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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA

DISCENTE: RAONI MARTINS CARVALHO DE SOUZA


DOCENTE: ANTÔNIA TORREÃO HERRERA
DISCIPLINA: LETB87 – TEORIA DA LÍRICA

RESENHA DO TEXTO “CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA POÉTICA” DE EMIL


STAIGER

Durante a introdução do texto, é colocado o que pode se entender acerca de


Conceitos Fundamentais da Poética. Relacionam-se ao conceito as noções de épico,
lírico, dramático e até certo ponto trágico e cômico. Entretanto, esta resenha terá como
foco o estilo Lírico. Ao discutir a essência inicial dos conceitos de lírico, épico e
dramático, é expressado pelo autor que:

era lírica toda poesia que se assemelhasse em composição, extensão e


principalmente na métrica às criações dos autoreslíricos considerados
clássicos, Alcman, Estesídoro, Alceu, Safo, Ibico, Anacreonte, Simônides,
Baquílides e Píndaro. Os romanos podiam, assim, classificar Horácio como
lírico, mas não Catulo, já que este escolhera outros pés métricos (p. 4).

É demonstrado que porventura, a poética da antiguidade até os dias de hoje


vem enfrentando dificuldades de definir modelos, pois os mesmos multiplicaram-se
indefinitivamente. É dito que para continuarmos no gênero lírico, a Poética teria que
“comparar baladas, canções, hinos, odes, sonetos e epigramas entre si, percorrer sua evolução
durante um ou dois milênios consecutivos, e descobrir o que há de comum entre essas
composições, chegando então, finalmente, a um conceito global do que seria o gênero lírico (p.
4). Assim como também é citado o uso do termo “drama lírico”, no qual "Drama" significa uma
composição para o palco e "lírico" referindo-se ao tom, mostrando-se mais importante na
determinação da essência que a "exterioridade da forma dramática". Então, é questionado pelo
autor, “Qual é, aqui, o critério para determinação do gênero?” (p. 4).

O autor inicia o primeiro capítulo – que é dedicado ao estilo lírico - com uma análise de
um poema de Goethe chamado "Wanderers Nachtlied" — "Canção Noturna do Viandante". Após
realizar uma análise inicial no âmbito da relação com a língua de origem alemã, o autor discorre
que:

O valor dos versos líricos é justamente essa unidade entre a significação das
palavras e sua música. É uma música espontânea, enquanto a onomatopéia —
mutatis mutandis e sem valoração — seria comparável à música descritiva.
Nada mais perigoso que uma tal manifestação direta do clima espiritual. Em
conseqüência disso, cada palavra ou mesmo cada sílaba na poesia lírica é
insubstituível e imprescindível (p. 7).

Harmonia sonora e musicalidade são bastante comuns entre os poemas líricos.


Mas o autor fala sobre a dificuldade da tradução de versos líricos, pela afirmação de
leitores sentem algo ao escutar, mesmo que não entendam a língua estrangeira em
questão. Ouvem os sons e ritmos e sentem tocados pela disposição do poeta. Nesses
casos, não há para o leitor a necessidade de uma compreensão lógica. Staiger
comenta que:
A música é esse remanescente, linguagem que se comunica sem palavras,
mas que se expande também entoando-as. O próprio poeta confessa-o,
quando compõe a canção (Lied) que destina ao canto. No canto, há uma
elaboração da curva melódica, do ritmo. O conteúdo da frase passa a ter menor
importância para o ouvinte. Acontece, às vezes, que o próprio cantor não sabe
bem de que se fala no texto. Amor — morte — água, qualquer idéia mais ou
menos propícia lhe basta. Nos intervalos, ele segue cantando
despreocupadamente e continua perfeitamente integrado no todo. Ele se
chocaria se lhe dissessem que não compreendera a canção. É evidente que
com isso ele não dedica o tratamento devido ao todo da criação artística; pois
também as palavras e o conteúdo das frases pertencem, como é lógico, à
canção. Nem somente a música das palavras, nem somente sua significação
perfazem o milagre da lírica, mas sim ambos unidos em um (p. 8).

Parecendo ser conseqüência lógica, pela qual deva haver em criações líricas tantas
estruturas métricas quantos possíveis climas (Stimmungen). “Na história da Lírica, notam-se
vestígios de tal fato. A Lírica causava dificuldades à Poética antiga, que procurava classificar os
gêneros de acordo com características métricas, justamente pela variedade de metros existentes,
"varietate carminum (p. 10)". Por fim a poética encontra a melhor saída, dizendo que tal
"variedade" é uma característica do gênero. As denominações de estrofes, "asclepiadéia",
"alcaica", "sáfica", apontam que antigamente, pelo menos cada mestre do melo cantava em seu
próprio tom, um ideal que ressurgiu na idade média. Atingiu-se o auge, quando não apenas cada
poeta, mas ainda cada composição tinha seu próprio tom, sua estrofe e métrica características.

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