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Pragmatismo Religioso

Copyright © 1996 | Os Puritanos


Transcrição da palestra do Dr. Michael Horton por ocasião so V
Simpósio Os Puritanos. Águas de Limdoia. São Paulo, 10 a 14 de
junho de 1996.
Todos os direitos da publicação reservados à Editora Os
Puritanos © 2014
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem a
autorização por escrito do editor, excetuando-se citações em
resenhas desde que citada a fonte.
Primeira edição do eBook: Setembro de 2014
Editor: Manoel Canuto
Designer: Heraldo Almeida
www.os-puritanos.com
Sumário

Capa

Créditos

1 » Pragmatismo Religioso

2 » Avivalismo e Pragmatismo

3 » Narcisimo e Auto-Estima

4 » Rebeldia, desprezo pelo passado e busca do prazer

5 » Moralidade sem piedade

6 » Evangelho ou Pragmatismo?

7 » Deus como objeto de consumo

8 » O modelo apostólico

9 » A proclamação da Lei e do Evangelho

Nossos livros

Mídias
Pragmatismo Religioso

“Sabe, porém isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os
homens serão egoístas, avarentos jactanciosos, arrogantes, blasfemadres,
desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis,
caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores,
atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo
forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.
Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e
conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de
várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao
conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a
Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos
na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante: porque a sua
insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles”
(II Tim. 3:1-9).

A
Inglaterra, que uma vez já foi conhecida pela sua vitalidade
espiritual, agora está mergulhada numa letargia espiritual e
a visão missionária dos Estados Unidos está substituindo
aquilo que a Inglaterra deixou de lado. Além disso, muita coisa do
que Deus está fazendo hoje está acontecendo fora desses dois países.
Eu espero que a Igreja no Brasil esteja em constante oração para que,
a partir do Brasil, uma outra reforma e um grande despertamento
venha e tome conta do mundo.
Não sabemos o que Deus vai fazer no mundo, mas seria muito
emocionante se pudéssemos fazer parte daquilo que Ele deseja fazer
no Brasil. É maravilhoso ser um cristão e saber que Deus tem todas
as coisas debaixo do Seu controle. Todos nós sabemos da
necessidade de um grande avivamento, mas ao mesmo tempo existe
uma grande polêmica nesses dias sobre a questão. Sem sombra de
dúvidas, se convidássemos as pessoas para uma reunião de
avivamento, muitas delas viriam com conceitos diferentes do que é
avivamento. Assim sendo, faz-se necessário ter uma de nição clara
em nossa mente do signi cado desse termo. Qual a diferença entre
avivamento e avivalismo, se assim podemos chamar?
Avivalismo e Pragmatismo

A
vivalismo, especialmente na tradição deixada por Charles
Finney, é, na realidade, um fenômeno americano e queremos
tratar de parte desse fenômeno. Não somente porque é um
produto feito na América, mas porque muitos dos movimentos que
estão vindo dos Estados Unidos para outras partes do mundo têm
essa visão característica de entender avivamento segundo o modelo
de Charles Finney.
Esse modelo tem como base o que nós chamamos de
pragmatismo. Se você for abrir um negócio você tem que ser
pragmático e se você vai criar uma família, existe uma série de
considerações práticas que você precisa sempre ter em mente; e,
certamente, o mesmo se aplica quando nós estamos fundando uma
Igreja e queremos desenvolvê-la.
Todos sabemos que há preocupações práticas que devemos
considerar, mas o pragmatismo é uma loso a que empurra para a
periferia uma série de princípios fundamentais e elege, como único
fator relevante, a questão: “Isso funciona?”
Quais os perigos do pragmatismo? Voltando para o texto de II
Tim. 3: 1-9, consideraremos primeiramente os aspectos relativos à
nossa chamada para o ministério. Vejamos, então, o contexto do
nosso ministério. Paulo se refere a esse contexto como sendo o dos
“últimos dias”. Sabemos que os “últimos dias” começaram com o
tempo dos apóstolos, e terminarão com a segunda vinda do nosso
Senhor. Portanto, estamos vivendo nos “últimos dias”, como,
também, Timóteo estava vivendo nos “últimos dias”. Qual é o
contexto, então, do ministério nesse período entre as duas vindas de
Cristo? Paulo diz, em primeiro lugar, que nos últimos dias os
homens serão amantes de si mesmos.
Narcisimo e Auto-Estima

C
hristen Lash, um sociólogo americano bastante conhecido,
escreveu um livro sobre a cultura americana cujo título é: “O
culto do Narcisismo”. Essa é uma acusação difícil de se fazer,
porque o que ela implica é que a cultura americana é uma cultura
onde as pessoas se endeusam. E como vocês se lembram “Narciso” é
o nome daquele jovem da lenda grega que costumava admirar o seu
próprio re exo no espelho das águas. Mas isso não somente é parte
da nossa cultura, como também se tornou parte das nossas igrejas.
Muitos dos movimentos que se entitulam “avivados”, em nossos
dias, simplesmente estão reavivando o narcisismo, ou seja: a
adoração do “eu”. Isso pode ser visto na declaração de um desses
pastores que a rmou: “A Reforma errou porque foi centralizada em
Deus e não no homem, como devia ser”. Esse pastor escreveu um
livro cujo título é: “Crendo no Deus Que Crê em Você”. Uma certa
ocasião, trouxemos esse cidadão para falar no nosso programa de
rádio. Então eu li essa passagem, onde Paulo diz que as pessoas
serão amantes de si mesmas, e perguntei-lhe: “Como você pode
dizer às pessoas que a salvação começa com o amor próprio, quando
Paulo diz que nos últimos dias as pessoas serão amantes de si
mesmas? Não estaria ele dizendo que isso é uma coisa errada, e que
nós não devíamos ser amantes de nós mesmos? E como Deus vai nos
fazer felizes com esse falso evangelho narcisista?”
O que está acontecendo é que a piedade e a santidade
deixaram de ser os referenciais pelos quais julgamos se um
movimento é ou não é do Espírito. Assim, o critério que tem sido
adotado é: “Funciona? Vai me fazer feliz? Vai me ajudar a criar
minha família? Vai consertar o meu casamento?”. Todas essas
questões são importantes, à luz das Escrituras, mas não são as mais
importantes.
Em segundo lugar, Paulo diz que eles serão amantes do
dinheiro. Porque as pessoas amam excessivamente a si mesmas, elas
criam o evangelho da auto-estima; e porque as pessoas amam
excessivamente o dinheiro, elas criam o evangelho da prosperidade.
Rebeldia, desprezo pelo passado e busca do
prazer

P
aulo diz ainda que haverá muito orgulho e revolta contra as
autoridades. Haverá pessoas desobedientes aos pais. Uma
geração não se preocupará com a geração anterior. O cantor
Bob Marley escreveu uma música sobre a cultura americana
dizendo: “Povo do futuro, onde está o teu passado? Povo do futuro,
quanto tempo vocês vão durar?” O povo que não tem passado
também não tem futuro. Não sei se Bob Marley era crente, mas com
certeza esses versos re etem um ponto de vista bíblico ao tentar se
segurar naquilo que pede o seu passado.
Eu quero lhes garantir que se levarem a doutrina bíblica a
sério, muitos irmãos e irmãs vão lhes dizer que vocês não estão
andando nos passos do Espírito; vão lhes dizer que o Espírito Santo
hoje quer fazer uma coisa inteiramente nova, tal como nunca fez no
passado. E o que vocês vão falar? Vão falar sobre os grandes
avivamentos do passado, sobre a Reforma? Qual o valor disso para
os amantes de si mesmos e materialistas? Eles responderão que Deus
está fazendo algo completamente diferente nos dias de hoje. Mais
uma vez eu quero lembrar que isso faz parte do narcisismo que diz o
seguinte: - “eu é que sou importante e aqueles da minha geração é
que são importantes e não os que vieram antes de nós”.
E ele diz também que as pessoas serão hedonistas, amantes do
prazer, nos últimos dias; como ele diz no verso 4, serão mais
“amigos dos prazeres que amigos de Deus”. Mais uma vez
queremos enfatizar: Se você perguntar em uma Igreja: “Vocês
concordam com o hedonismo?” Creio que ninguém vai responder
sim a essa pergunta. Mas se você entrar numa livraria evangélica, se
ouvir uma emissora de rádio evangélica, se prestar atenção a muitos
sermões evangélicos, você ouvirá mensagens a rmando que o
Cristianismo é a melhor maneira para você se auto-realizar. Quantos
testemunhos temos visto que funcionam como comerciais de
televisão? Nos Estados Unidos, temos aquelas propagandas de dieta
que mostram uma pessoa antes e depois da dieta. Muitas vezes, os
testemunhos dos crentes são assim: “Antes eu era triste, agora sou
feliz; antes eu era deprimido, mas agora eu estou extremamente
motivado para viver”. Esses são benefícios maravilhosos, mas, por
vezes, a verdade é que nós, como cristãos, nos tornamos tristes.
Algumas vezes, o caminho da cruz é o caminho do sofrimento, e
nem sempre estamos tão entusiasmados a respeito disso. Apesar de
tudo isso, a perspectiva que predomina nos nossos dias é que temos
que viver para satisfazer a nós mesmos.
Moralidade sem piedade

N
o verso 5 do texto destacado, Paulo diz: “tendo forma de
piedade, negando-lhe, entretanto, o poder”. Veja bem! O que
Paulo está dizendo é que pode haver uma moralidade sem
Deus. Existem pagãos que tem uma vida moral excelente, e há
ímpios que acreditam ser errado você trair sua esposa. Há pessoas
não cristãs que têm famílias muito boas. Mas será que este é o
propósito do cristianismo? Consertar tudo aquilo que está
moralmente errado no mundo, ou será que o foco está em Deus, nos
Seus mandamentos justos, e no Evangelho pelo qual nós devemos
viver?
É esse o contexto do nosso ministério. Então respondamos à
pergunta: Qual o nosso chamado para o ministério? O exemplo de
Paulo é alguma coisa que temos de imitar nesse sentido. Mas agora
perguntamos: Como, historicamente, essa loso a do pragmatismo
dominou o pensamento moderno? A gura mais destacada no
cenário evangélico, neste sentido, é a de Carlos Finney. Quantos de
vocês já ouviram falar de Charles Finney? Quase todo mundo. Isso é
signi cante porque Finney é uma pessoa muito importante para
aqueles que são proponentes do movimento de crescimento da Igreja
e do movimento de sinais e prodígios.
Evangelho ou Pragmatismo?

Charles Finney era presbiteriano, mas atacou a Con ssão de Fé de


Westminster que ele próprio subscrevera. Ele a chamou de: “um
papa de papel”. Ele dizia, no século XIX em que viveu: “Nós já
somos pessoas muito ilustradas e racionais para acreditar em todas
essas coisas aí que a Con ssão de Fé está dizendo”. Vejam algumas
das coisas que Charles Finney escreveu:
Quando o homem se torna religioso - disse Finney - ele não recebe um poder
que não tinha antes, ele simplesmente muda a sua vontade, e resolve seguir,
agora, numa direção moral. Religião é obra do homem, não é um milagre e
nem depende de um milagre em qualquer sentido; é simplesmente um
resultado losó co do uso correto de técnicas. O homem já possui, por
natureza, toda a habilidade necessária para prestar perfeita obediência a
Deus, portanto o objetivo do ministro é emocionar as pessoas até que se
disponham a tomar essas decisões.

Foi dessa loso a que nasceu o que cou chamado naquela


época de “novas medidas introduzidas por Finney”. Por exemplo: O
sistema de apelo para que as pessoas se manifestem sicamente e
caminhem até à frente em resposta à pregação nasceu com Charles
Finney, nesse período. Em sua Teologia Sistemática, Finney nega
explicitamente a doutrina do pecado original. Ele diz ainda que a
doutrina da substituição vicária de Cristo é uma cção, e que a
justi cação pela graça, por meio da fé somente, é “outro evangelho”.
Com certeza, é um evangelho diferente daquele que Finney estava
pregando.

É
É isso que Paulo diz a Timóteo, quando fala de pessoas que
têm forma de piedade mas negam, entretanto, o seu poder. A nal de
contas, onde reside o poder da piedade? É o poder de Deus para a
salvação! E que poder é esse? É o evangelho de Jesus Cristo! Somente
o Evangelho pode nos capacitar a viver a vida cristã. Portanto, é
possível ter moralidade sem piedade; e esse é o resultado do
pragmatismo.
Mais tarde, tornou-se conhecida a idéia de D.L. Moody. Ele
disse no século XIX que não faz nenhuma diferença como você leva
alguém a Deus; se você conseguir fazer isso, não importa o meio. O
importante é levar, de qualquer maneira, a Deus.
Uma vez perguntaram a Moody: Qual é a sua teologia? Ele
disse: “Minha teologia? nem sei se eu tenho uma!”. Vejam bem!
Moody era um vendedor de sapatos, e um dia ele disse que ao se
tornar evangelista não mudou de pro ssão, o que ele havia feito era
trocado de produto.
Como abordamos o pragmatismo corporativo da nossa
cultura? Alguns dizem que a contribuição distinta da América para a
história da loso a foi a criação do pragmatismo. Um dos grandes
pais do pragmatismo e quem o transferiu da esfera religiosa para a
esfera secular foi William James. Ele era lho de pastor; pastor, ele
próprio, e também professor da Universidade de Harward. Ele disse:
“Faça a seguinte pergunta: Como é que você de ne que determinada
verdade é o que você deve crer?” E acrescentou: “A resposta é que
você tem que determinar o seu valor em termos de experiência e
resultado”. Então, com princípios pragmáticos, analisou a doutrina
de Deus dizendo o seguinte: “Se a doutrina de Deus funciona, então
é verdade. O pragmatismo tem que adiar questões dogmáticas
porque no começo nós não sabemos qual reivindicação doutrinária
vai produzir resultado”.
Acredito que quase ninguém iria marcar essas coisas num
exame tipo teste dizendo que acredita nelas, mas, na prática, o que
acontece é que esse é o credo do evangelicalismo mundial hoje. Um
evangelista americano famoso disse: “Não tente entender,
simplesmente comece a desfrutar, porque funciona; eu já tentei”. Ele
estava falando a respeito da meditação transcendental da Nova Era.
Na década de 50 do nosso século, esse pragmatismo se desenvolveu
em termos de pensamento positivo. Foi então publicado um livro
chamado “A Mágica do Crer”. Esse livro propõe que há uma certa
qualidade mágica no simples ato de crer. Porém, a verdade é outra.
No cristianismo, o que salva não é o ato da fé, mas sim o objeto da fé.
Nós não somos salvos pela fé, não somos justi cados pela fé; nós
somos justi cados pela justiça de Cristo que nos é imputada. Mas
hoje em dia, desenvolveram essa equação de que fé é igual a
pensamento positivo. Na realidade, essa última frase que mencionei
foi uma citação de Peter Wagner.
Deus como objeto de consumo

M
uito bem! Esses conceitos funcionam numa sociedade
materialista, que está satisfeita e centralizada no ego; pode
funcionar muito bem na América do nal do século XX,
pode ser até que funcione em São Paulo também, e pode funcionar
em Londres. Mas imagine o seguinte quadro: Você vai a um cristão
do século I e diz a ele que a razão principal pela qual ele está indo
para a boca dos leões é porque o Cristianismo funcionou melhor do
que as outras religiões!
Os testemunhos que temos no Novo Testamento são muito
diferentes dos testemunhos que nós vemos hoje em dia. No Novo
Testamento temos a palavra de testemunhas oculares, que é muito
mais importante que o nosso próprio testemunho. O que é que Paulo
disse em I Cor. 15? Ele disse: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a
nossa pregação e é vã a vossa fé... Se a nossa esperança em Cristo se
limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens”. Ele não diz “pelo menos vocês têm uma vida feliz e
saudável!”. E ele também não está dizendo “Bem! o que é que você
pode perder?” Por que Paulo não fez isso? porque ele não era um
pragmático. Paulo fundamentava todas as reivindicações da fé cristã
no Evangelho verdadeiro.
Temos que nos perguntar: “Será que não estamos usando a
Deus? Será que, nalmente, não embarcamos nesse consumismo da
nossa sociedade? Será que não estamos tratando a Deus como
tratamos um produto?” São perguntas muito importantes que
devem ser feitas a nós mesmos. “Será que Deus está nos usando ou
nós estamos usando a Deus?”
Reavivamento e Reforma não virão à Igreja até que a
mentalidade dos crentes seja desviada desse egoísmo humano, da
centralização no homem que Paulo descreve, para o verdadeiro
Evangelho e para Deus.
Nos Estados Unidos, temos um adesivo que diz: “Jesus é a
resposta”. Os incrédulos zeram um outro adesivo para retrucar a
esse: “Qual é a pergunta?” Considere, agora, o que diz o
pragmatismo: “Eu não sei qual é o seu problema, mas qualquer que
seja, Deus pode resolver. O seu carro está enguiçado? A sua vida
familiar não está progredindo como devia? Deus pode consertar em
um piscar de olhos!”. Assim, passamos a consumir a Deus. Nós
usamos a Deus, ao invés de amá-Lo, servi-Lo e honrá-Lo.
Muito bem! Então qual é o propósito do nosso ministério?
Vejamos o que diz Paulo:
Tu, porém, tens seguido de perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé
longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus
sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, - que
variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o
Senhor. Ora todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a
pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que
desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a
salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção para a educação na justiça.
a m de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra. Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos
e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer
seja oportuno, que não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade
e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como
que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as cousas, suporta
as a ições, faze o trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério (II Tim. 3:10-4:5).
O modelo apostólico

E
m primeiro lugar, o propósito do nosso ministério é seguir o
modelo apostólico. Paulo menciona aqui o seu ensino, a sua
maneira de viver, o seu propósito, a sua fé, a sua paciência, o
seu amor, e a sua perseverança diante das tribulações. Perseguições?
Sim! É o que ele diz no verso 12. Todos quantos querem viver
piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Será que é isso o
que estamos ouvindo hoje? Ou será que estamos ouvindo outra
mensagem? Algumas vezes você vai pensar que não está dando
certo, que as coisas não estão funcionando como deveriam, como
lemos em Romanos, capítulo 7. Nós sofreremos como cristãos, e
ainda vamos sofrer com os nossos pecados.
A proclamação da Lei e do Evangelho

A
lém de seguir o seu exemplo, Paulo quer que Timóteo
também se rme naquelas verdades que aprendeu quando
era jovem. Veja que Paulo, ao invés de nos levar à questão do
pragmatismo: “Será que funciona?”, ele nos conduz para as
Escrituras. Ele diz: “prega a Palavra”, com muita paciência
instruindo as pessoas. Porque haverá tempo em que não suportarão
a sã doutrina. Ao contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas
próprias cobiças, como quem sente coceira nos ouvidos (4:3).
Vejam! sempre temos coceira nos ouvidos. Pragmatismo não é
uma coisa nova. Na realidade já foi praticado desde o jardim do
Éden. Quando Eva viu que a árvore era agradável para se ver, para
descobrir o conhecimento e desejável para trazer entendimento;
então ela tomou do fruto e comeu. O que signi ca para nós “pregar a
Palavra”? O que Paulo quer dizer no verso 5 “Tu, porém, sê sóbrio
em todas as coisas, suporta as a ições, faze o trabalho de
evangelista”?. O que ele quer dizer com isso, “pregar a Palavra”? Vez
após vez, Paulo e os demais escritores bíblicos nos dizem que isso é a
proclamação da lei. Na verdade, é pela proclamação da lei santa de
Deus que nós somos tocados e feridos. A lei de Deus vem até nós e
ela não vem dizendo assim: “Eu vou transformar a tua vida numa
vida feliz!”, ela não vem dizendo: “Vou te dar prosperidade!”. Na
realidade, a lei vem para nos dizer exatamente aquilo que Deus tem
dito que requer de nós. A lei nos confronta com a glória de Deus e a
nossa pecaminosidade torna isso aterrorizante!
Finalmente, o Evangelho vem e causa também impressão em
nós. Há uma Igreja no Estado do Arizona, cujo pastor, numa
entrevista que foi publicada na revista Newsweek, disse: “As pessoas
hoje em dia não estão preocupadas com doutrinas como justi cação,
salvação ou expiação. Nos dias de hoje, ninguém entende esses
termos. O que nós precisamos fazer é atender as necessidades das
pessoas!”
Imaginem um professor! Vocês não acham que seria muito
estranho se o professor chegasse dizendo assim: “Não posso ensinar
o alfabeto para esta criança porque ela ainda não sabe português”.
Esse é o tipo de argumento que esse pastor estava apresentando.
Tanto que o que hoje se passa com o nome de pregação, na realidade,
não é pregação da Palavra. Porque não apresenta nem a Lei nem o
Evangelho. Esses pastores começam decidindo o que é que as
pessoas de sua igreja desejam ouvir. Quais são os pontos que estão
em moda hoje? Quais são as necessidades das pessoas dos dias de
hoje? E aí, então, eles vão às Escrituras e procuram e acham
passagens que podem ser usadas para apoiar essa necessidade, ao
invés de, indo ao texto, perguntarem primeiro como a santidade de
Deus nos convence do nosso pecado e como o Evangelho de Cristo
pode ser tão claro que até pecadores como nós podem se arrepender
e crer.
Mas vocês, irmãos e irmãs, ouçam o que Paulo diz, sejam sóbrios em todas
essas coisas, preguem a palavra, suportem as a ições, façam o trabalho de
evangelista, e cumpram cabalmente o ministério.
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