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Atividade de Filosofia
Capítulo 18: Freud (1856-1939), você não é o centro de tudo
O que aconteceria se algum dia você descobrisse que não é mais o centro do universo? Que está apenas num
canto sem muita importância de uma galáxia que possui bilhões de estrelas e se der conta que existem outras bilhões de
galáxias? Então você poderia se vangloriar por ser o “senhor do planeta onde mora”, assim como Bacon, Descartes e as
religiões monoteístas nos fizeram crer. Mas, caro coleguinha, cara coleguinha, novamente, temos más notícias para o seu
orgulho. Você é só uma espécie dentro de outras milhões que existem e, neste exato momento existem mais seres dentro
de seu corpo do que seres humanos no planeta Terra. Como é estranho ter bilhões de seres vivos em nossos organismos!
Então, como último recurso você poderia bradar que é o senhor e construtor de sua própria história (olha o
Augusto Cury aí, gente), tendo plenos poderes sobre as suas ações, que nada pode abalar as suas convicções e seu
otimismo diante da vida. Você pode ser uma daqueles milhares de pessoas que leu O poder da ação e saiu energizado de
inúmeras palestras motivacionais. Nada contra Augusto Cury ou Paulo Vieira, se você quiser ler todos os livros e
participar de todas as palestras desses dois autores de sucesso retumbante, fique à vontade, já percebemos que se você não
é, provavelmente queira ser uma pessoa bem-sucedida.
Mas, como nem tudo na vida é tão energizante como uma palestra motivacional, você volta para a realidade e
percebe que, muitas e muitas vezes, não é senhor nem em sua própria casa. E não estou falando que tem uma mulher ou
um marido mandão, estou falando que você, muitas vezes, não tem o controle sobre si mesmo.
Do que escrevi até agora nestas linhas que não parecem fazer muito sentido? Escrevi sobre as feridas narcísicas
que atingiram o ego da humanidade.
Para quem não está estabelecendo a relação, vou “explicar o que ninguém consegue entender”, não, espere, quem
faz isso é Renato Russo. Narciso, em uma das versões sobre o mito, é um belo jovem que despertava muitos suspiros por
onde passava (igualzinho a mim em minha juventude, só que não). Com uma ninfa dos bosques, Eco, tendo se
apaixonado por ele, quem nunca? Ele a desprezou completamente, sentindo-se muito ofendida, ela foi definhando até se
transformar em rocha, até hoje podemos ouvi-la repetindo o fim das frases que falamos numa caverna (tente gritar em
uma caverna, pode não encontrar a ninfa, mas terá um espanto ao ouvir a própria voz).
A deusa Vingança, ao saber do desprezo de Narciso, decidiu puni-lo com uma maldição: ele não poderia ver a sua
própria imagem que teria a sua condenação. Mas, da mesma forma que esconder as rocas não poupou o destino da Bela
Adormecida, evitar os reflexos não salvariam nosso herói. Um dia, ao passar por um lago, Narciso se abaixou para tomar
água e viu a própria imagem refletida no espelho de água, ficou totalmente apaixonado por seu próprio reflexo e não
conseguiu parar de olhar para si mesmo, morrendo nesta situação. Ele foi transformado no narciso, uma flor que cresce
nas proximidades de lagos. Da mesma forma, o ser humano deu a si mesmo a condição de ser superior aos outros seres,
intitulando-se como animal racional, como um passo entre os animais e os anjos, como a coroa da criação divina e até
mesmo como filho de Deus.
De acordo com Freud, não é bem assim que as coisas são. Para ele, o ser humano sofreu as feridas narcísicas
impingidas por Copérnico e Galileu que retiraram a Terra do centro do universo, por Marx que retirou o ser humano do
centro da própria história e, finalmente ele próprio, Freud, deu a estocada final, ao dizer que o ser humano é formado pelo
consciente e pelo inconsciente, que pode ser representado como a parte submersa de um iceberg, enquanto a consciência
seria apenas a parte que vemos emersa, algo em torno de um décimo do total.
Para Freud, a psique dos seres humanos é dividida em três instâncias: o Id, a instância mais profunda que busca a
realização das pulsões e dos prazeres; o Superego, que é representado pelo controle exercido pela sociedade sobre os
indivíduos; e o Ego, que é a instância responsável por equilibrar as pulsões internas e os comandos externos. Para muitos,
o Ego seria um pobre coitado, que viveria tentando agradar as outras duas instâncias psíquicas, sendo constantemente
pressionado por elas.
Freud analisou o mito de Édipo e elaborou a ideia de Complexo de Édipo, segundo o qual há uma disputa entre os
pais e os filhos pelo amor da mãe. O que mostra os meninos serem, muitas vezes, mais apegados com as mães do que com
os pais. Como dica prática eu diria para você olhar sempre como uma moça trata a sua própria mãe e como um rapaz trata
o seu próprio pai antes de iniciar um relacionamento sério. Mas, talvez eu esteja ficando velho ao pensar em
relacionamentos sérios em um mundo com Tinder e tantos outros meios para relacionamentos com prazos de existência
de tempo do preparo de macarrão instantâneo.
Outro foco de estudo de Freud é a formação da sociedade humana, graças às repressões que sofremos, que podem
se transformar em sintomas, manifestando-se em elementos psicossomáticos, como dores e traumas, que podem muito
bem ser tratados em sessões de psicanálise, que Freud denominou de cura pela conversa, a pessoa vai se lembrar da
origem daquele mal que a incomoda e consegue se livrar dos sintomas que a oprimem.

SIMÕES, Reginaldo. Filosofia para o café da manhã. Rio de Janeiro: Multifoco, 2021. Pp 98-102.

1. Por que Narciso foi condenado a não poder ver a sua própria imagem?
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2. Quais foram as três feridas Narcísicas sobre os seres humanos, de acordo com Freud?
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3. Por qual razão o Ego pode ser visto como um pobre coitado?

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4. Como Freud interpretou o mito de Édipo?

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5. Como a Psicanálise pode ser um processo de cura de acordo com Freud?

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