Você está na página 1de 34

286—(1) I SÉRIE—NÚMERO 38

ARTIGO 31 Mantém-se válidos, para todos os efeitos legais os


(Estatuto do pessoal das instituições de ensino superior públicas) Diplomas dos graus académicos de Bacharelato e
Até à aprovação da legislação referida no número 2 Licenciatura, atribuídos à luz da Lei n.° 5/2003, de 21
do artigo 26, o pessoal das instituições de ensino de Janeiro.
superior públicas rege-se pelo Estatuto Geral dos ARTIGO 35
Funcionários do Estado e demais legislação em vigor. (Revogação)
ARTIGO 32 É revogada a Lei n.° 5/2003, de 21 de Janeiro, bem
(Regulamentação) como as demais disposições legais que contrariem a
1. Sem prejuízo da autonomia de que gozam as presente Lei.
instituições de ensino superior, compete ao Conselho ARTIGO 35
de Ministros regulamentar a presente Lei,
nomeadamente quanto aos procedimentos, requisitos (Entrada em Vigor)
e condições para a criação e funcionamento das
A presente Lei entra imediatamente em vigor.
instituições de ensino superior, para a criação de
programas e abertura de cursos, para o sistema de Aprovada pela Assembleia da República, aos 29
acreditação e controle da qualidade do ensino de Junho 2009 Publique-se.
superior, a forma, requisitos e condições para a
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo
atribuição de qualificações académicas, para o
Joaquim Mulémbwè.
sistema de créditos académicos, bem como sobre
Promulgada em, 31 de Agosto de 2009.
todas as matérias que se vierem a revelar necessárias
para a exequibilidade da presente Lei. O Presidente da República, ARMANDO EMÍLIO
GUEBUZA.
2. A competência atribuída no número anterior
pode ser delegada ao Ministro que superintende o
sector.
ARTIGO 33
(Disposição transitória)
o regime de transição da estruturação dos graus
académicos previsto na Lei n. ° 5/2003, de 21 de
Janeiro, para a estruturação de ciclos de formação
previstos na presente Lei, consta de regulamentação a
ser aprovada pelo Conselho de Ministros, até 180 dias
após a entrada em vigor da presente Lei. Lei n.° 28/2009
de 29 de Setembro
ARTIGO 34
Havendo necessidade de colmatar algumas lacunas
(Salvaguarda dos direitos adquiridos) existentes na Lei
n.° 7/94 de 14 Setembro, bem como adequar a demais disposições legais aplicáveis, exercem a
estrutura e o funcionamento da Ordem dos advocacia.
Advogadas à realidade do país às condições 2. A Ordem dos Advogados é independente
necessárias para o exercício da profissão de dos órgãos do Estado, sendo livre e autónoma nas
advogado, ao abrigo do disposto no número 1 do suas regras e funcionamento.
artigo 179 da Constituição, a Assembleia da 3. A Ordem dos Advogados tem
República determina: personalidade jurídica e goza de autonomia
ARTIGO 1 administrativa, financeira e patrimonial.
(Aprovação do Estatuto da Ordem dos Advogados) 4. O uso da sigla "OAM" é privativo da
É aprovado o Estatuto da Ordem dos Advogados de Ordem dos Advogados de Moçambique.
Moçambique, publicado em anexo à presente Lei e
que dela faz parte29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(2)
integrante.
A RTIGO 2
(Norma revogatória)
É revogada a Lei n.° 7/94, de 14 de Setembro. ARTIGO 2
(Sede)
ARTIGO 3 A Ordem dos Advogados tem a sua sede na cidade de
(Entrada em Vigor) Maputo.
A presente Lei entra imediatamente em vigor.
ARTIGO 3
Aprovada pela Assembleia da República, aos 29 (Âmbito)
de Junho 2009
1. A Ordem dos Advogados exerce em todo
Publique-se.
o território nacional as atribuições e competências
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo que o presente Estatuto lhe confere e é
Joaquim Mulémbwè. territorialmente estruturada em Conselhos
Promulgada em, 31 de Agosto de 2009. Provinciais e Delegados.
O Presidente da República, ARMANDO EMÍLIO 2. As atribuições e competências da Ordem
GUEBUZA. dos Advogados são extensivas à actividade dos
advogados e advogados estagiários nela inscritos
no exercício da respectiva profissão fora do
território moçambicano.
Estatuto da Ordem dos Advogados de 3. Os Conselhos Provinciais e os Delegados
Moçambique referidos no número 1 do presente artigo são
criados pelo Conselho Nacional e funcionam,
TÍTULO I
respectivamente, nas províncias com mais de 15
Ordem dos Advogados de Moçambique advogados e nas províncias em que haja, pelo
menos, 5 advogados com domicílio profissional
CAPÍTULO I Disposições nas respectivas áreas territoriais.
4. Sempre que o número de advogados de
gerais uma província não permita a constituição de um
Conselho Provincial, o Conselho Nacional pode
ARTIGO 1 criar Conselhos Inter-Provinciais, de carácter
provisório, que abranjam duas ou mais províncias.
(Definição e natureza)
5. Aos Conselhos Inter-provinciais são
1. A Ordem dos Advogados de Moçambique, aplicáveis, com as necessárias adaptações, os
também designada por Ordem dos Advogados ou artigos 40 e 41 do presente Estatuto e as suas
OAM, é uma pessoa colectiva de direito público competências, organização e funcionamento são
representativa dos licenciados em Direito que, em fixados por deliberação do Conselho Nacional.
conformidade com os preceitos deste Estatuto e
1. A Ordem dos Advogados é representada em
juízo e fora dele pelo Bastonário ou por quem este
delegar, pelos Presidentes dos Conselhos Provinciais,
ARTIGO 4
pelos delegados ou pelos presidentes dos conselhos
(Atribuições)
Inter-provinciais, na área da respectiva jurisdição.
São atribuições da Ordem dos Advogados:
a) defender o Estado de Direito Democrático,
os direitos e 2. Para defesa dos advogados em todos os assuntos
liberdades fundamentais e participar na boa relativos ao exercício da profissão ou ao desempenho
administração da Justiça; de cargos nos órgãos da Ordem dos Advogados, quer
b) promover o acesso à justiça, nos termos da se tratem de responsabilidades que lhes sejam
Constituição e demais legislação; exigidas, quer de ofensas contra eles praticadas, pode
c) contribuir para o desenvolvimento da cultura a Ordem dos Advogados exercer os direitos de
jurídica, para o conhecimento e assistente ou conceder patrocínio em processo de
aperfeiçoamento do Direito, devendo qualquer natureza.
pronunciar-se sobre os projectos de 3. A Ordem dos Advogados, quando intervenha
diplomas legais que interessam ao exercício como assistente em processo penal, pode ser
da advocacia, ao foro judicial e à representada por advogado diferente do constituído
investigação criminal; pelos restantes assistentes, havendo.
d) participar no estudo e divulgação das leis e 4. A Ordem dos Advogados goza de isenção de
promover o respeito pela legalidade; preparos, imposto de justiça e custas pela sua
e) zelar pela função social, dignidade e intervenção em juízo, sendo esta isenção extensiva
prestígio da aos membros dos órgãos da Ordem, quando
profissão de advogado e promover o respeito pessoalmente demandados em virtude do exercício
pelos respectivos princípios deontológicos; dessas funções ou por causa delas.
f ) defender os interesses, direitos, prerrogativas e ARTIGO 6
imunidade (Recursos)
dos seus membros; 1. Sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo
g) reforçar a solidariedade entre os seus membros ; 20, os actos praticados pela Ordem dos Advogados
h) atribuir o tútulo profissional de advogado e de no exercício das suas atribuições admitem os recursos
advogado hierárquicos previstos no presente Estatuto.
estagiário, e regulamentar o exercício da 2. O prazo de interposição de recurso é de 15 dias,
respectiva profissão; quando outro não se encontre especialmente previsto
i) exercer jurisdição disciplinar exclusiva sobre os na lei.
membros; 3. Dos actos ilegais ou que afectem direitos ou
j ) promover o estreitamento de relações com interesses dos cidadãos proferidos pelos órgãos da
organismos congéneres estrangeiros; k) emitir Ordem dos Advogados cabe recurso contencioso nos
parecer sobre propostas termos gerais de direito.
de leis inerentes ao A RTIGO 7
exercício da advocacia e ao patrocínio (Correspondência e requisição oficial de documentos)
judiciário em geral e propôr as alterações No exercício das suas atribuições legais, podem os
legislativas que se entendam convenientes; l) órgãos da Ordem dos Advogados corresponder-se
organizar e coordenar o estágio com quaisquer entidades públicas, autoridades
profissional dos judiciais e policiais, bem como com órgãos de polícia
advogados estagiários; m) exercer as demais criminal, podendo requisitar, com isenção de
funções que pagamento de despesas, documentos, cópias,
resultam das disposições deste Estatuto certidões, informações e esclarecimentos, incluindo a
e de outros preceitos legais. remessa de processos em confiança, nos termos em
que os organismos oficiais devem satisfazer as
ARTIGO 5 requisições dos tribunais.
(Representação da Ordem dos Advogados)
286—(3) I SÉRIE—NÚMERO 38 O 1.
mandato dos titulares dos órgãos da Ordem dos
ARTIGO 8 (Dever de colabora ção)
Advogados é de três anos e inicia com a tomada de
1. As entidades públicas, autoridades judiciárias e posse.
policiais, bem como os órgãos de polícia criminal, 2. O mandato extingue-se automaticamente, antes
têm o especial dever de prestar total colaboração à do seu termo, quando:
Ordem dos Advogados, no exercício das suas
funções. a) ocorrer
o cancelamento da inscrição;
2. Os particulares, sejam pessoas singulares ou b) o titular sofrer sanção disciplinar superior à
colectivas, têm o dever de colaboração com a Ordem suspensão de um a seis meses ;
dos Advogados no exercício das suas atribuições. c) o titular faltar, sem motivo justificado, a três
reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão,
CAPÍTULO II não podendo ser reconduzido no mesmo período
Órgãos de mandato.
3. Extinto o mandato por qualquer uma das causas
SECÇÃO I Disposições gerais previstas neste artigo, cabe a cada órgão eleger o
substituto de entre os membros da Ordem dos
ARTIGO 9 (Enumeração dos Advogados elegíveis.
órgãos) ARTIGO 11
1. A Ordem dos Advogados prossegue as suas (Elegibilidade)
atribuições que lhe são conferidas neste Estatuto e 1. Só podem ser eleitos ou designados para órgãos
demais legislação através dos seus órgãos. da Ordem dos Advogados os advogados com
2. Sem prejuízo do disposto no número 4 do artigo inscrição em vigor e sem qualquer punição de
3, são órgãos da Ordem dos Advogados: carácter disciplinar à suspensão de um a seis meses.
a) a Assembleia Geral; 2. Para os cargos de Bastonário, de Vice-
b) o Bastonário; Presidente do Conselho Nacional, de Presidente e de
c) o Conselho Jurisdicional; Vice-Presidente do Conselho Jurisdicional, só podem
d) o Conselho Nacional; ser eleitos advogados com, pelo menos, oito anos de
exercício efectivo da profissão.
e) as assembleias provinciais;
3. Para feitos do disposto no número 1 deste
f ) os Conselhos provinciais;
artigo, considerase que têm inscrição em vigor os
g) os Delegados.
advogados que não se encontrem numa situação de
2. É a seguinte a hierarquia dos titulares dos órgãos incompatibilidade ou impedimento e tenham as suas
da Ordem dos Advogados: quotas regularizadas.
a) o Bastonário;
b) o Presidente da Mesa da Assembleia Geral; ARTIGO 12
c) o Presidente do Conselho Jurisdicional; (Apresentação de candidatura)
d) o Vice-Presidente do Conselho Nacional e o
1. A eleição para os órgãos da Ordem dos
Vice-
Advogados depende de apresentação de propostas de
-Presidente do Conselho Jurisdicional; candidaturas perante o Bastonário em exercício, com
e) os membros do Conselho Jurisdicional e do a antecedência mínima de vinte dias da data da
Conselho realização da Assembleia Geral respectiva.
Nacional; 2. As propostas de candidatura a Bastonário são
f ) os Presidentes dos Conselhos Provinciais; subscritas por um mínimo de 15 advogados com
g) os membros dos Conselhos Provinciais; inscrição em vigor e para o Conselho Nacional e o
h) os delegados. Conselho Jurisdicional são subscritas por um mínimo
de 10 advogados, quanto às candidaturas para os
ARTIGO 10 Conselhos Provinciais por um mínimo de 2
(Mandato dos titulares dos órgãos)
advogados.
3. As assinaturas dos advogados proponentes mandatos, na data que for designada pelo Bastonário
devem ser reconhecidas e serem acompanhadas da em exercício.
indicação do número da carteira profissional. 2. As eleições para Bastonário, Conselho
4. As propostas de candidaturas a Bastonário e Nacional e
para o Conselho Nacional devem ser apresentadas em Conselho Jurisdicional têm lugar sempre na mesma
simultâneo, acompanhadas das linhas gerais do data.
respectivo programa.
ARTIGO 15
5. As propostas de candidatura ao Conselho
Nacional, ao Conselho Jurisdicional e aos Conselhos (Tomada de posse)
Provinciais devem indicar os candidatos a Vice-
Presidente e a Presidente e VicePresidente dos 1. A tomada de posse dos titulares eleitos para os
respectivos órgãos. diversos órgãos da Ordem dos Advogados tem lugar
até 30 dias a contar do termo dos mandatos.
6. As propostas de candidatura devem conter
2. Os membros eleitos para os Conselhos
declaração de aceitação de todos os candidatos, com a
assinatura reconhecida. Provinciais, para as Assembleias Provinciais e
nomeados para o cargo de Delegado tomam posse
7. O advogado só pode figurar como candidato
perante o Bastonário na data que for por este
numa única lista.
designado.
8. Quando não seja apresentada qualquer
3. Os membros eleitos para os órgãos da Ordem
candidatura para os órgãos cuja eleição dependa de
dos Advogados tomam posse assinando o "Termo de
tal formalidade, o Bastonário declara sem efeito a
Posse", após prestar o seguinte compromisso "
convocatória da Assembleia ou o respectivo ponto de
Prometo manter, defender e
ordem de trabalhos e, concomitantemente, designa
data para nova Assembleia, a ter lugar no prazo de cumprir os princípios e finalidades da Ordem dos
120 dias. Advogados de Moçambique, exercer com dedicação
e ética as funções do cargo para o qual fu i eleito e
9. A apresentação das propostas de candidatura
tem lugar até vinte dias antes da data designada nos pugnar pela dignidade, independência, prerrogativas
termos do número anterior. e valorização da advocacia."
ARTIGO 16
10. Na hipótese do número 8 deste artigo, os (Voto)
membros em exercício continuam em funções até à
tomada de posse dos novos titulares eleitos. 1. Têm direito a voto, apenas os Advogados com
inscrição em vigor.
11. Se para a nova Assembleia Geral prevista no
2. O voto é secreto, podendo ser exercido
número 8 do presente artigo não for apresentada
pessoalmente ou por procuração com poderes
qualquer lista, o Conselho Nacional cessante pode
especiais para votar, outorgada a favor de outro
apresentar uma lista, com dispensa do estabelecido no
advogado igualmente com inscrição em vigor.
número 2 deste artigo, no prazo de 15 dias após o
decurso do prazo para a apresentação das listas nos 3. A procuração referida no número anterior não
termos gerais. pode ser outorgada a favor do advogado candidato.
4. Não é permitida a representação de mais de
ARTIGO 13 cinco membros.
(Proposta vencedora) 5. A procuração deve ser entregue no acto da
votação ou, antes deste, na Secretaria da Ordem dos
É declarada vencedora da eleição a proposta que Advogados.
recolher maior número de votos validamente
expressos. ARTIGO 17
(Obrigatoriedade de exercício de funções)

29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(4) Constitui


1.
dever do
ARTIGO 14 advogado o exercício de funções nos órgãos e
(Data das eleições) comissões da Ordem dos Advogados para que tenha
1. A eleição para os diversos órgãos da Ordem dos sido eleito ou tenha aceite a designação, constituindo
Advogados realiza-se até 60 dias do termo dos infracção disciplinar a recusa de tomada de posse,
salvo no caso de escusa fundamentada, aceite pelo 1. No caso de escusa, renúncia, perda ou
Conselho Provincial respectivo ou, na falta deste, caducidade do mandato por motivo disciplinar ou no
pelo Conselho Nacional. caso de morte ou de impedimento permanente do
2. A recusa injustificada de exercício de funções Bastonário, o Vice-Presidente do Conselho Nacional
por quem tenha sido eleito ou tenha aceite a assume o cargo e convoca até 30 dias posteriores à
designação é punível com suspensão do exercício da verificação do facto, uma reunião do Conselho
profissão por um período de 18 meses. Nacional para, de entre os seus membros, eleger o
novo Bastonário.
ARTIGO 18
2. No caso de impedimento permanente, do
(Renúncia ao cargo e suspensão temporária do exercício das funções)
Bastonário, o Conselho Nacional e o Conselho
1. Quando sobrevenha motivo relevante, pode o Jurisdicional, em sessão conjunta, convocada pelo
advogado titular de cargo nos órgãos da Ordem dos Vice-Presidente do Conselho Nacional, deliberam
Advogados solicitar ao Conselho Nacional a previamente sobre a verificação do facto.
aceitação da sua renúncia ou suspensão temporária do 3. Até à tomada de posse do novo Bastonário e em
exercício de funções. todos os casos de impedimento temporário, exerce as
2. O pedido é sempre fundamentado e o motivo respectivas funções o Vice-Presidente do Conselho
apreciado pelo órgão referido no número anterior. Nacional.
ARTIGO 19 ARTIGO 22
(Perda de cargo na Ordem dos Advogados) (Substituição dos presidentes dos órgãos colegiais da Ordem dos
1. Sem prejuízo do competente procedimento Advogados)
disciplinar, perde o cargo o advogado que, sem 1. No caso de escusa, renúncia, perda ou
motivo justificado, não exerça as respectivas funções caducidade do mandato por motivo disciplinar ou
com assiduidade ou dificulte o funcionamento do morte, e ainda nos casos de impedimento permanente
órgão da Ordem dos Advogados a que pertença. dos presidentes dos órgãos colegiais da Ordem dos
2. A perda do cargo nos termos deste artigo é Advogados, o Vice-Presidente é o novo Presidente e
determinada pelo próprio órgão, mediante o respectivo órgão elege, na primeira sessão ordinária
deliberação tomada por maioria dos votos dos subsequente ao facto, de entre os advogados
respectivos membros. elegíveis, um novo membro do referido órgão.
3. A perda do cargo de Delegado depende de 2. À substituição prevista neste artigo aplica-se o
deliberação do Conselho Nacional, tomada por disposto no número 2 do artigo anterior quanto à
maioria dos votos dos respectivos membros. prévia verificação do facto impeditivo.
3. Até a tomada de posse do novo Presidente e em
ARTIGO 20 todos os casos de impedimento temporário, exerce as
(Efeitos das penas disciplinares no exercício de cargos) funções de Presidente o Vice-Presidente.
1. O mandato para o exercício de qualquer cargo
ARTIGO 23
electivo na
286—(5) I SÉRIE—NÚMERO 38 (Substituição dos
Ordem dos restantes membros
Advogados caduca sempre que o respectivo titular dos órgãos colegiais da Ordem dos Advogados)
seja punido disciplinarmente com pena superior à de 1. No caso de escusa, renúncia ou perda de
suspensão de um a seis meses e por efeito do trânsito mandato e ainda nos casos de impedimento
em julgado da respectiva decisão. permanente dos membros dos órgãos colegiais da
Ordem dos Advogados, à excepção dos presidentes,
são os substitutos eleitos pelos restantes membros em
exercício do respectivo órgão de entre os advogados
2. Em caso de suspensão preventiva ou decisão elegíveis.
disciplinar de que seja interposto recurso, o titular 2. No caso de impedimento permanente, aplica-se
punido fica suspenso do exercício de funções até o disposto no número 2 do artigo 21, quanto à prévia
decisão com trânsito em julgado. verificação do facto impeditivo.
ARTIGO 21
(Substituição do Bastonário)
7. Em caso de justificada necessidade, o Conselho
Nacional ou o Conselho Provincial, em caso de esta
A RTIGO 24 existir, pode fazer cessar a isenção prevista no
(Impedimento temporário) número anterior.

1. Aos órgãos colegiais compete deliberar sobre a ARTIGO 27


verificação de impedimento temporário de algum (Títulos honoríficos)
membro e determinar a sua substituição.
2. A substituição temporária dos delegados é Ao advogado que tenha exercido com mérito cargos
decidida pelo Conselho Nacional. da Ordem dos Advogados, conserva honorariamente
o título correspondente ao cargo mais elevado que
ARTIGO 25 haja exercido.
(Mandato dos substitutos)
1. Nos casos previstos nos artigos 21 a 23, os
membros substitutos, eleitos ou designados, exercem
funções até ao termo do mandato do respectivo
antecessor. SECÇÃO II
2. Nos casos de impedimento temporário, os Assembleia Geral
substitutos exercem funções pelo período do
ARTIGO 28
impedimento.
(Constituição e competência)

1. A Assembleia Geral da Ordem dos Advogados


é constituída por todos os advogados com inscrição
em vigor.
ARTIGO 26
2. A Assembleia Geral é dirigida por uma Mesa
(Honras e tratamento) composta por um Presidente, dois Vogais e um
Secretário, eleitos de entre os advogados.
1. Nos actos e nas cerimónias oficiais, o
3. Compete à Assembleia Geral:
Bastonário da Ordem dos Advogados tem honras e
tratamento idênticos aos devidos ao Procurador-Geral
da República, devendo ser colocado imediatamente à a)eleger a Mesa da Assembleia Geral;
sua esquerda. b) aprovar propostas de alterações do Estatuto

2. Para os mesmos efeitos do número anterior, o


da Ordem dos Advogados;
Presidente do Conselho Jurisdicional, os membros do c)aprovar o regulamento da Ordem dos

Conselho Nacional e do Conselho Jurisdicional são Advogados e deliberar sobre eventuais


equiparados a juízes conselheiros. alterações;
3. Os Presidentes dos Conselhos Provinciais são d) eleger o Bastonário;

equiparados à juízes presidentes dos tribunais e)eleger o Conselho Nacional e o Conselho


judiciais provinciais e aos delegados a juízes Jurisdicional de acordo com as propostas a
presidentes dos tribunais judiciais distritais. que se refere o artigo 12;
4. Os restantes advogados são equiparados à juízes f ) discutir e aprovar o orçamento da Ordem dos
de direito. Advogados, discutir e votar o respectivo
5. O advogado que exerça ou haj a exercido cargos relatório e contas;
nos órgãos da Ordem dos Advogados tem direito a g) deliberar sobre o plano anual de actividades
usar a insígnia correspondente, nos termos do incluindo o de utilização dos fundos da Ordem
respectivo regulamento. dos Advogados;
6. O advogado que desempenhe ou tenha h) proceder ao balanço anual de actividades;
desempenhado funções nos órgãos da Ordem dos i) deliberar, sob proposta do Conselho Nacional,
Advogados, enquanto se encontre no exercício do sobre a atribuição do título de advogado
cargo, fica isento do dever de prestar quaisquer honorário a advogados que tenham exercido a
serviços de nomeação oficiosa. advocacia com distinção durante dez anos;
j ) deliberar sobre as propostas do Conselho Advogados reúne até meados do mês de Dezembro
Nacional de atribuição de título honorífico a do ano anterior ao do exercício a que diz respeito.
individualidades que tenham prestado valioso 3. A Assembleia Geral ordinária destinada à
contributo à Ordem dos discussão e votação do relatório e contas da Ordem
Advogados; dos Advogados realizase até ao final do mês de Abril
k) fixar as quotas mediante proposta do ano imediato ao do exercício respectivo.
fundamentada do ARTIGO 31
Conselho Nacional; l) deliberar sobre todos os (Convocatórias)
assuntos que lhe sejam 1. A Assembleia Geral é convocada pelo
apresentados e que não estejam compreendidos Bastonário por meio de anúncios, donde conste a
nas competências especificas dos restantes ordem de trabalhos, publicados no jornal diário de
órgãos da maior circulação no País, com pelo menos 30 dias de
Ordem dos Advogados. 4. Compete ainda à antecedência, em relação à data designada para a sua
realização.
Assembleia Geral pronunciar-se sobre:
2. Até 15 dias antes da data designada para a
a) o exercício da advocacia, seu estatuto e
reunião da Assembleia Geral destinada à discussão e
garantias; aprovação do orçamento, à discussão e votação do
b) a administração da justiça; relatório de contas ou balanço anual de actividades, é
c) os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos; comunicado a todos o advogados
d) o aperfeiçoamento da ordem jurídica em geral. com inscrição em vigor que os projectos de
orçamento e do relatório e contas se encontram
ARTIGO 29
disponíveis para consulta na secretaria da Ordem dos
(Reuniões da Assembleia Geral)
Advogados, podendo as respectivas cópias serem
1. A Assembleia Geral reúne ordinariamente para enviadas mediante solicitação do advogado.
a eleição do Bastonário, do Conselho Nacional e do 3. Para efeito de validade das deliberações da
Conselho Jurisdicional, para discussão e aprovação Assembleia Geral, só são consideradas essenciais as
do orçamento e para discussão e votação do relatório formalidades da convocatória referidas no número 1
e contas da Ordem dos Advogados. deste artigo.
2. A 29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(6) SECÇÃO III
Assembleia
Bastonário
Geral reúne extraordinariamente sempre que os
interesses ARTIGO 32
3. superiores da Ordem dos Advogados o (Presidente da Ordem do Advogados)
aconselhem e o Bastonário a convoque.
4. O Bastonário deve convocar a Assembleia Geral O Bastonário é o Presidente da Ordem dos
extraordinária se lhe for solicitado pelo Conselho Advogados e, por inerência, do Conselho Nacional.
Nacional, pelo Conselho Jurisdicional ou pela terça ARTIGO 33
parte dos advogados com inscrição em vigor, desde (Quem pode ser Bastonário)
que seja legal o objecto da convocatória e conexo
com os interesses da profissão. Só pode ser eleito para o cargo de Bastonário o
advogado com pelo menos oito anos de exercício da
profissão.
ARTIGO 34
ARTIGO 30 (Reeleição do Bastonário)
(Reuniões da Assembleia Geral ordinária)
O Bastonário só pode ser eleito duas vezes
1. A Assembleia Geral ordinária para eleição do consecutivamente e só pode voltar a candidatar-se
Bastonário, do Conselho Nacional e do Conselho três anos após o último mandato.
Jurisdicional reúne nos termos previstos no artigo 14
deste Estatuto.
2. A Assembleia Geral ordinária destinada à
discussão e aprovação do orçamento da Ordem dos
o) exercer
as demais atribuições que as leis e
ARTIGO 35 regulamentos lhes confiram.
(Competência) 2. O Bastonário pode delegar em qualquer

1. Compete ao Bastonário: membro do Conselho Nacional alguma ou algumas


das suas competências.
a)representar a Ordem dos Advogados em juízo e
3. O Bastonário pode, com o acordo do Conselho
fora dele;
Nacional, delegar a representação da Ordem dos
b) dirigir os serviços da Ordem dos Advogados no
Advogados ou atribuir funções especificamente
âmbito nacional;
determinadas a qualquer advogado.
c)velar pelo cumprimento da legislação respeitante
4. O Bastonário pode ainda consultar os antigos
à Ordem
Bastonários, individualmente ou em reunião por ele
dos Advogados e respectivos regulamentos e presidida, e delegar neles a sua representação,
zelar pela realização das suas atribuições; incumbindo-os de funções especificamente
d) fazer executar as deliberações da Assembleia determinadas.
Geral, do
Conselho Nacional e do Conselho
Jurisdicional;
e)promover a cobrança das receitas da Ordem dos

286—(7) I SÉRIE—NÚMERO 38
Advogados e autorizar despesas orçamentais;
SECÇÃO IV Conselho
f ) cometer a qualquer órgão da Ordem dos
Jurisdicional
Advogados ou aos respectivos membros a
elaboração de pareceres sobre quaisquer ARTIGO 36
matérias que interessem à instituição; (Composição)
g) promover a edição do boletim e da revista da 1. O Conselho Jurisdicional é o supremo órgão de
Ordem dos jurisdição da Ordem dos Advogados e é composto
Advogados; pelo Presidente, com voto de qualidade, por três
h) indicar pessoa de reconhecida competência para Vice-Presidentes e seis conselheiros eleitos pela
presidir à comissão de redacção do boletim e ou Assembleia Geral.
da revista da Ordem dos Advogados; 2. Na primeira sessão de cada triénio, o Conselho
i) assistir, querendo, às reuniões de todos os Jurisdicional elege, entre os seus conselheiros, um
órgãos colegiais da Ordem dos Advogados, só secretário.
tendo, porém, direito a voto nas reuniões da ARTIGO 37
Assembleia Geral e do Conselho Nacional e nas (Quem pode ser membro do Conselho Jurisdicional)
reuniões conjuntas deste com o Conselho
Só podem ser eleitos para o cargo de membro do
Jurisdicional;
Conselho Jurisdicional os advogados com pelo menos
j) usar o voto de qualidade, em caso de empate,
cinco anos de exercício da profissão.
em todos os órgãos colegiais a que presida;
k) interpor recurso para o Conselho Jurisdicional ARTIGO 38
das deliberações de todos os órgãos da Ordem (Funcionamento)
dos Advogados, que julgue contrárias às leis e 1. O Conselho Jurisdicional reúne em sessão
aos regulamentos, aos interesses legítimos da plenária e por secções, cada uma delas constituída por
Ordem dos Advogados ou dos seus membros; três membros.
l) exercer as atribuições do Conselho Nacional, 2. O Presidente do Conselho Jurisdicional preside
em casos urgentes às sessões plenárias e pode participar, com direito a
e em que não sej a possível reunir o Conselho; 3. voto, nas reuniões das secções, as quais são
m) nomear os delegados, sob proposta do presididas por cada um dos Vice-Presidentes.
Conselho Nacional; 4. Sempre que o Presidente do Conselho
n) promover o intercâmbio com instituições Jurisdicional não esteja presente, o voto de qualidade
congéneres de outros países;
assiste ao Vice-Presidente que presida à respectiva projecto de regulamento disciplinar e
reunião. submeter à Assembleia Geral para a
sua aprovação.
2. Compete às secções do Conselho Jurisdicional:
a) instruir os processos em que sej am arguidos o
ARTIGO 39 Bastonário, antigos Bastonários e os membros do
(Competências) Conselho Nacional e do
1. Compete ao Conselho Jurisdicional, em sessão Conselho Jurisdicional em exercício;
plenária: b) instruir e julgar, em primeira instância, os processos
a) julgar os recursos interpostos das disciplinares em que sejam arguidos os antigos
deliberações do membros do Conselho Jurisdicional ou do
Conselho Nacional e dos Conselhos Provinciais; Conselho Nacional e os antigos membros ou
b) julgar os processos disciplinares quando em exercício, dos Conselhos Provinciais, bem
sejam arguidos o Bastonário e antigos como dos delegados;
Bastonários e membros do Conselho c) instruir e julgar, em primeira instância, os processos

Nacional e do Conselho Jurisdicional em disciplinares em que sejam arguidos os


exercício; advogados e os advogados estagiários;
c) deliberar sobre pedidos de escusa, de d) fiscalizar a observância das regras de ética e

renúncia e de deontologia
suspensão temporária de cargo, nos termos dos profissional.
artigos 3. Compete ainda ao Conselho Jurisdicional:
17 e 18; a) julgar os recursos interpostos das
d) julgar os recursos interpostos das decisões dos deliberações sobre
órgãos da Ordem dos Advogados que declarem perda do cargo e exoneração dos membros do
a perda de cargo de qualquer dos seus Conselho
membros ou declarem a verificação de Nacional e do Conselho Jurisdicional;
impedimento para o seu exercício; b) deliberar sobre a renúncia ao cargo de
e) ratificar as penas de proibição do exercício da Bastonário;
advocacia; c) deliberar sobre os conflitos de competência
f ) conhecer, oficiosamente, ou mediante petição de entre órgãos
qualquer advogado, dos vícios das deliberações nacionais e provinciais e uniformizar a actuação
da dos mesmos.
Assembleia Geral;
g) deliberar sobre impedimentos e perda de cargo
ARTIGO 40
dos seus (Competências do Presidente do Conselho Jurisdicional)

membros e suspendê-los preventivamente, em Compete ao Presidente do Conselho Jurisdicional:


caso de falta disciplinar, no decurso do a) representar a Ordem dos Advogados no
respectivo processo; âmbito das
h) deliberar sobre queixas relativas a atribuições do Conselho Jurisdicional;
incompatibilidade superveniente e não declarada
b) zelar pelo cumprimento da legislação
dos seus membros;
respeitante à Ordem dos Advogados e
i) julgar os recursos interpostos das decisões das
respectivos regulamentos, bem como pelo
secções nos casos abrangidos no número 2, deste cumprimento das competências que lhe são
artigo; j) elaborar e conferidas;
c) cometer aos membros do Conselho
aprovar o seu próprio regulamento; k) elaborar o
Jurisdicional a
projecto de regras sobre honorários e submeter à elaboração de pareceres sobre matérias que
Assembleia Geral para a sua aprovação; l) elaborar interessem aos fins e atribuições da Ordem dos
Advogados;
o
d) usar do voto de qualidade, em caso de f) analisar e decidir, consoante as
empate, em informações obtidas,
deliberações do Conselho Jurisdicional; sobre actividades dos estagiários e dar parecer
e) exercer as demais atribuições que a lei ou os sobre as respectivas autorizações para o
regulamentos lhe confira. exercício da profissão;
SECÇÃO V Conselho f ) elaborar e aprovar o seu próprio regulamento, o
Nacional regulamento de inscrição de advogados e
ARTIGO 41 advogados estagiários, de formação contínua,
(Composição)
da formação especializada, do traje e insígnia
profissional e o juramento a prestar pelos
1. O Conselho Nacional é composto pelo
novos
Bastonário, 29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(8)
que o preside, advogados;
pelo Vice-Presidente e sete conselheiros eleitos pela g) elaborar e aprovar outros regulamentos,
Assembleia Geral. designadamente
2. Na primeira sessão de cada triénio, o Conselho os das comissões e serviços da Ordem dos
Nacional elege, de entre os seus conselheiros, um Advogados, os relativos às atribuições e
secretário e um tesoureiro. competências, ao seu pessoal e os relativos à
3. O Bastonário pode, quando julgar aconselhável, contratação e despedimento do pessoal da
convocar para as reuniões do Conselho Nacional os Ordem dos Advogados;
presidentes dos conselhos provinciais, os quais tem h) discutir e aprovar os pareceres dos seus
direito a voto, bem como os delegados. membros e os solicitados pelo Bastonário a
ARTIGO 42 outros advogados;
(Competência) i ) nomear os advogados que, em representação
1. Compete ao Conselho Nacional:
da Ordem dos Advogados, devem integrar
comissões eventuais ou permanentes; j )
a) definir a posição da Ordem dos
nomear comissões para execução de
Advogados perante os
órgãos de soberania e da administração pública tarefas ou estudos sobre assuntos de interesse da
no que se relacione com a defesa do Estado Ordem dos Advogados; k)
Democrático de Direito, dos direitos, decidir sobre os pedidos de autorização do
liberdades e garantias individuais e, com a exercício da profissão;
administração da justiça; l ) submeter à aprovação da Assembleia Geral o
b) emitir pareceres sobre os processos orçamento para o ano civil seguinte, as contas
de diplomas legislativos que do ano civil anterior e o relatório sobre as
interessem ao exercício da advocacia actividades anuais que forem apresentadas pelo
e ao patrocínio judiciário em geral e Bastonário;
propor à entidade competente as m fixar o valor dos emolumentos devidos pela
alterações legislativas que se emissão de documentos ou prática de actos no
entendam convenientes; âmbito de serviços da Ordem dos Advogados,
c) deliberar sobre todos os assuntos que designadamente pela inscrição de advogados e
respeitem ao exercício da profissão, advogados estagiários;
aos interesses dos advogados e à n promover a cobrança das receitas da Ordem dos
gestão da Ordem dos Advogados;
d) Advogados que não estejam o admitir, exonerar e demitir o chefe da secretaria
especialmente cometidos a outros e o respectivo pessoal administrativo e de apoio
órgãos da Ordem dos geral, bem como exercer acção disciplinar
Advogados; sobre os mesmos;
e) admitir a inscrição dos advogados e p fixar os subsídios de deslocação em serviço dos
advogados membros dos órgãos;
estagiários e manter actualizados os q submeter à Assembleia Geral proposta de
respectivos quadros gerais; atribuição de título de advogado honorário a
advogados que tenham deixado advocacia e se do Conselho Provincial e para discussão e votação do
tenham revelado como juristas eminentes; respectivo relatório e contas.
r prestar patrocínio aos advogados que hajam
sido ofendidos no exercício da sua profissão ou
por causa dela, quando para isso seja solicitada
pelo respectivo órgão provincial e, sem
dependência de tal solicitação, em caso de 2. As Assembleias provinciais são convocadas e
urgência, ou se os advogados ofendidos presididas pelo Presidente do Conselho Provincial
pertencerem ao Conselho Nacional; aplicando-se, com as necessárias adaptações, o
s promover a edição de publicação de interesse regime estabelecido nos artigos 29 a 32 deste
para a Ordem dos Advogados, podendo indicar Estatuto.
advogados de reconhecida competência para SECÇÃO VII Conselhos
essas funções;
Provinciais
t exercer as demais atribuições que as leis e
regulamentos lhe confiram. ARTIGO 47
2. O Conselho Nacional pode delegar aos seus (Composição)
membros qualquer uma das competências indicadas 1. Em cada província com mais de 15 advogados
no número anterior. funciona um Conselho Provincial, constituído por um
número a fixar pelo Conselho Nacional, de acordo
com o número de advogados, com domicílio
profissional na área territorial na respectiva província
e com inscrição em vigor.
2. Na primeira sessão do triénio, cada Conselho
Provincial elege os membros do Conselho a
ARTIGO 43
desempenhar os cargos de secretários e tesoureiro.
(Quem pode ser membro do Conselho Nacional)
Só podem ser eleitos para o cargo de membros de ARTIGO 48
Conselho Nacional os advogados com pelo menos (Competências)
cinco anos de exercício da profissão. Compete ao Conselho
ARTIGO 44 Provincial:
(Reuniões)
a) executar e fazer executar as deliberações
O Conselho Nacional reúne, ordinariamente, uma da Assembleia Geral, do Conselho Nacional, da
vez por mês, e extraordinariamente, por iniciativa do Assembleia Provincial e as normas
Bastonário ou mediante solicitação por escrito, de regulamentares;
maioria dos seus membros.
b) definir a posição do Conselho Provincial
SECÇÃO VI Assembleias naquilo que se relacione com a defesa do Estado
Provinciais ARTIGO 45 Democrático de Direito e dos direitos, liberdades e
garantias individuais, transmitindo-a ao Conselho
(Assembleias provinciais) Nacional;
c) emitir pareceres sobre os projectos de
Em cada província com mais de 15 advogados
diplomas legislativos que interessem ao exercício
funciona uma assembleia provincial constituída por
da advocacia e ao patrocínio judiciário em geral e
todos os advogados com domicílio profissional na
à administração da justiça, quando lhe sejam
área territorial dessa província e com inscrição em
solicitados pelo Conselho Nacional;
vigor.
d) zelar pela dignidade e independência da
ARTIGO 46 Ordem dos Advogados e assegurar o respeito pelos
(Reuniões das Assembleias provinciais) direitos e prerrogativas dos advogados;
1. As assembleias provinciais reúnem e) enviar anualmente ao Conselho Nacional
ordinariamente para eleição do respectivo Conselho relatórios sobre a administração da justiça, o
Provincial, para discussão e aprovação do orçamento exercício da advocacia e as relações desta com as
magistraturas judicial e do Ministério Público e competências são fixados por regulamento próprio a
com a administração pública da respectiva área aprovar pelo Conselho Nacional, sob proposta dos
territorial; f cooperar com os demais órgãos da respectivos Conselhos Provinciais.
Ordem dos Advogados e suas comissões na
SECÇÃO VIII
prossecução das respectivas atribuições;
Delegados
g) pronunciar-se sobre as questões de
carácter profissional ARTIGO 50
que se suscitem no âmbito da sua competência (Delegados)
territorial; Nas províncias em que o número de advogados com
h) promover a formação inicial e contínua domicílio profissional nessas províncias seja inferior
dos advogados e advogados estagiários, a 15, há um Delegado da Ordem dos Advogados
designadamente organizando conferências, nomeado pelo Bastonário, sob proposta do Conselho
seminários, palestras e sessões de estudos; Nacional, de entre os advogados com domicílio
i) submeter à aprovação da Assembleia profissional nessas províncias e com inscrição em
Provincial o orçamento para o ano civil seguinte, vigor.
as contas do ano anterior, bem como o respectivo
relatório de actividades; ARTIGO 51 (Competências dos

j ) enviar anualmente ao Conselho Nacional o delegados) Compete aos delegados:

286—(9) I SÉRIE—NÚMERO 38 a) manter


actualizado o
orçamento, as contas e os relatórios referidos
quadro dos advogados e advogados
na alínea anterior;
estagiários inscritos e com domicílio
k) receber do Conselho Nacional a parte que lhe profissional na área territorial da delegação;
caiba nas quotizações dos advogados para a
b) tomar as resoluções ou praticar actos
Ordem dos Advogados com domicílio
conducentes à
profissional na área territorial da sua competência; realização dos fins da Ordem dos Advogados
l ) cobrar directamente as receitas próprias dos na área territorial da delegação, precedido de
serviços prestados consulta ao Conselho
pelo Conselho Provincial e liquidar as Nacional, salvo caso de manifesta urgência;
despesas; c) prestar aos restantes órgãos da Ordem dos
m proceder à instrução dos processos de inscrição Advogados a
dos advogados e dos advogados estagiários; n ) colaboração que lhe for solicitada e cumprir
manter pontualmente as respectivas instruções.
actualizado o quadro dos advogados e advogados
estagiários com domicílio profissional na CAPÍTULO III Garantias
área territorial da respectiva província; o) do exercício da Advocacia
administrar os bens e SECÇÃO I

serviços do29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(10) Disposições gerais


Conselho e zelar pelo
ARTIGO 52 (Exercício da advocacia)
bom funcionamento das comissões, dos grupos
de trabalho e da secretaria; p) exercer as 1. Só os advogados e advogados estagiários com
demais atribuições que inscrição em vigor na Ordem dos Advogados de
Moçambique podem, em todo o território nacional e
as leis e os
perante qualquer jurisdição, instância, autoridade ou
regulamentos lhe confiram. entidade pública ou privada, praticar actos próprios
ARTIGO 49 da profissão e, designadamente, exercer o mandato
(Funcionamento dos Conselhos Provinciais) judicial ou funções de consulta jurídica em regime de
profissão liberal.
O funcionamento dos Conselhos Provinciais, o
quadro de pessoal e respectivas atribuições e
2. São actos próprios da advocacia, sem prejuízo (Mandato forense)
do disposto na legislação processual e das 1. Considera-se
mandato forense:
competências próprias atribuídas às demais profissões a) o mandato judicial conferido para ser exercido
regulamentadas: em qualquer tribunal;
a) o exercício do mandato forense; b) o exercício de mandato com representação, com
b) a consulta jurídica. poderes
3. São ainda actos próprios da advocacia, quando para negociar a constituição, alteração ou
praticados no interesse de terceiros: extinção das situações jurídicas;
a) a negociação tendente à cobrança de dívidas; c) o exercício de qualquer mandato com
b) a elaboração de contratos, com excepção representação em procedimentos
daqueles que por lei são atribuídos a outras administrativos, incluindo tributários, perante
entidades; quaisquer pessoas colectivas privadas ou
c) a instrução, organização, requisição e públicas ou respectivos órgãos ou serviços,
apresentação de actos de registos nas respectivas ainda que suscitem ou discutam apenas questões
conservatórias e demais entidades públicas; de facto.
d) a instrução, organização e marcação de 2. O mandato forense não pode ser objecto, por

escrituras de qualquer forma, de medida ou acordo que impeça


diversa natureza e o acompanhamento dos ou limite a escolha directa e livre do mandatário
actos notariais; pelo mandante.
e) a instrução e elaboração de documentos e ARTIGO 54
requerimentos destinados a quaisquer processos (Consulta jurídica)
e consulta dos mesmos nos serviços de finanças,
1. Considera-se consulta jurídica a actividade de
secretarias de autarquias locais e demais
interpretação e aplicação de normas jurídicas a um
entidades públicas;
caso concreto ou abstracto, bem como
f) a representação e intervenção no âmbito dos
aconselhamento jurídico no interesse e por conta de
procedimentos de formação de contratos ou terceiro.
actos de entidades públicas, excepto quando a
2. A consulta jurídica efectuada por licenciados
representação seja feita pelos respectivos
em direito, em regime de trabalho subordinado e em
representantes legais.
regime de exclusividade, não obriga à inscrição na
4. Os actos praticados por advogados ou
Ordem dos Advogados.
advogados estagiários através de documento só são
3. Os docentes das instituições de ensino superior
reconhecidos como tal se por ele assinados ou
em Direito que se limitam a dar pareceres jurídicos
5. certificados nos termos em que vierem a ser
escritos não se consideram em exercício da advocacia
definidos pela Ordem dos Advogados. e não são, por isso, obrigados a inscrever-se na
6. O mandato judicial, a representação e Ordem dos Advogados.
assistência por advogado ou advogado estagiário são
sempre admissíveis e não podem ser impedidos ARTIGO 55
perante qualquer jurisdição, autoridade ou entidade (Liberdade de exercício)
pública ou privada, nomeadamente para a defesa de Os advogados e advogados estagiários com
direitos, patrocínio de situações jurídicas inscrição em vigor não podem ser impedidos, por
controvertidas, composição de interesses ou em qualquer autoridade pública ou privada, de praticar
processos de mera averiguação, ainda que actos próprios da advocacia.
administrativa, oficiosa ou de qualquer outra
natureza. ARTIGO 56
(Título profissional de advogado)
7. Não pode denominar-se advogado ou advogado
estagiário quem como tal não estiver inscrito, salvo 1. A denominação de advogado é exclusivamente
os advogados honorários, desde que seguidamente à reservada aos licenciados em Direito com inscrição
denominação de advogado façam a indicação dessa em vigor, nessa qualidade, na Ordem dos Advogados.
qualidade. 2. Os advogados honorários podem usar a
denominação de advogados, desde que a façam a
ARTIGO 53
seguir da indicação dessa qualidade.
ARTIGO 57 dos seus direitos ou dos legítimos interesses da
(Procuradoria ilícita) classe, nos termos previstos neste Estatuto.
1. É proibido o funcionamento de escritório ou
gabinete, constituído sob qualquer forma, que preste a
terceiros serviços que compreendam, ainda que
isolada ou marginalmente, a prática de actos
ARTIGO 59
integrados nos actos próprios da advocacia.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior (Garantias em geral)
os escritórios ou gabinetes compostos exclusivamente 1. Não há hierarquia nem subordinação entre
por advogados ou as sociedades de advogados e os advogados, magistrados judiciais e do Ministério
gabinetes de consulta jurídica, que prestem serviço Público, devendo todos tratar-se com consideração e
gratuito, organizados pela Ordem dos Advogados, respeito recíprocos.
pelas instituições de defesa dos direitos humanos e
2. Os magistrados, agentes de autoridade,
pelas instituições de ensino superior do Direito para
funcionários públicos e entidades privadas devem
prática dos estudantes.
assegurar aos advogados, quando no exercício da sua
3. A violação da proibição estabelecida no número
profissão, tratamento compatível com a dignidade da
1 deste artigo, sujeita as pessoas que dirijam o advocacia e condições adequadas para o cabal
escritório ou gabinete ou, no caso de sociedade, os desempenho do mandato.
seus gerentes ou administradores, bem como todas as
3. Nas audiências de julgamento, os advogados
que nele exerçam actos próprios da advocacia à pena
dispõem de bancada própria e podem falar sentados,
prevista na legislação penal e determina o
desde que não se trate de alegações orais.
encerramento de escritório ou gabinete por autoridade
judicial, a requerimento do Bastonário, do Presidente ARTIGO 60
do Conselho Provincial ou do Delegado da Ordem de
(Direito de reclamação)
Advogados, no caso destes existirem.
4. Da decisão do Conselho Provincial ou do 1. No decorrer da audiência de julgamento ou de
Delegado locais que determine o encerramento cabe qualquer acto ou diligência judicial em que
recurso, com efeito suspensivo, para o Conselho intervenha, o advogado deve ser admitido a requerer,
Jurisdicional da Ordem dos Advogados. oralmente ou por escrito, no momento em que
5. Para efeito da aplicação da pena prevista na considerar oportuno, o que julgar conveniente ao
legislação dever de patrocínio.
penal, o286—(11) I SÉRIE—NÚMERO 38 2. Quando,
procedimento por qualquer
criminal é instaurado pelo Ministério Público, a motivo, não lhe seja concedia a palavra ou o
requerimento do Bastonário, do Presidente do requerimento não seja exarado em acta, pode o
Conselho advogado exercer o direito de reclamação, indicando
6. Provincial ou do Delegado da Ordem dos a matéria do requerimento e o objecto que tinha em
Advogados, no caso destes existirem, ou de qualquer vista.
advogado. 3. A reclamação não pode deixar de constar da
7. A Ordem dos Advogados tem legitimidade para acta e é havido, para todos os efeitos, como arguição
se constituir assistente no processo crime por da nulidade, nos termos da lei.
exercício ilegal de profissão titulada, pela prática de ARTIGO 61
actos próprios da advocacia, como titular de interesse
(Imposição de selos, arrolamentos e buscas em escritórios de
protegido com a incriminação. advogados)
1. A imposição de selos, arrolamentos, buscas e
diligências semelhantes no escritório de advogados
ou em qualquer outro local onde faça arquivo só
ARTIGO 58 podem ser decretados e presididos pelo juiz
(Direitos perante a Ordem dos Advogados)
competente.
Os advogados têm o direito de requerer a 2. Com a necessária antecedência, o juiz deve
intervenção da Ordem dos Advogados para a defesa convocar para assistir à diligência o advogado a ela
sujeito, bem como um representante da Ordem dos diligência relativamente aos documentos ou objectos
Advogados, o qual pode delegar em outro advogado. que foram postos em causa, fazendo-os acondicionar,
3. Na falta de comparência do advogado sem os ler ou examinar, em volume selado no mesmo
representante da Ordem dos Advogados ou havendo momento.
urgência incompatível com os trâmites do número 3. As reclamações são fundamentadas no prazo de
anterior, o juiz deve nomear qualquer advogado que cinco dias e entregues ao tribunal onde corre o
possa comparecer imediatamente, de preferência de processo, devendo o juiz remeter, em igual prazo, ao
entre os que hajam feito parte dos órgãos da Ordem Presidente do Tribunal Supremo com o seu parecer e,
dos Advogados ou, quando não seja possível, o que sendo caso disso, com o volume a que se refere o
for indicado pelo advogado a quem o escritório ou número anterior.
arquivo pertencer. 4. O Presidente do Tribunal Supremo pode, com
4. À diligência são permitidos também, quando se reserva de segredo, proceder à desselagem do mesmo
apresentem ou o juiz os convoque, os familiares ou volume, devolvendo-o novamente selado com a sua
empregados do advogado interessado. decisão.
5. Até à comparência do advogado que represente
ARTIGO 64
a Ordem dos Advogados, podem ser tomadas as (Direito de comunicação - arguidos e réus presos)
providências indispensáveis para que se não
inutilizem ou descaminhem quaisquer papéis ou Os advogados têm direito, nos termos da lei, de
objectos. comunicar, pessoal e reservadamente, com os seus
patrocinados, mesmo quando estes se achem presos
6. O auto de diligência faz expressa menção das
ou detidos em estabelecimento civil ou militar.
pessoas presentes, bem como de quaisquer
ocorrências que tenham lugar no seu decurso. ARTIGO 65
(Informação, exame do processo e pedido de certidões)
ARTIGO 62
1.No exercício da sua profissão, o advogado pode
(Apreensão de documentos) solicitar em qualquer tribunal, ou repartição pública e
1. Não pode ser apreendida a correspondência e quaisquer outras entidades, seja qual for a sua
outros objectos, seja qual for o suporte utilizado, que natureza, o exame de processos, livros ou
respeitem ao exercício da profissão. documentos que não tenham carácter reservado ou
2. A proibição estende-se à correspondência
secreto, bem como requerer verbalmente ou por
trocada entre o29 DE SETEMBRO DE 2009 escrito a
286—(12) passagem de
advogado e
aquele que lhe tinha cometido ou pretendido cometer certidões.
mandato e lhe haja solicitado parecer, embora ainda 2. Os advogados, quando no exercício da sua
não dado ou já recusado. profissão, têm preferência para ser atendidos por
3. Compreendem-se na correspondência as 3. quaisquer funcionários a que se dirijam e têm
instruções e informações escritas sobre o assunto da direito de ingresso nas secretarias judiciais.
nomeação ou mandato ou de parecer solicitado.
SECÇÃO II
4. Exceptua-se o caso de a correspondência
Honorários ARTIGO 66
respeitar a facto ilícito penal relativamente ao qual
haja indícios de ter sido praticado pelo advogado e
(Fixação e forma de pagamento de honorários)
este seja arguido.
1. Na fixação dos honorários a receber pelo
ARTIGO 63 serviço prestado pelo advogado, deve tomar-se em
(Reclamação) consideração para cada caso o tempo gasto, a
1. No decurso das diligências previstas nos artigos complexidade do assunto, a importância do serviço
anteriores, pode o advogado interessado ou, na sua prestado, o lugar da prestação dos serviços, fora ou
falta, qualquer dos familiares ou empregados no domicílio profissional do advogado, a praxe do
presentes, bem como o representante da Ordem dos foro sobre trabalhos análogos, as posses dos
Advogados, apresentar qualquer reclamação. interessados e o resultado obtido, sem prejuízo do
2. Sendo a reclamação feita para preservação do previsto na alínea c) do artigo seguinte.
segredo profissional, o juiz deve logo sobrestar na
c) Provedor de Justiça;
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, é
d) membro do Conselho Nacional de Defesa e
admissível o ajuste prévio de honorários, podendo o
advogado exigir, a título de provisão, quantias por Segurança;
conta dos honorários, nunca excedendo metade do e) magistrado judicial ou do Ministério Público
total, o que a não ser satisfeito, confere ao advogado efectivo, funcionário, assessor, administrador,
o direito de renunciar ao mandato. agente ou contratado de qualquer magistratura;
3. Os honorários devem ser liquidados em f ) Governador provincial, administrador do
dinheiro. distrito ou do posto administrativo ou de
localidade;
A RTIGO 67 g) Presidente do conselho municipal;
(Quota litis e divisão dos honorários - sua proibição)
h) membro das forças policiais e das forças de
1. É proibido ao advogado: defesa e segurança.
a) exigir, a título de honorários, uma parte do 3. As incompatibilidades relativas, as quais obstam
objecto da dívida ou de outra pretensão em a que os advogados ou advogados estagiários possam
litígio, salvo o disposto no número 2 do presente patrocinar causas contra o Estado, autarquias locais e
artigo; todas as instituições públicas, são as seguintes:
b)repartir honorários, excepto com colegas que a) deputados, membros das assembleias provincial
tenham prestado colaboração; e municipal;
c) estabelecer que o direito a honorários fique b) notários ou conservadores dos registos e os
dependente funcionários, agentes ou contratados do
dos resultados da demanda ou negócio. 2. Não respectivo serviços;
constitui pacto de quota litis o acordo que consiste na c) os funcionários, agentes ou contratados do
fixação prévia do montante dos honorários, ainda que serviço da
em percentagem, em função do valor da causa Provedoria de Justiça;
confiada ao advogado ou pelo qual, além de d) funcionários, agentes ou contratados de
honorários calculados em função de outros critérios, qualquer serviço
se acorde numa majoração em função do resultado público, salvo os indicados no número
obtido. anterior.
ARTIGO 68 4. Não podem igualmente exercer a advocacia as
(Irresponsabilidade do advogado pelo pagamento de preparos e custas) demais pessoas abrangidas pelas incompatibilidades
O advogado não pode ser responsabilizado pela previstas nas outras leis ou nos diplomas orgânicos
falta de pagamento de custas ou quaisquer despesas dos serviços em que trabalham, quando tiverem
se, tendo pedido ao constituinte as importâncias para natureza pública.
tal necessárias, as não tiver recebido, e não é 5. As incompatibilidades não se aplicam a quantos
obrigado a dispôr, para aquele efeito, das provisões estejam na situação de aposentados ou de
que tenha recebido para honorários. inactividade e dos contratados em regime de
prestação de serviços.
CAPÍTULO IV
6. Não é considerado exercício da advocacia a
Incompatibilidades e impedimentos defesa assumida em causa própria.
ARTIGO 69 ARTIGO 70
(Incompatibilidades) (Impedimento para o exercício da advocacia)

1. Asincompatibilidades podem ser absolutas ou 1. O advogado é impedido de exercer quando:


relativas. a) o seu cônjuge ou algum ascendente,
2. As incompatibilidades absolutas, as quais descendente, irmão
obstam ao exercício de qualquer acto da profissão ou afim for juiz ou magistrado do Ministério
de advogado, são as seguintes: Público, nos processos em que forem
a) titular ou membro de órgão de soberania, com chamados a intervir;
excepção dos deputados; b) ele próprio tenha intervido nos mesmos

b) membro do Conselho de Estado; processos na


qualidade de magistrado judicial ou Ministério
2. A honestidade, probidade, rectidão, lealdade,
Público, testemunha, declarante ou perito;
cortesia e sinceridade são obrigações profissionais.
c) tenha tido intervenção no processo ou
processos conexos ARTIGO 73
como representante da parte contrária ou lhe (Independência)
tenha prestado parecer jurídico sobre a questão O advogado, no exercício da profissão, mantem
controvertida; sempre em quaisquer circunstâncias a sua
d) em qualquer outro caso previsto na lei. independência, devendo agir livre de qualquer
2. Estão impedidos de exercer a advocacia os pressão, especialmente a que resulte dos próprios
advogados que sejam funcionários ou agentes interesses ou influências exteriores, abstendo-se de
administrativos no activo ou na situação de negligenciar a deontologia profissional no intuito de
inactividade, em quaisquer assuntos em que estejam agradar ao seu cliente, aos colegas, ao tribunal ou a
em causa os serviços públicos ou administrativos. terceiros.
3. Estão igualmente impedidos de exercer o ARTIGO 74
mandato judicial os membros dos órgãos (Advogado como servidor da justiça e do direito)
representativos, como autores, nas acções cíveis
1. O advogado deve, no exercício da profissão e
contra o Estado.
fora dela, considerar-se um servidor da justiça e do
direito e, como tal mostrar-se digno da honra e das

286—(13) I SÉRIE—NÚMERO 38
responsabilidades que lhe são inerentes.
ARTIGO 71 2. O advogado, no exercício da profissão, mantem
(Verificação da incompatibilidade ou impedimento) sempre e em quaisquer circunstâncias, a maior
1. O Conselho Nacional, os Conselhos Provinciais 3. independência e isenção, não se servindo do
ou os Delegados, no caso destes existirem, podem mandato para prosseguir objectivos que não sejam
solicitar às entidades com quem os advogados meramente profissionais.
possam ter estabelecido relações profissionais, bem 4. O advogado cumpre pontual e
como a estes, informações que entendam necessárias escrupulosamente, os deveres consignados neste
para averiguação da existência de incompatibilidade Estatuto e todos aqueles que a lei, usos, costumes e
ou impedimento. tradições lhe impõem para com os outros advogados,
2. Não sendo tais informações prestadas pelo a magistratura, os constituintes e quaisquer entidades
advogado, no prazo de 30 dias contados da recepção públicas e privadas.
do pedido, pode o Conselho Nacional deliberar a
suspensão da inscrição. ARTIGO 75
(Traje profissional)
É obrigatório para os advogados e advogados
estagiários, quando pleiteiem em tribunal, o uso da
toga, cujo modelo é fixado pela Assembleia Geral sob
proposta do Conselho Nacional.
CAPÍTULO V
ARTIGO 76
Deontologia profissional (Deveres do advogado para com a comunidade)
Constituem deveres do advogado para com a
ARTIGO 72
comunidade:
(Integridade)
a) aceitar nomeações oficiosas nas condições
1. O advogado é indispensável à administração da fixadas na lei e pela Ordem dos Advogados;
justiça e, como tal, deve ter um comportamento
b) não advogar contra a lei ou não usar meios ou
público e profissional adequado à dignidade e
expedientes ilegais, nem promover diligências
responsabilidade da função que exerce, cumprindo
reconhecidamente dilatórias, inúteis ou
pontual e escrupulosamente os deveres consignados
prejudiciais à correcta aplicação da lei ou à
neste Estatuto e todos aqueles que a lei, os usos,
descoberta da verdade;
costumes e tradições profissionais lhe impõem.
c) recusar o patrocínio em questões que considere Advogados, quando ocorrer incompatibilidade
injustas superveniente;
ou contrárias às aspirações da comunidade; g) pagar pontualmente as quotas e outros encargos
d) pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida devidos
administração da justiça e pelo à Ordem dos Advogados, estabelecidos neste
aperfeiçoamento das Estatuto e nos regulamentos, sob pena de
suspensão automática sem necessidade de
instituições jurídicas;
comunicação do direito de votar ou de ser
e) protestar contra a violação dos direitos humanos
eleito para os órgãos da Ordem dos Advogados
e e o exercício da profissão se houver atraso
combater as arbitrariedades de que tiver superior a três meses;
conhecimento no exercício da profissão;
h) dirigir com empenho o estágio dos advogados
f ) não procurar angariar constituintes, por si nem estagiários e elaborar a respectiva informação
por interposta pessoa; final;
g) não aceitar mandato ou prestação de
i) comunicar, no prazo de 30 dias quaisquer
serviços mudanças de escritório;
profissionais que, em qualquer circunstância, j ) comparecer pontualmente, sempre que
não resulte de escolha directa e livre pelo notificado pela Ordem dos Advogados, para
mandante ou interessado, salvo o disposto na responder em processos disciplinares,
alínea a ) deste artigo; constituindo a não comparência injustificada,
h) recusar a prestação de serviços quando falta
suspeitar seriamente que a operação ou actuação disciplinar;
jurídica em causa visa a obtenção de resultados
k) responder pontualmente às solicitações de
ilícitos e que o interessado não pretende abster-se
informações, bem como às convocatórias do
de tal operação;
Bastonário, do Conselho Nacional, do
i) colaborar no acesso ao Direito;
Conselho Jurisdicional, dos Conselhos
j ) não se servir do mandato para prosseguir Provinciais e dos delegados, no caso de estes
objectivos que não sejam profissionais. existirem.
ARTIGO 77 2. O não pagamento ou o atraso no pagamento das
(Deveres do advogado para com a Ordem dos Advogados) quotas devidas à Ordem dos Advogados, e caso o
atraso se prolongue até três meses, é passível de
1. Constituem deveres do advogado para com a pagamento de uma multa, cujo valor e termos devem
Ordem dos Advogados: ser fixados pelo Conselho Nacional.
a) não prejudicar os fins e prestígio da Ordem dos 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior,
Advogados; caso o incumprimento se mantenha até seis meses,
b) colaborar na prossecução das atribuições da deve suspender-se imediata e preventivamente do
Ordem dos exercício da profissão o advogado em causa e ser-lhe
Advogados; instaurado um processo disciplinar em que a sanção a
c) exercer cargos para que tenha sido eleito ou
aplicar é a da alínea e) e seguintes do artigo 99 deste
nomeado; Estatuto.
d) desempenhar os mandatos que lhe forem ARTIGO 78
confiados; (Publicidade)
e) declarar ao requerer a inscrição, para efeitos de 1. É vedada a quem exerce a advocacia, singular
verificação ou colectivamente, toda a espécie de divulgação por
de incompatibilidade, qualquer cargo ou circulares, anúncios, meios de comunicação social ou
actividade profissional que exerça; qualquer outra forma, directa ou indirecta, de
f ) suspender imediatamente o exercício da profissão publicidade profissional, designadamente dando a
e conhecer o nome dos seus constituintes.
requerer, no prazo máximo de 30 dias, a 2. O advogado, as sociedades de advogados e
suspensão da inscrição na Ordem dos todas as instituições autorizadas a praticar actos
próprios de advogado podem divulgar informação da nem autorizar, notícias referentes as causas
sua actividade profissional de judiciais, outras questões profissionais a si
confiadas e nomeadamente:
a) a colocação de conteúdos persuasivos,
ideológicos, de auto-engrandecimento e de
forma objectiva e verdadeira, no rigoroso respeito dos comparação;
seus deveres deontológicos, do segredo profissional e b) a referência a valores de serviços, gratuitidade
das normas legais sobre publicidade e concorrência. ou forma
Entende-se, designadamente, por informação de pagamento;
objectiva:
c) a menção da qualidade do escritório;
a) a identificação pessoal, académica e curricular
d) a prestação de informações erróneas ou
do advogado e da sociedade de advogados;
enganosas;
b) o número da carteira profissional ou de registo
e) a promessa ou indução da produção de
da sociedade;
resultados;
c) a morada do escritório principal e as moradas
f ) o uso de publicidade directa não solicitada.
de escritórios noutras localidades;
d) a denominação, o logotipo ou outro sinal ARTIGO 79
29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(14) (Segredo
profissional)
distintivo do escritório, bem como a estrutura
do escritório; 1. O advogado é obrigado a segredo profissional no
que respeita a:
e) a indicação das áreas ou matérias jurídicas de
exercício preferencial; a) a factos referentes a assuntos profissionais
que lhe tenham sido revelados pelo
f ) os cargos exercidos na Ordem dos Advogados;
constituinte ou por sua ordem ou
g)os colaboradores profissionais integrados no conhecimento no exercício da profissão;
escritório do advogado ou da sociedade de
b) a factos que, por virtude de cargo
advogados;
desempenhado na Ordem dos Advogados,
h) o telefone, o fax, o correio electrónico, o sítio
qualquer colega, obrigado quanto aos
na internet e outros elementos de mesmos factos ao segredo profissional, lhe
comunicação de que disponha; tenha comunicado;
i) o horário de atendimento ao público; c) a factos comunicados por co-autor, co-réu
j ) a colocação, no exterior do escritório, de uma ou co- interessado do constituinte ou pelo
placa ou tabuleta identificativa da sua respectivo representante;
existência; d) factos de que a parte contrária do
k) as línguas ou idiomas falados ou escritos; constituinte ou respectivos representantes
l) a promoção ou intervenção em seminários ou a lhe tenham dado conhecimento durante
publicação de brochuras ou de escritos, negociações para acordo amigável e que
circulares e artigos periódicos sobre temas sejam relativos à pendência da lide.
jurídicos em imprensa especializada ou não, 2. A obrigação do segredo profissional existe, quer
podendo assinar com a indicação da sua o serviço solicitado ou cometido ao advogado
condição de advogado e da sociedade de envolva ou não representação judicial ou
advogados que integre; extrajudicial, quer deva ou não ser remunerado, quer
m)a menção de assuntos profissionais que o advogado haja chegado a aceitar e a desempenhar a
integrem o curriculum profissional do representação ou serviço, o mesmo acontecendo para
Advogado e em que tenha intervindo, não todos os advogados que, directa ou indirectamente,
podendo ser feita referência ao nome do tenham qualquer intervenção no serviço.
constituinte, salvo autorização deste, se tal 3. O segredo profissional abrange ainda
divulgação for considerada essencial para o documentos ou outras coisas que se relacionem,
exercício da profissão em determinada situação, directa ou indirectamente, com os factos sujeitos a
mediante prévia deliberação do Conselho sigilo.
Nacional. 3. Os advogados não devem fomentar,
4. Cessa a obrigação de segredo profissional nos b) recusar mandato contra quem noutra causa seja
termos previstos na lei e em tudo quanto seja seu mandante;
absolutamente necessário para a defesa da dignidade, c) dar ao constituinte a sua opinião conscienciosa
direitos e interesses legítimos do próprio advogado ou sobre o
do constituinte ou seus representantes, mediante merecimento do direito ou pretensão que este
prévia autorização do Presidente do Conselho invoque, assim como prestar, sempre que lhe
Nacional com recurso para o Conselho for pedido, informação sobre o andamento das
Jurisdicional. questões que lhe forem confiadas;
5. Não fazem prova em juízo as declarações feitas d) estudar com cuidado e tratar com zelo a
pelo advogado com violação de segredo profissional. questão de que seja incumbido, utilizando, para
6. Sem prejuízo do disposto no número 4 deste o efeito, toda a sua experiência e saber;
artigo, o advogado deve manter o segredo e) guardar segredo profissional;
profissional.
ARTIGO 80
(Discussão pública de questões profissionais)
1. O advogado não deve pronunciar-se f dar conta ao constituinte de todos os valores
publicamente nem discutir ou contribuir para monetários que tenha recebido, qualquer que
discussão, em público ou nos meios de comunicação seja a sua proveniência, e apresentar nota de
social, sobre questões profissionais pendentes ou a honorários e despesas;
instaurar perante os tribunais ou outros órgãos do g) dar a devida aplicação a valores,
Estado, salvo se a Ordem do Advogados concordar objectos ou documentos que lhe tenham sido
com a286—(15) I SÉRIE—NÚMERO 38
necessidade de confiados, para o que é passado documento
uma explicação pública, de forma a prevenir ou comprovativo;
remediar a ofensa à dignidade, direitos e interesses
h) não celebrar, em proveito próprio,
legítimos do cliente ou do próprio advogado e nesse
contratos sobre o objecto das questões
caso nos precisos termos autorizados pelo Conselho
i) confiadas ou, por qualquer forma, solicitar ou
Nacional.
aceitar participação nos resultados da causa;
2. O pedido de autorização deve ser devidamente
j) não abandonar o patrocínio do constituinte ou o
justificado e indicar o âmbito possível das questões
que o advogado entenda dever pronunciar-se. acompanhamento das questões que lhe estão
cometidas sem motivo justificado; j) comparecer
3. O advogado não deve tentar influir de forma
sempre e pontualmente às audiências ou
maliciosa ou censurável na resolução de pleitos
diligências marcadas.
judiciais ou outras questões pendentes em órgãos do
Estado. ARTIGO 82
(Documentos e valores do constituinte, sua restituição findo o mandato)
1. Quando cessa a representação confiada ao
advogado, deve este restituir os documentos, valores
ou objectos que lhe hajam sido entregues e que sejam
necessários para prova do direito do constituinte ou
ARTIGO 81 cuja retenção possa trazer a este prejuízos graves.
(Deveres do advogado para com o constituinte) 2. Com relação aos demais valores e objectos em
seu poder, goza o advogado do direito de retenção
Constituem deveres do advogado para com o
para garantia do pagamento dos honorários e
constituinte:
reembolso de despesas.
a) recusar mandato, nomeação oficiosa ou
3. Deve, porém, o advogado restituir tais valores e
prestação de serviço em questão em que já
tenha intervindo em qualquer outra qualidade objectos, independentemente do pagamento a que
ou seja conexa com outra em que represente ou tenha direito, se o constituinte tiver prestado caução
tenha representado a parte contrária; arbitrada pelo Presidente do Conselho Nacional.
ARTIGO 83
(Fundo de garantia) 1. Constituem deveres dos advogados nas suas
1. A Ordem dos Advogados constitui um fundo de relações recíprocas:
garantia resultante da contribuição dos advogados, a) proceder com a maior correcção e urbanidade,
para compensar os clientes destes em caso de abstendo- se de qualquer ataque pessoal ou alusão
prejuízos por aqueles sofridos em consequência de deprimente;
negligência ou dolo na prestação dos serviços b) não se pronunciar publicamente sobre questão que
profissionais acordados entre ambos. saiba
2. O Conselho Nacional fixa, por regulamento confiada a outro advogado, salvo na presença
próprio, o montante da contribuição de cada deste ou com o seu prévio acordo;
advogado para o fundo, respectiva periodicidade e c) actuar com a maior lealdade, não procurando obter
demais regras de organização e funcionamento do
vantagens ilegítimas ou indevidas para os seus
fundo. constituintes;
3. É isento de contribuição para o fundo de d) não contactar ou manter relações, mesmo por
garantia, o advogado que se mostre coberto por um escrito,
seguro válido de responsabilidade civil profissional, com a parte contrária representada por
com um mínimo das coberturas previstas para o advogado, salvo se previamente autorizado por
referido fundo. este;
ARTIGO 84 e) não invocar publicamente, em especial perante
(Fundos dos clientes) tribunais,
1. Sempre que o advogado ou sociedades de quaisquer negociações transaccionais,
advogados detiver fundos dos seus clientes ou de malogradas, quer verbais, quer escritas, em que
terceiros, para efectuar pagamentos de despesas por tenham intervindo advogado;
conta daqueles, deve observar as regras seguintes: f não assinar pareceres, peças processuais ou
a) os fundos devem ser depositados em conta do outros escritos profissionais que não tenha
advogado feito ou em que não tenha colaborado.
ou sociedade de advogados separada, aberta 2. O advogado a quem se pretende cometer assunto
para o efeito num banco ou instituição similar anteriormente confiado a outro advogado faz tudo
autorizada e aí mantidos até ao pagamento de quanto de si depende para que este seja pago dos
despesas; honorários em dívida, devendo para o efeito, enviar,
b) os fundos devem ser pagáveis à ordem, a pedido no acto de aceitação do patrocínio, carta ao anterior
do cliente ou nas condições que este tiver aceite; mandatário, comunicando-lhe as razões da aceitação
do mandato solicitando-lhe informação sobre créditos
c) o advogado ou a sociedade de advogados deve
pendentes, por forma a reclamá-los junto do seu novo
manter registos completos e precisos relativos a
constituinte, dando-lhe conta dos esforços que tenha
todas as operações efectuadas com estes fundos,
empregue para aquele efeito.
distinguindo-os de outros montantes por ele
detidos, e deve manter tais registos à disposição ARTIGO 86 (Recusa do patrocínio
do cliente. oficioso)
2. O Conselho Nacional pode estabelecer, 1. O advogado não deve, sem motivo justificado,
através de recusar o patrocínio oficioso.
regulamento, regras complementares aplicáveis aos
2. A justificação é feita perante o juiz da causa.
fundos a
3. Se o procedimento do advogado não for
que o presente artigo se refere, incluindo a sua
considerado justificado, o juiz comunica o facto ao
centralização num sistema de gestão que por aquele
Presidente do Conselho Jurisdicional para eventuais
Conselho vier a ser aprovado.
efeitos disciplinares.
3. O disposto nos números anteriores não se aplica
às provisões destinadas a honorários, pelas quais haja ARTIGO 87
sido passada quitação ao cliente. (Patrocínio contra advogados e magistrados)
1. O advogado, antes de promover quaisquer
ARTIGO 85 (Deveres recíprocos dos
diligências judiciais contra outros advogados,
advogados)
advogados estagiários ou magistrados, seja em causa
própria, seja em representação de terceiros, comunica
por escrito tal intenção ao advogado ou magistrado a b) haver dado à parte contrária parecer verbal
ser demandado, com as explicações que entenda ou escrito sobre o objecto da demanda;
necessárias, salvo tratando-se de diligências ou actos c) ter opinião contrária do direito que o
de natureza secreta ou urgente. interessado pretende pleitear, declarada por
2. Não se consideram diligências ou actos de escrito;
natureza secreta ou urgente aqueles em que o d) ter de ausentar-se para atender mandato
advogado actue em causa própria ou aceite anteriormente
representar terceiros em diligências judiciárias já outorgado.
instauradas pela outra parte.
CAPÍTULO VII Acção
disciplinar
SECÇÃO I Disposições gerais
ARTIGO 88
ARTIGO 91
(Dever geral de urbanidade)
(Jurisdição disciplinar)
No exercício da profissão deve o advogado Os advogados estão sujeitos à jurisdição disciplinar
proceder com urbanidade, nomeadamente para com exclusiva dos órgãos da Ordem dos Advogados, nos
os outros advogados, termos previstos neste Estatuto e nos respectivos
regulamentos.
ARTIGO
29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(16)
92
magistrados,
(Infracção disciplinar)
árbitros, peritos, intérpretes, funcionários judiciários,
testemunhas, seus constituintes e partes contrárias e 1. Comete infracção disciplinar o advogado que,
demais intervenientes nos processos. por acção ou omissão, violar dolosa ou culposamente,
CAPÍTULO VI algum dos deveres decorrentes deste Estatuto, dos
regulamentos internos ou demais disposições
Assistência judiciária aplicáveis.
ARTIGO 89 2. A responsabilidade disciplinar é independente
(Defesa judiciária dos carentes de meios financeiros) da responsabilidade civil ou criminal, que ao caso
1. A assistência judiciária, destinada aos carentes couber.
de meios financeiros, regula-se por legislação ARTIGO 93
específica, observadas as disposições deste Estatuto e (Instauração do processo disciplinar)
demais legislação aplicável. 1. O processo disciplinar é instaurado mediante
2. O advogado nomeado pelo serviço de decisão do Presidente do Conselho Jurisdicional ou
assistência judiciária ou pelo juiz, oficiosamente, é por deliberação deste, com base em participação
obrigado, salvo justo impedimento, a patrocinar a dirigida aos órgãos da Ordem dos Advogados por
causa do carente, até final, sob pena de procedimento qualquer pessoa, devidamente identificada, que tenha
disciplinar. conhecimento de factos susceptíveis de integrarem
3. Os honorários são pagos pelo Cofre Geral dos infracção disciplinar.
Tribunais mediante tabela de honorários a ser 2. O Bastonário e os conselhos da Ordem dos
aprovada nos termos de legislação específica. Advogados podem, independentemente de
ARTIGO 90 participação, ordenar, mediante despacho
(Justo impedimento) fundamentado, a instauração de processo disciplinar.
Constitui, para os efeitos do número 2 do artigo 3. O Bastonário e o Presidente do Conselho
anterior, justo impedimento: Jurisdicional, no uso da competência disciplinar,
a) ser advogado constituído pela parte indeferem, por decisão fundamentada, as
contrária ou pessoa participações, quando as julguem manifestamente
a ela ligada ou ter com esta relações inviáveis, havendo recurso para o Conselho
profissionais de interesse actual; Jurisdicional.
4. O Bastonário e o Presidente do Conselho c) nas infracções permanentes, desde o dia em
Jurisdicional, no uso da competência disciplinar, que cessar a
podem ordenar, preliminarmente, diligências consumação.
sumárias para esclarecimento dos factos constantes
ARTIGO 97
da participação, antes de a submeterem à deliberação
(Efeitos do cancelamento ou suspensão da inscrição)
do órgão competente.
1. O pedido de cancelamento ou suspensão da
ARTIGO 94
inscrição não faz cessar a responsabilidade disciplinar
(Participação pelos tribunais e outras entidades)
por infracção anteriormente praticada.
1. Os tribunais e outras entidades devem dar a 2. Durante o tempo de suspensão, o advogado
conhecer à Ordem dos Advogados a prática por continua sujeito à jurisdição da Ordem dos
advogados de factos susceptíveis de constituírem Advogados, salvo o caso de cancelamento.
infracção disciplinar.
2. O Ministério Público, a Polícia de Investigação
Criminal e as demais entidades com poderes de
investigação criminal devem remeter à Ordem dos
Advogados certidões das participações apresentadas ARTIGO 98
contra advogados. (Desistência do procedimento disciplinar)
ARTIGO 95 A desistência da participação extingue a
(Natureza secreta do processo disciplinar) responsabilidade disciplinar, salvo se a falta imputada
1. O processo disciplinar é de natureza secreta até afectar a dignidade do advogado visado, o prestígio
à dedução da nota de culpa. da Ordem dos Advogados ou da profissão.
2. O instrutor deve autorizar a consulta do SECÇÃO II
processo pelo arguido, salvo quando haja Sanções disciplinares
inconveniente fundamentado para a instrução. ARTIGO 99
3. O instrutor pode, no interesse da instrução, dar a (Sanções disciplinares)
conhecer ao arguido cópia de peças do processo, a
As sanções correspondentes às infracções
fim de os mesmos sobre elas se pronunciarem.
disciplinares são as seguintes:
4. Mediante requerimento em que indique o fim a
a) advertência;
que se destinam, pode o Conselho Jurisdicional
b) repreensão registada;
autorizar a passagem de certidões em qualquer fase
do processo, mesmo depois de findo, para defesa de c) multa de quantitativo até ao valor da alçada dos
interesses legítimos dos requerentes, podendo tribunais judiciais de província;
condicionar a sua utilização, sob pena de o infractor d) suspensão de um a seis meses;
incorrer no crime de desobediência. e) suspensão por mais de seis meses até dois anos;
5. O arguido ou os requerentes que não respeitem f) ) suspensão por mais de dois anos até dez anos;
a natureza secreta do processo incorrem em g) proibição do exercício da profissão e o
responsabilidade disciplinar ou contravencional. consequente cancelamento da inscrição.
ARTIGO 96 ARTIGO 100
(Prescrição do procedimento disciplinar)
(Graduação da sanção)
1. O procedimento disciplinar prescreve no prazo Na aplicação das sanções deve atender-se aos
de três anos. antecedentes profissionais e disciplinares do arguido,
2. O prazo prescricional conta-se desde o dia em ao grau de culpabilidade, às consequências da
que o facto se tiver consumado. infracção e a todas as demais circunstâncias
3. Para efeitos do disposto no número anterior, o agravantes ou atenuantes.
prazo de prescrição só corre:
ARTIGO 101
a) nas infracções instantâneas, desde o momento
(Aplicação de suspensão por mais de doze meses e da
da sua prática; proibição do exercício da profissão)
b) nas infracções continuadas, desde o dia da As sanções previstas nas alíneas f ) e g) do artigo
prática do último acto; 99, só podem ser aplicadas por infracção disciplinar
que afecte gravemente a dignidade e o prestígio 1. Compete ao instrutor regular o andamento da
profissionais, mediante a deliberação que obtenha instrução do processo e manter a disciplina nos
dois terços dos votos de todos os membros do respectivos actos.
Conselho Jurisdicional. 2. A instrução do processo não pode exceder o
prazo de 180 dias, contados a partir da distribuição.
ARTIGO 102
3. Em casos de excepcional complexidade ou por
(Publicidade das sanções) outros motivos devidamente justificados, pode o
1. As sanções de suspensão e de proibição do instrutor solicitar ao Presidente do Conselho
exercício da profissão têm sempre publicidade. Jurisdicional a prorrogação do prazo previsto no
número anterior, não podendo, no entanto, a
2. A publicidade das sanções é feita:
prorrogação ultrapassar o limite máximo de 90 dias.
a) por meio de edital afixado nas instalações da
4. Na instrução do processo são admissíveis todos
Ordem dos
os meios de
Advogados e286—(17) I SÉRIE—NÚMERO 38 prova
publicado no
legalmente permitidos.
respectivo Boletim informativo;
b) por comunicado a todos os tribunais, procuradorias,
5. O instrutor deve notificar sempre o arguido para
polícia de investigação criminal, esquadras, serviços responder, querendo, à matéria da participação.
prisionais, conservatórias, cartórios notariais e 6. O requerente e o arguido podem requerer ao
repartições de finanças; instrutor as diligências de prova que considerem
c) por meio de publicação num dos jornais de âmbito
necessárias ao apuramento da verdade.
nacional e mais lido. ARTIGO 106
(Termo da instrução)
1. Finda a instrução, o instrutor ordena a junção
SECÇÃO III
aos autos do extracto do registo biográfico do
Instrução do processo advogado arguido e deduz a nota de culpa ou emite
parecer fundamentado em que conclua pelo
ARTIGO 103 arquivamento do processo.
(Distribuição do processo)
2. Não sendo deduzida nota de culpa, o instrutor
1. Instaurado o procedimento disciplinar, o apresenta o parecer na primeira sessão do Conselho
Presidente do Conselho Jurisdicional procede à ou da secção a fim de ser deliberado o arquivamento
respectiva distribuição, sem prejuízo de delegação em do processo ou determinado que o mesmo prossiga
qualquer dos seus membros. com a realização e diligências complementares ou
2. Procede-se a nova distribuição no impedimento com dedução da nota de culpa, podendo ser
permanente do instrutor ou nos seus impedimentos designado novo instrutor de entre os membros do
temporários, sempre que as circunstâncias o Conselho que tenha votado a continuidade do
justifiquem. processo.
3. Procede-se ainda a nova distribuição sempre SECÇÃO IV
que o Conselho Jurisdicional aceite escusa do Nota de Culpa e Defesa
instrutor, devidamente fundamentada.
ARTIGO 107
ARTIGO 104 (Nota de culpa)

(Apensação do processo) A nota de culpa deve revestir a forma articulada e


mencionar:
Estando pendentes vários processos disciplinares a) a identidade do advogado arguido;.
contra o mesmo arguido, são todos apensados ao mais b) os factos imputados e as circunstâncias de
antigo e proferida uma só decisão, excepto se da tempo, modo e lugar em que os mesmos foram
apensação resultar manifesto inconveniente. praticados;
c) as normas legais e regulamentares infringidas,
bem como, se for o caso disso, a possibilidade e
ARTIGO 105 (Instrução do processo) aplicação da pena de suspensão ou de proibição
do exercício da profissão;
d) o prazo para a apresentação da defesa. O prazo para a defesa é de 30 dias podendo ser
1.
29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(18) fixado até ao
máximo de 60
dias, sempre que as circunstâncias o aconselhem.
2. Se o arguido for notificado por edital, o prazo
ARTIGO 108 para a defesa não pode ser inferior a 40 dias nem
(Suspensão preventiva) superior a 90 dias.
1. Juntamente com a nota de culpa, o instrutor 3. O instrutor pode, em caso de justo
pode propor que seja aplicada ao advogado arguido a impedimento, admitir a defesa apresentada
medida de suspensão preventiva do arguido quando: extemporaneamente.
a) haja receio de prática de novas e graves ARTIGO 111 (Apresentação da defesa)
infracções
disciplinares ou a tentativa de perturbar o 1. A defesa é feita por escrito e entregue na
andamento normal da instrução do processo; secretaria da Ordem dos Advogados, devendo expor,
b) o advogado arguido tenha sido acusado ou clara e concisamente, os factos e as razões que a
pronunciado por crime cometido no fundamentam.
exercício da profissão ou por crime a que 2. Com a defesa, o advogado arguido deve
corresponda pena maior. apresentar o rol de testemunhas, indicando os factos
2. A suspensão preventiva não pode exceder o sobre os quais recai a inquirição, juntar documentos e
período de três meses e deve ser deliberado por requerer quaisquer diligências.
maioria de dois terços dos membros do Conselho 3. No caso de novas diligências serem efectuadas,
Jurisdicional. o interessado e o advogado arguido são notificados
3. O Conselho Jurisdicional pode, mediante para alegarem por escrito em prazos sucessivos de 20
proposta aprovada por dois terços dos seus membros, dias.
prorrogar a suspensão por mais três meses.
4. O período da suspensão preventiva é sempre
descontado nas penas de suspensão.
5. Os processos disciplinares com arguido ARTIGO 112
suspenso preventivamente preferem a todos os (Exame do processo na secretaria)
demais. Durante os prazos para a apresentação da defesa, o
processo pode ser consultado na secretaria ou
ARTIGO 109
confiado ao arguido ou ao advogado por ele
(Notificação da nota de culpa) constituído para exame no seu escritório.
ARTIGO 113
1. O advogado arguido é notificado da nota de
(Relatório final)
culpa, pessoalmente ou pelo correio, com entrega da
respectiva cópia. 1. Decorrido o prazo para a apresentação da
2. A notificação, quando feita pelo correio, é
defesa, o instrutor do processo elabora, no prazo de
remetida, com aviso de recepção, para o domicílio 10 dias, um relatório final fundamentado, do qual
profissional ou para a residência do arguido, constem os factos apurados, sua qualificação e
consoante a sua inscrição esteja ou não em vigor. gravidade, a sanção que entende dever ser aplicada ou
a proposta de arquivamento dos autos.
3. Se o advogado arguido se tiver ausentado do
país e for desconhecida a sua residência, é notificado 2. Seguidamente, no prazo máximo de 5 dias, o
por edital, com o extracto da acusação, a afixar nas processo é entregue no Conselho ou à secção
instalações da Ordem dos Advogados e nas respectiva, para decisão.
instalações do último domicílio profissional SECÇÃO V
conhecido. Decisão final

ARTIGO 110 (Prazo para a defesa) ARTIGO 114


(Decisão)
1. Apresentada a defesa ou as alegações, é o (Prazo para interposição e termos do recurso) o prazo
processo concluso ao Conselho Jurisdicional para para interposição dos recursos é de oito dias a
decisão final tomada por votação.
contar da
2. A decisão final é notificada ao advogado
arguido, com observância no disposto no artigo 109, notificação ou de 30 dias a contar da afixação do
aos participantes e ao Bastonário. edital.
3. Tratando-se de proibição do exercício da ARTIGO 119
profissão a decisão final é proferida pelo Conselho (Efeitos do recurso)
Jurisdicional, funcionando em plenário.
Têm efeito suspensivo os recursos interpostos pelo
Bastonário e os das deliberações finais.

ARTIGO 115
(Prazo para decisão final) ARTIGO 120
1. Os processos disciplinares devem ser instruídos (Alegações)
e apresentados para decisão final no prazo de 90 dias, Admitido o recurso, que sobe imediatamente, são
a contar da data da distribuição. notificados o recorrente e o recorrido para
2. Este prazo pode ser prorrogado pelo Bastonário apresentarem, em prazos sucessivos de 20 dias,
ou pelo Presidente do Conselho Jurisdicional por alegações escritas, sendo-lhes, para tanto, facultada a
período não superior a 90 dias, ocorrendo motivo que consulta do processo.
o justifique. ARTIGO 121
3. Não sendo cumpridos os prazos mencionados (Baixa do processo)
nos números anteriores, é o processo redistribuído a
Julgado definitivamente qualquer recurso, o
outro instrutor, nos mesmos termos, devendo os
processo baixa imediatamente ao órgão donde
factos ser obrigatoriamente comunicados ao Conselho
proveio.
Jurisdicional para efeito de acção disciplinar,
ponderadas as razões do não cumprimento. SECÇÃO VII
Revisão
SECÇÃO VI
Recursos ARTIGO 122
ARTIGO 116 (Competência)

(Deliberações recorríveis) As decisões com trânsito em julgado podem ser


1. Das deliberações do Conselho Jurisdicional em revistas pelo Conselho Jurisdicional, em plenário.
secção cabem recurso para o Conselho Jurisdicional, A RTIGO 123
em plenário. (Quêm pode requerer a revisão)
2. São susceptíveis de recurso as deliberações do
1. O pedido de revisão das decisões deve ser
Conselho Jurisdicional proferidas em plenário, nos
formulado em requerimento fundamentado pelo
termos do presente estatuto.
advogado arguido e, tendo este falecido, pelos seus
3. Não admitem recurso em qualquer instância as descendentes, ascendentes, cônjuge ou irmãos.
decisões de mero expediente ou de disciplina dos
2. o Bastonário pode apresentar ao Conselho
trabalhos.
Jurisdicional pedido fundamentado de revisão de
ARTIGO 117 decisões.
(Quêm pode recorrer)
ARTIGO 124
Têm legitimidade para interpor recurso o advogado (Condições da concessão da revisão)
arguido, os participantes e o Bastonário.
A decisão em trânsito em julgado só pode ser
revista nos seguintes casos, sem prejuízo dos que,

ARTIGO 118
286—(19) I SÉRIE—NÚMERO 38

com as necessárias adaptações, constam da lei 1. O processo, depois de decidido o pedido de


processual civil e penal quando: revisão, baixa à secção que o instruiu e decide de
a) tenham sido descobertos novos factos ou novas novo, se a revisão tiver sido concedida.
provas documentais susceptíveis de alterar a decisão 2. No caso de absolvição, são cancelados os
proferida; averbamentos das decisões condenatórias.
b) uma outra decisão transitada em julgado 3. É dada publicidade à decisão de revisão quando
declarar falsos quaisquer elementos de prova dela resulte absolvição e se a decisão condenatória
susceptíveis de terem determinado a decisão revista tiver sido publicada.
revivenda; SECÇÃO VIII
c) se mostrar, por exame psiquiátrico ou outras
diligências, Execução das deliberações
que a falta de integridade mental do advogado
ARTIGO 129
arguido pode ter determinado a sua
(Competência)
inimputabilidade.
Compete às secções do Conselho Jurisdicional dar
ARTIGO 125 execução a todas as deliberações e decisões
(Tramitação) proferidas nos processos das respectivas secções, bem
1. o requerimento para revisão é submetido ao como aquelas proferidas pelo Conselho Jurisdicional,
Conselho Jurisdicional acompanhado das alegações em plenário.
do recorrente e dos meios probatórios que a este se
oferecem.
ARTIGO 130
2. Recebido o pedido, é efectuada distribuição e
(Consequências da falta de cumprimento de decisões disciplinares)
requisitado à secção respectiva o processo em que foi
proferida a decisão revivenda. É suspensa a inscrição do advogado punido até
cumprimento das decisões disciplinares.
3. Tratando-se de pedido do Bastonário, é
notificado o arguido condenado ou absolvido ARTIGO 131
consoante os casos, para alegar no prazo de 20 dias (Início do cumprimento da sanção de suspensão e da proibição do
exercício da profissão)
apresentando simultaneamente a sua prova.
1. O cumprimento da sanção de suspensão ou
ARTIGO 126 expulsão com proibição do exercício da profissão tem
(Decisão)
início a partir do dia imediato ao do trânsito em
1. Realizadas as diligências requeridas e as que julgado da decisão punitiva.
tiverem sido consideradas necessárias, o instrutor
2. Se, à data do trânsito da decisão punitiva,
elabora o seu parecer, seguindo o processo com vista
estiver suspensa ou cancelada a inscrição do arguido,
a cada um dos membros do Conselho Jurisdicional e,
o cumprimento da sanção de suspensão ou de
por último, ao respectivo presidente.
proibição do exercício da profissão tem início a partir
2. Seguidamente o processo é submetido à
do dia imediato àquele em que tiver lugar o
deliberação do Conselho Jurisdicional que, antes de levantamento da suspensão ou a partir do termo da
decidir, pode ainda ordenar novas diligências. anterior sanção de suspensão ou expulsão com
3. Sendo ordenadas novas diligências, é efectuada proibição do exercício da profissão.
a redistribuição do processo a um dos membros do
Conselho Jurisdicional que tenham votado nesse
sentido.
ARTIGO 127 (Maioria
qualificada)
A concessão da revisão tem de ser votada pela
maioria qualificada de dois terços dos membros do CAPÍTULO VIII
Conselho Jurisdicional, e da deliberação não cabe
recurso. Receitas da Ordem dos Advogados
ARTIGO 128 ARTIGO 132
(Baixa do processo, averbamentos e publicidade) (Receitas da Ordem)
Constituem receitas da Ordem dos Advogados: Dos Advogados, Advogados Estagiários E Sociedades De
Advogados
a) as quotizações dos seus membros;
b) as receitas resultantes de actividades CAPÍTULO I
promovidas pela Inscrição
Ordem dos Advogados;
ARTIGO 137
c) os donativos, subsídios e doações atribuídas à
(Inscrição na Ordem dos Advogados e domicílio profissional)
Ordem dos Advogados;
d) a parcela das custas judiciais, preparos e
1. A inscrição deve ser feita na sede da Ordem dos
imposto de Advogados, junto do Conselho Nacional, bem como
nos Conselhos Provinciais ou Delegados da área do
justiça, a fixar por Decreto do Conselho de
domicílio profissional, no caso destes existirem.
Ministros.
2. Considera-se domicílio profissional aquele que
for escolhido pelo advogado como centro da sua vida
profissional.
3. Para o domicílio profissional devem ser feitas,
ARTIGO 133
salvo disposição expressa em contrário, todas as
(Quotas para a Ordem e seu destino)
comunicações previstas neste Estatuto e nos
1. Os advogados com inscrição em vigor são regulamentos da Ordem dos Advogados.
obrigados a contribuir para a Ordem dos Advogados 4. O domicílio profissional do advogado estagiário
com o valor de quota que for fixada pelo Conselho é o do seu patrono.
Nacional.
2. Os saldos das receitas do exercício findo
ARTIGO 138
revertem a favor do orçamento da Ordem dos (Carteira de identificação profissional)

Advogados e ficando um terço para o fundo de 1. Para cada advogado e advogado estagiário
reserva. inscrito são emitidas as correspondentes carteiras
profissionais, as quais servem de prova da inscrição
ARTIGO 134
na Ordem dos Advogados.
(Encerramento do exercício)
2. As carteiras profissionais são passadas pelo
As contas da Ordem dos Advogados são encerradas Conselho Nacional e assinadas pelo Bastonário.
com data de 31 de Dezembro de cada ano.
3. Podem os tribunais exigir a apresentação da
ARTIGO 135 carteira profissional aos advogados e advogados
(Isenção do imposto de selo, custas e imposto de justiça) estagiários que, perante eles, se apresentem no
1. Não dão lugar a custas ou imposto de justiça e exercício das respectivas funções.
não são sujeitos a imposto de selo as certidões 4. O advogado suspenso ou com a inscrição
emitidas pela Ordem dos Advogados, os cancelada deve restituir a carteira profissional ao
requerimentos Conselho
e petições a29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(20) Nacional,
ela dirigidos e devendo a
os processos que nela correm ou em que tenham Ordem dos Advogados proceder à sua apreensão,
intervenção. caso o advogado não faça a restituição no prazo de 15
2. A Ordem dos Advogados está isenta de custas, dias.
preparos e imposto de justiça em qualquer processo 5. Pela emissão de cada carteira profissional cobra
em que intervenha. o Conselho Nacional a quantia que tiver fixado.
ARTIGO 136 6. Às reinscrições correspondem novas carteiras

(Livros e impressos) profissionais.


Todos os livros e impressos destinados ao ARTIGO 139 (Restrições ao direito de
expediente dos serviços da Ordem dos Advogados inscrição)

devem ser conformes aos modelos aprovados pelo 1. Não podem ser inscritos:
Conselho Nacional. a) os que tenham sido condenados por
TÍTULO II qualquer crime a
que caiba pena maior e que não tenham obtido prejuízo das disposições penais aplicáveis, excluídos
a reabilitação judicial; por despacho do juiz proferido oficiosamente ou
b) os que não estejam no pleno gozo dos mediante reclamação dos conselhos ou delegações da
direitos civis; Ordem dos Advogados ou a requerimento dos
c) os que estejam em situação de interessados.
incompatibilidade ou inibição do exercício 2. Se o previsto no número anterior se der na
da advocacia; pendência da lide, o transgressor é inibido de nela
d) os declarados incapazes de administrar as continuar a intervir e desde logo o juiz nomea um
suas pessoas e bens por sentença transitada advogado oficioso que represente os interessados, até
em julgado; que estes provejam a nomeação de outro advogado da
sua preferência, dentro do prazo que lhes for marcado
e) os magistrados e funcionários que, mediante
sob pena de, findo o prazo, cessar de pleno direito a
processo disciplinar, hajam sido expulsos,
nomeação oficiosa, suspendendo-se a instância ou
demitidos, aposentados ou colocados em
seguindo a causa à revelia.
inactividade por falta de idoneidade moral.
2. Aos
advogados e advogados estagiários que se
encontrem em qualquer das situações enumeradas
no número anterior é oficiosamente suspensa ou
cancelada a inscrição.
ARTIGO 140 (Início do exercício da CAPÍTULO II Estágio
advocacia)
ARTIGO 143 (Objectivos do estágio e sua
Os advogados e os advogados estagiários só podem
orientação)
exercer a advocacia depois de admitida a sua
1. O início do exercício da advocacia é sempre
inscrição.
precedido de um período de estágio sob a orientação
ARTIGO 141 286—(21) I SÉRIE—NÚMERO 38 da Ordem dos
(Inscrição na Ordem dos Advogados, recusa e recurso) Advogados e
1. A inscrição rege-se por este Estatuto e direcção de um advogado patrono, destinado a
regulamento respectivos. habilitar e
2. o requerimento para inscrição deve ser 2. certificar que o candidato, licenciado em

acompanhado de certidão do registo de nascimento, Direito, obteve formação técnico-profissional e


diploma de licenciatura, certificado do registo deontológica adequada ao início da actividade e para
criminal e boletim preenchido nos termos a aquisição do título de advogado.
regulamentares, assinado pelo interessado e 3. Compete ao Conselho Nacional definir as regras
acompanhado de três fotografias. e princípios gerais do estágio.
3. Para inscrição como advogado é dispensado o ARTIGO 144
diploma de licenciatura ou documento que o (Inscrição)
substitua, quando o mesmo já conste dos arquivos da 1. Podem requerer a inscrição como advogado
Ordem dos Advogados. estagiário os licenciados em Direito por universidade
4. No caso de recusa de inscrição como advogado moçambicana.
estagiário, pode o interessado recorrer para o 2. Podem também requerer a sua inscrição como
Conselho Nacional, e no de recusa de inscrição como advogado estagiário os moçambicanos licenciados em
advogado há recurso para o Conselho Jurisdicional. Direito por universidade estrangeira que tenham sido
5. O prazo para os recursos referidos no número previamente objecto de equivalência oficial.
anterior é de 15 dias, a contar da notificação da 3. A inscrição como advogado estagiário rege-se
recusa. pelas disposições aplicáveis à inscrição na Ordem dos
ARTIGO 142 (Exercício da advocacia por não Advogados.
inscritos) A RTIGO 145 (Duração e períodos do
1. Os que transgredirem o preceituado no número estágio)
1 do artigo 52, são, salvo nomeação judicial e sem
1. O estágio tem a duração de catorze meses e tem tribunais, de menores e em processos de
início, 30 dias após a sua submissão à Ordem dos divórcio por mútuo consentimento;
Advogados. g) exercer a consulta jurídica.
2. O estágio divide-se em dois períodos distintos 3. O estagiário deve indicar, em qualquer acto em
com a duração de oito e seis meses cada um. que intervenha, apenas e sempre a sua qualidade e o
3. O primeiro período do estágio destina-se a número de carteira profissional.
fornecer aos estagiários os conhecimentos técnico-
ARTIGO 147
profissionais e deontológicos fundamentais e a
(Dispensa de estágio)
habilitá-los para a prática de actos próprios da
profissão de competência limitada e tutelada por um 1. Estão dispensados de estágio aqueles que, sendo
advogado, nos termos do artigo 148 do presente licenciados em Direito, tendo exercido funções de
Estatuto. magistrado por período de tempo igual ou superior a
4. O segundo período do estágio consiste na
cinco anos e com boas informações, requeiram a
formação alargada, complementar e progressiva dos inscrição como advogados.
advogados estagiários através da vivência da 2. São também dispensados do estágio os cidadãos
profissão, de intervenções judiciais em práticas moçambicanos que, à data da independência
tutelada, assim como o aprofundamento dos nacional, exerciam advocacia.
5. conhecimentos técnicos e apuramento da 3. Podem ainda ser dispensados de estágio os
consciência deontológica mediante a frequência de docentes moçambicanos de instituições superiores de
acções de formação temática e participação no regime ensino do Direito, com a categoria de Doutores ou
do acesso ao direito e à justiça através de prestação que tenham, pelo menos, cinco anos de exercício da
obrigatória do serviço cívico, concede patrocínio e docência em disciplinas de Direito, e que requeiram
assistência jurídica a cidadãos economicamente mais fundamentadamente a inscrição como advogados e o
desfavorecidos e é prestado no instituto do Patrocínio Bastonário, ouvido o Conselho Nacional, assim o
e Assistência Judiciária, sob acompanhamento da autorize.
Ordem dos Advogados de Moçambique. 4. São ainda dispensados do estágio os licenciados
6. Com a passagem ao segundo período do estágio, em Direito que prestem assistência jurídica pelo
o advogado estagiário é submetido a provas praticas, período de dezasseis meses no Instituto de Patrocínio
emitindo--se, em caso de aprovação a respectiva e Assistência Judiciária.
carteira profissional. ARTIGO 148
ARTIGO 146 (Competência dos (Patrono)

estagiários) 1. Pode ser patrono de advogado estagiário todo o


1. Durante o primeiro período de estágio, o advogado com pelo menos, cinco anos de exercício
estagiário não pode praticar actos próprios da da profissão.
profissão de advogado, salvo em causa própria ou do 2. Cabe ao advogado estagiário escolher
seu cônjuge, ascendentes ou descendentes. livremente o seu patrono ou, em caso de impedimento
2. Durante o segundo período de estágio e uma vez
justificado deste ou a pedido expresso do estagiário,
obtida a respectiva carteira profissional, o advogado supletivamente indicado pelo Conselho Nacional ou
estagiário pode autonomamente, mas sempre sob a pelo Conselho Provincial, no caso deste existir.
orientação do patrono, praticar os seguintes actos 3. Pode o patrono pedir escusa do patrocínio do
profissionais: estágio se tiver sido indicado para patrono de dois ou
mais estagiários.
actos de mero expediente;
a)
CAPÍTULO III
b) patrocinar causas cíveis;
c) patrocinar causas penais; Inscrição como advogado
d) patrocinar quaisquer causas cíveis ou penais, ARTIGO 149
por nomeação oficiosa; (Requisitos de inscrição)
e) prestar consulta gratuita aos economicamente
A inscrição como advogado depende do
necessitados; cumprimento das obrigações de estágio com boa
f ) exercer a advocacia em processos da competência
dos
informação final, nos termos do respectivo (Lei especial)
regulamento de estágio. O regime das sociedades de advogados é
estabelecido por lei especial.
ARTIGO 150
(Exercício da advocacia por estrangeiros)
1. Os estrangeiros diplomados por qualquer
Faculdade de Direito de Moçambique podem
inscrever-se na Ordem dos Advogados, nos mesmos
termos que os moçambicanos.
2. Os advogados estrangeiros diplomados por
qualquer instituição estrangeira de ensino superior em TÍTULO III
Direito, podem inscrever-se na Ordem dos Das disposições finais e transitórias
Advogados desde que:
ARTIGO 153
a) haja acordos ou tratados governamentais que
(Exercício ilegal da advocacia)
estabeleçam regime de reciprocidade;
1. O exercício da advocacia realizada de forma
b) realizem, na Ordem dos Advogados, exame de
diversa do estabelecido no presente Estatuto é
avaliação e aptidão;
considerado exercício ilegal da profissão, se outro
c) satisfaçam os demais requisitos estipulados pela crime não
Ordem 29 DE SETEMBRO DE 2009 286—(22) couber, e
dos punido nos
Advogados. termos da lei.
3. A obrigatoriedade de exame referida na alínea 2. Os magistrados e demais entidades públicas e
b) do número anterior tornar-se efectiva a partir da privadas devem comunicar à Ordem dos Advogados
data e nas condições que forem definidas pelo o exercício ilegal do patrocínio judiciário.
Conselho Nacional.
ARTIGO 154
4. Os estrangeiros referidos nos n.° 1 e 2 deste
s
(Exercício da advocacia por técnicos jurídicos e assistentes jurídicos)
artigo podem eleger, mas não podem ser eleitos para
os órgãos da Ordem dos Advogados. 1. É permitido aos técnicos jurídicos e assistentes
jurídicos o exercício da advocacia, nos termos
seguintes:
a) os técnicos jurídicos exercem a advocacia,
relativamente
CAPÍTULO IV Sociedades de às causas cujo valor não exceda a alçada do
advogados tribunal judicial provincial ou tratando-se de
crimes a que não caiba pena superior à pena até
ARTIGO 151 dois anos com ou sem multa;
(Sociedades de advogados) b)os assistentes jurídicos apoiam em tudo o que
for
1. Os advogados podem exercer a profissão necessário os advogados e os técnicos jurídicos
constituídos ou ingressando em sociedades de que de tal careça e patrocinam causas cujas
advogados. acções não excedam a alçada do tribunal
2. As sociedades de advogados estão sujeitas aos judicial distrital de 2." classe ou tratando-se de
princípios deontológicos constantes do presente crimes a que não caiba pena de prisão superior
Estatuto, que devem igualmente ser observados nas a um ano com ou sem multa.
relações internas entre sócios. 2. Os técnicos jurídicos referidos no número
3. Não é permitido ao advogado integrar mais de anterior exercem a advocacia em igualdade de
uma sociedade de advogados. condições com os advogados, desde que na respectiva
4. Os advogados sócios ou associados de uma área territorial não existam advogados em número
mesma sociedade de advogados não podem suficiente.
representar em juízo clientes de interesses opostos. 3. Os assistentes jurídicos exercem igualmente a
ARTIGO 152 advocacia em igualdade de condições com os
advogados, desde que na respectiva área territorial
não existam advogados ou técnicos jurídicos em É objectivo desta Lei prevenir, sancionar os
número suficiente. infractores e prestar às mulheres vítimas de violência
4. Para os efeitos do disposto nos n.° 2 e 3 deste
s doméstica a necessária protecção, garantir e
artigo cabe à Ordem dos Advogados definir, para introduzir medidas que forneçam aos órgãos do
cada caso, os critérios das mencionadas Estado os instrumentos necessários para a eliminação
insuficiências. da violência doméstica.
5. Compete ao Conselho Nacional da Ordem dos
Advogados regulamentar o regime de autorização
para exercício da advocacia ao abrigo do presente
artigo.
6. Consideram-se Técnicos Jurídicos e Assistentes ARTIGO 3
Jurídicos aqueles que como tal forem reconhecidos (Âmbito)
pelo Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, A presente Lei visa proteger a integridade física,
IPAJ. moral, psicológica, patrimonial e sexual da mulher,
ARTIGO 155 contra qualquer forma de violência exercida pelo seu
(Publicação obrigatória) cônjuge, ex-cônjuge, parceiro, ex-parceiro,
Todas as deliberações emanadas pelos órgãos namorado, ex-namorado e familiares.
competentes da Ordem dos Advogados, bem como as ARTIGO 4
decisões administrativas susceptíveis de recurso (Definições)
contencioso atinentes ao exercício da profissão de
Os termos usados na presente Lei constam do
advogado, são obrigatoriamente publicadas no
glossário em anexo, que dela fazem parte integrante.
Boletim da República, II Série.
ARTIGO 5 (Agentes da
infracção)
1. A violência doméstica contra as mulheres pode ser
praticada:
a) pelohomem com quem está ou esteve unida por
Lei n.° 29/2009 casamento;
b) pelo homem com quem vive ou viveu em união
Havendo necessidade de legislar sobre a violência de facto;
doméstica praticada contra a mulher, nos termos da
c)pelo homem com quem tem ou teve relações
alínea c) do número 1 do artigo 183 conjugado com o
amorosas;
número 1 do artigo 179, ambos da Constituição, a
Assembleia da República determina: d) por qualquer pessoa unida com ela por
laços familiares.
CAPÍTULO I
Disposições gerais ARTIGO 6
(Medidas cautelares)
ARTIGO 1
(Objecto) A requerimento do Ministério Público ou da vítima,
o juiz pode decretar as seguintes medidas:
1. A presente Lei tem como objecto a violência
a) apreender as armas encontradas na posse do
praticada contra a mulher, no âmbito das relações
domésticas e familiares e de que não resulte a sua agressor;
morte. b) suspensão do poder parental, tutela e curadoria

2. Nos casos em que dos actos de violência resulte


do agressor no âmbito das relações domésticas;
a morte, são aplicadas as disposições do Código c) proibição do agressor de celebrar contratos sobre
Penal. bens móveis e imóveis comuns, salvo com
expressa autorização judicial;
ARTIGO 2
d) restituição de bens subtraídos pelo agressor à
(Objectivo)
vítima, como fiel depositário;
e) prestação de caução económica, mediante
depósito judicial por perdas e danos materiais
decorrentes da prática da violência doméstica;
f ) garantir o regresso seguro da mulher que foi
obrigada a abandonar a sua residência;
g) estabelecer uma pensão provisória, que
corresponda à
capacidade económica do agressor e às
necessidades dos alimentandos;
h) proibir o agressor de retirar os bens móveis da
residência
comum para outro local.

CAPÍTULO II
Penas
ARTIGO 7
(Penas)
Aos crimes previstos na presente Lei aplicam-se as
penas dela constantes e, subsidiariamente, a lei penal
geral.
ARTIGO 8
(Prestação de trabalho a favor da comunidade)

1. A prestação de trabalho a favor da comunidade


consiste na prestação de serviços gratuitos ao Estado,
a outras pessoas colectivas de direito público ou a
entidades privadas cujos fins o tribunal considere de
interesse para a comunidade.
2. A prestação de trabalho a favor da comunidade
deve ser efectuada nos dias úteis, num mínimo de
duas horas e máximo de quatro horas diárias.
3. Aquele que, estando condenado por sentença
transitada em julgado, se colocar intencionalmente
em condições de não poder trabalhar ou infringir
grosseiramente os deveres decorrentes da pena a que
foi condenado, a pena é prolongada no dobro do
tempo correspondente ao período do seu
cumprimento.

ARTIGO 9
(Desobediência)
Comete o crime de desobediência qualificada,
previsto no Código Penal, todo aquele condenado à
pena de prestação de trabalho a favor da comunidade
que:
a) colocar-se intencionalmente em condições de

não poder trabalhar;


b) recusar-se, sem justa causa, a prestar o trabalho

ou infringir grosseiramente os deveres


decorrentes da pena a que foi condenado.

Você também pode gostar