de opinião, identificando as linhas a que se referem os
tópicos abordados:
Introdução
Apresentação do tema (primeiro parágrafo)
Desenvolvimento
Abordagem do tema, articulando argumentos e exemplos
(segundo parágrafo e início do terceiro parágrafo)
Conclusão
Fecho do tema (última parte do terceiro parágrafo)
SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS
2. a. Poema como “duelo agudíssimo” (v. 2), originador de sofrimento (vv. 4-9); poema como grito, associado à
exteriorização a necessidade de liberdade (repressão das autoridades salazaristas). b. Sofrimento (“duelo”, “agudíssimo”,
“agulha”, “sangue”, “coser”). c. “o poema é um duelo agudíssimo” (vv. 1-2); “agulha de sangue/ a coser-me o corpo todo / à
garganta” (vv. 7-9). d. “agudíssimo” (cf. grau superlativo absoluto sintético). e. Três estrofes (quintilha, quadra, terceto). f.
Sem rima. g. Métrica irregular. h. Dois tipos de efeitos, associados à forma como reagimos à leitura (e à forma como essa
reação nos prepara a para a vida): efeito intenso, baseado em emoções fortes (vv. 3-7); efeito de prazer, “volúpia” (vv. 8-
14). i. Queda (“cair”, “solo”, “chão”, “pés”, “queda”, “terra”, “abate”). j. “O poema ensina a cair” (v. 1). k. “como se perde os
sentidos numa queda de amor” (vv. 4-5). l. “repentino”, “lenta”, “delgada e subtil”, “póstuma”. m. Duas estrofes (sétimas). n.
Sem rima. o. Métrica irregular.
Leitura
2. a. Linhas 1-3. b. Linhas 3-5. c. Linhas 5-10. d. Linhas 10-11. e. Linha 12. f. Linhas 12-28. g. Linha 28. h. Linhas 29-37. i.
Linhas 37-40. j. Linhas 40-46. k. Linhas 46-48.
3. Resposta pessoal.