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Introdução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, decreto que estabelece o cronograma
para a vigência do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O evento aconteceu no Rio
de Janeiro, em cerimônia na Academia Brasileira de Letras, durante sessão solene de
celebração dos 100 anos de morte de Machado de Assis. “O acordo tem, na verdade, uma
importância maior do que pode parecer à primeira vista. Por isso, precisa ser explicado
com clareza para os cidadãos desse país”, disse Lula, durante a cerimônia.
Para o presidente, o acordo é um resgate das origens. “Quero destacar o resgate dos
nossos laços com a África, principalmente com os países de língua portuguesa. É o
reencontro do Brasil com suas raízes mais profundas, um reencontro consigo mesmo”.
Em 16 de dezembro de 1990, foi assinado em Lisboa (Portugal) o ACORDO
ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Este acordo teve como objetivo
unificar a língua escrita entre os países que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial.
Em razão das diferenças entre as grafias desses países é grande a
dificuldade na difusão da língua. Dessa forma, a intenção do acordo é
facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre as nações
e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa.
Os países são: Portugal, Brasil, Angola, São Tome e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo
DECRETO LEGISLATIVO nº54, de 18 de abril de 1995.
Desde janeiro de 2009, o Brasil passou a escrever com essa nova ortografia.
Essas novas regras só serão obrigatórias no início nos documentos dos governos.
Como a regra passou a vigorar em janeiro de 2009, algumas editoras já lançaram os livros
que usamos este ano de acordo com a nova regra gramatical, mas o Ministério da
Educação, informou que as escolas terão um prazo maior para se adequarem a essa nova
regra.
Entre 2010 e 2012 será chamado de período de transição, onde todas as editoras
deverão obrigatoriamente seguir a nova ortografia nos livros didáticos para todas as
séries.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), 0,8% das palavras sofrem alteração no Brasil.
Em Portugal, a proporção de palavras modificadas chega a 1,3%. Especialistas divergem
sobre esse percentual: também já foi divulgado que 1,6% das palavras de Portugal e que
0,5% das do Brasil serão afetadas.
Mudanças no alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras K, W, e


Y.o alfabeto completo passa a ser

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

As letras K, W e Y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria


dos dicionários da nossa língua são usadas em varias situações. Por exemplo:
a)Na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg
(quilograma), w (watt);
b)na escrita de palavras estrangeiras (e seus derivados): show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang, Willian, kaiser, Kafta,
kafkiano.

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra U para
indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos GUE, GUI, QUE, QUI.

Como era como ficou

Agüentar aguentar
Bilíngüe bilíngue
Cinqüenta cinquenta
Freqüente frequente
Lingüiça linguiça
Sagüi sagui
Seqüestro sequestro
Tranqüilo tranquilo

ATENÇÃO: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em


suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.
Mudanças nas regras de acentuação

1)Não se usa mais o acento dos ditongos abertos ÉI e ÓI das palavras


paroxítonas (palavra que tem acento tônico na penúltima silaba).

Como era como ficou

Alcatéia alcateia
Bóia boia
Colméia colmeia
Coréia Coreia
Estréia estreia
Geléia geleia
Heróico heroico
Idéia ideia
Jibóia jiboia
Jóia joia
Platéia plateia

ATENÇÃO: essa regra e valida somente para palavras paroxítonas.


Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em
ÉIS, ÉU, ÉUS, ÓI, ÓIS. Exemplo: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

2)Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no I e no U tônicos


quando vierem depois de um ditongo.

Como era como ficou

Baiúca baiuca
Bocaiúva bocaiuva
Caúila cauila
Feiúra feiura

ATENÇÃO: se a palavra for oxítona o I ou o U estiverem em posição


final (ou seguidos de S), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús,
Piauí.

3)Não se usa mais o acento das palavras terminadas em ÊEM e ÔO(S).

Como era como ficou

Abençôo abençoo
Crêem creem
Enjôo enjoo
Lêem leem
Magôo magoo
Perdôo perdoo
Zôo Zoo

4)Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para,


péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/pólo(s) e pêra/pêra.

Como era como ficou

Ele pára o carro ele para o carro


Ele foi ao pólo Norte ele foi ao polo Norte
Ele gosta de jogar pólo ele gosta de jogar polo
Esse gato tem pêlos brancos esse gato tem pelos brancos
Comi uma pêra comi uma pera

ATENÇÃO:
* Permanece o acento diferencial em pode/pôde. Pôde e a formado passado
do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular.
Pode e a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

*Permanece o acento diferencial em por/pôr. Pôr e verbo. Por e preposição.


Exemplo: vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

*Permanecem os acento que diferenciam o singular do plural dos verbos ter


e vir, assim como de seus derivados (manter, deter reter conter, convir,
intervir, advir etc.).
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. /Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. /Elem mantêm a palavra.

*É facultativo o uso do acento agudo (´) no U tônico das formas (tu) arguis,
(ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e
redarguir.

*Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar,


quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar,
delinqüir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do
presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também imperativo.
Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues,
enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,
delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhadaé tônica, isto é, deve ser pronunciadamais fortemente que as
outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas,
enxagua, enxaguam; enxague,
enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques,
delinque, delinquem; delinqua,
delinquas, delinquam.
Atenção:
no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

USO DO HÍFEN

Algumas regras do uso do hífen foramalteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata
ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos
leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos
mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo.
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou
por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti,
aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra,
inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro,
semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.
Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
co-herdeiro
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra
humano perde o h).
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se
inicia o segundo elemento.
Exemplos:
aeroespacial
agroindustrial
anteontem
antiaéreo
antieducativo
autoaprendizagem
autoescola
autoestrada
autoinstrução
coautor
coedição
extraescolar
infraestrutura
plurianual
semiaberto
semianalfabeto
semiesférico
semiopaco
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando
este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo peração, cooptar,
coocupante etc.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por consoante diferente de r ou s.
Exemplos:
anteprojeto
antipedagógico
autopeça
autoproteção
coprodução
geopolítica
microcomputador
pseudoprofessor
semicírculo
semideus
seminovo
ultramoderno
ATENÇÃO: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-
almirante etc.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa
por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.
Exemplos:
antirrábico
antirracismo
antirreligioso
antirrugas
antissocial
biorritmo
contrarregra
contrassenso
cosseno
infrassom
microssistema
minissaia
multissecular
neorrealismo
neossimbolista
semirreta
ultrarresistente.
ultrassom
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar
pela mesma vogal.
Exemplos:
anti-ibérico
anti-imperialista
anti-infl acionário
anti-infl amatório
auto-observação
contra-almirante
contra-atacar
contra-ataque
micro-ondas
micro-ônibus
semi-internato
semi-interno

6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento


começar pela mesma consoante.
Exemplos:
hiper-requintado
inter-racial
inter-regional
sub-bibliotecário
super-racista
super-reacionário
super-resistente
super-romântico
Atenção:
• Nos demais casos não se usa o hífen.
Exemplos: hipermercado, intermunicipal,
superinteressante, superproteção.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região,
sub-raça etc.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
7. Quando o prefixotermina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento
começar por vogal.
Exemplos:
hiperacidez
hiperativo
interescolar
interestadual
interestelar
interestudantil
superamigo
superaquecimento
supereconômico
superexigente
superinteressante
superotimismo
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-hospedeiro
ex-prefeito
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado
recém-nascido
sem-terra
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
girassol
madressilva
mandachuva
paraquedas
paraquedista
pontapé
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de
palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
O diretor recebeu os ex-alunos.
Resumo
Emprego do hífen com prefixos
Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h:
anti-higiênico, super-homem.

Outros casos
1. Prefixoterminado em vogal:
• Sem hífen diante de vogal diferente:
autoescola, antiaéreo.
• Sem hífen diante de consoante diferente de r
e s: anteprojeto, semicírculo.
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas
letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.
• Com hífen diante de mesma vogal:
contra-ataque, micro-ondas.
2. Prefixoterminado em consoante:
• Com hífen diante de mesma consoante:
inter-regional, sub-bibliotecário.
• Sem hífen diante de consoante diferente:
intermunicipal, supersônico.
• Sem hífen diante de vogal: interestadual,
superinteressante.
Observações
1. Com o prefixosub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região,
sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano,
subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e
vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
3. O prefixoco aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se
inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.
5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição,
como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc.
6. Com os prefi xos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen:
ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular,
pró-europeu.
Veremos a seguir uma breve cronologia da ortografia do Português
História da Ortografia do Português

Séc XVI até séc. XX - Em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de cariz etimológico (a
raiz latina ou grega determinava a forma de escrita das palavras com maior preponderância).

1907 – A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações.

1910 – Implantação da República em Portugal – é nomeada uma Comissão para estabelecer


uma ortografia simplicada e uniforme a ser usada nas publicações oficiais e no ensino.

1911 – Primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a escrita, mas que
não foi extensiva ao Brasil.

1915 – A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa.

1919 – A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.

1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a


procurar uma grafia comum.

1929 – A Academia Brasileira de Letras altera as regras de escrita.

1931 – É aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que visava suprimir
as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa. Contudo, este acordo não foi posto em
prática.

1938 – São sanadas algumas dúvidas quanto à acentuação de palavras.

1943 – É redigido o Formulário Ortográfico de 1943, na primeira Convenção Ortográfica entre


Brasil e Portugal.

1945 – Um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em Portugal, mas não no Brasil, por não ter
sido ratificado pelo Governo; os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia do
Vocabulário de 1943.

1971 – São promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com


Portugal.

1973 – São promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o


Brasil.

1975 – A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboraram novo
projeto de acordo, que não é aprovado oficialmente.

1986 – O presidentedo Brasil, José Sarney, promove um encontro dos então sete países de
língua oficial portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe -, no Rio de Janeiro. É apresentado o Memorando Sobre o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa.

1990 – A Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro, juntando uma Nota
Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. As duas Academias elaboram a base
do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor, de acordo com o
seu artigo 3º, no dia "1 de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de
ratificação de todos os Estados junto do Governo português".
1996 – O Acordo Ortográfico é apenas ratificado por Portugal, Brasil, e Cabo Verde.

2004 – Os ministros da Educação da CPLP reúnem-se em Fortaleza, no Brasil, para propor a


entrada em vigor do Acordo Ortográfico com a ratificação de apenas três membros, assim
como incluir Timor-Leste.

2008 – O Acordo Ortográfico de 1990 é aprovado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil
e Portugal, sendo esperada a sua implementação no início de 2009.

Perguntas frequentes sobre o Acordo Ortográfico:


1. Porquê fazer um Acordo Ortográfico?
Porque o Português é língua oficial em oito Estados soberanos mas tem
duas ortografias, ambas correctas, a de Portugal e a do Brasil. Existem
desvantagens na manutenção desta situação e a língua será
internacionalmente tanto mais importante quanto maior for o seu peso
unificado.
A existência de dupla grafia limita a dinâmica do idioma e as diferenças
criam obstáculos, maiores ou menores, em todos os incontáveis planos em que
a forma escrita é utilizada: seja a difusão cultural (literatura, cinema, teatro); a
divulgação da informação (jornais, revistas, mesmo a TV ou a Internet); as
relações comerciais (propostas negociais, textos de contratos) etc., onde o
Português escrito é utilizado. Isto, se considerarmos apenas as relações
intracomunitárias (nos oito países da CPLP).
Nas relações internacionais, recorde-se que existem quatro grandes línguas
(Inglês, Francês, Português e Espanhol) e que o Português é a única com duas
grafias oficiais.
Assim, no plano intracomunitário, a dupla grafia dificulta a partilha de
conteúdos, no plano internacional, limita a capacidade de afirmação do idioma,
provocando, por exemplo, traduções quer literárias quer técnicas diferentes
para Portugal e Brasil.
2. Mas como se explica que exista mais do que uma ortografia?
No rescaldo da Implantação da República em Portugal, deu-se a 1ª
Reforma Oficial da Ortografia Portuguesa que, em 1911, estabeleceu uma
ortografia simplificada, consagrada nos textos oficiais de ensino.
Esta profunda reforma não foi concertada na altura com a República
Brasileira, e desde essa data a língua tem comportado duas grafias.
Sucede que a língua, como realidade dinâmica que é, está sujeita a
evolução. A ortografia do Português não é excepção e as duas ortografias
então existentes trilharam caminhos diferentes, não obstante várias iniciativas
dos dois países, singulares e concertadas, no sentido da unificação.
3. Quais são os Estados signatários (partes) do Acordo Ortográfico?
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São
Tomé e Príncipe. O Acordo encontra-se aberto à adesão de Timor-Leste que
em 1990 ainda não tinha reconquistado a independência.
4. Qual a estimativa de pessoas no mundo que falam a língua
portuguesa?
Calculam-se em mais de 200 milhões as pessoas que falam Português em
todo o mundo.
5. O Acordo foi assinado em 1990, mas só entraria em vigor com a
ratificação de todos os países? O que mudou com os Protocolos
Modificativos ao Acordo?
O Acordo Ortográfico na sua versão original, de 1990, previa entrada em
vigor apenas quando se verificasse a ratificação (recepção do Acordo no
ordenamento jurídico interno do Estado) por todos os signatários.
Os Protocolos Modificativos alteraram apenas a modalidade de entrada em
vigor do Acordo. O conteúdo, i.e., as alterações ortográficas do Acordo Original
mantém-se.
6. Por que foi necessário um segundo Protocolo? O primeiro não tem
valor?
Foi necessário um Segundo Protocolo Modificativo pois a alterações
produzidas pelo primeiro (alargando o prazo para entrada em vigor)
demonstraram-se ineficazes. A assinatura do 2º Protocolo estabelece que, o
Acordo Ortográfico entrava em vigor com a ratificação por três dos Estados
signatários (naturalmente, para os Estados que procedessem à ratificação).
O Primeiro Protocolo Modificativo, não apresenta hoje qualquer conteúdo
prático.
Saiba mais sobre o tema em http://www.cplp.org/comunicados.asp
7. O Acordo Ortográfico já está em vigor? Em que países?
Sim, na ordem jurídica internacional e no Brasil, em Cabo Verde e São
Tomé e Príncipe, por força da ratificação pelos três Estados do Acordo
Ortográfico e do Segundo Protocolo Modificativo.
O terceiro signatário a ratificar, S. Tomé e Príncipe, depositou os
documentos correspondentes em Dezembro de 2006 e, por esse efeito fez com
que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrasse em vigor no dia 1 de
Janeiro de 2007. Saiba mais em http://www.cplp.org/comunicados.asp.
8. Porquê da demora na ratificação por parte dos demais países
signatários?
As razões que cada um dos signatários do Acordo Ortográfico tem para
proceder ou não à sua ratificação são matéria do foro interno de cada Estado.
A CPLP remete assim para os Estados a divulgação de informações quanto
a esta questão.
9. Foi definida data para os Estados signatários ratificarem o Acordo?
O Acordo, na sua redacção original (1990), previa a entrada em vigor a 1 de
Janeiro de 1994, após o depósito dos instrumentos de ratificação de todos os
Estados signatários. Esta disposição tornou-se letra morta quando a data foi
ultrapassada sem terem sido efectuadas as ratificações.
Esta redacção foi alterada pelos Protocolo Modificativos e em bom rigor,
visto que não se extrai dos textos qualquer outra data, não existe um prazo
para ratificação do Acordo.
10. O que acontece à ortografia do Português nos países que não
ratificarem?
Nada. Caso não seja ratificado, o Acordo Ortográfico não se torna parte dos
ordenamentos jurídicos nacionais dos signatários e assim as alterações que
estabelece não se verificarão na ortografia desses países.
11. Mas podem uns países avançar com a implementação do Acordo
Ortográfico sem os demais?
Sim, dado que está prevista a entrada em vigor desde que ratificado por
três Estados, o que já aconteceu. Todavia, é de lembrar que o objectivo é
unificação, e que o ideal seria que todos os países avançassem em uníssono.
Com efeito, a medida do sucesso do Acordo Ortográfico depende da sua
ratificação e implementação por todos os Estados signatários. Só com todos
poderá atingir o pleno dos seus objectivos originais.
12. Existe uma estimativa quanto ao número de palavras alteradas?
Segundo os dados disponibilizados pela Academia de Ciências de Lisboa, à
data da celebração do Acordo, o número de palavras cuja ortografia seria
alterada não ultrapassaria os 2 por cento! Pouco mais de 2.000 palavras num
Universo de 110.000.
Não estão contabilizadas: as alterações à utilização do hífen e as
resultantes da supressão do trema, diminutas em número e de fácil apreensão.
13. Quais foram os critérios utilizados para desenvolver as novas
normas ortográficas?
Segundo o próprio Acordo, o esforço de unificação da grafia foi presidido
por um critério fonético, isto é, a ortografia das palavras é alterada no sentido
de as aproximar à forma falada. (ex.: abolição das consoantes mudas).
14. Mas se o critério fonético está subjacente às alterações, o
Português falado é alterado?
Não. A forma falada do Português não sofrerá qualquer alteração no curto
prazo (embora não seja de excluir que, no futuro, o “p” que os portugueses
utilizam em baptismo e pronunciam muito levemente, venha a desaparecer).
Repare-se que no cenário actual de duas grafias, portuguesa e brasileira,
mesmo dentro dos limites territoriais de cada um destes dois Estados, existem
diferentes formas de falar o português, não obstante cada um dos países ter
apenas uma ortografia.
No mesmo sentido, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que
usam a ortografia portuguesa, falam o português de forma diversa, quer entre
si, quer da falada em Portugal ou no Brasil.
Os cambiantes da língua falada não serão afectados pelo Acordo.
Altera-se a ortografia no sentido de a unificar, utilizando a fonética apenas
como um dos instrumentos dessa unificação ortográfica.
15. Quais os prazos e custos para a implementação das alterações?
O Acordo ocupa-se apenas das regras ortográficas e define um patamar de
compromisso em termos ortográficos. Cabe a cada um dos Estados envidar
esforços no sentido de chegar a esse patamar. O processo de implementação
não se encontra definido no Acordo.
Entende-se assim que caberá a cada Estado estudar as suas necessidades
específicas e definir o plano de acção nacional, no sentido de concretizar o
Acordo. Assim, remete-se para as autoridades nacionais qualquer informação
sobre prazos e custos.
16. Quando se começarão a sentir os efeitos práticos? Será imediato
ou faseado?
Sendo que cada país definirá o seu plano de acção, os efeitos do Acordo
começarão a sentir-se à medida que as autoridades nacionais avançarem com
a sua implementação.
Assim, será o plano de acção nacional de implementação de cada Estado
que definirá as áreas (ensino, administração pública, comunicação social, etc.)
onde as alterações se farão sentir em primeiro lugar.
Dada a complexidade relativa em termos técnicos (Ex. manuais escolares)
e financeiros, cada Estado adoptará, provavelmente, planos de acção
faseados.
Recorda-se que não será a entrada em vigor, per se, do Acordo que levará
os cidadãos a respeitarem as novas regras ortográficas. Existe uma nova
ortografia, mas a sua implementação não é instantânea. Serão possivelmente
definidos, pelos próprios Estados, períodos de transição para as áreas onde tal
faça sentido, ex.: manuais escolares, gramáticas e dicionários, formulários de
serviços públicos, contratos, etc.
17. É isto que se entende por “moratória” de aplicação do Acordo?
Tem sido por vezes referido na imprensa que o Acordo prevê uma
“moratória” para a sua aplicação. Tal informação é incorrecta.
Não obstante, e como já foi abordado acima, a introdução das alterações
ortográficas dificilmente será instantânea.
Naturalmente existirá um período de convivência entre as duas grafias, que
será diferente consoante o contexto. Isto é, qualquer livraria terá, durante os
anos vindouros, livros nas suas prateleiras escritos nas duas grafias, mas
dificilmente se encontrará, uma vez implementado o Acordo, um jornal diário
que não reflicta as alterações.
Por este exemplo se vê que as diferentes manifestações da língua escrita
terão, pelos seus ciclos naturais, diferentes prazos para absorver as alterações.
Sites acessados:

http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=3264
http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=3264
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u415676.shtml
http://www.portalcapoeira.com/View-document-details/Guia-Pratico-da-Nova-
Ortografia-Brasileira-2009
http://www.emtempo.com.br/portal/index.php?
option=com_content&task=view&id=10299&Itemid=106
http://novaortografia.com/o-que-muda-no-brasil/
www.abril.com.br/arquivo/acordo_ortografico.pdf
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo-historia
www.cplp.org/Default.aspx?ID=311&PID=289&Action=1&NewsId=114 –
http://www.camara.gov.br/internet/reformaortografica/encerramento.html
http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/13/acordo-ortografico-da-lingua-
portuguesa/
http://www.abril.com.br/reforma-ortografica/

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